“Já faz alguns anos que laboratórios tentam descobrir uma porção de desnegrificação; com a maior seriedade do mundo, laboratórios enxaguaram seus t...

“Já faz alguns anos que laboratórios tentam descobrir uma porção de desnegrificação; com a maior seriedade do mundo, laboratórios enxaguaram seus tubos de ensaio, calibraram suas balanças e deram início a pesquisas que permitirão aos pobres negros se branquearem e, assim, não mais terem de carregar o peso dessa maldição corporal. Eu havia criado, por baixo do esquema corporal, um esquema histórico-racial. Os elementos que utilizei não foram fornecidos por ‘resíduos de sensações e percepções de ordem sobretudo tátil, vestibular, cineástica e visual’, mas pelo outro, o branco, que teceu para mim milhares de detalhes, anedotas, relatos. Achava que tinha de construir um eu fisiológico, equilibrar o espaço, localizar sensações, e eis que me pediam um suplemento. ‘Olhe, um negro! Era um estímulo externo que me futucava de passagem. Eu esboçava um sorriso”.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Trad. Sebastião Nascimento. São Paulo: Ubu editora, 2020, pp. 126-127.

Considerando o texto apresentado, avalie as afirmações a seguir:

I. Desde a sua fundação, a criminologia tem como objeto de estudo a questão racial de modo a desconstruir o racismo estrutural da sociedade.

II. O sistema prisional demonstra que existe concretamente uma democracia no Brasil, sendo indiferente a cor da pele para aprisionar alguém.

III. São várias as pretensões de suavizar e domesticar o racismo a partir do ideal de uma democracia racial, silenciando a violência histórica e a narrativa negra. 

É correto o que se afirma em:

• I, apenas.
• I e II, apenas.
• II, apenas. 
• III, apenas. 
• I, II e III.