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sem que se lhe siga o depósito da coisa ou quantia devida, não produz os efeitos de consignação, e o devedor pode ser constituído em mora, ao mesmo...

sem que se lhe siga o depósito da coisa ou quantia devida, não produz os efeitos de consignação, e o devedor pode ser constituído em mora, ao mesmo passo que, e ao revés, não começa ela a correr contra o credor.9 A primeira indagação, portanto, envolve a apuração de quando tem lugar o depósito judicial da coisa devida. O Código de 2002, a exemplo do anterior, oferece toda uma gama de situações em que o devedor se liberta da obrigação, por via do depósito da res debita. A lei o define: a) A hipótese mais freqüente de pagamento por consignação é se recusa o credor receber ou dar quitação na devida forma. O credor tem direito à prestação, mas tem também o dever de recebê-la. Se, sem justa causa, recusa o pagamento, ou não dá ao devedor quitação da dívida, cabe o depósito judicial. Equivalente à recusa é o fato de o devedor se esquivar, ou deixar de ser encontrado, ou procrastinar o recebimento ou a quitação. Claro que somente a recusa injusta enseja esta modalidade especial de pagamento, pois, se tiver ele razões legítimas de se esquivar, não pode ser forçado a receber. Via de regra, somente no curso da lide apurar-se-á se é justa ou injusta a recusa. Mas a palavra recusa deve ser tomada em sentido amplo, quer para traduzir a oposição do credor à solução do devedor, quer para significar a falta de aceitação, mesmo quando abrangida na ausência ou no silêncio do credor.10 b) Equivalente à recusa é a demora do credor, que não vai ou não manda receber a coisa nas condições em que devia fazê-lo (dívida quesível), e, com sua mora, pode trazer ao devedor o dano genérico conseqüente à persistência do vínculo ou o prejuízo específico da continuidade dos riscos. Para de um ou de outro defender-se, o depósito judicial isenta o devedor das conseqüências respectivas, e ao mesmo tempo transfere para o credor a responsabilidade do que venha a acontecer. c) Quando for incapaz de receber, desconhecido o credor, ou estiver em lugar ignorado ou de difícil acesso, o devedor outro meio não tem senão este, porque precisa de receber quitação e libertar-se do vínculo, e somente a sentença suprirá a falta da declaração. Sendo o credor incapaz de receber, cabe o depósito se se não conhecer seu representante, ou este embaraçar o recebimento. d) Outras vezes, pode ocorrer dúvida sobre quem tem a qualidade creditória, e, em tal caso, depositada a res debita, resolverá o juiz quem é o credor, valendo quitação a sentença então proferida. e) Se é litigioso o próprio objeto da obrigação, libera-se o devedor consignando-o em juízo. O litígio pode versar sobre o objeto do pagamento em si mesmo, ou se mais de uma pessoa estiver sobre ele discutindo em juízo. Litígio existe, ainda, se o devedor é intimado por terceiro para não pagar ao credor. No inciso V do art. 335, cabe a hipótese de disputarem concurso de preferência sobre a coisa devida (Código Civil de 2002, 335 11). Pode lei expressa mencionar situações em que o pagamento por consignação tem cabimento. Exemplifica-se com a penhora de crédito, ou com a preferência do condômino em coisa indivisa para adquirir a parte de seu consorte, alienada a estranho.12 A consignação em pagamento é meio judicial liberatório da obrigação, e tem finalidade estrita. Descabe trazer para ela toda outra discussão, que não seja compreendida nos seus limites e termos específicos. Se couber ao devedor exigir contraprestação que ao credor caiba efetuar, pode subordinar ao cumprimento desta a realização do depósito. Neste caso, o credor não tem o direito de levantar a coisa depositada, sem que efetue a prestação que lhe cabe, ou dê garantia bastante de que a cumprirá. Reunindo numa fórmula sucinta as várias hipóteses previstas no Código Civil argentino, ao mesmo passo que critica o seu casuísmo, Alfredo Colmo apresenta uma geral que tem o mérito de coordenar o pensamento dominante nas diversas alíneas acima deduzidas: há de ser cabível o recurso à consignação toda vez que o devedor não possa efetuar um pagamento válido.13 Para que tenha o depósito força de pagamento, é necessário reúna as condições subjetivas e objetivas de validade deste (Código Civil de 2002, art. 336 14), isto é: tem de ser oferecido pelo devedor capaz de pagar, ou por quem tenha legítimo interesse, ou ainda por terceiro não interessado, ao credor de receber; deve compreender a totalidade da dívida: ser feito no lugar do pagamento e em tempo oportuno (v. nº 152, supra). A consignação há de versar a coisa ou quantia devida, e não outra, análoga, ainda que mais valiosa. No tocante à integridade do depósito, cumpre salientar que é indispensável tratar-se de obrigação líquida e certa. Se não está apurado o quantum, não cabe o depósito. Neste particular, já se diz que a consignação em pagamento é uma execução invertida. Da mesma forma que o credor, para valer-se da ação executiva, tem de fazer citar o devedor para pagar uma soma precisa, pois, se não é líquida e certa a obrigação, é mister se acerte e liquide pelas vias ordinárias, também o devedor, para que tenha o direito de promover a execução da obrigação, por via da oferta real, terá de convocar o credor com o oferecimento de uma quantia que seja a devida, sem necessidade de prévio acertamento, o qual somente teria cabida nas vias ordinárias. Se não for líquida e certa a dívida, descabe a consignação em pagamento, havendo mister da prévia promoção da ação de acertamento.15 Depositando o devedor quantia para quitação de dívida incerta, com o protesto de apurar-se no curso da ação, e completar ele o que faltar, ou levantar o excesso, não cabe a consignação, que é processo de limites estreitos, sem margens para operar a apuração da coisa ou da quantia devida. E não cabe, pela falta do requisito objetivo de validade do pagamento. Não se pode, porém, tratar a regra com extremo rigor. Se, pois, o devedor verifica a existência de erro de cálculo, pode retificá-lo com ofertas supletivas; ou se, existindo dúvida sobre o montante exato da dívida, faz oferta a maior e protesta pela repetição do excedente, não pode o credor rejeitá-lo.16 O depósito ou consignação da coisa deve ser requerido no lugar do pagamento (Código Civil de 2002, art. 337 17). Nem o credor pode ser compelido a vir receber em local diferente nem o devedor tem a obrigação de deslocar-se para solver. Daí acordarem os autores em que competente para a ação de consignação é o foro do pagamento.18 Deposita a res debita, livra-se o devedor dos juros da dívida, porque a consignação tem efeito equivalente ao próprio pagamento, e, desta sorte, não correm juros contra ele. Os riscos da coisa devida são suportados pelo devedor até o momento da tradição. Consignada ela, ocorre a inversão dos riscos. A cargo do credor estão a sua deterioração e perecimento. Julgada procedente a ação, o credor terá de promover o levantamento da coisa, no estado em que estiver, salvo se a deterioração for precedente ao depósito. Se for julgada improcedente, o devedor estará sujeito aos juros, sofrerá os riscos ocorridos na pendência da lide, e, vinculada que seja a prestação depositada, a qualquer contrato, suportará as consequências da ausência do pagamento. não poderá ser concedido sem o acordo de uns e de outros. Julgado procedente o depósito, a obrigação fica extinta (Código Civil de 2002, art. 339 20). Liberados, em conseqüência, os co-devedores e fiadores, têm legítimo interesse em que prevaleça o julgado. Nestas condições, terão de ser ouvidos sobre o pedido de levantamento, feito pelo devedor. Se anuírem, assumindo as obrigações, continuam responsáveis. Se não forem ouvidos, ou se o levantamento for deferido contra a sua vontade, estão liberados. Antes mesmo de julgada por sentença a consignação, mas depois de impugnado o depósito e de declarar o credor que o aceita, e o credor aquiescer em que seja levantado, têm os co-devedores e fiadores direito a serem ouvidos. Se não o forem, ou se discordarem, e o levantamento do depósito ocorrer, ficam desobrigados (Código Civil de 2002, art. 340 21). Nesta hip

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Instituições de Direito Civil
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