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1 Disciplina: Administração de cargos e salários Autora: D.ra Ana Paula Risson Revisão de Conteúdos: M.e Monika Fritz Designer Instrucional: Sérgio Antonio Zanvettor Júnior Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki Ano: 2020 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Ana Paula Risson Administração de cargos e salários 1ª Edição 2020 Curitiba, PR Faculdade UNINA 3 Faculdade UNINA Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Conselho Editorial D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia Revisão de Conteúdos Monika Fritz Designer Instrucional Sérgio Antonio Zanvettor Júnior Revisão Ortográfica Juliano de Paula Neitzki Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério FICHA CATALOGRÁFICA RISSON, Ana Paula. Administração de cargos e salários / Ana Paula Risson. – Curitiba: Faculdade UNINA, 2020. 97 p. ISBN: 978-65-86092-26-4 1. Avaliação e classificação. 2. Estratégias. 3. Remuneração estratégica. Material didático da disciplina de Administração de cargos e salários – Faculdade UNINA, 2020. Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade UNINA 5 Sumário Prefácio........................................................................................................ 08 Aula 1 – O universo da remuneração ......................................................... 09 Apresentação da Aula 1 .............................................................................. 09 1.1 - Recursos humanos: contexto de trabalho e atuação ................... 09 1.1.1 - Recursos humanos ou gestão de pessoas? ............................. 12 1.2 - Salários, remuneração e benefícios: aspectos introdutórios ........ 14 Conclusão da aula 1 .................................................................................... 18 Aula 2 – Conceitos relacionados à administração de salários ..................... 19 Apresentação da aula 2 ................................................................................ 19 2.1 - Salário e remuneração como fatores motivadores ........................ 19 2.2 - Administração de salários ............................................................. 20 2.2.1 - Equilíbrio interno e equilíbrio externo ......................................... 21 2.3 - Plano de cargo e salário ................................................................ 22 2.4 - Etapas para implementação do plano de cargos e salários .......... 23 2.4.1 - Planejamento e divulgação do plano ......................................... 26 2.4.2 - Análise dos cargos ..................................................................... 27 2.4.3 - Avaliação dos cargos ................................................................. 27 2.4.4 - Pesquisa salarial ........................................................................ 27 2.4.5 - Estrutura salarial ........................................................................ 28 2.4.6 - Política salarial ........................................................................... 28 2.4.7 - Política de remuneração ........................................................... 28 2.4.8 - Carreiras profissionais ............................................................... 29 2.4.9 - Participação nos lucros ou resultados ....................................... 30 Conclusão da aula 2 ..................................................................................... 30 Aula 3 – Introdução à análise de cargos ...................................................... 31 Apresentação da aula 3 ............................................................................... 31 3.1 - Definições dos principais termos empregados na análise de cargos .......................................................................................................... 31 3.1.1 - Exemplo e diferenciação entre cargo, função e tarefa .............. 33 3.2 - Análise de cargos ......................................................................... 34 3.2.1 - Os níveis dos cargos ................................................................. 37 3.3 - Conteúdo do cargo ....................................................................... 38 Conclusão da aula 3 .................................................................................... 40 Aula 4 – Análise de função e descrição de cargos ...................................... 41 6 Apresentação da aula 4 ............................................................................... 41 4.1 - Determinação dos dados requeridos para descrição de cargos.... 41 4.2 - Coleta e análise dos dados para descrição de cargo ................... 44 4.2.1 - Entrevista ................................................................................... 45 4.2.2 - Questionário .............................................................................. 47 4.2.3 - Observação local ....................................................................... 48 4.3 - Usos da descrição de cargos e salários ....................................... 49 Conclusão da aula 4 .................................................................................... 50 Aula 5 – Pesquisa salarial ........................................................................... 51 Apresentação da aula 5 .............................................................................. 51 5.1 - Pesquisa salarial: conceito, importância e utilização ................... 51 5.2 - Fases de elaboração de uma pesquisa salarial ........................... 54 5.2.1 - Definição da equipe responsável .............................................. 55 5.2.2 - Definição dos cargos para a pesquisa salarial .......................... 57 5.2.3 - Definição das fontes dos dados ................................................ 57 5.2.4 - Elaboração do roteiro para coletade informações .................... 58 5.2.5 - Coleta das informações ............................................................. 59 5.2.6 - Digitalização dos dados ............................................................. 59 5.2.7 - Tabulação das informações ....................................................... 60 5.2.8 - Análises dos resultados ............................................................. 60 5.2.9 - Elaboração do relatório final ...................................................... 60 Conclusão da aula 5 ..................................................................................... 61 Aula 6 – Métodos de avaliação de cargos .................................................... 61 Apresentação da aula 6 ................................................................................ 61 6.1 - Métodos de avaliação de cargos ................................................... 62 6.1.1 - Método escalonamento de cargos (job ranking) ........................ 64 6.1.2 - Método de categorias predeterminadas (job classification) ....... 65 6.1.3 - Método de comparação por fatores ........................................... 65 6.1.4 - Método de avaliação por pontos ................................................ 68 Conclusão da aula 6 ..................................................................................... 71 Aula 7 – Avaliação de desempenho ............................................................. 72 Apresentação da aula 7 ................................................................................ 72 7.1 - Avaliação do desempenho: aspectos introdutórios ....................... 72 7.2 - A condução da avaliação do desempenho ................................... 75 7.3 - Métodos e estratégias de avaliação do desempenho ................... 78 Conclusão da aula 7 .................................................................................... 82 7 Aula 8 – Política de remuneração ................................................................ 82 Apresentação da aula 8 ............................................................................... 82 8.1 - Política de remuneração: retomada de conceitos ......................... 83 8.2 - A tarefa de recompensar e remunerar pessoas ............................ 84 8.3 - A construção de uma política de remuneração ............................ 86 8.3.1 - Compreensão do contexto organizacional ................................. 88 8.3.2 - Desenho da política (objetivos, princípios e diretrizes) .............. 90 8.3.3 - Detalhamento dos componentes ............................................... 90 8.3.4 - Implantação ............................................................................... 91 8.3.5 - Avaliação e melhorias ................................................................ 91 Conclusão da aula 8 .................................................................................... 92 Índice Remissivo ......................................................................................... 93 Referências ................................................................................................. 97 8 Prefácio O Recursos Humanos (RH), também denominadas como Gestão de Recursos Humanos (GRH) ou Administração de Recursos Humanos (ARH), é uma área da empresa que integra um conjunto de práticas e políticas relacionadas aos trabalhadores da organização. Dentre as tarefas do profissional do departamento de RH, encontra-se a administração de cargos e salários. Essa função e responsabilidade implica em estabelecer as condições de remuneração, salários e benefícios aos trabalhadores que estejam condizentes com as diretrizes legais, de competitividade do mercado e da própria empresa. E por se caracterizar dessa maneira, é um trabalho imprescindível dentro das instituições. Levando em consideração a importância da administração de cargos e salários, esta disciplina foi pensada e organizada de modo a integrar os principais conteúdos relacionados ao tema. Cada aula foi estruturada de modo que o aluno consiga compreender o conteúdo e articulá-lo com a rotina da empresa. Além disso, em todas as aulas existem exercícios práticos e reflexivos para contribuir com a apreensão do conteúdo. Ao final da disciplina, objetiva-se que o aluno possua os conhecimentos teóricos e técnicos necessários sobre a administração de cargos e salários. 9 Aula 1 – O universo da remuneração Apresentação da aula 1 Olá, aluno (a)! Nesta aula, veremos os seguintes objetivos: apresentar o Recursos Humanos como um contexto de trabalho e atuação; compreender as atribuições e importância do profissional de RH; e conhecer os principais conceitos relacionados a cargos e salários. 1.1 Recursos humanos: contexto de trabalho e atuação Todos os setores ou departamentos têm suas características, importância e contribuição para o adequado e eficaz funcionamento de uma empresa. Com o Departamento de Recursos Humanos não é diferente. O RH não é simplesmente uma parte de uma empresa, mas, sim, é aquela responsável por selecionar, acompanhar e administrar as pessoas que a operacionalizam, ou seja, que a mantêm em funcionamento. O ambiente de trabalho precisa estar preparado tecnicamente e humanamente para atender aos seus trabalhadores, considerando o tempo que estes permanecem na empresa no dia, na semana, no mês e no ano; e nisso, o profissional de RH tem muito a contribuir. Para refletir sobre a importância do profissional de recursos humanos em uma empresa, sugerem-se as seguintes reflexões: quantas horas do dia, mês e ano uma pessoa permanece dentro ou disponível para a empresa que trabalha? O funcionário passa quanto tempo do dia em seu emprego com seus colegas e quanto tempo com seus familiares e amigos? As respostas para essas perguntas indicam que ambiente de trabalho precisa estar preparado tecnicamente e humanamente para atender aos seus trabalhadores, considerando o tempo que estes permanecem na instituição no dia, na semana, no mês e no ano. Nisso, o profissional de RH tem muito a colaborar. Diante de sua importância, observa-se o crescimento da valorização do profissional de Recursos Humanos dentro de empresas e na sociedade. Assim, os aspectos legais, burocráticos e humanos dos colaboradores de uma empresa passaram a ser de responsabilidade desses profissionais. 10 Importante Cada empresa utiliza nomenclaturas diferentes para referir-se às divisões que existem em sua estrutura. Expressões como setor, departamento, área ou divisão, mesmo que tenham suas especificidades, nesta disciplina serão utilizadas como sinônimos, pois cada empresa adota as nomenclaturas que preferem. Recursos Humanos (RH) pode ser a denominação de um departamento de uma empresa, um conjunto de práticas ou, também, o nome de uma das profissões que integram uma empresa, conforme representado na imagem abaixo: Recursos humanos Fonte: acervo do autor (2019), com informações obtidas em Chiavenato (2014). Assim, sempre que a palavra Recursos Humanos for utilizada, deve-se compreender se refere-se ao departamento, práticas ou profissão. Na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), gerida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), encontram-se ocupações específicas dos profissionais de RH, conforme quadro abaixo. 11 Cargo e descrição das funções de profissionais de RH Fonte: acervo do autor (2019), com informações obtidas em: http://www.mtecbo.gov.br A observação do quadro permite conhecer e compreender as diferentes nomenclaturas e funções relacionadasaos profissionais de Recursos Humanos. Cada empresa, diante de suas características, poderá definir as funções requeridas de seus profissionais de RH, incluindo ou excluindo as elencadas pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Um dos desafios dos profissionais de Recursos Humanos é alinhar os objetivos e expectativas da empresa com os objetivos e expectativas de seus trabalhadores. Objetivos organizacionais e Objetivos individuais Fonte: acervo do autor (2019), com informações obtidas em Chiavenato (2014, p. 7). 12 Alinhar esses objetivos exige dos profissionais de Recursos Humanos habilidade técnica, ética e comprometimento. Habilidade técnica para, além de exercer suas funções, conseguir identificar uma equação de equilíbrio e funcional para a empresa e trabalhadores. Ética para atender as exigências da instituição, mas, ao mesmo tempo, respeitar os direitos dos colaboradores. E, comprometimento na realização de todas as suas funções e tarefas, sejam aquelas que atendam diretamente a organização, sejam aquelas que atendam diretamente os funcionários, ou, ainda, aqueles que atendem ambos. 1.1.1 Recursos humanos ou gestão de pessoas? É comum encontrarmos as expressões “Recursos humanos” e “Gestão de pessoas” sendo utilizadas como sinônimos. No entanto, embora tenham relação direta, não são a mesma coisa. A mistura dessas duas áreas não é por acaso. Nas empresas, é comum que esses dois setores trabalhem juntos em um mesmo departamento e, inclusive, com ações integradas. Recursos humanos (RH), também denominado como Gestão de Recursos Humanos (GRH) ou Administração de Recursos Humanos (ARH), é uma área da empresa que integra um conjunto de práticas e políticas relacionadas aos trabalhadores da organização. Enquanto uma profissão, os profissionais de RH dedicam-se a funções como: ➢ Realização de recrutamento e seleção; ➢ Melhoramento do desempenho dos trabalhadores; ➢ Políticas e estratégias de incentivos e retenção de trabalhadores; ➢ Elaboração e organização dos cargos e salários; ➢ Avaliação do desempenho. Gestão de pessoas (GP), por sua vez, é entendida como um conjunto de atividades especialistas e gestoras, com processos e cuidados relacionados aos trabalhadores da empresa. Possui como suas principais funções: ➢ Elaboração de ações para engajamento dos trabalhadores; ➢ Ações de motivação de trabalhadores e equipe; 13 ➢ Melhoria e acompanhamento do clima organizacional; ➢ Manter a cultura organizacional funcional; ➢ Identificar e desenvolver lideranças. Para Chiavenato (2014), uma moderna e atual gestão de pessoas deve desenvolver seis funções e processos, são eles: agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas. Analise a organização proposta pelo autor na imagem abaixo: Moderna gestão de pessoas Fonte: acervo do autor (2019), com informações em Chiavenato (2014, p. 15). Curiosidade Os processos relacionados à gestão de pessoas sofrem influências ambientais externas e influências organizacionais internas. Sendo elas: ➢ Influências ambientais externas: leis e regulamentos legais; sindicatos; condições econômicas; competitividade; condições sociais e culturais; ➢ Influências organizacionais internas: missão organizacional; visão, objetivos e estratégia; cultura organizacional; natureza das tarefas e estilos de gestão. Observe que cargos e salários estão presentes nessa estruturação proposta pelo autor em lugares diferentes. Funções relacionadas a cargos encontra-se em “aplicando pessoas”, e envolvem a realização da descrição e 14 análise dos cargos dos trabalhadores (funções e atividades), bem como orientá-los, acompanhá-los e avaliá-los em seu desempenho. Já as funções relacionadas a salários encontram-se em “recompensando pessoas”. Nessa categoria encontram-se incentivos para os colaboradores, incluindo as recompensas, remuneração e benefícios, ou seja, na proposta de organização desse autor, cargos e salários são funções separadas dentro da estrutura da empresa. O profissional de Recursos Humanos pode atuar em ambos departamentos. A diferença de sua atuação estará no foco, responsabilidades e tarefas aos quais esse profissional estará incumbido. 1.2 Salários, remuneração e benefícios: aspectos introdutórios Uma das possibilidades de atuação do profissional de Recursos Humanos é com o departamento de cargos e salários da empresa, temática central desta disciplina. Antes de seguirmos com o estudo, é necessário realizar algumas conceituações para alinharmos as nomenclaturas comuns à sua área de atuação. Na sequência, encontra-se algumas nomenclaturas relacionadas a cargos e salários: ➢ Remuneração: é mais abrangente que salário. Remuneração é soma do salário, com valores de direito do trabalhador e com valores (benefícios) pagos opcionalmente pela empresa. Portanto, na remuneração estão integrados todos os valores recebidos pelo funcionário, como: horas extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, comissão, porcentagem, insalubridade, diárias, dentre outros; ➢ Remuneração fixa: refere-se a todos valores que não sofrem alteração todos os meses, como salário; ➢ Salário: pagamento em dinheiro recebido por uma pessoa referente a seu contrato de trabalho com uma empresa. O salário pode ser calculado por hora, dia, mês ou tarefa; 15 ➢ Recompensa: este é um conceito subjetivo, ou seja, tem variações de uma pessoa para outra. Recompensa é um ganho obtido por uma tarefa, atitude, desempenho ou comportamento. Aqui é possível inserir a remuneração, mas também ganhos como elogios, promoções, participações em eventos, viagens, acesso a especializações ou curso, dentre outros. Reflita Faça um exercício social relacionado ao salário. Escolha três pessoas próximas de você, que podem ser colegas, amigos ou familiares, e faça a seguinte pergunta: qual a importância do salário em sua vida? Após obter as respostas, reflita sobre elas, suas similaridades e diferenças. A remuneração de um trabalho integra diferentes valores, benefícios e direitos, portanto, é mais abrangente que o salário. A remuneração total de um trabalho integra a remuneração básica, incentivos salariais, incentivos não financeiros e benefícios. A construção de um plano de remuneração será detalha no decorrer desta disciplina. No entanto, nesta aula, é importante compreender que um plano de remuneração deve levar em conta alguns critérios na sua construção: ➢ Remuneração fixa ou remuneração variável; ➢ Desempenho ou tempo de empresa; ➢ Remuneração do cargo ou remuneração das competências; ➢ Igualitarismo ou elitismo; ➢ Remuneração abaixo ou acima do mercado; ➢ Prêmios monetários ou não monetários; ➢ Remuneração aberta ou remuneração confidencial; ➢ Centralização ou descentralização das decisões salariais. Dentre os valores recebidos por um funcionário, por sua força de trabalho encontram-se os benefícios legais, que são aqueles determinados e regulados pela legislação trabalhista. Em relação aos benefícios, é necessário 16 realizar a diferenciação entre benefícios legais e benefícios espontâneos. Os benefícios legais são aqueles determinados e regulados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) brasileira e convecção coletiva da categoria, que incluem: ➢ Férias; ➢ 13o salário; ➢ Salário-família; ➢ Salário maternidade; ➢ Vale-transporte; ➢ Fundo de garantia; ➢ Seguro-desemprego; ➢ Seguro acidente de trabalho; ➢ Auxílio-doença; ➢ Aposentadoria. Os benefícios espontâneos são aqueles concedidos por iniciativa da empresa e que não há uma obrigação legal pelo pagamento deles. Nesse tipo de benefício estão inclusos: ➢ Assistência médica (Plano de saúde); ➢ Assistência odontológica (Plano de saúde odontológico);➢ Gratificações; ➢ Prêmios; ➢ Auxílio ou bolsa de estudos; ➢ Seguro de vida em grupo; ➢ Empréstimos; ➢ Complemento de aposentadoria, dentre outros. Outra diferenciação que deve ser realizada ao analisar cargos e salários são as recompensas organizacionais, que podem ser divididas entre financeiras e não financeiras. Nos incentivos financeiros, encontra-se a subdivisão de recompensas financeiras diretas, e recompensas financeiras indiretas. Nas recompensas financeiras diretas encontram-se: salário, prêmios 17 e comissões. Já nas recompensas financeiras indiretas, encontram-se: DSR (para horistas), férias, gratificações, gorjetas, horas extras, 13o salário, adicionais e decorrências financeiras dos benefícios concedidos. Nos incentivos não financeiros, alocam-se: oportunidades de desenvolvimento, reconhecimento e autoestima, segurança no trabalho, qualidade de vida no exercício da função, orgulho da empresa e do ofício realizado, promoções, prêmios em viagens, liberdade e autonomia no serviço. O conceito de salário não é único, ou seja, existem diferentes concepções sobre o que é o salário. Em linhas gerais, salário pode ser definido com o conceito descrito acima. Para além de seu conceito, Chiavenato (2014) diferencia salário em três tipos: salário por unidade de tempo; salário por resultado e salário por tarefa. Vejamos abaixo cada um deles: ➢ Salário por unidade de tempo: o trabalhador é pago conforme o tempo que ela está à disposição da empresa. A unidade de medida de tempo pode ser calculada em hora, semana, quinzena ou mês; ➢ Salário por resultado: é o recebimento conforme a quantidade ou número de peças de produtos produzidos pela pessoa. Neste tipo de salário, integram-se os sistemas de incentivos (comissões ou porcentagens) e prêmios de produção (gratificações por produtividade ou pelos negócios efetuados); ➢ Salário por tarefa: identifica-se a uma fusão dos dois tipos anteriores. Portanto, a pessoa atende a uma jornada de trabalho, na mesma medida que seu salário é determinado pela quantidade de peças produzidas. Saiba mais Idalberto Chiavenato, a principal fonte teórica utilizada neste livro, é um dos principais estudiosos e pesquisadores na área de Gestão de Pessoas do Brasil. Chiavenato é graduado em Filosofia e Pedagogia, especialista em Psicologia educacional e em Direito, Mestre e Doutor em Administração. É presidente do Instituto Chiavenato e conselheiro do Conselho Federal de Administração. É 18 professor honorário em universidades no exterior e ocupa a cadeira número 41, da Academia Brasileira de Ciências da Administração. Mas, afinal, como é realizada a composição de um salário? A composição de um salário integra diferentes fatores, que são divididos entre fatores internos (organizacionais) e fatores externos (ambientais ou sociais). Nos fatores internos estão inclusos: tipo do cargo desenvolvido; política de recursos humanos e salarial da empresa; desempenho e capacidade do trabalhador e empresa; competividade da organização no mercado de trabalho; e, capacidade e condições de pagar, ou seja, são todos fatores e características relacionadas à instituição. Já nos fatores externos, encontram- se: legislação trabalhista; situação do mercado de trabalho; conjuntura econômica (inflação, recessão, custo de vida, crise econômica, dentre outros); sindicatos e negociações coletivas; situação do mercado de clientes; concorrência do mercado etc. Importante Este livro foi construído em um período de transição das leis trabalhistas e previdenciárias brasileiras. Portanto, orienta-se que o aluno fique atento a eventuais mudanças que possam acontecer a partir desta transição. Conclusão da aula 1 Chegamos ao final da primeira aula desta disciplina. Aqui foi estudado sobre aspectos introdutórios relacionados a cargos e salários. Dentre os conceitos estudados, salário foi definido como o pagamento em dinheiro recebido por uma pessoa referente a seu contrato de trabalho com uma empresa. O salário pode ser dividido entre salário por unidade de tempo, salário por resultado e salário por tarefa. E cargo refere-se à posição ocupada por uma pessoa dentro de uma estrutura organizacional. Uma pessoa pode, por exemplo, ter o cargo de gerente, analista, engenheiro, diretor, operador de máquinas, dentre outros. A remuneração, por sua vez, integra diferentes valores, benefícios e direitos, portanto, é mais abrangente que o salário. A remuneração total de um trabalho integra a remuneração básica, incentivos 19 salariais, incentivos não financeiros e benefícios. Estudou-se também a diferenciação entre benefícios legais e benefícios espontâneos e entre recompensas organizacionais financeiras e não financeiras. Atividade de aprendizagem A partir do que foi estudado nesta aula, qual a importância de setor de Recursos humanos em uma empresa? Qual a diferença entre salário e remuneração? Aula 2 – Conceitos relacionados a administração de salários Apresentação da aula 2 Esta aula tem os objetivos de explicar as definições e características entre equilíbrio interno e equilíbrio externo, e, apresentar os objetivos e as etapas de implementação da administração de cargos e salários. 2.1 Salário e remuneração como fatores motivadores O salário é, para além do pagamento em dinheiro recebido por uma pessoa referente a seu contrato de trabalho com uma empresa, um fator motivador na vida dos trabalhadores. Para compreendermos a importância do salário, remuneração e benefícios na vida de uma pessoa, vamos analisar as necessidades do ser humano na perspectiva da Pirâmide de Maslow, proposta pelo psicólogo Abraham Maslow (1980-1970): 20 Pirâmide de Maslow Fonte: acervo do autor (2019). A Pirâmide de Maslow, conhecida internacionalmente, apresenta a descrição e estruturação das necessidades do ser humano. A remuneração, ou o salário, está especificado nas necessidades de segurança. No entanto, em uma análise mais ampla, podemos compreender que o salário perpassa as outras necessidades também, na medida que ele permite que o sujeito transite, consuma e interaja na sociedade. 2.2 Administração de salários O salário é, sem dúvida, um dos principais elementos envolvidos na admissão e manutenção de trabalhadores de uma empresa. Para tanto, diversas estratégias são criadas pelas empresas para estruturação e gestão dos salários. A política salarial de uma empesa é o conjunto de decisões organizacionais, normas e diretrizes que orientam a administração dos salários na instituição e define uma estrutura salarial. Refere-se a uma política norteadora sobrea as decisões e gestão que podem ou não acontecer em uma corporação. A política salarial é dinâmica, pois ela é reflexo da situação e condição interna e externa da empresa. (CHIAVENATO, 2014). Já a administração de salário, ou administração salarial, refere-se a um conjunto de ações, normas, processos e procedimentos criada para estabelecer ou manter as características e condições dos valores recebidos 21 pelos trabalhadores da empresa. A administração de salário atende ao que está normatizado na política salarial da organização. Mas, afinal, qual a importância e objetivo da administração de Salários em uma empresa? A importância é grande e a finalidade é diversa. Chiavenato (2014, p. 248) elencou os principais objetivos da administração de salários, entendidos pelo autor como: ➢ Atrair e reter talentos na organização; ➢ Engajar e desenvolver talentos na organização; ➢ Motivar e alcançar comprometimento do pessoal; ➢ Aumentar a produtividade e a qualidade no trabalho; ➢ Controlar custos laborais; ➢ Proporcionar tratamento justo e equitativo a todas as pessoas; ➢ Cumprir com a legislação trabalhista;➢ Ajudar no alcance dos objetivos organizacionais; ➢ Proporcionar um ambiente de trabalho amigável e impulsionador; ➢ Garantir a competitividade e a sustentabilidade da organização. Diante disso, sua importância e impacto perpassam pela sustentabilidade da empresa, motivação e valorização dos trabalhadores e competitividade da organização no mercado de trabalho. 2.2.1 Equilíbrio interno e equilíbrio externo Uma política salarial estruturada de maneira que atenda aos interesses e necessidades da empresa, da sociedade e do indivíduo é resultado do equilíbrio interno e equilíbrio externo. O equilíbrio interno refere-se à consciência interna que gestores e profissionais de recursos humanos possuem sobre as características e condições da empresa. O equilíbrio interno requer que a estrutura salarial seja justa, coerente e compatível entre trabalhadores e para a instituição. Já o equilíbrio externo é a consciência. O equilíbrio interno é alcançado por meio de informações obtidas pela avaliação e classificação de cargos, baseadas em um programa prévio de descrição e análise de cargos. 22 O equilíbrio externo refere-se aos impactos e relação da empresa com o contexto em que está inserida (mercado e sociedade). Dessa forma, para obter o equilíbrio externo, é necessária uma política salarial compatível com o contexto. O equilíbrio externo é alcançado por meio de informações externas obtidas pela pesquisa de salários. Ao reunir as informações relacionadas a salários, oriundas de diferentes fontes, a empresa pode traçar sua política salarial. Quanto melhor estudado, analisado e estruturado uma política salarial, maiores são as chances da existência de equilíbrio interno e equilíbrio externo. Equilíbrio interno e equilíbrio externo Fonte: acervo do autor (2019). Assim, por exemplo, não há equilíbrio quando a empresa opta em pagar um salário mínimo necessário para seus funcionários, sendo que os valores pagos por outras empresas, pelo mesmo cargo e função, são maiores. Nesse exemplo, a empresa privilegiou somente seu interesse e desconsiderou as informações do mercado. Ou, ainda, não há equilíbrio quando a organização possui uma folha de pagamento mensal superiora a sua capacidade de pagamento. 2.3 Plano de cargo e salário O plano de cargo e salário de uma empresa é uma ferramenta que determina e estrutura todas as informações relacionadas a cargos e salários. 23 Um de seus objetivos é almejar o equilíbrio interno (relação de cargos e salários equilibrada) e externo da empresa (equilibrar os salários que a empresa e mercado pagam). Trata-se de um dos principais elementos constitutivos de uma política salarial ou da administração de salários de uma instituição. Pontes (2011, p. 36), pesquisador da área de recursos humanos, elenca os seguintes objetivos de um plano de cargos e carreiras: ➢ Atender à premissa do equilíbrio interno e externo; ➢ Servir como instrumento das oportunidades de trabalho e desenvolvimento na empresa; ➢ Tornar clara a política de salários; ➢ Servir como base de um plano de carreiras e de outros subsistemas de recursos humanos, como treinamento e desenvolvimento, planejamento, recrutamento e seleção; ➢ Provocar nas pessoas motivação e estímulo para melhorar suas qualificações profissionais. Para o trabalhador, o plano de cargos e salários permite visualizar e vislumbrar uma possível trajetória dentro da empresa, como: aumento de salário, ganho de benefícios e ascensão de cargo. Para a organização, esse plano permite normatizar e padronizar a remuneração de seus trabalhadores, evitando com isso, por exemplo, problemas trabalhistas em decorrência de diferenças de salário entre funcionários com mesma característica. Para seguirmos com o estudo dos planos de cargos e salários, é importante alinharmos alguns conceitos importantes, além dos já estudados na aula anterior. 2.4 Etapas para implementação do plano de cargos e salários A construção e implementação de um plano de cargos e salários é processual. Por conta disso, requer tempo e está dividido em etapas. Nesse processo, diversos profissionais estão envolvidos, no entanto, as tarefas 24 estruturantes, ou principais, ficarão sob responsabilidade dos profissionais de Recursos Humanos. Existem diferentes formas de estruturar as etapas que estão seguidas para a construção de um plano de cargos e salários: Possibilidade 1 ➢ Determinar a equipe responsável, atribuições, metas e planejamento; ➢ Levantar informações sobre a empresa; ➢ Conhecer, analisar e descrever os cargos; ➢ Pesquisa de mercado; ➢ Montar a tabela de salários. Possibilidade 2 ➢ Realizar do diagnóstico da atual situação da empresa; ➢ Levantar e descrição dos cargos existentes na empresa; ➢ Analisar e determinar a pontuação dos cargos; ➢ Realizar pesquisa salarial de mercado; ➢ Analisar o impacto e mudanças na empresa; ➢ Elaboração do plano de cargos e salários; ➢ Implementação do plano de cargos e salários. Possibilidade 3 ➢ Análise, Diagnóstico e Entendimento do Negócio; ➢ Coleta de Informações; ➢ Elaboração das Descrições de Cargo; ➢ Avaliação de Cargos; ➢ Estrutura salarial; ➢ Política salarial. Possibilidade 4 (PONTES, 2011) ➢ Planejamento e Divulgação do Plano; ➢ Análise dos Cargos; ➢ Avaliação dos Cargos; ➢ Pesquisa salarial; ➢ Estrutura Salarial; ➢ Política Salarial; ➢ Política de Remuneração; ➢ Carreiras Profissionais; ➢ Participação nos lucros ou resultados. Possibilidade 5 ➢ Elaboração das descrições dos cargos; ➢ Classificação das posições e faixas salariais; ➢ Análise de mercado (pesquisa de salário); ➢ Desenho da estrutura salarial; ➢ Elaboração da política de administração de salário; ➢ Comunicação do projeto. Possibilidade 6 ➢ Planejamento e comunicação; ➢ Análise e avaliação dos cargos; ➢ Pesquisa salarial; ➢ Estrutura salarial; ➢ Política salarial; ➢ Políticas de remuneração. Possibilidades de etapas Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2020). 25 Ao analisar o quadro acima, observa-se que são variadas e diversas as possibilidades de estruturação das etapas do Plano de Cargos e Salários de uma empresa. Mas, afinal, existe uma proposta de fases correta? Qual é a ideal para ser utilizada na empresa? Não existe uma única proposta de etapas correta, todas as possibilidades apresentadas acima estão corretas e podem ser utilizadas. Cada empresa possui uma configuração, dinâmica e estrutura, assim, a proposta ideal para a organização é aquela que atende as necessidades e características dela. Na sequência, encontra-se a descrição completa de uma das possibilidades apresentadas acima. Analise o nome de cada etapa e a descrição de suas fases mais importantes: Etapas Fases importantes Planejamento e Divulgação do Plano ➢ Elaboração do plano; ➢ Discussão do plano com as gerências; ➢ Aprovação do plano; ➢ Divulgação do plano aos colaboradores. Análise dos Cargos ➢ Coleta de dados Descrição dos cargos; ➢ Especificação dos cargos Titulação dos cargos; ➢ Classificação dos cargos conforme os grupos ocupacionais; ➢ Catálogo de cargos. Avaliação dos Cargos ➢ Escolha de cargos-chave; ➢ Formação do comitê de avaliação; ➢ Escolha do método de avaliação; ➢ Avaliação dos cargos-chave; ➢ Avaliação dos demais cargos. Pesquisa Salarial ➢ Escolha dos cargos; ➢ Escolha das empresas; ➢ Elaboração do manual de coleta de dados; ➢ Coleta de dados; ➢ Tabulação de dados; ➢ Análise dos resultados; ➢ Relato às empresas participantes. Estrutura Salarial ➢ Cálculo da curva básica; ➢ Determinação do número de graus; ➢ Cálculo das amplitudes dos graus; ➢ Análise de sobreposição dos graus. 26Política Salarial ➢ Salário de admissão; ➢ Promoção horizontal e vertical; ➢ Reavaliação de cargos; ➢ Reajustes salariais; ➢ Nível hierárquico das aprovações. Política de Remuneração ➢ Definição de adicionais salariais; ➢ Definição do pacote de benefícios; ➢ Composição da remuneração (salário + benefícios). Carreiras Profissionais ➢ Sucessão de cargos; ➢ Divulgação das carreiras aos colaboradores; ➢ Definição do planejamento de recursos humanos; ➢ Programa de desempenho; ➢ Programa de treinamento e desenvolvimento. Participação nos lucros ou resultados ➢ Definição da estrutura do programa. Etapas para a implantação do plano de cargos e salários Fonte: elaborado pelo autor (2019), com informações de Pontes (2011, p. 34), adaptado pelo DI (2020). Esta proposta de etapas, criada por Pontes (2011), refere-se a uma proposta que integra as mais variadas etapas possíveis em um processo de criação do Plano de cargos e salários. Na sequência, é especificado cada uma das etapas. Curiosidade A análise de cargo permite encontrar informações que poderão ser utilizadas para diferentes finalidades na dinâmica e processos de uma empresa. As informações sobre tarefas, habilidades comportamentos e atitudes de um trabalhador podem contribuir para o processo dentro de uma empresa tal como treinamento e desenvolvimento. 2.4.1 Planejamento e divulgação do plano Na etapa de planejamento e divulgação do plano são estudadas as características da empresa (podendo também ser denominado como diagnóstico), analisado o equilíbrio interno e externo; traçados os objetivos, elencadas e divididas as responsabilidades entre os profissionais responsáveis pela criação do Plano e, também, divulgado entre os colaboradores. 27 Nesta etapa, são realizadas inúmeras reuniões para afinar os objetivos com a criação do Plano. A depender do andamento da elaboração e execução do plano, esta fase pode ser retomada em outros momentos, a fim de reestruturar características ou procedimentos do plano. 2.4.2 Análise dos cargos A análise de um cargo é o estudo realizado para reunir todas as informações de um cargo, suas especificações e sua importância. A análise do cargo implica em descrever, especificar e detalhar todas as suas características, como os conhecimentos, habilidades e capacidades necessárias para uma pessoa para desempenhá-lo. (CHIAVENATO, 2014). A análise de cargos é uma das etapas mais complexas da elaboração de um plano de cargos e salários, pois requer pesquisa, análise e descrição minuciosa de cada cargo que a empresa possui. 2.4.3 Avaliação dos cargos A avaliação dos cargos consiste em estabelecer o valor de cada cargo na estrutura da empresa. A partir da avaliação, todas as funções recebem uma ordenação de valor conforme sua característica. Esta avaliação é realizada por meio de métodos específicos, que podem ser qualitativos (a partir de categorias predeterminadas) ou quantitativos (contabilização de pontos ou atributos). Para Pontes (2011, p. 171), o “método de avaliação é um instrumento utilizado para determinar o valor relativo do cargo para a construção da hierarquia. É uma régua que permite mensurar o cargo”. 2.4.4 Pesquisa salarial Como o próprio nome já sugere, a pesquisa salarial visa identificar os valores de salários pagos no mercado para determinados cargos. Essas pesquisas não têm uma regra de como serem conduzidas, será a empresa que estipulará como e em que a pesquisa será realizada. A pesquisa salarial pode ser feita em sindicatos, organizações das profissões que possuem salário base, 28 juntas comerciais da cidade, escritórios de contabilidade, internet (on-line, páginas de oferta de emprego), dentre outros. 2.4.5 Estrutura salarial Com as informações obtidas na pesquisa salarial, a estrutura salarial começa a ser montada. Nela estará presente a organização de uma progressão salarial em favor da crescente valorização dos cargos resultantes do processo de avaliação, ou seja, um cargo pode ter diversas formas de progressão, sendo que os critérios para essa evolução são determinados pela empresa, em sua política salarial. 2.4.6 Política salarial A política salarial é o instrumento que irá nortear a empresa em suas práticas salariais e procedimentos de remuneração. Na perspectiva de Chiavenato (1995, p. 333): A política salarial de uma empresa é o conjunto dos princípios e diretrizes que refletem a orientação e a filosofia da organização, no que tange aos assuntos de remuneração de seus empregados. Assim, todas as normas presentes e futuras, bem como decisões sobre cada caso, deverão orientar-se por esses princípios e diretrizes. A política salarial não é estática, pelo contrário, é dinâmica e evolui, aperfeiçoando-se com sua aplicação frente a situação que se modificam com rapidez. A política salarial permitirá compreender a maneira que a empresa pensa e age no que se refere a salário e remuneração. 2.4.7 Política de remuneração Conforme estudado anteriormente, a remuneração é mais ampla que o salário. Na remuneração estão inclusos salário, benefícios, premiações, comissões, bonificações, dentre outros. Assim, uma política de remuneração deve estar vinculada à missão, valores e visão da empesa. O detalhamento de 29 uma política de remuneração será estudado especificamente e aprofundado posteriormente. 2.4.8 Carreiras profissionais O plano de cargos e salários deve estar alinhado com a plano de carreiras da empresa. O plano de carreiras prevê as possibilidades de trajetórias que um trabalhador poderá percorrer dentro da instituição, ou seja, seu crescimento profissional. As etapas de análise e avaliação de cargos determinam as principais informações das carreiras profissionais. Portanto, esta etapa está estritamente vinculada a elas. O planejamento de carreiras apresenta vantagens tanto para a empresa quanto para os trabalhadores. Pontes (2011, p. 341) elenca algumas dessas vantagens: ➢ Contribuir, mediante o crescimento dos colaboradores, para que a organização atinja níveis mais elevados de qualidade e produtividade no trabalho que realiza; ➢ Motivar os colaboradores na busca de maior competência técnica (instrução, conhecimento, experiência prática e habilidades); ➢ Encorajar os colaboradores na exploração de suas capacidades potenciais; ➢ Propiciar a ascensão do colaborador na empresa; ➢ Atender às necessidades internas de preenchimento de vagas, no recrutamento interno; ➢ Proporcionar maior integração do colaborador na empresa, com a perspectiva de crescimento profissional, provocando maior motivação e produtividade e, ainda, diminuição do turnover; ➢ Criar condições para que os colaboradores atinjam seus objetivos profissionais, em consonância com o alcance dos objetivos organizacionais; ➢ Estabelecer trajetórias de carreira, assegurando que os colaboradores tenham perspectivas de desenvolvimento e ascensão profissional. 30 2.4.9 Participação nos lucros ou resultados A participação nos lucros ou resultados, conhecida também como PLR, é uma forma de bonificação dos trabalhadores oferecida pela empresa. Essa remuneração não é obrigatória. A periodicidade do pagamento costuma ser de uma a duas vezes ao ano. A negociação e implementação do PLR deve ser aprovada pelos trabalhadores e seus sindicatos. A Lei 10.101/2000, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências, deve ser estudada pelas empresas que desejam implementar este benefício, pois existem regras a serem seguidas. Conclusão da aula 2 Nesta aula, estudamos que o salário e remuneração são fatores motivadores para os trabalhadores de uma empresa, estandopresentes na pirâmide de necessidades de Maslow. Estudamos que existem estratégias e setores dentro da instituição que se dedicam na tarefa de administrar os salários de seus trabalhadores. Além disso, aprendeu-se que uma política salarial estruturada de maneira que atenda aos interesses e necessidades da empresa, da sociedade e do indivíduo é resultado do equilíbrio interno e equilíbrio externo. Por fim, analisamos que o plano de cargo e salário de uma empresa é uma ferramenta que determina e estrutura todas as informações relacionadas a cargos e salários. Existem diferentes formas de estruturar as etapas que estão seguidas para a construção desse plano e nesta aula aprendemos as nove etapas propostas por Pontes (2011), que são: planejamento e divulgação do plano; análise dos cargos; avaliação dos cargos; pesquisa salarial; estrutura salarial; política salarial; política de remuneração; carreiras profissionais; e, participação nos lucros ou resultados. Atividade de aprendizagem O que é e quais são os objetivos da administração de salários? 31 Aula 3 – Introdução à análise de cargos Apresentação da aula 3 Bem-vindo(a) à terceira aula desta disciplina. Esta aula tratará especificamente da análise de cargos de uma empresa, com o objetivo de apresentar os principais termos utilizados na análise de funções; compreender o que são os grupos ocupacionais; e, construir e descrever as especificações de um cargo. 3.1 Definições dos principais termos empregados na análise de cargos Antes de começarmos o estudo da análise de cargos, é necessário alinharmos alguns conceitos estruturantes no que se refere a este conteúdo. Abaixo encontram-se os principais termos utilizados na análise de cargos: ➢ Tarefa: é a atividade realizada pelo trabalhador no cargo ocupado. Exemplo: atendimento de telefone; elaborar projetos; limpeza; organização de documentos; ➢ Função: refere-se ao conjunto de atribuições, tarefas e responsabilidades de um determinado cargo. Exemplo: funções do engenheiro de segurança; funções da secretária; funções do profissional de recursos humanos; Os papéis na organização Fonte: acervo do autor (2019). ➢ Cargo: refere-se à posição ocupada por uma pessoa dentro de uma estrutura organizacional. Exemplo: gerente, analista de 32 recursos humanos, engenheiro, diretor, operador de máquinas, auxiliar de serviços gerais, dentre outros; ➢ Análise do cargo: é o estudo realizado para reunir as todas informações de um cargo, suas especificações e sua importância. O resultado da análise do cargo é a sua descrição; ➢ Descrição de cargo: é o detalhamento das responsabilidades e tarefas atribuídas a um determinado cargo. Na descrição completa de uma função deve constar: nomenclatura, objetivos, tarefas, responsabilidade, requisitos educacionais ou técnicos, qualificações, salário inicial, área ou setor em que está inserido na estrutura da empresa. Existe também a “especificação de cargo”, um conceito utilizado como sinônimo de descrição de cargo; ➢ Especificação de cargo: “identificação dos requisitos necessários para o desempenho das tarefas ou atribuições de um cargo. Ela abrange as aptidões, os conhecimentos, as habilidades e as responsabilidades que o ocupante do cargo deve possuir, bem como as condições de trabalho e riscos que o envolvem.” (GIL, 2012, p. 175); ➢ Grupo ocupacional: é o conjunto de funções ou cargos reunidos a partir de suas com similaridades e afinidades. Exemplo: profissionais de recursos humanos; serviços gerais; marcenaria; atendimento ao público; ➢ Classe salarial: refere-se ao grupo de cargos ou profissões que por conta de suas similaridades de características são reunidos pelo nível salarial; ➢ Estrutura de cargos: refere-se ao resultado da estruturação de um plano de cargos e salários. A estrutura de cargos também pode ser entendida como a classificação de funções que, dentre outros aspectos, define a hierarquia, relação, responsabilidade e importância entre eles; ➢ Faixa salarial: refere-se à diferenciação de salários de um mesmo cargo por níveis crescentes de valores. A diferenciação entre salários é estruturada conforme a evolução do cargo. A 33 principal forma de diferenças entre as faixas salariais é pelos níveis de: júnior, pleno, sênior e máster. 3.1.1 Exemplo e diferenciação entre cargo, função e tarefa Exemplo do desdobramento entre cargo, função e tarefa Fonte: acervo do autor (2019), baseado em Chiavenato (2014, p. 175). Há conceitos que podem gerar confusão por conta de sua similaridade. Para exemplificar a diferença entre cargo, função e tarefa, observe a imagem acima. A partir desse exemplo, vamos fazer algumas reflexões e correlacioná- las com os conceitos aprendidos. Cargo é o nome da posição que o trabalhador ocupa, que neste caso é comprador. Outros cargos de uma empresa podem ser: secretária, engenheiro, operador de máquinas, contato, auxiliar administrativo, operador de caixa, designer, analista de recursos humanos, dentre outros. Cada cargo possui diversas funções, que se refere ao nome dado a uma atividade que reúne diversas tarefas. No exemplo acima, a função de “efetuar as compras requisitadas” integra diferentes tarefas para almejar a determinada função. Por fim, a tarefa é o nome de todas as possíveis atividades que uma função possui. 34 3.2 Análise de cargos A análise de cargos, como já apresentado acima, é a tarefa de analisar e descrever as tarefas, funções e demais características de uma função. Na sequência, encontram-se outras possibilidades de descrição para Análise de cargos. Conceitos de análise de cargos Fonte: acervo do autor (2019), baseado em Chiavenato (2014, p. 190). Analisar e descrever um cargo é uma tarefa complexa, pois exige habilidades de escrita de modo que o resultado seja uma redação clara, precisa, concisa e impessoal. Gil (2012, p. 182), teórico da área de Gestão de Pessoas, elencou alguns princípios para a tarefa de analisar e descrever cargos: ➢ Clareza: utilizar termos simples, que não deem margem a ambiguidades. No caso de termos técnicos pouco conhecidos, convém que sejam definidos; ➢ Precisão: utilizar termos que sejam mensuráveis; ➢ Concisão: compor frases curtas, evitando-se minúcias desnecessárias; ➢ Impessoalidade: recomenda-se que seja iniciada por um verbo no infinitivo ou na terceira pessoa do singular do presente do indicativo. 35 Esses princípios são fundamentais, pois o resultado da análise de cargos, a descrição de cargos, será um documento que balizará as práticas dos trabalhadores de uma empresa. Para a análise de cargos é importante que os analistas compreendam a diferença entre as quatro grandes áreas em que as funções dos trabalhadores podem ser alocadas. Pontes (2011, p. 43 e 44) especificou essas áreas da seguinte maneira: ➢ Área Mental: determina os conhecimentos teóricos ou práticos necessários para que o ocupante do cargo desempenhe adequadamente suas funções. Os requisitos mais comuns dessa área são: instrução, conhecimento, experiência, iniciativa e complexidade das tarefas; ➢ Área de Responsabilidades: determina as exigências impostas ao ocupante do cargo para impedir danos à produção, ao patrimônio e à imagem da empresa. Os requisitos mais comuns são as responsabilidades por erros, supervisão, numerários, títulos ou documentos, contatos, dados confidenciais, material, ferramentas e equipamentos; ➢ Área Física: determina os desgastes físicos impostos ao ocupante do cargo em decorrência de tensões, movimentos, posições assumidas, entre outros. Os requisitos mais comuns são: esforço físico, concentração mental e visual, destreza ou habilidade, compleiçãofísica; ➢ Área de Condições de Trabalho: determina o ambiente em que é desenvolvido o trabalho e os riscos a que está submetido o ocupante do cargo. Os requisitos mais comuns são: ambiente de trabalho e riscos. Outra informação necessária para o analista é saber a diferenciação entre as habilidades técnicas, humanas e conceituais. Dalmau e Tosta (2009, p. 51) fazem a seguinte diferenciação destas habilidades: 36 ➢ Habilidade técnica: é a capacidade de usar os instrumentos, adotar os processos ou aplicar as técnicas de um campo de especialização; ➢ Habilidade humana: é a capacidade de trabalhar com outras pessoas. É necessário para poder participar eficazmente dos grupos e liderá-los e interagir com colegas; ➢ Habilidade conceitual: é a capacidade mental de coordenar e integrar todos os interesses e atividades da organização. Requer a capacidade de ver a organização como um todo e de compreender como suas partes dependem umas das outas. Nas áreas e estudos sobre Gestão de Pessoas ou Recursos Humanos é comum encontrarmos as reflexões em torno da sigla “CHA”, que significa, respectivamente, Conhecimentos, Habilidades e Atitudes. O conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes de um trabalhador integram as suas competências. Analise a imagem a seguir: C.H.A. Fonte: acervo do autor (2019). Mas, afinal, qual a função da análise de cargo? O resultado da análise de cargo é variado e pode ser utilizado em diferentes momentos na história de um trabalhador dentro da empresa, como também de diversas formas pela empresa. Por exemplo, a análise de cargo tem a função desenhá-lo, ou seja, descrevê-lo. Essas informações podem ser utilizadas para especificar as tarefas, identificar as qualificações do trabalhador, compreender os resultados esperados e traçar as recompensas de seu trabalho. A análise de cargos também pode ser utilizada nas etapas de recrutamento e seleção da empresa. Quando a organização possui sua descrição de cargos estabelecida, os recrutadores já possuem as informações e características que devem buscar 37 nos candidatos. Observe o esquema abaixo, elaborado por Chiavenato (2014, p. 194), referente às possibilidades e funções da análise de cargo. Usos da informação da análise de cargo Fonte: acervo do autor (2019), baseado em Chiavenato (2014, p. 194). 3.2.1 Os níveis dos cargos Na análise cargos, a empresa pode compreender e adotar como uma estratégia de organização a divisão dos cargos em níveis. Não é uma obrigatoriedade, mas é uma característica que pode facilitar o entendimento das hierarquias e responsabilidades. Assim, há funções e profissões que são divididas por níveis. Os níveis mais comuns encontrados atualmente são: júnior, pleno, sênior e máster. Esta diferenciação é importante, pois determina as hierarquias, responsabilidades, funções e salários dos trabalhadores. Níveis de cargos Fonte: acervo do autor (2019). 38 Esta organização e caracterização não implica em um cargo mais importante que o outro. Pelo contrário, todos são importantes em suas responsabilidades. Para exemplificar isso, basta pensar que a dinâmica de uma empresa não se sustenta somente com trabalhadores máster ou juniores. 3.3 Conteúdo do cargo As informações que cada cargo deve possuir sempre ficarão a encargo da empresa. Estudiosos e pesquisadores da área de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas elencam diversas possibilidades de conteúdo de cada cargo. Para Chiavenato (2014), conteúdo do cargo “é o conjunto de tarefas e atribuições que o ocupante deve desempenhar”. Chiavenato (2014, p. 189) realiza algumas sugestões de conteúdo que a análise e descrição de cargos deve possuir, como pode-se ver: Conteúdo do cargo segundo a descrição de cargos Fonte: acervo do autor (2019) baseado em Chiavenato (2014, p. 189). Com base nessa sugestão, vejamos o exemplo abaixo: 39 Exemplo de conteúdos de cargo Fonte: acervo do autor (2019). Esse esquema proposto por Chiavenato (2014) é um importante e prático modelo para iniciar a descrição de um cargo, especialmente para empresas que não possuem nada estruturado em relação a cargos. Mas, afinal, que informações o conteúdo do cargo deve conter? A resposta é: todas aquelas que a organização entender que são importantes. Dalmau e Tosta (2009) sistematizam alguns elementos importantes que devem estar presentes no conteúdo dos cargos, que são: ➢ Título: todo cargo deve possuir um título que possa identificá-lo; ➢ Sumário: representa uma descrição simples da essência do cargo, possibilitando a quem acessa essas informações um conhecimento preliminar do que o ocupante dessa função desenvolverá no cotidiano da empresa; ➢ Atividades desenvolvidas: aqui descreve-se tudo o que deverá ser feito pelo ocupante do cargo, com as ações descritas no verbo no infinitivo, tornando a ação atemporal, ou seja, a qualquer momento poderá ser feita, não havendo limites para o número de atividades desenvolvidas; ➢ Características do cargo: descrever quais os conhecimentos, as habilidades e as atitudes (CHA) necessários para ocupar o cargo; 40 ➢ Supervisão dada e supervisão recebida: é importante montar um organograma para que a pessoa que irá ocupar o cargo compreenda a quem ela terá que ser ou a quem ela terá de controlar; ➢ Ferramentas e equipamentos necessários: descrever quais equipamentos o cargo exige, além de apontar a necessidade do uso de equipamentos de proteção individual (EPI); ➢ Condições ambientais de trabalho: descreve as condições ambientais do cargo, procurando-se criar um ambiente o mais adequado possível, em termos de luminosidade, possíveis ruídos, temperatura; ➢ Outras informações pertinentes: este espaço é destinado para apresentar outras informações que possam ser importantes para que o colaborador saiba o que fazer. Observe que as sugestões realizadas por Chiavenato (2014) e por Dalmau e Tosta (2009) são diferentes. Isso não significa que uma está correta e outra incorreta. Significa, sim, que existem diversas maneiras de construir a análise e descrição de cargos. Conclusão da aula 3 Nesta aula, conhecemos alguns conceitos estruturantes no que se refere a análise de cargos, como: tarefa, função, cargo, análise de cargo, descrição de cargo, especificação de cargo, grupo ocupacional, classe salarial, estrutura de cargos e faixa salarial. Aprendemos que análise do cargo é o estudo realizado para reunir as todas informações de uma função, suas especificações e sua importância. O resultado da análise do cargo é a sua descrição. Analisar e descrever um cargo é uma tarefa complexa, pois exige habilidades de escrita de modo que o resultado seja uma redação clara, precisa, concisa e impessoal. Atividade de aprendizagem Quais são as quatro habilidades de escritas necessárias para a análise e descrição dos cargos? E por que elas são importantes? Descreva a diferença entre cargo, tarefa e função. 41 Aula 4 – Análise de função e descrição de cargos Apresentação da aula 4 Nesta aula, você irá aprender a determinar os dados necessários para uma análise de função e cargo, incluindo estratégias de coleta e análise de dados relacionados a cargos e a tabular fatores de avaliação de funções. 4.1 Determinação dos dados requeridos para descrição de cargos Para a realização da coleta de dados para a descrição de um cargo, faz- se necessário estabelecer as informações que serão coletadas. Essas informações, por sua vez, precisam estar condizentes com aquelas contidas na descrição da função. Com inspiração no modelo proposto por Dalmau e Tosta (2009), descrito na aula anterior, observe abaixo um exemplo de informações que podem estar contidasem uma descrição de cargo. Descrição de cargo Informações de identificação: Empresa: Nome do cargo: Código CBO: Carga horária diária: Carga horária mensal: Salário inicial: Formação acadêmica necessária: Cursos necessários: Setor/departamento: Sumário do cargo (funções): Conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) requeridos para o cargo: Conhecimentos: 42 Habilidades: Atitudes: Hierarquia do cargo: Supervisão oferecida (responsável por): Supervisão recebida (reportar-se): Manuseio de ferramentas e equipamentos: Características e condições de trabalho: Restrições do cargo: Outras informações: Descrição de cargo Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2020). A Classificação Brasileira de Ocupação (CBO) denomina e descreve alguns cargos relacionados aos RH, um deles é o Analista de RH. Agora, vamos realizar o preenchimento desta descrição de cargo de Analista de Recursos Humanos. Observe o exemplo abaixo: Descrição de cargo Informações de identificação: Empresa: Comércio Alegria e Felicidade Ltda. Nome do cargo: Analista de Recursos Humanos – Código CBO: 2524-05 Setor/departamento: Recursos humanos Carga horária diária: 8 horas. Carga horária mensal: 40 horas. 43 Salário inicial: R$ 3.300,00 Formação acadêmica necessária: ➢ Curso completo de graduação em Administração, Ciências Contábeis ou Psicologia; ➢ Curso completo de Tecnólogo em recursos humanos. Cursos complementares necessários: ➢ Microsoft: word, excel e power point (obrigatório); ➢ Técnicas de recrutamento e seleção (obrigatório); ➢ Aperfeiçoamento em Plano de cargos e salários (obrigatório); ➢ Idioma: inglês (desejável). Descrição sumária (funções): ➢ Administrar pessoal e plano de cargos e salários; ➢ Promover ações de treinamento e de desenvolvimento de pessoal; ➢ Efetuar processo de recrutamento e de seleção, ➢ Gerar plano de benefícios e promovem ações de qualidade de vida e assistência aos empregados. Conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) requeridos para o cargo: Conhecimentos: ➢ Rotinas e funções relacionadas a Recursos Humanos; ➢ Microsoft: word, excel e power point; ➢ Recrutamento e seleção (obrigatóro); ➢ Plano de cargos e salários (obrigatório). Habilidades: ➢ Saber realizar recrutamento e seleção; ➢ Saber elaborar e administrar Plano de cargos e salários; ➢ Operar o microsoft: word, excel e power point; ➢ Realizar rotinas e funções de Recursos Humanos. Atitudes: ➢ Interessado pelo desenvolvimento de sua equipe e departamento; ➢ Interagir com colegas de trabalhos e trabalhadores; ➢ Interesse em buscar aprimoramento de suas funções. Hierarquia do cargo: Supervisão oferecida (responsável por): ➢ Estagiários e auxiliares administrativos do departamento. Supervisão recebida (reportar-se): ➢ Gerente de Recursos Humanos. Manuseio de ferramentas e equipamentos: ➢ Computador; ➢ Telefone; ➢ Formulários e questionários impressos; 44 ➢ Recursos necessários para desenvolvimento de suas funções. Características e condições de trabalho: ➢ Sala do Departamento de Recursos Humanos; ➢ Salas para realização de recrutamento e seleção. Restrições do cargo: Não se aplica. Outras informações: Disponibilidade em deslocar-se uma vez ao mês para a filial 2, para realização de recrutamento e seleção. Descrição de cargo preenchida Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2020). Assim, a coleta de dados, que será descrita na sequência, deverá criar perguntas para responder às informações que objetiva-se inserir na descrição de cargos. 4.2 Coleta e análise dos dados para descrição de cargo Aspectos importantes para considerar na descrição do cargo Fonte: acervo do autor (2019) baseado em Chiavenato (2014, p. 194). A coleta de dados para a elaboração de um plano de cargos e salários, neste caso, para reunir informações para a descrição de cargos, é uma das tarefas mais complexas. Cada etapa desse processo possui suas especificidades e orientações. 45 Coletar dados é uma maneira de realizar uma pesquisa. Sendo que a pesquisa acontece dentro da empresa e com objetivo de coletar informações para construção do plano de cargos e salários. A coleta pode ser realizada por meio de três métodos: ➢ Entrevista; ➢ Questionário; ➢ Observação local. A combinação de duas ou três dessas formas de coleta de dados costuma apresentar resultados e dados mais amplos, além de reduzir a desvantagem de cada um dos métodos. Métodos de coleta de informação e a participação do analista e supervisor Fonte: acervo do autor (2019) baseado em Chiavenato (2014, p. 193). No quadro acima encontram-se os três métodos mais conhecidos para coleta de dados – que são detalhados na sequência – e a forma esperada de participação do analista de cargo (ou, o responsável por coletar das informações) e o supervisor. No exemplo do quadro acima, há uma analista de cargo e um supervisor que integram a equipe de coleta de dados, no entanto, é possível integrar mais pessoas a esta equipe, dependendo das características da empresa (por exemplo, número de trabalhadores). 4.2.1 Entrevista Uma entrevista no contexto organizacional pode ter inúmeros objetivos: recrutamento e seleção, desenvolvimento, acompanhamento, avaliação diagnóstico de clima organizacional e criação da descrição do cargo. A entrevista continua sendo um dos métodos mais eficientes, pela sua 46 diversidade de possibilidade de uso, custo baixo, facilidade em condução, eficiência e diversidade de possibilidade de uso, entre outros (PONTES, 2011; GIL, 2012). Os métodos de entrevista, como questionário e observação, são os mais utilizados dentro desse contexto. A entrevista, dentre os três métodos apresentados acima, é considerada a estratégia mais eficaz para levantamento de informação relacionada ao cargo. Sugere-se que a entrevista tenha um roteiro semiestruturado, com perguntas que atendam as informações que deverão estar contidas na descrição do cargo. Além disso, sugere-se que antes da realização das entrevistas, todos os trabalhadores sejam informados do processo de coleta de dados, para que esta atividade não gere expectativas, boatos ou tensões entre os trabalhadores. Para pensarmos em um roteiro de entrevista, iremos utilizar a tabela de descrição de cargo, exposta acima, juntamente com as sugestões de perguntas que podem ser realizadas. Observe: Descrição de cargo Roteiro de perguntas Informações de identificação: Informações de identificação: Empresa: Nome do cargo: Código CBO: Qual o nome do seu cargo na empresa? (OBS.: Código CBO, de preenchimento da empresa) Setor/departamento: Qual setor/departamento seu cargo está alocado? Carga horária diária: Qual a carga horária diária? Carga horária mensal: Qual a carga horária mensal? Salário inicial: Qual foi seu salário inicial nesta empresa? Formação acadêmica necessária: Para desenvolver suas funções, é necessário graduação em algum curso? Cursos necessários: Para desenvolver suas funções, é necessário cursos complementares? Se sim, quais? Sumário do cargo (funções): Descreva as funções em que você é incumbido de realizar. Conhecimentos, habilidades e 47 atitudes (CHA) requeridos para o cargo: ➢ Conhecimentos: Quais os conhecimentos (saberes) necessários para desempenhar seu cargo? ➢ Habilidades: Quais as habilidades (saber fazer) necessárias para desempenhar seu cargo? ➢ Atitudes: Quais as atitudes (comportamentos) necessárias para desempenhar seu cargo? Hierarquia do cargo: Supervisão oferecida (responsável por): O seu cargo é responsável por outro cargo? Se sim, qual? Supervisão recebida (reportar-se):Você é subordinado de algum outro cargo? Se sim, qual? Manuseio de ferramentas e equipamentos: Quais ferramentas ou equipamentos são necessários para desenvolver suas funções? Características e condições de trabalho: Quais as características e condições de seu ambiente de trabalho? Restrições do cargo: Existe alguma restrição para desempenhar seu cargo? Ou, uma pessoa, com alguma característica específica, tem restrição para desempenhar seu cargo? Outras informações: Você gostaria de relatar alguma outra informação relacionada a seu cargo? Comparativa entre descrição de cargo e roteiro de perguntas Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2020). 4.2.2 Questionário O questionário é outra estratégia prática e de baixo custo. Seu objetivo é levantar informações entre os trabalhadores, de maneira clara, simples e direta. A principal diferença entre entrevista e questionário encontra-se na maneira de aplicação: a entrevista é conduzida por um trabalhador integrante da equipe responsável pela análise dos cargos, ou seja, o entrevistador pergunta e o 48 entrevistado responde; enquanto o questionário é lido e respondido pelo próprio trabalhador. Além disso, o tempo pode ser otimizado, pois o questionário permite a sua aplicação simultânea. Observe abaixo um modelo de questionário, proposto por Chiavenato (2014): Questionário para descrição e análise de cargo Fonte: acervo do autor (2019) baseado em Chiavenato (2014, p. 192). 4.2.3 Observação local A observação local, como o nome já sugere, refere-se à observação in loco do cargo que se pretende descrever. Para Chiavenato (2014, p. 193), é a “observação direta daquilo que o ocupante do cargo está fazendo [...]. O método da observação é aplicável a cargos simples, rotineiros e repetitivos, 49 como operadores de linha de montagem, operadores de máquinas, escriturários, entre outros.” Orienta-se que a observação local seja a última etapa a ser realizada ou utilizada, pois o observador poderá guiar-se em compreender e conhecer o que ficou com dúvidas a partir do questionário e entrevista. Sugere-se que o analista da descrição de cargo dirija-se para a observação com um roteiro do que observar. Esse roteiro pode ter variações, dependendo das caraterística da empresa e do que já foi coletado nas entrevistas e questionário. No entanto, pode-se pensar em um roteiro estruturado da seguinte maneira: Cargo: Setor/departamento: Data e dia da semana da observação: Tempo de duração da observação: Trabalhador(s) observado(s): Condições do ambiente de trabalho: Atividades observadas: Equipamentos utilizados: Interações com outros trabalhadores: Outras observações importantes: Roteiro de observação local Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2020). 4.3 Usos da descrição de cargos e salários O processo de coleta de informações para elaboração da descrição dos cargos é complexo. No entanto, os dados coletados podem ser utilizados com diversos objetivos dentro da empresa. Para Chiavento (2014, p. 193), praticamente “todas as atividades de RH estão baseadas em informações fornecidas pela descrição e análise de cargos. [...] A descrição e a análise de cargos funcionam como o mapeamento do trabalho realizado na organização”. Chiavenato (1996, 2014) elencou os principais objetivos da descrição e análise de cargos, que são: 50 ➢ Subsídios ao recrutamento: definir o mercado de RH no qual recrutar e dados para elaboração de anúncios ou técnicas de recrutamento; ➢ Subsídios à seleção de pessoas: características do ocupante do cargo, requisitos exigidos, definição da bateria de provas e testes de seleção; ➢ Material para o treinamento: conteúdo dos programas de treinamento, conhecimentos e habilidades exigidos e atitudes diante do cliente; ➢ Base para a avaliação e a classificação de cargos: fatores de especificações para utilizar como fatores de avaliação de cargos, escolha de cargos referenciais para pesquisa de salários entre outros; ➢ Avaliação do desempenho: definição de critérios e padrões de desempenho para avaliar ocupantes, metas e resultados a alcançar; ➢ Base para programas de higiene e segurança: dados sobre condições de insalubridade e periculosidade comuns a determinados cargos; ➢ Guia para os executivos como gestores de pessoas: dados sobre o conteúdo dos cargos e o desempenho das pessoas que compõem as equipes. Assim, um processo de coleta de informações bem planejado, organizado e conduzido pode render subsídios de trabalho para outras tarefas dentro da empresa, inclusive otimizando o trabalho de outros setores. Conclusão da aula 4 Nesta aula, estudamos as informações adequadas e necessárias para a realização da coleta de dados na descrição de um cargo. Aprendemos os aspetos importantes que devem ser considerados na descrição do cargo e os três métodos mais utilizados. A coleta de dados para construção do plano de cargos e salários costuma ser realizada por meio de três métodos: entrevista; 51 questionário e observação local. A combinação de duas ou três dessas formas de coleta de dados costuma apresentar resultados e dados mais amplos, além de reduzir a desvantagem de cada um dos métodos. Por fim, aprendemos que os dados coletados, além de serem utilizados na descrição dos cargos, podem ser úteis para: subsídios ao recrutamento; subsídios à seleção de pessoas; material para o treinamento; base para a avaliação e a classificação de cargos; avaliação do desempenho; base para programas de higiene e segurança; e, guia para executivos como gestores de pessoas. Atividade de aprendizagem Quais são as outras maneiras que as informações da descrição de cargos podem ser utilizadas? Aula 5 – Pesquisa salarial Apresentação da aula 5 Nesta aula, você irá aprender o conceito, importância e utilização da pesquisa salarial; conhecendo suas fases de elaboração. Ao estudar cada uma dessas etapas, você compreenderá a importância do planejamento e organização. 5.1 Pesquisa salarial: conceito, importância e utilização A pesquisa salarial é uma das fases que integrarão o processo de elaboração de Plano de Cargos e Salários. Para Chiavenato (2014, p. 261), uma política salarial é “conjunto de normas e diretrizes que orienta a administração dos salários na organização e define uma estrutura salarial. Constitui a trilha sobre a qual correrão as decisões sobre salários”. A pesquisa salarial permite à empresa conhecer os salários que são pagos pelo mercado, 52 conhecer o salário determinado pelas categorias profissionais e demais legislações e estipular o valor que irá pagar a seus trabalhadores. Uma pesquisa salarial é composta de etapas e integra uma busca em diferentes fontes de dados, assim como, após a coleta dos dados, seu tratamento estatístico. A pesquisa salarial integra diversos e importantes conceitos estruturantes. Pontes (2011, p. 285 e 286) elenca e conceitual os principais desses conceitos. Confira abaixo: ➢ Estrutura salarial: é a organização de uma progressão salarial em função da crescente valorização dos cargos resultantes do processo de avaliação; ➢ Curva de referência: é a curva resultante da equação de regressão obtida pelo processo de ajustamento entre salário e pontos (ou escalonamento ou graus) obtidos na avaliação de cargos; ➢ Grau: é o resultante de um agrupamento de cargos equivalentes e que terão tratamento salarial igual. É possível encontrar este conceito com a denominação de classe; ➢ Salário máximo do grau: é a referência do maior salário do grau, ou seja, corresponde ao valor máximo que um funcionário pode perceber em um cargo