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05/08/2019 1 Instabilidade Postural e a Marcha do Idoso Ft. Especialista, Mauriciane Andrade Ribeiro Instabilidade Postural : é uma das principais ameaças à autonomia e à incapacidade do paciente idoso. Tendência a quedas. Determina dependência nas atividades de vida diária, podendo tornar-se tão ou mais limitante que a incapacidade cognitiva QUEIXA: dificuldade para caminhar, desequilíbrio (tonturas), e quedas DIAGNÓSTICO: difícil! Instabilidade postural é resultado de múltiplas doenças agindo em conjunto – Síndrome Geriátrica Quedas: mudança súbita, não intencional, do corpo em direção ao solo Causas explicáveis: escorregão ou síncope Causas inexplicáveis: sem causa aparente Quedas intrínsecas: algum evento ou condição clínica afeta o controle postural Quedas extrínsecas: fator ambiental é a principal causa 40 a 60% - levam algum tipo de lesão, 30 a 50% pequenas lesões, 5 a 6% hematomas, contusões e 5% fraturas pp colo fêmur Gravidade das quedas é a institucionalização de idosos Medo, diminuição das atividades Redução atividade – hipotermia, desidratação, broncopneumonia e úlceras de pressão Principais causas de quedas Causa provável média% 31 17 13 9 5 3 2 0,3 15 5 Acidente/ambiente Alteração marcha/equilíbrio ou fraqueza Tonteira/vertigem Drop attacks Confusão Hipotensão postural Alteração visual Síncope Outras causas Desconhecidas Marcha: 15% dos idosos com 60 anos apresentam alguma anormalidade da marcha – aumentam com a idade 5% das mulheres com 65 a 69 anos utilizam auxiliares para marcha e 40% acima de 85 anos Senescência leva alteração da marcha - passada Transtornos da marcha estão relacionados com condições anormais - senilidade 05/08/2019 2 Marcha normal SN Programação motora: iniciar e manter passadas rítmicas Manutenção do equilíbrio: prevenir instabilidades e quedas Outros fatores: controle do tônus muscular para resistir a gravidade e permitir a movimentação, graduando a ação entre agonista e antagonista Ossos íntegros, articulações saudáveis, massa muscular e sistema sensorial (visão, sistema vestibular e propriocepção) Marcha normal Ciclo da Marcha: toque do calcanhar no solo até o toque do mesmo mais adiante. - Fase de apoio: calcanhar toca o solo e termina com a saída do hálux do solo ( fase de impulsão). - fase de apoio calcanhar, alinhamento pé, acomodação intermediária, impulsão do calcanhar e impulsão dos dedos - Fase de oscilação – impulsão e termina com o choque do calcanhar - oscilação inicial (aceleração), oscilação intermediária e oscilação terminal (desaceleração) Marcha normal Efeitos do Envelhecimento na Marcha e Equilíbrio Equilíbrio: depende da integração do estímulos periféricos (visão, função vestibular e propriocepção), coordenação central e resposta neuromuscular - força muscular e tempo de reação Envelhecimento - declínio - Postura para manter o centro de equilíbrio sem alterar a base de suporte. De pé, base de suporte entre os pés, oscilações ântero-posterior. Envelhecimento aumenta oscilações e respostas posturais se tornam lentas. - SNC dificuldade para integrar informações sensoriais, tornando dependente de informações aferentes: visual e somató-sensoriais Efeitos do Envelhecimento na Marcha e Equilíbrio Sistema Nervoso Central: - Atrofia do córtex cerebral (lobos frontais), desmielinização e glíose da substância branca, alargamento compensatório sistema ventricular e atrofia do cerebelo. Perda neural nos gânglios da base, neurônios motores da medula espinhal e tronco cerebral. - Alterações vestibulares, aterosclerose, hipertensão e hipotensão postural crônica podem afetar regiões do vestibular no SNC Sistemas sensoriais: - Visão redução progressiva da acuidade visual e adaptação noturna após 50 anos. Alta prevalência de doenças: catarata (17% aos 65 anos e 70% aos 80 anos). Efeitos do Envelhecimento na Marcha e Equilíbrio Sistemas sensoriais: - Redução fibras dos nervos periféricos, determinando o declínio da sensibilidade tátil, propriocepção e sensibilidade vibratória Sistema músculo-esquelético: sarcopenia – redução de 20 a 30% da massa muscular = redução força muscular, mobilidade, equilíbrio, tolerância ao exercício e predisposição à quedas Essas alterações - vulnerabilidade dos sistemas responsáveis pelo equilíbrio e pela marcha Envelhecimento diminui a velocidade da marcha, pp pela redução da passada e não da cadência 05/08/2019 3 Causas dos transtornos da Marcha e Equilíbrio - Distúrbios heterogênios e a causa multifatorial. As alterações podem ser musculares, neurológicas ou ambas - - Distúrbio da marcha senil essencial 10 a 20% dos idosos - Sistema de Classificação dos Transtornos de Marcha - Nutt, Marsden e Thompson baseia em níveis sensório- motores hierárquicos e classifica-os em transtornos de nível inferior, médio e superior Causas dos transtornos da Marcha e Equilíbrio Nível sensório-motor Doenças Associadas Superior Ataxia de marcha origem vascular Apraxia de Marcha Múltiplos infartos lacunares Isquemia crônica subcortical Hidrocefalia de pressão normal Tumor cerebral Medo de queda/depressão Médio Hemiparesia espática Mielopatia cervical Parkinsonismo Ataxia cerebelar Inferior Disfunção dos sistemas sensoriais aferentes (visão, disfunção vestibular e propriocepção Doenças osteomusculares Causas dos transtornos da Marcha e Equilíbrio O nível sensório-motor superior é responsável pela seleção das respostas posturais e motoras que são determinadas pela superfície, posição no espaço ambiente e intenção do indivíduo Transtornos nível médio: secundários à disfunção do sistema motor piramidal, cerebelar e gânglios da base causando alterações na resposta postural e regulação do tônus muscular Transtornos nível inferior: doenças osteomusculares ou disfunção dos sistemas sensorias aferentes (visão, propriocepção, sistema vestibular) Distúrbios de marcha de nível sensório-motor superior O córtex motor contém várias vias distintas: lobo frontal (recebem informações via sensorial, das estruturas controle motor e via modulatória – inclui tálamo e gânglios da base) - Área do córtex frontal envolvida no planejamento e execução movimentos são: córtex motor primário M1 (FM e direção movimento); área pré-motora APM (acoplamento de informações ambientais aos atos motores, podendo ser responsável pela resposta motora aos estímulos externos; área motora suplementar (preparação motora e execução do movimento complexo, pp aqueles eu envolvem memória) Distúrbios de marcha de nível sensório-motor superior MARCHA – área motora suplementar é ativada antes da ignição da marcha, sequência motora preparatória ativada pela M1. Modulada por gânglios da base e base através de circuitos fronto-estriatais – inibem e estimulam movimentos e gânglios da base alterar submovimentos da área motora suplementar com movimentos automáticos e execução harmoniosa Movimento ocorre através de um estímulo externo – sequência de ativação é diferente = circuitos fronto-estriatais motores informações ambientais desviadas. Informações vão diretamente ao córtex pré-motor com subsequente de ativação do córtex motor primário Parkinson Distúrbios de marcha de nível sensório-motor superior APRAXIA DE MARCHA – dificuldade para iniciar a marcha, lentidão, base alargada, lentidão, base alargada, freezing, passos curtos, dificuldade para realizar mudanças de direção parkinsonimo, parkinsonismo aterosclérótioco, apraxia de marcha, ataxia frontal e desequilíbrio frontal Padrões de marcha; marcha cautelosa, falência isolada de início de marcha, desequilíbrio subcortical, desequilíbrio de marcha frontal Pode haver sobreposição 05/08/2019 4 Distúrbios de marcha de nível sensório-motor superior APRAXIA DE MARCHA DE ORIGEM VASCULAR – vária a porcentagem de infartos cerebrais emidosos. Podem não associar com história de hemiparesia oi déficit motor expressivo. Alterações pequenos vasos periventriculares e na substância branca que são atribuídos à isquemia crônica – leucoaraiose Sintomas: quedas, alteração marcha e equilíbrio – hipodensidade na substância branca. Dificuldade para iniciar a marcha, passos curtos e freezing. Queixas de equilíbrio frequentes – infartos na área pré-motora dificultem a utilização das informações sensoriais do ambiente - informações que ajudam a iniciar e controlar os submovimentos Distúrbios de marcha de nível sensório-motor superior HIDROCEFALIA DE PRESSÃO NORMAL (HPN) – tríade clássica demência, instabilidade de marcha e incontinência urinária com hidrocéfalo (TC de crânio mas pressão normal) Marcha com passos curtos, pés arrastados, viradas lentas e instáveis e dificuldade para iniciá-las Função MMII normal com tarefas voluntárias em supino torna-se anormal suportando peso Diagnóstico difícil e exames complementares tomografias MARCHA CAUTELOSA - resposta à percepção de instabilidade , pode ser desencadeada por dor, artrite, disfunção sensorial ou vestibular ou medo por quedas Mais frequente no idoso Distúrbios de marcha de nível sensório-motor superior ansiedade – posturas rígidas, perda da cadência, passos curtos e aumento da base de apoio, viradas em blocos Psicofisiológica, paciente apresenta hiperatividade simpática, hiperventilação que pode gerar alcalose prejudicar o equilíbrio por alterações do SNC Distúrbios de marcha de nível sensório-motor médio HEMIPARESIA ESPÁSTICA – lesão unilateral do trato córtico-espinhal no hemisfério ou tronco cerebral contralateral ou medular cervical alta ipsilateral Marcha lenta, apoio no lado não afetado e move membro parético em semicírculos, com pé arrastando no chão PARAPARESIA ESPÁSTICA – mielopatia associada à paraparesia espástica, Causa frequente, espondilose cervical, protrusões osteofíticas Sintomas: espasticidade e hiperreflexia nas pernas, sinais de compressão das colunas dorsais e urgência urinária MARCHA: cada perna avança lentamente e rigidamente, movimento restrito quadril, adução de quadril, Distúrbios de marcha de nível sensório-motor médio Parkinsonismo – população acima de 65 anos, rigidez axial, alteração marcha, tremor de repouso uni ou bilateral Marcha fletida, redução swing dos braços, dificuldade para iniciar o movimento, distúrbios de equilíbrio, quedas frequentes e disfunção dos reflexos posturais Ataxia cerebelar – instabilidade de marcha e tendência a quedas Marcha com instabilidade lateral do tronco, base alargada, equilíbrio piora com os pés juntos, fechar os olhos não altera Testes index nariz, calcanhar joelhos,disdiadococinesia e sinal de rechaço 05/08/2019 5 Distúrbios de marcha de nível sensório-motor inferior Disfunção vias aferentes -Visão -Propriocepção ( dificuldade de manter equilíbrio com os olhos fechados teste Romberg). Pode ser causadas por condições subclínicas, falta vitamina B12 – degeneração da medula, polineuropatias crônicas, lesões nervos posteriores -Disfunsão vestibular –fixação do olhar Disfunção vias eferentes -Neuropatias periféricas -Artropatias degenerativas - Deformidades pés -Fraqueza muscular Síndrome de desadaptação Psicomotora A síndrome de desadaptação psicomotora (SDP) envolve mais de um nível sensório-motor, caracterizada por desequilíbrio, tendência a cair para trás, hipertonia reacional, respostas posturais alteradas, alterações de marcha e medo de quedas Perda de reservas posturais – atingindo um limiar de fragilidade – perda funcional Pode estar associada à disfunção subcortical frontal Desencadeada por vários fatores: doenças metabólicas e cardiovasculares, quedas e períodos de restrição ao leito Problemas Clínicos relacionados à Instabilidade Postural Idosos com quedas recorrentes em que o risco ambiental é considerado baixo e nenhum distúrbio de marcha ou equilíbrio pode ser identificado devem ser investigados com problemas clínicos Causas cardiovasculares de instabilidade postural e sobreposição entre as causas de síncope, drop attacks e quedas Síncope: -Síndrome do Seio Carotídeo; episódio de bradicardia ou hipotensão resultante do reflexo exagerado dos barorreceptores ou do seio carotídeo Cuidado com as massagens nessa região – assistolia, queda de pressão arterial sistólica ou ambas Problemas Clínicos relacionados à Instabilidade Postural Síncope: - Hipotensão Ortostática: queda na pressão sistólica superior a 20mmhg ou queda na pressão diastólica superior a 10 mmhg ao sair da posição supina para a posição de pé, a hipotensão ortostática é causa importante de quedas - Drop Attacks: evento inesperado que leva a quedas sem perda de consciência. Causas: isquemia vértebro-basilar e disfunção de barorreceptores levando a hipotensão e bradicardia. 10% das quedas estão relacionadas com a drop attacks e aumenta com a idade – 15% em idosos com 95 anos Problemas Clínicos relacionados à Instabilidade Postural Vertigem: Sensação de movimento rotatório – vertigem subjetiva paciente em relação ao meio ambiente e vertigem objetiva do meio ambiente em relação ao paciente Vertigem causada por disfunção vestibular • Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) – precipitada por alterações na posição da cabeça • Importante teste equilíbrio Romberg, exame clínico e neurológico, presença de nistagmo, teste posicional, manobra de Dix-Hallpike ( rotação rápida da cabeça) Abordagem da Instabilidade Postural Importante diagnosticar as causas reversíveis ou tratáveis e indicar modalidade correta de reabilitação para as causas não tratáveis Triagem para a instabilidade postural e incapacidade cognitiva Números de quedas, Timed Up and Go (TUG) test avalia quedas relacionado a distúrbios de marcha e equilíbrio Observar a marcha do paciente: hemiparética, paraparética, parkinsoniana e atáxia 05/08/2019 6 Abordagem da Instabilidade Postural Abordagem da Instabilidade Postural Abordagem da Instabilidade Postural