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Comissão e corretagem - Comissão (arts. 693 709 do Código Civil) - Conceito: o contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente. (Art. 693 do Código Civil). “Na comissão há uma notória intermediação aliada à prestação de serviços, distinguindo-se, entretanto, de um e de outro contrato em que o comissário procede em seu próprio nome, e por isto mesmo as pessoas com quem contrata não têm ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se a um ou outros houver cessão de direitos (Código Civil, art. 694)” (Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, vol. III, p. 389). Distinção entre o contrato de comissão e o contrato estimatório: “Da mesma forma, não se confunde com a comissão com o contrato estimatório, por nós estudado neste volume (capítulo 5). No contato estimatório, como vimos, uma parte incumbe a outrem de alienar a coisa conforme um preço estimado. Se o outorgado vender por preço maior, dele será a diferença.” (Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil. v. III. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 286.). Distinção entre comissão e corretagem: “A comissão distingue-se, ainda, da corretagem em que o comissário age nomine suo, ao passo que o corretor passa obrigatoriamente o contrato ao principal interessado, limitando-se a aproximar as partes.” (Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, vol. III, p. 389). Distinção entre comissão e contrato de agência: No contrato de agência o agente, assim como na corretagem, age em nome do preponente, enquanto no contrato de comissão, age em nome próprio. Distinção entre comissão e mandato A distinção reside no fato de que na comissão o comissário age em nome próprio. - Partes: comitente comissário - Objeto: via de regra compra e venda bens móveis. Carlos Roberto de Gonçalves entende que bens imóveis não podem ser objeto de comissão, já que neste caso, ou revelar-se-ía a identidade do comitente, que realizaria o negócio diretamente, ou o comissário previamente teria que adquirir a propriedade dos bens, fatos que desvirtuariam o contrato (GONÇALVES, Carlos Roberto de. Direito Civil Brasileiro, v. III, 5. ed. São Paulo: Saraiva, p. 425). - Caracteres: Bilateral consensual oneroso intuitu personae contrato de cooperação preliminar - Conteúdo do contrato O comissário é obrigado a agir conforme as instruções do comitente (art. 695 do Código Civil) que, salvo disposição em contrário, poderão ser alteradas a qualquer tempo pelo comitente (art. 704 de mesmo diploma); responde pelos prejuízos que causar culposamente ao comitente (art. 696 do Código Civil). É lícita a cláusula del credere (art. 698 do Código): a que obriga o comissário a responder pelas obrigações assumidas pelo comprador. O comissário tem direito de retenção, nos termos do art. 708: para reembolso das despesas feitas, bem como para recebimento das comissões devidas, tem o comissário direito de retenção sobre os bens e valores em seu poder em virtude da comissão. Art. 696 do Código Civil: no desempenho das suas incumbências o comissário é obrigado a agir com cuidado e diligência, não só para evitar qualquer prejuízo ao comitente, mas ainda para lhe proporcionar o lucro que razoavelmente se podia esperar do negócio. Parágrafo único. Responderá o comissário, salvo motivo de força maior, por qualquer prejuízo que, por ação ou omissão, ocasionar ao comitente. No que o Código for omisso, não havendo incompatibilidade com o instituto, aplicam-se as regras do mandato, nos termos do art. 709 do Código Civil. - Remuneração do comissário: Art. 701: não estipulada a remuneração devida ao comissário, será ela arbitrada segundo os usos correntes no lugar. Art. 702: no caso de morte do comissário, ou, quando, por motivo de força maior, não puder concluir o negócio, será devida pelo comitente uma remuneração proporcional aos trabalhos realizados. Art. 703: ainda que tenha dado motivo à dispensa, terá o comissário direito a ser remunerado pelos serviços úteis prestados ao comitente, ressalvado a este o direito de exigir daquele os prejuízos sofridos. - Corretagem (arts. 722 a 729 do Código Civil). Conceito: “Contrato de corretagem é aquele pelo qual uma pessoa, não ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, se obriga mediante remuneração, a agenciar negócios para outra, ou fornecer-lhe informações para celebrar contrato.” (Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, vol. III, p. 384). - Corretores que sofrem regulamentação na Legislação Especial: Corretagem de imóveis: a profissão de corretagem de imóveis é regulamentada pela Lei n. 6.530/1978. Corretagem de seguros: Lei n. 4.594/1964 e Dec. n. 56.900/1965. Corretagem de títulos de valores mobiliários: Lei n. 6.385/1976. Caracteres: Bilateral oneroso consensual aleatório (o corretor corre o risco de nada receber, se não for alcançado o resultado) preparatório cooperação Partes: comitente (cliente) corretor - Deveres do corretor: a) agir com diligência e prudência b) prestar informações ao cliente. - Deveres do cliente: pagar a remuneração ajustada ou, na falta de ajuste, a que for arbitrada pelo juiz: se o negócio for concluído; se o negócio não se concluir por arrependimento das partes; se o negócio não se realizar diretamente pelo corretor, mas houver cláusula de exclusividade, salvo se provada sua inércia ou ociosidade (art. 726 do Código Civil); se o negócio não se realizar diretamente pelo corretor, mas como efeito dos trabalhos deste. Distinção entre comissão e mandato Bilateral