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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS PRÁTICA TRIBUTÁRIATURMA: DIR5BM-MCA GRUPO REALIZADOR: Fillipe Ferreira Cassini R.A: 820150611 Gabriella Gonçalves Serafim da Silva R.A: 818131677 Lucas Dinamarca Venuto da Costa R.A: 820148759 Mariana Lameira e Silva R.A: 820275662 : 15 de setembro de 2021 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DA COMARCA DE PARAÍSO JANUÁRIO DA ROCHA ..., nacionalidade ..., estado civil ..., profissão ..., comendereço na Rua ..., endereço eletrônico ..., vemrespeitosam ente à presença de Vossa Excelência, comfundamento nos arts. 38 da Lei nº 6.830/80 e 294, 300 do Código de Processo Civil, propor a AÇÃOANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL COM PEDIDO DETUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA, em face do MUNICÍPIO DE FLORESTA, com endereço para citação na ..., com base nas razões de fato e de direito a seguir aduzidas: 1. DOS FATOS Januário da Rocha é proprietário de um imóvel localizado no Município de Paraíso, cuja legislação dispõe que, por ficção legal, o fato gerador do IPTU ocorrerá no dia 1º de janeiro de cada ano. Todavia no ano de 2013 a administração tributária municipal deixou de realizar o lançamento relativo ao seu imóvel, porém tal tributo foi objeto de lançamento tributário regularmente notificado ao contribuinte no dia 10 de janeiro de 2019. 2. DO DIREITO O IPTU se trata de uma modalidade de tributo na qual o critério material é a propriedade de bem imóvel localizado em região urbana, estando disposto no artigo 32 do Código Tributário nacional que o fato geradorde tal imposto está relacionado ao proveito econômico inerente à propriedade, ao domínio útil ou a posse do imóvel, vejamos: “Art. 32. O imposto, decompetência dos Municípios,s obre a propriedade predial eterritorial urbana tem comofato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, comodefinido na lei civil, localizado na zona urbana doMunicípio.” Nesse sentido, o referido artigo estabelece que para incidir o imposto de IPTU, além da localização, énecessária a existência de p elo menos dois dos seguintes aspectos: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimentode água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; IV - rede de iluminação pública, com ou semposteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a umadistância máxima de 3 (três) quilômetros doimóv el considerado. Após análise dos requisitos ensejadores na aplicação do imposto de IPTU, verificamos que no casoem tela não há a possibilidade de exigibilidade do referido tributo, tendo em vista que houve a decadência, pois o direito de constituir o crédito tributário extingue-se após 05 anos, conforme disposição do artigo 173 do CTN: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária; II - primeiramente, às contribuições de melhoria, depois às taxas e por fim aos impostos; III - na ordem crescente dos prazos de prescrição; IV - na ordem decrescente dos montantes. Segundo o inciso I do artigo 173 do CTN, a regra geral para a contagem do termo inicial do prazo decadencial tributário começa a correr no dia 1º de janeiro do ano seguinte à data em que ocorreu o fato gerador, de modo que se o Fisco não constituir o crédito tributário até o prazo de 05 anos, não poderá mais cobrar. Nesse sentido: “TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. NOTIFICAÇÃO. PRAZO DECADÊNCIAL. ARTIGO 173CTN. 1. Os fatos geradores do tributo ocorreram no ano de 1992, conforme a disposição do CTN o prazo decadencial tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele no qual o lançamento poderia ter sido realizado, o que in casu ocorreu em 01/01/1993, considerados os cinco anos previstos em lei, o lançamento deveria ter sido realizado até 01/01/1998. Lançado o tributo em 02/04/1998, verifica-se a ocorrência da decadência. 2. Apelação da União a que se nega provimento.” (TRF-1 – AC: 00023721919994014000, Relator: Juiz Federal Carlos Eduardo Castro Martins, Data de Julgamento: 15/03/2011, 7ª Turma Suplementrar, Data de Publicação: 23/03/2011) Já, em que pese a exigência de depósito preparatório contido no artigo 38 da Lei de Execução Fiscal (Lei nº 6.830/1980) para as ações que discutam judicialmente as dívidas ativas da Fazenda Pública, a Súmula Vinculante nº 28 do STF dispensa o depósito prévio, se tratando de inscontitucional a exigência desse requisito para admissibilidade da ação judicial que discuta a exigibilidade de crédito tributário. Nesse sentido: “RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. COBRANÇA DE IPTU. EMBARGOS À EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE GARANTIA DO JUÍZO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA VINCULANTE Nº 28 DO STF. PREVALÊNCIA DOS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. Sabe-se que crédito tributário abrange os impostos, taxas e contribuições, diante disso não há que se falar em equivocada aplicação e interpretação da Súmula Vinculante nº 28, uma vez que esta dispõe que nas discussões acerca da elegibilidade de crédito tributário é inconstitucional a exigência de depósito prévio. 2. O próprio art. 16, § 2º da Lei 6.830/80 prevê que a concentração da defesa do executado é nos embargos à execução, logo a exigência de depósito prévio ou qualquer tipo de garantia para a interposição de embargos à execução, a aquele comprovadamente hipossuficiente viola o direito do contraditório e ampla defesa. 3. Recurso conhecido e desprovido.” (TJ-AM 0008349142017804000 AM 0008349- 14.2017.8.04.0000, Relator: Maria das Graças Pessoa Figueiredo, Data de Julgamento: 25/06/2018, Primeira Câmara Cível)(g.n) Por fim, como visto, estamos diante daausência de relação jurídico tributária entre o Requerente e o Requerido, quanto ao direito de exigir o crédito tributário, tendo em vista que a lei é clara ao estabelecer um prazo para que o Fisco realize o lançamento do créditotributário. Nesse contexto, concluímos que olançamento questio nado foi indevido, pois estamos diante de hipótese de extinção do crédito tributário, previsto no artigo 156, inciso V do CTN, e deve ser anulado. 3. DA TUTELA PROVISÓRIA De acordo com o artigo 300 do CPC, são pressupostos autorizadores da tutela de urgência antecipada: a verossimilhança da alegação em face de prova inequívoca e o perigo de dano. No caso em questão os requisitos mostram-se atendidos, pois a violação dos princípios da legalidade éuma inequív oca da verossimilhança do pedido da parteautora, e nesse sentido, h avendo a exigibilidade do tributosobre a parte autora estará contraria ndo as disposições legais que são expressas e claras neste sentido. Por sua vez, o perigo da demora esta presente, pois já passaram 05 anos e o lançamento do crédito tributári realizado e niotificado no dia 10 de janeiro de 2019 trouxe prejuízos ao autor. Dessa forma, deve ser concedida a tutela de urgência para anular o lançamento realizado peloRequerido, Município de Paraíso, havendo, portanto, a extinção do crédito tributário. 4. DOS PEDIDOS Em face do exposto, o Autor requer: a) Tutela de urgência de natureza antecipada para anular ato do Município Requerido de constituir créditos tributários relativos ao IPTU em face da parte autora; b) O julgamento procedente do pedido para anular o débito fiscal do Autor com o Requerido no que diz respeito ao IPTU relacionado ao imóvel situado na Rua ..., matriculado sob nº ... juntoao ... Ofício de Registro de Imóveis de Paraíso (inscrição imobiliária municipalnº ... e cadast ro nº...); c) A citação do Município de Paraíso para que, se quiser,apresente contestação; d) A condenação da ré ao pagamento das custasprocessuais e hon orários advocatícios; e) A produção de todos os meios de prova em Direito admitidos. Nestes termos Pede deferimento 17 de Setembro de 2021 Assinatura do advogado/OAB