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Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 1 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Aula 01 – Classes Gramaticais Curso: Português Professor: Bruno Spencer Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 2 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Olá amigos! Em primeiro lugar, quero agradecer pela confiança que depositaram em nosso curso. Vamos oferecer a vocês um material completo e objetivo de Português, para que possam melhorar seus conhecimentos e praticar a matéria de forma eficaz e eficiente. Quaisquer dúvidas, críticas ou sugestões, fiquem à vontade para nos contactarem pelo fórum. Portanto, mãos à obra e bons estudos!!! Sumário 1 - Substantivo ...................................................................................... 4 2 - Adjetivo ........................................................................................... 7 3 - Artigo ............................................................................................ 12 4 - Numeral ......................................................................................... 13 5 - Pronome ........................................................................................ 14 6 - Verbo ............................................................................................ 14 7 - Advérbio ........................................................................................ 15 8 – Palavras Denotativas ....................................................................... 20 9 - Preposição ...................................................................................... 21 10 - Conjunção .................................................................................... 22 11 - Interjeição .................................................................................... 22 Nesta aula vamos ver um assunto muito importante, em que precisamos estar bem seguros, pois é a BASE do conhecimento da Língua Portuguesa. Trata-se das classes gramaticais. Temos em nosso idioma 10 classes gramaticais, além das palavras denotativas (item 8). Vamos apenas revisá-las, focando os principais pontos de cada uma, a fim de abordarmos o conteúdo de forma EFICIENTE e EFICAZ. Vamos lembrar quais são elas? Aula 01 – Classes Gramaticais Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 3 de 101 www.exponencialconcursos.com.br •Nomeiam as coisas, os seres, lugares, sensações e estados. (NOMES)SUBSTANTIVOS •Qualificam os nomes ou substantivos. ADJETIVOS •Acompanham e definem os nomes ou substantivos.ARTIGOS •Enumeram, ordenam as coisas. NUMERAIS •Acompanham ou substituem os nomes.PRONOMES •Indicam ação, estados ou fenômenos. VERBOS •Modificam verbos, adjetivos ou outros advérbios.ADVÉRBIOS •Modificam o sentido de uma outra palavra ou da oração.PALAVRAS DENOTATIVAS •Ligam palavras ou termos, sendo um principal e um subordinado.PREPOSIÇÕES •Ligam palavras ou orações. CONJUNÇÕES •Expressam emoções, sentimentos, surpresa e etc...INTERJEIÇÕES Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 4 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Os SUBSTANTIVOS são as palavras que NOMEIAM as coisas, seres e fenômenos. Eles têm um papel principal na oração, pois são eles que AGEM (sujeitos) e que SOFREM A AÇÃO (objeto). Nesta aula, porém, trataremos apenas da morfologia das palavras (valor intrínseco). Na aula 03, abordaremos detalhadamente as funções sintáticas das palavras (função das palavras na oração). Vamos à classificação dos substantivos. Lembram??? Comuns – servem para denominar seres ou coisas de mesma espécie. Ex. casa, menino, água X Próprios – denominam nomes de pessoas, lugares, entidades de forma única, específica. Ex. Lucas, Recife, Clube Português Simples – formados por apenas um elemento formador (radical) Ex. trabalho, tapete, crachá X Compostos – Formados por mais de um radical. Ex. couve-flor, guarda-costas, passatempo Concretos – seres materiais ou que existem independentemente de outros. Ex. casa, cabelo, céu, mar X Abstratos – nomeiam coisas imateriais, tais como sentimentos, qualidades e estados de espírito. Ex. amor, riqueza, disciplina, ordem, progresso Primitivos – Não derivam de outra palavra. Ex. terra, casa, verão X Derivados – Derivam de outra palavra. Ex. terreiro, casarão, veraneio Coletivos – Denominam um CONJUNTO de coisas ou seres de uma mesma espécie. Ex. Alcateia (lobos), enxame (abelhas), flora (plantas de uma região), biblioteca (livros) Note que um só substantivo, possui muitas classificações, de acordo com o critério em que é classificado. Exemplos: • casa (comum, simples, concreto e primitivo) • flora (comum, simples, concreto, primitivo e coletivo) 1 - Substantivo Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 5 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Além da tradicional classificação, devemos lembrar das FLEXÕES que sofrem os substantivos: • gênero (masculino ou feminino) • número (singular ou plural) • grau (aumentativo ou diminutivo) Existem diferentes maneiras de diferenciar os gêneros masculino e feminino na Língua Portuguesa. Uma das maneiras mais utilizadas é o emprego da vogal “a”, para designar o gênero feminino, quer seja acrescentando-a no final da palavra, substituindo a vogal “o”, ou mesmo acrescentando o artigo “a” antes da palavra. Ex. cantor/cantora, menino/menina, o motorista/a motorista Há casos em que se utiliza de uma mesma palavra para designar os dois gêneros, sem alteração alguma. Ou ainda, em alguns casos podemos entender que não há gênero. Ex. a criança, o tempo, o casal, o dia, a noite Em alguns casos pode-se lançar mão dos adjetivos macho e fêmea, e em outros utilizarmos uma palavra totalmente diversa para designar o gênero oposto. Ex. peixe macho / peixe fêmea; jacaré macho / jacaré fêmea; boi / vaca; homem / mulher ATENÇÃO! Há situações em que a mudança do artigo, que antecede o nome, muda o seu sentido e não o seu gênero. Ex. o grama (unidade de medida) / a grama (relva); o capital (dinheiro) / a capital (sede de governo) Vamos revisar o plural dos substantivos compostos, assunto que, às vezes, gera alguma dúvida nas pessoas. 1.1 – Flexão de Gênero 1.2 – Flexão de Número Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 6 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Pluraliza-se apenas o primeiro: • substantivo + preposição + substantivo – ex. câmaras de ar, pães de ló, pés de moleque • substantivo + substantivo (quando o segundo qualifica ou restringe o sentido do primeiro) – ex. pombos-correio, peixes-boi, bolsas-família OBS – Neste último caso, é facultativo o uso de plural nos dois termos, porém a primeira forma é a mais tradicional. Ex. pombos-correios, peixes-bois, bolsas-famílias Pluraliza-se apenas o segundo: • palavras compostas sem hífen – ex. girassóis, pontapés, planaltos • verbo + substantivo – ex. beija-flores, guarda-roupas, para-choques • palavras repetidas - ex. tico-ticos, quebra-quebras • termo invariável + termo variável – ex. recém-nascidos, abaixo- assinados, vaga-lumes, ave-marias Pluralizam-se os dois: • substantivo + substantivo – ex. tenente-coronel / tenentes-coronéis • substantivo + adjetivo – ex. guada-noturno / guardas-noturnos • adjetivo + substantivo – ex. curto-circuito/ curtos-circuitos • numeral + substantivo – ex. sexta-feira / sextas-feiras Pluraliza-se apenas o ARTIGO: • verbo + advérbio – ex. os fala-mansa, os bota-fora • verbo + substantivo plural – ex. os saca-rolhas, os salva-vidas Os substantivos flexionam-se nos graus diminutivo e aumentativo. Exemplos: • menino – menininho – meninão – menino pequeno - menino grande As formas contendo os sufixos “ão” e “inho” são chamadas de sintéticas (formadas de uma só palavra), enquanto flexões formadas pelo acréscimo das palavras pequeno e grande, são chamadas de analíticas. 1.3 – Flexão de Grau Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 7 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Exemplos: • barquinho (diminutivo sintético) – barcaça (aumentativo sintético) – barco pequeno (diminutivo analítico) – barco grande (aumentativo analítico) • casinha ou casebre (diminutivo sintético) – casarão (aumentativo sintético) – casa pequena (diminutivo analítico) – casa grande (aumentativo analítico) Outros exemplos de diminutivo sintético: • livreto, cabrito, riacho, burrico, serrote, vilarejo, flautim... Mais alguns exemplos de aumentativo sintético: • muralha, bocarra, fogaréu, homenzarrão, mulherona... ATENÇÃO!!! Nosso objetivo nessa aula é revisar o conhecimento básico sobre as classes gramaticais e entendê-las mais profundamente. NÃO é produtivo gastar tempo decorando todas as regras ou conceitos, porém é importante a leitura atenta da teoria e a prática dos exercícios. Vamos em frente! Os adjetivos são palavras que QUALIFICAM o nome (substantivo ou pronome que o substitua). Exemplo: Bons jogadores fazem jogadas decisivas. Observe que os adjetivos “bons” e “decisivas” qualificam os nomes “jogadores” e “jogadas”, ampliando o sentido da oração. Os adjetivos também podem vir expressos por um conjunto de palavras, são as locuções adjetivas. Exemplos: • abraço de irmão = abraço fraterno • água da chuva = água pluvial 2 - Adjetivo Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 8 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Abaixo, mais alguns exemplos de locuções adjetivas: Os adjetivos também se flexionam em gênero, número e grau de forma análoga aos substantivos. OBSERVAÇÃO: No feminino e no plural de adjetivos compostos formados por adjetivo + adjetivo, flexiona-se o último termo. Ex. chapéu azul-claro – capa azul-clara – capas azul-claras LOCUÇÃO ADJETIVA de abelha de abdômen de ano de asno de astro de audição de boca de cão de estrela de face de gado de gato de gelo de guerra de junho de lua de mãe de pai de páscoa de pombo de rim de serpente de sol de tarde de verão sem piedade ADJETIVO apícola abdominal anual asinino sideral ótico ou óptico bucal canino estelar facial pecuário felino glacial bélico junino lunar maternal paternal pascal columbino renal ofídico solar vespertino estival impiedoso Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 9 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Exceções: São invariáveis: • ultravioleta, sem-vergonha, azul-marinho, cor de rosa, azul celeste, laranja (cor) OBSERVAÇÃO: As cores cinza, laranja, rosa, significam cor de rosa, cor de laranja, cor de cinza, assim como marinho, celeste, significam cor de mar e cor de céu, todos eles DERIVAM DE SUBSTANTIVO e são invariáveis. Ex. chapéu rosa-claro – chapéus rosa-claro De acordo com Domingos Paschoal Cegalla, flexionam os dois elementos na palavra surdo-mudo (surdos-mudos). Vamos ver um esquema com o resumo sobre a flexão dos adjetivos em grau. Exemplos do grau comparativo: Ela é mais alta que você. (comparativo analítico de superioridade) Ela é maior que você. (comparativo sintético de superioridade) Ela é menos alta que você. (comparativo analítico de inferioridade) Ela é menor que você. (comparativo sintético de inferioridade) Ela é tão alta quanto você. (comparativo de igualdade) GRAU DO ADJETIVO comparativo sintético analítico superlativo sintético analítico Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 10 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Observe as frase abaixo: Ele é o mais baixo da turma. Ele é o menos alto da turma Apesar de ambas terem o mesmo sentido, a primeira se trata de um comparativo de superioridade, enquanto a segunda de um comparativo de inferioridade. O grau superlativo indica um alto grau das qualidades e conta ainda com duas variações: absoluto ou relativo. Exemplos: Ela é muito/extremamente bela. (superlativo absoluto analítico) Ela é belíssima. (superlativo absoluto sintético) Ela é a mais bela de todas. (superlativo relativo analítico de superioridade) Este é o melhor livro que já li. (superlativo relativo sintético de superioridade) Note que no superlativo relativo há uma espécie de “comparação”, enquanto no absoluto, apenas há um acréscimo no grau do adjetivo. FCC/TJ/TRE-MS/Administrativa/2007 Brasileiro se realiza em arte menor. Com raras exceções aqui e ali na literatura, no teatro ou na música erudita, pouco temos a oferecer ao resto do mundo em matéria de grandes manifestações artísticas. Em compensação, a caricatura ou a canção popular, por exemplo, têm sido superlativas aqui, alcançando uma densidade raramente obtida por nossos melhores artistas plásticos ou compositores sinfônicos. Outras artes, ditas “menores”, desempenham um papel fundamental na cultura brasileira. É o caso da crônica e da telenovela. Gêneros inequivocamente menores e que, no entanto, alcançam níveis de superação artística nem sempre observada em seus congêneres de outros quadrantes do planeta. Mas são menores diante do quê? É óbvio que o critério de valoração continua sendo a norma européia: a epopéia, o romance, a sinfonia, as “belas artes” em geral. O movimento é dialético e não pressupõe maniqueísmo. Pois se aqui não se geraram obras como as de Cervantes, Wagner ou Picasso, “lá” também – onde quer que seja esse lugar – nunca floresceu uma canção popular como a nossa que, sem favor, pode compor um elenco com o que de melhor já foi feito em matéria de poesia e de melodia no Brasil. Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 11 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Machado de Assis, como de costume, intuiu admiravelmente tudo. No conto “Um homem célebre”, ele nos mostra Pestana, compositor que deseja tornar-se um Mozart mas, desafortunadamente, consegue apenas criar polcas e maxixes de imenso apelo popular. Morre consagrado – mas como autor pop. Aliás, não foi à toa que Caetano Veloso colocou uma frase desse conto na contracapa de Circuladô (1991). Um de nossos grandes artistas “menores” por excelência, Caetano sempre soube refletir a partir das limitações de seu meio, conseguindo às vezes transcendê-lo em verso e prosa. [...] O curioso é que o conceito de arte acabou se alastrando para outros campos (e gramados) da sociedade brasileira. É o caso da consagração do futebol como esporte nacional, a partir da década de 30, quando o bate-bola foi adotado pela imprensa carioca, recebendo status de futebol-arte. Ainda no terreno das manifestações populares, o ibope de alguns carnavalescos é bastante sintomático: eles são os encenadores da mais vista de todas as nossas óperas, o Carnaval. Quem acompanha a cobertura do evento costuma ouvir o testemunho deliciado de estrangeiros a respeito das imensas “qualidades artísticas” dos desfiles nacionais... Seguindo a fórmula clássica de Antonio Candido em Formação da literaturabrasileira (“Comparada às grandes, a nossa literatura é pobre e fraca. Mas é ela, e não outra, que nos exprime.”), pode-se arriscar que muito da produção artística brasileira é tímida se comparada com o que é feito em outras paragens. Não temos Shakespeare nem Mozart? Mas temos Nelson Rodrigues, Tom Jobim, Nássara, Cartola – produtores de “miudezas” da mais alta estatura. Afinal são eles, e não outros, que expressam o que somos. (Adaptado de Leandro Sarmatz. Superinteressante, novembro de 2000, p.106, (Idéias que desafiam o senso comum) Brasileiro se realiza em arte menor. (1a frase) O adjetivo flexionado de maneira idêntica ao do grifado acima está na expressão: a) com raras exceções. b) é bastante sintomático. c) de imenso apelo popular. d) grandes manifestações artísticas. e) por nossos melhores artistas plásticos. Comentários: O adjetivo “menor” encontra-se flexionado no grau comparativo sintético de superioridade, sendo originado do adjetivo pequeno. Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 12 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Alternativa A – Incorreta – O adjetivo “raras” está flexionado no gênero feminino e no plural. Alternativa B – Incorreta – O adjetivo “bastante” não se flexiona em gênero, e, em relação ao número, encontra-se no singular. Alternativa C – Incorreta – “Imenso” e “popular” encontram-se no singular, sendo que apenas o primeiro flexiona-se em gênero. O primeiro está flexionado no grau superlativo absoluto sintético. Alternativa D – Incorreta - “Grandes” e “artísticas” estão no plural. Apenas o segundo flexiona-se em gênero. Alternativa E – Correta – O adjetivo “melhores”, assim como “menor”, flexiona- se apenas em número e grau, este também está flexionado no grau comparativo sintético de superioridade. Gabarito: E Os artigos acompanham os substantivos, dando-lhes um caráter geral (artigos indefinidos) ou específico (artigos definidos). Flexionam-se em gênero e número. Definidos – o, a, os, as Indefinidos – um, uma, uns, umas Exemplos: • Comprou uma boneca. (sentido geral) • Comprou a boneca que a filha queria. (sentido específico) ATENÇÃO – Podemos usar um artigo para MUDAR a classe gramatical de um termo, fazendo com que ele funcione como SUBSTANTIVO. Exemplos: • Ele aprecia o cantar dos pássaros. (a forma verbal “cantar” passou a funcionar como substantivo) • Ouviram um sonoro não. (o termo “não” - advérbio de negação - passou a funcionar como substantivo) • Olhem o azul do mar. (o adjetivo “azul” funciona como substantivo) 3 - Artigo Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 13 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Os numerais são palavras que indicam quantidade, ordem, multiplicidade ou divisão. Dividem-se em cardinais, ordinais, multiplicativos e fracionários. Cardinais – Servem para indicar um determinado número ou quantidade. Ex. Ele viu quatorze anjos em seu sonho. Ordinais – Indicam uma ordem ou posição. Ex. Ela ficou em primeiro lugar no concurso. Multiplicativos – Dão ideia de multiplicação. Ex. Eu tenho o dobro da sua idade. Fracionários – Indicam uma fração ou divisão. Ex. A metade dos candidatos não estudaram para a prova. OBS. O termo AMBOS é considerado um numeral. Abaixo uma tabela para recordarmos! Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários um primeiro - - dois segundo dobro, duplo meio três terceiro triplo, tríplice terço quatro quarto quádruplo quarto cinco quinto quíntuplo quinto seis sexto sêxtuplo sexto sete sétimo sétuplo sétimo oito oitavo óctuplo oitavo nove nono nônuplo nono dez décimo décuplo décimo onze décimo primeiro - onze avos doze décimo segundo - doze avos treze décimo terceiro - treze avos catorze décimo quarto - catorze avos quinze décimo quinto - quinze avos dezesseis décimo sexto - dezesseis avos 4 - Numeral Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 14 de 101 www.exponencialconcursos.com.br dezessete décimo sétimo - dezessete avos dezoito décimo oitavo - dezoito avos dezenove décimo nono - dezenove avos vinte vigésimo - vinte avos trinta trigésimo - trinta avos quarenta quadragésimo - quarenta avos cinquenta quinquagésimo - cinquenta avos sessenta sexagésimo - sessenta avos setenta septuagésimo - setenta avos oitenta octogésimo - oitenta avos noventa nonagésimo - noventa avos cem centésimo cêntuplo centésimo duzentos ducentésimo - ducentésimo trezentos trecentésimo - trecentésimo quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo quinhentos quingentésimo - quingentésimo seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo setecentos septingentésimo - septingentésimo oitocentos octingentésimo - octingentésimo novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo mil milésimo - milésimo milhão milionésimo - milionésimo bilhão bilionésimo - bilionésimo Os pronomes foram abordados separadamente na aula 00. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós. ” Os verbos são estruturas fundamentais do idioma, que indicam as ações, os estados, os fatos e os fenômenos. Assim como os pronomes, abordaremos esse assunto numa aula específica (aula 02), a fim de melhor concentrarmos neste assunto, devido à sua importância e à grande quantidade de informações que contém. 5 - Pronome 6 - Verbo Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 15 de 101 www.exponencialconcursos.com.br São palavras que modificam verbos, adjetivos ou outros advérbios. Indicam tempo, lugar, modo, intensidade, negação, dúvida, afirmação, ordem ou interrogação. OBSERVAÇÃO: Apesar de serem termos invariáveis, muitos advérbios aceitam a flexão em grau. Exemplo: Ele jogou bem. Ele jogou tão bem quanto Neymar. (comparativo de igualdade) Ele jogou melhor que Neymar (comparativo de superioridade) Ele jogou muito bem. (superlativo analítico) NÃO CONFUNDIR o numeral fracionário “meia” com o advérbio “meio”. Exemplo: • Ela comeu meia melancia. (comeu a metade da melancia) • Ela ficou com a barriga meio cheia após comer a melancia. Repare que “meio” é advérbio de intensidade, portanto INVARIÁVEL, significando “um pouco”. Aqui, não cabe a palavra “meia”, ok? Fique atento às locuções adverbiais. Elas ocorrem quando duas ou mais palavras juntas adquirem o valor de um advérbio. Exemplo: • Tomaram a decisão às escuras. • As pessoas saíam às pressas. Colocamos uma lista de advérbios classificados e com suas respectivas locuções a seguir, para melhor nos familiarizarmos com esta classe. NÃO aconselho decorar a lista, pois devemos sempre analisar o sentido em que a palavra está inserida no texto para podermos classificá-la corretamente. 7 - Advérbio Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 16 de 101 www.exponencialconcursos.com.br TIPO ADVÉRBIO LOCUÇÃO ADVERBIAL TEMPO hoje, ontem, amanhã, logo, antes, depois, agora, tarde, cedo, outrora, ainda, antigamente, nunca, jamais, sempre, já, enfim, afinal, breve, constantemente, imediatamente às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia LUGAR Aqui, ali, acolá, dentro, fora, adiante, atrás, além, lá, cá, detrás, aquém, além, abaixo, acima, longe, perto, aí, aonde, adentro, afora, embaixo, externamente à distancia, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta MODO bem, mal, assim, pior, melhor, depressa,devagar, calmamente, propositadamente, pacientemente, amorosamente, generosamente, bondosamente às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, a maior INTENSIDADE muito, pouco, demais, tão, quanto, menos, mais, em excesso, pouco, bastante, demasiado, quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 17 de 101 www.exponencialconcursos.com.br FGV/Analista Legislativo/SEN/Informática Legislativa/Análise de Sistemas/2008 Desafios do crescimento econômico A crise do sistema financeiro internacional, que ameaça lançar o mundo numa profunda recessão, revela a importância do papel do governo no funcionamento da economia em diferentes dimensões, sobretudo na promoção de uma melhor operação dos mercados, da estabilidade e do crescimento econômico. DÚVIDA acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez, casualmente por certo, quem sabe NEGAÇÃO não, nem, nunca, jamais, tampouco de modo algum, de forma nenhuma, de jeito nenhum AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente, certamente, realmente, decerto, efetivamente, certo, decididamente, realmente, deveras com certeza, sem dúvida ORDEM primeiramente, segundamente, ultimamente em primeiro lugar, por último INTERROGAÇÃO onde?(lugar), como?(modo), quando?(tempo), quanto?(preço e intensidade) por que?(causa), para que?(finalidade Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 18 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Entretanto, após algumas décadas de excessivo crescimento dos gastos governamentais e da crise financeira que se abateu sobre inúmeros governos, particularmente em países da América Latina, a eficiência da ação pública começou a ser questionada. Novamente vigoravam idéias de que as economias deveriam ser liberalizadas da ação governamental, de que, quanto menos governo, melhor e de que o setor privado por si só resolveria todos os problemas. Na realidade, o que se notou foi uma grande confusão. Em vez de defendermos um governo eficiente, comprometido com o crescimento econômico, acabamos por tentar excluir o governo das funções econômicas, esquecendo seu importante papel. Era muito comum a idéia de que a privatização e a liberalização dos mercados seriam condições eficientes para que os países entrassem numa rota de crescimento econômico. Entretanto, a realidade mostrou que essa bandeira não tem sustentação. A crise financeira que estamos atravessando e não sabemos ainda suas reais conseqüências sobre a economia mundial realça um fato inconteste: faltou a presença do governo, mediante uma regulação mais ativa do mercado financeiro. Recente estudo promovido pela Comissão para o Crescimento Econômico, cujo objetivo primordial é entender o fenômeno do desenvolvimento com base na experiência mais exitosa dos países durante as décadas de 1950 a 1980, transmite informações relevantes para o entendimento do momento que vivemos, ainda que seu objetivo seja totalmente distinto. Em primeiro lugar, não estão em xeque as inegáveis e insubstituíveis virtudes que os mercados possuem quando funcionam de maneira mais livre, sem interferências externas, na alocação dos recursos. Entretanto, não podemos esquecer que as ações tomadas pelos diversos agentes econômicos se baseiam em perspectivas de retornos privados e, portanto, na ânsia de obter tais retornos, mercados como o financeiro podem gerar instabilidades. O papel da regulação, tarefa que deve ser executada por autoridades governamentais, não pode ser esquecido. Por outro lado, apesar da virtude dos mercados, não se pode esquecer que eles não são garantia para a promoção de desenvolvimento econômico ou a melhor distribuição de renda. O relatório da comissão enfatiza o papel do governo no processo de desenvolvimento econômico, mostrando inicialmente que o processo de desenvolvimento é um fenômeno complexo e difícil de ser entendido. "Não damos aos formuladores de políticas públicas uma receita ou uma estratégia de crescimento. Isso porque não existe uma única receita a seguir." Mais adiante, afirma: "Não conhecemos as condições suficientes para o crescimento. Podemos caracterizar as economias bemsucedidas do pós guerra, Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 19 de 101 www.exponencialconcursos.com.br mas não podemos apontar com segurança os fatores que selaram seu êxito nem os fatores sem os quais elas poderiam ter sido exitosas." Certamente essas frases devem nos deixar algo perplexos, especialmente quando ouvimos as certezas que dominam a maioria dos analistas econômicos espalhados pelo mundo, em especial quando tratam de fornecer fórmulas prontas para o crescimento dos países. A comissão reconhece que a dificuldade do entendimento sobre o fenômeno do crescimento dificulta a ação governamental na definição das estratégias a serem seguidas. A recomendação dada é a de que o governo "não deve ficar inerte, por temor de malograr; os governos devem testar diversos programas e devem ser rápidos em aprender quando dão errado. Se dão um passo errado, devem tentar um plano diferente, e não submergir na inação ou recuar." Outra recomendação dada pela comissão se relaciona com a tentativa de adoção de receitas prontas de outros países: "Os planos de ação ruins de hoje em geral são os bons planos de ontem, mas aplicados por tempo demasiado." Em suma, a comissão defende um governo crível, comprometido com o crescimento e eficiente. Um governo forte, capaz de realizar investimentos na área de educação, saúde e infraestrutura a fim de elevar a rentabilidade dos investimentos privados. É com uma ação eficiente do governo e do setor privado que certamente poderemos promover o desenvolvimento dos países. (Carlos Luque. Folha de São Paulo, 30 de setembro de 2008.) Assinale a alternativa em que a palavra indicada, no texto, se classifique como advérbio. a) livre b) profunda c) melhor d) algo e) após Comentários: Alternativa A - A palavra “livre” é um adjetivo que qualifica a palavra “maneira”. Alternativa B - A palavra “profunda” é um adjetivo. Repare que ela qualifica o substantivo “recessão”. Alternativa C - Igualmente às alternativas anteriores, “melhor” qualifica o nome “operação”. Alternativa D - Embora a palavra “algo” seja originalmente um pronome indefinido, no entanto, temos que ter ATENÇÃO ao sentido empregado pelo Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 20 de 101 www.exponencialconcursos.com.br examinador. Repare que o sentido de “algo” nessa oração é de “um tanto” ou “um pouco”, modificando o adjetivo “perplexo”, portanto, sendo empregada como advérbio. Alternativa E – A palavra “após” é preposição que liga as orações do período. Estudaremos esse assunto com mais detalhes na aula sobre períodos e conectivos. Gabarito: D Tais palavras já foram classificadas como advérbios outrora. Atualmente, por não enquadrarem-se perfeitamente em nenhuma das outras classes, são classificadas separadamente pela Nomenclatura Gramatical Brasileira. Indicam contextos diversos, modificando sentido de uma palavra ou mesmo da oração, tais como: situação, designação, exclusão, inclusão, limitação, realce, retificação, explanação ou afetividade. SITUAÇÃO - afinal, então, mas, agora... Ex. Afinal, decidiu se vai estudar DESIGNAÇÃO - eis. Ex. Senhor, eis me aqui. EXCLUSÃO - menos, exceto, salvo,fora, sequer... Ex. Todos, menos ele, foram ao teatro. INCLUSÃO - inclusive, também, até, além disso... Ex. Comemos bem, teve até sobremesa! 8 – Palavras Denotativas Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 21 de 101 www.exponencialconcursos.com.br São palavras invariáveis que ligam dois termos da oração, sendo um principal (regente ou subordinante) e um dependente (regido ou subordinado). São classificadas em: essenciais e acidentais. As preposições essenciais são aquelas originalmente classificadas como preposição, enquanto as acidentais são palavras de outras classes empregadas como preposição. Exemplos de preposições essenciais: a, ante, após, até, com, contra, de desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Exemplos de preposições acidentais: conforme, consoante, segundo, durante, mediante LIMITAÇÃO - apenas, unicamente, somente, só... Ex. Só o amor constrói. REALCE - mesmo, lá, embora, é que, sobretudo... Ex. Eu mesmo é que não dou palpite em briga alheia. RETIFICAÇÃO - isto é, ou melhor, aliás... Ex. Chegarei pela manhã, ou melhor, na hora do almoço. EXPLANAÇÃO - por exemplo, a saber... Ex. Coma coisas saudáveis, por exemplo, brócolis. AFETIVIDADE - ainda bem, infelizmente, felizmente... Ex. Felizmente chegamos bem. 9 - Preposição Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 22 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Vamos ver alguns exemplos de orações com preposições: • Voltou para casa depois do trabalho. (“voltou” – principal / “casa” – dependente) Note que o termo “voltou” necessita do complemento “para casa”, para ter um sentido completo. • Pensei em você. (“pensei” – principal ou regente / “você” – regido) Se você diz para alguém: Pensei, fatalmente, você ouvirá a pergunta em quê? Ao responder em você, finalmente, estará completando o sentido da frase. Assim como outras classes, as preposições também formam LOCUÇÕES, quando se associam a outras palavras (advérbios ou locuções adverbiais) para exercer a mesma função de preposição. Eis algumas locuções prepositivas: Abaixo de, acima de, a fim de, além de, apesar de, atrás de, através de, antes de, junto a, ao encontro de, embaixo de, em frente a, longe de, por causa de, por trás de, em virtude de, na proporção de, à custa de... Exemplos: • Ele passou no concurso apesar de todas as dificuldades. • Caminhou ao encontro de seu Mestre com alegria. Conjunção significa união ou ligação. São palavras que ligam termos de mesma função sintática em uma oração ou orações em um período composto. Elas podem ser coordenativas ou subordinativas. As conjunções serão estudadas detalhadamente na aula 04 - Períodos e Conectivos. É um termo que exprime uma ideia de forma independente, expressando um forte sentimento, emoção, saudação e outros. 10 - Conjunção 11 - Interjeição Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 23 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Domingos Pachoal Cegalla, define interjeições como “frases resumidas”, porque elas contêm em si o sentido implícito de toda uma frase. Exemplo: Ai!!! Apenas essa interjeição já diz tudo, você sabe que alguém sentiu dor. Vamos a alguns exemplos de interjeições e algumas idéias que elas podem expressar. Note que, algumas são originalmente ou exclusivamente interjeições enquanto outras pertencem a outras classes gramaticais, mas que são usadas em alguns contextos como interjeição. Ok pessoal... mandem suas dúvidas pelo fórum, terei satisfação em clareá-las! Não deixem de responder as questões, pois este assunto é parte da BASE do conhecimento da Língua Portuguesa. Vamos aos exercícios!!! •viva!Aclamação •uau! nossa! caramba!Admiração •ufa! Advertência •obrigado! grato!Agradecimento •cuidado! atenção! devagar! Alegria •oh! viva! aleluia! Alívio •muito bem! boa! isso!Aprovação •perdão! desculpa!Desculpa •oxalá! tomara!Desejo •adeus! até logo! tchau! Despedida •ai! ui! oh!Dor •ora! francamente! vixe!Reprovação •salve! ave! bom dia!Saudação •psiu! silêncio!Silêncio Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 24 de 101 www.exponencialconcursos.com.br 1) FCC/Prof B/SEDU ES/Arte/2016 Medo da eternidade Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade. Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas. Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou: − Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira. − Como não acaba? – Parei um instante na rua, perplexa. − Não acaba nunca, e pronto. Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de- rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual eu já começara a me dar conta. Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca. − E agora que é que eu faço? − perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver. − Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários. Perder a eternidade? Nunca. O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola. − Acabou-se o docinho. E agora? − Agora mastigue para sempre. Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna 12 - Questões Comentadas Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 25 de 101 www.exponencialconcursos.com.br me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito. Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava era aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia. − Olha só o que me aconteceu! – disse eu em fingidos espanto e tristeza. Agora não posso mastigar mais! A bala acabou! − Já lhe disse, repetiu minha irmã, que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá. Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra da boca por acaso. Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim. 06 de junho de 1970 (LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo – crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p.289-91) Um dos elementos mais importantes na organização do texto de Clarice Lispector é o advérbio de tempo, como o que se encontra grifado em: I. Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contatocom a eternidade. (1º parágrafo) II. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual eu já começara a me dar conta. (7º parágrafo) III. – E agora que é que eu faço? – perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver. (9º parágrafo) IV. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. (16º parágrafo) Atende ao enunciado APENAS o que consta de a) I, II e IV. b) II e IV. c) II e III. d) I e III. e) I, III e IV. Comentários: Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 26 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Item I – O advérbio “jamais” indica tempo ou negação. Item II – O termo “eis” é uma palavra denotativa de designação. Item III – O advérbio “agora” indica tempo. Item IV – A preposição “sem” tem valor semântico de exclusão ou negação. Gabarito: D 2) FCC/Vic Dir/Pref Campinas/2016 Pequenas injustiças no calor da hora Nestes dias tumultuados de incerteza política que estamos vivendo, há outras incertezas de menor visibilidade, que vêm de longe, e fazem parte de um sistema articulado de crise social e de decadência de que anomalias de agora são apenas parte do problema. Os sociólogos definem situações desse tipo como estados de anomia, caracterizados pela perda da eficácia dos valores e das regras sociais que tornam a vida em sociedade possível. O Brasil, aparentemente, está ultrapassando o limite dessa segurança coletiva. Alguns episódios recentes são indicativos do que está acontecendo. Alunos do curso de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, a que se juntou um da Pontifícia Universidade Católica, segundo as notícias, na noite do último dia 19, diante da residência estudantil, agrediram a socos e pontapés um estudante do Curso de Veterinária, Nerlei Fidelis, de 31 anos, que estava acompanhado de um sobrinho. Da nação Caingangue, ele é um dos 76 alunos indígenas que ingressaram na Universidade através do vestibular especial ali implantado. (...). Os agressores incriminaram em Nerlei o fato de ser índio, e deram início a agressão com a pergunta “o que esses índios estão fazendo aí?” Os preconceitos de vários tipos, no Brasil, raciais, sociais, religiosos, de gênero e outros estão fundados no pressuposto de que cada um é livre e tem direitos TEMPO hoje, ontem, amanhã, logo, antes, depois, agora, tarde, cedo, outrora, ainda, antigamente, nunca, jamais, sempre, já, enfim, afinal, breve, constantemente, imediatamente às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia DESIGNAÇÃO - eis. Ex. Senhor, eis me aqui. Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 27 de 101 www.exponencialconcursos.com.br nos limites do espaço a ele ou ela destinado. Não se trata, portanto, apenas de racismo, palavra que escamoteia um conjunto grande de preconceitos. Trata-se de uma concepção remotamente fundada no preconceito de casta ou no preconceito estamental, próprio de uma sociedade baseada no pressuposto de que as pessoas nascem e morrem socialmente desiguais. O Brasil sempre foi um país intolerante e, de vários modos, autoritário. Construímos um conjunto de disfarces formais e meramente rituais para enfrentar o desconforto da intolerância e das injustiças que dela decorrem. Mas, nos momentos de crise e de tensão sociais, os disfarces derretem-se sob o calor da hora e ficamos nus diante do espelho. Nunca conseguimos construir uma verdadeira identidade social. No papel, sim, mas, na vida, não. Com facilidade tendemos ao corporativismo e são muitos os que se fecham numa identidade restrita, sobreposta ao que deveria ser a identidade de todos, a da Pátria. (Adaptado de: MARTINS, José de Souza. Pequenas injustiças no calor da hora. In: O ESTADO DE S. PAULO. Aliás, E2, Domingo, 3 de abril de 2016.) No segundo parágrafo, considerando o referente da expressão Da nação Caingangue, a preposição “de” em contração com o artigo “a” (da) introduz a ideia de a) procedência. b) autoria. c) tempo. d) oposição. e) companhia. Comentários: Pessoal, o “referente” é tão somente o termo a que a expressão se refere, que nesse caso é “um estudante do Curso de Veterinária, Nerlei Fidelis, de 31 anos, que estava acompanhado de um sobrinho”. A expressão “Da nação Caingangue” indica a origem ou procedência do estudante indígena. Gabarito: A 3) FCC/Ana Amb/SEMA MA/Biólogo/2016 COP-21 já foi. E agora, o que virá? O Acordo do Clima aprovado em Paris em dezembro de 2015 não resolve o problema do aquecimento global, apenas cria um ambiente político mais favorável à tomada de decisão para que os objetivos assinalados formalmente por 196 países sejam alcançados. Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 28 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Como todo marco regulatório, o acordo estabelece apenas as condições para que algo aconteça, e, nesse caso, não há sequer prazos ou metas. As propostas apresentadas voluntariamente pelos países passam a ser consideradas “metas” que serão reavaliadas a cada 5 anos, embora a soma dessas propostas não elimine hoje o risco de enfrentarmos os piores cenários climáticos com a iminente elevação média de temperatura acima de 2º C. Sendo assim, o que precisa ser feito para que o Acordo de Paris faça alguma diferença para a humanidade? A 21ª Conferência do Clima (COP-21) sinaliza um caminho. Para segui-lo, é preciso realizar muito mais − e melhor − do que tem sido feito até agora. A quantidade de moléculas de CO2 na atmosfera já ultrapassou as 400 ppm (partes por milhão), indicador que confirmaria − segundo o Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPC) da ONU − a progressão rápida da temperatura acima dos 2 °C. A decisão mais urgente deveria ser a eliminação gradual dos U$ 700 bilhões anuais em subsídios para os combustíveis fósseis. Sem essa medida, como imaginar que a nossa atual dependência de petróleo, carvão e gás (75% da energia do mundo é suja se modifique no curto prazo? Para piorar a situação, apesar dos investimentos crescentes que acontecem mundo afora em fontes limpas e renováveis de energia (solar, eólica, biomassa, etc.), nada sugere, pelo andar da carruagem, que testemunhemos a inflexão da curva de emissões de gases estufa. Segundo a vice-presidente do IPCC, a climatologista brasileira Thelma Krug, a queima de combustíveis fósseis segue em alta e não há indícios de que isso se modifique tão cedo. Como promover tamanho freio de arrumação em um planeta tão acostumado a emitir gases estufa sem um novo projeto educacional? Desde cedo a garotada precisa entender o gigantesco desafio civilizatório embutido no combate ao aquecimento global. O Acordo do Clima é certamente um dos maiores e mais importantes da história da diplomacia mundial. Mas não nos iludamos. Tal como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (adotada pela ONU em 1948), o Acordo sinaliza rumo e perspectiva, aponta o que é o certo, e se apresenta como um compromisso coletivo. Tornar o Acordo realidade exige atitude. Diária e obstinada. (Adaptado de: TRIGUEIRO, André. http://g1.globo.com/natureza/blog/mundo- sustentavel/2.html) Ao relacionar os segmentos destacados, o vocábulo “para” expressa sentido de “em proveito de” na seguinte passagem do texto: a) o acordo estabelece apenas as condições para que algo aconteça (2º parágrafo) Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 29 de 101 www.exponencialconcursos.com.br b) o Acordo de Paris faça alguma diferença paraa humanidade? (3º parágrafo) c) Para segui-lo, é preciso realizar muito mais (3º parágrafo) d) um ambiente político mais favorável à tomada de decisão para que os objetivos [...] sejam alcançados. (1º parágrafo) e) Para piorar a situação, [...] nada sugere [...] que testemunhemos a inflexão da curva de emissões de gases estufa. (5º parágrafo) Comentários: Pessoal, para esse tipo de questão, recomendo o método da substituição, assim podemos perceber se a expressão “encaixa” no sentido do período. Alternativa B – Correta – o Acordo de Paris faça alguma diferença em proveito da humanidade? Gabarito: B 4) FCC/ACI/CGM-São Luís)/Pref-SL/Abrangência Geral/2015 Considere o trecho abaixo − adaptado de Gramática de usos do português, de Maria Helena de Moura Neves (São Paulo: Edtora UNESP, 2000, p. 628 e 633), e o que se tem em I, II e III. A preposição com funciona no sistema de transitividade, isto é, introduz complemento; pode introduzir, por exemplo, complemento de verbo ou de adjetivo. I. Depois das devidas explicações, o cliente concordou com os advogados / a preposição com introduz complemento de verbo. II. Identificou-se desde o primeiro momento com os ideais do grupo / a preposição com introduz complemento de adjetivo. III. Triste com a situação, procurou os amigos para esclarecer os fatos. / a preposição com introduz complemento de adjetivo. Está correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I, II e III. c) I e II, apenas. d) II, apenas. e) I e III, apenas. Comentários: Item I – Correta – Quem concorda, concorda com alguém, por isso a preposição COM é necessária à complementação do verbo CONCORDAR. Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 30 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Item II – Incorreta – A despeito de sua posição na frase, a preposição COM foi utilizada em virtude do verbo IDENTIFICAR-SE (identificou-se com algo). Item III – Correta – Quem fica triste, fica triste com algo. Portanto, triste (adjetivo) é complementado por “com a situação”. Gabarito: E 5) FCC/AJ/TRT 3/Judiciária/Oficial de Justiça/Avaliador Federal/2015 A matéria abaixo, que recebeu adaptações, é do jornalista Alberto Dines, e foi veiculada em 9/05/2015, um dia após as comemorações pelos 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Quando a guerra acabar… Abre parêntese: há momentos − felizmente raros − em que a história pessoal se impõe às percepções conjunturais e o relato na primeira pessoa, embora singular, parcial, às vezes suspeito, sobrepõe-se à narrativa impessoal, ampla, genérica. Fecha parêntese. O descaso e os indícios de esquecimento que, na sexta-feira (8/5), rodearam os setenta anos do fim da fase europeia da Segunda Guerra Mundial sobressaltaram. O ano de 1945 pegou-me com 13 anos e a data de 8 de maio incorporou-se ao meu calendário íntimo e o cimentou definitivamente às efemérides históricas que éramos obrigados a decorar no ginásio. Seis anos antes (1939), a invasão da Polônia pela Alemanha hitlerista − e logo depois pela Rússia soviética − empurrou a guerra para dentro da minha casa através dos jornais e do rádio: as vidas da minha avó paterna, tios, tias, primos e primas dos dois lados corriam perigo. Em 1941, quando a Alemanha rompeu o pacto com a URSS e a invadiu com fulminantes ataques, inclusive à Ucrânia, instalou-se a certeza: foram todos exterminados. A capitulação da Alemanha tornara-se inevitável, não foi surpresa, sabíamos que seria esmagada pelos Aliados. Nova era a sensação de paz, a certeza que começava uma nova página da história e perceptível mesmo para crianças e adolescentes. A prometida quimera embutida na frase “quando a guerra acabar” tornara-se desnecessária, desatualizada. A guerra acabara para sempre. Enquanto o retorno dos combatentes brasileiros vindos da Itália era saudado delirantemente, matutinos e vespertinos − mais calejados do que a mídia atual − nos alertavam que a guerra continuava feroz não apenas no Extremo Oriente, mas também na antiquíssima Grécia, onde guerrilheiros de direita e de esquerda, esquecidos do inimigo comum − o nazifascismo − se enfrentavam para ocupar o vácuo de poder deixado pela derrotada barbárie. Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 31 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Sete décadas depois − porção ínfima da história da humanidade −, aquele que foi chamado Dia da Vitória e comemorado loucamente nas ruas do mundo metamorfoseou-se em Dia das Esperanças Perdidas: a guerra não acabou. Os Aliados desvincularam-se, tornaram-se adversários. A guerra continua, está aí, espalhada pelo mundo, camuflada por diferentes nomenclaturas, inconfundível, salvo em breves hiatos sem hostilidades, porém com intensos ressentimentos. (Reproduzido da Gazeta do Povo (Curitiba, PR) e do Correio Popular (Campinas, SP), 9/5/2015; intertítulo do Observatório da Imprensa, edição 849) A guerra continua, está aí, espalhada pelo mundo, camuflada por diferentes nomenclaturas, inconfundível, salvo em breves hiatos sem hostilidades, porém com intensos ressentimentos. Justifica-se o emprego do advérbio aí, na frase, do seguinte modo: a) a palavra delimita o lugar da guerra, aquele em que o interlocutor se encontra. b) a palavra remete ao lugar a que se fez referência anteriormente: ao espaço dos Aliados. c) a palavra tem o sentido de "nesse ponto", como em "É aí que está o X da questão". d) a palavra compõe expressão que tem o sentido de "apresenta-se por lugares incertos, de modo disseminado". e) a palavra tem seu sentido associado ao da palavra inconfundível, para expressarem, juntas, a ideia de "contorno único". Comentários: Para respondermos a esta questão, precisamos ler um pouco mais do texto para entendermos o contexto em que o período está inserido. “Sete décadas depois − porção ínfima da história da humanidade −, aquele que foi chamado Dia da Vitória e comemorado loucamente nas ruas do mundo metamorfoseou-se em Dia das Esperanças Perdidas: a guerra não acabou. Os Aliados desvincularam-se, tornaram-se adversários. A guerra continua, está aí, espalhada pelo mundo, camuflada por diferentes nomenclaturas, inconfundível, salvo em breves hiatos sem hostilidades, porém com intensos ressentimentos.” Portanto, podemos inferir que o advérbio “aí” não está referindo-se a um lugar específico, mas no sentido que a guerra se encontra presente de forma disseminada por todo o mundo. Gabarito: D Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 32 de 101 www.exponencialconcursos.com.br 6) FCC/Ass Tec Leg/AL-PB/2013 José Lins do Rego é brasileiríssimo. Outro dia, um amigo conversou comigo sobre as pretendidas influências estrangeiras na obra do paraibano. Falamos em Thomas Hardy, em D. H. Lawrence. Não estava certo. José Lins do Rego é ele mesmo. É paraibano. É brasileiro, brasileiríssimo. É brasileiro com amor à terra, às mulheres, à conversa, aos gracejos, com a memória do avô que era governador da província, do tio que vendeu o engenho, com a memória vivíssima de todas as tristezas da sua gente brasileira. Risos e lágrimas: eis o seu mundo. O grande valor literário da obra de José Lins do Rego reside no fato de que o seu assunto e o seu estilo correspondem-se plenamente. Assim, conta-se a decadência do patriarcalismo, com as suas inúmeras tragédias e uns raros raios de graça e humor. Desse modo, José Lins do Rego consegue acertadamente o que quer; e isso me parece o maior elogio que se pode fazer a um escritor. Concebendo a cultura no sentido de Gilberto Freire, como expressão global da vida política e do espírito, social e individual, vital e humana, José Lins do Rego é a expressão literária da culturada sua terra. [Adaptado de Otto Maria Carpeaux. O brasileiríssimo José Lins do Rego. (prefácio) Fogo Morto. Rio de Janeiro: José Olympio. 50. ed. 1998. p. XVXVI] O elemento flexionado de modo a indicar uma qualidade em um grau muito elevado está destacado em: a) ... o seu assunto e o seu estilo correspondem-se plenamente. b) ... com a memória vivíssima de todas as tristezas de sua gente… c) ... com as suas inúmeras tragédias... d) ... e uns raros raios de graça e humor. e) ... conta-se a decadência do patriarcalismo... Comentários: Alternativa A – Incorreta – O termo “plenamente” não é sequer um adjetivo, mas um advérbio que modifica o verbo “correspondem-se”. Alternativa B – Correta – O termo “vivíssima” corresponde ao grau superlativo absoluto sintético do adjetivo “viva”. Alternativa C – Incorreta – O termo “tragédias” é um substantivo e não um adjetivo. Em alguns casos, ele pode ser empregado como adjetivo, porém não é o que ocorreu aqui. Ex. Isso é uma tragédia. Repare que no exemplo acima o termo “tragédia” qualifica o pronome “isso”, por isso é um adjetivo. Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 33 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Alternativa D – Incorreta – O adjetivo “raros” não está flexionado em grau. São exemplos de sua flexão: mais raros que (comparativo de superioridade), muito raros (superlativo absoluto analítico), raríssimos (superlativo absoluto sintético). Alternativa E – Incorreta – O termo “decadência” é um substantivo cujo significado é similar a queda, derrocada. O adjetivo dele derivado é “decadente” ou a locução “em decadência”. Ex. O governo está decadente. O governo está em decadência. Gabarito: B 7) FCC/Ana. Jud./TRF 2/Apoio Especializado/Taq./2012 Atenção: A questão refere-se ao texto que segue. Em "Antropologia do Ponto de Vista Pragmático", o filósofo Immanuel Kant apresenta suas considerações a respeito do caráter dos povos. Lá encontramos páginas sobre os ingleses, alemães, franceses, espanhóis, turcos, entre outras nacionalidades. Mas há nisso tudo um detalhe intrigante. Kant nunca saíra de sua cidade, Köninsberg (hoje, Kaliningrado). Não por outra razão, as tais páginas são um conjunto bisonho de lugares-comuns. Esta pequena anedota diz muito a respeito de uma certa maneira de pensar que consiste em acreditar que a experiência nunca fornecerá nada capaz de reorientar uma ideia clara. O acesso à experiência acumulada em livros e relatos já forneceria o embate necessário para nos orientarmos no pensamento. Qualquer coisa que eu, enquanto particularidade, experimente seria parcial, limitado e restrito a um contexto. Por essa razão, seu valor seria muito frágil. Quase 200 anos depois, outro filósofo, Michel Foucault, resolveu fazer um caminho inverso. "Há muitos acontecimentos do mundo que forçam o pensamento a se reorientar", dirá Foucault. "Devemos ir lá onde tais acontecimentos estão." E com tal ideia na cabeça, o filósofo francês foi ao Irã acompanhar de perto a revolução que acabou por levar o aiatolá Khomeini ao poder. Vários artigos seus sobre tal processo apareceram no jornal "Corriere dela Sera". As análises de Foucault não passaram à posteridade como o melhor exemplo de acuidade. De fato, ele compreendeu posteriormente os riscos nos quais a revolução tinha entrado, mas espera-se de um filósofo que ele consiga apreender os riscos antes deles estarem evidentes a todos. Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 34 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Se a força da ideia, assim como a crença de que não há nada de novo sob o sol, pode nos cegar, o mesmo vale para o entusiasmo pelo acontecimento. Entre estes dois polos, encontramos uma peculiar afirmação feita por um terceiro filósofo, Theodor Adorno. Logo após a audição de uma peça de John Cage, "Concerto para Piano", Adorno volta para casa e escreve: "Eu não sei exatamente o que pensar". Diante de um acontecimento tal como a obra de Cage, Adorno reconhecia que o melhor a fazer era dizer: "Eu não sei o que isto significa, só sei que precisarei de tempo para o pensamento voltar a se orientar". Abdicar deste tempo devido ao medo diante da angústia da indecisão seria o pior de todos os erros. Este é o erro que cometemos com mais facilidade. Ele é o que mais fere. Às vezes, a indecisão prolongada é o tempo que o pensamento exige para se reconstruir diante dos acontecimentos. (Wladimir Safatle. "Ideias e acontecimentos". Folha de S. Paulo, opinião, 3/1/2012, p.2) Flexiona-se de maneira idêntica a lugares-comuns a palavra a) ave-maria. b) amor-perfeito. c) salário-maternidade. d) alto-falante. e) bate-boca. Comentários: Alternativa A – Incorreta – O plural correto seria as ave-marias. Alternativa B – correta - “amores-perfeitos” (substantivo + adjetivo) Flexionam- se os dois termos, igualmente a “lugares-comuns”. Perfeito! Alternativa C – incorreta – Embora sejam dois substantivos, o segundo limita o sentido do primeiro (apenas o segundo flexiona-se, porém, atualmente, é aceito a flexão dos dois). Alternativa D – incorreta – Ficaria correto: os alto-falantes (adjetivo + adjetivo) flexiona-se o último termo. Alternativa E – incorreta – O correto seria os bate-bocas (verbo + substantivo) flexiona-se o último termo. Gabarito: B 8) FCC/DP/DPE-RS/2011 EUA dizem que um ataque ao Irã uniria o país, hoje dividido Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 35 de 101 www.exponencialconcursos.com.br WASHINGTON (Reuters) − Um ataque militar contra o Irã uniria o país, que está dividido, e reforçar a determinação do governo iraniano para buscar armas nucleares, disse o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, nesta terça-feira. Em pronunciamento ao conselho diretor do Wall Street Journal, Gates afirmou ser importante usar outros meios para convencer o Irã a não procurar ter armas nucleares e repetiu as suas preocupações de que ações militares somente iriam retardar − e não impedir − que o país obtenha essa capacidade. (http://noticias.uol.com.br/ultimasnoticias/reuters/2010/11/16/euadizemqueu ataqueaoirauniriaopaishojedividido.jhtm?action=print, em 16/11/2010) A palavra para é uma a) preposição derivada da regência verbal da palavra meios. b) conjunção que liga uma oração coordenada a uma subordinada. c) preposição que liga meios a um verbo intransitivo. d) preposição derivada da regência nominal da palavra meios. e) proposição que liga meios a um verbo. Comentários: Alternativa A – Incorreta – A preposição derivada da regência nominal da palavra “meios” (meios para algo). Alternativa B – Incorreta – A palavra “para” é uma preposição com valor semântico de finalidade (“para convencer o Irã a não procurar ter armas nucleares”). Alternativa C – Incorreta – O verbo “convencer” não é intransitivo. Alternativa D – Correta Alternativa E – Incorreta – A palavra “para” não é uma “proposição”, mas uma preposição. De fato, ela liga “meios” ao verbo “convencer”. Gabarito: D 9) FCC/DP/DPE-RS/2011 Lição de bom senso O Ministério da Educação (MEC) contornou com habilidade e bom senso a polêmica gerada em torno do veto, pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), de um livro do escritor Monteiro Lobato, sob o pretexto de que contém expressões racistas. A alternativa encontrada pelo ministro foi a de acrescentar um esclarecimento de que, em 1933, quando a obra foi publicada pela primeira vez, o país tinha hábitos diferentes e algumas expressões não eram Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 36 de 101 www.exponencialconcursos.com.br consideradasofensivas, como ocorre hoje. É importante que esse tipo de decisão sirva de parâmetro para situações semelhantes, em contraposição a tentações apressadas de recorrer à censura. O caso mais recente de tentativas de restringir a livre circulação de ideias envolve a obra Caçadas de Pedrinho, na qual a turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo sai em busca de uma onça-pintada. Ocorre que, ao longo de quase oito décadas de carreira do livro, o Brasil não conseguiu se livrar de excessos na vigilância do politicamente correto, nem de intolerâncias como o racismo. Ainda assim, já não convive hoje com hábitos como o de caça a animais em extinção e avançou nas políticas para a educação das relações étnico-raciais. Assim como em qualquer outra manifestação artística, portanto, o livro que esteve sob ameaça de censura precisa ter seu conteúdo contextualizado. Se a personagem Tia Nastácia chegou a ser associada a estereótipos hoje vistos como racistas, é importante que os educadores se preocupem em deixar claro para os alunos alguns aspectos que hoje chamam a atenção apenas pelo fato de o país ter evoluído sob o ponto de vista de costumes e de direitos humanos. No Brasil de hoje, não há mais espaço para a impunidade em relação a atos como o racismo. Isso não significa, porém, que seja preciso revolver o passado, muito menos sem levar em conta as circunstâncias da época. (Editorial Zero Hora, 18/10/2010) A passagem ..., em contraposição a tentações apressadas de recorrer à censura contém o elemento gramatical a, que a) define quais são as tentações, porque é um artigo. b) não define quais são as tentações, porque é artigo. c) define quais são as tentações, porque é uma preposição. d) não define quais são as tentações, porque é artigo indefinido. e) não define quais são as tentações, porque é preposição. Comentários: Alternativa A – Incorreta – Se houvesse um artigo “a”, ele deveria estar no plural (AS) para concordar em número com o nome “tentações”. Alternativa B – Incorreta – Os artigos servem para definir os nomes. Alternativa C – Incorreta – As preposições não servem para definir, mas para ligar dois termos, sendo um principal (regente ou subordinante) e um dependente (regido ou subordinado). Alternativa D – Incorreta – Os artigos definidos são: A(S) e O(S), já os artigos UM, UNS, UMA(S) são os artigos indefinidos. Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 37 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Alternativa E – Correta – O nome “contraposições” exige o uso da preposição A (contraposições a algo). Caso houvesse artigo, o termo deverias ser flexionado no plural e craseado (preposição A + artigo AS = ÀS) Gabarito: E 10) CESPE/ACE/TCE PA/Procuradoria/2016 A partir do momento em que o Estado passa a cobrar tributos de seus cidadãos, amealhando para si parte da riqueza nacional, surge a necessidade de destinação de tais quantias à realização das necessidades públicas, pois, não visando ao lucro, o Estado não pode cobrar mais do que os dispêndios que lhe são imputados. Na chamada atividade financeira do Estado, sua principal ferramenta é o orçamento público, pois nele constam as decisões políticas tomadas pelo administrador com o objetivo de satisfação dos interesses coletivos. Muito mais do que um mero documento de estimação e fixação das receitas e despesas, o orçamento, conforme o texto constitucional vigente, constitui um verdadeiro sistema integrado de planejamento, de sorte que, constituindo um verdadeiro orçamento-programa, o orçamento público passa a constituir etapas do planejamento de desenvolvimento-econômico e social, isto é, passa a ser conteúdo dos planos e programas nacionais, regionais e setoriais, que devem ser compatibilizados com o plano plurianual. Extrapolando-se os limites da simples teoria clássica do orçamento, pode- se dizer que o orçamento, em sua feição atual, não deve ser compreendido unicamente como a simples autorização de gastos do Poder Executivo pelo Poder Legislativo. Não se pode olvidar que, a partir do momento em que houve a limitação das antigas monarquias absolutistas, o rei passou a necessitar de autorização de seus vassalos para a realização dos gastos da coroa — como preceituado, por exemplo, na Magna Charta Libertatum, de 1215, e na Petition of Rights, de 1628. Também não se deve desconsiderar que a revolução orçamentária deveu-se, em grande parte, à idealização do Estado liberal burguês, que emana, segundo especialistas da área, de razões políticas, e não financeiras. Conquanto esses fatos tenham contribuído para a formação do orçamento em sua tessitura tradicional, é preciso, hoje, refletir sobre a real natureza da lei orçamentária atual, se autorizativa ou impositiva. César Augusto Carra. O orçamento impositivo aos estados e aos municípios. Internet: <libano.tce.mg.gov.br> (com adaptações). Julgue o item seguinte, com relação aos aspectos linguísticos do texto. A supressão da preposição “em” prejudicaria a correção gramatical do texto. Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 38 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Certo Errado Comentários: A expressão “em que”, formada pela preposição EM + o pronome QUE é equivalente a NO QUAL e liga o termo “momento” ao resto da oração, que tem valor temporal. Repare que quando falamos algo que se refere a tempo, normalmente há a presença da preposição EM. Ex. no dia 10 (em+o), naquele mês (em+aquele), neste momento (em+este), nessa hora (em+naquela), em sete dias, em uma hora, em dois minutos... Gabarito: Certo 11) CESPE/AUFC/TCU/Controle Externo/Auditoria Governamental/2015 Com os avanços das tecnologias informáticas, atividades como ir ao banco, assistir a filmes, fazer compras, acompanhar processos judiciais, estudar a distância e solicitar serviços passaram a ser realizadas até mesmo a partir de um simples smartphone. A tecnologia alterou a noção de tempo, distância e espaço e produziu grandes impactos que afetam a forma com que cada um se relaciona, trabalha, produz, se comunica e se diverte. Não é à toa que, paralelamente ao mundo real, há um mundo representado virtualmente — o denominado ciberespaço — com código e linguagem próprios, mas que se inter- relaciona — e muito — com o mundo real. Hoje, essa relação de interdependência entre os mundos real e virtual é tão forte que se torna difícil pensar na existência de um sem o outro. A administração pública também está cada vez mais imersa nesse mundo. Tanto que o uso da tecnologia tem permitido a expansão e a melhoria dos serviços oferecidos à sociedade e alterado a forma como o governo trabalha e se relaciona com o público. Inovação tecnológica, dados abertos e big data: um novo momento para o exercício do controle social. In: Revista do Tribunal de Contas da União, ano 46, n.º 131, set.–dez./2014, p. 9. Internet: <http://portal2.tcu.gov.br>(comadaptações). Considerando as ideias e as estruturas linguísticas do texto acima, julgue o item a seguir. Na linha 5, a alteração na posição do adjetivo “simples” em relação a “smartphone” — escrevendo-se smartphone simples — não prejudica a correção gramatical nem altera o sentido do texto. Certo Errado Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 39 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Comentários: Note que a mudança na posição do adjetivo altera o seu sentido, ainda que de uma forma sutil, ou seja, que não é tão perceptível, porém precisamos estar atentos. “Com os avanços das tecnologias informáticas, atividades como ir ao banco, assistir a filmes, fazer compras, acompanhar processos judiciais, estudar a distância e solicitar serviços passaram a ser realizadas até mesmoa partir de um simples smartphone” O trecho acima, quer dizer que, hoje, podemos fazer diversas coisas impensadas no passado apenas com um smartphone. Ao mudarmos a posição do adjetivo para: “... com um smartphone simples”, estaríamos dizendo que podemos fazer essas coisas com um smartphone barato ou de pouca tecnologia, quando não é esse o sentido original do texto. Gabarito: Errado 12) CESPE/Técnico/MPU/Apoio Técnico e Administrativo/Segurança Institucional e Transporte/2015 O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do Estado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada por processos que culminaram consolidando-o como instituição e ampliando sua área de atuação. No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição. Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordenações Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores de justiça, atribuindo-lhes o papel de fiscalizar a lei e de promover a acusação criminal. Existiam ainda o cargo de procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e o de procurador da Fazenda (defensor do fisco). Só no Império, em 1832, com o Código de Processo Penal do Império, iniciou- se a sistematização das ações do Ministério Público. Na República, o Decreto n.º 848/1890, ao criar e regulamentar a justiça federal, dispôs, em um capítulo, sobre a estrutura e as atribuições do Ministério Público no âmbito federal. Foi na área cível, com a Constituição Federal de 1988, que o Ministério Público adquiriu novas funções, com destaque para a sua atuação na tutela dos interesses difusos e coletivos. Isso deu evidência à instituição, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade brasileira. Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações). Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 40 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto, julgue o item que se segue. O adjetivo “lusitano” diz respeito a português, ou seja, originário de Portugal. Certo Errado Comentário: Perfeito. Alguns adjetivos substituem as locuções adjetivas, como vimos no quadro da página 8 (de abelha = apícola; de cão = canino e etc.). Gabarito: Certo 13) CESPE/AA/ICMBio/2014 De acordo com uma lista da International Union for the Conservation of Nature, o Brasil é o país com o maior número de espécies de aves ameaçadas de extinção, com um total de 123 espécies sofrendo risco real de desaparecer da natureza em um futuro não tão distante. A Mata Atlântica concentra cerca de 80% de todas as aves ameaçadas no país, fato que resulta de muitos anos de exploração e desmatamentos. Atualmente, restam apenas cerca de 10% da floresta original, não sendo homogênea essa proporção de floresta remanescente ao longo de toda a Mata Atlântica. A situação é mais séria na região Nordeste, especialmente nos estados de Alagoas e Pernambuco, onde a maior parte da floresta original foi substituída por plantações de cana-de- açúcar. É nessa região que ainda podem ser encontrados os últimos exemplares das aves mais raras em todo o país, como o criticamente ameaçado limpa-folha- do-nordeste (Philydor novaesi). Essa pequena ave de dezoito centímetros vive no estrato médio e dossel de florestas bem conservadas e ricas em bromélias, onde procura artrópodes dos quais se alimenta. Atualmente, as duas únicas localidades onde a espécie pode ser encontrada são a Estação Ecológica de Murici, em Alagoas, e a Serra do Urubu, em Pernambuco. Pedro F. Develey et al. O Brasil e suas aves. In: Scientific American Brasil, 2013 (com adaptações). Julgue o item seguinte, relativo às ideias e aos aspectos estruturais do texto acima. Nas sequências “toda a Mata Atlântica” e “todo o país”, os artigos definidos “a” e “o” são opcionais, podendo ser suprimidos sem que haja prejuízo à correção gramatical e à significação dos períodos de que fazem parte.. Certo Errado Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 41 de 101 www.exponencialconcursos.com.br Comentários: A supressão dos artigos “a” e “o” nos trechos acima indicados têm o mesmo efeito. Gramaticalmente, as orações continuam corretas, porém sofrem alteração no sentido. Quando se utiliza o artigo “a”, por exemplo, em “toda a mata atlântica”, a expressão tem sentido de a mata atlântica inteira. Por outro lado, quando omitimos o artigo a expressão quer dizer qualquer mata atlântica. Da mesma forma acontece com a expressão “todo o país” = o país inteiro, enquanto “todo país” = qualquer país. Gabarito: Errado 14) CESPE/Técnico Legislativo/Câmara dos Deputados/Agente de Polícia Legislativa/2014 A atividade policial pode ser verificada em quase todas as organizações políticas que conhecemos, desde as cidades-estado gregas até os Estados atuais. Entretanto, o seu sentido e a forma como é realizada têm variado ao longo do tempo. A ideia de polícia que temos hoje é produto de fatores estruturais e organizacionais que moldaram seu processo histórico de transformação. A palavra “polícia” deriva do termo grego polis, usado para descrever a constituição e organização da autoridade coletiva. Tem a mesma origem da palavra “política”, relativa ao exercício dessa autoridade coletiva. Assim, podemos perceber que a ideia de polícia está intimamente ligada à noção de política. Não há como dissocia-las. A atividade de polícia é, portanto, política, uma vez que diz respeito à forma como a autoridade coletiva exerce seu poder. Arthur T. M. Costa. Polícia, controle social e democracia. In: Arthur Trindade Maranhão Costa. Entre a lei e a ordem. Rio de Janeiro: FGV, 2004, p. 93. Internet: <www.necvu.ifcs.ufrj.br> (com adaptações). Considerando os sentidos e aspectos linguísticos do texto acima, julgue o item a seguir. A substituição de “cidades-estado” por cidades-estados não prejudicaria a correção gramatical do texto. Certo Errado Comentários: Esse é um caso em que é FACULTATIVA a pluralização apenas do primeiro ou dos dois termos. Curso: Português Teoria e Questões Comentadas Prof. Bruno Spencer - Aula 01 Prof. Bruno Spencer 42 de 101 www.exponencialconcursos.com.br • Pluraliza-se apenas o primeiro: substantivo + substantivo (quando o segundo qualifica ou restringe o sentido do primeiro) – ex. pombos-correio, peixes-boi, bolsas-família OBS – Neste caso, é facultativo o uso de plural nos dois termos, porém a primeira forma é a mais tradicional. Ex. pombos-correios, peixes-bois, bolsas-famílias Gabarito: Certo 15) CESPE/TJ/STF/Administrativa/"Sem Especialidade"/2013 Texto para o item Eu não sou capaz de me lembrar do cheiro que meu pai tinha quando eu era criança. As pessoas mudam de cheiro com a idade, assim como mudam de pele e de voz, e quando você fala da infância, é possível que associe a figura do seu pai com a figura do seu pai como é hoje. Então, quando me lembro dele me trazendo um triciclo de presente, ou mostrando como funcionava uma máquina de costura, ou pedindo que eu lesse algumas palavras escritas no jornal, ou conversando comigo sobre as coisas que se conversam com uma criança de três anos, sete anos, treze anos, quando me lembro de tudo isso, a imagem dele é a que tenho hoje, os cabelos, o rosto, meu pai bem mais magro e curvado e cansado do que em fotografias antigas que não vi mais que cinco vezes na vida. Quando me lembro do meu pai me proibindo de mudar de escola, a voz que ouço dele é a de hoje, e me pergunto se algo parecido acontece com ele: se a lembrança que ele tem de mim aos treze anos se confunde com a visão que ele tem de mim agora, depois de tudo o que ficou sabendo a meu respeito nessas quase três décadas, um acúmulo de fatos que apagam os tropeços do caminho