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INSPEÇÃO, PALPAÇÃO E AUSCULTA CARDÍACA NORMAL

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INSPEÇÃO, PALPAÇÃO E AUSCULTA CARDÍACA NORMAL 
ANATOMIA 
 ‐
 
 
 
estende‐ – – 
que serve de leito para o sangue. 
 – 
direita e esquerda – por um septo lon‐ 
 
ven‐ – aorta e 
pulmonar. 
 
 
 O coração é formado por 3 camadas: epicárdio, miocárdio e endocárdio. 
 O epicárdio ou pericárdio visceral tem uma superfície mesotelial e uma 
camada serosa de tecido conjuntivo, frequentemente infiltrada de gordura. As 
artérias coronárias, responsáveis pela irrigação do coração, caminham pelo 
epicárdio antes de chegar ao miocárdio. O pericárdio parietal é uma formação 
fibrosa, resistente e pouco elástica à distensão rápida, mas com capacidade de 
se distender lenta e gradualmente. Em condições fisiológicas, existem no 
interior da cavidade pericárdica cerca de 10 a 20 mL de líquido. 
 O miocárdio apresenta como principal componente as fibras musculares 
cardíacas, sustentadas por um esqueleto de tecido conjuntivo, no qual se 
insere a musculatura. A espessura da parede é proporcional ao trabalho 
executado pela câmara. 
Assim, como os ventrículos trabalham mais que os átrios, suas paredes são 
mais espessas. 
 O endocárdio, formado principalmente por uma camada endotelial, confere ao 
interior do coração um aspecto liso e brilhante. 
 Com relação à anatomia externa do coração, descreve-se a face 
esternocostal, a diafragmática ou inferodorsal, à esquerda, a porção apical ou 
ápice e a basal ou base do coração. 
A base do coração é formada pelos átrios, que se situam atrás e acima dos 
ventrículos. O átrio esquerdo é a estrutura mais posterior do coração, 
localizando-se à esquerda e atrás do átrio direito. O átrio direito situa-se à 
direita e um pouco mais anteriormente com relação ao esquerdo. As veias 
cavas e as pulmonares penetram no coração pela sua base. O átrio direito 
frequentemente esconde o tronco da aorta. 
 Os átrios e os ventrículos são separados pelo sulco atrioventricular, que é 
bem marcado posteriormente, mas, na face anterior, é interrompido pela aorta 
e pelo tronco da pulmonar. O ápice corresponde à ponta do coração e é 
constituído do ventrículo esquerdo, que mantém contato direto com o gradil 
costal no nível do Sº espaço intercostal esquerdo, na maioria das pessoas. 
 Esta particularidade anatômica é importante, pois, por meio da inspeção e da 
palpação do choque da ponta do ventrículo esquerdo, muitas conclusões 
clínicas podem ser tiradas, no que se refere a dilatação e/ou hipertrofia desta 
cavidade. 
 A face esternocostal é formada principalmente pelo ventrículo direito, que 
constitui a parte mais anterior do coração. Levando em consideração essa 
informação, é fácil compreender o motivo pelo qual o crescimento do ventrículo 
direito provoca abaulamento da face anterior do tórax, principalmente em 
crianças, nas quais o arcabouço torácico ainda não se tornou rígido. 
 A face esquerda do coração é formada pelo ventrículo esquerdo, o qual 
produz uma impressão na face mediai do pulmão esquerdo. 
 A face diafragmática ou inferodorsal, formada por ambos os ventrículos, 
repousa sobre o centro tendíneo do diafragma. 
 
 
 
 
CICLO CARDÍACO 
 O trabalho mecânico do coração utiliza 2 variáveis: volume de sangue e 
pressão. A contração das fibras miocárdicas determina elevação da pressão 
intracavitária; seu relaxamento, de modo inverso, induz queda pressórica. Em 
um dado momento do ciclo cardíaco, ocorre repouso elétrico e mecânico do 
coração. A partir daí, reconstituímos a sequência de fatos que o compõem, 
tomando como exemplo o lado esquerdo do coração. 
 Neste momento, fim da diástole, os folhetos da valva mitral estão 
semiabertos; entretanto, pouca ou nenhuma quantidade de sangue passa por 
eles. Isso se deve à pequena diferença pressórica entre o átrio e o ventrículo 
esquerdo - tal fase se denomina enchimento ventricular lento. 
 O nó sinusal emite um novo estímulo que vai excitar os átrios, cuja 
musculatura se contrairá a seguir. Como consequência da contração, haverá 
redução do volume interno do átrio esquerdo e elevação concomitante do nível 
pressórico dessa cavidade, que resultará na impulsão do sangue para o 
ventrículo esquerdo. Ressaltam-se os seguintes pontos: (1) a elevação da 
pressão atrial corresponde à onda A do atriograma; (2) as valvas 
atrioventriculares se afastam amplamente para possibilitar o afluxo de sangue 
para o ventrículo, mantendo- se semicerradas após; (3) a elevação da pressão 
atrial é seguida de aumento da pressão ventricular, a qual se denomina 
pressão diastólica final do ventrículo (Pd2 ou Pdf); ( 4) a participação da 
contração atrial no enchimento ventricular situa-se em torno de 20 a 30% do 
volume sanguíneo total. 
 O estímulo elétrico passa pela junção atrioventricular, distribui- se pelo feixe 
de His e pela rede de Purkinje, passando a excitar a musculatura ventricular. 
Devidamente despolarizada, esta se contrai e eleva a pressão ventricular até 
alcançar e ultrapassar o nível pressórico intra-atrial, que, por sua vez, começa 
a decrescer. Neste momento, ocorre o fechamento dos folhetos da valva mitral, 
constituindo este fenômeno o principal componente da primeira bulha cardíaca. 
A pressão ventricular elevada impulsiona para cima a face ventricular da valva 
mitral, provocando um transitório aumento da pressão dentro do átrio esquerdo 
que se traduz graficamente pela onda C do atriograma. Em seguida, prossegue 
o relaxamento muscular do átrio, acompanhado, obviamente, de queda da 
pressão dentro dessa cavidade. Este momento corresponde ao colapso X da 
curva atrial. A crescente tensão da parede ventricular produz elevação da 
pressão intraventricular. O ventrículo acaba por se constituir em uma cavidade 
fechada, pois as valvas mitral e aórtica estarão momentânea e 
concomitantemente cerradas. Tal fase é chamada contração isovolumétrica. 
 Quando a pressão intraventricular supera a pressão intra-aórtica, abrem-se as 
valvas sigmoides aórticas, iniciando- se a ejeção. A ejeção ventricular se divide 
em 3 fases: rápida, lenta e protodiástole de Wiggers. 
 Nesta fase do ciclo cardíaco, devem ser realçados os seguintes eventos: (1) a 
ampla comunicação entre ventrículo esquerdo e aorta causa um gradiente de 
pressão em torno de 5 mmHg, nível suficiente para manter a ejeção sanguínea; 
(2) a constituição elástica da aorta é própria para receber sangue sob grande 
impacto pressórico; (3) a velocidade de ejeção ventricular é maior que a saída 
de sangue do sistema capilar para as vênulas. 
 Daí resulta dilatação da raiz da aorta, acompanhada de estimulação dos 
pressorreceptores localizados nas paredes deste vaso. Por ação dos centros 
bulbares, aos quais chegaram os estímulos captados pelos barorreceptores, 
será instalada uma vasodilatação periférica que, por sua vez, vai facilitar a 
saída de um volume de sangue igual ao que aflui à aorta; (4) a queda da 
pressão intraventricular para nível inferior ao da aorta propicia o fechamento 
das sigmoides aórticas, que vai se constituir no primeiro componente da 2a 
bulha cardíaca. 
 Neste momento, finda a fase sistólica do ciclo cardíaco. O período de 
relaxamento isovolumétrico tem início com a 2ª bulha e se acompanha de 
decréscimo da pressão intraventricular. Durante a diástole ventricular, o afluxo 
de sangue para o átrio esquerdo procedentedos pulmões, associado à 
recuperação do tônus do miocárdio atrial, resulta na elevação passiva da 
pressão intra-atrial. Esse fenômeno corresponde ao ramo ascendente da onda 
V da curva atrial. 
 A ocorrência de queda da pressão intraventricular ao mesmo tempo em que 
ocorre elevação da pressão atrial favorece a abertura da valva mitral (pico 
máximo da onda V), iniciando o esvaziamento do átrio esquerdo. 
 Merecem destaque os seguintes fatos: (1) durante o enchimento ventricular, o 
relaxamento dessa cavidade continua a se processar até que o tônus do 
miocárdio volte ao normal e passe a oferecer resistência a novo aporte 
sanguíneo; (2) a saída de grande volume sanguíneo do átrio esquerdo para o 
ventrículo esquerdo determina um declínio da pressão atrial responsável pelo 
colapso Y da curva atrial; (3) a mais baixa pressão intraventricular durante a 
diástole é chamada pressão diastólica inicial (Pdl ou Pdi). 
 Os folhetos da valva mitral, amplamente abertos durante a fase de 
enchimento ventricular rápido, colocam-se em posição semiaberta no fim dessa 
fase, devido à pequena diferença de pressão entre o átrio e o ventrículo 
esquerdos. Este pequeno gradiente de pressão reduz de modo significativo o 
afluxo sanguíneo. É a fase de enchimento ventricular reduzido. A fase 
diastólica termina com o período de contração atrial. 
 Neste momento, o coração volta a ficar momentaneamente em repouso 
elétrico e mecânico, até que um novo estímulo provocado pelo nó sinusal 
reinicie a sequência de fenômenos que constituem o ciclo cardíaco. 
 
 
INSPEÇÃO E PALPAÇÃO 
 Realizam-se a inspeção e a palpação simultaneamente porque os achados 
semióticos tornam-se mais significativos quando analisados em conjunto. Os 
seguintes parâmetros devem ser sistematicamente analisados: pesquisa de 
abaulamento, análise do ictus cordis ou choque da ponta, análise de 
batimentos ou movimentos visíveis ou palpáveis e pesquisa de frêmito 
cardiovascular. 
Abaulamento: Para facilitar o reconhecimento de abaulamento, a observação 
da região precordial deve ser feita em 2 incidências: tangencial, com o 
examinador de pé do lado direito do paciente, e frontal, o examinador fica junto 
aos pés do paciente, que permanece deitado. Abaulamento desta região pode 
indicar a ocorrência de aneurisma da aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico 
e alterações da própria caixa torácica. 
lctus cordis: O ictus cordis, ou choque da ponta, é estudado pela inspeção e 
palpação, investigando-se localização, extensão, mobilidade, intensidade e tipo 
da impulsão, ritmo e frequência. 
 A localização do ictus cordis varia de acordo com o biótipo do paciente. 
 Nos mediolíneos, situa-se no cruzamento da linha hemiclavicular esquerda 
com o espaço intercostal; nos brevilíneos, desloca-se aproximadamente 2 em 
para fora e para cima, situando-se no 4g espaço intercostal; nos longilíneos, 
costuma estar no espaço, 1 ou 2 em para dentro da linha hemiclavicular. 
 Nos portadores de enfisema pulmonar ou quando há obesidade, musculatura 
muito desenvolvida ou grandes mamas, o ictus cordis pode tornar-se invisível e 
impalpável. O deslocamento do ictus cordis indica dilatação e/ ou hipertrofia do 
ventrículo esquerdo, como ocorre na estenose aórtica, insuficiência aórtica, 
insuficiência mitral, hipertensão arterial, miocardiosclerose, miocardiopatias e 
algumas cardiopatias congênitas. 
 Cumpre assinalar que a hipertrofia do ventrículo direito pouco ou nada 
repercute sobre o ictus cordis, pois esta cavidade não participa da ponta do 
coração. 
Avalia-se a extensão do ictus cordis procurando-se determinar quantas polpas 
digitais são necessárias para cobri-lo. Em condições normais, corresponde a 1 
ou 2 polpas digitais. Nos casos de hipertrofia ventricular, são necessárias 3 
polpas ou mais. Quando há grande dilatação e hipertrofia, o ictus cordis pode 
chegar a abarcar toda a palma da mão. 
 Determina-se a mobilidade do ictus cordis da seguinte maneira: 
primeiramente, marca-se o local do choque com o paciente em decúbito dorsal. 
A seguir, o paciente adota os decúbitos laterais (direito e esquerdo), e o 
examinador marca o local do ictus nessas posições. Em condições normais, o 
choque da ponta desloca-se 1 a 2 em com as mudanças de posição; se houver 
sínfise pericárdica, isto é, se os folhetos do pericárdio estiverem aderidos entre 
si e com as estruturas vizinhas, o ictus não se desloca. 
 A intensidade do ictus cordis é avaliada mais pela palpação do que pela 
inspeção. Para fazê-la corretamente, repousa-se a palma da mão sobre a 
região dos batimentos. 
 Mesmo em pessoas normais, sua intensidade varia dentro de certos limites, 
sendo mais forte em pessoas magras ou após exercício, emoções e em todas 
as situações que provocam o aumento da atividade cardíaca (hipertireoidismo, 
exercício e eretismo cardíaco). No entanto, é na hipertrofia ventricular esquerda 
que se constatam os choques de ponta mais vigorosos. Quando a hipertrofia 
ventricular esquerda é consequência da insuficiência aórtica, encontra-se ictus 
cordis de grande intensidade. 
 Na linguagem semiológica, ficaram consagradas algumas denominações mais 
abrangentes e muito significativas. Assim, fala-se em ictus cordis difuso quando 
sua área corresponde a 3 ou mais polpas digitais; e ictus cordis propulsivo, 
quando a mão que o palpa é levantada a cada contração, a primeira indicando 
dilatação e a segunda, hipertrofia. 
Batimentos ou movimentos: Além do ictus cordis, podem ser encontrados no 
precórdio e áreas vizinhas outros batimentos visíveis ou palpáveis, ou seja, 
retração sistólica, levantamento em massa do precórdio, choques valvares, 
cliques, pulsação epigástrica e pulsação supraesternal. 
 A retração sistólica apical aparece em casos de hipertrofia direita. Durante a 
sístole, em vez de um impulso, o que se percebe é uma retração. O 
levantamento em massa do precórdio, também denominado impulsão sistólica, 
ocorre na hipertrofia do ventrículo direito e é percebido como um impulso 
sistólico que movimenta uma área relativamente grande da parede torácica nas 
proximidades do esterno. 
 Quando as bulhas cardíacas se tornam hiperfonéticas, podem ser sentidas 
pela mão como um choque de curta duração. A este fenômeno, denomina-se 
choque valvar. Isso também ocorre com os cliques de maior intensidade, que 
também chegam a ser palpáveis. 
 Pulsações epigástricas são vistas e palpadas em muitas pessoas e nada mais 
são do que a transmissão à parede abdominal das pulsações da aorta. 
Todavia, podem denunciar hipertrofia ventricular direita. Neste caso, as 
pulsações são mais intensas no nível do ângulo xifoesternal, em que se 
consegue inclusive perceber as contrações de ventrículo hipertrofiado. Para 
isso, a palma da mão do examinador deve pressionar para cima a parte 
superior da região epigástrica. 
 Outra causa de pulsação epigástrica é o pulso hepático, que pode ser em 
razão de estenose tricúspide (neste caso, a pulsação é pré-sistólica) ou de 
insuficiência tricúspide, quando então a pulsação é sistólica. 
 Pulsação supraesternal ou na fúrcula esternal pode ser observada em 
pessoas normais e depende das pulsações da crossa da aorta. Quando muito 
intensas, levantam a suspeita de hipertensão arterial, esclerose senil da aorta, 
aneurisma da aorta ou síndrome hipercinética (insuficiência aórtica, 
hipertireoidismo, anemia). 
Frêmito cardiovascular: Frêmito cardiovascular é a designação aplicada à 
sensação tátil determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos. 
É habitual compará-lo ao que se sente quando se palpa o pescoço de um gato 
que ronrona, de que proveio a denominação de frêmito catário. Ao encontrar- 
se um frêmito, 3 características precisam ser investigadas: localização, usando-
se como referência as áreas de ausculta; situação no ciclo cardíaco, 
diferenciando-se, então, pela coincidência ou não com o ictus cordisou o pulso 
carotídeo, os frêmitos sistólico, diastólico e sistodiastólico; e intensidade, 
avaliada em cruzes (+ a++++). Os frêmitos correspondem aos sopros e a sua 
ocorrência tem grande importância no raciocínio clínico. 
 
AUSCULTA 
 A ausculta do coração continua sendo um recurso indispensável para o 
diagnóstico das enfermidades cardíacas, mesmo quando se dispõe de todos os 
métodos complementares existentes. 
Focos ou áreas de ausculta: A demarcação de focos ou áreas de ausculta 
não significa que o examinador colocará o receptor do estetoscópio apenas 
nesses locais. Em uma ausculta cardíaca correta, todo o precórdio e as regiões 
circunvizinhas, incluindo a região axilar esquerda, o dorso e o pescoço, 
precisam ser auscultados. Os clássicos focos servem como pontos de 
referência porque, nas regiões correspondentes a eles, encontram -se as 
informações mais pertinentes às respectivas valvas. 
 Não se esqueça também de que os focos de ausculta não correspondem às 
localizações anatômicas das valvas que lhes emprestam o nome. 
 A projeção das valvas e dos anéis orovalvares concentra-se na região 
correspondente à metade inferior do esterno, enquanto os focos ou áreas de 
ausculta localizam-se nas seguintes regiões: 
 O foco ou área mitral situa-se no 5° espaço intercostal esquerdo na linha 
hemiclavicular e corresponde ao ictus cordis ou ponta do coração. Cumpre 
salientar, todavia, que, nos pacientes com cardiomegalia acentuada, este foco 
desloca-se lateralmente na direção da linha axilar anterior. Por isso, antes de 
começar a ausculta do coração, é indispensável localizar o ictus cordis, pois, 
nesta área, melhor serão percebidos os fenômenos estetoacústicos - 
alterações de bulhas, estalidos, sopros originados em uma valva mitral 
estenótica e/ou insuficiente. 
 O foco ou área pulmonar localiza-se no 2º espaço intercostal esquerdo, 
junto ao esterno. É neste foco em que se têm as condições ideais para a 
análise dos desdobramentos – fisiológico ou patológico - da 2a bulha pulmonar. 
Cumpre notar que os fenômenos acústicos originados nas valvas pulmonares, 
normais ou lesadas, são audíveis apenas nesta área, pouco ou nada se 
irradiando para os demais focos. 
 O foco ou área aórtica situa-se no 2° espaço intercostal direito, justaesternal. 
No entanto, deve-se estar consciente de que, muitas vezes, o melhor local para 
perceber os fenômenos acústicos de origem aórtica é a área compreendida 
entre o 3° e o 4º espaço intercostal esquerdo, nas proximidades do esterno, à 
qual se dá a denominação de foco aórtico acessório. 
 
 
 O foco ou área tricúspide corresponde à base do apêndice xifoide, 
ligeiramente para a esquerda. Os fenômenos acústicos originados na valva 
tricúspide - principalmente o sopro sistólico indicativo de insuficiência desta 
valva – costumam ser mais percebidos nas proximidades da área mitral. Por 
isso, como se verá mais adiante, é indispensável auscultar o coração durante a 
inspiração profunda, com o que se obtém intensificação do sopro se ele for de 
origem tricúspide. 
 Fazem parte da rotina de ausculta do coração outras áreas no precórdio e nas 
adjacências, dentre as quais se destacam as seguintes: 
• B à entre a área 
pulmonar e a tricúspide; 
• B 511 intercostal 
direito, justaesternal; 
• tricúspide, o foco 
mitral e o aórtico acessório; 
• R õ es, direita e esquerda; 
• R õ caracterização do 
sopro de estenose aórtica cuja irradiação segue a direção do fluxo sanguíneo 
ejetado pelo ventrículo esquerdo; 
• R õ te a região 
interescapulovertebral esquerda, em que melhor se ausculta, com frequência, o 
sopro da persistência do canal arterial. 
 
SEMIOTÉCNICA DA AUSCULTA 
 A posição padrão é o decúbito dorsal com a cabeça apoiada em um pequeno 
travesseiro, com o tórax completamente descoberto. O médico fica do lado 
direito, de pé ou sentado, conforme a altura da cama ou da mesa de exame. 
 Outra posição de rotina é com o paciente de pé ou sentado na beira do leito 
ou em uma cadeira, com o tórax ligeiramente inclinado para frente. O 
examinador põe-se de pé do lado direito do doente. Esta última posição é mais 
propícia para a ausculta dos fenômenos estetoacústicos originados na base do 
coração. 
 Uma terceira posição é a do paciente deitado em decúbito lateral esquerdo 
com a mão esquerda na cabeça (desse modo, evita-se que o braço fique 
acolado ao tórax, impedindo livre acesso ao precórdio). O médico continua de 
pé do lado direito. Esta posição é mais adequada para auscultar os fenômenos 
da área mitral. Assim, algumas vezes, a 3ª bulha é mais audível em decúbito 
lateral esquerdo. Fato corriqueiro, também, é a melhor audibilidade do sopro 
diastólico da estenose mitral nesta posição. 
 
BULHAS CARDÍACAS 
Primeira bulha (B1): O principal elemento na formação da 1ª bulha cardíaca é 
o fechamento das valvas mitral e tricúspide, o componente mitral (M) 
antecedendo o tricúspide (T), pelas razões analisadas ao se estudar o ciclo 
cardíaco. 
 A 1 ª bulha cardíaca (B1) coincide com o ictus cordis e com o pulso carotídeo. 
É de timbre mais grave e seu tempo de duração é um pouco maior que o da 2a 
bulha. Para representá-la, usamos a expressão onomatopaica "TUM". 
 Em condições normais, a 1 a bulha tem maior intensidade no foco mitral, no 
qual costuma ser mais forte que a 2a bulha. Em metade das pessoas normais, 
percebem-se separadamente os componentes mitral e tricúspide, fenômeno 
não relacionado com a respiração e sem significado patológico. 
Segunda bulha (B2): A 2a bulha (B2) é constituída de 4 grupos de vibrações; 
mas somente são audíveis as originadas pelo fechamento das valvas aórtica e 
pulmonar. 
 Ouve-se o componente aórtico em toda a região precordial, enquanto o ruído 
originado na pulmonar é auscultado em uma área limitada, correspondente ao 
foco pulmonar e à borda estemal esquerda. Por isso, no foco aórtico e na ponta 
do coração, a 2ª bulha é sempre única pelo simples fato de se auscultar nestes 
focos somente o componente aórtico. Em condições normais, o componente 
aórtico precede o pulmonar. 
 Durante a expiração, ambas as valvas se fecham sincronicamente, dando 
origem a um ruído único. Na inspiração, principalmente porque a sístole do 
ventrículo direito se prolonga ligeiramente em função do maior afluxo 
sanguíneo a este lado do coração, o componente pulmonar sofre um retardo 
que é suficiente para perceber, nitidamente, os 2 componentes. A este fato, se 
chama desdobramento fisiológico da 2ª bulha cardíaca. 
 A 2a bulha vem depois do pequeno silêncio, seu timbre é mais agudo, soa de 
maneira mais seca, de tal modo que a designamos pela expressão TA. 
Quando a bulha está desdobrada, seu ruído corresponde à expressão "TLA''. O 
grau de desdobramento varia de indivíduo para indivíduo e é observado em 
quase todas as crianças. 
 Em condições normais, a 2a bulha é mais intensa nos focos da base (aórtico 
e pulmonar). Explica-se tal fato pela maior proximidade da parede torácica das 
estruturas em que se originam esses sons. 
 Nas crianças, a 2a bulha tem maior intensidade no foco pulmonar. Em adultos 
e pessoas idosas, observa-se o contrário, isto é, a 2a bulha é mais intensa no 
foco aórtico. 
 Para o reconhecimento da 2ª bulha, deve-se estar atento ao fato de ela 
ocorrer depois do pequeno silêncio, ser de timbre mais agudo e ressoar de 
maneira mais seca. Essas características tornam possível compará-la ao som 
produzido quando se pronuncia a expressão "TA". 
Terceira bulha (B3): A 3ª bulha é um ruído protodiastólico de baixa frequência 
que se origina das vibrações da parede ventricular subitamentedistendida pela 
corrente sanguínea que penetra na cavidade durante o enchimento ventricular 
rápido. 
 Ausculta-se uma 3ª bulha cardíaca normal com mais frequência nas crianças 
e nos adultos jovens. É mais audível na área mitral, com o paciente em 
decúbito lateral esquerdo; o receptor mais apropriado é o de campânula, isto 
porque esta bulha é um ruído de baixa frequência. 
Quarta bulha (B4): A 4a bulha é um ruído débil que ocorre no fim da diástole 
ou pré-sístole e pode ser ouvida mais raramente em condições normais nas 
crianças e nos adultos jovens. 
 A gênese da 4a bulha não está completamente esclarecida. Atualmente, 
admite-se que esta bulha seja originada pela brusca desaceleração do fluxo 
sanguíneo mobilizado pela contração atrial de encontro à massa sanguínea 
existente no interior do ventrículo, no final da diástole.