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INSTITUTO ENSINAR BRASIL FACULDADES UNIFICADAS DE LEOPOLDINA ACADÊMICOS DO OITAVO PERÍODO UNIDADE DOCTUM LEOPOLDINA TRABALHO DE DIREITO TRIBUTÁRIO I LEOPOLDINA - MG 2021 INSTITUTO ENSINAR BRASIL FACULDADES UNIFICADAS DE LEOPOLDINA ACADÊMICOS DO OITAVO PERÍODO UNIDADE DOCTUM LEOPOLDINA TRABALHO DE DIREITO TRIBUTÁRIO I Trabalho apresentado ao Curso de Direito das Faculdades Unificadas de Leopoldina, exigido em Direito Tributário I, para obtenção de notas na primeira etapa de avaliação. Professor orientador: Joadir de Souza Junior LEOPOLDINA – MG 2021 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS CAPÍTULO III – PRINCÍPIOS TRIBUTARIOS Os Diversos Tipos De Normas: Princípios, Regras E Normas De Colisão De acordo com a sua estrutura normativa, as normas jurídicas podem ser definidas como regras ou princípios. São regras quando constituem simples normas de conduta, proibindo ou determinando algo concreto. Caso haja divergência de regra, constata-se a validade de cada qual e a sua aplicabilidade ao caso pelos critérios cronológicos. Os princípios referem valores a serem promovidos, estabelecendo a identificação da conduta adequada a cada caso concreto, em conformidade à circunstância. Havendo contrariedade de princípios, se faz necessário desenvolver soluções para os diferentes valores contrários, precedendo aquele que tenha mais força em face das circunstâncias específicas sob apreciação e cujo afastamento seria aceitável perante o sistema como um todo. As regras são qualificadas como razões definitivas, prescrições que obrigam certas condutas. Já os princípios são razões prima facie, prescrições de otimização. Existem também as normas de particularidades específicas, que podem ser destacadas das demais e que familiarizam com os princípios ou normas de colisão. Essas são as que orientam o aplicador do direito quando da análise das normas-regra e das normas- princípio inerentes ao caso, capacitando-o a averiguar sua consistência normativa, sua validade e sua aplicabilidade. A Relação Entre Os Princípios E As Limitações Constitucionais Ao Poder de Tributar Costuma-se tomar as limitações constitucionais ao poder de tributar como princípios constitucionais tributários, mas esse critério não é tecnicamente correto. De outro lado, há princípios que não constam expressamente do art.150, como o da segurança jurídica em matéria tributária, o qual tem de ser construído por dedução do princípio do Estado de direito e por indução a partir das regras de legalidade, de irretroatividade e de anterioridade, bem como, dentre outros elementos, das referências à decadência e à prescrição. Ainda neste viés, chama-se atenção para o fato de que Outros princípios não constam do art. 150, mas têm suporte expresso em outro dispositivo, cita- se, por exemplo, princípio da capacidade contributiva, estampado no art. 145, § 1º, CF/88. Princípios Gerais De Direito Tributário Pode-se dizer que os princípios seriam os fundamentos sob os quais o edifício está alicerçado e sem os quais o mesmo desmorona, o barco perde o rumo e o Estado se torna arbitrário. Os princípios não descrevem condutas, são normas imediatamente finalísticas e por possuir tal característica o grau de abstração dos princípios é grande. Os princípios tributários apenas determinam um norte, uma orientação aos intérpretes e aplicadores do Direito. Os princípios do Direito Tributário são muito importantes em alguns aspectos, tais como: equilibrar interesses do Estado e do cidadão e garantir o que prevê a Constituição Federal. Em outras palavras, os princípios do Direito Tributário devem conduzir a relação jurídica para que a Constituição esteja direcionando cada decisão dos sujeitos, sejam elas decisões do Fisco ou as dos contribuintes. Pode-se citar os seguintes princípios gerais de Direito Tributário: princípios da capacidade contributiva; da capacidade de colaboração; da isonomia; da segurança jurídica e da praticabilidade da tributação. Princípio Da Capacidade Contributiva O princípio da capacidade contributiva é um conceito econômico e de justiça social na busca de um ideal de justiça no âmbito do Direito Tributário. Trata-se de um desdobramento do Princípio da Igualdade, buscando uma sociedade justa, igualitária, impondo maiores impostos sobre os mais ricos. É por meio da capacidade que o indivíduo tem de pagar os tributos que o Estado definirá quanto, de fato, ele deverá pagar. Tal princípio serve para coibir discriminações arbitrárias por meio do governo. O princípio da capacidade contributiva está vinculado ao princípio de igualdade através de um plano horizontal e um plano vertical. A capacidade contributiva horizontal impõe que indivíduos com a mesma capacidade contributiva deverão contribuir da mesma forma. Por outro lado, a capacidade contributiva vertical define que indivíduos que possuem capacidade contributiva diferente paguem tributos diferentes. O que se conclui é que na capacidade contributiva horizontal, a contribuição é igual para os iguais, enquanto na capacidade vertical, a contribuição é desigual para os desiguais. A ideia do princípio da capacidade contributiva é diminuir essas desigualdades, fazendo com que os indivíduos com capacidade contributiva maior contribuam de forma diversa em relação aos indivíduos que possuem renda menor. Cabe destacar também os chamados pela doutrina de “impostos indiretos”. É uma categoria de imposto dentro dos previstos na Constituição Federal que comportam a transferência dos encargos financeiros. No Direito Tributário Brasileiro, os impostos que comportam a citada transferência são o Imposto sobre Produtos Industrializados e o Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços. O que ocorre nessa modalidade é que o produtor ou vendedor da mercadoria introduz no valor da mercadoria o imposto que seria devido por ele. Acontece que todos os participantes desse ciclo de industrialização ou circulação da mercadoria impõem a compra da mercadoria no valor do mercado junto ao valor do imposto devido, tal valor que aumenta até a chegada da mercadoria ao consumidor, visto que ao adquirir a mercadoria ou serviço, paga o valor do bem junto aos impostos, mais todos os impostos devidos pelos produtores. Na tentativa de diminuir os efeitos das transferências do ônus tributário que desrespeita o princípio da capacidade contributiva, o legislador impôs a Observância ao Princípio da Seletividade, que determina que a tributação seja inversamente proporcional à essencialidade do produto que onera. Trata de uma tentativa de aplicar o Princípio da Capacidade Contributiva nos impostos indiretos. A Constituição de 1988 expressa o princípio da capacidade contributiva em seu art. 145, § 1º, que dispõe: Art. 145, §1º§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Princípio Da Capacidade Colaborativa Propõe-se, inicialmente, no referido item, segundo argumentação desenvolvida previamente, o princípio da capacidade colaborativa – desdobramento do dever de colaboração, critério para a validação constitucional das obrigações acessórias e de terceiros, constituindo-se requisito para a instituição de obrigações de colaboração, sendo, sobretudo, necessária sua viabilidade – decorre do princípio da capacidade colaborativa que o Estado exija das pessoas que colaborem sem quetenham desvio ou demasiado ônus ou restrições às suas liberdades – não se pode exigir de quem não tem aptidão, de quem não tem possibilidade. O princípio é decorrente da especial relação que qualquer pessoa mantenha com os fatos geradores ou com os contribuintes, devendo habilitá-la: i. a emitir documentos ou prover informação útil para a fiscalização tributária; ii. a efetuar retenções e repasses que assegurem a arrecadação; iii. a adotar cautelas que inibam ou impeçam a sonegação. Terceiros, que de algum modo se relacionam com os contribuintes, testemunhando ou mesmo participando da realização dos fatos geradores, também poderão ter evidenciada sua capacidade de colaboração com a administração tributária. O art. 128 do CTN, sobre a exigência de capacidade de colaboração, adverte: “vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação” -. As pessoas que dispuserem de informações valiosas para a fiscalização tributária podem ser obrigadas a prestá-las ao Fisco (por exemplo, operadoras de cartão de crédito, conselhos de fiscalização profissional). Ao disporem sobre a responsabilidade de terceiros, os arts. 134 e 135 do CTN sempre a estabelecem em face do vínculo desses terceiros com o contribuinte, pressupondo até mesmo certa ascendência relativamente ao mesmo, de modo que tenham como colaborar para evitar o descumprimento da obrigação pelo contribuinte. Por fim, ao dizer da prestação de informações à autoridade administrativa, o art. 197 do CTN, refere as “informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros”. Efetivamente, deve estar ao alcance do sujeito passivo da obrigação acessória prestar a colaboração que dele se exige - por maior que seja a capacidade colaborativa de uma pessoa, não pode ser exigida colaboração exagerada consubstanciada em obrigações múltiplas, complexas e sobrepostas, não podendo pressupor recursos materiais e humanos demasiadamente onerosos. Princípio Da Segurança Jurídica Em Matéria Tributária O preâmbulo da Constituição da República Federativa do Brasil, formado por um Estado democrático, tem como valor supremo, dentre outros, a segurança, que se caracteriza pela qualidade daquilo que está livre de risco, perigo, sendo aquilo que garante certeza, ou que se pode ter confiança, convicção. O Estado de Direito traz uma referência de segurança, sendo que se revela com detalhamento em diversos dispositivos Constitucionais que visam proteger, garantir, prover a certeza e confiança às pessoas de que possuem arbítrio. O princípio da segurança jurídica constitui um subprincípio do princípio do estado de direito (sendo um subprincípio porque se extrai do princípio do Estado de direito e o promove), e um sobreprincípio relativamente a princípios decorrentes que se prestam à propositura de normas que possam garantir a efetivação da segurança (sobreprincípio porque dele derivam outros valores a serem promovidos na linha de desdobramento da sua concretização). Pode-se afirmar: “O princípio da segurança jurídica demanda que o Direito seja compreensível, confiável e calculável o que só ocorre quando o indivíduo conhece e compreende o conteúdo do Direito, quando tem assegurados no presente os direitos que conquistou no passado e quando pode razoavelmente calcular as consequências que serão aplicadas no futuro relativamente aos atos que praticar no presente”. A identificação dos diversos conteúdos normativos deste mesmo princípio, orientam a sua aplicação. Sendo eles: A certeza do direito (legalidade, irretroatividade, anterioridade); Em relação ao conteúdo da certeza do direito, se trata do conhecimento vigente e aplicável aos casos, sendo que as pessoas desta forma podem orientar suas condutas conforme os efeitos jurídicos estabelecidos, buscando determinado resultado jurídico, ou evitando consequência indesejada. Quando são compreendidas as garantias do artigo 150, I (legalidade restrita); 150, III a (irretroatividade), b (anterioridade de exercício) e c (anterioridade nonagesimal mínima), e 195 §6° (anterioridade nonagesimal das contribuições de seguridade social), como dispositivos realizadores da certeza do direito, em relação com a instituição e majoração de tributos, permite-se que se perceba mais adequadamente o alcance de cada uma e o acréscimo de proteção que representam relativamente às garantias gerais da legalidade relativa (art. 5°, II, da CF), do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada (art 5°, XXXVIII, da CF). Intangibilidade das posições jurídicas consolidadas (proteção ao direito adquirido e ao ato jurídico perfeito); O conteúdo da intangibilidade das posições jurídicas pode ser entendido, no que diz respeito à consideração da formalização de um parcelamento de dívida tributária como ato jurídico perfeito, de modo a vincular o contribuinte e o tributante, gerando todos os efeitos previstos nas normas gerais de direito tributário, como a suspensão da exigibilidade do crédito tributário (art. 151, VI, do CTN) e o consequente direito a certidões negativas de débito (art. 206 do CTN). Se tratando das isenções onerosas, cumpridas e condições, surge para o contribuinte direito adquirido ao gozo do benefício pelo prazo previsto em lei, restando impedida a revogação ou modificação da isenção a qualquer tempo quando concedida por prazo certo e em função de determinadas condições (art. 178 do CTN). Nesses casos, inclusive é aplicável a garantia estampada no artigo 5°, XXXVI, da CF. Estabilidade das situações jurídicas (decadência, prescrição extintiva e aquisitiva e aquisitiva); Evidencia-se nos artigos 150, §4°; 173, e 174 do CTN, sendo que estabelecem prazos decadenciais e prescricionais, ambos quinquenais. Também há a garantia de estabilidade presente no artigo 168 do CTN, em concordância com o artigo 3° da LC 118/04, que estabelece prazo quinquenal, contra o contribuinte, que deve exercer seu direito ao ressarcimento do indébito tributário ou pleitear a repetição dentro de tal prazo. Confiança no tráfego jurídico (clausula geral da boa-fé, teoria da aparência, princípio da confiança), O conteúdo de proteção à confiança do contribuinte, se firma como por exemplo no artigo 100 do CTN, onde é estabelecido que a observância das normas complementares das leis e dos decretos, excluem a imposição de penalidades e a cobrança de juros de mora, inclusive a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. O artigo 146 do CTN, igualmente, resguarda a confiança do contribuinte. Mesmo a título de boa-fé, tem-se, ainda, a proteção do contribuinte em casos de circulação de bens importados sem o pagamento dos tributos devidos. Nesses casos, é assegurada a confiança no tráfego jurídico. Devido processo legal (direito à ampla defesa inclusive no processo administrativo, direito de acesso ao judiciário e garantias específicas como o mandado de segurança). É notado dentro de uma ampla gama de instrumentos processuais, que são colocados à disposição do contribuinte para o questionamento de créditos tributários, tanto na esfera administrativa, como na esfera judicial. Tratando-se de acesso à jurisdição, remédios e garantias processuais, é importante considerar que tem plena aplicação também em matéria tributária, dentre outros, os incisos XXXV, LIV, LV, LVI, LXIX e LXX do art. 5° da Constituição. Desta forma se evidencia a segurança jurídica enquanto devido processo legal e, mais particularmente, enquanto acesso à jurisdição. Desta forma, fica claro como o conteúdo normativo do princípio da segurança é projetado na matéria tributária. O STF reconhece que há uma necessidade de se preservar a segurança jurídica, bem como na hipótese de alteração jurisprudencial. Foi considerado que o STJ entendia que o prazo para a repetição do indébito contava dadata da declaração de inconstitucionalidade da exação no controle concentrado, ou da Resolução do Senado Federal, no controle difuso. Frisou que ao alterar sua jurisprudência de forma inesperada para tomar como inicial o recolhimento indevido, gerou uma violação “ao princípio da segurança jurídica e aos postulados da lealdade, da boa-fé e da confiança legítima, sobre os quais se assenta o próprio Estado Democrático de Direito”. Desta forma, não permitiu a aplicação do novel entendimento aos processos em curso. Princípio Da Igualdade Tributária Primeiramente, cabe ressaltar que o princípio da igualdade se encontra em todas as esferas do direito, tendo como base o caput do Art. 5º da nossa CF/88, onde este menciona que todos são iguais perante a Lei, sem qualquer tipo de distinção. Partindo dessa premissa, é notório que a aplicação de tal Princípio também se faz necessário dentro do Direito Tributário, a fim de que o tratamento desigual entre contribuintes em situações semelhantes seja extinto. Posto isso, como sabemos, o tributo tem o poder de interferir drasticamente na renda dos contribuintes supracitados e, sendo assim, a equidade na cobrança do mesmo se faz mais uma vez necessária, no momento em que uma cobrança desigual dentre os mesmos pode gerar lucros diferentes para estes. Diante do exposto, podemos observar a relevância da existência e aplicabilidade deste princípio, gerando para os contribuintes uma segurança jurídica. Ademais, a máxima que diz que o justo seria “tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades” faz um grande sentido quando nós tratamos do Princípio da Igualdade no âmbito Tributário, onde os contribuintes em funções semelhantes serão tributados de maneiras igualitárias, e os que possuem um lucro maior ou menor, receberão uma cobrança de acordo com sua capacidade. A respeito do tema em análise, podemos trazer o entendimento de Celso Antônio Bandeira de Mello, onde o mesmo destacou a importância deste princípio e a necessidade do mesmo ser observado tanto pelo legislador quanto pelos aplicadores da Lei. O jurista ressaltou que para aqueles que têm o dever de criar leis, deverão estar sempre em observância a equidade que será causada durante sua aplicabilidade, por outro lado, aqueles que irão, futuramente, aplicá- las, deverão também observar se, na prática, tal equidade está existindo. Aprofundando a respeito do Princípio da Igualdade no âmbito tributário, podemos observar expressamente no texto da Constituição Federal de 1988 em seu art. 150, II, onde determina-se que é vedado aos entes federativos da República a instituição de tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Em outras palavras, o princípio da igualdade tributária determina que o legislador é proibido de instituir tratamento desigual entre indivíduos que se encontrem em situação de equivalência, o que em termos conceituais caracteriza-se notoriamente como a aplicação da igualdade formal. Todavia, como ocorre com todos os princípios constitucionais, a igualdade tributária não contém característica de ser absoluta, razão pela qual existem diversas exceções, que em grande parte são aplicadas a título de exercício de igualdade material. O tratamento desigual direcionado aos casos que representam exceção às determinações do princípio constitucional, devem ser aplicados em caráter de relevância e proporcionalidade para a concretização da discriminação que irá excluir determinados indivíduos da imposição tributária. De acordo com as ideias do autor existem duas razões responsáveis por "dar sustentação às normas de tratamento diferenciado", que são, respectivamente, as razões de capacidade contributiva e as razões extrafiscais. As razões de capacidade contributiva possuem regulamentação direta no art. 145, §1° da Constituição Federal, responsável por determinar que sempre que for possível, os impostos guardarão capacidade caráter pessoal, razão pela qual poderão ser graduados de acordo com a capacidade econômica do indivíduo contribuinte. Em análise superficial do texto deste dispositivo pode-se dizer que é uma clara ofensa ao princípio da igualdade tributária, porém o autor apresenta uma ideia que contrasta com este pensamento, qual seja a de que o tratamento diferenciado da lei não viola o princípio da igualdade, mas ao contrário, ele promove a igualdade material. As razões extrafiscais, por sua vez, são os casos específicos de tratamento diferenciado que possuem previsão expressa na Constituição Federal. Dentre os diversos exemplos de tratamento diferenciado da imposição tributária, está: a concessão de benefícios fiscais de incentivo regional, com previsão no art. 151, I, da Constituição Federal, e caracteriza-se como uma exceção à vedação de instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional. Além disso, o autor cita um memorável mecanismo de discriminação da imposição tributária, que corresponde à isenção da taxa de inscrições em concurso público para pessoas que se encontrem em situação de desemprego. Nas palavras do autor, a permanência deste instrumento fixa-se sob o argumento de que "os desempregados têm sua capacidade econômica, e consequentemente, contributiva comprometida, com enormes dificuldades para proverem suas necessidades básicas, de modo que a dispensa do pagamento da taxa de inscrição atende à capacidade contributiva (não cobrar de quem não a tem), além do que assegura o acesso aos cargos públicos." Uma questão que está em voga no mundo jurídico contemporâneo é a possibilidade de o judiciário atuar como legislador positivo nos casos de ofensa ao princípio da igualdade tributária. Nesse sentido, existem duas teorias que são difundidas sobre a possibilidade ou não do julgamento destas questões pelo judiciário, a primeira se funda no fato de que o judiciário não pode atuar como legislador positivo, o que ocasionou na falta de prestação jurisdicional com vistas a oferecer tratamento isonômico. A outra teoria entende que a concretização do princípio da igualdade não é função exclusiva do Legislativo, razão pela qual o poder judiciário poderá realizar o controle material das normas que ofendem ao referido princípio, e inclusive declarar a inconstitucionalidade da norma que foram utilizadas e editadas de formas desproporcionais. Princípio Da Praticabilidade Da Tributação Entre citações de Alfredo Augusto Becker, Regina Helena Costa, Misabel Derzi, Eduardo Rocha Morais, Humberto Ávila e Alessandro Mendes Cardoso, são ressaltados os princípios da praticidade da tributação. Dizendo que as leis tributárias aplicáveis reduzem o inadimplemento e a sonegação, facilitam e asseguram a fiscalização e a cobrança. A tributação que ocorre por mecanismos, é essencial, pois permiti chegar aos seus objetivos do modo mais simples, econômico, confortável e eficiente possível. Assim, Alfredo Augusto Becker explica que as regras jurídicas devem ser construídas, não para um mundo ideal, mas para agir sobre a realidade social. É de se afirmar que a tributação não é um fim em si mesmo, mas um instrumento. Como também a praticabilidade, um instrumento necessário à aplicação da lei tributária. A praticabilidade tem uma profunda relação com a efetividade das normas constitucionais, é a qualidade ou característica do que é praticável, factível, exequível, realizável. A praticabilidade não está expressamente em nenhum artigo da Constituição, mas pode-se dizer que está em todos, porque não teria sentido se as leis não fossem viáveis, exequíveis, executáveis e não fossem efetivamente concretizadas na realidade. Tendo o poder também de designar todos os meios, todas as técnicas usadas para possibilitar a execução e a aplicação das leis. Pois, sem execução e sem aplicação, as leis nãotêm sentido, elas são feitas para serem obedecidas. A execução e a fiscalização da regra- matriz de incidência não dispõem de recursos técnicos, destacando que a tributação individualizada, em grande parte dos casos, possibilita a fraude, a evasão e a sonegação fiscal, de forma que esse conjunto de fatores justifica a tributação igualada, refletida na praticabilidade. Praticabilidade da tributação, por exemplo, as obrigações dos substitutos tributários, especialmente quando envolvem presunções e ficções, a praticabilidade horizontal, adotada através de medidas estabelecidas pela própria lei, e a praticabilidade vertical, em que as medidas são adotadas por atos normativos com vista a dar a aplicação possível à lei. As obrigações impostas às pessoas que, mesmo não integrantes da relação tributária contributiva, são chamadas a adotar medidas relacionadas à apuração, fiscalização, arrecadação e cobrança dos tributos, de modo que sejam mais simples e efetivas, ou seja, medidas que colaboram para a praticabilidade da tributação. Doção de medidas de praticabilidade da tributação, para que seja efetiva, com o máximo de eficiência, deve atentar para a necessidade de que ocorra restrição aos direitos das pessoas, sejam contribuintes ou terceiros chamados a colaborar com a administração tributária. MAPAS MENTAIS :