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Interações Biológicas

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As interações 
biológicas na 
comunidade
A HISTÓRIA DA BORBOLETA E DO MARACUJÁ
Muitas vezes, as relações dos organismos vivos de uma comunidade 
surpreendem pela sua complexidade. As folhas jovens do maracujazeiro 
— gênero Passiflora — produzem substâncias tóxicas que as protegem das 
larvas de insetos em geral. Há uma exceção: larvas de uma espécie de 
borboleta conseguem comer as folhas dessa planta por serem capazes de 
digerir as substâncias tóxicas. Essas borboletas têm, portanto, uma carac-
terística adaptativa em relação ao maracujá.
As fêmeas dessa bor boleta põem seus ovos sobre as folhas do maracu-
jazeiro. No entanto, elas evitam desovar sobre as folhas nas quais já exis-
tem ovos. Isso garante que poucas larvas nasçam em cada folha, outra 
eficaz adaptação que diminui a competição das larvas pelo alimento.
Algumas espécies de maracujazeiro, porém, apresentam uma interes-
sante adaptação que as protege contra as borboletas. Sobre suas folhas, 
existem manchas amarelas bem visíveis, parecidas com os ovos de borbo-
leta. São nectários, que secretam um líquido açucarado, o néctar. As 
fêmeas das borboletas, “enganadas” pelos nectários, evitam desovar 
naquelas folhas. 
O néctar, além disso, atrai formigas e vespas, que também são preda-
doras dos ovos das borboletas. Verificou-se que a simples presença de 
formigas desencoraja as borboletas a botar seus ovos ali.
No caso que relatamos, os mecanismos de evolução tornaram a 
borboleta mais eficiente no ataque ao maracujazeiro. Esses mes-
mos mecanismos, por sua vez, tornaram a planta mais resisten-
te ao parasita. Fala-se, nesse caso, em coevolução. O que 
parecia, no início, uma simples adaptação alimentar das 
larvas de borboleta acabou se revelando uma compli-
cada trama de relações ecológicas e evolutivas 
entre várias populações daquela comunidade.
1. Em que consiste a adaptação das larvas ao maracujazeiro? E dessa planta à ação das larvas?
2. Descreva o que provavelmente aconteceria com as proles de duas borboletas: uma que 
colocasse seus ovos em uma folha já ocupada por outros ovos e outra que colocasse a 
mesma quantidade de ovos em uma folha “vazia”.
EXPLORANDO AS IDEIAS DO TEXTO
As respostas das questões dissertativas estão nas Orientações Didáticas, ao final deste volume.
NÃO
ESCREVA
NO LIVRO
Ovos de borboleta 
(cerca de 1 mm de 
diâmetro) cujas 
lagartas, após 
eclodirem, são 
capazes de digerir a 
substância tóxica 
presente na folha de 
maracujazeiro.
Os pontos em amarelo nas folhas da 
Passiflora cuneata são nectários, que evitam 
a desova de borboletas.
Nectário
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Tipos de relações ecológicas
Relações 
harmônicas
(interações 
positivas)
Interespecíficas
Mutualismo (1/1)
Associação de duas espécies em que ambas se 
beneficiam. Ex.: liquens (algas e fungos); bactérias e 
ruminantes; anêmona e bernardo-eremita.
Comensalismo (1/0)
Associação em que uma das espécies se beneficia sem 
prejuízo da outra. O benefício pode estar relacionado a 
alimento (ex.: tubarão e rêmora) ou a qualquer outro fator, 
como suporte e abrigo (ex.: bromélia e árvore).
Intraespecíficas
Colônias
Associação entre indivíduos da mesma espécie, que se 
mantêm ligados entre si, formando uma unidade estrutural. 
Ex.: colônias de esponjas e de corais.
Sociedades
Associação entre indivíduos da mesma espécie, não ligados 
anatomicamente, que se agrupam para divisão de trabalho 
organizado, portanto, de modo cooperativo. Ex.: formigas, 
cupins.
Relações
desarmônicas
(interações 
negativas)
Interespecíficas
Competição interespecífica 
(2/2)
Relação entre indivíduos de espécies diferentes, que 
concorrem pelos mesmos fatores do ambiente, existentes em 
quantidade limitada. Ex.: corujas, cobras e gaviões, que se 
alimentam de pequenos roedores.
Predação (1/2)
Relação em que uma das espécies, a predadora, mata a 
outra, a presa, para dela se alimentar. Ex.: carnívoros/
herbívoros.
Parasitismo (1/2)
Associação em que uma das espécies, geralmente a menor, 
vive sobre ou dentro da outra, alimentando-se dela, porém 
geralmente sem matá-la. Ex.: vermes parasitas.
Amensalismo (0/2) ou (1/2)
Relação em que uma das espécies inibe o crescimento ou a 
reprodução da outra. Ex.: fungos que liberam antibióticos no 
meio, inibindo o crescimento de bactérias.
Intraespecíficas Competição intraespecífica
Relação entre indivíduos da mesma espécie, que concorrem 
pelos mesmos fatores do ambiente, existentes em 
quantidade limitada.
INTERAÇÕES POSITIVAS E NEGATIVAS
O texto de abertura do capítulo mostrou como populações diferentes 
— maracujazeiros, borboletas, formigas e vespas — interagem na comu-
nidade. Os casos relatados foram exemplos de interações entre espécies 
diferentes ou relações interespecíficas. Indivíduos de uma mesma 
população — e, portanto, da mesma espécie — também interagem, são 
as chamadas relações intraespecíficas. Esse é um primeiro critério de 
classificação das interações biológicas.
Outro critério permite dividir as interações em harmônicas, ou positi-
vas, e desarmônicas, ou negativas. Nas relações harmônicas, não há 
prejuízo para os envolvidos e, além disso, há vantagem para pelo menos 
um deles. Nas relações desarmônicas, pelo menos um dos envolvidos é 
prejudicado.
No caso das relações interespecíficas, costuma-se empregar uma sim-
bologia especial. Usa-se um sinal de mais (1) para designar vantagem, 
de menos (2) para indicar prejuízo e zero (0) quando a espécie não é 
afetada. Por exemplo, se usarmos os símbolos “1/2” para descrever 
uma interação, estamos indicando que uma das espécies é beneficiada e 
a outra é prejudicada. O quadro a seguir apresenta as diversas interações.
A predação da borboleta pelo louva-a-deus (3 cm e 5 cm) 
é um caso de relação interespecífica desarmônica.
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As interações biológicas na comunidade • CAPÍTULO 8 95
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O vocabulário usado em Ecologia
Certos conceitos, em Ecologia, não têm ainda um vocabulário definitivo, talvez 
porque essa ciência seja relativamente nova. A palavra simbiose, por exemplo, 
classicamente significava “associação entre dois seres vivos, em que ambos se 
beneficiam”. Atualmente, no entanto, tende-se a usar essa palavra para designar 
qualquer tipo de associação, mesmo as desarmônicas. Um parasitismo ou uma 
predação poderiam ser classificados, hoje, como simbiose. Usa-se o termo mutua-
lismo para indicar o tipo de simbiose em que existem relações de benefício mútuo.
Assim, a classificação que estamos empregando neste capítulo não é a única 
correta; é apenas a que nos pareceu mais aceita. Sempre que houver duplicidade
de conceito, chamaremos a atenção para o fato, tentando citar os vários termos 
empregados.
A interação entre a anêmona e o 
peixe-palhaço (5 cm de 
comprimento) oferece benefícios 
mútuos.
Liquens são um exemplo clássico de associação 
mutualística. A associação entre algas e fungos é 
obrigatória na formação dos liquens. (Os liquens 
podem atingir tamanhos variados.)
Líquen
O mutualismo
Mutualismo é uma associação de duas espécies na qual ambas se beneficiam. Às 
vezes, a associação entre as espécies é obrigatória para sua sobrevivência, outras 
vezes, não; em qualquer caso, havendo benefício mútuo, falaremos em mutualismo.
Um exemplo clássico desse tipo de interação biológica ocorre no grupo dos 
liquens, que são constituídos de algas e fungos que vivem em estreita associação. As 
algas, clorofiladas, realizam a síntese de matéria orgânica, que o fungo utiliza como 
alimento. Por sua vez, o fungo retém umidade e sais e fornece à alga certa proteção. 
Essa combinação de propriedades permite que os liquens sejam capazes de sobrevi-
ver em ambientes em que nem a alga nem o fungo, isoladamente, encontrariam 
condições de vida. Lembre-se deque, em algumas sucessões ecológicas, os liquens 
são os organismos pioneiros.
Outro exemplo interessante de mutualismo, já citado na descrição do ciclo do 
nitrogênio, é a associação entre as bactérias do gênero Rhizobium e as raízes de 
leguminosas, como o feijão. Essas bactérias vivem em nódulos das raízes e usam o 
nitrogênio para produzir amônia, que pode ser usada pela planta para a síntese de 
aminoácidos. As bactérias, por sua vez, consomem a matéria orgânica produzida 
pela planta.
Podemos citar também o caso de mutu-
alismo dos ruminantes, que abrigam em seu 
grande e complexo estômago muitas bacté-
rias indispensáveis para a digestão da celu-
lose. Nenhum vertebrado apresenta a enzi-
ma celulase, não tendo, portanto, a capaci-
dade de degradar a celulose. Essas bacté-
rias, que produzem a enzima, possibilitam 
aos ruminantes a assimilação da celulose e, 
assim, a ingestão de uma parte dessa subs-
tância como alimento.
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Nomenclatura biológica
Alguns autores empregam o termo mutualismo somente para designar associações obrigatórias e utilizam 
a palavra protocooperação para associações facultativas. No entanto, parece consolidar-se a tendência de 
usar a palavra mutualismo para ambos os casos.
A associação entre a anêmona e o caranguejo 
bernardo-eremita (até 12 cm, conforme a espécie) beneficia as 
duas espécies, mas não é obrigatória para a sobrevivência de 
nenhuma delas.
Concha
Anêmona
O comensalismo
No comensalismo, uma das espécies envolvidas na relação é favorecida, enquan-
to a outra não sofre prejuízo. O termo comensal significa algo como “convidado à 
mesa”. Assim, tradicionalmente, o termo comensalismo foi utilizado para designar 
relações alimentares em que uma espécie se beneficiava dos restos alimentares da 
outra. No entanto, a tendência atual é estender o conceito para qualquer tipo de rela-
ção, alimentar ou não, em que uma das espécies se beneficia sem prejudicar a outra.
Nas matas brasileiras, muitas 
plantas, como as orquídeas, as bro-
mélias e as samambaias, vivem 
sobre o tronco de árvores mais altas, 
obtendo dessa forma maior supri-
mento de luz. Essa situação, também 
chamada de epifitismo (epi 5 em 
cima de; fito 5 planta), nada mais é 
do que um tipo de comensalismo em 
que as epífitas usam a árvore apenas 
como suporte, sem lhe causar preju-
ízo, pois não são parasitas.
Epífitas (bromélias e filodendros) sobre 
tronco na Mata Atlântica.
Filodendro
Bromélia
Veja, agora, um exemplo de associação mutualística 
que, ao contrário das três anteriormente citadas, não é 
obrigatória para a sobrevivência das espécies envolvidas.
É comum encontrarmos em nossas praias o caran-
guejo paguro, também chamado bernardo-eremita. Esse 
animal vive dentro de conchas vazias de moluscos, que 
ele carrega ao se locomover. Muitos desses caranguejos 
se associam a anêmonas, que se instalam sobre a con-
cha. Os tentáculos da anêmona afugentam os predado-
res, por causa das substâncias urticantes que produzem; 
dessa forma, o paguro obtém maior proteção. Já a anê-
mona, que normalmente vive presa às rochas, aumenta 
sua área de obtenção de alimentos, por ser deslocada 
pelo caranguejo. Além disso, aproveita os restos alimen-
tares do paguro. Tanto a anêmona como o caranguejo 
podem sobreviver um sem o outro, porém sua associa-
ção facilita a vida de ambos.
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A caravela-portuguesa (Physalia physalis) é uma colônia de 
cnidários. (O tamanho dos tentáculos pode variar de centímetro 
até alguns metros.)
Flutuador
Tentáculos
As colônias
Colônias são associações entre indivíduos da 
mesma espécie que se mantêm ligados entre si, poden-
do ou não apresentar uma divisão de trabalho. São 
comuns, em esponjas e cnidários, os exemplos de asso-
ciações coloniais.
Entre os cnidários coloniais, são bem conhecidas as 
caravelas. Cada caravela é uma colônia com indivíduos 
reprodutores, alimentadores e protetores. Os protetores 
são longos tentáculos com células produtoras de subs-
tâncias urticantes. O próprio flutuador é também um 
indivíduo cheio de gás, que funciona como uma vela, 
arrastando os outros indivíduos presos a ele.
Os corais também são cnidários coloniais que secre-
tam através da epiderme um exoesqueleto1 de carbona-
to de cálcio e substâncias orgânicas. Os chamados 
recifes de corais são formados por grande número 
desses esqueletos e podem ter vários quilômetros de 
comprimento.
As sociedades
Uma sociedade é um grupo de indivíduos da 
mesma espécie, não ligados anatomicamente e que se 
organizam de modo cooperativo. Estímulos recíprocos 
entre os membros do grupo mantêm a união dos indiví-
duos. Essas trocas de estímulos representam formas de 
comunicação entre os componentes da sociedade.
Em muitas espécies de animais, a comunicação 
entre os indivíduos do grupo é feita por meio de subs-
tâncias químicas especiais secretadas por eles, chama-
das feromônios (féros = transportador, hormon = esti-
mulante). Um feromônio pode ser considerado um 
mensageiro químico entre indivíduos.
Algumas espécies de aranhas, como a Anelosimus eximius, vivem 
em sociedade.
Ao aderir à superfície do tubarão, as rêmoras (Remora osteochir, em 
média 40 cm de comprimento) se locomovem economizando energia 
e obtêm proteção. Além disso, elas podem se alimentar de parasitas 
da pele do tubarão e dos restos de sua alimentação.
Os peixes-pilotos (Naucrates ductor, até 70 cm de comprimento) são 
tolerados pelos tubarões, que não os atacam, e se beneficiam com os 
restos alimentares de suas refeições.
1. Exoesqueleto: esqueleto externo ao corpo do animal.
Outro caso de comensalismo muito conhecido é o das rêmoras, que se fixam à 
superfície ventral do tubarão por uma ventosa que têm na cabeça, obtendo assim um 
eficiente meio de transporte. É provável que as rêmoras também utilizem restos das 
refeições dos tubarões como alimento. Observou-se que os tubarões toleram as 
rêmoras e não as atacam.
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Feromônios não são hormônios
Não se deve confundir feromônio com hormônio. O hormônio é produzido no interior do indivíduo e serve 
para a integração entre seus órgãos, enquanto o feromônio é lançado no ambiente e serve para integrar os 
vários organismos de uma população.
Feromônios são substâncias odoríferas, que podem servir para marcar pistas, delimitar territórios e atrair 
mutuamente os membros da sociedade.
Há um interessante relato sobre os feromônios feito por uma professora de Química na revista Química Nova 
na Escola. Ela apresenta o histórico da descoberta e estudos dos feromônios, estrutura química e seus efeitos em 
sociedades de abelhas e formigas.
• Revista Química Nova na Escola. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc07/relatos.pdf>.
Acesso em: mar. 2016.
Um exemplo de animal que utiliza o feromônio é o bicho-da-seda. Os machos têm 
grandes antenas plumosas, com milhares de receptores olfativos, que percebem as 
fêmeas a quilômetros de distância e as localizam por meio das partículas de um 
feromônio, o bombicol, emitido por elas e levado pelo ar.
As sociedades de insetos são particularmente desenvolvidas e complexas. Veja,
a seguir, dois exemplos de sociedades de insetos.
 ■ Sociedade das formigas
As saúvas representamum dos grandes problemas da agricultura brasileira, pois 
cortam folhas e podem devastar plantações e pomares com rapidez. As saúvas não 
comem as folhas que cortam, mas as utilizam como nutrientes para suas plantações 
subterrâneas do fungo que lhes serve de alimento. Os pedaços de folhas são masti-
gados e empapados de secreções, até se tornarem uma massa esponjosa sobre a 
qual se desenvolve o fungo.
Das fêmeas do formigueiro, somente a rainha — também chamada de içá ou 
tanajura — é fértil; todas as outras fêmeas, denominadas operárias, são estéreis. As 
operárias dividem-se em várias castas, diferenciadas morfologicamente. As maiores, 
de mandíbula grande, são soldados e defendem o formigueiro; as carregadoras têm 
tamanho médio e cortam e coletam as folhas. As operárias menores vivem no interior 
do formigueiro, ocupando-se do fungo e de outras tarefas, como cuidar das crias.
As jovens rainhas saem do formigueiro no início do verão para o voo nupcial. Os 
machos alados fertilizam as rainhas no ar, durante o voo, porém não voltam mais ao 
formigueiro e acabam morrendo. Muitas rainhas não sobrevivem, pois são atacadas 
por pássaros ou outros predadores.
Cada rainha que permanece viva funda um novo formigueiro. Ela perde suas asas 
e se enterra no solo, cavando um canal de aproximadamente 10 cm de profun-
didade, que desemboca em uma câmara ou “panela” de 1 cm 
a 2 cm de largura. O canal é coberto com terra, e a rainha, 
daí por diante, não sairá mais do formigueiro. Ela, então, 
regurgita um pedaço de fungo que havia apanhado no 
formigueiro antigo, “aduba-o” com secreções e deixa-o desenvol-
ver-se. Em seguida, põe os primeiros ovos, que originam as pri-
meiras formigas. As novas formigas começam a trazer folhas para 
a “plantação” de fungos e aumentam o formigueiro, construindo 
debaixo da terra uma série de panelas que se intercomunicam. 
Vários canais partem das panelas para a periferia e desembocam 
na superfície do solo por orifícios chamados olheiros.
As saúvas (gênero Atta, até
1,5 cm de comprimento) 
utilizam as folhas para 
produzir os fungos e deles 
se alimentam.
GERSON GERLOFF/PULSAR IMAGENS
As interações biológicas na comunidade • CAPÍTULO 8 99
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A rainha só se ocupa da reprodução. Os ovos que serão postos nos anos seguin-
tes são fecundados pelos espermatozoides obtidos no voo nupcial, que são armaze-
nados vivos pela rainha durante toda a sua vida.
 ■ Sociedade das abelhas melíferas
Entre as abelhas melíferas encontramos três tipos de indivíduos: a rainha, as operá-
rias e os machos. Uma colmeia de abelhas da espécie Apis mellifera possui apenas uma 
rainha adulta, que, como no caso das formigas, é a única fêmea fértil da sociedade.
A diferença entre a rainha e as operárias não é genética; depende basicamente do 
tipo de alimento que a abelha recebe na fase larval. Assim, enquanto as larvas de 
operárias e de zangões recebem mel e pólen, a larva destinada a ser rainha se ali-
menta da secreção glandular das operárias, chamada geleia real. Larvas de operá-
rias, nutridas experimentalmente com geleia real, originam rainhas.
Os ovos são postos nas células hexagonais de cera, características das colmeias; 
as larvas recebem continuamente alimento das operárias. Em poucos dias, a larva, já 
bastante crescida, preenche a célula, que é então fechada com cera pelas operárias. 
O estágio de pupa dura aproximadamente dez dias, depois dos quais emerge um 
adulto que, passados um ou dois dias, começa a trabalhar.
As operárias apresentam um só tipo morfológico, diferentemente das saúvas e dos 
cupins. À medida que as operárias envelhecem, porém, desempenham funções dife-
rentes. A operária se encarrega inicialmente da limpeza das células; em seguida, ali-
menta as larvas jovens; depois, recebe o néctar das companheiras que saem da col-
meia para fazer a coleta. Os últimos estágios de seu trabalho são a construção de favos 
com cera secretada por seu abdômen e, por fim, a coleta de alimento, fora da colmeia.
Na fotografia à esquerda, é possível observar a rainha e algumas operárias. Note a diferença de tamanho entre elas. Na fotografia à direita, 
observa-se o zangão.
Zangão
Abelha rainha
Operária
Os zangões nunca têm pai
Você sabia que, entre as abelhas, os machos não têm pai? Eles se desenvolvem a partir de óvulos não 
fecundados, um fenômeno denominado partenogênese. Os zangões têm, portanto, um só conjunto dos cro-
mossomos da espécie: são ditos haploides. As fêmeas, ao contrário, apresentam dois desses conjuntos, já que 
todas provêm de óvulos fecundados. Por isso, são ditas diploides.
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A competição
A competição é a “luta” por fatores que não existem em quantidade suficiente 
para todos; entre eles, podemos citar: luz, água, nutrientes, alimento (matéria orgâni-
ca), território e parceiros para a reprodução. Há nas comunidades dois tipos básicos 
de competição: a competição intraespecífica, entre organismos de uma mesma 
espécie, e a competição interespecífica, que opõe populações diferentes na comu-
nidade. Os dois tipos de competição regulam o tamanho das populações, fazendo 
parte da resistência ambiental.
 ■ Competição intraespecífica
Um exemplo de competição intraespecífica pelo espaço se 
observa no fenômeno da territorialidade.
A territorialidade foi observada em animais muito diferentes, 
como macacos, focas, alguns lagartos e grande número de espécies 
de aves e peixes. Consiste na escolha de um território em que o 
animal se estabelece, defendendo-o contra outros indivíduos da 
mesma espécie. Veja um exemplo. Na época da reprodução, o 
macho de uma espécie de pássaro delimita seu território, não per-
mitindo a aproximação de outro macho de sua espécie. Muitas 
vezes, a demarcação é feita por meio do canto, que sinaliza para os 
outros machos que a área está ocupada. A delimitação do território 
é uma condição importante para o acasalamento, já que um macho 
sem território não se reproduz.
Entre as plantas também se observa competição. Em desertos estadunidenses, 
observam-se certos arbustos a distâncias regulares uns dos outros, porém com deter-
minado grau de espaçamento. Descobriu-se que as folhas e as raízes desses vegetais 
secretam substâncias inibidoras que impedem o desenvolvimento de qualquer plân-
tula que comece a germinar nas proximidades. Dessa forma, a competição pela água 
fica reduzida. Isso é benéfico para a espécie, pois se muitos indivíduos tentassem 
sobreviver no mesmo lugar, o crescimento seria bem menos eficiente.
 ■ Competição interespecífica
Você já estudou o princípio de Gause, segundo o qual duas espécies diferen-
tes que ocupam nichos ecológicos semelhantes competem em todos os níveis. 
Trata-se de competição interespecífica, um importante fator regulador do tamanho 
das populações. Quando a competição é muito severa, uma das espécies pode ser 
completamente eliminada, ou então uma delas — ou ambas — acaba ocupando um 
nicho ecológico mais especializado, o que diminui os efeitos da 
competição.
Veja um exemplo. Cracas são crustáceos que ficam presos às 
rochas, nas regiões de maré. A figura ao lado mostra duas espé-
cies: Balanus sp. e Chthamalus sp., que convivem na mesma 
região. Observe, ainda, na figura, a faixa de variação entre a maré 
baixa e a maré alta. A espécie Balanus sp. predomina na região de 
maré baixa, porque é mais sensível à desidratação do que a 
Chthamalus sp., que vive na zona de maré alta. As larvas de 
ambas, que nadam, podem se fixar em qualquer lugar, mas a 
Balanus sp. não sobrevive na parte alta da rocha. Assim, os nichos 
ecológicos das duas espécies são bem delimitados, em razão das 
condições ideais para cada espécie e da competição entre elas.
Urubus-de-cabeça-vermelha 
(Cathartes aura, 1,8m de 
envergadura) competem por 
alimento, no Pantanal (MS), 2011.
Esquema da distribuição de duas espécies de cracas sobre uma 
rocha exposta ao fenômeno das marés. (Representações fora de 
proporção de tamanho entre si. Cores fantasia.)
Mar
Balanus sp.
Chthamalus sp.
Maré alta
Maré baixa
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O gráfico ao lado ilustra bem esse princípio. Cada curva repre-
senta o nicho de uma determinada espécie de organismo — por 
exemplo, das cracas citadas. Você percebe, na área colorida do 
gráfico, uma zona de coincidência entre os dois nichos. Essa região 
poderia representar, em nosso exemplo, uma faixa intermediária de 
marés, na rocha, em que ambas as espécies poderiam sobreviver. 
Nessa faixa haveria uma intensa competição entre os indivíduos 
das duas espécies, prejudicando-os. Na prática, os nichos tendem 
a se especializar, de forma a evitar a competição, o que faz com que 
cada espécie de craca ocupe uma região bem delimitada na rocha.
Quando, no entanto, as Balanus sp. são removidas experimen-
talmente da camada inferior, verifica-se que as Chthamalus sp. se 
espalham para baixo, tomando conta de toda a rocha. Nesse caso, 
um dos nichos ficou desocupado — pela retirada das Balanus sp. 
—, e a outra espécie demonstrou potencial para ocupá-lo, sobretu-
do pelo fato de ter desaparecido a competição.
Cada uma das curvas representa o nicho de uma 
espécie de craca. A área colorida, onde os nichos 
coincidem, é de intensa competição, o que leva a 
uma especialização máxima dos nichos.
Interseção
de nichos
Região da rocha em que 
as espécies competem
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Balanus sp.Chthamalus sp.
COMPETIÇÃO INTERESPECÍFICA
A preda•‹o
A predação é uma relação ecológica na qual o predador alimenta-se de uma 
presa, normalmente menor do que ele. 
Um caso bem conhecido é a interação entre populações de lebres (presas) e de 
linces (predadores), em que cada população parece regular o tamanho da outra.
O gráfico abaixo foi construído com base em dados obtidos no Canadá, entre os anos 
de 1845 e 1935.
Cracas do gênero Chthamalus sp. (até 8 mm de diâmetro), que 
vivem na zona de maré alta.
Cracas do gênero Balanus sp. (até 22 mm de diâmetro), que vivem 
apenas na zona de maré baixa.
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1845
Lebres
Linces
1855 1865 1875 1885 1895 1905 1915 1925 1935
Tempo (anos)
20
40
60
80
100
120
140
Gráfico das oscilações nas populações de lebres e linces de uma região do Canadá, em 
um período de 90 anos.
POPULAÇÃO DE LEBRES E DE LINCES ENTRE 1845 E 1935
Lince canadense (Lynx canadensis, 50 cm de 
altura) perseguindo uma lebre-do-ártico (Lepus 
articus, 40 cm de comprimento).
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Pico da
superpopulação
Capacidade normal
das pastagens =
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1905 1910 1915 1920 1925 1930 1935 1940
 Tempo (anos)
30000
Capacidade da
pastagem
diminuída por
redução da
produtividade
primária
100
75
50
25
A população dos veados de Kaibab cresceu exageradamente quando foram 
removidos os predadores que a controlavam naturalmente.
POPULAÇÃO DE VEADOS ENTRE 1905 E 1940
As sanguessugas (até 25 cm de comprimento, conforme a 
espécie) são ectoparasitas. Sua relação com o hospedeiro 
humano é relativamente rápida e sem consequências a longo 
prazo para a saúde.
Considere alguns fatos. Em todo o gráfico, o pico das curvas relativas às lebres é 
mais alto do que o pico relativo aos linces. Isso é compreensível, uma vez que os 
degraus mais baixos da pirâmide ecológica (lebres) têm maior biomassa e maior 
quantidade de energia do que os mais altos (linces). Em segundo lugar, o pico rela-
cionado aos linces é sempre atingido um pouco mais tarde do que o pico relacionado 
às lebres. Isso também é compreensível. Quando há lebres em abundância, a popu-
lação de linces cresce, com uma pequena defasagem no tempo. No entanto, com o 
aumento da predação, o número de lebres diminui, e, como consequência, a popula-
ção de linces acaba também decrescendo. 
Por que a população de lebres decresce? A explicação clássica é que a diminuição 
resulta da predação por parte dos linces. Hoje, existem dúvidas a esse respeito. Em 
certas ilhas em que os linces não existem, a população de lebres sofre oscilações 
muito parecidas com as do gráfico. É possível, portanto, que outras causas interfiram, 
como a disponibilidade de alimento para as lebres, que poderia sofrer oscilações. 
Quanto aos linces, parece não haver dúvida de que sua população é realmente regu-
lada pela população de lebres.
 ■ Predadores fazem bem às presas?
A predação, embora cause a morte de alguns indivíduos, muitas vezes é benéfica 
para a população de presas. Interferir no relacionamento presa-predador às vezes pode 
ser desastroso. Um exemplo clássico é o do planalto de Kaibab, nos Estados Unidos, 
onde, em 1907, fez-se uma campanha de proteção aos veados da região. Lobos, coiotes 
e pumas, que são predadores daqueles animais, 
sofreram uma intensa campanha de extermínio. O 
resultado obtido foi inesperado.
A população de veados, que em 1907 era de 
4 000 indivíduos, passou a 100 000 indivíduos em 
1924, bem acima da capacidade de sustentação do 
ambiente. Nos dois anos seguintes, no inverno, 
mais de 60% dos animais morreram de fome. Além 
disso, grande parte da vegetação foi destruída, 
devorada pelos veados até a raiz. Dessa forma, a 
produtividade primária da área acabou diminuindo 
muito. A vegetação, que em 1907 era suficiente 
para alimentar 30 000 indivíduos, em 1939 não 
bastou para suprir a necessidade de 10 000 ani-
mais, e muitos deles continuaram a morrer de fome.
O parasitismo
Enquanto o predador em geral é maior que a presa e a eli-
mina para comê-la, o parasita costuma ser pequeno e vive 
dentro ou sobre o hospedeiro – um organismo vivo do qual 
retira seu alimento. No parasitismo o contato entre as partes é 
mais duradouro, pois, contrariamente ao que faz o predador, o 
parasita normalmente não mata seu hospedeiro. 
Quanto ao local que atacam, os parasitas podem ser classi-
ficados como ectoparasitas e endoparasitas. Os ectoparasitas, 
como o piolho, a pulga e a sanguessuga, atacam os órgãos 
externos do hospedeiro. Os endoparasitas, como as lombrigas 
e as tênias, vivem no interior de seus hospedeiros. 
Os parasitas normalmente são mais especializados que os 
predadores: enquanto um predador geralmente tem como presas 
espécies variadas, o parasita se instala em uma ou em poucas 
espécies. Desse modo, a associação íntima do parasita com seu 
hospedeiro regula de maneira eficiente ambas as populações.
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O amensalismo
No amensalismo, uma espécie inibidora impede o 
crescimento de outra, chamada amensal. Um exemplo 
são os antibióticos produzidos por fungos e largamente 
empregados na medicina – como é o caso da penicilina, 
produzida pelo fungo Penicillium notatum, que impede a 
multiplicação das bactérias (amensais) e as mata.
Outro caso de amensalismo ocorre com as folhas de 
certas plantas que, ao caírem no solo, liberam substân-
cias que inibem a germinação de sementes de outras 
espécies. Nesse caso, a relação é do tipo (1/2), já que, 
dessa forma, se evitoua competição interespecífica.
O exemplo mais conhecido é o das marés vermelhas, 
em que algas planctônicas dinoflageladas proliferam de 
forma exagerada, liberando toxinas que acarretam a 
morte da fauna em uma grande extensão a seu redor. Já 
que as algas não são beneficiadas, trata-se de uma rela-
ção do tipo (0/2).
Maré vermelha em Shenzhen, província de Guangdong, China, 2012. A maré 
vermelha pode ser resultado de excesso de nutrientes na água, muitas 
vezes ocasionado pela poluição por esgotos ou fertilizantes agrícolas.
Epidemia, endemia e pandemia
Fala-se em endemia quando determinado parasita é característico de certa região, mantendo-se em 
equilíbrio durante longos períodos de tempo. Já nas epidemias, aparecem bruscamente muitos casos de 
infestação, que se alastram pela população com rapidez. O declínio da epidemia também é rápido, uma 
vez tomadas as medidas de proteção. Observe o gráfico, que descreve os dois mecanismos. 
COMPARAÇÃO ENDEMIA × EPIDEMIA
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Tempo
Surto da
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Epidemia
Endemia
Fala-se em pandemias quando a epidemia se alastra no mundo, como foi o caso da gripe espanhola, 
em 1918.
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Seria interessante sugerir aos estudantes uma pesquisa sobre as grandes epidemias do 
passado, como a peste negra e a gripe espanhola. Esse tipo de trabalho poderia contar, 
eventualmente, com a colaboração e a orientação do(a) professor(a) de História.
A especificidade de um parasita quanto a seus hospedeiros pode ser facilmente 
ilustrada com um exemplo de parasita que, ainda hoje, oferece grandes riscos à 
saúde da população brasileira. O combate ao verme da esquistossomose consiste 
basicamente na tentativa de eliminar o caramujo, que constitui um estágio obriga-
tório para a continuidade do ciclo. Assim, a eliminação do hospedeiro intermediário 
é uma medida eficiente para romper o ciclo do esquistossomo.
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Controle biológico de pragas
Leia o trecho a seguir: 
Um coquetel de cinco fungos pode se tornar em breve um importante aliado no combate a uma das pragas 
mais danosas ao cultivo de flores e hortifrutigranjeiros: os nematoides de galha (Meloidogyne spp.), vermes 
parecidos com minhocas, mas muito menores, que medem entre 0,5 milímetro na fase juvenil e 1 milímetro na 
fase adulta. Eles se instalam nas raízes das plantas e causam alterações visíveis na forma de caroços chamados 
de galhas, que reduzem a absorção e o transporte de água e de nutrientes para a planta, comprometendo ou, em 
casos extremos, até mesmo inviabilizando a cultura.
O agrônomo Jaime Maia dos Santos, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade 
Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal, comprovou que alguns fungos, encontrados normalmente no solo e 
inofensivos às culturas, se crescidos num preparado especial de arroz, transformam-se num poderoso predador 
natural desse tipo de nematoide. “Com o coquetel, podemos pensar em fazer o controle biológico dessas pragas, 
sem recorrer a produtos químicos para matar os nematoides”, comenta Santos, que, se arrumar um parceiro 
comercial, deve passar a produzir em escala o seu preparado de fungos nematófagos, de olho no crescente mer-
cado da agricultura orgânica.
Combate natural na terra cultivada. Revista FAPESP, 2002. 
Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2002/08/01/combate-natural-na-terra-cultivada/>. Acesso em: mar. 2016.
1. O artigo do qual foi retirado o trecho foi publicado na internet, em 2002. Se possível, leia inicialmente o artigo 
completo no site indicado. A partir da leitura do artigo e levando em consideração a data de sua publicação, é 
possível dizer se as informações continuam válidas atualmente? De que forma seria possível ter mais dados para 
responder a essa questão?
2. Avaliando apenas a linguagem e a profundidade dos textos disponíveis no site, bem como a presença ou ausên-
cia de imagens e outros recursos visuais, a que tipo de público vocês diriam que ele é direcionado? Conversem e 
troquem opiniões. 
3. Pesquisem o que são galhas e tentem obter algumas fotografias para ilustrar sua pesquisa.
4. Produzam um texto, se possível ilustrado, explicando o assunto para estudantes mais novos (dos anos finais do 
Ensino Fundamental, por exemplo). Não deixem de insistir na diferença, para o ambiente, que existe entre utilizar 
um produto natural (o coquetel de fungos, nesse caso), em vez de substâncias químicas que matem os vermes. 
Use uma linguagem de fácil compreensão por parte dos estudantes daquela idade. O que é necessário adaptar 
no texto? Que conhecimentos de ciências as crianças precisam ter para compreender as ideias propostas?
 COMUNICAÇÃO, CULTURA DIGITAL E USO DE MÍDIAS
As respostas das questões dissertativas estão nas Orientações Didáticas, ao final deste volume.
NÃO
ESCREVA
NO LIVRO
• Parasitas, os donos do mundo
 Disponível em: <http://super.abril.com.br/ciencia/os-donos-do-mundo>.
• Marionete de 8 patas
 Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/wp-content/uploads/2011/02/060-063-180.pdf>.
Acessos em: mar. 2016.
RECURSOS NA WEB
As interações biológicas na comunidade • CAPÍTULO 8 105
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A falta dos grandes predadores
O acentuado declínio nas populações dos grandes predadores não é apenas uma notícia triste para quem 
admira animais como leões, tigres, lobos e tubarões. De acordo com estudo publicado na revista Science, a perda 
de espécies no topo da cadeia alimentar pode representar um dos maiores impactos da ação humana nos ecos-
sistemas terrestres.
Segundo James Estes, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade da Califórnia, e 
colegas, a diminuição é muito maior do que se estimava e afeta muitos outros processos ecológicos em um efeito 
que os cientistas chamam de cascata trófica, no qual a perda no topo da cadeia alimentar impacta enormemen-
te muitas outras espécies de animais e de plantas.
Os autores do estudo afirmam que o resultado desse declínio é tão intenso que tem afetado os mais variados 
aspectos do ecossistema global, como o clima, a perda de hábitats, poluição, sequestro de carbono, espécies inva-
soras e até mesmo a propagação de doenças.
O estudo aponta que a perda desses grandes animais é a força motriz por trás da sexta extinção em massa 
na história do planeta. “Temos agora evidências extensivas de que os grandes predadores são altamente 
importantes na função da natureza, dos oceanos mais profundos às montanhas mais altas, dos trópicos ao 
Ártico”, disse William Ripple, da Universidade Estadual do Oregon, autor do estudo.
[…]
Entre os dados expostos no artigo está o efeito do declínio de lobos no Parque Nacional Yellowstone, nos 
Estados Unidos. Quando esses animais foram sendo removidos, a população de alces se alterou imediatamente. 
Mas também mudou o comportamento desse cervídeo, que passou a se alimentar de plantas em locais em que 
antes não ia porque podia ser atacado por um lobo.
Sem os lobos, pequenas árvores da família Salicaceae e gra-
míneas passaram a crescer menos, o que resultou na queda de 
alimentos para os castores, com resultante diminuição na 
população desses últimos. O resultado foi a cascata trófica. 
Com a reintrodução de lobos no parque, passou a ocorrer a 
recuperação do ecossistema, com as plantas voltando a crescer 
mais, assim como as populações de outros animais.
Outro destaque do estudo é a redução na população de gran-
des felinos no Utah, que levou ao aumento na população de cer-
vídeos, à perda na vegetação, à alteração no fluxo de canais de 
água e ao declínio da biodiversidade.
Por muito tempo os grandes predadores foram vistos no topo 
da pirâmide trófica e sem terem grande influêncianas espécies 
e na estrutura abaixo. Isso, segundo os autores do estudo, é uma 
compreensão fundamentalmente equivocada da ecologia.
A falta dos grandes predadores. Agência Fapesp. 19 jun. 2011. 
Disponível em: <http://agencia.fapesp.br/a_falta_dos_grandes_
predadores/14195/>. Acesso em: mar. 2016.
1. Conforme se sobe na cadeia alimentar, a obtenção de energia se torna mais difícil, pois apenas uma 
pequena fração dessa energia é transferida para o nível trófico seguinte. Comente essa afirmação 
para o caso dos superpredadores. Agora, imagine uma espécie que se alimenta preferencialmente de 
superpredadores. Que dificuldade fundamental essa espécie enfrentaria em termos ecológicos?
2. Pesquise, em livros e/ou na internet, sobre a atual situação das populações de grandes mamíferos 
encontrados em território brasileiro, como a onça-pintada e uma de suas presas, a anta. Exponha os 
resultados obtidos para os colegas e para o(a) professor(a).
NÃO
ESCREVA
NO LIVRO
LEITURA
 DEU NA MÍDIA
As respostas das questões dissertativas estão nas Orientações Didáticas, ao final deste volume.
O lobo-cinzento (Canis lupus, até 1,6 m de comprimento, 
desprezando a cauda) está no topo de algumas cadeias 
alimentares. A diminuição da quantidade desses animais, 
por conta da ação humana, tem efeitos ecológicos drásticos.
ANALISANDO O TEXTO
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