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Professor - Claudinei de Souza Guimarães, DSc.
claudinei@eq.ufrj.br ou claudinei@metalmat.ufrj.br
Controle e Monitoramento de Poluentes Atmosféricos – EQB056
Departamento de Engenharia Bioquímica
Escola de Química
UFRJ
IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS MATERIAIS PARTICULADOS
O material particulado total é formado por uma combinação de frações sólidas e/ou
líquidas no ar ambiente
As partículas primárias são emitidas diretamente pelas fontes de poluição,
enquanto que
As partículas secundárias, podem ser produzidas tanto por fontes
antrópicas, quanto por emissões naturais proveniente, por exemplo, da água
do mar, vulcões e processos de decomposição biológica
Os incineradores, dessa forma, contribuem para o tipo de poluição por particulado
mais perigoso para a saúde humana. Além disso, evidências recentes sugerem que
as partículas que contêm metais pesados, como aquelas emitidas pelos
incineradores, são de especial preocupação. Portanto, é possível dizer que a
poluição do ar por material particulado causado pelos incineradores pode ser ainda
mais tóxica do que, por exemplo, a causada pela usina termelétrica a carvão
(ALLSOPP et al., 2001).
Inúmeros compostos perigosos, como dioxinas e metais pesados, são encontrados
na cinza presente no equipamento de filtração do ar e na cinza de fundo que
permanece após a incineração (ALLSOPP et al., 2001).
O material particulado (MP) é classificado segundo o método de formação, em
quatro classes; a saber: (ASSUNÇÃO, 1998).
• Poeiras:
Partículas sólidas formadas geralmente por processos de desintegração
mecânica. Tais partículas têm geralmente a forma não esférica, com diâmetro
na faixa acima de 10µm.
• Fumos:
Partículas sólidas formadas por condensação ou sublimação de substâncias
gasosas originadas da vaporização e sublimação de sólidos. Elas são menoresgasosas originadas da vaporização e sublimação de sólidos. Elas são menores
que 0,1µm e de formato mais esférico.
• Fumaça:
Partículas principalmente sólidas, formada na queima de combustíveis fósseis,
com tamanho de 1 µm
• Névoas:
Partículas líquidas formadas por dispersão ou condensação de um líquido
(atomização). Apresentam tamanho em torno de 5µm.
Hoje tem sido controlado basicamente o particulado total em suspensão na
atmosfera, fumaça e particulado inalável (MP10). Diversos estudos relacionando
efeitos da poluição na saúde mostram que a exposição ao particulado fino (<2,5µm)
pode causar mortes prematuras e problemas respiratórios, pois corresponde à
fração que atinge as vias respiratórias inferiores (nível alveolar), e nestas não há
mecanismos eficientes de expulsão destes poluentes. Por outro lado, o particulado
grosso tende a se acumular nas vias respiratórias superiores, agravando problemas
como a asma, em pessoas com deficiência respiratória.
Nas vias superiores existem mecanismos naturais de expulsão do particulado cuja
eficiência é diferenciada entre pessoas saudáveis e com problemas respiratórios
Propriedades das Partículas
Há propriedades das partículas que são importantes nos processos
atmosféricos. Estas incluem massa, tamanho, composição química,
aerodinâmica e propriedades óticas.
O tamanho da partícula é um dos parâmetros mais importante no estudo da
poluição atmosférica, pois exerce influência sobre vários fenômenos
associados a aerossóis, tais como, o transporte, a deposição atmosférica e a
migração através do ambiente, além dos efeitos nocivos. Partículas
comportam-se distintamente em diferentes faixas de tamanho, sendo também
regidas por diferentes leis físicas (ALMEIDA, 1999).regidas por diferentes leis físicas (ALMEIDA, 1999).
Outra importante propriedade das partículas refere-se ao seu movimento:
deposição gravitacional ou difusão browniana. A primeira se refere às partículas
sujeitas à força gravitacional e a segunda a um movimento randômico, aleatório
das partículas no ar. Partículas de diâmetro inferior a 0,1µm são transportadas
por difusão browniana, no entanto partículas maiores são depositadas por
deposição gravitacional (SEINFELD, 1986; FINLAYSON-PITTS, PITTS, 2000).
Velocidade de sedimentação das partículas em suspensão de acordo com o
tamanho da partícula (RUVE, 1994).
Diâmetro da partícula (µm) Tipo
Velocidade de 
sedimentação 
do ar (cm s-1)
< 0,1 Fumo Desprezível
1 Fumaça 4x10-3
10 Poeira 0,3
100 Poeira 25
�100 Grãos, partícula fina > 25
Em geral, a fração grossa é básica e a fina é ácida.
Além do carbono na sua forma elementar, a fração fina apresenta em sua
composição, íons como SO=4, NO=3, NH+4, H+, compostos de Pb e compostos
orgânicos condensados. Uma variedade de metais também é encontrada na fração
fina do MP, sob a forma de traços metálicos tais como chumbo, mercúrio, cádmio,
vanádio e cromo. A presença desses metais na fração fina do MP é de
fundamental importância para o campo da saúde pública, pois se trata de
elementos que, uma vez depositados no trato respiratório humano, podem
ocasionar severos danos à saúde (ALMEIDA, 1999).
A composição química da fração grosseira do MP é muito diversificada, sendo
constituída por vários tipos de partículas, como partículas ressuspensas do solo,
cinzas, fuligem e pólen, entre outros. Entretanto, as partículas predominantes nessa
fração são as partículas de origem mineral. Os elementos mais comumente
encontrados incluem a sílica, o alumínio, o potássio, o ferro e o cálcio entre outros.
Carbonatos e compostos orgânicos podem, entretanto, ser encontrados em
quantidades substanciais.
A expressão “metal pesado” tem sido usada para designar metais classificados
como poluentes do ar, água, solo. Na lista de metais pesados estão com maior
freqüência os seguintes elementos: Cu, Fe, Mn, Mo, Zn, Co, Ni, V, Al, Ag, Cd,
Cr, Hg e Pb
Os metais podem ser classificados em três grupos: elementos essenciais (sódio,
potássio, cálcio, ferro, zinco, cobre, níquel e magnésio); microcontaminantespotássio, cálcio, ferro, zinco, cobre, níquel e magnésio); microcontaminantes
ambientais (arsênico, chumbo, cádmio, mercúrio, alumínio, titânio, estanho e
tungstênio) e elementos essenciais e simultaneamente microcontaminantes
(cromo, zinco, ferro, cobalto, manganês e níquel) (AMABIS, MARTHO, 1995).
Estas substâncias também se depositam no solo ou em corpos d'água de regiões 
distantes, devido à movimentação das massas de ar. Assim, os metais podem se 
acumular em todos os organismos que constituem a cadeia alimentar do homem. 
As populações residentes em locais próximos a indústrias ou incineradores correm 
maiores riscos de contaminação no caso de exposição a metais contaminantes.
O chumbo, o mercúrio, o cádmio, o cromo e o arsênio são metais que não
existem naturalmente em nenhum organismo. Tampouco desempenham funções
- nutricionais ou bioquímicas - em microorganismos, plantas ou animais. Ou seja:
a presença destes metais em organismos vivos é prejudicial em qualquer
concentração. Desde que o homem descobriu a metalurgia, a produção destes
metais aumentou e seus efeitos tóxicos geraram problemas de saúde
permanentes, tanto para seres humanos como para o ecossistema (CHEIDA,
2002; AMABIS, MARTHO, 1995).
As indústrias tradicionalmente responsáveis pela maior produção de
resíduos perigosos são as metalúrgicas, as indústrias de equipamentos
eletro-eletrônicos, as fundições, a indústria química e a indústria de couro e
borracha (MMA, 2005). Os metais pesados são muito usados na indústria
com matéria prima e produto final.
Principais metais usados na indústria, suas fontes e riscos à saúde.
Metais Principais Fontes Efeitos
Alumínio Produção de artefatos de
alumínio; serralheria;
soldagem; medicamentos
(antiácidos) e tratamento
convencional de água.
Anemia por deficiência de
ferro; intoxicação crônica.
Cádmio Soldas; tabaco; baterias e
pilhas.
Câncer de pulmões e
próstata; lesão nos rins.pilhas. próstata; lesão nos rins.
Chumbo Fabricação e reciclagem de
baterias de autos; indústria
de tintas; pintura em
cerâmica; soldagem.
Saturnismo (cólicas
abdominais, tremores,
fraqueza muscular,lesão
renal e cerebral)
Cobalto Preparo de ferramentas de
corte e furadoras.
Fibrose pulmonar
(endurecimento do pulmão)
que pode levar à morte.
Cobre
Principais metais usados na indústria, suas fontes e riscos à saúde.
Metais Principais Fontes Efeitos
Cobre Indústrias metalúrgicas Causa irritação no trato
respiratório, doença de
Wilson.
Cromo Indústrias de tintas,
metalúrgicas; curtição de
couros, galvanoplastias
Doenças cardiopulmonares;
úlcera duodenal, gastrite e
cólicas estomacais; leucemia;couros, galvanoplastias cólicas estomacais; leucemia;
causa significante acréscimo
em aberrações
cromossômicas e câncer (nos
pulmões é o mais comum).
Dermatites, úlceras
cutâneas, inflamação nasal e
perfuração do septo nasal.
Manganês Indústrias de tintas,
metalúrgicas.
Pode causar doenças do
sistema nervoso.
Principais metais usados na indústria, suas fontes e riscos à saúde.
Metais Principais Fontes Efeitos
Mercúrio Moldes industriais; certas
indústrias de cloro-soda;
garimpo de ouro; lâmpadas
fluorescentes.
Intoxicação do sistema
nervoso central
Manganês Indústrias de tintas,
Metalúrgicas.
Pode causar doenças do
sistema nervoso.Metalúrgicas. sistema nervoso.
Mercúrio Moldes industriais; certas
indústrias de cloro-soda;
garimpo de ouro; lâmpadas
fluorescentes.
Intoxicação do sistema
nervoso central.
Níquel Baterias; aramados; fundição
e niquelagem de metais;
refinarias.
Câncer de pulmão e seios
paranasais.
Principais metais usados na indústria, suas fontes e riscos à saúde.
Metais Principais Fontes Efeitos
Zinco Indústrias metalúrgicas,
tintas; indústrias recicladoras
de chumbo.
Sensações como paladar
adocicado e secura na
garganta, tosse, fraqueza,
dor generalizada, arrepios,
febre, náusea, vômito.
Doenças cardiopulmonares.Doenças cardiopulmonares.
Fumos metálicos Vapores (de cobre, cádmio,
ferro, manganês, níquel e
zinco) da soldagem industrial
ou da galvanização de
metais.
Febre dos fumos metálicos
(febre, tosse, cansaço e
dores musculares) - parecido
com pneumonia.
Fonte: http://www.ambientebrasil.com.br/
POLUENTES LEGISLADOS
PTS - GRAVIMETRIA
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POLUENTES LEGISLADOS
PM 10 - GRAVIMETRIA
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POLUENTES LEGISLADOS
PM 2,5 - GRAVIMETRIA
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– Metodologia utilizada para a determinação experimental do Material Particulado Total (MPT) e dos 
metais pesados
As partículas de 2,5 µm (MP2,5) serão coletadas com um amostrador de grande volume (AVG – Hi-Vol) e 
utilizados filtros de fibra de vidro da Millipore que precisam ser aquecidos antes da amostragem a uma 
temperatura de 800ºC durante16 horas para purificação dos mesmos. A amostragem será realizada durante 
24 horas a uma vazão na faixa de 1,05 a 1,21 m3min-1. 
Os níveis de MP2,5, MP10 e MPT serão determinados por gravimetria. Para a análise de vestígios de 
metais, os filtros devem ser extraídos por adição de 5 mL de ácido nítrico (Merck Suprapur 65%), 2 mL de 
ácido clorídrico (Merck Suprapur 36%) e 10 mL de água ultrapure (18 M ῼ cm-1 de resistividade específica) 
em um tubo Pyrex e o preparo aquecido a 95ºC durante duas horas. A solução extraída será filtrada 
utilizando um filtro Whatman n º 41 (WH1441-110), e avolumada a 50 mL com água ultrapure e mantidas na 
geladeira em frascos de polietileno pré-lavados até análise. 
– Análise dos metais pesados
Os metais serão determinados por ICP-OES (espectroscopia de emissão óptica por plasma indutivamente 
acoplado) segundo o método IO-3.4. 
Ambos, limites de detecção e precisão do método serão determinadas segundo o método IO-3.4. Os 
limites de detecção serão computados como sendo a correspondente à concentração que produziria um 
valor do sinal medido 3 vezes maior que o nível de ruído médio medido com a solução de controle ou 
brando. Estes limites serão calculados posteriormente.
A precisão do método será avaliada utilizando um material de referência padrão (SRM, partículas em 
2783 Air Filter Media-NIST). As amostras do material de referência serão determinadas em triplicata e os 
resultados comparados com a concentração relatada no certificado de análise. 
•Sibata HVS-500 - MPT e MP10
•Filtro de fibra de vidro
•Período de 6 horas
•Duas vezes por semana
Hi-vol - MP10 e MP2,5
•Filtro de fibra de vidro
•Período de 24 horas
•Todos os dias
Preparo e análise das amostras
(Métodos da EPA – IO-3.1 e IO-3.4)
Amostras
(MPT, MP10 e MP2,5)
Gravimetria
Extração
Ácida 
(5 mL de HNO3,
2 mL de HCl e 20 mL
de H2O Mili-Q, 2 h a
∆∆∆∆ 90°C)
ICP-OES
Amostra
Extração com Extração com 
diclorometano e diclorometano e 
banho de banho de ultrasomultrasom
Preparo e análise das amostras
(HPAs)
banho de banho de ultrasomultrasom
(metodologia 3550B (metodologia 3550B 
da da U.S.U.S. EPA)EPA)
Rotavapor
CG-EM modo SIM
Clean UP
FONTES EMISSORAS
veicular
industrial
doméstica
natural
MEDIDAS DE CONTROLE
LEGISLAÇÃO
EMISSÕES PRIMÁRIAS
SO2, NOx, COV, CO,
particulado, ...
METEOROLOGIA
dispersão,
transporte, camada
de mistura,
radiação solar, ...
REAÇÕES QUÍMICAS
POLUENTES
SECUNDÁRIOS
ozônio, PAN, LEGISLAÇÃOozônio, PAN,
formaldeído, ácido
nítrico, ...
MONITORAMENTO RECEPTORES
humanos, vegetais,
animais, materiais, ...
Atmosfera
Urbana
Tratamento dos dados para 
determinar as fontes de emissão
1. Estatística descritiva.
2. Estatística multivariada.
- Alguns procedimentos a serem tomados:
3. estudos de correlação e análise de conglomerados utilizando-se o
software STATISTICA 7.0 com o objetivo de correlacionar os poluentes
encontrados às fontes de emissão.
4. Descriminação dos metais emitidos pelos veículos leves e a diesel e pelas
indústrias da região.