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FUNÇÃO: O papel do sistema imune é defender o organismo contra agentes invasores; Dispõe de um aparato bioquímico e molecular capaz de identificar e eliminar os agentes invasores → RESPOSTA IMUNOLÓGICA; Principais agentes invasores: bactérias, vírus, fungos, parasitas, entre outros. CONCEITOS IMPORTANTES Imunoglobulinas: glicoproteínas circulantes, produzidas em resposta à exposição a estruturas estranhas ao corpo, conhecidas como antígenos. Antígenos: são substâncias que apresentam a capacidade de interagir com o sistema imune. Imunógenos: são substâncias capazes de interagir com o sistema imune e desencadear uma resposta imunológica. Todo imunógeno é um antígeno, mas nem todo antígeno é um imunógeno. ANTICORPOS (AC) : São moléculas de glicoproteína altamente específicas sintetizadas em resposta a um antígeno, podendo reconhecer, se ligar e neutralizar esse antígeno. Circulam no plasma, muco, líquor, colostro, leite e linfa. São produzidos pelos linfócitos B (plasmócitos). A interação antígeno-anticorpo pode ocorrer a nível de membrana celular ou no sangue e em secreções. Fazem parte da fração das gamaglobulinas = representam cerca de 20% das proteínas séricas. ESTRUTURA: Embora diferentes imunoglobulinas possam diferir estruturalmente, elas são todas constituídas a partir das mesmas unidades básicas. Todas as imunoglobulinas têm uma estrutura de quatro cadeias como unidade básica: 2 cadeias leves: Kappa (K) e Lambda (λ) 2 cadeias pesadas: 5 tipos: Mi (μ), Gamma (γ), Alfa (α), Epsilon (ε), Delta (δ) Pontes dissulfeto: Pontes dissulfeto intercadeia: as cadeias pesada e leve e as duas cadeias pesadas são mantidas juntas por pontes dissulfetos intercadeia e por interações não covalentes. O número de pontes dissulfeto varia entre as diferentes moléculas de imunoglobulinas. Pontes dissulfeto intracadeia: dentro de cada uma das cadeias polipeptídicas há também pontes dissulfeto intracadeia. Ambas as cadeias pesadas e leves podem ser divididas em duas regiões baseando-se na variabilidade da sequência de aminoácidos: Extremidade aminoterminal → região variável = ligação ao antígeno; Extremidade carboxiterminal → região constante = ligação às membranas celulares. Região variável: Cadeia leve: VL Cadeia pesada: VH 3 regiões determinadoras de complementariedade (CDR) ou regiões hipervariáveis (HVR) → especificidade Regiões framework Região da dobradiça: região com a qual os braços da molécula de anticorpo formam um Y. É chamada região da dobradiça porque há uma flexibilidade na molécula nesse ponto (2 antígenos podem ser ligados ao mesmo tempo). Região constante: Cadeia leve: CL Cadeia pesada: CH A região constante da cadeia pesada determina a classe do anticorpo, por apresentarem a mesma sequência de aminoácidos: Domínios: as imunoglobulinas não são retas como mostrado nas imagens. Ao contrário, elas são dobradas em regiões globulares, cada uma das quais contém uma ponte dissulfeto intracadeia. Essas regiões são chamadas domínios. Cadeia leve: VL e CL. Cadeia pesada: VH, CH1, CH2, CH3 e CH4. Fragmentos de imunoglobulinas: relações estrutura/função A digestão proteolítica com papaína quebra a molécula de imunoglobulina antes da ponte dissulfeto intercadeia. Isso resulta na formação de: Fab: Dois fragmentos idênticos que contém a cadeia leve (VLCL) e os domínios VH e CH1 da cadeia pesada Contêm o sítio de ligação a antígenos do anticorpo Fc: Um fragmento que contém o restante das duas cadeias pesadas, cada uma contendo um domínio CH2 e CH3 Esse fragmento foi chamado de Fc porque ele é facilmente cristalizado As funções efetoras das imunoglobulinas são mediadas por esta parte da molécula. Diferentes funções são mediadas por diferentes domínios nesse fragmento Forma: Forma ligada a membrana (LB): apresentam aminoácidos com cadeias laterais hidrofóbicas e aminoácidos básicos (ancoragem a membrana); Forma secretada (sangue e fluidos): apresentam aminoácidos com cargas e aminoácidos hidrofílicos na porção C terminal da região constante. O tamanho da cauda de aminoácidos é diferente entre os isotipos FUNÇÕES: Neutralização: é a ligação dos anticorpos aos microrganismos e/ou toxinas, impedindo a aderência e ação dos mesmos nas células do hospedeiro. Opsonização: marcação dos antígenos, a fim de auxiliar o processo de fagocitose pelas células fagocitárias para que os microrganismos sejam destruídos enzimaticamente. Aglutinação: Ativação do sistema complemento: proteínas responsáveis por inúmeras funções relacionadas aos mecanismos de defesa. CLASSIFICAÇÃO: Classes ou isotipos: IgM, IgG, IgD, IgE e IgA Subclasses: Ex.1: IgA1, IgA2 Ex.2: IgG1, IgG2, IgG3, IgG4 IGM Primeiro anticorpo produzido por plasmócitos após a exposição ao antígeno; 5-10% dos anticorpos totais (é a terceira mais comum no soro); É um pentâmero mantido por uma cadeia de junção (cadeia J), mas também existe como monômero ligado a membrana; Devido ao seu grande tamanho, penetra com dificuldade nos tecidos; Função principal: neutralização intravascular viral e aglutinação de microrganismos; Excelente ativação do complemento; IgM tem um domínio extra na cadeia pesada (CH4); 5 pontos de ligação – capacidade de ligar-se a 10 determinantes antigênicos (valência). IGG Anticorpo mais abundante no soro (cerca de 80% do total); A mais versátil imunoglobulina porque é capaz de realizar todas as funções das moléculas de imunoglobulinas; Penetra facilmente nos tecidos devido ao pequeno tamanho (é a principal nos espaços extravasculares); Único anticorpo que consegue atravessar a placenta. O neonato possui receptores placentários específicos para a porção Fc da molécula de IgG; Obs.: nem todas as subclasses atravessam com a mesma eficiência; IgG2 não atravessa bem. Fixação do complemento: nem todas as subclasses fixam com a mesma eficiência; IgG4 não fixa complemento; É uma ótima opsonina; Existem 4 subclasses de IgG que se diferenciam pelo número de pontes dissulfeto e o comprimento da região de dobradiça: IgG1 e IgG3 ativam o complemento e são responsáveis pela eliminação de antígenos proteicos; IgG2 e IgG4 reagem com antígenos de carboidratos. IGA Principal anticorpo das secreções (lágrima, saliva, colostro, muco) e a segunda mais comum no soro; O IgA do colostro auxilia a proteger os neonatos de infecções gastrointestinais; 2 unidades básicas ligadas por uma cadeia J (dímero nas secreções); Possui peça secretora (proteína) que envolve a molécula e não permite sua digestão nas secreções mucosas; Direcionada contra microrganismos que colonizam mucosas; 2 subclasses: IgA1: papel incerto, presente no soro, sensível a proteases bacterianas, fraca na defesa; IgA2: neutralizam antígenos que penetram via mucosa. IGE Somente 0,002% dos anticorpos séricos totais em pacientes não alérgicos; Tem um domínio extra na região constante (CH4); É a menos comum; Atividades inflamatórias; Defesa contra parasitas (principalmente helmintos); Obs.: Eosinófilos têm receptores de Fc para IgE e a ligação de eosinófilos a helmintos cobertos por IgE resulta na morte do parasita. Envolvida em reações alérgicas: ativa a desgranulação de mastócitos com liberação de histamina; Liga-se a receptores específicos em mastócitos e basófilos; Não ativa complemento. IGD Pouca quantidade livre no soro e tecidos; Cerca de 0,2% dos anticorpos totais; Encontrado no sangue, linfa e superfície de linfócitos B agindo principalmente como receptora celular; Envolvida na ativação das células pelos antígenos; Não tem função conhecida no soro; Ativa complemento. ANTÍGENOS (AG) A maioria dos antígenos são proteínas ou polissacarídeosgrandes; Lipídios e ácidos nucleicos normalmente são antigênicos somente quando associados a proteínas e carboidratos; Geralmente os antígenos são componentes dos micróbios invasores como as cápsulas, parede celular, flagelos, toxinas bacterianas, revestimentos virais e superfícies de fungos e parasitas; Imunógeno: moléculas que provocam repostas imunológicas. São macromoléculas; Substâncias com baixo peso molecular normalmente não são antigênicas; Hapteno: molécula muito pequena para estimular a formação do anticorpo por si só. Contudo, quando o hapteno é combinado com uma molécula transportadora maior como uma proteína do soro (p.ex.: albumina), forma-se um complexo que consegue ser reconhecido como um antígeno; Uma vez o anticorpo formado, ele irá agir no hapteno independente dele continuar ligado à molécula transportadora ou não; Anticorpos não microbianos: polén, alimentos proteicos como a clara do ovo, moléculas de superfícies celulares, proteínas do soro de outros indivíduos, moléculas, órgãos transplantados, entre outros; Epítopo ou determinante antigênico: região específica do antígeno contra a qual os anticorpos são formados; Lineares: vários aminoácidos adjacentes; Conformacionais: aminoácidos não está em sequência. Obs.: A mesma molécula pode ter vários epítopos diferentes com sítios de ligação diferentes. Sítio de ligação do antígeno: Variam na forma; Variam nas propriedades físicas; Ligação anticorpo-antígeno: baseados em forças não covalentes reversíveis (forças eletrostáticas, van der walls, entre outras). Fatores determinantes para o reconhecimento antigênico: Especificidade: capacidade de se ligar a antígenos específicos; Diversidade: vários tipos de anticorpos no organismo, para combater diversos antígenos; Valência: refere-se ao número de determinantes antigênicos que uma molécula individual de anticorpo pode se ligar; Avidez: força da ligação depois da formação dos complexos antígeno- anticorpo reversíveis. Quanto mais sítios de ligação tiver um anticorpo, maior a avidez. IMPLICAÇÕES CLÍNICAS DAS CLASSES DE IMUNOGLOBULINAS HUMANAS ESQUEMA SOBRE AS FUNÇÕES