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AULA O3 - SAUDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

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AULA O3 – Saúde Mental: A Construção de um caminho.
Transtornos mentais e comportamentais
Como são várias as dimensões relacionadas à saúde mental, há diversas manifestações que resultam em condições que não consideramos saudáveis. 
Transtornos mentais e comportamentais é um termo que compreende este grande conjunto de manifestações. 
Esta é uma designação, um termo genérico para qualquer comprometimento, anormalidade ou sofrimento com impacto sobre a saúde mental. 
É este o termo preferencialmente utilizado no lugar de "loucura" ou "doença mental".
Encontramos, nesse variado conjunto de manifestações, problemas advindos de fatores tanto orgânicos quanto ambientais.
O comportamento humano é resultado da interação da biologia com fatores sociais e, portanto, sua compreensão envolve diversas ciências e categorias profissionais. 
Na verdade, o conceito de loucura tem sido objeto de estudo profundo e contínuo de toda a comunidade científica envolvida com o tema.
Isto acontece pois são inúmeros os fatores envolvidos e é enorme a variedade de manifestações.
A procura por uma classificação
Dada a amplitude de fatores e manifestações relacionados aos transtornos mentais e comportamentais, a tarefa de criar uma taxonomia que permita sua classificação tem se mostrado interminável. 
Podemos perceber claramente esta dificuldade, pois ela está relacionada à subjetividade do ser humano que julgamos infinita.
Há duas classificações de transtornos mentais e comportamentais amplamente conhecidas e que são ainda objeto de contínuo estudo e revisão. 
Elas são respectivamente: 
CID (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde); 
O DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders). 
Cada uma dessas propostas de classificação tem méritos e falhas, que são resultado natural de suas abordagens, foco e profissionais envolvidos.
A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) é o padrão de classificação criado e publicado pela OMS. 
Ele propõe uma taxonomia para: 
Doenças; 
Sinais; 
Sintomas; 
Aspectos anormais; 
Queixas; 
Circunstâncias sociais; 
Causas externas para ferimentos ou doenças.
CID
Ou seja, a CID integra as mais diversas patologias. 
Seu objetivo é claramente ter a maior amplitude e abrangência possíveis. 
Ela está em sua décima revisão (CID-10), que foi publicada em 1992. 
Em seu quinto capítulo, encontramos as classes relacionadas aos transtornos mentais e comportamentais reunidas em 11 grupos. 
CID, entretanto, não fornece um conceito genérico para transtornos mentais e comportamentais.
A OMS lançou a nova classificação internacional de doenças, a CID-11. Entre as novidades da publicação, estão a inclusão do distúrbio de games como um dos problemas de saúde mental, além de capítulos inéditos sobre medicina tradicional e saúde sexual.
A principal função do CID é monitorar a incidência e prevalência de doenças, através de uma padronização universal das doenças, problemas de saúde pública, sinais e sintomas, queixas, causas externas para ferimentos e circunstâncias sociais, apresentando um panorama amplo da situação em saúde dos países e suas populações.
Segundo o site das Nações Unidas, a CID-11 será apresentada oficialmente em maio de 2019, durante a Assembleia Mundial da Saúde. A entrada em vigor está prevista para 1º de janeiro de 2022.
DSM
O DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) é um padrão de classificação de transtornos mentais e comportamentais que tem a forma de manual. 
Foi criado e é utilizado pelos profissionais de Saúde Mental nos EUA. 
Atualmente em sua quinta edição (DSM-5), publicada em 2013, essa classificação tem, ao contrário da CID, foco específico em transtornos mentais e comportamentais.
E o DSM propõe: 
"(...) Apesar de nenhuma definição poder capturar todos os aspectos de todas as desordens no conjunto contido no DSM-5, os seguintes elementos são necessários:"
"Um transtorno mental é uma síndrome caracterizada por um distúrbio clinicamente significativo no comportamento, regulação emocional ou cognição de um indivíduo que reflete uma disfunção de funções mentais básicas em processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento"
E o DSM propõe:
"(...) Transtornos mentais estão usualmente associados a significativo sofrimento ou deficiência em atividades sociais, ocupacionais ou outras atividades importantes. Uma reação esperada ou que tenha aprovação cultural a uma perda ou fato estressor, como a morte de um ente querido, não é um transtorno mental". 
Adicionalmente: "(...) Comportamentos sociais desviados (ex.: políticos, religiosos ou sexuais) e conflitos que são primários entre o indivíduo e a sociedade não são transtornos mentais, a menos que o desvio ou conflito resulte de uma disfunção no indivíduo, como descrito acima."
Do discurso às práticas antimanicomiais: Contínuos Desafios após 60 anos de luta Dr Klyll
Desde o início da luta antimanicomial ( Basaglia , Itália anos 60) conseguimos - lentos - mas importantes avanços na humanização da assistência em saúde mental 
Atualmente, a maior parte dos pacientes portadores de transtornos mentais são atendidos na rede ambulatorial 
Reforma Psiquiátrica , definida pela lei Paulo Delgado ( Lei 10216 de 2001) transferiu o foco do tratamento que se concentrava na instituição hospitalar , para uma Rede de Atenção Psicossocial, estruturada em unidades de serviços comunitários e abertos.
O Sistema Único de Saúde (SUS) fechou 85 hospitais e quase 16 mil leitos psiquiátricos nos últimos 11 anos. Segundo o CFM, das 40.942 unidades psiquiátricas existentes em 2005, restavam 25.097 em dezembro de 2016, o que representa redução de 38,7% na oferta de leitos psiquiátricos.
Considerando os avanços da luta antimanicomial, entendemos que o paciente, cada vez mais passa a ser tratado na comunidade . 
É necessário então que conheçamos quem são esses pacientes e qual é a especificidade do seu acometimento 
Em geral, com a reorganização dos serviços de saúde mental, os pacientes que compõem um síndrome psicótico (TMCP) estão sendo tratados nos CAPS , assim como os dependentes químicos nos CAPS –AD e as crianças nos CAP i