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AO MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
PARTIDO SOL, partido político com representação no Congresso Nacional, devidamente registrado no Tribunal Superior Eleitoral, inscrito no CNPJ sob nº, com sede em endereço completo com CEP, representado, na forma de seu Estatuto Social, vem por seu bastante procurador que vos subscreve respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 102 § 1º e 103, inciso VIII da CRFB/88 c/c Art. 1º e seguintes da Lei Federal n° 9.882/99, ajuizar a presente:
AÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL COM PEDIDO CAUTELAR
Em face da Lei N° 666/2019, aprovada pela CAMARA MUNICIPAL DE HORIZONTINA e sancionada pelo PREFEITO DE HORIZONTINA, conforme a seguir aduzido
PRELIMINARMENTE DA LEGITIMIDADE ATIVA
De acordo com inteligência do art. 2º da Lei 9.882/99, os devidos legitimados para propositura de arguição de descumprimento de preceito fundamental, constam expressamente no rol taxativo do artigo 103, VIII, da CRFB/88, vejamos:
“Art. 2º Podem propor arguição de descumprimento de preceito fundamental: I - Os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade.”
Em leitura do Artigo 103, encontramos o requerente em seu inciso VIII, vejamos:
“Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: VIII - partido político com representação no Congresso Nacional”
O Autor é parte legítima para postular a presente medida, uma vez que possui representação no Congresso Nacional, conforme devidamente demonstrado na presente, estando assim presente no rol taxativo da CRFB/88, mais precisamente em seu art. 103, VIII.
DO CABIMENTO DA ADPF
É de notório conhecimento geral que a CRFB/88 prevê no escopo de seus artigos, que “A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei”, conforme inteligência do art. 102, parágrafo único, transformado em parágrafo primeiro pela emenda constitucional nº 03/93.
Contudo, somente com a edição da Lei nº 9.882/99 é que houve efetiva regulamentação desse novo instituto jurídico processual constitucional, que definiu os seguintes pressupostos para o seu ajuizamento, na modalidade direta, quais sejam: a. Existência de ato do Poder Público, b. Caracterização de lesão a preceito fundamental da constituição e c. Subsidiariedade.
Desta forma, resta claro que o objetivo precípuo da ADPF é evitar ou reparar lesão a preceito fundamental da Constituição, resultante de ato lesivo do Poder Público.
Na presente demanda questiona -se a incompatibilidade da Lei municipal nº 666/2019 com a redação da carta magna, a qual encontra-se descumprindo preceitos legais expressamente expostos na CRFB/88.
Sendo assim, por força dos Art. 102, PU c/c art. 3, I da Lei N° 9.882/99, mostra-se cabível o manejo da presente ADPF, tendo em vista tratar-se de ato lesivo do Poder Público, sendo de competência da presente Suprema Corte apreciar essa Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental a fim de restabelecer a harmonia com a Constituição.
DA SUBSIARIEDADE
De acordo com inteligência expressa do § 1º do Art. 4º da Lei nº 9.882/99, que versa: 
“Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.”
Desse dispositivo os doutrinadores e a jurisprudência dessa Corte extraem a subsidiariedade como requisito do cabimento da presente ADPF, enquanto ação autônoma.
Ou seja, só será cabível a ADPF quando inexistir, no ordenamento jurídico, qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade a preceitos fundamentais da Constituição.
Levando em consideração que é entendimento pacificado em jurisprudência dessa Egrégia Corte, o não cabimento de Ação Direta de Inconstitucionalidade contra ato concreto.
Desta forma a Lei n° 666/2019 é incompatível com a ADI em questão, não restando outra medida que não fosse a presente, tendo em vista sua natureza de ato concreto, revela-se cabível a admissão e o processamento da presente ADPF em relação a tais atos do Poder Público.
Ademais, os outros meios de controle objetivo de constitucionalidade não são aplicáveis ao caso porque: a) destinados a pleitear a constitucionalidade de lei ou ato normativo (ADC), quando o que se pretende aqui é a declaração de incompatibilidade da íntegra da lei ora impugnadas por conta da manifesta contrariedade a preceitos fundamentais; b) destinados à materialização de intervenção federal ou estadual (representação interventiva), o que não é o caso.
Diante o exposto, o único meio de sanar as lesividades decorrentes da Lei N° 666/2019 de um modo amplo, geral e imediato é a admissão da presente Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental.
DOS FATOS
O Município de Horizontina, situado na área de fronteira do território brasileiro, passou a receber intenso fluxo de imigrantes, fruto de graves complicações políticas e humanitárias ocorridas em país vizinho, em decorrência desse fluxo, houve um aumento exponencial da população em situação de rua e os serviços públicos básicos tiveram a sua capacidade operacional saturada, verificando-se um grande aumento nos índices de criminalidade.
 Com intuito de evitar o agravamento desse quadro, a Câmara Municipal de Horizontina aprovou e o Prefeito de Horizontina sancionou a Lei nº 666/2019, que vedou o ingresso de novos imigrantes, no território do Município, pelo período dos próximos 12 (doze) meses, tendo ainda fixado limite máximo para o ingresso de novos imigrantes.
 Insta salientar, que foi previsto sobre a contratação de imigrantes, estando a mesma condicionada à prévia aprovação da Secretaria Municipal do Trabalho, que avaliaria a proporção entre o quantitativo de trabalhadores nacionais e estrangeiros, podendo autorizá-la, ou não, de forma que se pode vislumbrar claramente a situação VEXATORIA ao qual os imigrantes são expostos nesse procedimento.
Sendo assim, resta demonstrado conforme o art. 3, II da Lei 9.882/99, o teor da referida norma evidentemente inconstitucional, pugnando-se assim pela sua declaração da sua ineficácia conforme abaixo aduzido.
DO MERITO
Conforme alhures relatado, podemos vislumbrar que a referida norma viola diretamente dispositivos concretados no seio da CRFB/88, indo contra o texto da carta magna e violando direitos fundamentais conferidos pela norma federal.
Sendo claro o vislumbre da violação dos procedimentos contidos na Carta magna, a competência legislativa privativa da União para legislar sobre emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros, e sobre direito do trabalho, previstos em inteligência do Art. 22, inciso I e XV, da CRFB/88, vejamos:
“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
XV - Emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros”
Ademais, a Constituição assegura a todos o direito social ao trabalho, o que se encontra na inteligência do Art. 6º da CRFB/88, o que foi claramente violado conforme alhures relatado, sendo exaustivamente demonstrado a violação de direitos que a Câmara Municipal de Horizontina e o Sr. Prefeito de Horizontina promoveram em face dos imigrantes, ao qual nem se quer asseguraram os direitos mínimos de dignidade da pessoa humana.
 Sendo assim, constatamos que foram restringidos ilegalmente aos estrangeiros, agredindo fortemente outro preceito fundamental, a dignidade da pessoa humana, prevista no art. 1º, inciso III, da Lei 9.882/99, pois, ao serem impedidos de trabalhar, os estrangeiros não poderão garantir sua subsistência e de suas famílias, estando assim expostos a viver em estado de miséria.
DA MEDIDA CAUTELAR
Conforme exaustivamente comprovado no corpo da presente, a Lei N° 999/2019 viola diretamente a Constituição Federal, de forma explicita e direta, lesando assim, os diversos sujeitos que se sujeitam a mesma, sendo a lei FLAGRANTEMENTE INCONSTITUCIONAL, desta forma, de acordocom a inteligência do art. 5º da Lei 9.882/99, e com o objetivo específico de suspender os efeitos da Lei nº 999/2019, requer a suspensão imediata, eis que tal violação demonstra por si só o fumus boni iuris.
Se encontram, exaustivamente comprovados os pressupostos legais necessários para a concessão da tutela cautelar, sendo evidente o fumus boni iuris, estando consubstanciado na plausibilidade jurídica das teses sustentadas nessa peça, atinentes à inconstitucionalidade da Lei 999/2019 do Município de Horizontina.
 O periculum in mora, por sua vez, se evidencia diante da constatação de que, após a referida Lei estar em vigência, OS IMIGRANTES SE ENCONTRAM EXPOSTOS A UMA SITUAÇÃO VEXATÓRIA.
Sendo assim, diante da extrema urgência em fazer cessar a violação de direitos dos imigrantes e do perigo de lesão grave aos seus direitos, conforme entendimento expresso do art. 5º da Lei 9.882/99, vejamos:
“Art. 5° O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na arguição de descumprimento de preceito fundamental.
§ 1o Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno.”
Diante o exposto, requer a concessão da medida cautelar para fazer cessar os efeitos da referida lei.
DOS PEDIDOS
Conforme alhures exaustivamente relatado, requer seja os pedidos julgados inteiramente procedentes na seguinte forma:
1. a oitiva do Procurador Geral da República com fulcro no art. 7º, lei. 9.882/99
2. a intimação das autoridades interessadas para prestarem informações, conforme art. 6 da Lei 9.882/1999
3. a concessão da medida cautelar para que seja cessados os efeitos da lei n° 999/2019, conforme alhures relado no bojo dessa exordial
4. Que seja declarada a inconstitucionalidade da Lei 999/2019, diante da flagrante inconstitucionalidade da referida em face da CRFB/88.
Para prova dos alegados, instrui a presente exordial com cópia dos dispositivos legais ora impugnados, consoante art. 3º da Lei 9.882/99.
Dá-se à causa o valor ...
Termos em que,
Pede deferimento.
LOCAL
Advogado
OAB/UF