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UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA HELEN CRISTINA GOMES DE O. LINHARES DESAFIOS E EXPECTATIVAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DISGRAFIA – SABERES PEDAGÓGICOS POSSE-GO 2021 UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA HELEN CRISTINA GOMES DE O. LINHARES DESAFIOS E EXPECTATIVAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DISGRAFIA – SABERES PEDAGÓGICOS POSSE- GO 2021 Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Pedagogo. Universidade Paulista – Polo Posse/ GO. Orientação: Professor Me. Fábio Ferreira Silva AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus que me amparou em todos os momentos, dando força e coragem nesta caminhada. Aos meus pais e familiares que incentivaram e ajudaram de diversas formas na realização deste trabalho, aos professores desde a alfabetização até o ensino superior. Dedico este trabalho aos familiares pelo apoio e a confiança acreditando no meu potencial, ajudando a realizar este sonho em comum. A todos os professores responsáveis por minha formação docente, aos amigos e colegas que sempre tiveram presentes nesta jornada, segurando as mãos durante as quedas. E em especial a todos os educadores e futuros educadores que sonham com uma educação de qualidade e enfrentam no dia a dia os desafios da sala de aula. RESUMO Existe o pré-conceito da sociedade em pensar que os portadores de TAs são injustiçados, dignos de pena e incapazes, não percebendo que eles apenas aprendem e compreendem de maneira diferente ao comum, ser portador de disgrafia não significa que o individuo será um “desastre” na área das linguagens. Tais pensamentos só mostram a falta de conhecimento e o despreparo para lidar com tais desafios sociais, educacionais e acadêmicos. O portador deste transtorno quando inseguro devido a sua limitação, tem medo de enfrentar novas experiências de aprendizagem, pois acredita ser incapaz de evoluir. O mesmo pode ter alteração de comportamento, tornando-se agressivos e desinteressados. É necessário atenção para não rotular, condenando o aluno para o resto da sua vida. Para os professores o diagnóstico é valioso porque permite planejar o trabalho, as metodologias, melhorando o sucesso das lições, pois o mesmo indica formalmente os tipos de recursos que devem ser utilizados para determinada dificuldade. O profissional da educação deve estar atento aos alunos. Comumente, são alunos que não apresentam tarefas feitas, não participam das aulas, são consequentemente crianças inibidas. Caso não verificado o problema, pode-se chegar à reprovação destes alunos no final do ano ou déficit de conhecimento necessário para série seguinte. É necessária a identificação desses alunos o quanto antes, pois os problemas a longo prazo estão ligados á insegurança, medo, baixa autoestima, surgimento de criticas, punições indevidas e comprometimento escolar podendo afastar o estudante do contexto escolar e até mesmo do social. Sabe-se que, com um ensino adequado ou uma estimulação individualizada e coletiva, essas crianças podem render mais, elas têm um bom nível de inteligência e que a mesma não lhes falta. O que falta são instrumentos claros para a avaliação precoce dessas crianças e uma melhor compreensão de todos os processos envolvidos na aquisição dos diferentes conhecimentos. Palavras-chave: Disgrafia, Transtorno de aprendizagem, Escrita e Metodologias. ABSTRACT There is a society's pre-concept of thinking that people with AT are wronged, pitiful and incapable, not realizing that they just learn and understand differently from the ordinary, being a person with dysgraphia does not mean that the individual will be a “disaster. ” in the area of languages. Such thoughts only show the lack of knowledge and unpreparedness to deal with such social, educational and academic challenges. When people with this disorder are insecure due to their limitations, they are afraid to face new learning experiences, as they believe they are unable to evolve. The same can change behavior, becoming aggressive and disinterested. It is necessary to be careful not to label, condemning the student for the rest of his/her life. For teachers, the diagnosis is valuable because it allows them to plan the work, the methodologies, improving the success of the lessons, as it formally indicates the types of resources that should be used for a given difficulty. The education professional must be attentive to the students. Commonly, they are students who do not have tasks done, do not participate in classes, are consequently inhibited children. If the problem is not verified, these students may fail at the end of the year or lack the necessary knowledge for the next grade. It is necessary to identify these students as soon as possible, as long-term problems are linked to insecurity, fear, low self-esteem, the emergence of criticism, undue punishment and school commitment, which can lead to a distance between the student and the school context and even the social one. It is known that, with adequate education or individualized and collective stimulation, these children can yield more, they have a good level of intelligence and that they do not lack. What is lacking are clear instruments for the early assessment of these children and a better understanding of all the processes involved in the acquisition of different knowledge. Keywords: Dysgraphia, Learning Disorder, Writing and Methodologies. SUMÁRIO INTRODUÇÃO...........................................................................................................08 CAPÍTULO I 1 DISGRAFIA: DESAFIOS DO AMBIENTE ESCOLAR FRENTE ÀS DIFICULDADES INTELECTUAIS E SOCIAIS.......................................................................................10 1.1 O que é aprendizagem e como acontece?.....................................................10 1.2 Transtornos de Aprendizagem.......................................................................11 1.3 Conhecendo a disgrafia ……………………………………..............................12 CAPÍTULO II 2 AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS JUNTO Á ALUNOS PORTADORES DE DISLEXIA...................................................................................................................18 2.1 Ambiente escolar............................................................................................18 2.2 Efeitos das dificuldades de aprendizagem na leitura e escrita.......................21 2.3 Os professores e as práticas docentes diante dos alunos com dificuldades severas em leitura e escrita..................................................................................23 2.4 Formação dos professores para trabalhar com alunos portadores Disgrafia.25 CAPÍTULO III 3 AVALIAÇÃO E PRÁTICA PEDÁGOGICA: ANÁLISE E DISCURSSÃO..................28 3.1 Pesquisas de qualidades sobre disgrafia........................................................28 3.2 O uso do concreto e das novas tecnologias no ensino de crianças portadoras de dislexia........................................................................................................28 3.3 Intervenções Pedagógicas..............................................................................29 3.4 Contribuições da Psicopedagogia para as práticas pedagógicas voltadas para alunos portadores de disgrafia..............................................................................33CONCLUSÃO…………..............................................................................................36 REFERÊNCIAS..........................................................................................................38 8 INTRODUÇÃO Ao avaliarmos o processo de histórico-cultural do homem dentro da sociedade, ao longo de toda a história da evolução humana, houve a criação de códigos para expressar determinados significados. A possibilidade de simbolizar implica no domínio dos códigos escritos. A aprendizagem, aquisição e domínio da leitura e escrita é um processo complexo com alto nível de dificuldade para a criança que se encontra na fase inicial de alfabetização, pois tais aprendizagens exigem das mesmas habilidades cognitivas e motoras que exigem dos alunos o uso de componentes sensório- motores e perceptivos, ou seja, a capacidade de decodificação das palavras e ação motora adequada no ato da escrita. A pesquisa objetiva atentar os profissionais de educação sobre os índices de fracasso escolar em na área das linguagens, proporcionando uma pesquisa voltada para as causas deste grande número de alunos que têm dificuldades em dominar a leitura e escrita. Este projeto trata de uma busca a inúmeras perguntas para este problema que é retratado unidades escolares, este fracasso pode estar relacionado a um transtorno de aprendizagem chamado: Disgrafia. Por ser um transtorno pouco explorado dentro das unidades escolares, no processo de formação continuada dos professores. Este, por sua vez, não tendo conhecimento taxava o aluno com dificuldade de preguiçoso, “burro”, lançando inúmeras crítica e punições indevidas. As dificuldades de aprendizagem ainda são assuntos poucos explorados nas escolas. Hoje, com estudos nesta área, os professores estão observando mais seus alunos evitando problemas futuros. Para os professores o diagnóstico é valioso porque permite planejar o trabalho, as metodologias, melhorando o sucesso das lições, pois o mesmo indica formalmente os tipos de recursos que devem ser utilizados para determinada dificuldade. O portador deste transtorno quando inseguro devido a sua limitação, geralmente tem medo de enfrentar novas experiências de aprendizagem, pois acredita ser incapaz de evoluir. O mesmo pode ter alteração de comportamento, tornando-se agressivas e desinteressadas. É necessário atenção para não rotular, condenando o aluno para o resto da sua vida. Para o desenvolvimento dessa pesquisa utilizou-se como metodologia de pesquisa bibliográfica, com autores que tratam do tema com responsabilidade, livros 9 embasados com grandes estudiosos em diferentes épocas, que dialogam sobre as dificuldades de aprendizagem e a disgrafia. É necessário levar este tema ao conhecimento da sociedade numa discussão permanente, como instrumento para lutas a criação e melhoria das políticas públicas para os portadores deste transtorno, assim como todas as conquistas da sociedade. 10 CAPITULO I- DISGRAFIA: DESAFIOS DO AMBIENTE ESCOLAR FRENTE ÀS DIFICULDADES INTELECTUAIS E SOCIAIS. 1.1- O que é aprendizagem e como acontece? A aprendizagem possui uma base neurológica, que se relaciona com a forma como cada cérebro é formado e estruturado, já que cada um se organiza de acordo com as experiências individuais e estímulo de cada pessoa acontece a partir da junção de fatores genéticos mais a experiência. Diversos componentes afetam o processo de aprendizagem, como o ambiente, o estímulo, a disposição de quem ensina e de quem aprende o estado emocional e muito mais, porém é no cérebro, principalmente no Sistema Nervoso Central que toda base desse processo acontece. É como uma cidade planejada, que à medida que vai sendo construída vai adquirindo características próprias, podendo ocorrer, inclusive, algumas mudanças no plano original. A história de vida de cada um constrói, desfaz e reorganiza permanentemente as conexões sinápticas entre os bilhões de neurônios que constituem o cérebro. (COSENZA E GUERRA, 2011, P. 28) Cada cérebro se organiza e se forma de maneira única e exclusiva, definindo assim a forma e os estilos de aprendizagem de cada um. As pessoas aprendem de forma diferente porque as pessoas são diferentes, na forma como cada cérebro irá se moldando assim como fisicamente, temperamento, personalidade, de onde vêm, no que acreditam, entre diversas outras áreas. Esse desenvolvimento se inicia desde a formação do embrião, tendo o sistema nervoso central um papel fundamental nesse processo, pois é por meio dele e de sua formação que diversas estruturas são formadas, e por isso falhas ou erros ocorridos nesse momento podem gerar alterações e distúrbios que a pessoa carregará por toda sua vida (COSENZA e GUERRA, 2011, P. 28). Além de todos esses fatores biológicos a interação com o ambiente exerce grande influência no desenvolvimento dos processos de aprendizagem, pois ela afeta as interações, apresenta modelos e reflete nos comportamentos de cada pessoa. Um ambiente empobrecido não fornece o necessário para um desenvolvimento saudável da criança, assim como não estimula de forma adequada as habilidades em potencial de cada período. O aprendizado só é possível porque somos capazes de adquirir, manter e de retomar o conhecimento diante de situações que precisam ser resolvidas por meio 11 de informações armazenadas na nossa memória. E é exatamente por uma falha ou dificuldade em algum desses processos que as dificuldades de aprendizagem começam a aparecer. 1.2 Transtornos de Aprendizagem O transtorno específico da aprendizagem é um transtorno do neurodesenvolvimento com uma origem biológica que é a base das anormalidades no nível cognitivo as quais são associadas com as manifestações comportamentais. A origem biológica inclui uma interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais que influenciam a capacidade do cérebro para perceber ou processar informações verbais ou não verbais com eficiência e exatidão (APA, 2014 p.68). Os transtornos específicos de aprendizagem (TEAS) englobam aquelas crianças que apresentam um desempenho abaixo do esperado e que precisam de intervenções direcionadas para conseguirem avançar nos processos de aprendizagem. São crianças que apresentam uma dificuldade de aprendizagem, porém quando avaliados todos os pontos discutidos na Unidade I (dificuldades primárias e secundárias), não são suficientes para justificar o porquê de a criança não conseguir aprender da forma como o esperado para a idade e ano escolar. Os TEAS são descritos pelo DSM-5, segundo esse manual as características de um transtorno específico de aprendizagem têm como características (APA, 2014 p.32): Ser diagnosticado diante de déficits específicos na capacidade individual para perceber ou processar informações com eficiência e precisão; Manifesta-se, inicialmente, durante os anos de escolaridade formal, caracterizando-se por dificuldades persistentes e prejudiciais nas habilidades básicas acadêmicas de leitura, escrita e/ou matemática; O desempenho individual nas habilidades acadêmicas afetadas está bastante abaixo da média para a idade, ou níveis de desempenho aceitáveis são atingidos somente com esforço extraordinário; O transtorno específico da aprendizagem pode ocorrer em pessoas identificadas como apresentando altas habilidades intelectuais e manifestar-se apenas quando as demandas de aprendizagem ou procedimentos de avaliação (p. ex., testes cronometrados) impõem barreiras que não podem ser vencidas pela inteligência inata ou por estratégias compensatórias; 12 Para todas as pessoas, o transtorno específico da aprendizagem pode acarretar prejuízos duradouros em atividades que dependam das habilidades, inclusive no desempenho profissional. As dificuldades de aprendizagem (naturaise secundárias) e os transtornos específicos de aprendizagem possuem características e formas de serem avaliados bem diferentes e por isso a compreensão dessas características é fundamental para o profissional que atua nas áreas da educação e da saúde com esse público. Infelizmente diversos profissionais utilizam os nomes de forma incorreta e classificam a criança simplesmente por observar comportamentos e potencial de desenvolvimento diferente do que as crianças da mesma idade e ano escolar, porém é necessário conhecer o caminho correto para que uma criança seja diagnosticada com um transtorno específico de aprendizagem. Devem ser observados os seguintes itens: • A criança apresenta uma discrepância entre o seu real potencial de aprendizado e o seu desempenho constantemente; • As dificuldades são persistentes e aparecem em todos os contextos que a criança lida com aquela demanda; • As dificuldades começam a aparecer nos anos escolares quando essas habilidades em leitura, escrita e matemática, começam a ser exigidas; • Quando investigada não conseguem encontrar a causa dessas dificuldades, pois tudo aparenta estar bem com escola, família, ambiente e com a própria criança; • Alguma alteração que a criança possua como problemas visuais, auditivos ou outros não são suficientes para justificar tamanha dificuldade; • A criança deve passar por pelo menos seis meses de intervenção antes da confirmação do transtorno. 1.3 Conhecendo a disgrafia A leitura e a escrita são formas do processamento linguístico. Aprender a ler, embora seja uma competência complexa, é relativamente fácil para algumas pessoas. Contudo um número significativo de pessoas, embora possuindo um nível de inteligência médio ou superior, manifesta dificuldades na sua aprendizagem. (TELES, 2004, p.02) As dificuldades de aprendizagem fazem parte da realidade das salas de aula das escolas do Brasil e de todo o mundo e têm gerado grande ansiedade e 13 preocupação nos professores, devido ao seu aumento, agravamento e ausência de soluções imediatas. “As dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito à forma como um indivíduo processa a informação – a recebe, a integra, a retém e a exprime –, tendo em conta as suas capacidades e o conjunto das suas realizações. As dificuldades de aprendizagem específicas podem, assim, manifestar-se nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou da resolução de problemas, envolvendo défices que implicam problemas de memória, preceptivos, motores, de linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos. Estas dificuldades, que não resultam de privações sensoriais, deficiência mental, problemas motores, défice de atenção, perturbações emocionais ou sociais, embora exista a possibilidade de estes ocorrerem em concomitância com elas, podem, ainda, alterar o modo como o indivíduo interage com o meio envolvente.” (Correia, 2008, p. 46). A leitura e escrita não está apenas nas quatro paredes de uma sala de aula, mas abrange todos os ambientes. Sendo de suma importância, esta deveria ser uma disciplina prazerosa em aprender, porém para algumas crianças e adolescentes a aprendizagem da mesma se torna um sofrimento. Dentro desse processo destacam-se as dificuldades de escrita, durante muito tempo, alunos que apresentavam letras ilegíveis, mal traçadas, ou sem conexão entre o pensamento da escrita eram considerados como “preguiçosas” “incapazes” ou “casos perdidos”. Servindo de comparação para os demais alunos, que não queriam ser igualados a seus colegas, expostos a comentários desagradáveis por parte de professores, colegas de classe e também de familiares. O que pouco se sabe é que tais dificuldades podem ser um Transtorno de Aprendizagem conhecido como Disgrafia. A Disgrafia é definida como a principal dificuldade de escrita manual. É considerada como uma falha no processo de desenvolvimento ou da aquisição da escrita. Está relacionada a uma disfunção na inteiração entre dois sistemas cerebrais, que permitem que a pessoa transforme uma atividade mental em linguagem escrita (MONTIEL; CAPOVILLA, 2009, p. 187.) Disgrafia é considerada a incapacidade que o ser humano possui de produzir ou reproduzir uma escrita aceita culturalmente, legível e de estética agradável ao leitor, apesar do escriba ter um nível intelectual adequado, ter recebido instruções e um ambiente de recursos diversos, não possuir déficits sensoriais e lesões neurológicas, e ter sido estimulado à prática da escrita durante a vida acadêmica. 14 Segundo o DSM-IV (1995), o transtorno de expressão escrita consiste de habilidade escrita abaixo do nível esperado para a idade cronológica, inteligência e escolaridade, podendo ou não estar associado a um transtorno de leitura, e geralmente compromete a caligrafia e ortografia. São comuns portadores desse Transtorno de aprendizagem apresentar dificuldades de coordenação motora fina, inabilidade de visualizar as letras, não conseguir lembrar a forma de construir a letra desejada. Considerada um requisito essencial para o bom desempenho escolar, a escrita é umas das mais complexas de ser ensinada e aprendida, pois resulta da junção de múltiplas funções. Escrever requer a integração das funções motoras, sensoriais, perceptuais e cognitivas, sendo comum que a criança apresente alguma dificuldade no seu aprendizado. Antes de estar apta para escrever, a criança deve desenvolver diversas habilidades, como manter o equilíbrio corporal sem o uso das mãos, aprender a liberar um objeto voluntariamente, manejar utensílios como colher, tesoura, lápis, além de ser capaz de manipular objetos dentro da mão com destreza, fazendo os ajustes necessários para usá-los nas interações com o ambiente (MONTIEL; CAPOVILLA, 2009, p. 194) Para as crianças desenvolverem uma boa caligrafia é exigida da mesma uma série de habilidades, que devem ser adquiridas durante a infância, através de uma Educação Infantil que possua um ambiente estimulador e que propicie diversas experiências. Assim é necessário que as habilidades de controle motor fino, integração visuo-espacial, planejamento motor, percepção visual, atenção sustentada e consciência sensorial dos dedos sejam desenvolvidos, quando há falhas nesse processo, pode resultar em caligrafia ilegível, comprometendo o desempenho acadêmico do aluno. Com a crescente observação de dificuldades apresentadas nesse campo, o interesse em investigar os aspectos relativos ao diagnóstico de escolares que apresentem problemas coma habilidade de escrever de forma legível, possíveis intervenções teve uma crescente. Dentro do campo nacional poucas pesquisas são encontradas, mesmo com o crescimento, em grande parte os trabalhos são estrangeiros, podendo haver discrepâncias em relação a sua aplicação e resultados finais, devido às diferenças de meio estimulados, setor econômicos, entre outros. Assim se faz necessário maior aprofundamento em pesquisas voltadas para a disgrafia, melhorando assim, a qualidade de vida e aprendizagem de estudantes e educadores. 15 O diagnóstico da disgrafia antes do encerramento da primeira série escolar é complexo, pois o processo de alfabetização ainda não está concluído, podendo ser associado a outros transtornos de aprendizagem, ou imaturidade da criança. Existem alunos que possuem a dificuldade ortográfica e lêem perfeitamente. Embora os transtornos de Dislexia e Disgrafia tenham muito em comum, não é o mesmo distúrbio. Durante o processo de aquisição da aprendizagem da escrita é natural à presença de dificuldades no traçado das letras. Nesse momento, se faz muito importante a atenção do professor, fornecendo todas as orientações e intervenções necessárias para que o processo aconteça de forma adequada e os alunos realizem adequadamente a escrita, na ausência de problemas associados, a permanência dos traçados incorretos deve serinvestigada, pois podem evoluir para um quadro de disgrafia. Segundo Fávero (2004) a escrita espontânea envolve um grau maior de dificuldade, pois o modelo visual e auditivo está ausente e envolve a tomada de decisões acerca do que vai ser escrito e como será escrito. Antes de o indivíduo escrever é necessário gerar uma informação, organizá-la coerentemente, posteriormente escrever e em seguida revisar. É preciso diferenciar as letras dos demais signos que fazem parte do contexto do aluno, e determinar quais as letras que devem ser empregadas. Um estudo realizado pelo hospital Henri- Roussele por Ajuriaguerra (1980) identificou cinco diferentes grupos de indivíduos com disgrafia: Grupo I (Rígidos): Composto por indivíduos com dificuldades em controlar eficazmente a tensão dos músculos; Grupo II (Grafismo relaxado): Encontram-se aqui poucas perturbações motoras na escrita, porém no conjunto, a escrita é irregular; Grupo III (Impulsivos): Caracterizado por escrita do tipo impulsiva e pouco controlada, letras escamoteadas, má organização da página e péssima qualidade motora de detalhes; Grupo IV (Inábeis): Composto por crianças com escrita essencialmente deficiente e com problemas reais de execução. É neste grupo que se encontra a pior qualidade motora; 16 Grupo V (Lentos e precisos): Caracteriza-se por indivíduos que buscam a precisão e o controle. As letras têm formas precisas e regulares (na dimensão e na inclinação) e a página é organizada, porém a escrita lenta. ROTTA et al. (2016, p.205) descreve alguns sinais que podem ser observados em crianças que apresentam esse transtorno: 1. Recusa na realização de temas e trabalhos escolares; 2. Estresse pessoal e familiar, principalmente na hora do estudo; 3. Cadernos incompletos, com rasuras, desenhos aleatórios, excesso de pressão no traçado; 4. Desatenção às solicitações do professor; 5. Queixas escolares frequentes; 6. Desorganização pessoal (roupas, mochilas, quarto); 7. “Omissão” de datas para entrega de tarefas e provas escolares; 8. Letra ilegível; 9. Lentidão, morosidade (tardes inteiras para o tema); 10. Repetência de séries escolares. Assim como na dislexia, são crianças que apesar de apresentarem nível intelectual adequado e escolaridade não conseguem apresentar uma produção escrita compatível com esse padrão, mostrando dificuldades no traçado, grafismo não diferencia forma e tamanho, escrita irregular, movimentos incorretos, entre demais sinais já descritos. Ciasca (2009) divide a disgrafia em subtipos: Disgrafia disléxica- Consiste na dificuldade em construir adequadamente a palavra, a escrita espontânea é ilegível, soletração é pobre, mas o desenho e a cópia são relativamente normais. Disgrafia motora- Escrita espontânea e copia são ilegíveis, mas a oralidade é normal, o desenho é pobre. Normalmente este tipo de disgrafia esta associado a um problema puramente motor. Disgrafia visuoespacial- A dificuldade esta relacionada a distribuição do espaço gráfico, desenho é ruim e escrita pode ser ilegível assim como a cópia. 17 Ciasca (2009, p.189) descreve mais alguns sinais que essas crianças podem apresentar em sua produção: Má organização da página: ligado à orientação espacial, apresentação desordenada do texto, margens mal feitas ou inexistentes, espaços irregulares entre palavras e linhas, escrita ora ascendente ou descente. Má organização das letras: ligada a incapacidade de submeter-se às regras caligráficas, o traçado apresenta qualidade ruim, hastes das letras são deformadas, anéis sobrepostos, as letras são retocadas e irregulares em suas dimensões. Erros de formas e proporções: o grau de limpeza do traçado das letras é baixo, dimensão (pequena ou grande), desorganização das formas e, escrita alongada ou comprida. 18 CAPITULO II- AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS JUNTO Á ALUNOS PORTADORES DE DISLEXIA 2.1- Ambiente escolar A escola se caracteriza pela presença de muitos alunos e pais, considerada como o “segundo lar” do aluno, é, assim, uma das responsáveis, pela adaptação e desenvolvimento cognitivo, social e psicológico dos seus “hospedes”, mantendo parceria com os pais para o êxito deste processo. O ambiente escolar torna-se para a criança um órgão facilitador de aprendizagem, cabendo à escola o papel de mediadora de conhecimento através de uma aprendizagem significativa para o aluno. ... O aluno não é o único responsável pelo sucesso ou fracasso escolar na aprendizagem. E passou-se a considerar o fato de que os problemas de aprendizagem podem ser gerados também, pelo ambiente educacional; mas sem perder de vistas as possíveis origens orgânicas e entristeças ao sujeito. (MONTIEL; CAPOVILLA, 2009 p. 06) Porém, para alguns alunos, este pode se transformar em um lugar de intimidação e constrangimento, uma vez que os objetivos intelectuais não são alcançados. Em consequência a este quadro a criança se desencoraja e perde o interesse pelas atividades escolares, se isolando e estando quase sempre com as atividades relacionadas à sua dificuldade incompletas ou sem resolução. Em conseqüência ao fracasso escolar causado pelo insucesso na aprendizagem, a criança é envolvida por sentimentos de inferioridade, frustração e perturbação emocional, o que torna sua auto-imagem prejudicada, principalmente se este sentimento já estava presente em seu ambiente de origem (SOUZA, 2001 P. 45) Existem crianças e adolescentes que têm dificuldades em áreas exatas ou em interpretação e leitura, e gradualmente vão adquirindo uma imagem negativa de si mesmo, por se sentirem incapazes de aprender matemática assim como os seus colegas, sua autoestima e confiança são quebrados. Condemarin e Blomquist (1986) sugerem que a psicoterapia é um método adequado de tratamento apenas numa minoria dos casos e que é desejável adiar a consideração da necessidade de psicoterapia até que os efeitos do ensino terapêutico sejam evidentes, pois na maioria dos casos, as crianças com distúrbios da leitura e escrita melhoram quanto à adaptação da sua personalidade quando começam a ter êxito na atividade escolar. 19 Por ser de fundamental importância na vida do ser humano, é relevante para a escola transformar a sala de aula em um ambiente propicio a aprendizagem, para que esta se torne significativa para os alunos portadores de dislexia, é necessário que a mesma torne-se mais flexível e menos bloqueadora, levando em conta os sentimentos, limitações e necessidades do disléxico. Surgindo dificuldades de aprendizagem, geralmente a escola encaminha as crianças para serem tratadas fora de seus muros, sem as ver ou ouvir como portadoras do sintoma da doença da instituição. A instituição se defende atrás de programas curativos para continuar parada e ineficiente (MONTIEL; CAPOVILLA, 2009 p. 10) Deve-se ter uma atenção espacial com as crianças que são expressivas na fala, curiosas, compreendem e falam bem, mas apresentam desinteresse na leitura e escrita. É interessante que pais e professores, ofereçam diversas possibilidades à criança ao responder um problema matemático, por exemplo. Comparar as respostas oralmente e na forma escrita, onde frequentemente encontramos respostas diferentes, e nessa análise estar atento ao fato da questão oral está correta e incorreta na forma escrita. Esta situação exemplifica como podemos confundir os sinais, pois a dificuldade não é no conteúdo matemática, mas na leitura ou na escrita durante a transcrição do seu pensamento de resolução. Algumas crianças ou adolescentes desenvolvem ansiedade, esta associada à capacidade de interpretar não só o seu desempenho, como também de estabelecer comparações do próprio rendimento com a atuação de outras crianças, sobretudo em situações avaliativas. Assim, ocorreuma experiência repetida de insucessos acompanhada de um sentimento de inferioridade, frustação e incompetência frente à turma, produzindo ainda mais dificuldades e podendo culminar no fracasso escolar. Já Borchert, Horn, e Schmitd (1979) realizaram uma investigação com crianças com dificuldades de aprendizagem que foram divididas em grupos de alta e baixa ansiedade. Os resultados apontaram para diferenças significativas com menos problemas de aprendizagem no grupo de baixa ansiedade. Assim, muitos estudantes que tem um desempenho escolar inferior ao esperado apresentam uma excessiva ansiedade, sendo que esta pode afetar a inteligência, tendo efeito negativo na aprendizagem, principalmente nas complexas. 20 A ansiedade estaria ainda ligada à dependência, hostilidade, agressividade e déficits na relação com os professores, sendo que o treino do relaxamento poderia constituir uma alternativa para a redução da ansiedade de estudantes podendo estar inserido nas escolas. Os professores ainda são adeptos do tradicional quadro e giz, talvez por não obtiverem conhecimento de novas metodologias ou práticas pedagógicas ou por não terem elaborado um planejamento adequado à realidade dos seus alunos, o aprendizado e as habilidades que objetivam o professor e também pelo aluno não é alcançado trazendo assim frustrações e recusas a mudanças. Porém, mesmo com o uso de novos recursos metodológicos, ainda há lugar para a utilização do quadro e giz, pois este recurso pode também possibilitar aprendizado nos alunos. A grande discussão é o educador ser capaz de aproximar o aluno do conhecimento. Para isso é necessário uma investigação individualizada de cada aluno, assim o professor é capaz de elaborar uma práxis educativa, mobilizar os conhecimentos de uma forma mais próxima e concluir com êxito os seus objetivos planejados para os alunos. Resolução CEE n. 07 de 15 de dezembro de 2006, ART.5º O estabelecimento de ensino ao receber o aluno com deficiência ou transtornos globais de desenvolvimento ou com altas habilidades/ superdotação deve realizar avaliação circunstanciada ou diagnóstica devidamente endossada por profissionais especializados de suas necessidades educacionais especiais com o objetivo de buscar e propiciar apoio e recursos necessários á aprendizagem. O ministério da Educação por meio da Secretária de Educação Especial criou o programa de implantação de salas e recursos multifuncionais- SRM, instituído pela portaria n. 13 de 24 de abril de 2007. O programa tem como finalidade a disponibilização e visa apoiar ar redes públicas de ensino na organização e na oferta do AEE. Estas salas são espaços organizados preferencialmente em escolas comuns das redes de ensino, onde os alunos devem ser atendidos em contra turno, tendo atendimento individual ou em pequenos grupos. 21 Em algumas escolas existem salas de recursos e alguns professores intitulados professores de recurso, porém, muitas salas não são utilizadas por falta de formação necessária para o desenvolvimento de práticas educativas capazes de estimular e desenvolver intelectualmente o aluno portador dislexia. Existem instituições que buscam através de recursos próprios, alguns seminários e palestras, em alguns casos a própria secretaria de educação busca fornecer pequenos eventos explanando estes assuntos que cada dia torna-se mais evidentes no cotidiano escolar. Assim as instituições educacionais realizam trabalhos e projetos que contribuam para a formação escolar e social. Segundo Montiel e Capovilla (2009) “Em algumas escolas ainda contamos com alunos heterogêneos em classes regulares... Professores faltosos e nem sempre bem preparados e bem remunerados para ensiná-los.” Deve haver incentivo do governo para que os professores façam cursos voltados para as metodologias adequadas para o desenvolvimento intelectual e social destes alunos. Os professores, por sua vez, precisam assumir com maior responsabilidade a tarefa educativa. 2.2 Efeitos das dificuldades de aprendizagem na leitura e escrita Nos últimos anos, foi constatada a necessidade não só de maior pesquisa sobre como o ser humano aprende a ler, mas também melhor maneira de ensinar leitura. Constitui uma descoberta científica o fato de que a leitura se baseia em representações fonológicas e, portanto, o método fônico. (MONTIEL; CAPOVILLA, 2009, p. 12) As dificuldades de aprendizagem são problema retratados em unidades escolares, este fracasso pode estar relacionado à disgrafia. Ela está ligada a inúmeros casos de alunos que não conseguem assimilar e se apropriar dos símbolos e fonemas, causado danos psicológicos ao mesmo por se achar menos inteligente que os demais, se isolando, mantendo uma baixa autoestima, medo, e mais gravemente o abandono da escola. O professor, por sua vez, não tendo conhecimento taxa o aluno de preguiçoso, “burro”, lançando inúmeras crítica e punições indevidas. As dificuldades de aprendizagem ainda são assuntos pouco explorados nas escolas. Hoje, com estudos nesta área, os professores estão observando mais seus alunos evitando problema futuros. 22 Existem crianças e adolescentes que têm dificuldades em áreas exatas ou em interpretação e leitura, e gradualmente vão adquirindo uma imagem negativa de si mesmo, por se sentirem incapazes de aprender matemática assim como os seus colegas, sua autoestima e confiança são quebrados. As possíveis alterações emocionais ou comportamentais apresentadas por crianças disléxicas não são fatores etiológicos do problema e sim consequências do mesmo, que não corretamente diagnosticado e tratado, leva comumente às perdas escolares e sociais, passíveis de causar graves consequências emocionais. (JARDINI, 2010, p. 07) Condemarin e Blomquist (1986) sugerem que a psicoterapia é um método adequado de tratamento apenas numa minoria dos casos e que é desejável adiar a consideração da necessidade de psicoterapia até que os efeitos do ensino terapêutico sejam evidentes, pois na maioria dos casos, as crianças com distúrbios da leitura e escrita melhoram quanto à adaptação da sua personalidade quando começam a ter êxito na atividade escolar. Recomenda-se que o diagnóstico seja feito por uma equipe multidisciplinar (psicólogo, um fonoaudiólogo, um psicopedagogo e um neurologista) não somente para se obter o diagnóstico de dislexia, mas para se determinarem, ou eliminarem, fatores coexistentes de importância para o tratamento. Além disso, o diagnóstico deve ser significativo para os pais e educadores, assim como para a criança. Ou seja, simplesmente encontrar um rótulo não deve ser o objetivo da avaliação, mas tentar estabelecer um prognóstico e encontrar elementos significativos para o programa de reeducação. É de grande importância que sejam obtidas informações sobre o potencial da criança, bem como sobre suas características psiconeurológicas, sua performance e o repertório já adquirido. Informações sobre métodos de ensino pelos quais a criança foi submetida também são de grande significação. (DRUMOND, 2010 P. 25) As dificuldades na aquisição da leitura e escrita é algo presente em todas as escolas, e vem desde anos atrás, o aluno com dificuldades de aprendizado enfrenta uma grande barreira na sala de aula, pois tem que aprender no mesmo ambiente e com mesmo espaço de tempo, de alunos que não apresenta dificuldades. Por isso e necessário que estes alunos tenham mais tempo para processar informações. As dificuldades em leitura e escrita podem ocorrer não só pelo nível de complexidade ou pelo fato de não gostar, mas por fatores psicológicos e pedagógicos que envolvem uma série de conceitos e trabalhos que precisam ser desenvolvidos para uma melhor aquisição do conhecimento. 23 2.3 Os professores e as práticasdocentes diante dos alunos com dificuldades severas em leitura e escrita. É muito importante o papel do professor juntamente com a família no que diz respeito ao diagnóstico e acompanhamento da criança com este transtorno, pois o educador juntamente com outros profissionais da escola deve fazer análise criteriosa do aluno para encaminhar as crianças ao um tratamento especifico. O educador capacitado e atualizado atuando em sala de aula tem a possibilidade de intervir nas ações do educando, mediando e facilitando a construção do conhecimento do mesmo através de recursos sensoriais atraentes, de acordo com a etapa de maturação em que se encaixa. O professor-educador deve estar atento ao desenvolvimento psicomotor do educando. Tendo em vista que é através de atos motores expressos pelo educando, após emissão de algum estímulo externo, que se pode identificar uma resposta dentro do padrão esperado ou não. Resposta fora do padrão esperado evidencia a possiblidade de existir um problema, que pode ser sanado após a identificação do mesmo e com a estimulação adequada, ou intervenção se caso for necessário. Mas somente por meio dos conhecimentos sobre como se dá a aprendizagem e a apropriação da linguagem é que será possível compreender os possíveis desvios, que poderão ocorrer durante o desenvolvimento. Assim como realizar mediações necessárias no sentido de minimizar ou de superar as dificuldades de aprendizagens. (SAMPAIO, 2019, p. 129) A intervenção do educador na educação infantil tem se mostrado cada vez mais necessária uma vez que abrange o período de maturação em que a criança está aberta à aprendizagem, assim todos os recursos e interações que acontecerem de forma certeira serão benéficos e contribuirão para que os pré-requisitos básicos para a alfabetização aconteçam. As dificuldades de aprendizagens estão crescendo cada vez mais em nossas escolas e cabe ao sistema educacional criar métodos claros para diagnóstico, assim como propostas de ensino mais adequada para buscar o desenvolvimento destes alunos. O professor ao diagnosticar este problema de aprendizagem deve escolher uma metodologia diferenciada para trabalhar com estes alunos, buscando uma 24 proposta metodológica para dar a cada criança a oportunidade de aprender tanto quanto sua capacidade permitir. Um facilitador de aprendizagem é, e principalmente só isto em relação ao aprendiz: um recurso, mas um recurso vivo interagindo em relação interpessoal com o aprendiz. É essa relação que deve ser de primordial importância em qualquer cenário educacional. (ROGERS apud LUCZYNSKY, 2002 p. 227). As atitudes do professor podem minimizar ou agravar o transtorno, pois, se ele por em prática, na sala de aula uma atitude distinguindo os alunos dos demais, isso pode fazer com que o individuo se sinta inferior, diminua e perca ainda mais o rendimento, tornando o aluno vulnerável à desistência. A intervenção psicopedagógica propõe melhorar a imagem que a criança tem de si próprio, valorizando as atividades que ela si sai bem e descobrir como e o seu processo de aprendizagem, e a partir daí trabalhar uma série de exercícios neuromotores e gráficos que vão ajudá-la a trabalhar melhor com símbolos e com jogos, que irão ajudar na seriação, classificação, habilidades psicomotoras, habilidades espaciais e contagem. Infelizmente em nosso país o ensino da leitura traz dificuldades. Em nossas escolas ainda contamos com alunos heterogêneos em classes regulares, possuindo, muitas vezes, algumas deficiências da linguagem e tendo professores faltosos e nem sempre bem preparados e bem remunerados para ensiná-los. Ocorre ainda o fato de que os sistemas escolares de ensinos são desafiados por ações judiciais que os acusam de falhar na provisão de programas educacionais adequados. (MONTIEL; CAPOVILLA, 2009 p. 13) Segundo Montiel e Capovilla no caso de disgrafia, as pesquisas de abordagem neuropsicológica e neurológia se esforçam para propor, se possível, alguma medida médica, mas o que tem dado mais resultado na prática é o esforço educacional. A interação também é muito importante para a aprendizagem, pois a possibilidade do homem constituir-se enquanto sujeito e apropriar-se do conhecimento também se efetua a partir de trocas que ocorrem em indivíduos de mesma espécie. Na concepção vygotskyana, o ambiente social em que a criança encontra- se inserida constitui, de fato, uma zona de desenvolvimento, na medida em que as pessoas mais experientes colocam-se como uma forma de consciência indireta que ajuda a criança a discernir melhor sua experiência e, consequentemente, sair da indiferenciação inicial (PALANGANA, 1998, p. 150). 25 O contato dos disgráficos aos colegas de classe que possuem habilidades cognitivas mais aguçadas é muito importante, pois a interação permitirá a troca de experiências entre os mesmos permitindo que o mesmo consiga assimilar as atividades e conteúdos. 2.4 Formação dos professores para trabalhar com alunos portadores de Disgrafia. A formação docente dos professores revela um dado bastante preocupante, os professores não tem formação para trabalhar com alunos portadores de transtornos na área de linguagens. Os conhecimentos que alguns educadores estão tendo nesta área estão associados à minicursos e outros eventos. No sistema educacional a preparação dos professores para trabalhar com crianças portadoras de transtornos em aprendizagem está muito abaixo do esperado. O número de crianças identificadas pelas escolas e diagnosticadas por outros profissionais com transtorno de aprendizagem em disgrafia e nas áreas de linguagens aumenta a cada dia e a qualificação dos professores para atuar no ensino destes alunos tem pouco a oferecer, pois a maioria dos professores está desqualificados para ensinar crianças e adolescentes com este tipo de problema aprendizagem. Nos cursos de formação de professores as questões da teoria e da prática estão estruturadas em um modelo fragmentado, na maioria destes cursos são dadas as disciplinas com o conteúdo cientifico especifico e do outro ficam as práticas pedagógicas. Esta dicotomia faz com que o docente tenha uma formação com pouco conhecimento da realidade, pois não conhece bem a estrutura do ensino nem os problemas existentes na educação. Na formação de professores faz-se necessário aumentar o caráter cientifico- investigador, psicopedagógico e interdisciplinar, assim como uma maior interação com as praticas educativas e realidade escolar, visando à formação de um educador que saiba fazer a ponte entre as teorias pedagógicas e os conteúdos, buscando levar o aluno a construir seu conhecimento e também diagnosticar e buscar resoluções para problemas de aprendizagens dos alunos. 26 Formar professor não e apenas qualificá-lo em uma área especifica capacitá-lo teórica e metodologicamente para ensinar determinado conteúdo, mas formá-lo para enfrentar e construir a ação educativa escolar em sua totalidade. (SOARES, 2001, p. 93) A disgrafia é um novo desafio para estes profissionais, pois as deficiências físicas e intelectuais são visíveis e possuem um roteiro de atividades para o desenvolvimento do portador das mesmas, porém para o trabalho com a disgrafia é um assunto recente aqui no Brasil não visível, é necessário um estudo por conta própria, buscando estratégias, tendo que usar a criatividade para a realização de intervenções. Devido às dificuldades e a falta de diagnóstico é necessário exigir um acompanhamento metodológico de um professor de recurso ou apoio, muitas instituições ou professores fecham os olhos para possíveis casos de disgrafia. Um obstáculo maior surge, os mesmos somente será beneficiados se possuíremlaudos. Com a falta de laudos médicos os alunos poderão deixar de ser beneficiados em salas de recursos multifuncionais, professores de recursos e professores de apoio durante as atividades em sala de aula. Toda instituição é responsável pela emissão e documentos, fichas e relatórios que comprovarão os investimentos feitos pelo governo à mesma. Cabe aos pais procurarem obter estes laudos, porém o acesso ao mesmo é um grande obstáculo, o recurso financeiro fala mais alto e pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é uma luta diária. Alguns pais além da falta de recursos financeiros também não têm conhecimento do transtorno de aprendizagem, e a ausência de informações não os fazem enxergar a importância do diagnóstico para a intervenção médica e pedagógica. As escolas têm dificuldades em alertar os pais, pois como é típico da educação não se ter tempo para interagir, conhecer e participar do cotidiano escolar das crianças e adolescentes. Os disgráficos necessitam de respeito e compreensão para poderem desenvolver o aprendizado, para que isto aconteça é necessário o apoio de pais, professores e colegas de classe. Em virtude disso fica claro a importância dos educadores na mediação do conhecimento aos alunos, no caso dos alunos com suspeitas de Transtornos de Aprendizagem aumenta ainda mais a importância, pois 27 os educadores são mediadores de conhecimento, cabendo ao mesmo à responsabilidade de refletir sobre suas estratégias e metodologias, encorajando e motivando o aluno na aquisição de habilidades. 28 CAPÍTULO III- AVALIAÇÃO E PRÁTICA PEDÁGOGICA: ANÁLISE E DISCURSSÃO 3.1 Pesquisas de qualidades sobre disgrafia As pesquisas de qualidade em educação são crescentes, porém, caminha a lentos passos, e se tratando da disgrafia a área de pesquisa ainda é precária, e deixa a desejar devido a sua relevância intelectual, social e econômica. Fletcher et al (2009) afirma que “ Como em grande parte da pesquisa em educação, continua a haver uma carência de modelos de pesquisas com boa qualidade, especialmente aqueles que são mais adequados para interferir na causalidade (...).” Com avanços nesta área os disgráficos teriam maior qualidade de vida, pois haveria intervenções metodológicas mais definidas e eficazes aumentando as chances de cura ou abrandamento deste transtorno de aprendizagem, sendo possível o crescimento intelectual, a integração do mesmo em sociedade aumentando assim as chances de uma formação profissional com chances de crescimento econômico. Embora a qualidade da pesquisa sobre as intervenções tenha melhorado a atual literatura do tratamento/intervenção envolve estudos que ainda são difíceis de interpretar por causa de problemas procedimentais (FLETCHER et al. 2009 p.282). Estas pesquisas devem ser validadas para elevar a confiança dos beneficiados pela mesma. É importante para a pesquisa de qualidade a divisão com grupos de comparações, para que a mesma possa ser validada cientificamente e popularmente, trazendo confiança e veracidade nas analises dos dados. Pesquisas e intervenções não são inertes, e inalteráveis. Estão sempre sujeitas a mudanças e transformações, buscando sempre a proximidade da perfeição. 3.2 O uso do concreto e das novas tecnologias no ensino de crianças portadoras de dislexia. 29 A utilização de material concreto no ensino aprendizagem de crianças com dificuldades de aprendizagem propõe um estimulo ao interesse, facilita a absorção dos conceitos, e proporciona ao educando uma condição de estimulador e avaliador da aprendizagem. O uso do concreto é uma ferramenta importante para desenvolver a aprendizagem de crianças portadoras de disgrafia, pois encaixa ao ritmo e potencial de cada aluno. Este recurso pode ser trabalhado individualmente ou em grupo e em qualquer contexto permite ao aluno sanar suas dúvidas, conhecer melhor seu raciocínio, criar estratégias e descobrir caminhos interessantes de aprendizado. Através de materiais concretos como: Fichas, alfabeto móveis, material dourado, parlendas, textos ilustrados e com temas que sejam do interesse, crianças e adolescentes aprendem conceitos matemáticos, leitura e escrita a partir do concreto, facilitando a visualização e interpretação dos mesmos. A motivação transforma o ambiente em um local propicio á aprendizagem, sendo o educador a ponte mediadora entre o aluno e o conhecimento. Estes recursos despertam nos alunos a concentração, o interesse e desenvolve a criatividade e a imaginação das crianças, que estão quase sempre propicias ao jogo. O educador pode propiciar momentos com esses materiais individualmente, porém não impede o desenvolvimento de atividades pedagógicas em grupo. O computador é outra ferramenta de grande importância para o ensino de crianças e adolescentes disléxicos, pois o contato com o mesmo facilita a compreensão de conceitos, visualização de símbolos, além de estimular para a aprendizagem, pois desperta interesse e curiosidade nos mesmos. 3.3 Intervenções Pedagógicas Para Cinel (2003), é preciso entender que uma criança em processo de construção da escrita naturalmente apresenta dificuldades no traçado das letras, até dominá-lo corretamente. Durante esse período, o professor deverá orientar os alunos a realizarem adequadamente a escrita para evitar a permanência de traçados incorretos e, consequentemente, a disgrafia. 30 Preparar um aluno para escrever com correção e legibilidade é trabalhar com ele, desde o início, atentando para a grafia correta das palavras. A forma das letras, a uniformidade no traçado, o espaçamento, o ligamento e a inclinação da escrita em relação ao espaço onde se está escrevendo. Se após um programa bem planejado para sanar ou minimizar os problemas, e o professor observar que o aluno ainda permanece com dificuldades, deve encaminhá-lo a pessoas especializadas, a quem compete o trabalho de reeducação da linguagem. A criança disgráfica requer uma estimulação linguística global e um atendimento individualizado complementar a escola. Os pais e professores devem evitar repreender a criança. Os professores devem reforçar o aluno de forma positiva sempre que conseguir realizar uma conquista, na avaliação escolar dar mais ênfase à expressão oral, evitar o uso de canetas vermelhas na correção dos cadernos e provas, conscientizar o aluno do seu problema e ajudá-lo de forma positiva. A reeducação da disgrafia deve ser ampla e abranger os seguintes aspectos: método de relaxamento global e segmentaria, reeducação psicomotora de base, reeducação gestual, reeducação visuo-motora, reeducação grafo-motora, reeducação de letras, sistematização da escrita e exercícios de aperfeiçoamento. (MONTIEL; CAPOVILLA, 2009 p.219) Para a eficácia do processo interventivo em crianças, com disgrafia é necessário, em primeiro lugar, conhecer a condição do quadro, não apenas rotulando a mesmo como: “disgráfica”, “disléxica” ou outra condição não esperada para idade e escolaridade. A mediação do educador e profissionais clínicos é imprescindível na promoção da aprendizagem do escolar, principalmente se esta apresentar caráter de intervenção precoce. A interdisciplinaridade é fundamental quando nos remetemos a distúrbios de aprendizagem, pois o desenvolvimento da linguagem oral e escrita, psicomotor e cognitivo devem trilhar caminhos com meta única de beneficiar a criança. Segundo a Fonoaudióloga Dra. Renata Jardini, criadora do Método das boquinhas algumas intervenções pedagógicas simples podem contribuir com a melhoria na aprendizagem dos disléxicos, tendo algumas medidas que podem ser estendidas a alunos disgráficos, assim como nortear o trabalho do professor no ambiente escolar. 31 1. Colocá-lode frente e no centro da lousa, preferencialmente na 1ª carteira. 2. Tê-lo sempre perto da professora, que supervisiona seus trabalhos, principalmente na organização e sequência das atividades. 3. Escrever claro e espaçado na lousa, delimitando as partes da lousa (duas ou três partes no máximo) com uma linha divisória vertical bem forte. 4. Exigir disciplina e concentração no conteúdo abordado, permitindo interrupções e opiniões espontâneas, desde que pertinentes ao assunto. Dizer ao aluno caso sua colocação esteja fora de contexto. 5. Valorizar sempre o conteúdo trabalhado e “tolerar” as dificuldades gramaticais, como letra maiúscula, parágrafo, pontuação, acentuação, caligrafia irregular, etc. Diminuir a tolerância à medida que os anos escolares se sucedem. 6. O disgráfico geralmente tem dificuldade com a orientação e organização espaciais. Pode, sem perceber, pular folhas do caderno, pular linhas indevidamente, escrever na apostila trocada, fazer anotações em locais inadequados. Mostrar sempre o certo, não punir o erro e não criticá-lo pela falta de atenção. Diminuir a tolerância à medida que os anos escolares se sucedem. 7. Ser sempre clara e sucinta nas explicações das ordens dadas oralmente, preferencialmente dando exemplos e mostrando onde quer que faça a atividade. Ex.: do lado direito superior da folha, mostrar o lado e a orientação. 8. Em lugar de dizer o que não deve ser feito, diga sempre o que é esperado que se faça e como é para ser feito. Repetir a ordem se necessário. 9. Elaborar aulas com material visual, claro, criativo, que chame atenção. 10. Estar sempre em contato com o profissional que atende a criança, sabendo quais as letras que já foram trabalhadas para que possa ser exigido o acerto. 11. Não trabalhar no limite, esperando que com o tempo vá passar. Sempre entrar em contato com a coordenação, com os pais, com os profissionais que assistem o disgráfico. O stress do professor só piora o quadro, traz frustração e afeta a motivação de todos. Mantenha o bom humor e a confiança de que haverá sucesso. 12. Trabalhar sempre com o erro como forma de aprendizado e nunca como meio de punição. Ex.: se trocou letras, mostrar o erro, ler o erro, produzir o erro e estimular a classe a corrigê-lo, sem estigmatizar o aluno. 32 13. Estimular atividades conjuntas, onde um começa, o outro continua e vice-versa. Ex.: troca de cadernos, o aluno é o professor, trocam os lugares, ficam os cadernos, etc. 14. Não dar muitos exercícios repetidos. O disgráfico não aprende pela repetição, ao contrário, cansa-se mais facilmente e desmotiva-se. 15. Em um texto espontâneo, valorizar as ideias, o conteúdo. Dar notas separadas para a ideia e para a escrita. 16. Em provas de outras disciplinas, como ciências, história, etc., corrigir pelo conteúdo e não descontar nota por erros de português. Aumentar a exigência à medida que avançam os anos escolares. 17. Não exagerar na quantidade de tarefa e sim na qualidade. 18. Não permitir que os pais corrijam a tarefa, para que o professor possa avaliar o nível de aprendizado e reestruturar o conteúdo. 19. Delimitar em colunas os cálculos matemáticos, para que não se confunda na orientação espacial. 20. Aceitar respostas objetivas, diretas, curtas, desde que contenham a resposta solicitada. Aumentar a exigência à medida que os anos escolares avançam. 21. Se o professor não entendeu o que o aluno escreveu, a letra, ou o que ele quis dizer, solicitar que ele leia sua escrita, antes de corrigir. 22. Não privilegiar o disgráfico em nada, apenas compreender que suas dificuldades são reais e, que ele necessita tratamento especializado para evoluir como os demais. 23. O disgráfico é tão inteligente ou mais que os outros alunos. Apresenta falhas de percepção de origem neurológica. Necessita de variedade e flexibilidade por parte do professor, além de uma boa dose de paciência e tolerância. 24. Disciplina, organização e criatividade são os fatores chave para que um disgráfico tenha sucesso em sala de aula. A rigidez e os modelos pré-concebidos não se encaixam com este aluno. 25. Ensinar o aluno a parafrasear, isto é, dizer com suas palavras o que entendeu, passando para a escrita. 26. Dê preferência às avaliações orais, através das quais, em tom de conversa, o aluno tenha a oportunidade de dizer o que sabe sobre o(s) assunto(s) em questão; 33 27. Elabore questões em que o aluno possa demonstrar o que aprendeu completando, destacando, identificando. 28. Dê mais tempo para realizar a prova; 29. Elabore mais avaliações e com menos conteúdo, para que o aluno possa realizá- las num menor tempo. 30. Durante a avaliação preste a assistência necessária, dê a ele chance de explicar oralmente o que não ficou claro por escrito e respeite o seu ritmo; 31. Ao corrigi-la, valorize não só o que está explícito como também o implícito e adapte os critérios de correção para a sua realidade; 32. Retomar a prova com ele e verificar, oralmente, o que ele quis dizer com o que escreveu; 33. Dê ao aluno a opção de fazer prova oral ou atividade que utilize diferentes expressões e linguagens. 3.4 Contribuições da Psicopedagogia para as práticas pedagógicas voltadas para alunos portadores de disgrafia A psicopedagogia é uma área de estudo responsável por intervir e tentar compreender as dificuldades encontradas no campo das aprendizagens humanas. Os psicopedagogos defendem que a aprendizagem exige um encontro de um ser histórico, um organismo em nível de estruturação cognitiva, um sujeito que possui emoções e tantos outros aspectos pessoais e sociais. Define as dificuldades de aprendizagem como sintomas que expressam necessidades que aparecem no mesmo momento histórico em que está acontecendo a aprendizagem. (MONTIEL; CAPOVILLA, 2009 p. 09) A aprendizagem não está desconectada, ao contrário, tudo depende do todo (cognitivo, ambiente, emoções e aspectos sociais). Para uma intervenção efetiva o ser total precisar ser considerado, não somente partes. A psicopedagogia busca constantemente exercitar este esforço integrador a fim de atingir os objetivos almejados, ela trouxe aos profissionais ligados à educação um olhar mais profundo, indo além do conteúdo da sala de aula que o aluno não consegue absorver, pois as crianças são seres únicos e assim suas limitações e dificuldades em aprendizagem não poderiam ser diferentes. A psicopedagogia surgiu com a proposta de facilitar o acesso à aprendizagem e com o objetivo de ir além, buscando um contato direto com o indivíduo. Esta é uma das razões pelas quais não se pode deixar de 34 considerar os fatores culturais, afetivos e cognitivos que ocorrem dentro da família, da escola e da comunidade. (MONTIEL; CAPOVILLA, 2009 p. 10) Quando alunos portadores de disgrafia são inseridos em um ambiente com estratégias educacionais ineficientes pode afetar gravemente o aprendizado infantil. Independente da causa que originou, essas crianças estão defasadas em relação aos demais colegas de classe, quando se refere a aspectos da aprendizagem. A psicopedagogia constitui uma das vertentes da ação educativa pedagógica que se refere à psicologia escolar. Por ser do domínio da ação, ela se exerce buscando diagnosticar e analisar os fatores que favorecem, intervêm ou prejudicam a aprendizagem. Um de seus objetivos é atuar junto a crianças com problemas nessa área, a pais e professores, intervindo no sentido de levar o aluno a reencontrar o prazer de aprender. (MONTIEL; CAPOVILLA, 2009 p. 04) A atuação do psicopedagogo pode ser considerada uma área da saúde, onde sua atuação ocorre tanto de maneira preventiva como curativa. Dentro da função preventiva, este profissional trabalha dentro das unidades escolares e em cursos de formação de professores, dedicando-se ao desenvolvimento infantil e na organização do ensino e aprendizagem. No aspectocurativo trabalha diretamente com crianças e adolescentes, seus respectivos pais e professores na sua prática clínica. O tratamento para ser bem sucedido envolve uma parceria entre família, escola e a criança. Para o êxito nesse objetivo é necessário que o profissional seja competente em conhecimentos fundamentais sobre a correspondência entre a linguagem escrita e a estrutura da linguagem. Segundo Demo (2005), o papel do professor é crucial, pois a forma como ele encarra as dificuldades dos seus alunos pode facilitar ou não o desenvolvimento da aprendizagem. Ser um aluno deficitário na aprendizagem não significa uma condição permanente. Este momento pode mostrar mudanças, buscar um equilíbrio, ou até mesmo uma regressão necessária, cuja causa é desconhecida. Se a busca pelo erro for constante, esquece-se dos elogios. Quando os pais participam ativamente da vida escolar de seus filhos, possuem uma posição privilegiada para detectar problemas de toda ordem, se tornando fontes seguras de informações, mesmo não possuindo conhecimentos detalhados sobre o desenvolvimento infantil, podem ajudar no diagnóstico e tratamento. 35 Em situações como as citadas acima o professor pode utilizar desse olhar dos pais , firmando uma parceria, contribuindo com um maior tempo para a aprendizagem, através de monitoramento e orientação. São as atitudes da família e do educador frente à criança que vão definir uma dificuldade em maior ou menor grau. 36 CONCLUSÃO A partir das pesquisas, pode-se ter um conhecimento mais amplo a respeito da disgrafia, aumentando o interesse e o respeito pelos disléxicos. Foi possível confirmar com todo este trabalho de pesquisa prática a questão inicial, a importância do diagnóstico precoce para intervenções pedagógicas, médicas e psicológicas. Através do contato com pesquisas sobre o assunto foi possível constatar a discrepância entre o sonho e a realidade, na teoria a educação para portadores de transtornos de aprendizagem é eficaz, mas o fato é que a sociedade ainda não está preparada para a inclusão, as políticas públicas para os disgráficos são precárias, pois os mesmos não possuem leis específicas que os amparem diante as adversidades do dia a dia, enquanto aguardam melhorias ficam a mercê da boa vontade do professor, da instituição, dos pais e do estado. Enquanto as intervenções ainda estão sendo analisadas e pesquisadas, os professores em sala de aula podem auxiliar os disléxicos com simples atitudes, como por exemplo: Permitir o uso de calculadora e tabela de tabuada; Adotar o uso de caderno quadriculado; Em provas e avaliações elaborar questões claras e diretas, reduzindo-se ao mínimo o número de questões, sem limite de tempo, aplicando-a de tal sorte que o aluno esteja acompanhado apenas de um tutor para certificar se entendeu o enunciado das questões; Moderar na quantidade dos deveres de casa, passando exercícios repetitivos e cumulativos; Incentivar a visualização do problema, com desenhos e depois internamente; Prestar a atenção no processo utilizado pela criança, verificando o tipo de pensamento que ela usa para desenvolver o problema; Ministrar uma aula livre de erros, para esse aluno conhecer o sucesso; e ter em mente que, para o disléxico, nada é óbvio, como é para os demais alunos. Para uma possível mudança no quadro que se apresenta no Brasil é necessário que a educação geral e a educação especial compartilhem as responsabilidades e os desafios para prevenir e intervir pedagogicamente nas dificuldades acadêmicas dos portadores de disgrafia. Os estudantes com prováveis dificuldades devem ser identificados e instruídos mais cedo em seu desenvolvimento do que ocorre atualmente, o 37 que exigirá triagem e avaliação mais sistemáticas, bem como melhores programas de capacitação de professores, em educação geral e em educação especial. OS professores devem ser tornar especialistas em implementar avaliações e intervenções baseadas em pesquisas (FLETCHER et al. 2009, p. 288). Como foi abordado durante a pesquisa é necessário à participação de diversas áreas para eficácia e progresso do tratamento, como: família que apoie em conjunto com outras áreas estimulando e acompanhando a processo de intervenção, gestores que briguem por melhores condições de ensino, educadores que busquem a educação continuada através de pesquisas, deixando de lado respostas prontas tornando pesquisadores, e o estado que financie, incentive, e disponibilize os profissionais necessários para a melhoria da educação especial. Deve-se haver a identificação de portadores de dislexia, para que os mesmos passem por intervenções que os permitam superar as dificuldades associadas à dislexia, portanto, a educação especial deve ser reformulada, de maneira a abordar um grupo menor de estudantes, usando o poder da legislação e criando novas políticas públicas voltadas aos disléxicos, voltadas ao incentivo a pesquisa, e aplicação de intervenções mais intensivas que não podem ser aplicadas em sala de aula. 38 REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtorno mentais: DSM- 5. 5th ed. Porto alegre: Artmed, 2014 CAPOVILLA, Fernando C.; MONTIEL, José M, organizadores. Atualização em Transtornos de Aprendizagem. São Paulo: Artes Médicas, 2009. CINEL, N. C.B(2003). Prováveis causas dos distúrbios e estratégias para a correção da escrita. Revista do professor, 19 (74), 19-25. CIASCA, S.M. Disgrafia: Transtorno específico da escrita, considerações gerais. In: MONTIEL, J.M.; CAPOVILLA, F.C. Atualização em Transtornos de Aprendizagem. Artes Médicas, São Paulo, 2009. COSENZA, R. M.; GUERRA, L. B. Neurociência e Educação: Como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011. CONDEMARIN, M; MEDINA, A. (Orgs). Avaliação autêntica: Um meio para melhorar as competências em linguagem e comunicação. Porto Alegre, RS: Artmed, 2005. DSM- IV (1995). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4ª ed. Porto Alegre, RS: Artes Médicas. FÁVERO, M.T.M (2004). Desenvolvimento Psicomotor e aprendizagem da escrita. [dissertação]. Maringá, PR: Universidade Estadual de Maringá. FLETCHER, Jack M.; LYONS, G. Reid; FUCHS, Lynn S.; BARNES, Marcia A.; tradução Ronaldo Cataldo Costa- Transtornos de aprendizagem: da identificação á intervenção. Porto Alegre: Artmed, 2009. GOULART, P.C (2005). A escrita e os possíveis tipos de erros. Revista do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino das Escolas do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. SOUZA, Evanira Maria de, Ir. Problemas de aprendizagem: crianças de 8 a 11 anos. Bauru, SP: EDUSC, 2001.