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Fisiologia Gastrointestinal
	Introdução
→ O trato gastrointestinal (GI) consiste em um longo tubo oco que inicia na boca e vai até o ânus e possui órgãos glandulares acessórios que lançam seu conteúdo na luz desse trato. A principal função do trato GI é a de absorver nutrientes e água, que passam para a circulação, e eliminar produtos residuais. Além disso, é responsável pela excreção de substâncias residuais que resultam da digestão dos alimentos ingeridos e produtos oriundos do fígado, como colesterol, esteróides e metabólitos de fármacos, sendo todos moléculas lipossolúveis. 
→ Processos Fisiológicos no TGI:
· Motilidade: Promove a condução do bolo alimentar ao longo no TGI;
· Digestão: Quebra dos alimentos em moléculas menores, capazes de serem absorvidas;
· Absorção: Passagem de moléculas do TGI para a corrente sanguínea;
· Secreção: Produção de substâncias (como enzimas, detergentes biológicos e íons) pelo trato GI e pelos órgãos associados que lubrificam e fluidificam o bolo alimentar favorecendo a digestão e a absorção.
· Excreção: Eliminação de substâncias pelo corpo.
	Anatomia Funcional:
→ As estruturas que compõem o trato gastrointestinal são: boca, faringe, esôfago, estômago, duodeno, jejuno, íleo, cólon, reto e ânus. Duodeno, jejuno e íleo juntos compõem o intestino delgado e o cólon é denominado intestino grosso em algumas literaturas. Além disso, existem órgãos glandulares que se ligam ao tubo GI por ductos, pelos quais suas secreções escoam até o lúmen do intestino. Como exemplo desses órgãos, citam-se as glândulas salivares e o pâncreas.
Órgãos como o estômago e o cólon são importantes para o armazenamento do alimento processado, devido às especializações anatômicas como tamanho e forma e mecanismos de controle, como contrações tônicas realizadas pelo músculo liso. O intestino delgado desempenha funções de digestão e absorção de substâncias. O cólon reabsorve água e íons, garantindo que não sejam eliminados do corpo. Estruturas musculares especializadas, denominadas esfíncteres, isolam uma região da seguinte e possibilitam a retenção seletiva do conteúdo do lúmen, ou impedem seu refluxo, ou ambas as funções.
	Estrutura Histológica Básica
→ Mucosa: É a camada mais interna do trato, composta por epitélio, lâmina própria e lâmina muscular da mucosa. 
· Células especializadas do epitélio:
· Enterócitos absortivos: presentes em grande quantidade, expressam proteínas importantes para a digestão e a absorção dos macronutrientes. 
· Células enteroendócrinas: contêm grânulos de secreção que liberam aminas e peptídios reguladores que ajudam a regular o funcionamento GI. 
· Células da mucosa gástrica: são especializadas na produção de prótons.
· Células produtoras de mucina: dispersas por todo o trato GI, produzem uma glicoproteína, a mucina, que ajuda a proteger o trato e a lubrificar o conteúdo luminal.
As células do epitélio são mantidas aderidas por junções oclusivas e a superfície epitelial é formada por vilosidades e criptas. As vilosidades são projeções que aumentam a área da mucosa e as criptas são invaginações ou pregas do epitélio, onde existe zona proliferativa de células-tronco intestinais que fazem a renovação desse tecido. Essas vilosidades e criptas são produzidas pela contração do músculo liso da lâmina muscular.
→ Submucosa: É a camada subsequente da mucosa, constituída, em grande parte, por tecido conjuntivo frouxo, rico em fibrilas de colágeno e elastina. Em algumas regiões do trato GI, existem glândulas (invaginações ou pregas da mucosa) na submucosa. Os troncos nervosos, os vasos sanguíneos e os vasos linfáticos de maior calibre, da parede intestinal, estão presentes na submucosa, juntamente com um dos plexos do sistema nervoso entérico (SNE), o plexo submucoso.
→ Muscular Externa: É composta por duas camadas de músculo liso: uma camada interna circular e uma camada externa longitudinal. A contração da camada circular diminui o diâmetro do lúmen, enquanto a contração da camada longitudinal encurta o tubo. O estômago possui ainda uma terceira camada incompleta de músculo oblíquo entre a camada muscular circular e a submucosa (mostrado na figura abaixo). A segunda rede nervosa do sistema nervoso entérico, o plexo mioentérico, situa-se entre as camadas musculares longitudinal e circular. 
→ Serosa: Também conhecida por adventícia, é a camada mais externa do trato GI e é formada por uma camada de células mesoteliais escamosas. Constitui uma continuação da membrana peritoneal (peritônio) e forma o mesentério que reveste a superfície da parede do abdome e suspende os órgãos, na cavidade abdominal. As membranas mesentéricas são importantes na lubrificação dos órgãos abdominais, pois secretam líquido transparente e viscoso, que permitem a fluidez, de modo que os órgãos possam se movimentar quando as camadas musculares se contraem e relaxam. 
Imagens Retiradas de: SILVERTHORN, D. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada, 7ª Edição, Artmed, 2017, cap.21.
	Mecanismos de Controle do TGI
O sistema gastrointestinal tem seu funcionamento dividido em dois períodos, um de quiescência relativa, que é o período entre as refeições, com atividades mais moderadas e o período pós-prandial, após a ingestão de alimentos, com intensa atividade.Existem três mecanismos de controle principais para esse sistema. São eles:
→ Regulação Endócrina: As células enteroendócrinas após um estímulo secretam peptídio ou hormônios, lançando-os na corrente sanguínea, por onde se espalham e vão até as células-alvo, distantes dos locais onde ocorreu essa secreção e que possuem receptores específicos para esses hormônios. Vale ressaltar que órgãos que não são responsáveis por digestão e absorção também podem receber sinais de hormônios para outras funções, como é o caso de células endócrinas do fígado e do cérebro. 
→ Regulação Parácrina: Ocorre quando um mensageiro químico ou um peptídeo sensor é secretado por célula endócrina, se difunde pelo espaço intersticial e atua sobre células-alvo vizinhas à célula de secreção. 
Abaixo encontra-se uma tabela com os principais hormônios secretados pelo sistema gastrointestinal:
→ Regulação Neuronal:
A regulação neural do sistema digestório possui um sistema nervoso próprio, denominado Sistema Nervoso Entérico.
Características:
· Esse sistema está localizado inteiramente na parede intestinal, começando no esôfago e indo até o ânus.
· Possui aproximadamente 100 milhões de neurônios. 
· Tem importância fundamental no controle de movimentos e da secreção gastrointestinal. 
· Possui neurônios intrínsecos (se situam completamente dentro da parede do trato GI) e extrínsecos (neurônios autonômicos que levam sinais do SNC para o sistema digestório)
· Liberação de neurotransmissores e neuromoduladores, os mais conhecidos são a serotonina, o peptídeo intestinal vasoativo (inibitório) e o óxido nítrico.
· Possui células glia de sustentação que são mais similares à astroglia do encéfalo do que às células de Schwann do sistema nervoso periférico.
· Possui dois plexos:
· Mioentérico: plexo mais externo localizado entre as camadas musculares longitudinal e circular. Consiste em cadeia linear de muitos neurônios e controla as atividades musculares por todo o intestino. A estimulação desse plexo causa efeitos como a contração tônica ou aumento do tônus da parede intestinal, aumento da intensidade das contrações rítmicas, ligeiro aumento do ritmo da contração, aumento da velocidade de condução das ondas excitatórias (causando movimentos rápidos das ondas peristálticas).
· Submucoso: é o plexo mais interno, localizado na camada submucosa. Exibe sinais sensoriais responsáveis pelo controle da secreção e fluxo sanguíneo intestinal local, absorção local e contração local do músculo submucoso.
→ Controle por meio do Sistema Nervoso Autônomo:
→ Inervação Parassimpática:
· A estimulação parassimpática aumenta a atividade do sistema nervoso entérico e é formada pelos nervos pélvicos e nervos cranianos (principalmente o nervo vago-10º nervo craniano). 
· O nervo vago realizaa inervação do esôfago, estômago, vesícula biliar, pâncreas, ceco, a parte proximal do cólon e a primeira parte do intestino.
· O nervo pélvico inerva partes como a região distal do cólon e a região anorretal. 
· Os corpos celulares pré-ganglionares do sistema nervoso parassimpático estão situados tanto na medula espinal (pélvicos), como no tronco encefálico (vago), no intestino esses nervos fazem sinapses com nervos pós-ganglionares. A sinapse nessa região é mediada pela acetilcolina. A ativação do sistema nervoso parassimpático é importante para a resposta integrativa à refeição, pois ativa processos fisiológicos da parede do intestino.
→ Inervação Simpática:
É formada por corpos celulares situados na medula espinhal e fibras nervosas que terminam nos gânglios pré-vertebrais (gânglio celíaco e mesentéricos superior e inferior), tende a inibir o funcionamento GI e costuma ser ativado em circunstâncias patológicas. Sabe-se também que algumas fibras do sistema nervoso inervam vasos sanguíneos e algumas estruturas glandulares da parede do intestino. 
	Ativação do TGI/ Fase Cefálica:
A ativação do Sistema Gastrointestinal pode ocorrer antes mesmo do alimento chegar à boca, através de estímulos cognitivos, olfatórios, visuais e auditivos, por exemplo. Em seguida, nervos sensoriais ativam o núcleo motor do vago, no tronco cerebral, região de onde os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares parassimpáticos saem; a ativação do núcleo leva à atividade aumentada nas fibras eferentes, passando para o trato GI, pelo nervo vago. O aumento do fluxo parassimpático melhora a secreção salivar, de ácido gástrico e enzimas pancreáticas, a contração da bexiga e o relaxamento do esfíncter de Oddi (o esfíncter entre o ducto comum da bile e o duodeno).
	Fase Oral:
A boca é o local onde se inicia a digestão, por meio da quebra mecânica do alimento, através dos dentes. A presença de três pares distintos de glândulas salivares exócrinas, são elas: parótidas, submandibulares e sublinguais, é de extrema importância para a digestão, pois secretam saliva (com algumas diferenças na composição), através de ácinos e ductos.
→ Secreção Salivar: 
Os principais componentes da secreção salivar são: Na+ , K + , HC03 - , Ca+, Mg + e Cl-, é regulada exclusivamente pela função neural, tem importância fundamental na lubrificação e umidificação do material que está sendo ingerido, além da solubilização para o paladar. 
· Secreção primária: transcorre pelos ácinos e se assemelha ao líquido extracelular (plasma) em sua composição iônica: uma solução isotônica de NaCl, a sinalização dependente de cálcio, irá abrir canais de íons de cloro que irão migrar para o lúmen, logo água e íons sódio por serem parcialmente permeáveis também irão passar pelas junções celulares. Essa secreção também é rica em enzimas como a amilase salivar e a lipase lingual, que participam da digestão do amido em maltose e de lipídios, respectivamente. 
· Secreção secundária: contém a glicoproteína mucina, que lubrifica o alimento para a mastigação e deglutição, passa dos ácinos para os ductos pelas células epiteliais que reabsorvem os íons Na+ e Cl- e secretam K+ e íon bicarbonato. Por fim, é liberada na cavidade oral, sendo a saliva propriamente dita. 
· No repouso, a secreção salivar final é hipotônica e levemente alcalina, sendo importante fator que evita a proliferação microbiana na boca e neutraliza o refluxo de ácido gástrico. Além disso, a impermeabilidade relativa do epitélio ductular à água evita que esta seja reabsorvida.
A saliva também possui função de defesa, com a presença da lisozima, que é uma enzima salivar antibacteriana, e imunoglobulinas salivares, que incapacitam bactérias e vírus. Além disso, a saliva ajuda a limpar os dentes e manter a língua livre de partículas alimentares.
	Transporte iônico para produção de saliva –secreção primária
· Remoção de Na+ da célula por ação dos operadores Na+/K+ - ATPase
· É gerada uma força osmótica que impulsiona Na+,K+ e Cl- para o meio intracelular através de um co-transportador;
· K+, Cl- e HCO-3 atravessam a membrana apical por gradiente osmótico.
· A entrada de ânions no lúmen acinar gera um gradiente elétrico que atrai Na+ através de junções celulares semipermeáveis que levam consigo moléculas de água.
	Transporte iônico para produção de saliva – secreção secundária:
· Absorção de Na+ e Cl- e excreção de HCO-3 e K+ no lúmen por operação de transportadores antiportes Na+/H+, Cl-/HCO-3 e H+/K+
· A impermeabilidade relativa do epitélio ductular à água evita que esta seja reabsorvida.
	Deglutição:
→ Fase Voluntária: “É iniciada quando a ponta da língua separa um bolo da massa de alimento na boca. Primeiro, a ponta da língua, depois as partes posteriores da língua pressionam contra o palato duro. A ação da língua move o bolo para cima e, então, para trás da boca. O bolo é forçado para a faringe, que estimula receptores de tato, que iniciam o reflexo da deglutição.” → Retirado de: BERNE, Robert M.; LEVY, Matthew N. (Ed.). Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010, p. 505.
→ Fase Reflexa: É a fase em que o bolo de alimento ou líquido é empurrado para o esôfago. A pressão do bolo ativa neurônios sensoriais que levam informações pelo nervo glossofaríngeo (nervo craniano IX) para o centro da deglutição no bulbo. Ocorre nas seguintes fases:
1. O palato mole é puxado para cima e as pregas palato faríngeas movimentam-se uma em direção à outra, evitando o refluxo do alimento para a nasofaringe;
2. As pregas vocais se aproximam e a laringe é movida para trás e para cima contra a epiglote, evitando que o alimento entre na traqueia e ajudando a abrir o esfíncter esofágico superior;
3. O esfíncter esofágico superior, formado por músculo estriado, relaxa para receber o bolo alimentar;
4. Os músculos constritores superiores da faringe contraem gerando a onda peristáltica primária; essa onda força o bolo de comida através do EES relaxado;
5. Após a passagem do bolo, uma ação reflexa faz com que o esfíncter esofágico superior contraia.
	Fase Esofágica:
O esôfago, o esfíncter esofágico superior e o esfíncter esofágico inferior impulsionam o alimento da boca para o estômago, protegem as vias aéreas, durante a deglutição, e o esôfago das secreções gástricas ácidas. Os estímulos que iniciam as variações da atividade do músculo liso que resultam nessas funções propulsoras e protetoras são mecânicos e consistem em estímulo faringeano, durante a deglutição, e em distensão da parede esofágica. 
· A estimulação da faringe produz o relaxamento reflexo do esfíncter esofágico inferior e da região proximal do estômago, relaxamento receptivo, que permite que o estômago acomode grandes volumes com o aumento mínimo da pressão intragástrica.
· A distensão do esôfago, causada pelo bolo alimentar, estimula mecanorreceptores desencadeando a onda peristáltica secundária.
· Quando há o esvaziamento do esôfago, o esfíncter esofágico inferior contrai evitando o refluxo de ácido do estômago.
	Nos casos em que o esfíncter esofágico inferior não permanecer contraído, pode haver o refluxo de ácido gástrico e pepsina que podem irritar a parede do esôfago, levando à dor e à irritação do refluxo gastroesofágico, mais conhecido como azia. A longo prazo, o refluxo contínuo pode resultar em lesão da mucosa esofágica. Nesse caso, essa condição é classificada como Doença do Refluxo Gastroesofágico e pode ser tratada por medicamentos como o Omeprazol, que é um inibidor da bomba de prótons ou Ranitidina, que é antagonistas do receptor H2 e reduzem a secreção gástrica ácida.
	Fase Gástrica:
→ Características: 
· É a fase que ocorre no estômago, principal local de armazenamento dos alimentos, com capacidade de até 3,5L;
· Digestão proteica, por meio da pepsina, amilase e lipase gástrica e do precursor enzimático pepsinogênio;
· Secreção de H + para matar micro-organismos e converter pepsinogênio em sua forma ativa, sua secreção ocorre através da membrana plasmática apical das células parietais, pelabomba de prótons H +/K+ - ATPase.
· Estimulação mecânica da parede gástrica pelos alimentos vindos do esôfago, pela distensão e pelo estiramento do músculo liso;
· Estimulação química por meio de nutrientes predominantemente oligopeptídeos e aminoácidos presentes no lúmen gástrico;
· Secreção de água para lubrificação para prover suspensão aquosa dos nutrientes;
· A porção proximal do estômago passa por lenta variação do tônus, compatível com sua função de armazenamento.
· A parte distal do estômago apresenta contrações que variam consideravelmente de intensidade.
→ Regulação do conteúdo gástrico: 
· Regulação por componentes neurais, parácrinos e endócrinos que resultam em vias reflexas neurais intrínsecas e extrínsecas, importantes para a regulação da função gástrica;
· Vias endócrinas liberam gastrina (estimula a secreção gástrica) e somatostatina (inibe a secreção gástrica);
· Vias parácrinas liberam histamina, que estimula a secreção gástrica ácida;
· Respostas secretoras liberam: ácido, pepsinogênio, muco, fator intrínseco, gastrina, lipase e HC03-.
· Respostas motoras podem ser a inibição da motilidade da parte proximal do estômago (relaxamento receptivo) e estimulação da motilidade da parte distal do estômago, que causa peristaltismo do antro. 
· Neurônios aferentes que se dirigem do trato GI para o sistema nervoso central (e em menor extensão, para a medula espinal) via nervo vago respondem a esses estímulos mecânicos e químicos e ativam a eferência parassimpática;
→ Revestimento interno do estômago: 
· Recoberto por epitélio colunar dobrado, que forma as criptas gástricas,cada cripta (ou fosseta) é a abertura de ducto, no qual uma ou mais glândulas gástricas lançam suas secreções.
· A mucosa é dividida em três regiões, são elas: a pequena região glandular da cárdia, região glandular oxíntica ou parietal
→ Células e suas secreções:
· Células parietais ou oxínticas: secretam HCl e o fator intrínseco,que age na absorção da vitamina B12 e são numerosas nas glândulas do fundo;
· Células principais ou pépticas: que secretam pepsinogênio, que é convertido na sua forma ativa,pepsina, por meio da ação do H+. Estão localizadas na profundidade da glândula
· Células semelhantes a células enterocromafins (CSCEC): secretam histamina,que estimula a secreção gástrica;
· Células D: secretam somatostatina, que inibe a secreção gástrica.
	Células intersticiais de Cajal: 
São um grupo especializado de células que estão envolvidas na transmissão da informação dos neurônios entéricos para as células musculares lisas, funcionando como “marcapassos” da parede gastrointestinal, que determinam o ritmo básico e a frequência das ondas lentas.
→ Composição da Secreção Gástrica:
· Constituintes inorgânicos: 
· Em períodos de intensa produção da secreção gástrica: há o aumento H+ e o suco gástrico se assemelha à solução isotônica de HCl, que converte o pepsinogênio em pepsinas ativas e produz o pH ácido, em que as pepsinas estão ativas. 
· Em períodos de menores intensidades secretórias: o H + diminui e o Na + aumenta. Enquanto o K+ é sempre maior no suco gástrico que no plasma, o que leva a hipocalemia (diminuição de íons K+) em episódios de vômito prolongados.
· Constituintes Orgânicos:
· Pepsionogênio → Pepsina: digestão de proteínas;
· Fator intrínseco: Absorção de vitamina B12.
→ Regulação da Secreção Gástrica:
· Neural (SNA e SNE)
· Parácrina (histamina)
· Endócrina (gastrina)
· Mecanismo de feed-foward na secreção de ácido graxo:
→ Mecanismo importante de retroalimentação negativa para inibir a célula parietal, de estimular a secreção de grande quantidade H +, devido ao estímulo pelo alimento.
	Secreção de Muco: 
· O muco é composto pela glicoproteína mucina que torna a substância viscosa e pegajosa → quimo
· É armazenado em grânulos na porção apical das células mucosas e sua secreção ocorre no colo das glândulas gástricas e células epiteliais da superfície estomacal, por exocitose.
· A estimulação da secreção de muco ocorre pela acetilcolina , liberada pelas terminações nervosas parassimpáticas, próximas a glândulas gástricas.
· O muco constitui um importante protetor para impedir lesões na mucosa pelo conteúdo gástrico, pois torna o pH das células epiteliais levemente neutro, mesmo com o do lúmen sendo aproximadamente 2
· A manutenção da camada de muco protetor requer síntese contínua de novas mucinas tetraméricas, para repor as mucinas clivadas pelas pepsinas.
	Mecanismo de secreção de H+ e Cl- pelas células parietais da mucosa gástrica:
H+ e Cl-são os íons de maior concentração no suco gástrico;
• H+ tem como principal função a conversão de pepsinogênio em pepsinas;
• A acidez do estômago impede a colonização de patógenos ingeridos junto aos alimentos.
• Outros componentes secretados: HCO3, Na+, K+, sais e água.
• Fator intrínseco (cobalamina): absorção normal de vit. B12.
	Motilidade Gástrica:
Após a chegada do alimento ao estômago, ocorre o relaxamento de adaptação, com o relaxamento receptivo da parte proximal do estômago. Em seguida, ocorrem contrações antrais, determinadas pelas células de Cajal e reguladas pelos neurotransmissores acetilcolina e substância P, gerando a retropropulsão do alimento, devido a manutenção do piloro fechado.
	Fase do Intestino Delgado
→ Redução do Esvaziamento Gástrico:
- Via neural: Neurônios aferentes, de origem vagal, respondem aos nutrientes, ao H + e ao conteúdo hiperosmótico do quimo, quando ele entra no duodeno. A ativação reflexa dos eferentes vagais reduz a força das contrações antrais, contrai o piloro e reduz a motilidade gástrica proximal (com redução da pressão intragástrica), resultando, assim, em inibição do esvaziamento gástrico. Essa mesma via é responsável pela inibição da secreção gástrica ácida que ocorre quando os nutrientes chegam ao lúmen duodenal. 
- Via endócrina:
· Colecistocinina (CCK): secretada por células I do epitélio intestinal (duodeno), em resposta a estímulos químicos, advindos da alimentação, como ácidos graxos (produtos da degradação dos lipídios) e alguns aminoácidos.
 - Inibir o esvaziamento gástrico, mediante reflexos vago-vagais
· Contração da vesícula biliar
· Estimula a secreção pancreática
· Relaxa o esfíncter de Oddi
	Secreção Pancreática:
As secreções produzidas no pâncreas são as que mais trabalham nos processos de digestão química e enzimática. O pâncreas produz produtos como substâncias que regulam a função ou a secreção (ou ambos) de outros produtos pancreáticos, bem como água e íons bicarbonato. Este último está envolvido na neutralização do ácido gástrico, de modo que o lúmen do intestino delgado tenha pH próximo de 7,0. Isso é importante porque as enzimas pancreáticas são inativadas por altos níveis de acidez e, também, porque a neutralização do ácido gástrico reduz a probabilidade de que a mucosa do intestino delgado seja lesada por tais ácidos, agindo em combinação com a pepsina. 
→ Fase de resposta do intestino delgado à refeição:
· Secreção de colecistocinina (CCK) devido a fatores estimuladores das células I, são eles:
Peptídeo liberador de colecistocinina, secretado por células parácrinas, ao longo do epitélio, para a luz do intestino delgado, provavelmente em resposta a produtos da gordura ou da digestão proteica (ou ambos)
Peptídeo monitor, secretado por células acinares pancreáticas que emitem sinal para secreção colecistocinina que entra na corrente sanguínea e atua sobre o pâncreas fazendo com que haja o estímulo à secreção pancreática ->feedback positivo
Tripsinogênio secretado no intestino e convertido em Tripsina: enzima secretada pelo pâncreas que degradam proteínas, à medida que diminuem a quantidade de proteínas a tripsina degrada o peptídeo liberador de colecistocinina e o peptídeo monitor, inibindo o feedback positivo citado acima
→ No período pós-prandial a secreção pancreática é estimulada por:
• Peptídeo vasoativo intestinal (VIP);
• Secretina: secretada pelas células S do epitélio intestinal
Secreção estimulada por pH abaixo de 4,5
Estimula a secreção de HCO3-pelas próprias células epiteliais;
Importância: região inicial do intestino, recebe o conteúdo gástrico, com alto grau de acidez, o bicarbonato neutralizará essa acidez. Estímulos mecânicos: Distensão da parede intestinal, presença de prótons, osmolaridade elevada, presença de nutrientes no lúmen
• Peptídeo liberador de gastrina (GRP); Acetilcolina; Colecistocinina (CCK): atuam na mobilização intracelular de Ca+ 
No período entre as refeições os constituintes da secreção são ressintetizados
	Mudanças da fase intestinal:
→ Bile:
É produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar, com o consumo de alimentos a bile armazenada é drenada para o ducto biliar.
Estímulo: colecistocinina-> contração da vesícula biliar
Função: digestão de lipídios. A bile emulsiona gordura
Composição: ácidos biliares, fosfatidilcolina, colesterol
95% dos sais biliares são reabsorvidos e reciclados
 
 
→ Digestão de carboidratos:
. Inicia na boca com quebra mecânica e química pela amilase salivar
. Amilase pancreática: digestão de polissacarídeos
2. Digestão borda em escova:
Carboidratos complexos como dissacarídeos e trissacarídeos são quebrados em monossacarídos (são os únicos absorvidos-glicose, frutose ou galactose).
Obs: O ideal é que sejam consumidos carboidratos complexos na dieta, por passarem por mais etapas na digestão e gerarem sensação de saciedade por mais tempo.
Absorção no intestino:
Glicose e galactose são absorvidos pelo SGLTI: co-transportador de sódio.
Frutose adentra as células pela proteína GLUT5
Uma vez dentro da célula, as três podem ser transportadas pela membrana basolateral pela proteína de membrana GLUT2. O sódio sai das células pela bomba de Na+/K+ - ATPase.
 
→ Digestão de proteínas:
As proteínas são absorvidas como aminoácidos simples (70%) ou pequenos peptídeos (30%)No estômago tem-se a conversão das proteínas em proteínas menores pela ação da pepsina. No lúmen intestinal os oligopeptídios são degradados m peptídeos menores como di e tripeptídeos e por fim em aminoácidos, que adentram o citosol por proteína de transporte de aminoácidos. Os aminoácidos no organismo são utilizados para constituírem outras proteínas, ex: tecido muscular. Alguns di e tripeptídeos só são convertidos em aminoácidos no próprio citosol, por ação de enzimas peptidases
- Absorção de peptídeos:
Trocador antiporte NHE entrada de Na+ e saída de H+
 
→ Digestão e Absorção de Lipídeos:
Sais biliares emulsificam as gorduras da dieta formando micelas. No lumen do intestino degradação dos lipídeos formando triacilgliceróis
Os quilomícrons são a forma absorvível dos lipídeos. Eles não entram na circulação sanguínea, entram na linfática, desembocam na região do ducto torácico para entrada na circulação porta hepática
Sistema porta hepático: conexão direta entre vasos do intestino e o fígado, grande parte dos nutrientes são metabolizados no fígado (armazena ou transforma, ex: glicose- uso imediato transforma-se em insulina e para reserva em glucagon)
 
	Absorção de água e eletrólitos:
Sódio, potássio, cloreto, etc
Secreções gástricas produzem cerca de 2,5L/dia, a bile 0,5L/dia, sucos pancreáticos 1,5L/dia e secreções intestinais 1L/dia.
A absorção de água ocorre principalmente no intestino delgado, cerca de 7L/dia. No cólon 1,9L/dia
 
	Mecanismo de absorção de NaCl no intestino delgado:
Ocorre separadamente
1. 	Membrana luminal
Transporte simporte: SGLT1 e canal de aminoácidos
Transporte antiporte: NHE-3
2. 	Membrana basolateral: bomba de Na+/K+
 
 
	Mecanismo de secreção de Cl- no intestino delgado e grosso:
· Na+, K+, Cl- atravessam a membrana basolateral por transporte simporte;
· Cl- entra no lúmen através do canal CFTR;
· O Cl- no lúmen atrai o Na+;
· H2O acompanha o Na+ por osmose.
Pessoas com fibrose cística têm deficiência nos transportadores de Cl-, diminuição da entrada de sódio e consequentemente da absorção de nutrientes por conta da dependência do sódio.
	 Mecanismo de secreção de bicarbonato no duodeno:
· Requer altos níveis de anidrase carbônica
· Na membrana luminal: transporte de HCO3- e Cl-, canais de HCO3-
· Na membrana basolateral: transportes simporte Na+ e HCO3-
	 Padrões motores do Intestino Delgado:
· Segmentação: mistura do bolo alimentar
· Peristaltismo:
 
 
	Fase Colônica:
Epitélio Colônico: 
Formado pelos colonócitos → organização em criptas → células tronco na base e células diferenciais na superfície → reciclagem constante → alto turnover → risco de neoplasia local
Funções:
· Absorção e secreção de eletrólitos e água
· Absorção de ácidos graxos
	Mecanismos de transporte de NaCl no Colón:
1. Absorção eletroneutra e NaCl:
O cólon recebe 2Lfluido/dia e absorve 1,8L desse total
 2. Absorção eletrogênica de Na+: 
Entrada de sódio e absorção pela bomba de Na+/K- na membrana basolateral
· Transporte por canais de sódio ENaC: resposta a ativação por neurotransmissores ou hormônios, ou por ambos
· Absorção de ácidos graxos de cadeia curta no lúmen por células epiteliais da superfície de modo sódio dependente, são utilizados por colonócitos para o metabolismo, fonte de energia.
· Diminuição da concentração de sódio impulsiona sua entrada no meio intracelular
Obs: a absorção de outros nutrientes requer a entrada de sódio no meio intracelular.
	Mecanismo de secreção de Cl- no intestino delgado e cólon:
· Entrada de Na+, Cl- e K+ no lúmen por transporte simporte
· Cl- entra no lúmen através de canal CFTR, mediado pela ação do AMPc
· Geração de gradiente elétrico pelo Cl- atrai Na+
· H2O acompanha o Na+ por osmose
	Microflora colônica:
Conjunto de bactérias com determinadas funções:
· Absorção de sais biliares
· Recuperação das fibras da dieta
· Formação de gás intestinal
· Defesa
· Metabólica: ação enzimática para formação de produtos
· Fermentação dos componentes -> nitrogênio, hidrogênio e CO2
· Limitação do crescimento de microorganismos patológicos
· Alimentos probióticas: contém microorganismos vivos que conferem benefícios à saúde, quando administrados em quantidades adequadas. 
· Alimentos prebióticos: não são não são digeridos pelo nosso corpo, servindo como alimento para os microorganismos vivos benéficos à saúde
· Alimentos simbióticos: faz uma associação entre os probióticos e os prebióticos
	Padrões de movimento:
1. Curta duração → músculos circulares → contração das austras
2. Longa duração → músculos longitudinais → contração de tênias
Para que haja contração é necessário inervação → condução de impulso elétrico
· Esfíncter anal interno → músculo circular → ação por controle involuntária → nervo pélvico → integração em nível subcortical 
· Esfíncter anal externo → três camadas de músculo estriado → ação voluntária → nervo pudendo → aprendizado na primeira infância
→ O cólon entra em padrão de motilidade cerca de 10 vezes por dia para limpar seu conteúdo gástrico 
	Inervação motora do cólon:
→ Porção proximal:
· Sinal vagal
· SNE
→ Demais porções: 
· Nervos pélvicos
→ Reflexos: ato que não está sobre controle voluntário
Estímulo da motilidade colônica → resposta eferente → medula → emite comando → resposta aferente
· Gastrocólico: estímulo → entrada de alimento → componente mecano sensitivo.
· Há também estímulos quimio sensitivos (hormônios)
· Ortocólico: estímulo → posição de ortostatismo no período pós sono. 
→ Distensão Colônica: 
· Resposta Estimulatória: ativação das células enteroendócrinas → produção de 5-hidroxitriptamina
· ativação dos nervos secretomotores → produção de acetilcolina
Resultado: secreção de cloreto e fluidos
· Resposta inibitória: ocorre se houver acúmulo de lipídio no lúmen.
· Ativação das células enteroendócrinas → produção de peptídeo YY (freio ileal- lentificar a digestão)
Pessoas que sofrem comprometimento medular: incontinência fecal (lesões mais baixas, a nível de L3) ou constipação (lesões mais altas, aproximadamente a nível da T9)
	Defecação:
1° Estímulo: presença de bolo fecal e enchimento do reto;
2- Estímulo sensorial ao córtexcerebral
3- Relaxamento do esfíncter anal interno por ação dos peptídeos VIP e NO 
4- Mecanismo de amostragem anal: faz a diferenciação do conteúdo anal, se não gases ou conteúdo sólido - estímulo eferente ao córtex
5- Se a defecação não ocorrer: contração do esfíncter externo, o reto acomoda-se, contração do esfíncter interno, relaxamento do esfíncter externo
6- Se a defecação ocorrer: relaxamento dos dois esfíncteres.
→ Mecanismos que facilitam a defecação:
· Manutenção do conteúdo de fibras no lúmen intestinal: passagem de água
· Relaxamento dos músculos puborretais
· Contrações retais
· Contração do diafragma e músculos abdominais: empurra para baixo e para dentro as alças intestinais - aumento da pressão na região abdominal-> expulsão do conteúdo intestinal
	Mecanismos fisiológicos da fome e da saciedade:
· Fome: se dá quando há um déficit calórico, diminuição do aporte energético
· Apetite: refere-se a qualidade/escolha do alimento, preferências alimentares (aspecto cultural, social, econômico)
· Saciedade
· Balanço energético: ingestão de calorias proporcional ao déficit calórico (homeostase)
→ Regulação do consumo alimentar:
· Curto prazo: prevenção da superalimentação a cada refeição 
· Longo prazo: desencadeado por fatores adipocitários- manutenção dos estoques energéticos
 → Sinais adipocíticos (controle da adiposidade):
· Leptina: atua no hipotálamo, sensação de saciedade
· Insulina: aumento de glicose no sangue, sensação de saciedade
→ Sinais provenientes do trato gastrointestinal:
· Grelina:
· Colecistocinina:
· Peptídeo YY
· Peptídeo semelhante ao glucagon (GLP)
	Centro da Saciedade: 
 → Localiza-se no núcleo arqueado do hipotálamo. 
 → Vias: 
· Anorexígenos: promovem sensação de saciedade. Vias POMC/CART
· Orexígenos: promovem a sensação de fome. AGRP/
Quebra da homeostase → disfunções metabólicas → obesidade → resistência ou deficiência dos receptores de leptina → a via POMC/CART não é ativada → aumento da fome
 → Efeitos dos canabinóides:
Mediador químico canabinóide → Ativação de receptores CB1R, presentes nos neurônios POMC → secreção de beta-endorfina → atuação no receptores opióides
Referências:
GUYTON; HALL. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. [S.l.]: Saunders Elsevier, 2011.
SILVERTHORN, D. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada, 7ª Edição, Artmed, 20

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