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LRAS Nº 70030777312 2009/CÍVEL 1 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO POR IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA, REMETENDO A SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS AO JUÍZO ARBITRAL. DE ACORDO COM A SISTEMÁTICA INSTITUÍDA PELA LEI DA ARBITRAGEM (CUJA CONSTITUCIONALIDADE JÁ FOI RECONHECIDA PELO STF), QUALQUER CONTROVÉRSIA ACERCA DA VALIDADE DA CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA DEVE SER SUBMETIDA À DECISÃO DO ÁRBITRO. SITUAÇÃO EM QUE A DISCUSSÃO SOMENTE PODE SER LEVADA AO PODER JUDICIÁRIO APÓS A CONCLUSÃO DO PROCEDIMENTO ARBITRAL. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 8º, 20, 32 E 33 DA LEI Nº 9.307/1996. LIÇÕES DE DOUTRINA. PRECEDENTES. SENTENÇA CONFIRMADA. RECURSO DESPROVIDO. APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL Nº 70030777312 COMARCA DE PORTO ALEGRE DAIBY S.A. APELANTE UNIBANCO UNIÃO DE BANCOS BRASILEIROS S/A APELADO AC ÓR DÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao recurso. Custas na forma da lei. LRAS Nº 70030777312 2009/CÍVEL 2 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Participaram do julgamento, além do signatário, as eminentes Senhoras DES.ª ELAINE HARZHEIM MACEDO (PRESIDENTE) E DESA. LIÉGE PURICELLI PIRES. Porto Alegre, 22 de abril de 2010. DES. LUIZ RENATO ALVES DA SILVA, Relator. R EL AT Ó RI O DES. LUIZ RENATO ALVES DA SILVA (RELATOR) Trata-se de recurso de apelação tempestivamente interposto por DAIBY S.A., nos autos da ação de revisão contratual movida em desfavor de UNIBANCO UNIÃO DE BANCOS BRASILEIROS S/A. A requerente, que firmou contrato bancário com o réu, pediu a revisão do negócio em virtude da abusividade atribuída a diversas cláusulas – incluindo a compromissória, a qual remete a solução de qualquer controvérsia ao juízo arbitral – , bem como a resolução do contrato e a condenação do réu à devolução de valores. Pediu, ainda, fosse descaracterizada a mora, bem como fosse o requerido impedido de inscrevê-la em cadastro de devedores. Pediu, em antecipação de tutela, diversas providências, entre elas, o sobrestamento do processo arbitral. A sentença de fl. 150 indeferiu a inicial. O requerido compareceu aos autos, interpondo os embargos de declaração de fls. 153-155, os quais foram providos na fl. 167 e v, confirmando-se o indeferimento da inicial por falta de possibilidade jurídica do pedido, condenando a autora ao pagamento das custas, sem honorários advocatícios. LRAS Nº 70030777312 2009/CÍVEL 3 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Inconformada, a autora apelou (fls. 169-185), de forma tempestiva e com recolhimento do preparo, postulando a desconstituição da sentença, a fim de que o processo tivesse o regular prosseguimento. Inicialmente, argumentou que as decisões proferidas na ação cautelar inominada não teriam transitado em julgado, de modo que seria lícita a análise da questão no contexto da ação de conhecimento. Ademais, argumentou que a possibilidade jurídica do pedido seria manifesta, pois o ordenamento jurídico não veda, em tese, a propositura de ação de revisão de cláusulas contratuais tidas por abusivas. Outrossim, teria sido abusiva a cláusula elegendo a arbitragem como forma de solução dos conflitos decorrentes do contrato (cláusula compromissória), conforme decorre do art. 54 do Código de Defesa do Consumidor, que seria aplicável à espécie, dada a vulnerabilidade da empresa usuária dos serviços bancários. Ademais, requereu, em antecipação de tutela recursal, a suspensão do procedimento arbitral (fls. 184-185 e 327-329). Contrarrazões nas fls. 190-219. Na fl. 342, indeferi, num primeiro momento, o pedido de liminar, o que ensejou a propositura dos embargos de declaração de fls. 353-356, acolhidos para, ao final, conceder a medida (fls. 383-384v). Inconformada, a parte contrária interpôs o agravo de fls. 390- 415, devidamente respondido (fls. 459-467). Os autos vieram-me conclusos. Registro que foi observado o disposto nos arts. 549, 551 e 552, do CPC, tendo em vista adoção do sistema informatizado. É o relatório. V OT O S DES. LUIZ RENATO ALVES DA SILVA (RELATOR) Ilustres Colegas. LRAS Nº 70030777312 2009/CÍVEL 4 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Adianto que estou em negar provimento ao recurso. Discute-se, no presente recurso, a possibilidade de discussão, diretamente no âmbito judiciário e independentemente da conclusão do processo arbitral, da validade de cláusula compromissória constante de contrato bancário. Antes de tudo, adianto que, abstratamente, o ordenamento jurídico não coloca óbice algum à revisão judicial dos contratos, e não é por isso que estou em desacolher o recurso. Tampouco se mostra relevante, a meu juízo, a decisão proferida na ação cautelar inominada. E isso porque, como admite a maioria da doutrina brasileira, com base no disposto no art. 810 do CPC, a decisão proferida na ação cautelar não produz coisa julgada. De mais a mais, a decisão de fls. 267-273v do apenso é terminativa, o que também, não se revestindo, portanto, da coisa julgada material. No que concerne à questão principal, a verdade é que, gostando-se ou não, existe legislação específica disciplinando o instituto da arbitragem no Brasil. E essa legislação – que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Agravo Regimental na Sentença Estrangeira nº 5.206, já proclamou estar em conformidade com as normas constitucionais – prevê que a questão concernente à validade da cláusula compromissória deve ser resolvida no âmbito da própria arbitragem. Como constava da decisão original de fl. 342, nesse sentido aponta o art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 9.307/1996, estabelecendo que “Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória”. No mesmo sentido, segundo estatui o art. 20, ‘caput’ e § 1º dessa Lei, “A parte que pretender argüir questões relativas à competência, suspeição ou impedimento do árbitro ou dos árbitros, bem como nulidade, invalidade ou LRAS Nº 70030777312 2009/CÍVEL 5 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ineficácia da convenção de arbitragem, deverá fazê-lo na primeira oportunidade que tiver de se manifestar, após a instituição da arbitragem”; “Não sendo acolhida a argüição, terá normal prosseguimento a arbitragem, sem prejuízo de vir a ser examinada a decisão pelo órgão do Poder Judiciário competente, quando da eventual propositura da demanda de que trata o art. 33”. Já esse último dispositivo prevê que a “a parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a decretação da nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos”, entre os quais se encontra a teor do art. 32, I, a nulidade do compromisso. Ou seja, de acordo com a sistemática vigente (a despeito das eventuais críticas apontadas pela doutrina), compete ao árbitro decidir a respeito da validade da cláusula compromissória. Trata-se daquilo que a doutrina processual civil vem chamando, com arrimo na terminologia germânica, de princípio da Kompetenz-Kompetenz, também reconhecido na esfera do Poder Judiciário: a competência do árbitro para decidir a respeito da própria competência. Caso a alegação de nulidade da disposição contratual seja rejeitada, é preciso aguardar a conclusão do processo arbitral para que, somente após, seja a matéria submetida ao Poder Judiciário, com o que resta assegurada a garantia do acesso à justiça (CF, art. 5º, XXXV). Nesse sentido, o seguinte trecho da conhecida Monografia de Carlos Alberto Carmona (Arbitragem e processo:um comentário à Lei 9.307/96, São Paulo : Malheiros, 1998, p. 120-121): “Conseqüência da autonomia da cláusula compromissória é a possibilidade de o próprio árbitro decidir acerca de qualquer controvérsia que diga respeito à convenção de arbitragem. Note-se o parágrafo único do art. 8º, situado estrategicamente ao término dos dispositivos que tratam da cláusula arbitral LRAS Nº 70030777312 2009/CÍVEL 6 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA e antes dos dispositivos que tratarão do compromisso, traz norma que interessa a ambos (cláusula e compromisso). Significa dizer que o dispositivo legal comentado trata de duas questões distintas, o caput disciplinando a autonomia da cláusula e o parágrafo estabelecendo o princípio da Kompetenz-Kompetenz (competência do árbitro para decidir sobre sua própria competência, resolvendo as impugnações que surjam acerca de sua capacidade de julgar, da extensão de seus poderes, da arbitralidade da controvérsia; enfim, avaliando a eficácia e a extensão dos poderes que as partes lhe conferiram tanto por via de cláusula compromissória quanto por meio de compromisso arbitral). A decisão que o árbitro tomar a respeito da questão que vier a ser submetida acerca da existência, validade, extensão e eficácia da convenção de arbitragem não será, de qualquer modo, inatacável, eis que poderá a parte eventualmente inconformada utilizar-se do expediente de que trata o art. 32 para impugnar a decisão final. Não existe qualquer preclusão que possa impedir eventual ataque do laudo sob a alegação de invalidade da convenção arbitral: tenham ou não as partes argüido a questão durante o procedimento arbitral, poderá o juiz togado, mediante provocação do interessado, anular o laudo por reconhecer, por exemplo, que a convenção arbitral era nula”. Ademais, como recorda Alexandre de Freitas Câmara (Arbitragem, Rio de Janeiro : Lumen Juris, 1997, p. 64-65): “É de se notar que cabe ao próprio árbitro decidir sobre a invalidade ou ineficácia (...) da convenção arbitral. Esta regra pode parecer paradoxal, uma vez que sendo inválida ou ineficaz a convenção, não poderia ter sido instituída a arbitragem. Apesar disso, pode (e mesmo deve) o árbitro examinar tal questão, para que se possa saber se o processo arbitral foi legitimamente instaurado. (...) Na hipótese de não ser colhida qualquer das argüições suscitadas nos termos do art. 20 da Lei de Arbitragem, deverá o procedimento arbitral prosseguir normalmente, até final julgamento, podendo-se trazer LRAS Nº 70030777312 2009/CÍVEL 7 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA tais matérias novamente à discussão em demanda da nulidade da decisão proferida pelo árbitro”. Não destoa dessa orientação a manifestação de José Afonso de Assis, ao mostrar que (”A nulidade da cláusula arbitral, os princípios da autonomia da cláusula compromissória da Kompetenz-Kompetenz”, comentários a parte do acórdão proferido no AReg no AI 481.025-MG do Superior Tribunal de Justiça, in: Revista de arbitragem e mediação, 4(jan.- mar./2005), p. 233-245, esp. p. 243-244): “Os dispositivos acima citados não deixam qualquer dúvida que na eventual argüição de incompetência do árbitro ou de nulidade, invalidade ou ineficácia da convenção de arbitragem a intervenção do Judiciário só ocorrerá caso dita argüição seja acolhida pelo juízo arbitral. Casso contrário, ‘terá normal prosseguimento a arbitragem, sem prejuízo de eventual reexame da questão pelo Judiciário, ou seja, quando e se proposta eventual demanda de nulidade da sentença arbitral. Reexame ex-post, portanto, e que só poderá ocorrer após a prolação da sentença arbitral. Fica nítido que o espírito da lei ao diferir o momento do controle judicial para depois da prolação da sentença arbitral, foi o de garantir a segurança das partes e, ao mesmo tempo, assegurar a celeridade e a eficácia concreta do procedimento arbitral. O contrário seria uma grave antinomia, a permitir que a pretexto de discutir a cláusula arbitral previamente à discussão da controvérsia, uma parte priva a outra do instrumento para a necessária decisão e superação do conflito.” Entender de forma diversa implicaria anular completamente a eficácia do contrato e do próprio instituto da arbitragem, reforçado que foi por intermédio da referida lei justamente como forma de desafogar Poder Judiciário, permitindo a composição da lide por meio alternativo à jurisdição estatal. LRAS Nº 70030777312 2009/CÍVEL 8 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Ainda que assim não fosse, a alegação formulada pela autora não se reveste da menor plausibilidade. É que, mesmo que fosse aplicável o CDC (o que, em princípio, não seria o caso, pois a autora não é destinatária final do serviço, nos termos do art. 2º desse Código), não vejo delineado traço algum de abusividade na cláusula compromissória (CDC, art. 54, §§ 2º e 4º). De mais a mais, exame perfunctório do contrato que embasou a presente demanda demonstra que a cláusula compromissória aparentemente encontra-se em conformidade com os requisitos dispostos no art. 2º da Lei nº 9.307/1996, estando acompanhada do devido destaque e de assinatura específica da parte contratante (fls. 60-61), de modo que, mesmo sendo adotada a tese da autora a respeito da análise imediata da validade da cláusula pelo Poder Judiciário, não se vislumbra provimento final favorável. Assim vem decidindo reiteradamente esta Corte, como se vê das seguintes ementas: “APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA. SENTENÇA ARBITRAL. Uma vez eleito o Juízo Arbitral para dirimir a controvérsia entre as partes, descabida a rediscussão, através do Poder Judiciário, do mérito da decisão, sendo permitido questionar o julgamento apenas no que diz respeito às hipóteses previstas no art. 32 da Lei de Arbitragem. Apelo desprovido.” (Apelação Cível Nº 70019761170, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Julgado em 05/09/2007) “CONTRATO INTERNACIONAL DE LICENCIAMENTO. RESCISÃO UNILATERAL. PEDIDO DE MANUTENÇÃO DO CONTRATO. ELEIÇÃO DE JUÍZO ARBITRAL. LIMITE À JURISDIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE AFRONTA AO ART. 5º, XXXV, DA CF. PEDIDO JURIDICAMENTE IMPOSSÍVEL FRENTE À LIMITAÇÃO LRAS Nº 70030777312 2009/CÍVEL 9 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA CONVENCIONADA PELAS PRÓPRIAS PARTES. Com efeito, devendo ser cumprida no Brasil a obrigação contratual, é competente para examinar eventual demanda, conforme os arts. 12 da LICC e 88 do CPC, a autoridade judiciária brasileira. Mas a admissão da competência da Justiça brasileira significa, apenas, que o caso há de ser examinado, ainda que seja para reconhecer o limite à jurisdição frente à cláusula arbitral. Cabe a cada Estado definir o alcance de sua própria jurisdição e o Brasil, ao editar a lei 9.307/96, acabou por instituir uma limitação à intervenção judicial na arbitragem privada. E, não se pode deixar de consignar, não há qualquer inconstitucionalidade nesta lei, como já afirmou o Supremo Tribunal Federal na SE nº 5.206/Espanha. A leitura da cláusula firmada pelas partes não deixa dúvidas de que todas as questões pertinentes ao contrato devem ser dirimidas pelos árbitros eleitos, inclusive, evidentemente, a questão que diz com a manutenção ou não do contrato no período de pendência do juízo arbitral. Destarte, por expressa convenção das partes, não cabe ao judiciário examinar o cabimento da postulação da autora, e isto, como já mencionado, por ser a livre expressão da vontade das partes, envolvendo apenas questões patrimoniais privadas, não afronta de forma alguma o art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. APELAÇÃO DESPROVIDA, POR MAIORIA, VENCIDO O PRESIDENTE QUE DESCONSTITUÍA A SENTENÇA.” (Apelação Cível Nº 70011879491, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marilene Bonzanini Bernardi,Julgado em 29/06/2005) No caso concreto, portanto, é de se reconhecer que o sistema jurídico veda, in concreto, o exame imediato da cláusula compromissória pelo poder judiciário (CPC, art. 267, VI), com o que confirmo a sentença terminativa proferida em primeiro grau. Ante o exposto, nego provimento ao recurso. É o voto. LRAS Nº 70030777312 2009/CÍVEL 10 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESA. LIÉGE PURICELLI PIRES (REVISORA) - De acordo com o(a) Relator(a). DES.ª ELAINE HARZHEIM MACEDO (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a). DES.ª ELAINE HARZHEIM MACEDO - Presidente - Apelação Cível nº 70030777312, Comarca de Porto Alegre: "NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: DILSO DOMINGOS PEREIRA