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Rhyan Coelho Resposta ao trauma cirúrgico Envolve uma rede complexa: múltiplos órgãos, alterações metabólicas e fisiológicas. Mapa RIT (respostas inflamatórias ao trauma). Sistemas envolvidos: • Nervoso • Imunológico • Endócrino • Circulatório Características: • Homeostase (busca manter a homeostase) • Uma resposta inflamatória exacerbada = pode induzir FO (falência orgânica) • Proporcional ao estresse cirúrgico • Direciona energia (para manter as funções básicas) Situações que induzem RIT • Hemorragia • Dor • Ferida cirúrgica • Infecção • Medidas terapêuticas Fases: • Ebb – fase precoce – é um período para estabilização o Funções metabólicas diminuem o Perfusão órgãos nobres (direcionamento de energia e fluxo sanguíneo) o Precoce o Duração curta o Características Rhyan Coelho • Flow – fase tardia – divido em subfases o Cortico adrenérgica ▪ 2 a 5 dias ▪ Catabolismo ▪ Hiper metabolsimo o Transição ▪ Um a 2 dias ▪ Diminuição do catabolismo ▪ Ausente no 3 ao 5 PO (pós-operatório) = suspeitar de complicação / o agente causador da resposta inflamatória ainda pode estar acontecendo o Anabolismo precoce ▪ Balanço nidrogenado positivo ▪ Deposição de gordura nos tecidos adiposos o Anabolismo tardio ▪ Balanço nitrogenado neutro e aumento de deposição de gordura e balanço calórico positivo. Fases de anabolismo – o organismo está se recuperando Mediadores: • Hormônios o Cortisol o Catecolaminas o Insulina o ACTH o Glucagon o H. tireoide o Gonadotrofina • Citocinas o Anti-inflamatórias ▪ Diminuição de lesões pulmonares agudas ▪ Inibitórias da Pró-infl. ▪ Redução da atv. citotóxica - macrófago ▪ Proliferação fibroblastos/endotélio ▪ IL10 evita SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica) exacerbada ▪ TGF-b reduz degradação da matriz extracelular o Pró-inflamatórias ▪ Adesão endotelial ▪ Migração/ativação neutrófilos ▪ Inflamação/febre/leucocitose ▪ Destruição tecidual (proteólise) ▪ Cortisol e Aldosterona (IL-6) ▪ PCR (proteína C reativa) Rhyan Coelho Explicação Detalhada A resposta inflamatória ao trauma (RIT) surge como um fator decisivo para sobrevivência em situações de estresse metabólico. O RIT nos seres humanos envolve inter-relação entre pelos menos quatro sistemas primitivos: sistema nervoso, sistema imunológico, sistema endócrino e o sistema circulatório. Ainda assim, a RIT no homem, quando exacerbada, pode não conseguir restaurar a homeostase, provocando disfunção dos sistemas orgânicos e contribuindo para a síndrome da falência orgânica múltipla (FOM). As características gerais da RIT incluem: • Sua intensidade é proporcional à gravidade do estresse, seja ele provocado por traumatismo, intervenção cirúrgica, outras intervenções que causam dor ou perda volêmica, infecção, interrupção da ingestão de água e alimentos e até estresse psíquico. • Alteração do metabolismo que direciona as funções energéticas para manutenção dos processos celulares especializados necessários para a resposta inflamatória. A resposta inflamatória ao trauma é dividida em duas fases, com base nas alterações metabólicas observadas no organismo. A primeira fase foi denominada fase ebb, que significa período de declínio ou de diminuição. Nela, nota-se diminuição das funções metabólicas. O objetivo principal do organismo nessa fase é a perfusão de órgãos nobres e o objetivo do médico deve ser o reestabelecimento das funções cardiopulmonares. Portanto, a fase ebb acontece precocemente após o estresse cirúrgico ou o trauma, deve ser de curta duração para que o paciente possa sobrevive. A fase ebb apresenta as seguintes características: • Redução do débito cardíaco • Aumento da resistência vascular periférica; • Redução do gasto de energia; • Redução da temperatura corporal; • Aumento da glicemia secundária à liberação de glicose das reservas de glicogênio hepática, portanto reservas limitadas; • Produção normal de glicose; • Aumento dos níveis de catecolaminas (principalmente noradrenalina); • Produção aumentada de lactato; • Aumento dos níveis de glucagon; • Diminuição da concentração de insulina; • Diminuição do consumo de oxigênio. A segunda fase foi dominada flow phase, descrevendo situação de avanço metabólico ou hipermetabolismo. Essa fase inicia-se após a estabilização cardiopulmonar e possui duração variável. Complicações surgidas durante a fase flow, como por exemplo, infecção, deiscências agudas de anastomoses, complicações pulmonares e hemodinâmicas, provocarão prolongamento da mesma. As três principais características gerais da fase flow são: gasto aumentado de energia (hipermetabolismo), mudança na utilização de substrato energético caracterizada principalmente pela resistência à ação da insulina, e pelo catabolismo muscular proteico (proporcional à gravidade do estresse). Rhyan Coelho Em relação às alterações metabólicas, a fase flow pode ser dividida nas seguintes subfases: • Fase corticoadrenérgica – que tem duração aproximada de 2 a 5 dias, e tem como características principais o catabolismo e o hipermetabolismo; • Fase de transição – duração aproximada de 1 a 2 dias, que tem como característica principal a redução do catabolismo antes de iniciar a fase de anabolismo. Outras características dessa fase são: diurese aumentada com perda de água livre e sódio, balanço positivo do potássio (redução da perda na urina), diminuição da perda urinária de nitrogênio (redução da degradação proteica). Caso a fase de transição não ocorra dentro de 3 a 5 dias após cirurgias eletivas, o cirurgião deverá suspeitar de alguma complicação; • Fase de anabolismo precoce – duração aproximada de 3 a 12 semanas. Apresenta como características principais balanço nitrogenado positivo e deposição de gordura nos tecidos adiposos; • Fase de anabolismo tardio – duração aproximada de alguns meses. Caracterizada por balanço nitrogenado neutro, aumento da deposição de gordura em tecidos adiposos e balanço calórico positivo. Algumas definições. Catabolismo – Descreve destruição tecidual, especialmente a degradação de proteínas da massa corporal magra. É característico da resposta à lesão e pode determinar uma série de complicações, na dependência da intensidade da perda proteica. Anabolismo – Descreve a síntese tecidual, em particular a síntese de proteína da massa magra, que é essencial para a cicatrização das feridas e para os mecanismos de defesa pós-trauma. A atividade anabólica crescente é crítica para o controle da resposta ao trauma. Hipermetabolismo – Significa um aumento na atividade metabólica, além da resposta metabólica normal, implicando num grande aumento da demanda de energia. Perda de peso não intencional – Embora seja a perda da proteína corporal a principal responsável pela morbidez, a perda de peso não intencional tem-se tornado, no pós-operatórios, um marcador padrão para o grau de desnutrição proteica. A perda de 10% do peso corporal normal no período de seis meses ou de 5% no período de 30 dias é a definição para a perda de peso que produz um significante risco à saúde. Rhyan Coelho Outras características da fase Flow: • Aumento do débito cardíaco; • Elevação da temperatura corporal; • Aumento da produção de glicose; • Aumento na concentração de insulina, mas com intolerância a glicose, devido, principalmente, a resistência à insulina, que limita a captação de glicose pelos músculos esqueléticos; • Ligeiro aumento na concentração de ácidos graxos livres; • Aumento dos níveis de glucagon; • Níveis pouco aumentados de catecolaminas (principalmente adrenalina); • Níveis normais de lactato; • Aumento do consumo de oxigênio. Resumindo, essa segunda fase, tem por objetivo básico repara os danos causados pelo estresse ao organismo, inicia-se com catabolismo proteico eapós fase de transição, torna-se anabólica. Existem algumas situações comuns na prática cirúrgica capazes de induzir a RIT: Hemorragia. O choque hemorrágico (condição clínica com risco de morte que resulta da eventual perda de mais de 20% do sangue do corpo), juntamente com as lesões por queimaduras e as síndromes sépticas, talvez sejam as situações capazes de reproduzir com maior fidedignidade as duas fases clássicas da RIT. Inicialmente, nota-se resposta típica da fase ebb, e caso não consiga controlar o foco da hemorragia, a morte ocorrerá sem que a fase seguinte seja observada. Caso o estado de choque hemorrágico seja grave ou persista por tempo prolongado, ocorrerá a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS), processo adaptativo complexo que pode provocar, quando exacerbado, a FOM. Dor. O estresse causado pela dor ativa o eixo hipotalâmico hipofisário adrenal e o sistema nervoso simpático, os quais são fundamentais para a RIT. O bloqueio dos estímulos dolorosos é capaz de reduzir a intensidade da RIT, trazendo benefícios no período pós-operatório. Ferida (cirúrgica ou por traumatismo). Até mesmo feridas limpas como as de incisões cirúrgicas produzem estímulos como dor, edema e perda volêmica, que são capazes de induzir RIT. Esses estímulos agem por via neuroendócrina a partir do local da lesão. Feridas contaminadas apresentam estímulos ainda mais intensos provenientes de tecidos necróticos, corpos estranhos e secreção purulenta. É importante salientar que quanto maior a ferida, maior será a RIT provocada pela mesma. Infecção. As síndromes sépticas (SRIS, sepse, sepse grave e choque séptico) são frequentes nos centros de tratamentos intensivo e induzem intensa resposta inflamatória. O choque séptico, por exemplo, apresenta mortalidade superior a 50%. O prognóstico das síndromes sépticas está relacionada com as doenças pregressas do paciente e com a gravidade da resposta inflamatória e as suas sequelas nos vários órgãos. Medidas terapêuticas/diagnósticas. Muitas medidas terapêuticas ou diagnósticas provocam transtornos que poderão desencadear RIT, como: • Infecções por sondas e cateteres (venosos, urinários e outros); • Estresse provocado por barulho, iluminação e falta de repouso adequado; • Algumas medidas invasivas e diagnósticas; • Inatividade capaz de agravar a perda de massa muscular e atrofia; • Jejum prolongado (maior do que 3 a 4 dias).