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Herancas ligadas
aos cromossomos sexuais 
Sexo, cromossomos e genes - - - - - - - - - - - - - 
A descoberta de que os genes influenciam a determinação do sexo emergiu de uma fusão entre 
duas disciplinas científicas distintas, a genética - o estudo da hereditariedade - e a citologia - o 
estudo das células. 
Cromossomos - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
- Cada espécie tem um conjunto característico de cromossomos. 
Os cromossomos foram descobertos na segunda metade do século XIX. Investigações 
subsequentes com diferentes organismos verificaram que os cromossomos são característicos 
dos núcleos de todas as células. A observação é melhor quando se aplica corantes às células em 
divisão; durante a divisão, o material de um cromossomo é condensado em um pequeno volume e 
assume a aparência de um cilindro firme. Durante a intérfase, entre as divisões celulares, os 
cromossomos não são observados com facilidade, mesmo com os melhores corantes. Os 
cromossomos em intérfase apresentam-se frouxamente espraiados e formam filamentos 
delgados distribuídos por todo o núcleo. Consequentemente, quando os corantes são aplicados, 
todo o núcleo é corado, e não é possível identificar cromossomos individuais. Essa rede difusa de 
filamentos é a cromatina. Algumas regiões da cromatina apresentam coloração mais escura que 
outras, sugerindo uma diferença da organização. As regiões claras são a eucromatina, e as 
regiões escuras são a heterocromatina. 
Número de cromossomos 
O número de cromossomos de uma espécie é quase sempre um múltiplo par de um número 
básico. Em seres humanos, por exemplo, o número básico é 23; ovócitos e espermatozoides 
maduros têm esse número de cromossomos. A maioria dos outros tipos de células humanas tem 
o dobro (46), embora alguns tipos, como determinadas células hepáticas, tenham o quádruplo (92) 
do número básico. 
O número (n) de cromossomos haploide, ou básico, define um conjunto de cromossomos 
denominado genoma haploide. A maioria das células somáticas contém duas unidades de cada 
cromossomo desse conjunto e, portanto, é diploide (2n). 
1 Maria Eduarda Santiago Nascimento
Cromossomos sexuais 
Nos seres humanos, o número de cromossomos é igual nos dois sexos. Essa igualdade numérica 
se deve à presença de um cromossomo no sexo masculino, o cromossomo Y, que faz par com o 
X durante a meiose. O cromossomo Y é morfologicamente diferente do cromossomo X. Nos seres 
humanos, por exemplo, o Y é muito mais curto que X, e seu centrômero está mais perto de uma 
extremidade. Durante a meiose no sexo masculino, os cromossomos X e Y se separam produzindo 
dois tipos de espermatozoide, um que tem X e outro que tem Y, cujas frequências são 
aproximadamente iguais. Os indivíduos XX do sexo feminino só produzem um tipo de ovócito, com 
X. Se a fertilização fosse aleatória, cerca de metade dos zigotos seria XX e a outra metade, XY, 
levando a uma razão sexual de 1:1 na concepção. No entanto, em serres humanos, os 
espermatozoides Y levam vantagem na fertilização, porque são mais leves e movem-se com mais 
rapidez, e a razão sexual aproximada dos zigotos é de 1,3:1. Durante o desenvolvimento, o 
excesso de indivíduos do sexo masculino é diminuído pela diferença de viabilidade dos embriões XX 
e XY, e, ao nascimento, o número de homens é apenas um pouco maior que o de mulheres. Na 
idade reprodutiva, o excesso de homens já foi praticamente eliminado e a razão sexual é de 
quase 1:1. 
- Os cromossomos X e Y são cromossomos sexuais. Todos os demais cromossomos do genoma 
são autossomos. 
Heranças ligadas aos cromossomos sexuais - 
Epigenética refere-se ao estudo dos fatores herdados que modificam a expressão dos genes 
sem alterar a sequência de DNA. 
Epigenoma 
- “Acima” do genoma 
É o conjunto de modificações bioquímicas da cromatina que determina uma informação genética, 
refletindo o status epigenético da cromatina de uma célula. 
- Marcas epigenéticas <—> o quê, onde e quando fazer 
- Epigenoma <—> transcriptoma. 
Metilação de citosinas no DNA 
Modificação covalente do DNA: substituição H5 de citosinas por um grupo metil (-CH3). 
- Funções: 
- Expressão gênica; 
- Estabilidade emocional; 
- Diferenciação celular; 
- Imprinting; 
- Inativação do X 
- Organismos com sistema de determinação sexual XX/XY e XX/XO 
precisam equalizar a dosagem dos genes ligados ao X em ambos os sexos. 
2 Maria Eduarda Santiago Nascimento
- Compensação da dose: inativação do X nas fêmeas (mamíferos). 
- Hipótese de Lyon

Nas células somáticas femininas, apenas um cromossomo X é 
transcricionalmente ativo. A inativação do X ocorre entre o 13º e o 16º dia 
de vida embrionária. É aleatório e fixo para todas as células descendentes 
—> determina um mosaicismo somático. 
- Processo de inativação do X

XIC (Xq13) 

• Centro de inativação do X - contém o gene HIST

XIST

• Transcrito específico para a inativação do X —> inativa o X.

• Essencial para iniciar o processo de inativação posteriormente mantido 
por outros mecanismos;

• No início do desenvolvimento embrionário ambos as cópias de XIST estão 
ativas - metilação inativa um deles; XIST silenciando = cromossomo não 
pode ser inativado. 
Polissomia do X 
Existem três tipos de ocorrência desta anomalia: 
1. 47, XXX: é a mais comum (1:1000-2000); 
2. 48, XXXX: possuem retardamento mental mais acentuado; 
3. 49, XXXXX: possuem as mesmas características dos triplo e tetra X. Porém, como são 
penta, possuem um retardamento mental mais acentuado ainda, pois quanto maior o 
número de X, maior será o retardamento mental. 
Corpúsculo de Barr 
- Cromatina sexual 
Corresponde a um dos cromossomos X femininos perceptível em células de intérfase, localizado 
próximo ao núcleo. 
- As mulheres normais possuem 01 cromatina sexual. 
Trissomia do X 
- Incidência de 1:1000 mulheres; 
- Estatura baixa; 
- Fenotipicamente normal; 
- 70% tem distúrbios de aprendizado; 
- Podem ser férteis. 
Síndrome de Turner 
- 45, X variante; 
- Incidência de 1:4000 mulheres; 
- Podem ser identificadas no nascimento ou na puberdade; 
3 Maria Eduarda Santiago Nascimento
- Baixa estatura, pescoço alado, hipertelorismo mamário, bebês com edema nos pés e nas 
mãos. 
Cromossomo Y 
- 46, XY; Yq - del = 10% dos casos de azoospermia 
- Azoospermia: ausência total de EPZ no sêmen. 
Homens XX: fenotipicamente homens, cariotipicamente XX possuindo sequências de Y 
translocados para o X. 
Mulheres XY: perderam a região determinante do testículo do cromossomo Y. 
Homens XYY: maioria fenótipo normal, frequência 1:1000, crescimento acelerado na infância e 
alta estatura, acne na adolescência, taxa de testosterona aumentada, aumento da agressividade. 
Pseudo-hermafroditismo: possui tecido gonadal de apenas um sexo, genitália ambígua ou típica do 
sexo cromossômico oposto. 
Hermafroditismo verdadeiro: tecido testicular e ovariano e, geralmente, genitália ambígua. 
Síndrome da diferenciação testicular 
- 1:65.000 nascimentos masculinos; 
- Fenotipicamente mulheres;- Possuem testículos internos, não possuem útero, portanto são estéreis. 
Esta condição não é revertida com hormônios, pois há uma disfunção do receptor de andrógeno, 
de modo que, o hormônio não atua nos órgãos-alvo que estão envolvidos na masculinidade. 
Resultam em pseudo-hermafroditismo masculino. 
Disgenesia gonadal 
Análise de mulheres 46, XY onde SRY não estava deletado revelam uma duplicação do gene 
DAX-1 em Xp21.3. 
- DAX-1 em excesso pode suprimir a ação do gene SRY. 
Displasia camptomélica 
Gene SOX-9 no cromossomo 17q é um distúrbio autossômico dominante que causa malformação 
esquelética. Cerca de 75% dos pacientes 46, XY tem sexo invertido com fenótipo feminino. Na 
ausência de SOX-9, os testículos não se formam. 
- Existem relatos de sexo invertido em pacientes XX com gene SOX-9 duplicados mesmo na 
ausência de SRY. 
- Síndrome de Frasier apresenta disgenesia gonadal. 
- Gene WT1 em 11p13 provoca neoplasia renal em crianças. Mutações em WT1 provocam 
interrupção na formação os testículos. 
Pseudo-hermafroditismo feminino 
- Hiperplasia adrenal congênita (HAC) 
- Distúrbio hereditário de defeitos de enzimas do córtex adrenal para a biossíntese de 
cortisol. 
- O ovário é normal, porém a quantidade excessiva de andrógeno causa masculinização da 
genitália externa. 
- Enzimas 21-OH, incidência de 1:12.500 nascidos vivos. 
4 Maria Eduarda Santiago Nascimento
- A deficiência impede a via normal da biossíntese de glicocorticoides. 
- Levando a produção à superprodução de precursores, que são desviados para a 
produção da via de androgênicos. 
Pseudo-hermafroditismo masculino 
- Síndrome da insensibilidade androgênica. 
- Cromossomo XY com genitália externa feminina. 
- Vagina de fundo cego e ausência de útero. 
- Incidência de 1:20.000 nascidos vivos. 
- Testículos estão presentes tanto no abdome ou no canal inguinal. 
- Os testículos secretam os androgênicos, porém os órgãos-alvo não possuem 
receptores. 
Distúrbios no desenvolvimento sexual e gonadal 
Até a sexta semana a gônada em desenvolvimento, seja cromossomicamente X ou Y, ainda está 
indiferenciada. 
O conceito atual de desenvolvimento em ovário ou testículo é determinado pela sequência de gene 
que leva a formação do desenvolvimento ovariano pela presença de Y. 
Rota ovariano não é seguida com a presença do gene TDF (fator testicular determinante). 
Gene SRY (do inglês; sex determining region on the Y) está presente em homens 46, XX e 
deletado ou matado em mulheres XY - sexo invertido. 
- PAR = pseudoautossomal regions are the regions of homology on the X and Y are essential 
for pairing in meiosis. 
Base cromossômica dos princípios de 
segregação e distribuição independente de 
Mendel - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Mendel elaborou dois princípios de transmissão genética: (1) os alelos de um mesmo gene são 
segregados e (2) os alelos de dois genes diferentes são distribuídos de modo independente. A 
constatação de que os genes estão localizados nos cromossomos tornou possível explicar esses 
princípios (bem como as exceções a eles) pelo comportamento meiótico dos cromossomos. 
Princípio da segregação 
Durante a primeira divisão meiótica, há pareamento dos cromossomos homólogos. Um dos 
homólogos é herdado da mãe e o outro, do pai. Se a mãe era homozigota, para um alelo, A, de um 
gene nesse cromossomo, e o pai era homozigoto para outro alelo, a, do mesmo gene, a prole tem 
de ser heterozigota, ou seja, Aa. Na anáfase da primeira divisão meiótica, os cromossomos 
pareados se separam e se deslocam para polos opostos da célula. Um leva o alelo A e o outro, o 
alelo a. Essa separação física dos dois cromossomos segrega os alelos; por fim, eles serão 
5 Maria Eduarda Santiago Nascimento
distribuídos para células-filhas diferentes. Portanto, a base do princípio da segregação de Mendel 
é a separação de cromossomos homólogos durante a anáfase da primeira divisão meiótica. 
Princípio da distribuição independente 
A base do princípio da distribuição independente também é a separação na anáfase. Haverá ao 
todo quatro tipos de gametas, cada um deles correspondente a um quarto do total. Essa 
igualdade de frequências de gametas é resultado do comportamento independente dos dois pares 
de cromossomos durante a primeira divisão meiótica. Portanto, o princípio de distribuição 
independente de Mendel é o enunciado do alinhamento aleatório de diferentes pares de 
cromossomos na metáfase. 
Herança mendeliana ligada ao sexo - - - - - 
Em seres humanos, os traços recessivos ligados ao X são identificados com muito mais facilidade 
que as características autossômicas recessivas. Basta que um homem herde um alelo recessivo 
para mostrar um traço ligado ao X; entretanto, a mulher precisa herdar dois, um do pai e outro 
da mãe. Assim, a maior parte das pessoas com características ligadas ao X é do sexo masculino. 
Herança ligada ao X dominante 
Os homens afetados com companheiras “normais”, não têm nenhum filho afetado e nenhuma 
filha “normal”. Filhos de ambos os sexos, de mães afetadas, possuem o risco de 50% de herdar 
o fenótipo. Este risco é igual ao do padrão do heredograma autossômico dominante. 
Quanto aos fenótipos raros, as mulheres são duas vezes mais afetadas do que homens. Mas, 
apresentam tipicamente uma expressão mais leve (embora variável) do fenótipo. 
Herança ligada ao X recessivo 
A incidência do caráter é muito mais alta em homens do que em mulheres. O gene responsável 
pela afecção é transmitido de um homem afetado para todas as suas filhas. Os filhos do sexo 
masculino de qualquer uma de suas filhas (os netos) tem uma chance de 50% de herdá-los. O 
gene jamais se transmite direto de um pai para o filho, mas sim, para todas as suas filhas. 
- O gene pode transmitir-se ao longo de uma série de mulheres portadoras, caso isto ocorra, 
os homens afetados numa mesma família são aparentados através das mulheres. 
- As mulheres heterozigóticas geralmente não são afetadas, mas algumas expressam a 
afecção com intensidade variável. 
Ex.: distrofia muscular de Duchenne; síndrome de Hunter 
Hemofilia, distúrbio da coagulação sanguínea ligado ao X 
As pessoas com hemofilia são incapazes de produzir um fator necessário para a coagulação 
sanguínea; feridas cortantes, equimoses e outros ferimentos de hemofílicos continuam a 
sangrar, e o sangramento, se não for interrompido por transfusão de fator da coagulação, pode 
levar à morte. O principal tipo de hemofilia em seres humanos é causado por uma mutação 
recessiva ligada ao X, e quase todas as pessoas afetadas são do sexo masculino. Esses homens 
herdaram a mutação das mães heterozigotas. Caso tenham filhos, transmitem a mutação para 
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as filhas, que geralmente não têm hemofilia porque herdam um alelo selvagem das mães. Os 
homens afetados nunca transmitem o alelo mutante para a prole do sexo masculino. Outros 
distúrbios da coagulação sanguínea são encontrados em homens e mulheres porque são causados 
por mutações de genes autossômicos. 
Discromatopsia, um distúrbio da visão ligado ao XEm seres humanos, a percepção das cores é mediada por proteínas que absorvem a luz nos 
cones, células especializadas da retina, no olho. Identificaram-se três dessas proteínas: uma que 
absorve a luz azul, uma que absorve a luz verde e a terceira, a luz vermelha. A discromatopsia 
pode ser causada pela anormalidade de uma dessas proteínas receptoras. O tipo clássico de 
discromatopsia, em que não há percepção da luz vermelha e verde, segue um padrão de herança 
ligado ao X. Cerca de 5 a 10% dos seres humanos do sexo masculino têm discromatopsia no eixo 
vermelho-verde; no entanto, uma fração muito menos das mulheres, menos de 1%, tem essa 
incapacidade, sugerindo que os alelos mutantes são recessivos. 
Herança ligada ao Y 
Herança restrita ao sexo, apresenta genes localizados na região não-homóloga do cromossomo Y 
(genes holândricos). 
Ex.: hipertricose auricular 
Genes nos cromossomos X e Y 
Alguns genes estão presentes tanto no cromossomo X quanto no Y, a maioria perto das 
extremidades dos braços curtos. Os alelos desses genes não seguem um padrão de herança 
ligados o X ou Y distinto. Em vez disso, são transmitidos igualmente das mães e dos pais para a 
prole masculina e feminina simulando a herança de um gene autossômico. Portanto, esses genes 
são denominados genes pseudoautossômicos. 
Herança limitada ao sexo 
Genes que determinam certo caráter e expressam-se melhor de acordo com o sexo. Podem se 
expressar em ambos os sexos, todavia a expressão fenotípica dos genes é determinada pela 
presença, ou não, de hormônios sexuais. 
Ex.: leite materno 
Herança influenciada pelo sexo 
Determinada por um alelo autossômico cuja dominância depende do sexo (ação hormonal). 
Ex.: calvície
7 Maria Eduarda Santiago Nascimento
	Sexo, cromossomos e genes - - - - - - - - - - - - -
	Cromossomos - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
	Heranças ligadas aos cromossomos sexuais -
	Base cromossômica dos princípios de segregação e distribuição independente de Mendel - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
	Herança mendeliana ligada ao sexo - - - - -

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