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Teoria Geral do Crime Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. CONTRAVENÇÃO é a infração penal que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, cumulativa ou alternativamente. São as condutas de menor potencial ofensivo, com pena máxima de cinco anos. As contravenções são os delitos descritos na Lei das Contravenções Penais. São delitos tão pequenos que não valem a pena ser tratados de forma muito severa, mas que, ainda assim, a sociedade não acha que seria justo deixá-los impunes. As contravenções são um meio termo entre algo muito grave e algo que é legal. EX: rinha de galo, vias de fato, jogo do bicho, etc.. 1. Conceito de Crime LEGAL: infração punida com reclusão ou detenção FORMAL: mera violação da lei penal MATERIAL: comportamento humano que ofende ou expõe a perigo, bens jurídicos tutelados pela lei penal ANALÍTICO: depende da teoria adotada. Lei de Introdução ao Código Penal . Teoria Causalista ou Naturalística: fato típico + ilícito + culpável . Teoria Finalista Tripartida: fato típico + ilícito + culpável . Teoria Finalista Bipartida: fato típico + ilícito (culpabilidade é apenas http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3688.htm 2. Crime, Delito e Contravenção Penal No Brasil, adotou-se a TEORIA DICOTÔMICA, para qual o gênero é a infração penal e as espécies são: CRIME CONTRAVENÇÃO PENAL . Punido com reclusão e detenção . cumprimento de pena: máximo de 30 anos (art. 75, CP) . a tentativa é punível, como regra . aplica-se a extraterritorialidade . ação penal pública e privada . punida com prisão simples . cumprimento de pena: máximo de 5 anos (art. 10, Lei de Introdução CP) . tentativa não é punível (art. 4, LICP) . não se aplica a extraterritorialidade . ação penal pública incondicionada 3. Classificação Doutrinária dos Crimes a) MATERIAIS, FORMAIS e DE MERA CONDUTA Materiais: o tipo penal descreve a conduta e o resultado, sendo este, necessário para a consumação. EX: furto, roubo, homicídio, etc. . Crime . Contravenção Penal Súmula Vinculante 24, STF: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. Formais: o tipo descreve uma conduta que possibilita a produção de um resultado naturalístico, mas não exige sua produção, para a consumação. EX: extorsão. Súmula 96, STJ: o crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. Súmula 500, STJ: A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal. Mera conduta: o tipo descreve apenas a conduta, da qual não decorre nenhum resultado naturalístico externo a ela. EX: porte ilegal de arma de fogo. b) COMUNS, PRÓPRIOS e DE MÃO PRÓPRIA Comuns: podem ser praticados por qualquer pessoa. EX: furto Próprios: só podem ser praticados pelo sujeito descrito no tipo. EX: peculato – funcionário público De mão própria: além de exigir determinada condição especial do sujeito ativo, requer que ele o faça pessoalmente. EX: falso testemunho. c) INSTANTÂNEOS, PERMANENTES e DE EFEITOS PERMANENTES Instantâneos: a consumação acontece em momento determinado, não se prolongando no tempo. EX: homicídio. Permanentes: a consumação do crime se prolonga no tempo. EX: cárcere privado Instantâneos com efeito permanente: são crimes instantâneos que se caracterizam pela duração de suas consequências. EX: documento falso. d) HABITUAIS: consuma-se com a reiteração de atos que denotam um estilo ou modo de vida do agente. EX: curandeirismo. e) UNISSUBSISTENTES e PLURISSUBSISTENTES Unissubsistentes: consumam-se com a prática de um único ato. EX: injúria verbal Plurissubsistentes: consumam-se com a prática de um ato ou vários. EX: injúria por escrito. f) MONOSSUBJETIVOS e PLURISSUBJETIVOS Monossubjetivos (ou de concurso eventual): o crime pode ser praticado por uma ou por várias pessoas, em concurso. EX: homicídio Plurissubjetivos (ou de concurso necessário): o crime somente pode ser praticado por uma pluralidade de agentes, em concurso. EX: associação criminosa. g) COMISSIVOS E OMISSIVOS Comissivos: aqueles praticados através de ações. Omissivos: são aqueles praticados através de omissão. Podem ser ainda: Omissivos puros ou próprios: o tipo penal descreve uma conduta omissiva, ou seja, um não fazer proibido. EX: omissão de socorro. Omissivos impuros, impróprios ou Comissivos por omissão: o tipo penal descreve uma conduta positiva, mas sua execução se dá por omissão nas hipóteses em que o agente podia e devia agir para evitar o resultado. Quem tem por lei, a obrigação de cuidado, proteção e vigilância. EX: policial, salva-vidas Quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (garantidor). EX: tutor, curador Quem, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. EX: quem conduz um bêbado e o abandona. h) DE DANO e DE PERIGO De dano: consuma-se com a efetiva lesão ao bem jurídico. EX: roubo De perigo: consuma-se com a possibilidade de lesão ao bem jurídico. EX: perigo à saúde de outrem. O crime de perigo ainda se subdivide em: De perigo concreto: são aqueles que exigem a comprovação do perigo, para a consumação. EX: dirigir sem a CNH (art. 309 do CTB) De perigo abstrato: (ou presumido) dispensam a comprovação do perigo, para a consumação. EX: porte ilegal de arma de fogo. i) SIMPLES, PRIVILEGIADO e QUALIFICADOS Simples: É o tipo penal na sua forma básica. EX: homicídio (art. 121, caput) Qualificados: quando existem circunstâncias previstas na sequencia do tipo penal (normalmente os parágrafos), que aumentam as penas mínimas e máximas previstas para o crime. EX: homicídio qualificado (art. 121, §2°) motivo fútil, traição, emboscada... Privilegiados: quando existem circunstâncias previstas na sequencia do tipo penal (normalmente os parágrafos), que diminuem as penas mínimas e máximas previstas. A pena é reduzida de 1/6 a 1/3. EX: homicídio privilegiado (art. 121, §1°) motivo de relevante valor social, moral, sob violenta emoção, em seguida de injusta agressão j) QUALIFICADOS PELO RESULTADO: são aqueles em que está prevista uma pena mais grave para a hipótese de produção de determinado resultado. EX: lesão corporal seguida de morte. k) PRETERDOLOSOS ou PRETERINTENCIONAIS: aqueles tipos em que há dolo na conduta antecedente e culpa no resultado consequente. EX: agressão física que acaba em morte. l) DE AÇÃO ÚNICA e DE AÇÃO MÚLTIPLA: De ação única: o tipo penal possui apenas um verbo nuclear. EX: homicídio. De ação Múltipla: o tipo possui mais de um verbo nuclear, de modo que a realização de qualquer deles, configura o crime. EX: receptação simples m) CUMULATIVOS ou DE CUMULAÇÃO: casos em que uma única conduta do agente não ofende o bem jurídico tutelado. Sobretudo em crimes em que o bem jurídico é supraindividual. Em vez do comportamento isolado, leva-se em conta o acúmulo de resultados advindos das condutas para a confirmação da infração penal. EX: contra o meio ambiente. n) A DISTÃNCIA e PLURILOCAIS: À distância: (ou de intervalo): a conduta é praticada em um país e o resultado acontece em outro. Plurilocais: a conduta é praticada em uma comarcae o resultado se produz em outra comarca, ambas no mesmo país. o) DE ALUCINAÇÃO: trata-se das hipóteses de erro de proibição invertido, ou delito putativo por erro de proibição. O agente acredita estar praticando um crime, mas na verdade o fato é atípico. EX: adultério (que não é crime desde 2005) p) PUTATIVO POR OBRA DE AGENTE PROVOCADOR, DE ENSAIO, DELITO DE LABORATÓRIO, FLAGRANTE PREPARADO ou PROVOCADO: ocorre quando alguém, de forma insidiosa, provoca a prática do crime, pelo agente, ao mesmo tempo que toma providências para que ele não o consume. Súmula 145, STF: não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. 4. Sujeitos do Crime a) SUJEITO ATIVO: pode ser tanto aquele que realiza o núcleo do tipo (verbo), como quem, de qualquer forma, concorre para a pratica da conduta (partícipe). b) SUJEITO PASSIVO: pode ser: Material (ou eventual): é o titular do bem jurídico violado ou ameaçado. Formal (ou constante): titular do mandamento proibitivo, ou seja, o Estado. Atenção!!!! Morto: não pode ser sujeito passivo, pois, segundo o ordenamento jurídico, não é mais titular de direitos. A família do morto pode ser vítima. Maus tratos a animais: a vítima, nesses casos, é a coletividade. Para o direito, animal é coisa! Pessoas jurídicas x crimes contra a honra: a PJ pode ser vítima de difamação e calúnia, porém, não pode ser vítima de injúria, porque não possui honra subjetiva. Pessoas jurídicas x Teoria da Dupla Imputação: STF decidiu que a PJ pode ser responsabilizada por crime ambiental, sem que haja a necessidade de dupla imputação, ou seja, a pessoa responsável pela PJ, não pode ser imputada. Autolesão: a regra é que a autolesão não é punível. A única exceção para esse caso, é a fraude para recebimento de seguro, pois caracteriza estelionato (art. 171, §2°, CP). Crimes vagos: são aqueles em que o sujeito passivo é indeterminado. EX: porte ilegal de arma de fogo. 5. Fato Típico É o comportamento humano, previsto em lei, como crime ou contravenção penal. O fato típico é formado por: CRIMES MATERIAIS CRIMES FORMAIS E DE MERA CONDUTA . conduta . resultado . nexo causal . tipicidade . conduta . tipicidade >> Conduta Gênero para as espécies AÇÃO e OMISSÃO. a) TEORIAS DA AÇÃO Teoria Causalista ou naturalística (Von Liszt): conduta é um comportamento voluntário, que produz uma modificação no mundo exterior. Teoria Finalista (Welzel): conduta é um comportamento humano e consciente, dirigido para uma finalidade. É a teoria mais aceita no Brasil. Dolo + culpa = estão na culpabilidade Dolo + culpa = estão no tipo penal Teoria Social (Jescheck e Wessels): a conduta é considerada a partir da sua relevência social. O que importa é a relação da conduta com a relevância dela para a sociedade. Teoria Funcionalista: prioriza o próprio tipo penal, ao contrário das outras teorias. b) TEORIAS DA OMISSÃO: Teoria Naturalística da omissão: como é perceptível no mundo natural como algo que muda as coisas, quem se omite, dá causa ao resultado. Teoria Normativa da Omissão: quem se omite e nada faz, não causa dano algum, no entanto, a lei impõe alguns limites, o dever de agir em algumas circunstâncias. É a Teoria adotada pelo art. 13, §2° do CP: Relevância da omissão § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; . Roxin: a ação é a exteriorização da personalidade (teoria personalista da ação) . Jakobs: a ação é vista como uma perspectiva negativa, como a não evitação de um resultado evitável pelo sujeito (teoria da evitabilidade individual) Não pedir socorro! c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. CRIME OMISSIVO PRÓPRIO OU PURO CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO, IMPURO OU OMISSIVO POR OMISSÃO . a omissão está descrita no tipo penal . quem responde pela simples conduta e não pelo resultado. . são sempre dolosos! EX: omissão de socorro (art. 135, CP) . são unissubsistentes, não admite tentativa . o tipo penal descreve uma conduta positiva, com a imposição de um dever legal de agir, para evitar o resultado. . a omissão é penalmente resultante, quando o agente deve e pode agir para evitar o resultado (garantidor) . Podem ser dolosos ou culposos! EX: policia, babá, bombeiros, salva-vidas . são Plurissubsistentes, admitem tentativa c) AUSÊNCIA DE CONDUTA Quando ausentes a VOLUNTARIEDADE e CONSCIÊNCIA, não há que se falar em conduta. Nesses casos, o fato é considerado como ATÍPICO. São hipóteses: Coação Física Irresistível: o agente coator vale-se do coagido como se este fosse um INSTRUMENTO. EX: o coagido é amarrado e atirado sobre a vítima, que morre. OBS: na coação moral irresistível, exclui-se a CULPABILIDADE do coagido! Somente o agente coator responde pelo crime, porque o coagido pratica fato atípico. exclui-se a conduta do agente. Estados de inconsciência: é a FALTA DE CAPACIDADE PSÍQUICA DA VONTADE, que faz desaparecer a conduta do agente. EX: durante sonambulismo, hipnose. >> Resultado O resultado é explicado em duas teorias: a) NORMATIVA OU JURÍDICA: o resultado é a OFENSA OU EXPOSIÇÃO A PERIGO de bens ou interesses tutelados pela norma penal. Para essa teoria, todos os crimes tem um resultado. b) NATURALÍSTICA: o resultado é a EFETIVA MODIFICAÇÃO DO MUNDO EXTERIOR. Para essa teoria, há crimes sem resultado. Materiais: o crime só se consuma com a produção do resultado. EX: homicídio consuma-se com a morte. Formais ou de consumação antecipada: a ocorrência do resultado, apesar de admitido, não é relevante. A consumação do crime acontece antes da sua produção, apenas com a desobediência da norma. EX: extorsão apenas coma exigência da vantagem indevida, mesmo antes de ela ser paga. Mera conduta: o tipo penal não prevê a ocorrência de resultado. EX: porte de arma de fogo, violação de domicílio. Exclui-se a conduta do agente. . Normativa ou jurídica . Naturalística >> Nexo Causal (relação de causalidade) Nexo causal é o VÍNCULO entre a CONDUTA x RESULTADO. Necessário em crimes materiais porque, para a consumação, é preciso produzir o resultado (modificação no mundo exterior). O Código Penal adota a TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS (conditio sine qua non). Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Atenção!!! Por essa teoria, poderia haver a responsabilização de todas as pessoas que fizeram parte da “cadeia” do crime, mesmo que indiretamente. EX: uma pessoa pratica um homicídio com uma arma de fogo Diante do rigor dessa teoria, foram criados limites para o regresso ao infinito. São eles: Art. 13, §1°, CP: A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Dessa forma, segundo esse entendimento: Uma crítica da doutrina, a essa teoria, é a possibilidade de regresso ao infinito. De acordo com essa teoria, estaria autorizada a punição tanto do fabricante da arma de fogo, quanto de quem a vendeu para o agente e do agente. Vítima alvejada (tiro de raspão) Hospital para fazer um Morte (por causa de CRITÉRIOS DE IMPUTAÇÃO OBJETIVA: o objetivo dessa teoria é estabelecer critérios para imputar uma conduta criminosa a alguém (Roxin), são eles: a) Criação ou incremento de um risco não permitido para o objeto da ação: para que haja a imputação do resultado a alguém (conduta), ela deve criar um risco para o bem jurídico. b) Realização do risco no resultado concreto: ainda que haja um risco para o bem jurídico, se não houver produção do resultado, não há que se falar em imputação do agente. c) Resultado dentro do alcance do tipo: caso criado um risco para o bem jurídico, mesmo que tenha ocorrido o resultado, ainda assim, será possível excluir a imputação para o agente, no caso de o resultado não ser abarcado pelo tipo penal. ANÁLISE DE DOLO E CULPA: imputação subjetiva (dentro do quesito tipicidade). >> Tipicidade o tipo penal descreve uma CONDUTA PROIBIDA (ação ou omissã0). Quando o agente pratica o ato descrito no núcleo do tipo, ocorre a TIPICIDADE. A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado. A tipicidade pode ser: a) TIPICIDADE OBJETIVA: Formal: (ou legal). É a adequação do fato à norma. Material: conduta que ofende o bem jurídico tutelado, de forma grave, justificando a atuação do Estado. b) TIPICIDADE SUBJETIVA: abrange o DOLO, e quando ele é exigido para configurar o delito, existe também o elemento subjetivo especial (dolo específico) c) ADEQUAÇÃO TÍPICA: pode ser: Típica Direta ou imediata: o fato se ajusta perfeitamente à norma, sem a aplicação de outra norma. Típica Indireta ou medita: o fato não se ajusta à lei penal, sendo necessário o concurso de outra norma (norma de extensão ou ampliação da figura típica) 6. Crimes Dolosos a) TEORIAS SOBRE O DOLO . objetiva . subjetiva . Formal . Material . Dolo dolo específico O Princípio da insignificância exclui a tipicidade material do crime! Teoria da representação ou previsão do resultado: para configurar o dolo, o agente tem que agir após ter previsto o resultado, ainda que não o aceite. Teoria da vontade: para configurar o dolo, o agente tem que ter vontade + consciência de querer o resultado. (art. 18, i, 1ª parte) Teoria do consentimento ou assentimento: atua com dolo quem, mesmo prevendo o resultado, assume o risco de produzi-lo. (art. 18, I, 2ª parte) Art. 18 - Crime doloso I - Doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo b) ESPÉCIES DE DOLO: Dolo Direito: ao agente quer praticar a conduta descrita no tipo penal, agindo de modo a produzir p resultado. Dolo indireto: ocorre quando o agente não quer produzir o resultado certo e determinado. Dolo de Dano: a vontade do agente é a de produzir uma lesão ao bem jurídico. Dolo de Perigo: a vontade é de expor o bem jurídico à situação de perigo. . 1º Grau: fim é diretamente desejado pelo agente. . 2º Grau: o resultado é obtido como consequência necessária à produção do fim (dolo de consequências necessárias) . Dolo eventual: o agente não quer produzir o resultado, mas o prevê e o aceita como possível, assumindo o risco de produzir o resultado. . Dolo Alternativo: o agente, com igual intensidade, deseja produzir um ou outro resultado. EX: o autor dispara para ferir ou matar. “Dolus generalis” ou erro sucessivo: supondo ter produzido o resultado desejado, o autor pratica uma conduta, com uma nova finalidade, sendo que essa é a causadora do resultado pretendido na origem. 7. Crimes Culposos Crime culposo II - Culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia Atenção!!! Via de regra, os tipos culposos são a EXCEÇÃO no direito penal. Assim, tem de haver previsão expressa na lei (princípio da excepcionalidade) Art. 18, Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. a) ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO Conduta voluntária: nos crimes culposos, a finalidade da conduta do agente é lícita. Violação do dever objetivo de cuidado: é a não observância de um dever de cuidado, imposto a todos, com consequente provocação de danos a terceiros. Essa inobservância se dá por imprudência, imperícia ou negligência. Resultado naturalístico involuntário: se o resultado fosse desejado, estaria configurado o dolo. . Imprudência: agir culposo . Negligência: omissão culposa . Imperícia: culpa (profissional) Nexo Causal: os crimes culposos são materiais Previsibilidade do Resultado: deve ser possível ao homem médio, prever o resultado nas circunstâncias em que ele ocorrer. Ausência de previsão: no caso concreto, o agente prevê o resultado, mas não assume o risco de produzi-lo, por que acredita que o resultado não ocorrerá. Tipicidade: os crimes culposos, em geral, são tipos penais abertos, devendo ser complementados pelo juiz. b) ESPÉCIES DE CULPA Culpa inconsciente: o agente não prevê o resultado Culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas acredita sinceramente que não vai produzi-lo. Culpa própria: o agente não quer o resultado e nem assume o risco de produzi-lo. Culpa imprópria: é aquela que decorre de erro inescusável (art. 20, §1°) § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo c) COMPENSAÇÃO E CONCORRÊNCIAS DE CULPAS: na esfera penal é vedada a compensação de culpa. É possível a concorrência de crimes culposos. EX: acidente de trânsito dois motoristas imprudentes. d) CULPA CONSCIENTE X DOLO EVENTUAL: os dois institutos têm traços em comum, na previsão do resultado. Dolo Eventual: O agente prevê o resultado, assume o risco de produzi-lo, em vez de renunciar à ação. Ele atua com descaso. Culpa consciente: o agente prevê o resultado, mas não acredita que seja capaz de produzi-lo, agindo, pois ele acredita nas suas habilidades. 8. Crimes preterdolosos ou preterintencionais É aquele crime em que o agente possui dolo na CONDUTA ANTECEDENTE E CULPA NO RESULTADO CONSEQUENTE. EX: lesão corporal seguida de morte. Lesão corporal seguida de morte § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 9. Erro de tipo Erro é a falsa percepção da realidade. No Direito Penal há duas espécies de erro. O erro de tipo e o erro de proibição (que está dentro da culpabilidade). O erro de tipo pode ser: Não cabe tentativa nos crimes preterdolosos, pois uma parte do delito foi causada pela culpa. Não se pode praticar algo que não se quer. . Essencial . Acidental a) ERRO DE TIPO ESSENCIAL Produz efeitos sobre o dolo e a culpa do agente. Incide sobre dado elementar do crime. EX: “droga” no tráfico de entorpecentes. Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. >> ESPÉCIES E EFEITOS: Erro de tipo escusável ou inevitável: aquele que não poderia ter sido evitado. Qualquer pessoa, mesmo com prudência, teria cometido o erro. Se trata de um erro imprevisível. Sua consequência é a exclusão do dolo e da culpa. Erro de tipo inescusável ou evitável: é aquele que poderia ser evitado, se o agente agisse com cautela. A sua consequência será apenas a exclusão do dolo. Logo, permite-se a punição do agente,desde que haja previsão expressa em lei, na modalidade culposa. b) ERRO DE TIPO ACIDENTAL O erro de tipo acidental é aquele que incide sobre dados acessórios ou secundários do crime, como seu objeto material, por exemplo. Não exclui o dolo ou a culpa, nem isenta o agente de pena. Exemplos . Vendo uma moita se mexer, o caçador dispara, supondo ser um animal. Ao aproxima-se, nota que atingira uma pessoa, que estava atrás das folhagens. (O erro incide sobre a elementar “alguém, do art. 121, CP) . supondo estar carregando farinha, para fazer bolo, o agente é flagrado com cocaína. (O erro incide sobre a elementar “droga”, do art. 33 da Lei 11.434/06) >> HIPÓTESES Erro sobre a pessoa (error in persona): o agente confunde a vítima com outra pessoa. O erro não isenta o agente de pena. Considera-se as condições e qualidades da vítima pretendida, e não da vítima do fato. EX: o agente pretende matar o pai, mas mata uma terceira pessoa. Erro sobre o objeto (error in objeto): o agente supõe que sua conduta recaia sobre uma coisa, mas ela recai em outra. EX: o agente acredita que furtou um Rolex quando, na verdade, furtou uma imitação. Erro sobre o nexo causal (aberratio causae): ocorre quando o resultado pretendido se produz, porém, de outro modo. EX: o autor atira na vítima, mas ela morre por causa de uma queda, durante a fuga. Erro na Execução (aberratio ictus): ocorre quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir aquele que pretendia, atinge pessoa diversa, respondendo como se tivesse atingido a pessoa pretendida. Ocorre de pessoa para pessoa. Art. 20 , § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou O agente responde por homicídio, inclusive com a qualificadora de crime contra ascendente. (art. 61, II, e, CP) Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime II - ter o agente cometido o crime e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; O agente responde por homicídio. (art. 121, CP) Se a pessoa que o agente pretendia e + outra, aplica-se a regra do concurso formal (art. 70, CP) CONCURSO FORMAL Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis ou delicti): quando, por acidente ou erro na execução do crime, ocorre resultado diverso do pretendido. Nesse caso, o agente responde por culpa (se o crime for previsto como culposo). Se ocorre o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70, CP (concurso formal). Ocorre de pessoa para coisa ou de coisa para pessoa. EX: o agente atira uma pedra numa vidraça, mas erra a pontaria e atinge a cabeça da vítima. 10. Iter Criminis O “caminho do crime”: a) FASES DO CRIME Cogitação: é a fase da intenção de praticar o ato (interna e subjetiva) Responde por lesão culposa ou homicídio culposo, conforme o caso. . Fases do crime . Passagem dos atos preparatórios para os atos executórios Preparação: são os atos necessários para o agente iniciar a execução do delito. Em regra, não são puníveis, salvo quando caracterizam crime autônomo (EX: porte de arma) ou houver expressa previsão legal (EX: art. 5º da lei de Terrorismo) Execução: somente depois que começa a praticar os atos executórios, é que o agente pode ser punido. Consumação: o crime está consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal (art. 14, I, CP) b) PASSAGEM DOS ATOS PREPARATÓRIOS PARA OS ATOS: destacam-se duas teorias: Teoria objetivo-formal: há início de ato executório, quando o agente praticar o verbo nuclear do tipo. Teoria Objetivo-individual: há início da execução quando é colocado em prática, o plano delitivo do agente, ainda que antes de praticar o verbo do tipo. 11. Consumação Diz-se que um crime foi consumado, quando ele reúne todos os elementos de sua definição legal Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - Consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Para alguns crimes, são esses os momentos de consumação: Materiais: com a produção do resultado naturalístico. Formais: com a prática da conduta De mera conduta: com a prática da conduta Permanentes: a consumação se prolonga no tempo De perigo: com a exposição do bem jurídico ao perigo Habituais: com a reiteração dos atos, que revelam um modo de vista e estilo do agente Omissivos próprios ou puros: com a abstenção do comportamento devido Omissivos impróprios, impuros ou comissivos por omissão: com a produção do resultado naturalístico Culposos: com a produção do resultado naturalístico Qualificados pelo resultado: com a produção do resultado agravador. 12. Tentativa ou Conatus Considera-se tentado o crime quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Tentativa II - Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços a) ELEMENTOS DA TENTATIVA Início da execução de um crime Sua não consumação Interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente Dolo b) PUNIÇÃO DA TENTATIVA: salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de 1/3 a 2/3. Como regra, o DP adotou a teoria objetiva, ou seja, a punição do crime de tentativa se justifica pela maior ou menor exposição a perigo do bem jurídico ofendido. c) ESPÉCIES DE TENTATIVA: Tentativa imperfeita ou inacabada: sem esgotar o processo de execução, o agente não consegue consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade. EX: antes de disparar contra a vítima, o agente é desarmado. Tentativa perfeita, acabada ou crime falho: depois de esgotar todo o processo de execução, o agente não consegue consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade. EX: O agente descarrega sua arma na vítima, mas ela é salva pelos médicos. Tentativa branca ou incruenta: o objeto material não é atingido. EX: erro de pontaria. Tentativa vermelha ou cruenta: o objeto material é atingido. EX: a vítima sofre disparo de armas de fogo, mas não morre. d) INFRAÇÕES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA Contravenções penais: não se pune a tentativa de contravenção penal (art. 4º, LCP) Crimes culposos: não se pode tentar produzir um resultado que não é desejado Crimes preterdolosos: não cabe tentativa, já que o resultado agravador é culposo Crimes unissubsistentes: não admitem o fracionamento dos atos executórios. EX: ameaça verbal Crimes omissivos próprios: não aceitam a tentativa por seres unissubsistentes. Crimes habituais: é necessária a reiteração de atos descritos no tipo, para que ocorra a consumação. Um único ato atípico, quando há reiteração, o crime estará consumado. Crime de atentado ou empreendimento: são aqueles que punem as formas consumadas e tentadas, com a mesma pena em abstrato. EX: não há que se falar em tentativa de tentativa Evasão mediante violência contra a pessoa Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondenteà violência. 13. Desistência voluntária e Arrependimento Eficaz a) TENTATIVA ABANDONADA: gênero para as espécies desistência voluntária e arrependimento eficaz. Causa de extinção de punibilidade ou de exclusão de tipicidade. Ocorre antes da consumação do crime. Desistência voluntária e arrependimento eficaz Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados Não há unanimidade na doutrina, quanto à natureza jurídica. b) HIPÓTESES: Desistência voluntária: pressupõe uma conduta negativa (não fazer), posto que o agente desiste voluntariamente de prosseguir nos atos executórios. EX: o agente ingressa na casa da vítima, para praticar um furto. Vendo que a vítima é miserável, o agente desiste do crime. Arrependimento eficaz: pressupõe uma conduta positiva (fazer), já que o agente, depois de realizar atos executórios, toma providências para impedir a produção de resultados. EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE ou ISENÇÃO DE PENA EXCLUSÃO DE TIPICIDADE Hungria Noronha Zaffaroni Damásio Mirabete Rogério Greco Para haver desistência voluntária, basta que haja a voluntariedade. Não é necessário que ela seja espontânea. . Ato voluntário: é um ato livre (sem coação) . Ato espontâneo: além de livre, é ato que surgiu da ideia do próprio agente. EX: depois de disparar contra a vítima, o agente, tocado pelas suas súplicas de socorro, resolve leva-la ao hospital, conseguindo salvar sua vida. Tentativa qualificada: nas duas hipóteses, o autor responde pelos atos já praticados. Segundos os exemplos acima: EX: Desistência voluntária (o agente responderia por violação de domicílio) Arrependimento eficaz (o agente responderia por lesão corporal leve, grave ou gravíssima, conforme o resultado produzido) 14. Arrependimento Posterior O arrependimento posterior é causa obrigatória de redução de pena. Ocorre depois da consumação do crime. Arrependimento posterior Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços a) REQUISITOS PARA A CONFIGURAÇÃO DE ARREPENDIMENTO POSTERIOR Crime cometido sem violência ou grave ameaça: aplica-se aos crimes dolosos, tentados e consumados, simples, privilegiados e qualificados. A violência culposa não impede o reconhecimento do benefício. Se o arrependimento for “inefcaz”, ou seja, se o agente não conseguir salvar a vítima, mesmo depois de arrependido, e não conseguir evitar o resultado, responderá pelo crime praticado. EX: homicídio culposo na direção de veículo automotor. Reparação do dano ou restituição do objeto material: se houver concordância da vítima, via de regra, deve ser total. Reparação até o recebimento da denúncia ou queixa: se ofertada depois do prazo, será considerada como circunstância atenuante genérica. (art. 65, III, b, CP) Ato voluntário do agente: a reparação do dano ou a restituição da coisa, não precisa ser espontânea (ideia do próprio agente), bastando que seja voluntária (pode ser sugerida por terceiro), ou seja, o agente pode ser orientado pelos seu advogado a restituir. 15. Crime Impossível É causa de exclusão de tipicidade. Têm várias denominações: crime impossível, tentativa impossível, tentativa inidônea, tentativa inadequada, quase crime, crime oco. Crime impossível Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar- se o crime a) TEORIAS DO CRIME IMPOSSÍVEL Teoria subjetiva: o agente deve ser punido porque demonstrou a intenção de praticar o crime. Teoria sintomática: o agente deve ser punido porque demonstrou periculosidade Teoria objetiva pura: o agente não deve ser punido, seja absoluta ou relativa a idoneidade do meio ou objeto. Teoria objetiva temperada: o agente não só será punido se a idoneidade do meio ou objeto for absoluta; caso seja relativa, haverá crime tentado ou consumado. Adotada no Brasil. b) HIPÓTESES Ineficácia absoluta do meio: o meio de execução escolhido pelo agente não é apto para produzir qualquer resultado lesivo. EX: arma defeituosa. Súmula 73, STJ: a utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da justiça estadual. Impropriedade absoluta do objeto: o objeto material do crime não existe. EX: não se pode matar alguém que já está morto. Flagrante preparado, provocado, crime putativo por obra do agente provocador, crime de ensaio ou delito de laboratório: caso em que o agente é induzido pela polícia ou por terceiro a praticar o crime. Súmula 145, STF: não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. Monitoramento eletrônico: no caso de furtos em estabelecimentos comerciais que possuem vigias e câmeras de segurança, a jurisprudência de tribunais superiores pacificou-se no sentido de que não há crime impossível. O Monitoramento eletrônico não impossibilita o furto. Súmula 567, STJ- Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. 16. Ilicitude ou Antijuridicidade Ilicitude é a contrariedade do fato ao ordenamento jurídico. a) CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: são requisitos: Bem jurídico disponível Momento do consentimento: até a consumação do crime Capacidade para consentir: via de regra, aos 18 anos Consequências: se a discordância da vítima for elemento do tipo (EX: violação de domicílio) haverá exclusão da tipicidade. Se a discordância da vítima não for elemento do tipo (EX: crime de dano), haverá a exclusão da ilicitude. b) CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE: previstas na parte geral do CP, não há crime: Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27567%27).sub.#TIT1TEMA0 https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27567%27).sub.#TIT1TEMA0 https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27567%27).sub.#TIT1TEMA0 https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27567%27).sub.#TIT1TEMA0 https://scon.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27567%27).sub.#TIT1TEMA0 I - Em estado de necessidade; II - Em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Na parte especial do CP, não há previsão de crime de injúria ou difamação: Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II - A opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. Na legislação especial, não há crime, na Lei de Crimes ambientais (Lei n° 9.605/98): Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: I - Em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; II - Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legale expressamente autorizado pela autoridade competente; III – (VETADO) IV - Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/Mensagem_Veto/1998/Vep181-98.pdf São as causas de exclusão de ilicitude: ESTADO DE NECESSIDADE Estado de necessidade Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. Situação de perigo Fato Lesivo a) Perigo atual: é o perigo presente, que está ocorrendo. Pode ser originado do ser humano, por força da natureza ou por ataque de animais. b) Ameaça a direito alheio ou alheio: todos os bens jurídicos podem ser defendidos pelo estado de necessidade c) Situação não causada voluntariamente pelo sujeito: (se o sujeito provocar a situação dolosamente, não poderá se valer do estado de necessidade) d) Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo: (quem tem a obrigação legal de enfrentar o perigo, como policiais e bombeiros, não podem invocar o estado de necessidade) a) Inevitabilidade da prática do ato lesivo: deve-se verificar se o agente tinha a possibilidade de salvaguardar o direito, sem praticar a conduta lesiva b) Proporcionalidade: bem de maior valor se sobrepõe a bem de menor valor. Espécies Teorias Redução de Pena: embora seja razoável exigir o sacrifício do direito ameaçado, a pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3. LEGÍTIMA DEFESA Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. a) EN próprio e de terceiro: direito do próprio agente ou de terceiro b) EM real ou putativo: real quando a situação de perigo for real e putativa quando o agente acredita estar em perigo c) EM agressivo e defensivo: no agressivo, a conduta recai sobre bem jurídico de terceiro inocente. Defensivo, a conduta recai sobre bem jurídico do causador do perigo. a) Unitária: adotada pelo CP >> o estado de necessidade sempre será causa de exclusão de ilicitude (EM justificante) b) Diferenciadora: adotada pelo CPM >> estado de necessidade poderá ser causa de exclusão da ilicitude (EM justificante) ou da culpabilidade (EM exculpante) c) Requisitos Espécies Espécies Legítima defesa sucessiva: é a reação do agressor contra a repulsa excessiva da vítima Legítima defesa real e putativa: na real, realmente existe a agressão injusta. Na putativa, o agente, por erro, supõe que existe agressão. Legítima defesa subjetiva: o excesso na repulsa de uma agressão decorrente de erro de apreciação da situação fática. Legítima defesa e erro na execução (aberratio ictus) Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, ao agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, conforme art. 20, §3° do CP. Erro na execução Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse Agressão injusta, atual ou iminente: conduta humana que ofende ou expõe a perigo direitos, podendo ser dolosa ou culposa, ativa ou omissiva. Atual é a agressão que começou a ofender o bem e não cessou. Iminente é a agressão que está prestes a se tornar atual. Defesa de direito próprio ou alheio: “direito” abrange qualquer bem tutelado pelo ordenamento jurídico. Reação com os meios necessários: necessário é aquele meio que estava à disposição do agredido e que causará menor dano. Uso moderado dos meios necessários: uma vez escolhido o meio necessário, seu uso deve ser moderado, ou seja, suficiente para reprimir a agressão. praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. por vezes, os representantes do Estado, no desempenhar de suas funções, acabam por interferir na vida privada das pessoas. Porém, essa interferência estará justificada se, mesmo ofendendo algum bem jurídico, expondo-o a risco, for em estrito cumprimento de um dever legal e não pautada pelo excesso. Dever legal: proveniente das normas jurídicas (leis, decretos, regulamentos, etc..). A excludente não se aplica às obrigações sociais, morais e religiosas. Agente públicos ou particulares: a justificativa pode ser aplicada a servidores do Estado (policiais efetuando prisões) ou a particulares que exercem funções públicas (jurados) EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: Erro sobre a pessoa Art. 20, § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Conforme a Constituição Federal, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei, ou seja, se um determinado comportamento é legitimado por uma lei extrapenal (lícito no Direito Civil), por exemplo, o DP não pode criminaliza-lo. Exercício Regular: obedece a condições objetivas estabelecidas, não podendo ser abusivo, sob pena de configurar excesso. Hipóteses: intervenções médicas, ofendículos, violência esportiva, etc... 17. Excesso Excesso é uma intensificação desnecessária a uma conduta inicialmente, justificada. Excesso punível Art. 23, Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. a) EXCESSO PUNÍVEL: de acordo com CP, o agente responderá pelo excesso doloso ou culposo em todas as hipóteses desse dispositivo. Ocorre excesso doloso quando o agente se excede voluntariamente no meio utilizado ou no seu uso. Ocorre excesso culposo quando o agente se excede por imprudência, negligência ou imperícia. b) EXCESSO IMPUNÍVEL: pode ser acidental ou exclupante. Ocorre excesso acidental quando a intensificação desnecessária se dá em virtude de caso fortuito ou força maior. Ocorre excesso exculpante quando a intensificação se dá por perturbação de ânimo, medo ou susto. Nos dois casos, o agente não responde pelo excesso, por ausência de culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa); 18. Culpabilidade Culpabilidade é o juízo de reprovação que incide sobre a conduta do agente que pratica um fato típico e ilícito. a) COCULPABILIDADES: os indivíduos praticam condutas diante de uma determinada circunstâncias e de acordo com a sua capacidade de autodeterminação, que se forma durantesua vida e as interferências sociais que sofrem. Esses indivíduos sofrem todo tipo de influência, dessa forma, alguns doutrinadores entendem que a sociedade deve também arcar com a responsabilidade, com sua parcela de culpa. Porém, os Tribunais superiores não tem reconhecido a coculpabilidade, como forma de atenuar a pena dos agentes. Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. b) TEORIAS: Teoria psicológica: coculpabilidade é o nexo psicológico entre o sujeito e o fato. Seu pressuposto é a imputabilidade, o dolo e a culpa são suas espécies. Teoria Psicológico-normativa: a coculpabilidade passa a ser estruturada da seguinte forma: imputabilidade > dolo e culpa > exigibilidade de conduta diversa. Teoria normativa pura: a coculpabilidade passa a ser estruturada da seguinte forma: imputabilidade > potencial consciência da ilicitude > exigibilidade de conduta diversa. Essa é a teoria adotada no Brasil. c) ELEMENTOS DA CULPABILIDADE São três, os elementos da culpabilidade: >> IMPUTABILIDADE É a capacidade de entender o caráter ilícito do ato e se autodeterminar, conforme esse entendimento. São causas de exclusão de imputabilidade >> SISTEMAS DE AFERIÇÃO DA INIMPUTABILIDADE . Imputabilidade . Potencial consciência da ilicitude . Exigibilidade de conduta diversa . doença mental (art.26, caput) . desenvolvimento mental incompleto (art. 26, caput) . desenvolvimento mental retardado (art. 26, caput) . menores de 18 anos (art. 27) . embriaguez completa acidental (caso fortuito ou coisa maior) (art. 28, §1º) Sistema biológico: se preocupa com a causa. Basta que o agente seja portador de alguma cauda de inimputabilidade. É adotada, por exceção, para menores de 18 anos. Sistema psicológico: se preocupa com as consequências, basta que o agente, no momento do crime, esteja com alguma causa de inimputabilidade. Não adotado no Brasil. Sistema biopsicológico: agrega os dois anteriores, exigido para tanto, três quesitos: causal: a causa da inimputabilidade deve estar prevista em lei. Cronológico: a causa da inimputabilidade deve influenciar o agente no momento do crime Consequencial: a causa da inimputabilidade deve retirar totalmente a capacidade do agente. É adotado, como regra, pelo art. 26, caput. Inimputáveis Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. >> SEMI-IMPUTABILIDADE: constatando a perícia, que o réu é semi-inimputável, o juiz tem duas opções: Reduzir a pena de 1/3 a 2/3 se, o agente, em virtude de perturbação de sua saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento . Substituir a pena por medida de segurança e, necessitando o condenado de tratamento curativo, a pena de liberdade pode ser substituída por internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo de 1 a 3 anos, no mínimo. Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial Prazo § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. Perícia médica § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução. Desinternação ou liberação condicional § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade. § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos. Com a reforma do código penal em 1984, o CP passou a adotar o sistema vicariante ou unitário, onde o réu semi-inimputável recebe a pena diminuída ou a medida de segurança substitutiva. Não é possível cumular as duas espécies de sanção penal para o semi-inimputável. >> EMOÇÃO E PAIXÃO: emoção é o transtorno psíquico provisório. Paixão é o transtorno psíquico duradouro. Conforme o CP, a emoção e a paixão não excluem a imputabilidade penal. >> EMBRIAGUEZ NÃO ACIDENTAL: a embriaguez acidental não pode ser voluntária ou culposa (por imprudência). Não exclui a imputabilidade do agente. A embriaguez preordenada ocorre quando o agente se embriaga para praticar um crime, dessa forma, torna-se um agravante. >> POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE Para que haja o juízo de reprovação, é necessário que o agente tenha consciência da ilicitude do fato, ou que tenha, ao menos, a possibilidade de conhece-la. >> CAUSAS DE EXCLUSÃO DA POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE Erro de proibição inevitável ou escusável: é o erro que incide sobre o caráter proibitivo da norma, ou seja, o agente supõe que a sua conduta é permitida. EX: um turista holandês, durante a Copa do Mundo no Brasil, transita por uma praia, fumando um cigarro de maconha. Ao ser abordado por policiais, informa que acreditava ser lícita a sua conduta e que não sabia ser proibido no país, o uso da droga. >> ESPÉCIES DE ERRO DE PROIBIÇÃO Erro de proibição direto: o agente desconhece o caráter ilícito do fato, ou o interpreta mal. . segundo o CP, o desconhecimento da lei é inescusável (indesculpável). Erro de proibição indireto ou erro de permissão: o agente conhece o caráter ilícito do fato, mas supõe estar amparado por alguma causa de excludente de ilicitude, ou se equivoca em relação aos limites das causas de exclusão de ilicitude. >> CONSEQUÊNCIAS DO ERRO DE PROIBIÇÃO Deve-se verificar se o erro de proibição é inevitável ou evitável. Evitável é aquele erro em que o agente atua ou se omite, sem a consciência da ilicitude do fato, quando nas circunstâncias, lhe era possível conhecer essas circunstâncias. São hipóteses: Erro de proibição inevitável ou escusável: haverá a exclusão da culpabilidade e o agente será isentado da pena. Erro de proibição evitável ou inescusável: o fato é típico + ilícito + culpável, porém, haverá a diminuição da pena. ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO . art. 20, caput, cp . o agente não possui consciência do fato praticado . Se for escusável ou evitável >> exclui dolo e culpa . se for inescusável ou evitável >> exclui apenas dolo. Permite-se a punição do agente por crime culposo, se previsto em lei. . art. 21, CP . o agente possui a consciência do fato praticado, mas não da ilicitude desse fato. . se for escusável ou inevitável >> exclui a culpabilidade (isenta de pena) . se for inescusável ou evitável >> somente diminui a pena. 19. Exigibilidade de Conduta Diversa Para que um comportamento seja reprovável, além de todos esseselementos, é necessário verificar se o agente praticaria a mesma conduta, em situações de normalidade. Coação irresistível e obediência hierárquica Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. São causas legais de exclusão de exigibilidade de conduta diversa: Coação moral irresistível: se o fato for praticado sob coação irresistível, só se pune o autor da ação. A coação moral acontece quando houver o emprego de grave ameaça contra a vítima coagida, para que ele faça ou deixe de fazer algo. Nesse caso, só se pune o agente coator, tendo em vista que a vítima age sem culpa (inexigibilidade de conduta diversa). Obediência hierárquica a ordem não manifestamente ilegal: só se pune o autor da ordem. A tese só é possível em relações de direito público, ou seja, deve haver dois funcionários públicos envolvidos na situação, sendo um deles, superior hierárquico sobre o outro. Dessa forma, somente se pune o autor da ordem, já que o subordinado age sem a culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa). . A coação moral irresistível exclui a culpabilidade do coagido. . A coação física irresistível exclui a conduta do coagido. >> CAUSAS SUPRALEGAIS DE EXCLUSÃO DA EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA São hipóteses: Cláusula de consciência: trata-se da liberdade de consciência e de crença, prevista na Constituição Federal. Art. 5°, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias Desobediência civil: trata-se de uma forma particular de rebeldia, na medida em que é praticada com o objetivo de demonstrar publicamente a injustiça da leu, intentando que o legislador provoque sua alteração. Conflito de deveres: trata-se da escolha pelo mal menor. Inexigibilidade de conduta diversa em sentido estrito: por exemplo, empresário que está em grave situação financeira, decide deixar de recolher impostos para conseguir pagar seus empregados. 20. Concurso de Pessoas a) REQUISITOS Pluralidade de condutas e agentes: necessário duas ou mais pessoas realizando a mesma conduta, ou concorrendo de algum modo para sua realização. Relevância causal das condutas: relação de causa e efeito entre cada conduta com o resultado (teoria da equivalência dos antecedentes causais) Liame subjetivo entre os agentes: vontade dos agentes de praticar a mesma conduta. Exige-se a homogeneidade de elementos subjetivos (participação dolosa ou concorrência culposa) Identidade de fato: todos os que concorrem devem responder pelo mesmo crime (Teoria Monista). b) TEORIAS Teoria Monista, monística, unitária ou igualitária: todos os autores, coautores e partícipes, respondem pelo mesmo crime. Teoria adotada pelo CP. Teoria Dualista ou dualísticas: há um crime pra os autores e outro para os partícipes. Teoria pluralista ou pluralística: para uma pluralidade de agentes, haverá uma pluralidade de crimes. c) EXCEÇÕES À TEORIA MONISTA: adotada pelo CP, como regra. Há duas exceções a essa teoria Cooperação dolosamente distinta ou desvio subjetivo de conduta: se algum dos concorrentes quis participar de crimes menos grave, aplica-se a ele a pena do crime menos grave, que será aumentada até a ½, se o resultado mais grave era previsível. Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade Não é necessário o acordo prévio entre os agentes, bastando que um venha a aderir a vontade do outro. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Aborto praticado com o consentimento da gestante: ao invés de a gestante também responder pelo crime (como partícipe) ela responde como autora do crime, conforte o art. 124, 2ª figura, CP. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. >> AUTORIA Conceito de autor: não há diferença entre autor e partícipe, de modo que todos são autores e coautores. >> TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO: foi desenvolvida por Roxin, e aponta três possibilidades: Domínio da ação: é o autor quem possui domínio sobre a sua própria ação, realizando pessoalmente o elemento do tipo. Explica o autor imediato. Domínio da vontade: o autor é quem domina a vontade de um terceiro, que é utilizado como um instrumento. Ocorre nas hipóteses de erro, coação, ou por aparatos organizados de poder. Explica o autor mediato. Domínio funcional do fato: em uma atuação conjunta, o autor pratica um ato relevante durante a execução do plano delitivo. Explica o autor funcional. >> AUTORIA COLATERAL OU PARALELA: ocorre quando duas ou mais pessoas, ignorando uma a intenção da outra, realizam condutas convergentes para a execução do crime. Na autoria colateral, não há concurso de pessoas, pela ausência do liame subjetivo entre os agentes. Logo, cada um responderá por aquilo que praticou. >> AUTORIA COLATERAL INCERTA: ocorre quando, na autoria colateral, não se consegue identificar qual a conduta de cada agente. Nesse caso, aplica-se o princípio da dúvida (in dubio pro reo). >> PARTICIPAÇÃO o partícipe não realiza diretamente a conduta típica, mas concorre induzindo, instigando ou auxiliando o autor. >> FORMAS DE PARTICIPAÇÃO Moral: induzimento e instigação. Induzir é fazer nascer a ideia na cabeça de alguém. Instigar é reforçar uma ideia que já existe. Material: auxílio. Auxiliar, em regra é fornecer os meios necessários para a prática do crime. >> NATUREZA JURÍDICA: a participação é uma conduta acessória à conduta do autor principal. Como a conduta do partícipe não está diretamente expressa em lei, busca- se uma norma de extensão ou ampliação da figura típica. Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço >> ESPÉCIES DE ACESSORIEDADE Mínima: o partícipe pode ser punido desde que o autor pratique um fato típico. Limitada: o partícipe pode ser punido desde que o autor pratique um fato típico e ilícito. Extremada: o partícipe pode ser punido desde que o autor pratique um fato típico, ilícito e culpável Hiper acessoriedade: o partícipe pode ser punido desde que o autor pratique um fato típico, ilícito, culpável e punível. >> PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA: se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de 1/6 a 1/3. >> CRIMES CULPOSOS Via de regra, os crimes culposos admitem coautoria, mas não participação. >> COMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS Elementares: são dados essenciais do crime, sem os quais ele desaparece ou se transforma. Circunstâncias: são dados acessórios que se agregam à figura típica, possuindo a função de aumentar ou diminuir a pena. >> REGRAS DO ART. 30, CP: de acordo com o CP, não se comunicam as circunstâncias e condições de caráterpessoal, salvo quando elementares do crime.