Buscar

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL 
 PRINCÍPIOS PENAIS: 
 
1- LESIVIDADE 
Também chamado de principio da ofensividade. 
Com base nesse principio a intervenção penal somente se 
legitima, diante da lesão ou do perigo concreto de lesão a 
um determinado bem jurídico. Situação 1: disparo 3 tiros 
contra alguém, se pegar se tem uma lesão. Se não, caso 
pegue na parede, por exemplo, houve um perigo concreto 
de lesão. 
Questiona-se atualmente a constitucionalidade dos 
chamados tipos penais de perigo abstrato. Em tais casos a 
incidência da norma penal independe da ocorrência 
efetiva de dano ou mesmo de perigo concreto de dano, 
entendendo-se que, em tais delitos, o risco está 
abstratamente presumido pelo legislador a partir da 
própria realização da conduta descrita na norma. Exemplo: 
Artigo 274 CP (crime contra a saúde pública). O tipo penal 
que seguirá não é comum quanto os demais. Situação 1: 
Caso algum proprietário de mercado utiliza um corante na 
fabricação de um salgadinho. As pessoas comem, passam 
mal, gerando conhecimento para o ministério público, e 
descobre que a substancia utilizada é proibida pela 
vigilância sanitária. No principio, a lesividade se legitima, 
visto que houve uma lesão à saúde pública. Situação 2: as 
pessoas comem, ninguém passa mal, mas os órgãos da 
vigilância observaram e perceberam a utilização de um 
corante não utilizado. A vigilância publica comprovou que 
era nocivo à saúde publica. Nesse caso a intervenção penal 
se legitima, visto que, por ser nocivo, se concretiza. 
Situação 3: vigilância sanitária analisa e constata que foi 
utilizado um corante não autorizado. A perícia constata 
que o corante foi a grande descoberta dos alimentos, visto 
que não era ofensivo, e deve ser utilizada, por não causar 
danos a saúde. Nesse caso, se legitima. A partir do 
momento que o tipo penal se caracteriza como abstrato, 
significa dizer que tanto vai se aplicar na questão de lesão, 
perigo, ou de risco presumido a lesão, sendo presumido 
pelo próprio legislador. 
Doutrina e Jurisprudência majoritárias entendem pela 
constitucionalidade dos referidos tipos penais. 
Porte de arma desmuniciada tem a legitimidade 
questionada devido ao principio da lesividade, sendo 
classificados como abstratos. Assim como embriaguez ao 
volante, visto que, se o sujeito estiver com um percentual 
muito pequeno de álcool e seu desempenho motor é 
provado que estava em pleno domínio sobre as 
capacidades motoras, a intervenção se mantem pelo STF e 
STJ. 
O problema da lesividade pode gerar uma incerteza visto 
que, o direito penal deve ser mais restrito, a fim de se 
tornar mais efetivo. Não atuando como ultima esfera de 
controle e sim primeira nesses casos. 
2- RESPONSABILIDADE PESSOAL 
Na esfera penal somente responderá pelo crime o sujeito 
que funcionou como efetivo autor da conduta não sendo 
possível responsabilizar criminalmente um individuo por 
conduta de terceiros. Caso 1: Se um menor pegar o carro 
dos pais, e matar alguém, a justiça não pode 
responsabilizar os pais pelo ato cometido. Lembrando que 
para o direito civil, por exemplo, já é outro caso, podendo 
os pais ser submetidos a consequências. Caso 2: se o pai 
ou a mãe ceder à chave do carro, os pais acabam se 
vinculando ao plano causal do resultado, podendo ai nesse 
caso ser responsabilizado no âmbito penal. 
No âmbito empresarial destaca-se que o direito penal não 
admite responsabilidade criminal (penal) de pessoa 
jurídica, ressalvada a hipótese de crimes ambientais (Lei 
9605/98). Dessa forma se um delito é praticado no âmbito 
de empresas caberá ao ministério público identificar a(s) 
pessoa física(s) responsável(s). 
Deste principio decorre o da intranscedência de acordo 
com o qual nenhuma a pena passara da pessoa do 
condenado podendo, todavia a obrigação de reparação ao 
dano bem como perdimento de bens serem executados 
em face dos sucessores até o limite do quinhão (a fração 
recebida por cada um) que lhes foi transferido. Por 
exemplo: Um individuo tem o dever de pagar a 
indenização para a família da vítima, esse dever 
sobretudo, pode passar para os sucessores, desde que não 
atinja o patrimônio individual do sujeito, visto que só pode 
atingir até a herança que lhe foi transferido. Se a dívida é 
de 100.000,00 e o sucessor tem como herança 50. ooo,oo, 
é esse ultimo valor que será utilizado. 
3- RESPONSABILIDADE SUBJETIVA OU PRINCÍPIO DA 
CULPABILIDADE 
Com base nesse princípio a responsabilização penal 
sempre demandará a analise do ministério público dos 
elementos subjetivos do agente. Significa dizer que o 
processo de imputação dependerá necessariamente de se 
avaliar se o sujeito atuou com dolo ou com culpa. Registre-
se que como regra geral todos os tipos penais são dolosos, 
de modo que o tipo culposo é uma exceção legal, isto é, 
para ser criminalizado o legislador deverá fazê-lo 
expressamente (artigo 18 paragrafo único CP). As maiorias 
das pessoas se equivocam que todo crime doloroso tem 
seu correspondente culposo, o que não é verdade. Porem 
a maioria dos tipos penais não tem correspondência 
culposa. Exemplo: aborto. Tem quatro crimes no código 
penal, nenhum deles tem responsabilidade culposa. 
Culpa- ausência de intenção. 
Doloso- com intenção. 
Quando a conduta não tiver tipo doloso será uma conduta 
atípica o comportamento culposo. 
 
4- NE BIS IDEM 
Não se admite em matéria penal a dupla punição ou o 
duplo processamento de uma mesma circunstancia fática. 
Exemplo: O estado processa como homicídio, condena por 
5 anos, e a pessoa foge. O estado captura e resolve abrir 
esse processo e acrescentar mais anos de pena. Ele não 
pode fazer isso sendo o princípio do ne bis idem. 
 
A agravante de pena da reincidência artigo 61, inciso 1, CP 
viola o principio do ne bis idem? Quais os fundamentos 
doutrinários e jurisprudenciais a respeito da matéria? 
5- CONFIANÇA 
Princípio desenvolvido por Gunther Jakob que fundamenta 
a responsabilidade penal diante da quebra de confiança 
consubstanciada na violação da norma jurídica uma vez 
que esta cria uma expectativa social de conduta. 
6- AUTORRESPONSABILIDADE 
Principio desenvolvido por Bend Shunemann segundo o 
qual a prevenção de delitos depende necessariamente de 
três vias: uma voltada para o estado, uma voltada para o 
próprio criminoso (para que não volte a delinquir) e uma 
voltada para o próprio titular do bem jurídico, a quem se 
atribui a autorresponsabilidade de tutela para com seus 
bens sob pena de exclusão da tipicidade de eventual 
comportamento criminoso. 
7- PRESUNÇÃO DE INOCENCIA 
De acordo com a constituição artigo 5 inciso 57,ninguém 
será considerado culpado antes do transito em julgado de 
sentença penal condenatória. Para alguns autores a 
constituição somente enuncia o principio de não 
culpabilidade. De força menor o Pacto de São José da 
Costa Rica consagra expressamente a presunção de 
inocência. 
8- PRINCÍPIO DA ALTERIDADE 
Também chamado de princípio da bilateralismo ou 
transcedentalidade disciplina que não se legitima a 
intervenção penal diante da autolesão, isto é, é necessário 
que o comportamento lesivo transcenda a esfera do 
próprio sujeito ativo. 
9- PRINCÍPIO DA HUMANIDADE DAS PENAS 
De acordo com o artigo 5 inciso 47, não haverá penas de 
morte, salvo em guerra declarada; de caráter perpétuo, de 
trabalhos forcados, de banimento, nem penas cruéis ou 
degradantes. 
 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO 
TEMPO 
 
1- TEMPO DO CRIME 
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou da 
omissão ainda que seja outro o momento do resultado, artigo 4 
CP, teoria da atividade ou da conduta (possivelmente que cairá 
no provão). 
Digamos que atirei em uma pessoa no dia 1 de janeiro de 2015, e 
a pessoa morre no dia 4 de janeiro de 2015. O homicídio ocorre 
dia 1, e é com base nesse dia que vou utilizar como parâmetro 
para aplicar a lei penal. Se eletinha 17 nesse dia, e só fez 
aniversário dois dias após, ele vai ser considerado inimputável no 
caso analisado. 
2- APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
De acordo com a constituição artigo 5, inciso 40, a lei penal não 
retroagirá salvo se for para beneficiar o réu. Consagra-se, 
portanto a irretroatividade prejudicial e a retroatividade 
benéfica. 
Analisando a possibilidade te ter duas leis: lei A e lei B. A lei A 
indica a possibilidade de 2 a 4 anos. A lei B de 4 a 6 anos. Se o 
crime ocorreu no período da lei A, mas foi julgado no momento 
da vigência da lei B, o réu será julgado com base na lei A, devido 
à irretroatividade da lei B, visto que é a lei B é uma nova lei 
prejudicial, denominada como “Novátio Legis in Pejus”. 
Em outro caso temos uma lei A com a possibilidade de 4 a 6 anos 
de pena. E a lei B com a possibilidade de 2 a 4 anos. Se o crime 
ocorreu durante a vigência da lei A, e o julgamento ocorre 
durante a vigência da lei B. Nesse caso o réu será julgado com 
base na Lei B, que retroagiu devido ao fato de ser uma lei 
“Novatio Legis in Melius”. 
Observação 1: 
A retroatividade penal da nova lei benéfica pode se operar a 
qualquer tempo desde que seja possível vislumbrar alguma 
utilidade em sua aplicação, mesmo se tiver em trânsito em 
julgado. 
Observação 2: 
A irretroatividade prejudicial consagra implícita e ilogicamente a 
ultratividade benéfica da lei revogada desde que para crimes 
praticados durante a sua vigência. (Ultratividade: quando uma 
lei é aplicada mesmo que já tenha sido revogada, mesmo que 
tenha encerrado a sua vigência) 
A lei não tem como ser aplicados para fatos praticados após sua 
vigência, apenas durante a sua vigência. 
3- LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIAS 
Ambas tutelam situação de anormalidade, a única diferença é 
que as temporárias já são promulgadas estabelecendo 
previamente data de término de vigência, enquanto as 
excepcionais irão viger enquanto durar a situação excepcional. 
Ambas são regradas no artigo 3, CP, que lhes conferem poder de 
ultratividade, ainda que prejudicial. 
Exemplo: lei geral da copa(12.663 de 2012). Nessa lei são 
disciplinados alguns crimes que integram a anormalidade. O 
código penal tutelam crimes contra propriedade intelectual. Já 
são condutas criminosas. Porem a lei penal já trabalha com esses 
tipos de crimes, com a falsificação contra marcas da copa. 
Porem, se um caso for julgado hoje, a lei vai ultragir mesmo 
prejudicando o réu. 
A doutrina questiona a recepção constitucional do artigo 3 
alegando que esse contraria o principio da retroatividade 
benéfica. Para os tribunais superiores houve recepção, uma vez 
que, não fossem admitidas tais espécies normativas como 
normas ultra ativas ninguém as respeitaria. (as pessoas jamais 
respeitariam tendo em vista que, após o termino da copa, que 
seria quando o caso possivelmente seria julgado, a lei não mais 
estaria em vigência). 
4- LEI INTERMEDIÁRIA 
A lei A diz 1 a 4 anos. A lei B diz 4 a 6 anos. A lei C 2 a 6 anos e a 
lei D de 4 a 8 anos. O crime foi cometido durante a lei B, e 
julgado durante a lei D. O réu nesse caso vai ser julgado com 
base na lei C, visto que era a mais benéfica. 
A lei intermediaria benéfica (lei C no caso acima) se aplica 
mesmo não tendo estado em vigor no momento do 
cometimento do crime e já tendo encerrado a sua vigência 
quando do início do processo. Isso por que enquanto vigeu o réu 
adquiriu o direito a sua aplicação. 
5- COMBINAÇÃO DE LEIS 
A lei A considera de 2 a 8 anos. A lei B diz que 4 a 6 anos. O crime 
foi cometido durante a lei A e foi julgado durante lei B. 
Quando houver duvidas quanto à lei mais benéfica em razão de 
ambas às normas conflitantes no tempo possuírem aspectos 
benéficos e prejudiciais os tribunais superiores não admitem a 
combinação das parcelas benéficas sobre o fundamento de que 
o juiz estaria usurpando função legislativa criando um “Lex 
Tertia”. Em tais casos uma das leis conflitantes deverá ser eleita 
para que seja integralmente aplicada. O juiz deverá escolher 
aquela que concretamente mostra-se mais benéfica, devendo 
em todo caso, ouvir o réu. 
Nada disso é tratado no código penal, visto que é uma 
orientação jurisprudencial. 
Nesse caso se o réu pegar a máxima, possivelmente será punido 
com base na lei B, e se for pegar a pena mínima, possivelmente a 
lei A. 
6- RETROATIVIDADE DE JURISPRUDENCIA 
A constituição ao se referir à aplicação da lei penal no tempo faz 
menção à retroatividade benéfica de lei. Questiona-se a 
possibilidade de ampliação da diretriz constitucional para 
fundamentar a retroatividade benéfica de jurisprudência. 
O entendimento majoritário é de que jurisprudência ou 
complementos normativos de normas em branco não retroagem 
em homenagem ao princípio da segurança jurídica. Doutrina 
minoritária, todavia assina-la que não se pode dissociar o texto 
normativo do significado que lhe é atribuído. 
7- CRIMES PERMANENTES E CONTINUADOS 
Primeiramente cumpre destacar que o crime permanente se 
verifica quando a consumação delitiva por sua própria natureza 
é prolongada no tempo, durando o tempo que durar a 
permanência. 
Exemplo: crime de sequestro. 
Nos crimes instantâneos a consumação é pontual. 
No crime permanente se tem um crime único na sua própria 
essência. 
Crimes continuados ou continuidade delitiva correspondem a 
uma ficção jurídica. Isso por que se nos crimes permanentes fala-
se em crime único dado a essência do delito, na continuidade 
delitiva o que se tem em essência é uma pluralidade de crimes 
os quais em razão de terem sido praticados sob as mesmas 
condições de tempo, lugar, maneira de execução, tratando-se 
ainda de crimes da mesma espécie, serão tratados como se 
crime único fosse. 
Exemplo: pratiquei vários furtos ao longo do tempo (pluralidade 
de crimes). Por expressa vontade do artigo 71 do CP, eu vou 
analisar essa pluralidade e chamarei de “crime único”. A unidade 
nesse caso é uma ficção jurídica, diferente do anterior 
(permanente) que é devido a sua essência. Nesse caso se pode 
dizer que o indivíduo praticou um furto continuado. Nesse caso a 
punição não vai ser tão gravosa quanto aquele que praticou 5 
crimes por exemplo, ou nem tão branda daquele que praticou 
apenas 1 crime. 
Qualquer crime pode ser considerado como crime continuado, 
desde que seja dentre dos parâmetros estabelecidos. 
Quanto à sucessão de leis em crimes permanentes e 
continuados, o STF na súmula 711 disciplina que se aplica a lei 
penal que estiver em vigor no momento em que cessa a 
continuidade ou permanência, seja ela mais gravosa ou benéfica. 
(aplica, portanto a lei mais recente) 
 
PERGUNTAS: 
1)Pode se dizer que a súmula 711 afasta o princípio da 
retroatividade benéfica? 
2) É possível aplicar o parágrafo 4 do artigo 33 da lei 
11.343/2006 aos condenados com base no artigo 12 da lei 
6368/1976? O que decidem o STF e STJ? 
 
 
8- VACATIO LEGIS 
É previsto o prazo de vacatio legis para uma garantia aos 
destinatários da norma jurídica. 
Questiona-se a possibilidade de aplicação retroativa imediata de 
lei penal benéfica em vacatio sob fundamento de que essa já 
teria percorrido todo o trâmite constitucionalmente previsto e 
que se trataria de garantir a quebrada igualmente em benefício 
do réu. 
Os fundamentos para uma aplicação imediata são, portanto 
vistos acima. 
Entende-se majoritariamente pela impossibilidade sob o 
fundamento de que a lei não está em vigor podendo inclusive ser 
revogada antes mesmo da referida data. 
 
 
 
 
 LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
1- LUGAR DO CRIME 
Definido no artigo 6 do código penal. 
Considera-se lugar do crime tanto o local em que se desenvolveu 
no todo ou em parte a ação ou omissão, quanto o lugar em que 
ocorreu ou deveria ter ocorrido o resultado. Essa teoria é 
chamada de teoria da ubiquidade. (é lugar do crime tanto o 
lugar da ação como do resultado).Exemplo: um sujeito envia uma carta bomba da argentina para o 
Brasil. Nesse caso, analisando a descrição feita acima, é possível 
dizer que o crime foi cometido no Brasil. Assim como, se a 
bomba fosse criada no Brasil e mandada para a Argentina, é 
possível dizer que o crime também foi cometido no Brasil. 
Observando outra situação, de que a bomba foi criada na 
argentina e deveria ter sido mandada para o Brasil, porem foi 
extraviado para o Uruguai. Nesse caso pode-se afirmar que o 
crime ocorreu no Brasil, visto que, o crime deveria ter tido como 
resultado esse país. 
Objetivos básicos da teoria: evitar a impunidade, e só vai 
encontrar a utilidade em crimes a distancia (envolvendo mais de 
um estado soberano). 
2- TERRITORIALIDADE 
Adotou-se como regra geral a territorialidade por que em 
princípio o Brasil só terá interesse em processar e julgar os 
crimes cometidos dentro do território nacional brasileiro. Visto 
que não faria sentido o Brasil julgar um crime fora do seu 
território nacional. Os casos em que deveria ocorrer e não 
ocorreu, mas que pela teoria, o crime foi cometido naquele 
lugar, são situações excepcionais. 
Todo crime cometido no Brasil é interesse dos pais julgar? Não. 
Observações: 
1) Essa territorialidade, entretanto não é absoluta, visto que 
uma vez que há crimes cometidos no Brasil, que não são 
julgados pela lei brasileira em razão dessa ser excepcionada 
por tratados, convenções ou normas de direito internacional 
(territorialidade mitigada ou matizada). 
Exemplo: Imunidades penais. Se um diplomata americano 
pratica um crime no Brasil, por exemplo, é julgado pela lei 
americana. 
2) É preciso saber de fato o que seria o território brasileiro para 
fins penais. Que se desdobra em território natural e ainda 
território por extensão ou território por equiparação. 
 O território natural brasileiro abrange o solo brasileiro, o 
subsolo brasileiro, o mar territorial (que é uma faixa marítima 
que se estende até 12 milhas náuticas do Brasil), e o espaço 
aéreo correspondente. 
 O território brasileiro por extensão ou por equiparação está 
previsto no artigo 5 do código penal. Para efeitos penais 
consideram-se como extensão as embarcações e aeronaves 
públicas ou a serviço do poder público onde quer que se 
encontre/ embarcações ou aeronaves brasileiras mercantis 
ou privadas que estejam em alto mar ou espaço aéreo 
correspondente/embarcações ou aeronaves estrangeiras 
privadas que estejam em território natural brasileiro. 
3- EXTRATERRITORIALIDADE 
É a situação excepcional visto acima. 
Trata-se de exceção uma vez que se refere ao interesse brasileiro 
de processar e julgar crimes cometidos fora do Brasil. 
Fala-se em exceção por que somente determinadas hipóteses 
atraíram o referido interesse. 
3.1- INCONDICIONADA 
Nessas hipóteses a lei brasileira se aplica em tese, ainda que o 
agente tenha sido condenado ou absorvido no estrangeiro ou 
mesmo que lá tenha cumprido pena. Fere o principio do Ne Bis 
Idem. 
Hipóteses previstas no artigo 7, inciso 1. São elas: 
a) Note-se que os crimes de latrocínio, extorsão mediante 
sequestro e extorsão mediante sequestro seguida de morte 
integram o título 2 do código penal que cuida dos crimes 
contra patrimônio. (relacionadas ao presidente da república). 
b) Em razão da natureza da vítima lesada é que se justifica a 
hipótese da linha b como incondicionada. Crimes que 
integram a fé pública. 
Crimes contra o patrimônio encontram-se no título 2 do 
código penal, exemplo: furto, estelionato. 
E os crimes contra a fé publica encontram-se no título 10 do 
código penal. Exemplo: falsificação de moeda e falsificação de 
documentos públicos ou privados. 
Nota-se, portanto que para ser considerada como hipótese 
deve necessariamente mediante de crimes contra patrimônio 
e fé publica da união. É necessário analisa o sujeito passivo se 
está como um dos requisitos na linha B, artigo 7, inciso 1. 
Exemplo: a lesão ao patrimônio da Petrobras. Nesse caso há 
um interesse de aplicação da lei brasileira, pela 
extraterritorialidade condicionada. 
 C) Os crimes contra a administração pública são 
referidos a partir do título 11 do código penal. Note que para 
a incidência da hipótese não basta se tratar de crime contra a 
administração pública, exigindo-se também qualidade 
especial do sujeito ativo (“ por quem está a seu serviço”). O 
título 11, subdivide-se basicamente em dois capítulos, no 
capitulo 1 cuida dos crimes praticados por funcionários 
públicos e no capítulo 2 dos crimes praticados por 
particulares. 
Exemplo: corrupção passiva. (exemplo de crime praticados 
por funcionário público). 
d) Crimes de genocídio quando o agente for brasileiro 
domiciliado no Brasil. 
Note-se que não basta se tratar de crimes de genocídio sendo 
indispensável também que o sujeito ativo seja brasileiro ou 
domiciliado no Brasil. 
Crime de genocídio esta previsto na lei 2.889/56, a intenção 
do sujeito ativo de destruir no todo ou em parte um gênero. 
 
A maioria das hipóteses relacionadas a extraterritorialidade 
incondicionada está relacionada a soberania brasileira (a,b,c). 
A d no caso está relacionada a um novo fundamento. 
Encontra fundamento no chamado principio da justiça 
universal ou cosmopolita. Delitos que tenham elevado grau 
de perigo. 
 
3.2- CONDICIONADA 
No caso da extraterritorialidade condicionada somente será 
aplicada a lei brasileira após o preenchimento cumulativo de 
determinadas condições. 
Hipóteses: 
As hipóteses de extraterritorialidade condicionada estão 
previstas no artigo 7 inciso 2 do código penal com os seguintes 
temas: 
a) os crimes: que por tratado ou convenção o Brasil se obrigou a 
reprimir. (Exemplos: trafico internacional de pessoas, trafico 
internacional de entorpecentes, dentre outros delitos). Justiça 
universal ou cosmopolita. 
b) Crimes praticados por brasileiros. Principio que 
fundamenta: principio da nacionalidade ativa. O sujeito ativo 
nesse caso é um brasileiro. 
c) Principio da bandeira. O Brasil só se interessa por essa 
hipótese por que não tem jeito. Visto que preferencialmente 
quem deve julgar, por exemplo, em casos de embarcações em 
territórios não brasileiros, é o próprio país, porém se não 
julgar devido à falta de interesse, quem vai ter esse interesse 
posteriormente é o Brasil, devido ao principio da bandeira. 
d) Crimes praticados contra brasileiros por estrangeiros. O 
principio que ampara essa possibilidade é o da nacionalidade 
passiva, visto que a vítima nesse delito é o brasileiro. 
(Exemplo: Caso de Jean Charles). 
As condições que devem ser preenchidas também estão no 
artigo 7, fora das incondicionadas. São cumulativas. 
Gerais: 
1) Entrada de agentes no território nacional. Pouco importa 
se permaneceu ou entrou espontaneamente. 
2) Dupla tipicidade (tanto o Brasil como o país que foi 
cometido devem interver aquele fato como crime). 
3) O Brasil só vai autorizar a extradição nos casos em que vai 
haver ofensividade minimamente relevante. Essa conduta 
de alguma forma desperta o interesse do Brasil em julgar 
por não ser um crime qualquer, é algo relevante. A pena 
máxima deve ser superior a 1 ano. 
4) Não absolvido ou não ter cumprido pena. (o fundamento é 
justamente evitar o NE bis idem). 
5) Não perdoado; não estar extinta a punibilidade. (se já 
prescreveu no estrangeiro e não ter prescrevido no Brasil, 
por exemplo, não pode ser julgado por ser extinta a 
punibilidade; outro exemplo é se no estrangeiro ele foi 
perdoado não tem sentido ele ser processado no Brasil). 
 
Condições Especiais – Praticado por estrangeiro contra 
brasileiro. Paragrafo 3 do artigo 7. 
Devem ser preenchidas as condições gerais mais essas 
duas: 
 
 Requisição do ministério da justiça (vai avaliar se 
vale ou não a pena dar início ao processo no Brasil- 
exame político). 
 Não pedida ou se pedida, negada a extradição.O que é o direito de passagem inocente? 
Excepciona a regra geral da territorialidade sendo regulamentado no 
Brasil por meio da lei 8.617/93. Nos termos do artigo 3 parágrafo 1 da lei 
na hipótese de crime ser praticado dentro de embarcação estrangeira 
durante passagem por mar territorial brasileiro o Brasil abre mão de julgar 
o caso a menos que seja prejudicial à paz, ordem ou segurança internas. 
Logo se uma embarcação italiana estiver passando por mar territorial 
brasileiro e ocorreu um crime. Portanto é um crime que ocorreu dentro do 
território, mas que não será aplicada a lei brasileira salvo se ocorrer uma 
ameaça ao próprio país. Exemplo: um furto não será julgado por meio de 
leis brasileiras diferente de um homicídio. 
Observação: uma embarcação ancorada, logo, não apenas de passagem, 
independente do crime, o Brasil pode se manifestar em julgar. 
Não há previsão de passagem inocente para aeronaves. Em tese crimes 
praticados a bordo de aeronaves estrangeiras em espaço aéreo, o Brasil 
estará obrigado a julgar e processar, visto que ações são incondicionadas. 
Questão 1: 
Jose, estudante de 19 anos, brasileiro, durante uma viagem para fora do 
Brasil, encontra-se com Joao (policial federal brasileiro) que atuava em 
zona de fronteira oferecendo-lhe 10 mil reais para que este o deixasse 
passar sem a declaração dos bens adquiridos em território norte 
americano. O agente aceita prontamente a proposta recebendo a referida 
quantia. A conversa, todavia, fora interceptada e antes mesmo que José 
regressasse após o fato o ministério público forneceu denuncia contra 
ambos imputando a José o artigo 333 do código penal e a João o 317. 
Acertou o promotor? Qual o fundamento legal de aplicação da lei penal no 
espaço? 
Existem casos em que o Brasil pode homologar sentenças estrangerias nos 
casos que impõe o dever de indenizar, previsto no artigo 9, para fins de 
aplicação de medidas de seguranças. A grande observação para o artigo 9 
é que o Brasil nunca irá homologar sentença estrangeira para fins de 
aplicação de penas privativas de liberdade. Logo penas criminais não são 
permitidas, apenas as civis. Essa homologação depende do pedido da 
parte interessada e da existência de extradição ou da requisição do 
ministro da justiça. 
Segundo o artigo 11 são desprezadas as frações de dias, logo numa 
sentença privativa de liberdade jamais vai impor horas sobre o réu. Além 
disso, na pena de multa são desprezadas as frações de cruzeiros, no nosso 
caso, os centavos, por exemplo, não entram nas frações de multa. 
O código penal se aplica a todo e qualquer lei, a não ser que haja uma 
prescrição expressa contraria. 
 
Contagem de prazo: 
Prazo penal (material)- Inclui-se o dia de inicio e exclui-se o dia final. 
Nos casos materiais não se diferencia dias úteis ou não. 
Prisão temporária de 5 dias. 
No dia 9/05/2015(sábado) às 23h59min ocorreu a prisão. – dia de início. 
No dia 10/-5/2015(domingo) temos o segundo dia. No dia 11/05/2015 
temos o nosso terceiro dia. No dia 12/05/2015 temos o nosso 4 dia. Enfim 
no dia 13/05/2015 teremos o nosso 5 dia. No primeiro minuto do ultimo 
dia já ocorre a liberdade do réu, nesse caso na quarta-feira visto que 
exclui o dia final. 
Prazo penal processual- exclui-se o dia de início e inclui-se o dia final. 
Publicação do processo ocorreu no sábado do dia 9/05/2015 as 23:59. No 
dia 10/05/2015 como ocorreu no domingo não será considerado como 1 
dia. Logo o primeiro dia do prazo sera dia 11/05/2015 numa segunda-
feira. No dia 12/05/2015 será o nosso 2 dia. No dia 13/05/2015 será o 
nosso 3 dia. No dia 14/05/2015 será o nosso 4 dia. E finalmente no dia 
15/05/2015 será o nosso 5 dia (sexta-feira). No dia 15 temos até o ultimo 
minuto para recorrer visto que inclui o dia final. 
Nos prazos penais processuais o prazo inicial e o termo final de contagem 
devem ser dias úteis. (Todos os dias exceto os sábados, domingos e 
feriados). 
Como vimos os prazos são contados de forma diferentes. E essa diferença 
se estabelece em ambos os casos para beneficiar o réu. 
 
Imunidades 
 1. Parlamentares 
 O artigo 53 da constituição trabalha as imunidades parlamentares que se 
subdividem em materiais ou absolutas e processuais ou relativas. Quanto 
as processuais ou relativas dizem respeito a impossibilidade de prisão em 
flagrante salvo no caso de crime inafiançável bem como a possibilidade de 
a casa legislativa sustar o andamento do processo penal enquanto durar o 
mandato. Compreende também o foro por prerrogativa de função. Um 
deputado ou senador via de regra não vai poder ser preso em flagrante 
salvo a possibilidade de um crime inafiançável. Os crimes hediondos por 
exemplo são crimes considerados como inafiançáveis. Por isso que as 
imunidades desses parlamentares são relativas, visto que a depender do 
caso ele pode ser preso em flagrante ou não. Além disso o chamado o foro 
de prerrogativa de função. Visto que a depender do sujeito ativo do crime, 
o processo pode ocorrer em diferentes foros. Logo a função em que o 
sujeito ocupa pode fazer com que seu processo já se inicie em um foro 
superior, por isso foro de prerrogativa de função. A imunidade material ou 
absoluta, de que de fato interessa para nós, estão consagradas no artigo 
53 caput da constituição, conforme o qual, deputados senadores são 
invioláveis civil ou penalmente por quaisquer de suas opiniões, palavras 
ou votos. Quando a constituição faz a menção a quaisquer opiniões, 
palavras ou voto, torna esse parlamentar imune absolutamente a 
qualquer coisa que fale. O fundamento é que seria o mal necessário a 
vivencia de um estado democrático. Esse artigo 53 é uma antítese ao 
movimento histórico anterior a constituição (ditatorial). Porem a partir do 
momento que se tem essa imunidade, se obtém o abuso e a possibilidade 
de ser imune aos chamados delitos de opinião (racismo, difamação, 
injuria, calunia). Os momentos que essas imunidades são mais 
questionadas são em relação ao racismo e a calunia. Questiona-se a 
manutenção da referida imunidade quanto aos crimes de calunia e de 
racismo por serem condutas mais reprováveis. Todavia o entendimento 
ainda majoritário reafirma a natureza absoluta da imunidade. Para além 
disso outro ponto de discussão diz respeito ao âmbito territorial em que 
essa imunidade se estende. Quanto a isso, as imunidades materiais para 
deputados ou senadores se estendem por todo o território nacional. Para 
que essa imunidade acoberte esse parlamentar é indispensável que se 
tenha uma relação entre a opinião e o exercício do mandato. O que se 
entende é que dentro da casa legislativa exista uma presunção absoluta 
de pertinência. É o entendimento tradicional ou majoritário. Fora da casa 
legislativa há um exame de caso a caso se houve ou não uma pertinência 
(exame casuístico). Quanto aos vereadores, a constituição também 
menciona a imunidade no artigo 29 inciso 8 todavia vincula a imunidade 
material as opiniões, palavras e votos proferidos dentro da circunscrição 
do município. Enquanto o âmbito territorial dos deputados e senadores é 
todo o território nacional, no caso dos vereadores a territorialidade é mais 
restrita. Porem no caso dos vereadores o STF decidiu que, se os 
vereadores saem do município no qual representa, e mantem o exercício 
da profissão, mantem também a imunidade. 
 2. Diplomáticos 3. Consulares 
1. Origem das imunidades diplomáticas e consulares 
1.1. Ate 1815 os direitos eram baseados nos costumes e houve uma 
tentativa não sucedida de se positivar. 
 1.2. Fundamento- império –jurisdição 
O fundamento era de que o império não poderia ter jurisdição sobre o outro. 
2. Funções 
 2.1. Diplomáticas 
A função é representar o estado, defender o estado, promover a política 
pública entre os estados. A funcao de representação é importante visto 
que estabelece o equilíbrio dos estados soberanos. Sua importância é 
maiorquando comparado aos cônsules. A ideia da imunidade diplomática 
não é estabelecer um benefício, e sim possibilitar a pessoa de cumprir as 
suas atividades de maneira mais eficiente, protegendo os interesses dos 
países. Abrange ele, seu corpo técnico e seus familiares. A imunidade vai 
ser para todo e qualquer tipo de delito. Não vai representar uma 
impunidade, e se tiver que ser punido, seria regido pela jurisdição do seu 
pais de origem. Em síntese é disciplinada em convenção da qual o Brasil é 
signatário, qual seja a convenção de Viena, sobre relações diplomáticas, 
artigo 31. Abrange o próprio diplomata, os familiares que com ele 
convivem, bem como os funcionários do corpo técnico. Esta imunidade 
não alcança os empregados particulares do diplomata, a exemplo de uma 
baba do seu filho. Esta imunidade se refere a todo e qualquer tipo de 
delito, entretanto não significa impunidade visto que o diplomata será 
julgado bem como os demais imunes pelo pais que representa ou que 
representam. 
 2.2. Consulares 
 A proteção dos interesses dos estados, prestação de informações ao 
estado de origem quanto aos acontecimentos dos estados representados. 
Ele vai estar com a atenção maior a interesses econômicos, privados. A 
imunidade não é tão abrangente. Vai ser para o cônsul e para o seu corpo 
técnico. Em síntese a imunidade consular é menos extensa do que a 
diplomática, pois muito embora alcance o cônsul e os seus funcionários do 
corpo técnico não se estende a familiares que com ele convivem e a 
empregados particulares. 
4. Outras imunidades 
Previsto no código penal artigo 181. Também traz imunidades de natureza 
absoluta e relativa. Trata das disposições gerais de todo e qualquer crime 
patrimonial. No artigo 183 de tem a imunidade relativa. Que ocorre 
apenas se a vítima assim desejar. 
Conflito aparente de normas = antinomias aparentes de 
normas # anomia (ausência de norma, lacuna jurídica). 
Antinomias real # antinomia aparente. 
A antinomia aparente é o nosso objeto de aula, que parece ser um 
conflito, mas que de fato não é. É aparente visto que antes mesmo dela se 
apresentar para nós, já sabemos como ela será resolvida. A partir por 
exemplo de uma retroatividade benéfica, a partir de uma lei especial 
prevalecer sobre a lei geral, sobre uma lei superior prevalecer sobre a lei 
inferior. Chama-se de antinomia aparente para o conflito cuja solução já 
se encontra preestabelecida pelo ordenamento antes mesmo de se 
apresentarem termos concretos. A teoria do direito trabalha com os 
seguintes critérios gerais de solução: especialidade hierárquico e 
cronológico. Lembrando que no conflito entre hierárquico e cronológico 
vence o hierárquico. Assim como a especialidade vence o cronológico. 
Além disso Bobbio sustentava que na antinomia de segundo grau (conflito 
entre critérios de solução de conflitos) o critério de menor força sempre 
será o cronológico. Na hipótese porem entre especialidade e hierárquico 
não se poderia predizer o critério que prevalece, tratando-se, portanto, 
nesses casos das chamadas antinomias reais. 
1. Critérios gerais 
 2. Critérios penais 
 3. A analogia X interpretação analógica

Mais conteúdos dessa disciplina