Prévia do material em texto
DIREITO PENAL PRINCÍPIOS PENAIS: 1- LESIVIDADE Também chamado de principio da ofensividade. Com base nesse principio a intervenção penal somente se legitima, diante da lesão ou do perigo concreto de lesão a um determinado bem jurídico. Situação 1: disparo 3 tiros contra alguém, se pegar se tem uma lesão. Se não, caso pegue na parede, por exemplo, houve um perigo concreto de lesão. Questiona-se atualmente a constitucionalidade dos chamados tipos penais de perigo abstrato. Em tais casos a incidência da norma penal independe da ocorrência efetiva de dano ou mesmo de perigo concreto de dano, entendendo-se que, em tais delitos, o risco está abstratamente presumido pelo legislador a partir da própria realização da conduta descrita na norma. Exemplo: Artigo 274 CP (crime contra a saúde pública). O tipo penal que seguirá não é comum quanto os demais. Situação 1: Caso algum proprietário de mercado utiliza um corante na fabricação de um salgadinho. As pessoas comem, passam mal, gerando conhecimento para o ministério público, e descobre que a substancia utilizada é proibida pela vigilância sanitária. No principio, a lesividade se legitima, visto que houve uma lesão à saúde pública. Situação 2: as pessoas comem, ninguém passa mal, mas os órgãos da vigilância observaram e perceberam a utilização de um corante não utilizado. A vigilância publica comprovou que era nocivo à saúde publica. Nesse caso a intervenção penal se legitima, visto que, por ser nocivo, se concretiza. Situação 3: vigilância sanitária analisa e constata que foi utilizado um corante não autorizado. A perícia constata que o corante foi a grande descoberta dos alimentos, visto que não era ofensivo, e deve ser utilizada, por não causar danos a saúde. Nesse caso, se legitima. A partir do momento que o tipo penal se caracteriza como abstrato, significa dizer que tanto vai se aplicar na questão de lesão, perigo, ou de risco presumido a lesão, sendo presumido pelo próprio legislador. Doutrina e Jurisprudência majoritárias entendem pela constitucionalidade dos referidos tipos penais. Porte de arma desmuniciada tem a legitimidade questionada devido ao principio da lesividade, sendo classificados como abstratos. Assim como embriaguez ao volante, visto que, se o sujeito estiver com um percentual muito pequeno de álcool e seu desempenho motor é provado que estava em pleno domínio sobre as capacidades motoras, a intervenção se mantem pelo STF e STJ. O problema da lesividade pode gerar uma incerteza visto que, o direito penal deve ser mais restrito, a fim de se tornar mais efetivo. Não atuando como ultima esfera de controle e sim primeira nesses casos. 2- RESPONSABILIDADE PESSOAL Na esfera penal somente responderá pelo crime o sujeito que funcionou como efetivo autor da conduta não sendo possível responsabilizar criminalmente um individuo por conduta de terceiros. Caso 1: Se um menor pegar o carro dos pais, e matar alguém, a justiça não pode responsabilizar os pais pelo ato cometido. Lembrando que para o direito civil, por exemplo, já é outro caso, podendo os pais ser submetidos a consequências. Caso 2: se o pai ou a mãe ceder à chave do carro, os pais acabam se vinculando ao plano causal do resultado, podendo ai nesse caso ser responsabilizado no âmbito penal. No âmbito empresarial destaca-se que o direito penal não admite responsabilidade criminal (penal) de pessoa jurídica, ressalvada a hipótese de crimes ambientais (Lei 9605/98). Dessa forma se um delito é praticado no âmbito de empresas caberá ao ministério público identificar a(s) pessoa física(s) responsável(s). Deste principio decorre o da intranscedência de acordo com o qual nenhuma a pena passara da pessoa do condenado podendo, todavia a obrigação de reparação ao dano bem como perdimento de bens serem executados em face dos sucessores até o limite do quinhão (a fração recebida por cada um) que lhes foi transferido. Por exemplo: Um individuo tem o dever de pagar a indenização para a família da vítima, esse dever sobretudo, pode passar para os sucessores, desde que não atinja o patrimônio individual do sujeito, visto que só pode atingir até a herança que lhe foi transferido. Se a dívida é de 100.000,00 e o sucessor tem como herança 50. ooo,oo, é esse ultimo valor que será utilizado. 3- RESPONSABILIDADE SUBJETIVA OU PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE Com base nesse princípio a responsabilização penal sempre demandará a analise do ministério público dos elementos subjetivos do agente. Significa dizer que o processo de imputação dependerá necessariamente de se avaliar se o sujeito atuou com dolo ou com culpa. Registre- se que como regra geral todos os tipos penais são dolosos, de modo que o tipo culposo é uma exceção legal, isto é, para ser criminalizado o legislador deverá fazê-lo expressamente (artigo 18 paragrafo único CP). As maiorias das pessoas se equivocam que todo crime doloroso tem seu correspondente culposo, o que não é verdade. Porem a maioria dos tipos penais não tem correspondência culposa. Exemplo: aborto. Tem quatro crimes no código penal, nenhum deles tem responsabilidade culposa. Culpa- ausência de intenção. Doloso- com intenção. Quando a conduta não tiver tipo doloso será uma conduta atípica o comportamento culposo. 4- NE BIS IDEM Não se admite em matéria penal a dupla punição ou o duplo processamento de uma mesma circunstancia fática. Exemplo: O estado processa como homicídio, condena por 5 anos, e a pessoa foge. O estado captura e resolve abrir esse processo e acrescentar mais anos de pena. Ele não pode fazer isso sendo o princípio do ne bis idem. A agravante de pena da reincidência artigo 61, inciso 1, CP viola o principio do ne bis idem? Quais os fundamentos doutrinários e jurisprudenciais a respeito da matéria? 5- CONFIANÇA Princípio desenvolvido por Gunther Jakob que fundamenta a responsabilidade penal diante da quebra de confiança consubstanciada na violação da norma jurídica uma vez que esta cria uma expectativa social de conduta. 6- AUTORRESPONSABILIDADE Principio desenvolvido por Bend Shunemann segundo o qual a prevenção de delitos depende necessariamente de três vias: uma voltada para o estado, uma voltada para o próprio criminoso (para que não volte a delinquir) e uma voltada para o próprio titular do bem jurídico, a quem se atribui a autorresponsabilidade de tutela para com seus bens sob pena de exclusão da tipicidade de eventual comportamento criminoso. 7- PRESUNÇÃO DE INOCENCIA De acordo com a constituição artigo 5 inciso 57,ninguém será considerado culpado antes do transito em julgado de sentença penal condenatória. Para alguns autores a constituição somente enuncia o principio de não culpabilidade. De força menor o Pacto de São José da Costa Rica consagra expressamente a presunção de inocência. 8- PRINCÍPIO DA ALTERIDADE Também chamado de princípio da bilateralismo ou transcedentalidade disciplina que não se legitima a intervenção penal diante da autolesão, isto é, é necessário que o comportamento lesivo transcenda a esfera do próprio sujeito ativo. 9- PRINCÍPIO DA HUMANIDADE DAS PENAS De acordo com o artigo 5 inciso 47, não haverá penas de morte, salvo em guerra declarada; de caráter perpétuo, de trabalhos forcados, de banimento, nem penas cruéis ou degradantes. APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO 1- TEMPO DO CRIME Considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão ainda que seja outro o momento do resultado, artigo 4 CP, teoria da atividade ou da conduta (possivelmente que cairá no provão). Digamos que atirei em uma pessoa no dia 1 de janeiro de 2015, e a pessoa morre no dia 4 de janeiro de 2015. O homicídio ocorre dia 1, e é com base nesse dia que vou utilizar como parâmetro para aplicar a lei penal. Se eletinha 17 nesse dia, e só fez aniversário dois dias após, ele vai ser considerado inimputável no caso analisado. 2- APLICAÇÃO DA LEI PENAL De acordo com a constituição artigo 5, inciso 40, a lei penal não retroagirá salvo se for para beneficiar o réu. Consagra-se, portanto a irretroatividade prejudicial e a retroatividade benéfica. Analisando a possibilidade te ter duas leis: lei A e lei B. A lei A indica a possibilidade de 2 a 4 anos. A lei B de 4 a 6 anos. Se o crime ocorreu no período da lei A, mas foi julgado no momento da vigência da lei B, o réu será julgado com base na lei A, devido à irretroatividade da lei B, visto que é a lei B é uma nova lei prejudicial, denominada como “Novátio Legis in Pejus”. Em outro caso temos uma lei A com a possibilidade de 4 a 6 anos de pena. E a lei B com a possibilidade de 2 a 4 anos. Se o crime ocorreu durante a vigência da lei A, e o julgamento ocorre durante a vigência da lei B. Nesse caso o réu será julgado com base na Lei B, que retroagiu devido ao fato de ser uma lei “Novatio Legis in Melius”. Observação 1: A retroatividade penal da nova lei benéfica pode se operar a qualquer tempo desde que seja possível vislumbrar alguma utilidade em sua aplicação, mesmo se tiver em trânsito em julgado. Observação 2: A irretroatividade prejudicial consagra implícita e ilogicamente a ultratividade benéfica da lei revogada desde que para crimes praticados durante a sua vigência. (Ultratividade: quando uma lei é aplicada mesmo que já tenha sido revogada, mesmo que tenha encerrado a sua vigência) A lei não tem como ser aplicados para fatos praticados após sua vigência, apenas durante a sua vigência. 3- LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIAS Ambas tutelam situação de anormalidade, a única diferença é que as temporárias já são promulgadas estabelecendo previamente data de término de vigência, enquanto as excepcionais irão viger enquanto durar a situação excepcional. Ambas são regradas no artigo 3, CP, que lhes conferem poder de ultratividade, ainda que prejudicial. Exemplo: lei geral da copa(12.663 de 2012). Nessa lei são disciplinados alguns crimes que integram a anormalidade. O código penal tutelam crimes contra propriedade intelectual. Já são condutas criminosas. Porem a lei penal já trabalha com esses tipos de crimes, com a falsificação contra marcas da copa. Porem, se um caso for julgado hoje, a lei vai ultragir mesmo prejudicando o réu. A doutrina questiona a recepção constitucional do artigo 3 alegando que esse contraria o principio da retroatividade benéfica. Para os tribunais superiores houve recepção, uma vez que, não fossem admitidas tais espécies normativas como normas ultra ativas ninguém as respeitaria. (as pessoas jamais respeitariam tendo em vista que, após o termino da copa, que seria quando o caso possivelmente seria julgado, a lei não mais estaria em vigência). 4- LEI INTERMEDIÁRIA A lei A diz 1 a 4 anos. A lei B diz 4 a 6 anos. A lei C 2 a 6 anos e a lei D de 4 a 8 anos. O crime foi cometido durante a lei B, e julgado durante a lei D. O réu nesse caso vai ser julgado com base na lei C, visto que era a mais benéfica. A lei intermediaria benéfica (lei C no caso acima) se aplica mesmo não tendo estado em vigor no momento do cometimento do crime e já tendo encerrado a sua vigência quando do início do processo. Isso por que enquanto vigeu o réu adquiriu o direito a sua aplicação. 5- COMBINAÇÃO DE LEIS A lei A considera de 2 a 8 anos. A lei B diz que 4 a 6 anos. O crime foi cometido durante a lei A e foi julgado durante lei B. Quando houver duvidas quanto à lei mais benéfica em razão de ambas às normas conflitantes no tempo possuírem aspectos benéficos e prejudiciais os tribunais superiores não admitem a combinação das parcelas benéficas sobre o fundamento de que o juiz estaria usurpando função legislativa criando um “Lex Tertia”. Em tais casos uma das leis conflitantes deverá ser eleita para que seja integralmente aplicada. O juiz deverá escolher aquela que concretamente mostra-se mais benéfica, devendo em todo caso, ouvir o réu. Nada disso é tratado no código penal, visto que é uma orientação jurisprudencial. Nesse caso se o réu pegar a máxima, possivelmente será punido com base na lei B, e se for pegar a pena mínima, possivelmente a lei A. 6- RETROATIVIDADE DE JURISPRUDENCIA A constituição ao se referir à aplicação da lei penal no tempo faz menção à retroatividade benéfica de lei. Questiona-se a possibilidade de ampliação da diretriz constitucional para fundamentar a retroatividade benéfica de jurisprudência. O entendimento majoritário é de que jurisprudência ou complementos normativos de normas em branco não retroagem em homenagem ao princípio da segurança jurídica. Doutrina minoritária, todavia assina-la que não se pode dissociar o texto normativo do significado que lhe é atribuído. 7- CRIMES PERMANENTES E CONTINUADOS Primeiramente cumpre destacar que o crime permanente se verifica quando a consumação delitiva por sua própria natureza é prolongada no tempo, durando o tempo que durar a permanência. Exemplo: crime de sequestro. Nos crimes instantâneos a consumação é pontual. No crime permanente se tem um crime único na sua própria essência. Crimes continuados ou continuidade delitiva correspondem a uma ficção jurídica. Isso por que se nos crimes permanentes fala- se em crime único dado a essência do delito, na continuidade delitiva o que se tem em essência é uma pluralidade de crimes os quais em razão de terem sido praticados sob as mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução, tratando-se ainda de crimes da mesma espécie, serão tratados como se crime único fosse. Exemplo: pratiquei vários furtos ao longo do tempo (pluralidade de crimes). Por expressa vontade do artigo 71 do CP, eu vou analisar essa pluralidade e chamarei de “crime único”. A unidade nesse caso é uma ficção jurídica, diferente do anterior (permanente) que é devido a sua essência. Nesse caso se pode dizer que o indivíduo praticou um furto continuado. Nesse caso a punição não vai ser tão gravosa quanto aquele que praticou 5 crimes por exemplo, ou nem tão branda daquele que praticou apenas 1 crime. Qualquer crime pode ser considerado como crime continuado, desde que seja dentre dos parâmetros estabelecidos. Quanto à sucessão de leis em crimes permanentes e continuados, o STF na súmula 711 disciplina que se aplica a lei penal que estiver em vigor no momento em que cessa a continuidade ou permanência, seja ela mais gravosa ou benéfica. (aplica, portanto a lei mais recente) PERGUNTAS: 1)Pode se dizer que a súmula 711 afasta o princípio da retroatividade benéfica? 2) É possível aplicar o parágrafo 4 do artigo 33 da lei 11.343/2006 aos condenados com base no artigo 12 da lei 6368/1976? O que decidem o STF e STJ? 8- VACATIO LEGIS É previsto o prazo de vacatio legis para uma garantia aos destinatários da norma jurídica. Questiona-se a possibilidade de aplicação retroativa imediata de lei penal benéfica em vacatio sob fundamento de que essa já teria percorrido todo o trâmite constitucionalmente previsto e que se trataria de garantir a quebrada igualmente em benefício do réu. Os fundamentos para uma aplicação imediata são, portanto vistos acima. Entende-se majoritariamente pela impossibilidade sob o fundamento de que a lei não está em vigor podendo inclusive ser revogada antes mesmo da referida data. LEI PENAL NO ESPAÇO 1- LUGAR DO CRIME Definido no artigo 6 do código penal. Considera-se lugar do crime tanto o local em que se desenvolveu no todo ou em parte a ação ou omissão, quanto o lugar em que ocorreu ou deveria ter ocorrido o resultado. Essa teoria é chamada de teoria da ubiquidade. (é lugar do crime tanto o lugar da ação como do resultado).Exemplo: um sujeito envia uma carta bomba da argentina para o Brasil. Nesse caso, analisando a descrição feita acima, é possível dizer que o crime foi cometido no Brasil. Assim como, se a bomba fosse criada no Brasil e mandada para a Argentina, é possível dizer que o crime também foi cometido no Brasil. Observando outra situação, de que a bomba foi criada na argentina e deveria ter sido mandada para o Brasil, porem foi extraviado para o Uruguai. Nesse caso pode-se afirmar que o crime ocorreu no Brasil, visto que, o crime deveria ter tido como resultado esse país. Objetivos básicos da teoria: evitar a impunidade, e só vai encontrar a utilidade em crimes a distancia (envolvendo mais de um estado soberano). 2- TERRITORIALIDADE Adotou-se como regra geral a territorialidade por que em princípio o Brasil só terá interesse em processar e julgar os crimes cometidos dentro do território nacional brasileiro. Visto que não faria sentido o Brasil julgar um crime fora do seu território nacional. Os casos em que deveria ocorrer e não ocorreu, mas que pela teoria, o crime foi cometido naquele lugar, são situações excepcionais. Todo crime cometido no Brasil é interesse dos pais julgar? Não. Observações: 1) Essa territorialidade, entretanto não é absoluta, visto que uma vez que há crimes cometidos no Brasil, que não são julgados pela lei brasileira em razão dessa ser excepcionada por tratados, convenções ou normas de direito internacional (territorialidade mitigada ou matizada). Exemplo: Imunidades penais. Se um diplomata americano pratica um crime no Brasil, por exemplo, é julgado pela lei americana. 2) É preciso saber de fato o que seria o território brasileiro para fins penais. Que se desdobra em território natural e ainda território por extensão ou território por equiparação. O território natural brasileiro abrange o solo brasileiro, o subsolo brasileiro, o mar territorial (que é uma faixa marítima que se estende até 12 milhas náuticas do Brasil), e o espaço aéreo correspondente. O território brasileiro por extensão ou por equiparação está previsto no artigo 5 do código penal. Para efeitos penais consideram-se como extensão as embarcações e aeronaves públicas ou a serviço do poder público onde quer que se encontre/ embarcações ou aeronaves brasileiras mercantis ou privadas que estejam em alto mar ou espaço aéreo correspondente/embarcações ou aeronaves estrangeiras privadas que estejam em território natural brasileiro. 3- EXTRATERRITORIALIDADE É a situação excepcional visto acima. Trata-se de exceção uma vez que se refere ao interesse brasileiro de processar e julgar crimes cometidos fora do Brasil. Fala-se em exceção por que somente determinadas hipóteses atraíram o referido interesse. 3.1- INCONDICIONADA Nessas hipóteses a lei brasileira se aplica em tese, ainda que o agente tenha sido condenado ou absorvido no estrangeiro ou mesmo que lá tenha cumprido pena. Fere o principio do Ne Bis Idem. Hipóteses previstas no artigo 7, inciso 1. São elas: a) Note-se que os crimes de latrocínio, extorsão mediante sequestro e extorsão mediante sequestro seguida de morte integram o título 2 do código penal que cuida dos crimes contra patrimônio. (relacionadas ao presidente da república). b) Em razão da natureza da vítima lesada é que se justifica a hipótese da linha b como incondicionada. Crimes que integram a fé pública. Crimes contra o patrimônio encontram-se no título 2 do código penal, exemplo: furto, estelionato. E os crimes contra a fé publica encontram-se no título 10 do código penal. Exemplo: falsificação de moeda e falsificação de documentos públicos ou privados. Nota-se, portanto que para ser considerada como hipótese deve necessariamente mediante de crimes contra patrimônio e fé publica da união. É necessário analisa o sujeito passivo se está como um dos requisitos na linha B, artigo 7, inciso 1. Exemplo: a lesão ao patrimônio da Petrobras. Nesse caso há um interesse de aplicação da lei brasileira, pela extraterritorialidade condicionada. C) Os crimes contra a administração pública são referidos a partir do título 11 do código penal. Note que para a incidência da hipótese não basta se tratar de crime contra a administração pública, exigindo-se também qualidade especial do sujeito ativo (“ por quem está a seu serviço”). O título 11, subdivide-se basicamente em dois capítulos, no capitulo 1 cuida dos crimes praticados por funcionários públicos e no capítulo 2 dos crimes praticados por particulares. Exemplo: corrupção passiva. (exemplo de crime praticados por funcionário público). d) Crimes de genocídio quando o agente for brasileiro domiciliado no Brasil. Note-se que não basta se tratar de crimes de genocídio sendo indispensável também que o sujeito ativo seja brasileiro ou domiciliado no Brasil. Crime de genocídio esta previsto na lei 2.889/56, a intenção do sujeito ativo de destruir no todo ou em parte um gênero. A maioria das hipóteses relacionadas a extraterritorialidade incondicionada está relacionada a soberania brasileira (a,b,c). A d no caso está relacionada a um novo fundamento. Encontra fundamento no chamado principio da justiça universal ou cosmopolita. Delitos que tenham elevado grau de perigo. 3.2- CONDICIONADA No caso da extraterritorialidade condicionada somente será aplicada a lei brasileira após o preenchimento cumulativo de determinadas condições. Hipóteses: As hipóteses de extraterritorialidade condicionada estão previstas no artigo 7 inciso 2 do código penal com os seguintes temas: a) os crimes: que por tratado ou convenção o Brasil se obrigou a reprimir. (Exemplos: trafico internacional de pessoas, trafico internacional de entorpecentes, dentre outros delitos). Justiça universal ou cosmopolita. b) Crimes praticados por brasileiros. Principio que fundamenta: principio da nacionalidade ativa. O sujeito ativo nesse caso é um brasileiro. c) Principio da bandeira. O Brasil só se interessa por essa hipótese por que não tem jeito. Visto que preferencialmente quem deve julgar, por exemplo, em casos de embarcações em territórios não brasileiros, é o próprio país, porém se não julgar devido à falta de interesse, quem vai ter esse interesse posteriormente é o Brasil, devido ao principio da bandeira. d) Crimes praticados contra brasileiros por estrangeiros. O principio que ampara essa possibilidade é o da nacionalidade passiva, visto que a vítima nesse delito é o brasileiro. (Exemplo: Caso de Jean Charles). As condições que devem ser preenchidas também estão no artigo 7, fora das incondicionadas. São cumulativas. Gerais: 1) Entrada de agentes no território nacional. Pouco importa se permaneceu ou entrou espontaneamente. 2) Dupla tipicidade (tanto o Brasil como o país que foi cometido devem interver aquele fato como crime). 3) O Brasil só vai autorizar a extradição nos casos em que vai haver ofensividade minimamente relevante. Essa conduta de alguma forma desperta o interesse do Brasil em julgar por não ser um crime qualquer, é algo relevante. A pena máxima deve ser superior a 1 ano. 4) Não absolvido ou não ter cumprido pena. (o fundamento é justamente evitar o NE bis idem). 5) Não perdoado; não estar extinta a punibilidade. (se já prescreveu no estrangeiro e não ter prescrevido no Brasil, por exemplo, não pode ser julgado por ser extinta a punibilidade; outro exemplo é se no estrangeiro ele foi perdoado não tem sentido ele ser processado no Brasil). Condições Especiais – Praticado por estrangeiro contra brasileiro. Paragrafo 3 do artigo 7. Devem ser preenchidas as condições gerais mais essas duas: Requisição do ministério da justiça (vai avaliar se vale ou não a pena dar início ao processo no Brasil- exame político). Não pedida ou se pedida, negada a extradição.O que é o direito de passagem inocente? Excepciona a regra geral da territorialidade sendo regulamentado no Brasil por meio da lei 8.617/93. Nos termos do artigo 3 parágrafo 1 da lei na hipótese de crime ser praticado dentro de embarcação estrangeira durante passagem por mar territorial brasileiro o Brasil abre mão de julgar o caso a menos que seja prejudicial à paz, ordem ou segurança internas. Logo se uma embarcação italiana estiver passando por mar territorial brasileiro e ocorreu um crime. Portanto é um crime que ocorreu dentro do território, mas que não será aplicada a lei brasileira salvo se ocorrer uma ameaça ao próprio país. Exemplo: um furto não será julgado por meio de leis brasileiras diferente de um homicídio. Observação: uma embarcação ancorada, logo, não apenas de passagem, independente do crime, o Brasil pode se manifestar em julgar. Não há previsão de passagem inocente para aeronaves. Em tese crimes praticados a bordo de aeronaves estrangeiras em espaço aéreo, o Brasil estará obrigado a julgar e processar, visto que ações são incondicionadas. Questão 1: Jose, estudante de 19 anos, brasileiro, durante uma viagem para fora do Brasil, encontra-se com Joao (policial federal brasileiro) que atuava em zona de fronteira oferecendo-lhe 10 mil reais para que este o deixasse passar sem a declaração dos bens adquiridos em território norte americano. O agente aceita prontamente a proposta recebendo a referida quantia. A conversa, todavia, fora interceptada e antes mesmo que José regressasse após o fato o ministério público forneceu denuncia contra ambos imputando a José o artigo 333 do código penal e a João o 317. Acertou o promotor? Qual o fundamento legal de aplicação da lei penal no espaço? Existem casos em que o Brasil pode homologar sentenças estrangerias nos casos que impõe o dever de indenizar, previsto no artigo 9, para fins de aplicação de medidas de seguranças. A grande observação para o artigo 9 é que o Brasil nunca irá homologar sentença estrangeira para fins de aplicação de penas privativas de liberdade. Logo penas criminais não são permitidas, apenas as civis. Essa homologação depende do pedido da parte interessada e da existência de extradição ou da requisição do ministro da justiça. Segundo o artigo 11 são desprezadas as frações de dias, logo numa sentença privativa de liberdade jamais vai impor horas sobre o réu. Além disso, na pena de multa são desprezadas as frações de cruzeiros, no nosso caso, os centavos, por exemplo, não entram nas frações de multa. O código penal se aplica a todo e qualquer lei, a não ser que haja uma prescrição expressa contraria. Contagem de prazo: Prazo penal (material)- Inclui-se o dia de inicio e exclui-se o dia final. Nos casos materiais não se diferencia dias úteis ou não. Prisão temporária de 5 dias. No dia 9/05/2015(sábado) às 23h59min ocorreu a prisão. – dia de início. No dia 10/-5/2015(domingo) temos o segundo dia. No dia 11/05/2015 temos o nosso terceiro dia. No dia 12/05/2015 temos o nosso 4 dia. Enfim no dia 13/05/2015 teremos o nosso 5 dia. No primeiro minuto do ultimo dia já ocorre a liberdade do réu, nesse caso na quarta-feira visto que exclui o dia final. Prazo penal processual- exclui-se o dia de início e inclui-se o dia final. Publicação do processo ocorreu no sábado do dia 9/05/2015 as 23:59. No dia 10/05/2015 como ocorreu no domingo não será considerado como 1 dia. Logo o primeiro dia do prazo sera dia 11/05/2015 numa segunda- feira. No dia 12/05/2015 será o nosso 2 dia. No dia 13/05/2015 será o nosso 3 dia. No dia 14/05/2015 será o nosso 4 dia. E finalmente no dia 15/05/2015 será o nosso 5 dia (sexta-feira). No dia 15 temos até o ultimo minuto para recorrer visto que inclui o dia final. Nos prazos penais processuais o prazo inicial e o termo final de contagem devem ser dias úteis. (Todos os dias exceto os sábados, domingos e feriados). Como vimos os prazos são contados de forma diferentes. E essa diferença se estabelece em ambos os casos para beneficiar o réu. Imunidades 1. Parlamentares O artigo 53 da constituição trabalha as imunidades parlamentares que se subdividem em materiais ou absolutas e processuais ou relativas. Quanto as processuais ou relativas dizem respeito a impossibilidade de prisão em flagrante salvo no caso de crime inafiançável bem como a possibilidade de a casa legislativa sustar o andamento do processo penal enquanto durar o mandato. Compreende também o foro por prerrogativa de função. Um deputado ou senador via de regra não vai poder ser preso em flagrante salvo a possibilidade de um crime inafiançável. Os crimes hediondos por exemplo são crimes considerados como inafiançáveis. Por isso que as imunidades desses parlamentares são relativas, visto que a depender do caso ele pode ser preso em flagrante ou não. Além disso o chamado o foro de prerrogativa de função. Visto que a depender do sujeito ativo do crime, o processo pode ocorrer em diferentes foros. Logo a função em que o sujeito ocupa pode fazer com que seu processo já se inicie em um foro superior, por isso foro de prerrogativa de função. A imunidade material ou absoluta, de que de fato interessa para nós, estão consagradas no artigo 53 caput da constituição, conforme o qual, deputados senadores são invioláveis civil ou penalmente por quaisquer de suas opiniões, palavras ou votos. Quando a constituição faz a menção a quaisquer opiniões, palavras ou voto, torna esse parlamentar imune absolutamente a qualquer coisa que fale. O fundamento é que seria o mal necessário a vivencia de um estado democrático. Esse artigo 53 é uma antítese ao movimento histórico anterior a constituição (ditatorial). Porem a partir do momento que se tem essa imunidade, se obtém o abuso e a possibilidade de ser imune aos chamados delitos de opinião (racismo, difamação, injuria, calunia). Os momentos que essas imunidades são mais questionadas são em relação ao racismo e a calunia. Questiona-se a manutenção da referida imunidade quanto aos crimes de calunia e de racismo por serem condutas mais reprováveis. Todavia o entendimento ainda majoritário reafirma a natureza absoluta da imunidade. Para além disso outro ponto de discussão diz respeito ao âmbito territorial em que essa imunidade se estende. Quanto a isso, as imunidades materiais para deputados ou senadores se estendem por todo o território nacional. Para que essa imunidade acoberte esse parlamentar é indispensável que se tenha uma relação entre a opinião e o exercício do mandato. O que se entende é que dentro da casa legislativa exista uma presunção absoluta de pertinência. É o entendimento tradicional ou majoritário. Fora da casa legislativa há um exame de caso a caso se houve ou não uma pertinência (exame casuístico). Quanto aos vereadores, a constituição também menciona a imunidade no artigo 29 inciso 8 todavia vincula a imunidade material as opiniões, palavras e votos proferidos dentro da circunscrição do município. Enquanto o âmbito territorial dos deputados e senadores é todo o território nacional, no caso dos vereadores a territorialidade é mais restrita. Porem no caso dos vereadores o STF decidiu que, se os vereadores saem do município no qual representa, e mantem o exercício da profissão, mantem também a imunidade. 2. Diplomáticos 3. Consulares 1. Origem das imunidades diplomáticas e consulares 1.1. Ate 1815 os direitos eram baseados nos costumes e houve uma tentativa não sucedida de se positivar. 1.2. Fundamento- império –jurisdição O fundamento era de que o império não poderia ter jurisdição sobre o outro. 2. Funções 2.1. Diplomáticas A função é representar o estado, defender o estado, promover a política pública entre os estados. A funcao de representação é importante visto que estabelece o equilíbrio dos estados soberanos. Sua importância é maiorquando comparado aos cônsules. A ideia da imunidade diplomática não é estabelecer um benefício, e sim possibilitar a pessoa de cumprir as suas atividades de maneira mais eficiente, protegendo os interesses dos países. Abrange ele, seu corpo técnico e seus familiares. A imunidade vai ser para todo e qualquer tipo de delito. Não vai representar uma impunidade, e se tiver que ser punido, seria regido pela jurisdição do seu pais de origem. Em síntese é disciplinada em convenção da qual o Brasil é signatário, qual seja a convenção de Viena, sobre relações diplomáticas, artigo 31. Abrange o próprio diplomata, os familiares que com ele convivem, bem como os funcionários do corpo técnico. Esta imunidade não alcança os empregados particulares do diplomata, a exemplo de uma baba do seu filho. Esta imunidade se refere a todo e qualquer tipo de delito, entretanto não significa impunidade visto que o diplomata será julgado bem como os demais imunes pelo pais que representa ou que representam. 2.2. Consulares A proteção dos interesses dos estados, prestação de informações ao estado de origem quanto aos acontecimentos dos estados representados. Ele vai estar com a atenção maior a interesses econômicos, privados. A imunidade não é tão abrangente. Vai ser para o cônsul e para o seu corpo técnico. Em síntese a imunidade consular é menos extensa do que a diplomática, pois muito embora alcance o cônsul e os seus funcionários do corpo técnico não se estende a familiares que com ele convivem e a empregados particulares. 4. Outras imunidades Previsto no código penal artigo 181. Também traz imunidades de natureza absoluta e relativa. Trata das disposições gerais de todo e qualquer crime patrimonial. No artigo 183 de tem a imunidade relativa. Que ocorre apenas se a vítima assim desejar. Conflito aparente de normas = antinomias aparentes de normas # anomia (ausência de norma, lacuna jurídica). Antinomias real # antinomia aparente. A antinomia aparente é o nosso objeto de aula, que parece ser um conflito, mas que de fato não é. É aparente visto que antes mesmo dela se apresentar para nós, já sabemos como ela será resolvida. A partir por exemplo de uma retroatividade benéfica, a partir de uma lei especial prevalecer sobre a lei geral, sobre uma lei superior prevalecer sobre a lei inferior. Chama-se de antinomia aparente para o conflito cuja solução já se encontra preestabelecida pelo ordenamento antes mesmo de se apresentarem termos concretos. A teoria do direito trabalha com os seguintes critérios gerais de solução: especialidade hierárquico e cronológico. Lembrando que no conflito entre hierárquico e cronológico vence o hierárquico. Assim como a especialidade vence o cronológico. Além disso Bobbio sustentava que na antinomia de segundo grau (conflito entre critérios de solução de conflitos) o critério de menor força sempre será o cronológico. Na hipótese porem entre especialidade e hierárquico não se poderia predizer o critério que prevalece, tratando-se, portanto, nesses casos das chamadas antinomias reais. 1. Critérios gerais 2. Critérios penais 3. A analogia X interpretação analógica