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Laísa Dinelli Schiaveto HEMODINÂMICA E CIRCULAÇÃO HEMODINÂMICA A hemodinâmica é o ramo da fisiologia cardiovascular que estuda as leis reguladoras da circulação sanguínea. Sendo assim, tudo que rege a circulação sanguínea é estudada pela hemodinâmica. Muitas dessas leis aplicadas à circulação sanguínea tiveram origem inicialmente na hidrodinâmica, que são validas para todos os fluidos, com algumas correções. Estes fluidos são a água, ar e sangue, entre outros, sendo o grande diferencial entre elas as suas densidades. Mercúrio > Sangue > Água > Ar Direção do Fluxo Sanguíneo O fluxo sanguíneo vai sempre, sem exceções, da região de MAIOR pressão para a região de MENOR pressão. A força motriz (que move o fluxo) desse fluxo é a diferença de pressão (ΔP) entre dois pontos considerados do sistema. Quanto maior a diferença de pressão (ΔP) maior será o fluxo sanguíneo! - Fluxo sanguíneo é proporcional ao gradiente de pressão e é expresso em litros/minuto; - Pressão é representa, fisicamente, por força x área e é expressa em mmHg. CARACTERÍSTICA DOS VASOS SANGUÍNEOS A circulação possui uma sequência anatômica: • Artérias de grande calibre • Artérias de médio calibre • Artérias de pequeno calibre (arteríolas) • Esfíncteres pré-capilares • Capilares • Veias de pequeno calibre (vênulas) • Veias de médio calibre • Veias de grande calibre Esses vasos possuem várias características como: espessura da parede, luz do vaso, quantidade de tecido elástico e muscular liso. Além disso, pode-se observar os gradientes pressóricos (ΔP), os volumes sanguíneos, as áreas de secção transversa dos conjuntos de vasos no mesmo segmento vascular e a velocidade de fluxo nos diferentes leitos vasculares. Espessura das Paredes - Artérias Grandes = 2 mm; possui grande espessura de parede, porque está submetida à altos valores pressóricos e necessita suportá-los. - Artérias Médias = 1 mm - Artérias Pequenas (Arteríolas) = 20 μ - Esfíncter Pré-Capilar = 30 μ; este é maior que as artérias pequenas, porque irá realizar o controle do fluxo capilar e, portanto, possui uma quantidade de musculatura lisa muito grande, que permitirá, através de uma vasodilatação ou vasoconstrição, o controle do fluxo sanguíneo para os capilares. - Capilar = 1 μ; é muito pequeno e possui apenas uma camada de células; é muito importante, porque, é nesta estrutura, que acontecem as trocas entre o que está dentro dos capilares com o que está no interstício e nas células desse tecido e, além disso, esse mecanismos pode ocorrer ao contrário; isso permite o processo de transporte pela membrana endotelial do capilar de maneira bem fácil. - Veias Pequenas (Vênulas) = 2 μ - Veia Médias = 0,5 mm - Veias Grandes = 1,5 mm A espessura da parede é maior nas artérias e vai diminuindo; no entanto, há uma elevação da espessura do esfíncter pré-capilar e, em seguida, atinge o menor valor no capilar, no qual há apenas uma camada de células. A partir desse momento, a Laísa Dinelli Schiaveto espessura das paredes volta a aumentar até as veias de grande calibre. Comparando uma artéria de grande calibre (aorta) com uma veia de grande calibre (cava), observa-se que na artéria a espessura é um pouco maior, uma vez que, nas veias as pressões são muito baixas e, assim, não há a necessidade de uma espessura muito grande para suportar o sangue venoso. Portanto, nas artérias existe um volume sob uma pressão muito alta, ou seja, a artéria é submetida à uma pressão elevada à Reservatório de Pressão. Luz dos Vasos - Artérias Grandes = 2,5 cm - Artérias Médias = 0,4 cm - Artérias Pequenas (Arteríolas) = 30 μ - Esfíncter Pré-Capilar = 35 μ - Capilar = 8 μ - Veias Pequenas (Vênulas) = 20 μ - Veia Médias = 0,5 cm - Veias Grandes = 3,0 mm A luz do vaso diminui da artéria de grande calibre (aorta) até o capilar e, em seguida, aumenta até uma veia de grande calibre (cava). Comparando a parte arterial com a parte venosa, observa-se que a luz de uma veia de grande calibre é maior que a de uma artéria grande calibre. Ou seja, uma veia de maior calibre possui um volume de sangue maior à Reservatório de Volume. O capilar é a estrutura mais diminuta, no entanto, antecedendo à ele, existe uma estrutura muito importante chamada de esfíncter pré-capilar, que é apresentada em grande número. Esta estrutura controla o fluxo sanguíneo para os capilares. Caso haja uma vasodilatação (aumento da luz), o fluxo sanguíneo dos capilares aumenta; mas, caso haja uma vasoconstrição (diminuição da luz), o fluxo diminui. Quantidade de Tecido Elástico A quantidade de tecido elástico é maior nas artérias de grande calibre, vai diminuindo e, chega a ser zero nos capilares (possui uma única camada de células e não há nada de tecido elástico). No entanto, essa quantidade começa aumentar até as veias de grande calibre. A quantidade de tecido elástico no lado arterial é bem maior, pois este é uma reservatório de pressão, ou seja, precisa conter o sangue sob uma alta pressão. Quantidade de Fibra Muscular Lisa Das artérias de grande calibre até as artérias de pequeno calibre (arteríolas), a quantidade de fibra muscular lisa se mantém mais ou menos iguais. Nos esfíncteres pré-capilar, essa quantidade aumenta, apesar de possuir um diâmetro pequeno, porque esse músculo é o responsável por contrair e promover a vasoconstrição e, consequentemente, a redução do fluxo; além disso, é responsável também pelo relaxamento, visando promover a vasodilatação e, consequentemente, o aumento do fluxo sanguíneo. Nos capilares não há fibras musculares lisas e, no lado venoso, há pouca quantidade de tecido muscular liso. Pressão e Volume do Vasos Lado Arterial = Reservatório de Pressão Lado Venoso = Reservatório de Volume Pressão Nas artérias de grande e médio diâmetro, praticamente, não há alterações na pressão e esta é elevada (reservatório de pressão). No entanto, a partir das artérias de pequeno calibre (arteríolas), a pressão Laísa Dinelli Schiaveto começa a diminuir rapidamente. E, no lado venoso, a pressão é muito baixa, chegando próximo de zero. No lado arterial, a pressão varia entre 80-120 mmHg. Essa oscilação é a pressão de curva intra-aórtica (incisura dicrótica) e grandes artérias. Quando chega nas artérias de pequeno calibre (arteríolas) e nos esfíncter pré-capilares, há uma queda muito grande de pressão e não há mais oscilações. A pressão, portanto, é muito baixa e, isso, se estica até o lado venoso, onde a pressão está entre 5-10 mmHg. Podemos dizer então, que o lado arterial é uma reservatório de pressão que possui oscilação. Volume dos Vasos No lado arterial, o volume de sangue (de toda volemia) possui 20%. Os esfíncteres pré-capilares e os capilares possuem 5% do volume de sangue. E, o lado venoso, possui 75%. Então, por conta disso, o lado venoso é chamado de reservatório de volume. Caso seja necessário o aumento do volume circulante, ocorre uma constrição, chamada de venoconstrição. Este mecanismo faz com que o sangue que estava no lado venoso volte para a circulação. Gradiente de Pressão (ΔP) A força motriz da circulação é a variação de pressão (ΔP). O sangue flui da artéria de maior calibre para a artéria de menor calibre, uma vez que a artéria de maior calibre possui uma pressão maior e, assim, é uma variação de pressão que faz a circulação (ΔP), pois o sangue sempre flui do lugar de MAIOR pressão para o de MENOR pressão. A pressão no esfíncter pré-capilar é maior que nos capilares e, por isso, ocorre a circulação nos capilares. Além disso, há uma ΔP entre os capilares e as veias de grande calibre, porém esta é muito menor. Área de Secção Transversa e Velocidade do Fluxo Apesar de serem extremamente finos, existe uma quantidade muito grande decapilares. Quando soma- se todos os capilares, observa-se uma área de secção transversa muito grande (500-600 cm2). No lado arterial, observa-se que a secção transversa é muito pequena (menor 10 cm2). No entanto, quando chega nos capilares, a secção transversa aumenta absurdamente. Porém, no lado venoso, a secção transversa abaixa novamente, mas, ainda, é um pouco maior, se comparado com o lado arterial, porque a luz do vaso é maior no lado venoso. Relacionando: Área de Secção Transversa com a Velocidade do Fluxo A área de secção transversa é inversamente proporcional à velocidade do fluxo! No lado arterial, que possui as grandes artérias, a velocidade do fluxo é alta (50-55 cm/s). Assim, a velocidade do fluxo é alta, porque a área de secção é baixa. Próximo aos capilares, a secção transversa começa aumentar e, consequentemente, a velocidade do fluxo cai. Exatamente nos capilares, onde se tem uma área de secção transversa muito grande, a velocidade do fluxo Laísa Dinelli Schiaveto se aproxima de zero (1-2 cm/s). No entanto, esta baixa velocidade é essencial, uma vez que são nos capilares que ocorrem as trocas com os tecidos. Caso este fluxo fosse rápido, não haveria tempo o suficiente para que ocorressem essas trocas. A diferença, de aproximadamente 10 cm/s, entre o lado arterial e o lado venoso, se dá devido à luz das veias serem maiores que a das artérias, obtendo, assim, uma secção transversa maior e uma diminuição do fluxo, como consequência. Além disso, os capilares possuem uma alta área de secção transversa, apesar de possuírem uma luz pequena, porque eles são encontrados em grande abundância, ou seja, existe uma quantidade muito grande de capilares. E, as artérias de grande calibre possuem uma área de secção transversa muito pequena, mesmo possuindo uma alta luz, porque se encontra em menor quantidade. A área de secção transversa pode ser definida como a área de somatória da luz dos vasos sanguíneos. V = Q/A ou Q = V x A • V = velocidade do fluxo • Q = volume de sangue • A = área de secção transversal LEI DE POISEUILLE A Lei de Ohn explica o fluxo de elétrons em um fio elétrico. A força motriz é a diferença de potencial (ddp). Além disso, o fluxo de elétrons é inversamente proporcional à resistência. I = U/R I = fluxo de elétrons; U = ddp; R = fluxo de elétrons OBS: Pode-se ter essa mesma lei, mas com modificações para a circulação. Esta equação só é válida para tubos rígidos e fluxos contínuos. • 8 – é uma constante; • n – em condições normais, também é considerado uma constante, uma vez que a viscosidade não se altera, a não ser em casos de patologia; • l – também é praticamente uma constante, uma vez que o comprimento dos vasos não se altera, a não ser no crescimento da criança para adulto, no entanto, este processo, leva muito tempo; • ΔP = coração atua no gradiente de pressão, pois é uma bomba pulsátil • r = controlado pelas meta-arteríolas (esfíncteres pré-capilares) Sendo assim, pode-se determinar o fluxo sanguíneo para um determinado órgão, conhecendo as variações de pressões (ΔP) e o raio do vaso, em função dos esfíncteres pré-capilares. No entanto, como essa equação de Poiseuille-Hagen só é válida nas condições de tubo rígido e fluxos contínuos, ela não pode ser aplicada sem erros para o estudo da hemodinâmica, uma vez que os vasos sanguíneos são distensíveis e o fluxo sanguíneo é pulsátil, pois o coração é uma bomba pulsátil. Porém, este erro é muito pequeno e se aproxima muito do valor correto. E, para evitar estes erros de fluxo pulsátil, utiliza-se a equação de Womersley. LEI DE WOMERSLEY Esta equação é válida para tubos distensíveis e fluxos pulsáteis. Essa equação é exatamente o fluxo pulsátil e não contém erros. No entanto, é uma fórmula muito difícil de ser trabalhada e vária com o tempo, justamente, por ser pulsátil. Sendo assim, é mais usual a equação de Poiseuille-Hagen, pois seu erro é baixo, de 2-5%, e é mais fácil de ser tratada. Fluxos Pulsáteis na Circulação Arterial Laísa Dinelli Schiaveto A circulação é pulsátil e, portanto, a forma pulsátil varia um pouco com o diâmetro da artéria. CIRCULAÇÃO ARTERIAL Definições Matemáticas I. Pressão Arterial (mmHg) PA = DC x RVP II. Débito Cardíac0 (litros/min) DC = VE (ejeção) x FC III. Duplo Produto (mmHg x bat/min) DP = PAS x FC A RVP (resistência vascular periférica) – não dá para ser medida diretamente, mas seria a somatória da resistência do fluxo do sangue ao passar por todos os vasos sanguíneos (artérias). Só se sabe o valor da RVP, quando se tem os valores do DC e da PA. Pulso Arterial ou Pulsação Arterial É o ciclo de expansão e retração das grandes artérias em função da distensibilidade da artéria, que se dá devido ao mecanismo de recolhimento e extensão (artéria como mola). Pode ser medido em artérias de maiores calibres e mais superficiais, seno identificado na pulsação braquial, radial, ulnar, poplítea, tibial posterior, pedial, femoral e carotídea. Como a expansão arterial deve-se à sístole ventricular, o pulso arterial também permite mensurar a frequência cardíaca, uma vez que possui o mesmo ritmo do coração. Então, conta-se o número de pulsos em 15 seg e multiplica-se por 4. Sendo assim, pulso arterial e FC não são a mesma coisa, mas pelo pulso é possível determinar a FC. Características Ritmo: determina-se a regularidade dos batimentos cardíacos. Frequência: permite-se calcular o valor da FC naquele momento. Forma: apresenta um ramo ascendente (expansão) que é brusco e rápido e uma ramo descendente (retração) que é mais lento. Amplitude e Magnitude: é o valor subjetivo da movimentação da artéria, ou seja, não possui valor e é representando em número cruzes. Pode ser classificado como forte (ampla ou na escala de cruzes +++/3), média (mediana, intermediária ou ++/3), fraca (pequena ou +/3) ou ausente (nula ou -/3) quando não se percebe o pulso, apesar de o indivíduo estar vivo. As possíveis causas de pulso ausente são: obesidade, artérias profundas, hipotensão, hipovolemia, parada cardíaca ou técnica incorreta. Além disso, as variações individuais da amplitude da pulsão arterial pode-se dever a: grau de enchimento da artéria na sístole, alterações na volemia ou da pressão arterial, obesidade ou magreza e certas doenças. Gradientes Pressóricos (ΔP) Observando a circulação como um todo (pulmonar e sistêmica), pode-se verificar o gradiente de pressão para que ela ocorra. Na circulação pulmonar, o valor de pressão arterial é em torno de 24-25 mmHg, enquanto na venosa é em torno de 8 mmHg. Sendo assim, essa diferença de Laísa Dinelli Schiaveto pressão (ΔP = 16 mmHg) é a força motriz para que ocorra circulação. Na circulação sistêmica, o valor da pressão arterial é em torno de 120 mmHg, enquanto na venosa é em torno de 2 mmHg. Sendo assim, essa diferença de pressão (ΔP = 118 mmHg) é a força motriz para que ocorra essa circulação. Além disso, raramente, essa pressão nos átrios pode se tornar negativa pela ação de sucção dos ventrículo. A circulação pulmonar é uma circulação de baixa pressão, primeiramente pela distância percorrida ser pequena e pelos vasos e artérias apresentarem menor RVP, visto que apresentam maior grau de distensibilidade. Já, a circulação sistêmica é uma circulação de alta pressão, uma vez que a distância percorrida é longa, possui muitos vasos e sua distensibilidade não é tão grande. Flutuações de Pressão As oscilações pressóricas apresentam valor máximo, chamado de pressão arterial máxima ou pressão arterial sistólica. Apresenta também valor menor, chamado de pressão arterial mínima ou pressão arterial diastólica. Além disso, apresenta um valor pressórico médio, chamado de pressão arterial média. Se as curvas das pressõesfosse uma senoide, a pressão arterial seria PA = maior valor – menor valor / dividido por dois. No entanto, a curva não é uma senoide, visto que o tempo sistólico é bem menor que o tempo diastólico e, sendo assim, não se trata de uma senoide (sístole mais rápida que a diástole). Para que se possa determinar, em um processo de flutuação de pressão, a pressão arterial média, é necessário ter conhecimento sobre a área sobre a curva. Assim, é determinada diretamente por uma integral, ou seja, à área sobre a curva, mas este processo não é fácil de ser identificado. Então, é usada uma fórmula que é possível inferir esse valor e essa possui um pequeno erro de 2-3 mmHg. A partir das artérias menores (médio e pequeno calibres) se perde a flutuação presente nas artérias de grandes calibres, levando a um amortecimento, que faz com ocorra perda do valor sistólico, diastólico e da flutuabilidade, permanecendo apenas a pressão arterial média. OBS: O mesmo acontece na pressão venosa. E, este gráfico nos permite identificar quatro tipos de pressã0. Tipos de Pressão PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA (PAS) ou Máxima É o valor de pressão durante o pico máximo (120 mmHg, considerando um homem, adulto jovem, no momento de repouso). PRESSÃO ARTERAL DIASTÓLICA (PAD) ou Mínima É o valor de pressão durante o final da diástole (80 mmHg). PRESSÃO ARTERIAL DE PULSO (PP) ou Diferencial É a diferença de pressão entre PAS – PAD (40 mmHg). Representa a capacidade de manter o regime de fluxo sanguíneo durante o período de diástole (recolhimento diastólico). PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA (PAM) É o valor médio da pressão ao longo de um batimento cardíaco (93 mmHg). PAM = PAD + 1/3 PP Laísa Dinelli Schiaveto Detalhamento: Gradientes Pressóricos na Circulação Na circulação pulmonar: o pulmão está mais alto que o coração, assim, há a ação da gravidade, devido a isso, a passagem de sangue é facilitada, com isso a pressão é baixa. Na circulação sistêmica: dos pés ao coração o fluxo vai contra a gravidade, assim, sua pressão é maior. O DP= 8mmHg (venosa) pode ser muito pequena, sendo assim, não vence a energia potencial da gravidade, dificultando o retorno venoso. NÚMERO DE REYNOLDS O número de Reynolds (Re) é adimensional (não possui unidade) e leva em consideração a velocidade de fluxo de um fluido em um tubo, o diâmetro deste tubo, a viscosidade e massa específica (densidade) deste fluido e caracteriza os regimes de fluxos em laminar (não audível), transitório e turbilhonar (audível). • V = velocidade média • D = diâmetro do tubo • P = densidade • N = viscosidade Fluxo Laminar: Re < 1.500 Fluxo Transitório: Re entre 1.500 – 2.000 Fluxo Turbilhonar: Re > 2.000 Fluxo Laminar No escoamento de um fluido na forma laminar, a maior velocidade do fluxo ocorre no centro do tubo e esta vai diminuindo e direção às bordas do mesmo, sendo a menor velocidade junto à parede, devido a perda cinética das moléculas do fluido. Este tipo de fluxo, não produz sons. As moléculas que estão na parede do tubo se chocam com a própria parede e perdem energia cinética, então, sua velocidade é menor. Exatamente, no centro do tubo, a velocidade é máxima, uma vez que a perda de energia cinética é menor. E, é isso que formam as lâminas no fluxo laminar. Fluxo Turbilhonar No fluxo turbilhonar as moléculas do fluido têm velocidades e direções aleatória. Este tipo de fluxo produz sons. Substituindo o tubo por um cano com formato cônico. No início do tubo, com diâmetro grande, o fluxo ainda é laminar. No entanto, num dado momento, com a diminuição do diâmetro, o fluxo passa a ser transitório e, após, passa a ser um fluxo turbilhonar, uma vez que a diminuição do diâmetro, promoveu o aumento na velocidade do fluxo. Laísa Dinelli Schiaveto Este princípio de fluxos laminar (não audível) e turbilhonar (audível), baseado no Número de Reynolds (Re), possibilitou a mensuração da pressão arterial pelo método auscultatório. MENSURAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL A mensuração ou quantificação (mas não aferição, pois não se compara dois ou mais métodos ou equipamentos) da pressão arterial é de grande importância fisiológica e clínica. Há dois métodos básicos para a mensuração da Pressão Arterial. Método Direto – Cateterismo: Há a inserção de uma cânula de polietileno, preenchido com soro fisiológico, que vai em uma artéria de grande ou médio calibre. A outra extremidade dessa cânula, esta ligada a um sistema de mensuração de pressão (a presença do cateter na artéria pode ficar no máximo 12h, estourando 24h). Tem como vantagem a precisão da mensuração, mas como desvantagens, por ser um método invasivo, não pode ser realizado com frequência e deve ser realizado por profissional especializado e em ambiente hospitalar. Método Indireto – Auscultatório: Permite mensurar quantas vezes for necessário, pois não oferece perigo ao paciente. Tem como vantagens ser um método não invasivo, pode ser realizado com grande frequência e não exige pessoal altamente habilitado, porém tem como desvantagem um discreto erro (determinado em cerca de 2 mm Hg). A mensuração da Pressão Arterial, pelo método auscultatório, foi baseado no princípio de Reynolds, pois quando se gera um fluxo turbilhonar numa artéria, por constrição parcial da mesma, há a formação de sons, denominados de Sons ou Ruídos de Korotkoff à São ruídos formados pelo fluxo turbilhonar distante, após uma constrição parcial de uma artéria, pelo manguito do esfigmomanômetro. Quando se instala o manguito sobre o braço de um voluntário, cerca de 3 cm acima da dobra do cotovelo, na altura do coração e coloca a campânula do estetoscópio sobre a artéria braquial, na altura do cotovelo, e se não inflar o manguito, nenhum ruído de Korotkoff será audível distalmente ao manguito, pois o fluxo sanguíneo é do tipo laminar. Se o manguito for inflado acima do valor da PAS, não haverá fluxo sanguíneo distalmente ao manguito, pois ocorre o colabamento da artéria braquial e nenhum ruído é audível (não haverá fluxo sanguíneo). Se, no entanto, inflar o manguito com valor pressórico entre a PAS e PAD, o fluxo sanguíneo abaixo do estetoscópio será do tipo turbilhonar o que leva ao aparecimento dos ruídos (sons) de Korotkoff. Como a luz da artéria foi reduzida pela ação do manguito e houve elevação da velocidade do fluxo, o Número de Reynolds é maior que 2.000 e, assim, o fluxo sanguíneo é turbilhonar e audível pelo estetoscópio. Obs: Para o aparecimento dos ruídos de Korotkoff, a artéria deve estar semi colabada. Método da Mensuração da Pressão Arterial O manguito, do tamanho adequado a pessoa, foi posicionado na posição correta (cerca de 3cm acima da dobra do cotovelo, na altura do coração). O estetoscópio foi colocado distalmente sobre a arterial braquial. Fecha a válvula, pressiona a pera a fim de encher o manguito. Elevo a pressão dentro do manguito, expresso no manômetro, até aproximadamente 200 mmHg (valor para um individuo em condição de repouso, em condição de exercício, um pouco mais, 220-230 mmHg). Feito isso, o manguito colaba a artéria, não há fluxo distalmente ao manguito, nenhum ruído de Korotkoff é audível. Laísa Dinelli Schiaveto Abre-se parcialmente e lentamente a válvula, deixando escoar ar dentro do manguito, não pode ser muito rápido ou muito lento (cerca de 1-2 mmHg/s). Ficar atento a ausculta. Em um dado momento a artéria se descolaba parcialmente, passando um jato de sangue com a velocidade aumentada. Assim, assume o fluxo turbilhonar. Nesse momento se ausculta o primeiro som de Korotkoff, e deve-se olhar no manômetro o valor da pressão (essa pressão corresponde a PAS). Continua reduzindo a pressão no manguito (a cada jato de sangue que passa pela artéria, essefluxo é turbilhonar, o que é possível auscultar vários sons de Korotkoff). Em um dado momento, os ruídos de Korotkoff somem (descolaba a artéria e o regime do fluxo de sangue volta a ser laminar). No ultimo ruído corresponde a PAD. Após o último ruído, continua reduzindo a pressão por mais 30 mmHg, na mesma velocidade, ficando atento para ver se volta algum ruído. Não ocorrendo, pode abrir totalmente a válvula e escoar todo o ar contido no manguito. Retirar o esfigmomanômetro do braço da pessoa e o estetoscópio. Calcular PP e PAM (PP= PAS-PAD; PAM=PAD+1/3 PP). É ideal colocar as 4 pressões no prontuário do paciente. Resumindo... 1. Afixar o manguito adequado em torno do braço, na altura do coração. 2. Colocar o estetoscópio sobre a artéria braquial, na altura do cotovelo. 3. Inflar o manguito até 180 mm Hg para a condição de repouso ou 200 mmHg no exercício 4. Abrir lentamente a válvula para redução da pressão no manguito (1 a 2 mmHg/seg.) e ficar atento aos ruídos de Korotkoff. 5. Ao auscultar o primeiro ruído de Korotkoff, verificar o valor da pressão no manômetro; é a Pressão Arterial Sistólica (PAS). 6. Continuar reduzindo a pressão no manguito e observar as diferenças nos timbres dos ruídos de Korotkoff. 7. Ao auscultar o último ruído de Korotkoff, verificar o valor da pressão no manômetro; é a Pressão Arterial Diastólica. 8. Continuar a ausculta por cerca de mais 30 mm Hg; se nenhum som for observado, desinflar o manguito e retirar do braço. Calcule a PP e PAM. Timbres nas Fases dos Ruídos de Korotkoff Fase 1: Quando se ausculta os primeiros ruídos (PAS), sons claros, de baixa/média intensidade. Fase 2: Associado a ruídos semelhantes a sibilos ou sussurros, sons de baixa intensidade e abafados. Fase 3: Associado a batidas mais intensas e “secas”, sons de alta intensidade e claros. (essa fase é a mais alta de todas, cuidado para não confundir com a PAS) Fase 4: Associados a abafamento abrupto dos ruídos, semelhante a um sopro; sons de intensidade média. Fase 5: Desaparecimento dos ruídos (PAD). Para mensurar a pressão, o ideal é não ter nenhum ruído externo, não converse com o paciente, não deixe o paciente falar com você nesse momento, etc. Informações Adicionais - Em indivíduos saudáveis a mensuração da pressão nos dois braços é idêntica (não altera valor). Laísa Dinelli Schiaveto - Pacientes sem braço (ou com gesso), em indivíduos saudáveis, faz a mensuração deitando o paciente, coloca o manguito (do tamanho adequado) na coxa, e o estetoscópio na região poplítea (atrás do joelho). Com o paciente deitado, a mensuração nas pernas e braços são idênticas. - Tensão é diferente de pressão. A coluna de sangue exerce uma força por área sobre o vaso, o vetor da coluna líquida, portanto, está em direção a parede do vaso (centrifuga). Essa força por área é a PRESSÃO. - Como o vaso não fica se expandindo infinitamente, este também exerce uma força por área sobre a coluna de sangue, assim o vetor fica contrário (centrípeta), isso é a TENSÃO. Esses dois vetores têm a mesma magnitude, mesmo tamanho, e mesmo valor (em mmHg), contudo, tem orientações diferentes. Apesar de falar no jargão tensão arterial, e ter o mesmo valor, fisicamente pressão e tensão são coisas diferentes. - 120x80 mmHg é usualmente fala (jargão) como 12x8. Não está errado, pois um se encontra em mmHg e o outro em cmHg. - Quanto mais distante o microfone dos manguitos das artérias, em caso de mensuração com aparelhos digitais, menos preciso é a mensuração. - NÃO se mensura PA como aparelho digital em pessoas em exercício, somente em repouso. - Não pode mensurar PA em braço que fez cateterismo, pois esse braço cria um calo, alterando o fluxo sanguíneo e o diâmetro da artéria. - Existe diferentes tamanhos de manguito, correspondendo ao do diâmetro do braço do paciente. Dimensões do Manguito Classificação da PA Valores Médios de PAS E PAD OBS: A diferença entre a técnica direta (cateterismo) e a auscultatória tem variado na faixa de 0,3 a 2,5 mm Hg para a PAS e PAD, na faixa de normalidade da pressão arterial (PAS: 100 a 130 e PAD: 70 a 100 mm Hg). A diferença entre o método auscultatório e por técnica oscilométrica (digitais e automáticos) tem variado para a PAS na faixa de + 1 a 5% (superestima) para os aparelhos digitais e na PAD na faixa entre - 2 a - 6% (subestima) nos aparelhos digitais. Os Laísa Dinelli Schiaveto aparelhos automáticos não podem ser utilizados na condição de exercício físico, pois o erro pode chegar a até 20%. AJUSTES DA PRESSÃO ARTERIAL NO EXERCÍCIO Quando um indivíduo saí da condição de repouso para um exercício dinâmico crescente até o máximo (numa esteira, por exemplo), ocorre uma série de ajustes fisiológicos para a manutenção do exercício, em especial no Sistema Cardiovascular. à Frequência cardíaca (FC) apresenta um crescimento linear na mesma proporção ao crescimento da intensidade do esforço, podendo chegar à FC máxima na carga máxima do esforço. FC máxima prevista = 220 – idade à Volume Sistólico ou de ejeção (VS) cresce de maneira mais acentuado nas intensidades iniciais do exercício e depois (acima de 70% da carga máxima) este crescimento é mais lento, atingindo o volume sistólico que poderá ser um pouco menor do esperado (por exemplo, era para ser 130, foi 122 mmHg), devido à taquicardia pronunciada (pode não haver tempo para o enchimento adequado do ventrículo). à Debito Cardíaco (DC), desta forma, apresenta uma elevação linear em função da intensidade crescente do exercício dinâmico; em geral, o fator limitante de um exercício máximo é o coração como bomba (DC insuficiente para aumentar ainda mais o exercício), ou seja, o coração deveria manter o DC maior, mas não consegue. A bomba cardíaca chega ao limite, antes de outros fenômenos, como bomba respiratória. Isso, significa que ele para o exercício quando não consegue mais aumentar o DC. à Resistência Vascular Periférica (RVP) tem um comportamento ambíguo. Nos leitos vasculares ativos no exercício (músculos esqueléticos, coração) há redução da RVP (devido à vasodilatação), favorecendo o fluxo sanguíneos à aqueles leitos vasculares. Nos leitos vasculares inativos no exercício (TGI, rins) há elevação do RVP (vasoconstrição) e redução do fluxo sanguíneo (deslocamento sanguíneo para as áreas arteriais). Se considerarmos a RVP global (em todos os leitos vasculares) há uma redução moderada deste parâmetro (vasodilatação nos tecidos ativos são maiores que a vasoconstrição nos inativos). O comportamento da Pressão Arterial (PA) é interessante. à Pressão Arterial Sistólica (PAS) eleva-se de maneira linear com a intensidade do exercício (quanto mais se eleva a intensidade do exercício, mais se eleva a PAS. Isso é fundamental pela equação de Poiseuille- Hagen, isso é importante pois a demanda metabólica naqueles músculos ativos é maior) podendo atingir na carga máxima valores superiores a 200 mm Hg; isto é uma hipertensão fisiológica para facilitar o fluxo sanguíneos aos músculos ativos. à Pressão Arterial Média (PAM) tem comportamento semelhante à PAS, porém com crescimento mais discreto (não cresce tão rápido). à Pressão Arterial Diastólica (PAD) no exercício dinâmico (esteira/ ciclo) mantem-se constante apesar da intensidade crescente do exercício e pode chegar em alguns casos a ter uma redução normal de até 15 mm Hg para indivíduos treinados ou elevação de até 15 mm Hg para não treinados (se for superior a 15 mmHg, interromper o exercício, monitorizar a pressão ate a normalidade e encaminhar a um especialista). à Pressão de Pulso (PP) eleva-se com a intensidade do exercício (elevação da PAS, mas não da PAD) e este comportamento facilita a manutenção do regime de fluxo sanguíneo também durante o período diastólico cardíaco. à Consumo de Oxigênio (VO2) temcrescimento linear com o esforço, atingindo o VO2 máx. na carga máxima do exercício. Laísa Dinelli Schiaveto Obs: Duplo produto elevado no repouso significa que o trabalho cardíaco esta aumentando em função de alguma coisa, por exemplo, hipertensão. Quando um indivíduo realiza agora um exercício resistido ou também chamado de musculação, há diferenças nos ajustes cardiovasculares em relação ao exercício dinâmico em esteira. A intensidade do exercício resistido é, em geral, expressa em percentual relativo a Uma Repetição Máxima (1 RM) (máximo de peso que posso colocar para que o indivíduo consiga executar aquele determinado exercício corretamente uma vez, mas sem força para uma repetição), quando o voluntário tem a capacidade para executar uma vez o gesto motor, mas não tem forças para executar outras vezes aquele movimento. O treinamento é realizado na forma de circuitos de exercícios, com algumas séries e a intensidade do treino, em função dos objetivos, oscila entre 50 a 80 % de 1 RM. à Frequência Cardíaca (FC), durante as séries dos diferentes exercícios não se eleva linearmente e raramente atinge a FC máxima (não há tempo para isso, normalmente é maior entre as series e não durante); o mesmo ocorre com o Débito Cardíaco (DC) e o Volume Sistólico (VS) aumenta muito pouco apesar do aumento da intensidade do exercício. Durante exercícios de musculação há compressão dos vasos sanguíneos pelos músculos esqueléticos ativos no exercício e este “colabamento” gera resistência adicional ao fluxo sanguíneo (aumenta a RVP, em função desse aumento, o DC não cresce tanto, o volume também não chega ao seu valor máximo). à Pressão Arterial Sistólica (PAS) eleva-se de maneira mais abrupta em exercícios de maior intensidade e a Pressão Arterial Diastólica (PAD) acompanha a elevação da PAS, porém em ritmo um pouco menor. Lembre-se que no exercício dinâmico havia manutenção da PAD independente da intensidade do esforço. à Pressão de Pulso (PP), ou seja, PP = PAS – PAD, eleva-se de maneira não tão acentuada e a Pressão Arterial Média (PAM) apresenta elevação considerada devido ao aumento da Resistência Vascular Periférica (RVP), motivada pelo colabamento vascular. Laísa Dinelli Schiaveto CIRCULAÇÃO CAPILAR Na posição que se encontra organizados esses músculos lisos, quando há uma contração desses músculos, há uma redução da luz do vaso, portanto, uma constrição. O esfíncter pré-capilar vai controlar o fluxo distalmente ao musculo liso, ou seja, controla o fluxo sanguíneo capilar. Relaxamento do Músculo: Vasodilatação à Aumento o fluxo sanguíneo nesse leito capilar. Contração do Músculo à Constrição à Redução do fluxo sanguíneo distalmente a esses esfÍncteres pré- capilar. O controle da circulação nos diferentes leitos vasculares, não ocorre a níveis das artérias e veias, mas sim nos esfíncteres pré-capilares na circulação capilar. Existem forças que promovem a saída de líquido e substância do capilar para o interstício, e do interstício para a célula desse tecido onde se encontra o capilar. O mesmo ocorre no sentido contrário, ou seja, sentido interstício-capilar. As forças envolvidas com a saída de líquido e substância é chamada de forças de filtração. No sentido contrário chamamos de força de reabsorção. São ao todo 4 forças, que possuem um vetor, e, portanto, tem uma soma vetorial. Essa soma caracteriza a pressão efetiva de filtração e reabsorção. Na extremidade arterial do capilar, temos duas forças que predominam, que vão levar a filtração (saída de líquido e substância do capilar para o interstício. Essas duas forças são pressão capilar (PC), sendo semelhante a PA; e a segunda é a chamada de pressão coloidosmótica intersticial (PCI), no interstício existem proteínas (poucas), que puxam água para si por uma ação coloidosmótica. Por sua vez, as duas forças que predominam na extremidade venosa, promove a reabsorção de água e substância no interstício. Essas duas forças são, primeiro, chamada de pressão hidrostática intersticial (PHI), que é a pressão da água no interstício, promovendo um vetor na direção do capilar. Já a segunda, dentro dos capilares existem muitas proteínas (albuminas, globulinas) que exercem força na reabsorção, chamada de pressão coloidosmótica plasmática (PCP), possuindo um valor pressórico muito elevado (devido as muitas proteínas). As 4 forças têm uma formação vetorial que promovem ou a filtração ou a reabsorção. Na extremidade arterial as forças de filtração são maiores que as de reabsorção, então temos um vetor de uma pressão de filtração, promovendo a saída de líquido e substância. À medida que vamos da extremidade arterial, para a extremidade venosa essas forças de filtração vão diminuindo. Em um dado momento, elas se anulam, e a partir daí, as forças de reabsorção ficam maiores do que as de filtração (a medida que vai para a extremidade venosa, vai aumentando). Assim, o capilar garanti plenas trocas de substâncias e líquidos com o interstício, e desse com a célula no local onde as células estão localizadas. Laísa Dinelli Schiaveto Essa imagem é a representação de dois leitos capilares distintos, no qual no primeiro caso, os esfíncteres pré-capilares (rico em musculatura lisa) estão relaxados (diâmetro do vaso é alto), isso mantem um fluxo sanguíneo grande. Esse fluxo vem pelo canal preferencial e pelos capilares verdadeiros. Esse tecido, portanto, necessita de um alto fluxo sanguíneo, em geral por estar com uma taxa metabólica alta. No controle para manter a vasodilatação e o fluxo sanguíneo alto nos capilares, é feito dois mecanismos distintos, o primeiro é o mecanismo local, que são responsáveis por 60% dos ajustes; e em segundo, os ajustes autonômicos simpáticos responsáveis por 40% (SN parassimpático não inerva a musculatura lisa das metarteríolas, só possui estimulação simpática). No segundo caso, possui uma redução do fluxo acentuado, pois esse tecido não está precisando de um fluxo sanguíneo adequado, em geral por que está em baixa taxa metabólica. Nessa condição, as metarteríolas estão em contração da musculatura lisa, promovendo vasoconstrição, com sensível redução da luz do capilar. Assim, tem um fluxo baixo pelos canais preferenciais, para manter o tecido vivo, e o fluxo para os capilares verdadeiros é praticamente zero. Fatores Vasodilatadores • Atividade Simpática colinérgica – 40% (essa é uma exceção, o simpático libera como neurotransmissor a acetilcolina, ou seja, um vasodilatador). • Fatores Locais – 60%: potássio extracelular, ácido lático, pH (íons hidrogênio), óxido nítrico (NO), Fator de Relaxamento Endotelial e elevação da temperatura. Fator Vasoconstritor • Atividade Simpática Adrenérgica – Liberação de noradrenalina, ou adrenalina, pela circulação, vai levar a uma vasoconstrição, ou seja, vai acarretar na diminuição do fluxo sanguíneo. Também contribuí, os níveis baixos dos fatores locais. CIRCULAÇÃO VENOSA . O DP da circulação venosa é muito pequeno. O papel fundamental das veias é promover o retorno venoso (RV) ao coração, porém elas também servem como um reservatório de sangue; a estimulação simpática promove venoconstrição, aumentando o volume de sangue circulante (volemia). As veias oferecem baixa resistência ao fluxo sanguíneo devido a seus elevados diâmetros. A quantidade de sangue que retorna ao coração é bombeada pelo coração, então, o valor do RV afeta o valor do DC. Se houver alteração da RV altera o DC naquele momento, e por consequência, altera a PA. O gradiente pressórico médio para o retorno venoso dos pés de volta ao coração é de apenas 8 mm Hg, e a direção deste fluxo vai contra a ação da gravidade. A circulação venosa de leitos vasculares acima do nível cardíaco, ou seja, vindo pela veia cava, estando o individuo em ortostase, é a favor da gravidade. Agora, vindo da veia cavainferior, que está abaixo do nível do coração, para subir é mais difícil. RV DC PA Todo fluido tende a permanecer no local de menor energia potencial (perto do solo ® pés), ou seja, tende a permanecer abaixo da linha cardíaca. pode ser visto pela pressão hidrostática. O retorno venoso é influenciado por 5 fatores distintos, a saber: 1. Aumento do volume sanguíneo total (uma infusão, por exemplo, o que favorece o RV). 2. Aumento do tônus simpático sobre as grandes veias (venoconstrição). 3. Dilatação das arteríolas, reduzindo ainda mais a resistência ao fluxo. 4. Posição do indivíduo: em ortostase estática há redução do RV; em ortostase dinâmica (deambulando) há elevação do RV e na posição invertida há grande elevação do RV de maneira muito rápida. 5. O valor da pressão no átrio direito é chamado de pressão venosa central (PVC). Esta pressão varia de – 3 a + 4 mm Hg, porém o usual é 0 (zero) mm Hg; uma PVC acima de + 20 mm Hg já é uma situação patológica. Um aspecto importante que dificulta o retorno venoso da linha abaixo do coração é o valor da pressão Laísa Dinelli Schiaveto hidrostática dada pela coluna líquida. Nas mãos este valor é de 35 mm e nos pés de 90 mm, já no seio sagital é de – 10 mm (fluxo a favor da gravidade). ® depende da altura do indivíduo. Esta é uma força importante a ser vencida para o adequado retorno venoso, pois pela ação da gravidade (menor energia potencial) a tendência do sangue é permanecer nas partes mais baixas do corpo, com a formação de edemas. A Pressão Hidrostática é a pressão que a gravidade exerce sobre a coluna líquida. Se pega a circulação no córtex, possui uma pressão hidrostática negativa (-10 mm), ou seja, a tendência é do sangue retornar ao coração. Se pegar em nível abaixo do coração, na região do antebraço, por exemplo, a pressão hidrostática está em torno de +8 mm), um fluxo contra a gravidade. Se pegar nos pés, +90 mm). Então, essa pressão precisa ser vencida, pois a tendência do sangue é permanecer nos pés. Força que Dificulta 0 Retorno Venoso - Pressão hidrostática (abaixo da linha cardíaca) Forças que Facilitam o Retorno Venoso - Gradiente de pressão venosa: no final da extremidade do capilar venoso, há uma pressão de 10mmHg, enquanto no átrio é cerca de 2mmHg, dando uma diferença DP de 8mmHg (pouca diferença); sendo assim, este mecanismo sozinho não basta. - Bomba muscular - Pressão negativa inspiratória: não é muito forte, mas tem uma ação. - Sistema linfático: é um sistema adicional de RV. Obs: Os dois mais importantes, são os dois primeiros, na ordem. Vai no banco para pagar uma conta e tem uma fila enorme, que não anda, pode observar que algumas pessoas podem passar mal e desmaiar, pois está parado na fila, ortostático (e a fila não anda), esse gradiente de pressão (DP) de apenas 8mmHg não vence a força de pressão hidrostática isso compromete retorno venoso, diminuindo. Com a diminuição do RV, menos sangue chega ao coração, menos sangue é bombeado, há como consequência redução do DC, mas havendo redução do DC, há também redução da PA, uma vez que matematicamente a PA= DC x RVP, assim, se cai o DC cai a PA. Desta maneira se cair a PA, pela lei de Poiseuille-Hagen cai o fluxo. Reduz o DC, reduz a oferta de O2 para o cérebro, levando a hipóxia, assim o indivíduo passa mal e desmaiar. Quando o indivíduo cai no chão, o coração passa a ficar no mesmo nível dos pés, agora essa pressão hidrostática caiu, por que a altura de pés e coração são iguais, então o DP de 8mmHg é suficiente para o retorno venoso (em relação a condição q ele desmaiou, o indivíduo tem uma aumento de RV).Assim, mais sangue chega ao coração, mais sangue é bombeado, aumenta o DC, que por consequência aumenta PA, levando a um maior fluxo sanguíneo, aumenta a oferta de O2, restabelecendo-o, fazendo que este indivíduo acorde da sincope. Se essa fila estiver grande, mas andando, isso não acontece. No ato de deambular, existe a ação da bomba muscular, que quando parado não existia. Essa bomba muscular é o principal fator, mais o gradiente de pressão venosa, e uma contribuição menor do sistema linfático, e menor ainda da pressão negativa inspiratória, garante uma adequado RV. Laísa Dinelli Schiaveto GRADIENTE DE PRESSÃO VENOSA: o ∆P para a circulação venosa é cerca de 8 mm Hg, o que não é suficiente para garantir adequado RV das partes mais baixas do corpo humano (pernas e pés). BOMBA MUSCULAR: as veias apresentam válvulas e elas correm junto aos músculos esqueléticos, então quando da contração muscular há um aumento da pressão intravenosa e o sangue segue em direção ao coração (fluxo anterógrado); não há fluxo retrógrado devido ao fechamento das válvulas venosas. à Lesões nestas válvulas venosas levam a formação de variz, com a presença de trombose venosa importante. A contração do musculo comprime a veia. Nesse sangue a 2 possibilidades, um fluxo retrógrado para os pés (mas isso leva, em condições normais, o fechamento das válvulas venosas, impedindo-o); e outro em direção ao coração. O fluxo anterógrado ocorre devido ao fechamento e abertura das válvulas venosas, promovendo a passagem do sangue em direção ao coração. PRESSÃO NEGATIVA INSPIRATÓRIA: durante o ato inspiratório gera-se uma pressão intrapulmonar subatmosférica (negativa), o que favorece a passagem do sangue da região abdominal para a torácica, favorecendo o retorno venoso. ® quando inspiramos, na região toráxica (acima do diafragma), a pressão nesse momento é negativa (menor que a ambiente). Assim, o sangue contido na região abdominal (infra diafragmática) sofre variação de pressão, assim, o sangue passa da região abdominal para a toráxica (de maior pressão para menor pressão), facilitando o RV. SISTEMA LINFÁTICO: este sistema favorece o RV uma vez que drena o excesso de líquido intersticial e de macromoléculas (incluindo as proteínas) de volta para o sistema vascular. Os 4 mecanismos acima citados, atuando conjuntamente, permitem um adequado retorno venoso, com a manutenção do débito cardíaco, da pressão arterial e do fluxo sanguíneo aos diversos órgãos. CIRCULAÇÃO LINFÁTICA Sistema Linfático é uma via acessória no qual parte do líquido intersticial (LEC) e seus constituintes retornam ao sistema circulatório. Toda a linfa volta à circulação na altura da veia subclávia; o fluxo linfático, em condições normais, é de 2 a 3 litros/dia (em condições de edema, pode chegar a 5-10l por dia) e evita a gênese de edemas periféricos. Se não voltasse a circulação, não sobreviveríamos a 1 dia, pois haveria uma queda muito grande na volemia, e por consequência da PA. A linfa além de carrear a água e íons do LEC também carreira substâncias grandes que não passam pelos poros dos capilares sanguíneos, como as proteínas, restos celulares e até bactérias. A circulação linfática apresenta 3 funções: 1. Controlar a concentração proteica no LEC: quando as proteínas saem do interstício, elas retornam a circulação sanguínea pelo sistema linfático. Assim, o sistema linfático impede a concentração de proteínas no interstício (LEC), evitando o edema. 2. Controlar o volume de líquido no interstício: se tiver elevação, parte disso não volta pelo capilar sanguíneo, mas volta pelo sistema linfático através do terminal linfático. 3. Controlar a pressão coloidosmótica intersticial: à medida que retira as proteínas do interstício (LEC). A linfa apresenta a mesma composição iônica do LEC, porém acrescida de proteínas. A concentração proteica no LEC é cerca de 2 g/dl (ou 2g %) e a concentração na linfa é muito maior, cerca de 6 g % na linfa vinda do fígado ou de 4 g % da proveniente do trato gastrointestinal (TGI). Laísa Dinelli Schiaveto A linfa também é uma via importante na absorção de nutrientes do TGI, em especial dos lipídeos na forma de quilomícrons. A linfa pode também conter bactérias,porém estas são destruídas quase que totalmente ao passarem pelos linfonodos devido a presença de leucócitos. Ao fazer um corte no dedo, por exemplo, e se contaminou com uma bactéria. A bactéria é uma célula que não passa pelo capilar sanguíneo, mas é englobado pelo terminal linfático, e ao longo do trajeto linfático ele apresenta algumas estruturas chamadas de linfonodos (ou gânglios linfáticos). Nos linfonodos há presença de muitos leucócitos, que atuam destruindo, lisando, essas bactérias. Portanto, é um sistema de defesa do organismo. O excesso do líquido intersticial força a abertura das válvulas no terminal linfático, promovendo o fluxo do líquido em direção ao terminal; este líquido não sai mais pois, se houver uma elevação da pressão no interior do terminal linfático, estas válvulas se fecham fortemente. O líquido, já no capilar linfático, segue de maneira unidirecional em direção ao ducto linfático, devido a presença das válvulas linfáticas e a força que o move é o peristaltismo do capilar (contração de células musculares lisas logo abaixo da válvula) e a ação da bomba muscular (igual ao retorno venoso). O terminal linfático é constituído por células de sustentação com filamentos fixadores e células endoteliais. Uma célula endotelial se sobrepõe a sua vizinha, e essa estrutura de sobreposição parcial, forma o que chamamos de válvula linfática. Se a pressão no interstício estiver alta, empurra e abre a válvula e o líquido entra no capilar linfático. Contudo, se houver uma elevação na pressão no capilar irá ocorrer o contrário, vai levar ao fechamento dessas válvulas. As válvulas favorecem a entrada de líquido do interstício para o capilar linfático, mas nunca em sentido contrário, pois as válvulas se fecham nessa condição. Ao longo dos capilares linfáticos também existem válvulas linfáticas, que impedem o fluxo retrogrado. Também ele conta com um pequeno peristaltismo, e da ação da bomba muscular. Laísa Dinelli Schiaveto O sistema linfático drena todo o excesso do líquido intersticial de praticamente toda a parte do organismos e, em alguns pontos, formam os chamados gânglios linfáticos. Os linfonodos se concentram em algumas regiões, como virilha, região abdominal, axilar, toráxica. Nessas regiões o sangue é filtrado, e tem muitos leucócitos, que vão atacar esse invasor, os linfonodos fica edemaciado, infartado, com dor ao apertar, isso é chamado de íngua. Nos linfonodos devido a canalículos estreitos e a presença de leucócitos, há a destruição e fagocitose de restos celulares ou de agentes patogênicos, bactérias ou vírus, por exemplo. Estes gânglios linfáticos estão aglomerados nas seguintes regiões: cervicais anteriores e profundos, submandibulares (pescoço); pulmões e mediastinais (tórax); mesentérico, do baço e timo, epigástrico e ilíacos (abdômen); superiores e profundos do braço e axilares (braços); poplíteo e inguinais superficiais e profundos (pernas). EDEMA: É um desequilíbrio entre as pressões hidrostáticas e coloidosmótica do líquido intersticial devido a desordens do sistema linfático, doenças do fígado, coração, rins ou idiopáticas e, em alguns casos, durante a gravides. FILARIOSE ou ELEFANTÍASE: É uma doença causada pelo verme Wuchereria brancofti (filária) que destrói e obstrui os gânglios linfáticos, leva ao inchaço acentuado principalmente das pernas e, apresenta dificuldade ao retorno venoso.