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Salmonella: Características e Patogenia

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Salmonella 
 
Salmonella spp. 
 
 Enterobacteriaceae, que pode causar desde infecções inflamatórias que levam a 
gastroenterites e enteroculítes até infecções sistêmicas como, por exemplo, a febre tifoide. 
 
Morfologia e identificação 
→ Móvel - flagelos peritríqueos; 
→ Raramente fermentam lactose ou sacarose; 
→ Produzem H2S – levam a formação de um pigmento negro no meio de cultura que indica 
a presença de Salmonella; 
→ Não degrada ureia – Ureia (negativa -); 
→ Pode ou não crescer no citrato; 
→ Indol – (negativo); 
→ Resistentes ao verde brilhante, tetrationato de sódio e desoxicolato de sódio que 
inibem outras bactérias entéricas (substâncias que facilitam a indicação da bactéria em 
questão). 
 
Classificação 
→ A mais complexa das enterobacteriaceae; 
São classificadas em 2 espécies e 6 subespécies: Salmonella entérica (Subespécie S. entérica 
irá incluir a maioria dos sorotipos importantes no ponto de vista clínico) e Salmonella bongi 
(sorotipos mais relacionados aos animais). 
Ex.: Salmonella Typhimurium = S. entérica subesp. Entérica, sorotipo Thyphimurium 
 
 
 
 
 
 
 
Salmonella entérica 
Não tifoide (Gastroenterite) Tifoide (Febre tifoide) 
Diarreia inflamatória (5% bacteremia) Febre tifoide (30% diarreia) 
Forte inflamação local Infecção sistêmica (fígado, baço ...) 
S. Enteritidis – S. Thyphimurium S. Typhi – S. Paratyphi 
Autolimitada Terapia antimicrobiana 
Escapa do sistema imune do 
hospedeiro (silenciosa). 
 
Habitat natural 
→ Homem (altamente adaptadas) – incluindo agentes etiológicos da febre entérica/ 
tifoide/paratifoide; 
→ Animais (altamente adaptadas) – responsáveis pelo paratifo em animais; 
→ zoonóticas (atingem indiferentemente o homem e animais) – Responsáveis por 
gastroenterites como as enterocolites e doenças transmitidas por alimentos (DTA), A 
distribuição é mundial e os alimentos são os principais veículos de sua transmissão, são 
responsáveis pelos significantes índices de morbidade e mortalidade, caracterizando 
surtos envolvendo o consumo de alimentos de origem animal. 
 
Estrutura antigênica da Salmonella (antígenos de superfície) 
→ É usada para diferencias os organismos dentro de um gênero ou espécies. 
→ Os sorotipos são diferenciados por meio dos antígenos. 
 Três principais classes... 
→ H Ag – antígeno flagelar 
→ O Ag – Relacionado ao LPS/ ao polissacarídeo O 
→ Vi Ag – antígeno capsular 
 
Patogenia e manifestações clínicas 
→ Hospedeiros: aves domésticas, porcos, roedores, bovinos, animais de estimação e 
etc. 
→ Via oral - Dose infectante: infecção clínica e subclínica 105 – 108 (103 S. Thphi) 
→ Resistência à infecção: acidez gástrica, microbiota intestinal normal 
(competição), imunidade intestinal local (mucosa). 
 
As placas de peyer, amplamente distribuídas na mucosa intestinal, são nódulos 
linfáticos não encapsulados que reconhecem antígenos através de amostragem pelas células M 
que recobrem os folículos linfoides. A Salmonella atinge as placas de peyer através da célula 
M e alcança os macrófagos que não possuem capacidade de suficiente para exterminar a 
Salmonella, logo, se reproduzem dentro dos macrófagos. Estes, migram para linfonodos 
mesentéricos e ocorre a disseminação sistêmica do macrófago contaminado pelo 
microrganismo caracterizando a febre tifoide. 
As salmonelas não tifoidais irão causar a diarreia inflamatória – entram através da 
célula M, usam o sistema se secreção tipo 3 (sistema de proteínas transmembrana) e assim a 
bactéria ejeta dentro da célula efetores proteicos que alteram a atividade de expressão 
gênica, com a liberação de citocinas que levam ao processo de migração de polimorfonuclear 
local. Além disso, a Salmonella possui a capacidade de alterar outras estruturas celulares 
como o citoesqueleto no filamento de actina (formação de pseudópodes). Isso se dá devido a 
ilha de patogenicidade dessa bactéria, denominada ilha de patogenicidade 1, que é um 
complexo gênico responsável por trazer várias proteínas que possibilitam a invasão desse 
microrganismo na célula epitelial ou célula M. Logo, há uma reação inflamatória intensa nesse 
momento com a produção de interleucinas e citocinas, ativação de macrófagos, desequilíbrio 
hidroeletrolítico no epitélio, liberação de Cl- e água. Esses fatores induzirão a diarreia 
inflamatória por Salmonella. Como consequência de todo esse processo, ocorre por fim a 
eliminação da bactéria, entretanto, com a presença de dano intestinal autolimitado. 
Exemplos de microrganismos que causam a diarreia inflamatória – Enterocolite ou 
gastroenterite: S. Typhimurium, S. Enteritidis. 
→ Qualquer sorotipo > 1400 do grupo I 
→ Período de incubação para que ocorra a diarreia inflamatória: entre 8 – 48 horas 
após a ingestão. Sintomas: náusea, cefaleia, vômitos, diarreia profusa e febre 
baixa. 
→ Hemoculturas negativas, pois, essa bactéria está limitada a mucosa intestinal. 
→ Coproculturas positivas podendo permanecer assim por várias semanas após a 
recuperação clínica. 
→ A infecção é geralmente autolimitada e não prossegue para além da lâmina 
própria. 
 
Tifoidal: Febre tifoide 
Salmonella typhi e paratyphi 
→ Eles rapidamente passam pela mucosa intestinal e alcançam os linfonodos 
mesentéricos e a corrente sanguínea, pois, invadem os macrófagos formando 
vacúolos e de forma rápida faz a passagem. 
→ Fígado e baço são os principais alvos da Salmonella com o aumento de ambos 
órgãos. Fator de virulência: SPI – 7 (cápsula Vi) e toxina Tiphi. 
→ Período de incubação de 1-3 semanas (depende da dose infectante) – 
Transmissão de homem para homem. 
→ Sintomas: febre, mal estar, cefaleia, prisão de ventre, bradicardia e mialgia. A 
febre aumenta até atingir platô elevado, e o baço e fígado tornam-se 
aumentados. São observados também, manchas rosadas, geralmente na pele do 
abdome ou tórax. 
→ Principais complicações: Hemorragia e perfuração intestinal. 
→ Principais lesões: Hiperplasia e necrose do tecido linfoide (placas de peyer); 
hepatite, necrose focal do fígado; inflamação da vesícula biliar, do periósteo, 
pulmões e etc. 
Infecção persistente com Salmonella entérica ser. Typhi: 
→ Vesícula biliar – as bactérias presentes na vesícula, mesmo depois do tratamento 
e eliminação delas nos demais órgãos, continuam sendo disseminadas no intestino 
e do trato intestinal para demais órgãos. 
→ Portadores assintomáticos da bactéria são um fator preocupante. 
→ Reservatório e fontes de infecção – 2% a 5% dos doentes passarão ao estado 
de portador. 
→ Convalesc entre 30% - continua eliminando a bactéria nos 4 meses seguintes á 
infecção aguda. 
→ Portador crônico 5% - continua eliminando a bactéria após 1 ano. 
→ Portador são (sem manifestações clínicas) – continua eliminando a bactéria 
após 1 ano. 
→ Deverão ser tratados com terapias antimicrobianas. 
 
Diagnóstico: Coleta de fezes ou swab retal 
1. A amostra vai ser inoculada nos meios de cultura – MacConkey ou EMB – meios 
seletivos para enterobactérias. 
2. Triagem seletiva de Salmonella e Shigella os meios de cultura utilizados são 
XLDou HE ou SS. 
3. Repique do meio de enriquecimento no selemito (replica em 8h) ou GN (replica em 
4h). 
4. Ao ser incubadas a 35°C por 24-48h colônias sugestivas são inoculadas nas 
séries bioquímicas para fazer a identificação e chegar ao gênero (salmonella). Em 
sequência as colônias são selecionadas para o teste bioquímico ou sorológico. 
 
Alimentos de acordo com o risco: 
→ Alimentos de alto risco: leite cru, moluscos, mexilhões, ostras, pescados crus, 
hortaliças, legumes e frutas não lavadas. 
→ Alimentos de médio risco: alimentos intensamente manipulados logo após o 
cozimento, ou requentados, e massas. 
→ Alimentos de baixo risco: alimentos cozidos que são consumidos imediatamente, 
verduras fervidas, alimentos secos e carne cozidas ou assadas.

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