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LEI MARIA DA PENHA 11.340/06 DE EXEÇÃO PENAL N.210/784 
O que é a Lei 11.340 – Maria da Penha? 
A Lei nº 11.340, sancionada em 2006, surgiu da necessidade de proteção 
à integridade física, psíquica e moral das mulheres que, durante décadas, 
sofreram com diversos tipos de violências cometidas por seus maridos, 
companheiros, namorados, pais, irmãos, etc. 
 
Em princípio, duas eram as principais preocupações quando o assunto 
era violência contra a mulher: retirar a apreciação desses casos pelos Juizados 
Especiais Cíveis, haja vista o tipo de aplicação de penas (multas ou 
fornecimentos de cestas básicas); e implementar a aplicação de normas e 
procedimentos próprios para investigação e punição dos crimes cometidos 
contra a mulher no seio familiar. 
 
Durante muitos anos a violência contra mulher foi considerada algo 
“normal” aos olhos da sociedade. Para muitos, o marido, companheiro ou 
namorado, pelo simples fato de serem os homens da relação, tinham direito de 
tratar suas companheiras da forma que quisessem, afinal, “em briga de marido 
e mulher, não se deve meter a colher”. 
Tivemos penas brandas e os agressores se sentiam livres para repetirem os 
delitos, o que causava às vítimas a sensação de impunidade e medo que a 
violência voltasse a acontecer de forma ainda pior. 
Por esse motivo, “temos que meter a colher, sim!”. 
Contexto histórico da Lei 11.340 
O que muitos não sabem, no entanto, é a origem dessa lei e a sua 
importância à proteção de milhares de mulheres. 
Maria da Penha é o nome da uma mulher, cearense e farmacêutica, que 
foi vítima de violência doméstica por seu marido durante anos. 
Em 1983, seu marido tentou matá-la com um tiro de espingarda. Em que 
pese tenha sobrevivido, Maria da Penha ficou paraplégica. Não suficiente, 
quando voltou para casa, ela sofreu nova tentativa de assassinato, quando seu 
marido tentou eletrocutá-la. 
Quando finalmente Maria da Penha criou coragem para denunciar seu 
agressor, se deparou com uma situação que muitas mulheres enfrentavam neste 
tipo de caso: a incredulidade por parte da Justiça e outras autoridades. 
Durante o processo, a defesa do agressor alegava sempre alguma irregularidade 
processual e ele aguardava o julgamento em liberdade. 
Em 1994, Maria da Penha lançou o livro “Sobrevivi…posso contar”, onde expõe 
as violências sofridas por ela e por suas três filhas. 
Além disso, resolveu acionar o Centro pela Justiça e o Direito Internacional 
(CEJIL) e o Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da 
Mulher (CLADEM), órgãos que encaminharam o seu caso para a Comissão 
Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos 
(OEA), em 1998. 
Somente em 2002 seu caso foi solucionado, quando o Estado brasileiro 
foi condenado por omissão e negligência pela Corte Interamericana de Direitos 
Humanos. 
Por esse motivo, o Brasil teve que se comprometer em reformular suas 
leis e políticas em relação à violência doméstica e familiar, sobrevindo, em 2006, 
a promulgação da Lei n° 11.340. 
Quando é aplicada a Lei 11.340? 
Conforme dispõe seu artigo 5º, a Lei nº 11.340 é aplicada aos casos em 
que for configurada violência doméstica e familiar contra a mulher, baseada em 
gênero, que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e 
dano moral ou patrimonial. 
Importante frisar que ao se falar em violência, não estamos tratando 
apenas dos casos em que envolvam lesões físicas, sendo também abarcadas 
pela lei as seguintes formas (artigo 7º): 
I – a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua 
integridade ou saúde corporal; 
II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause 
dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o 
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, 
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, 
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição 
contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, 
exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause 
prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a 
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante 
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a 
utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer 
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à 
prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que 
limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
IV – a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure 
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de 
trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos 
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
V – a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, 
difamação ou injúria.” 
Requisitos da Lei 11.340 que configuram violência doméstica 
De conhecimento de todas as formas de violência sofridas pelas mulheres, 
previstas na Lei Maria da Penha, a nossa legislação, entretanto, prevê alguns 
requisitos para a configuração da violência doméstica. São eles: 
 Que a violência seja cometida em âmbito familiar ou doméstico, ainda que por 
pessoas esporadicamente agregadas; 
 Seja cometida por alguém que possua relação íntima de afeto, seja por laços 
naturais (biológicos), por afinidade ou por vontade expressa; 
 A relação íntima de afeto seja independente de coabitação; 
 As relações pessoais independem de orientação sexual. 
Medidas imediatas previstas na Lei 11.340 
Sendo então configurada a violência doméstica, a Lei Maria da Penha 
prevê em seus artigos 10 a 12 as medidas imediatas a serem tomadas pela 
autoridade policial: 
Art. 11 – (…) 
I – garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao 
Ministério Público e ao Poder Judiciário; 
II – encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico 
Legal; 
III – fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local 
seguro, quando houver risco de vida; 
IV – se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus 
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; 
V – Informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços 
disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento 
perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de 
anulação de casamento ou de dissolução de união estável.” 
Art. 12 da Lei Maria da Penha 
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, 
os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de 
Processo Penal: 
I – ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a 
termo, se apresentada; 
II – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas 
circunstâncias; 
III – remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz 
com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; 
IV – determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e 
requisitar outros exames periciais necessários; 
V – ouvir o agressor e as testemunhas; 
VI – ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de 
antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro 
de outras ocorrências policiais contra ele; 
VI-A – verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo 
e, na hipótese de existência,juntar aos autos essa informação, bem como 
notificar a ocorrência à instituição responsável pela concessão do registro ou da 
emissão do porte. 
VII – remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério 
Público.” 
Medidas protetivas de urgência previstas na Lei 11.340 
No que tange à aplicação das penas, será necessário verificar em cada 
caso o tipo penal cometido pelo agressor, devendo-se aplicar às normas 
previstas no Código Penal, Código de Processo Penal, e as legislações 
específicas sobre os direitos da criança, adolescente e idoso, se for o caso. 
Contudo, a Lei Maria da Penha prevê algumas penalidades disciplinadas 
como Medidas Protetivas. São elas: 
I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao 
órgão competente; 
II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III – proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o 
limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de 
comunicação; 
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física 
e psicológica da ofendida; 
IV – restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a 
equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
V – prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e 
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento 
individual e/ou em grupo de apoio.” 
Medidas contra violência patrimonial 
Em se tratando de violência patrimonial, a Lei 11.340 dispõe: 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles 
de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as 
seguintes medidas, entre outras: 
I – restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
II – proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda 
e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; 
III – suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 
IV – prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e 
danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra 
a ofendida. 
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins 
previstos nos incisos II e III deste artigo.” 
Importante esclarecer que, em caso de descumprimento da Medida 
Protetiva Concedida, a Lei Maria da Penha prevê pena de detenção de três 
meses a dois anos (artigo 24-A). 
 
Lei Maria da Penha e ações de direito de família 
Geralmente, quando falamos em casos que envolvem violência 
doméstica, estamos diante de situações de rompimentos de relacionamentos, 
onde exige-se a atuação em Ações de Direito de Família como divórcio, 
dissolução de união estável, guarda de filhos menores, entre outros. Nesse 
sentido, temos mais uma alteração introduzida por lei posterior (Lei nº 
13.894/2019), na qual dispõe no artigo 14-A: 
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução 
de união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar 
contra a Mulher a pretensão relacionada à partilha de bens. 
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da 
ação de divórcio ou de dissolução de união estável, a ação terá preferência no 
juízo onde estiver.” 
Nota-se, portanto, que tal dispositivo visa a facilitação do divórcio ou 
dissolução, obviamente, por se tratar de uma situação em que o convívio se 
tornou impossível, por uma questão muitas vezes de sobrevivência. 
Por outro lado, excluem-se da Competência do Juizado de Violência Doméstica 
e Familiar contra a Mulher as questões relacionadas à partilha de bens, devendo 
ser apuradas no Juízo de Família competente, bem como as ações de divórcio 
ou dissolução de união estável previamente ajuizadas. 
Aumento de casos no período de isolamento social 
Com a pandemia do novo coronavírus, em 2020, muitos países apuraram 
aumento significativo dos casos de violência doméstica. 
No Brasil não foi diferente. O Ministério da Mulher, da Família e dos 
Direitos Humanos apurou alta de quase 9% nas denúncias realizadas no Disque 
180, destinado às denúncias de violência doméstica. A Justiça do Rio de Janeiro 
divulgou que foram registrados 50% a mais de casos de violência doméstica a 
partir do momento em que passou a ser aplicado o isolamento social. 
Medidas adotadas para combater esse aumento 
No Brasil, as Delegacias de alguns estados como São Paulo, Rio de 
Janeiro e Distrito Federal, continuarão abertas 24h. Nas delegacias do Rio de 
Janeiro e de São Paulo, denúncias de violência doméstica que não exigem 
colhimento de provas imediato (como exame de corpo de delito) podem ser feitas 
virtualmente. 
Além disso, em São Paulo foram criadas as Patrulhas Maria da Penha 
que irão monitorar mulheres vítimas de violência doméstica. Pelo Tribunal de 
Justiça de São Paulo, algumas medidas estão sendo tomadas para aumentar a 
celeridade do atendimento destes casos, como permitir a concessão de medidas 
protetivas em caráter de urgência sem a apresentação de Boletim de Ocorrência 
por parte da vítima e a intimação por Whatsapp no caso de deferimento das 
medidas. 
No Distrito Federal, os acolhimentos feitos pelos Centros Especializados de 
Atendimento às Mulheres vítimas de violência (CEAMS) serão feitos por 
telefone, exceto em casos de urgência. 
No Rio, o atendimento nesses centros especializados será suspenso por 
15 dias, exceto para casos de urgência. 
Há, ainda, alguns projetos de lei em tramitação, que visam buscar alterar 
a Lei Maria da Penha para ampliar a divulgação do Disque 180 enquanto durar 
a pandemia. 
O projeto propõe que, durante o período de estado de emergência pública 
decorrente do novo coronavírus, toda informação exibida no rádio, televisão e 
internet que trate de episódios da violência contra a mulher, seja incluído a 
menção expressa ao Disque 180. 
Vale apontar também que muitas empresas do setor privado tem-se 
utilizado de suas imagens para campanhas educativas e de denúncias dos 
agressores através das redes sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERENCIA 
 
https://www.aurum.com.br/blog/lei-
11340/#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20a%20Lei%2011.340%20%E2%80
%93%20Maria%20da%20Penha%3F,%2C%20pais%2C%20irm%C3%A3os%2
C%20etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
participou do evento
17º Semana da Justiça Pela Paz em Casa
Wanessa Marques Soares
Certifico que
promovido pela Escola Judicial do Tribunal de Justiça de Goiás - EJUG
no dia 12 de março de 2021, com carga horária de 3 horas.
Conteúdo Programático
1) Contextualização sobre o que é machismo, patriarcado, educação sexista e feminismo
2) Desmistificação do Concei
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
participou do evento
17º Semana da Justiça Pela Paz em Casa
Wanessa Marques Soares
Certifico que
promovido pela Escola Judicial do Tribunal de Justiça de Goiás - EJUG
no dia 08 de março de 2021, com carga horária de 3 horas.
Conteúdo Programático
1) Apresentação Geral da Meta 5 da Agenda 203 da ONU
2) Eliminação de todas as formas de discriminação de Gênero
3)
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
O representante legal do CENTRO UNIVERSO GOIÂNIA, no uso de suas atribuições, confere o presente certificado a
WANESSA MARQUES SOARES
 por ter participado do(a) 
2º WEBINÁRIO INTERINSTITUCIONAL UNIVERSO - UNITRI: OS DESAFIOS DA INCLUSÃO
SOCIAL NA EDUCAÇÃO SUPERIOR
realizado no período de 07 de abril de 2021 a 08 de abril de 2021,
no total de 20 horas.
Registro: 57586 Livro: 02 Página: 2984
Goiânia, 08 de abrilde 2021
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Eliane Alves de Moura Wanessa Marques Soares
Diretora da Instituição Participante
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http://validadoc.universo.edu.br
e informando a chave DFAD4BAC-892F250E-E9CFF996-52AC5444
Documento gerado em 20/04/2021