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Daniela Santos Rocha OSTEOARTRITE (OA) • Condição degenerativa da articulação, sendo uma consequência natural do processo de envelhecimento • Acomete cartilagem articular, osso subcondral, o ligamento, fibrocartilagem e sinovial • Remodelação anormal dos tecidos articulares mediada por marcadores inflamatórios → CLASSIFICAÇÃO -Primaria, idiopática: acomete principalmente os indivíduos com > 50anos, degenerativa -Secundaria: degeneração secundaria a um fator predisponente, acomete indivíduos mais jovens e acomete articulações atípicas → TERMINOLOGIA -Atrite degenerativa -Artrose degenerativa -Osteoartrose -Osteoartrite -Artropatia degenerativa -Entesopatia → FATORES DE RISCO -Idade (perda massa óssea, perde colágeno e déficit da vascularização do osso subcondral) -Obesidade (acomete principalmente articulação que sofrem a carga) -Traumas -Fatores genéticos -Atividades ocupacionais -Alterações da morfologia articular (causadas por alguma deformidade) → QUADRO CLINICO -Dor articular mecânica, melhora com repouso -Crepitação e aumento do volume articular ao exame físico -Sinais inflamatórios periarticulares -Dissociação clinicorradiologica -As articulações mais acometidas são os joelhos, quadris, a primeira MTF, trapézio-metacarpo e as IFP (interfalangianas proximais) e IFD → FISIOPATOLOGIA -Antigamente acreditava-se que a fisiopatologia se iniciava na cartilagem articular, mas hoje percebe-se que a doença se inicia e progride a partir do osso subcondral ¹O osso subcondral absorve a carga compressiva e com o tempo a deformidade interfere na regeneração na cartilagem hialina e levam as alterações da osteoartrite 1- O osso subcondral aumenta de espessura, volume e consistência, ocorre um remodelamento ósseo, em que os osteoclastos absorvem o osso e posteriormente há a proliferação óssea, leva há uma mudança da arquitetura articular. A massa mineral inicialmente é mantida, porém com o passar do tempo há um perca. -Estágio inicial: redução da densidade óssea subcondral -Estagio tardio: aumento da densidade óssea subcondral 2- O desbalanço na adaptação entre o osso e a cartilagem que caracteriza a homeostasia da unidade osteocondral leva ao desenvolvimento da AO (cartilagem perde a capacidade de se regenerar) 3- Há uma invasão vascular da cartilagem calcificada com consequente afilamento da cartilagem hialina 4- O novo osso subcondral contem vasos e fibras nervosas que estão envolvidos na patogênese e sensação de dor -A cortical e medular óssea sofrem remodelamento -O remodelamento pode ser destrutivo (cisto subcondral densidade/ esclerose subcondral densidade) ou progressivo (proliferação óssea- osteofito) -O novo osso subcondral tem vasos e fibras nervosas Daniela Santos Rocha →ASPECTO POR IMAGEM RADIOGRAFIA SIMPLES 1- REDUÇÃO DA ESPESSURA INTERLINHA ARTICULAR (redução do espaço articular), secundaria ao afilamento da cartilagem- incapacitada de se regenerar 2- Na AO é mais focal e ocorre frequentemente no local de sobrecarga mecânica ( se a redução for global pensar em inflamação, infecção, autoimunes) 1-ESCLEROSE SUBCONDRAL- aumento da densidade mineral óssea (observada principalmente no osso subcondral) 1-CISTOS: imagens radiotransparentes Tanto a esclerose como os cisto subcondrais, aparecem por conta de 2 fenômenos: destruição e erosões articulares (cistos- não são verdadeiros, pois não contem revestimento epitelial- pequenas fissuras comunicam os líquidos com o osso- predispõem a sua formação) e a reparação (esclerose) 1-OSTEOFITOS: alterações típicas de OA, aparecem em áreas que recebem menor carga (aumentam a superfície de contato para tentar estabilizar a articulação) -Marginais (menor carga e pouco estresse- apresentam reposta reparativa) -Planos (se origina onde há remanescente de cartilagem, a vascularização acaba levando a uma ossificação endocondral da cartilagem) -Capsulares (secundários a uma ossificação onde há inserção capsular) -Periosteais ou sinoviais 1-MODIFICAÇÃO DA SINOVIA: corpos livres Daniela Santos Rocha articulares, dentro da capsula articular, associa-se a derrames 1-CONDROCALCINOSE: deposito de micro cristais na fibrocartilagem RESUMINDO... Sobrecarga mecânica causa estresse no osso subcondral, incialmente consegue se regenerar, porém ao decorrer do tempo há falência do osso subcondral→ primeiramente reduz sua densidade→ depois aumenta a densidade que dificulta a chega de vasos na superfície articular→ a cartilagem hialina não se recupera de maneira adequada→ destrói a cartilagem→ aumenta a superfície de contato e estresse mecânico na articular→ predispõe a redução do espaço articular→ acentua a esclerose subcondral→ gera os cistos subcondrais→ produz osteofitos→ leva a reação inflamatória com corpos livres articulares/ sinovite→ causando acúmulos de cristais→ condrocalcinose → CARACTERÍSTICAS DA RADIOGRAFIA SIMPLES NA AVALIAÇÃO DA OA -Método inicial -Baixa sensibilidade na AO precoce -Em pacientes com casos definidos de OA a RM tem valor limitado (a princípio não traz antas informação adicionais, entretanto na OA inicial pode trazer estruturas que o RX não ¨vê”) e a radiografia deve ser empregada de forma racional para avaliar deformidades e alinhamento → Diagnostico diferencial das lesões elementares da artrose -Alterações radiológicas da OA se assemelham as observadas nas artrites crônicas, especialmente a artrite reumatoide -Na OA, há um acometimento seletivo das articulações que se “defende” com a formação de osteofitos e esclerose subcondral -Na AR a destruição articular é simples, sem reparação. A redução articular é difusa, ostefitos só aparecem em casos mais tardios, atípicos e a hipertrofia sinovial esta relacionada a agressividade da doença - redução difusa do espaço articular RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 1- Possibilita a avaliação direta da cartilagem hialina 2-Melhor método para a avaliação de cartilagem articular, pelo seu contraste com partes moles 3-Oferece informação sobre espessura condral, alterações morfológicas de sua superfície e alterações intrassubstanciais Daniela Santos Rocha ponderada em T2 (líquido branco) 4- Osso subcondral: evidencia sinais de necrose, fibrose e microfraturas trabeculares através do aumento de sinal (edema ósseo subcondral) 5-Alterações sinoviais: Inclui evidencias de hiperplasia, espessamento e hiper vascularização com realce da capsula sinovial -corpos livres interarticulares TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 1- Realizada com injeção de contraste iodado intra- articular e posterior aquisição de imagem 2- O contraste delineia a superfície cartilaginosa, sendo útil para lesões superficiais (mais acurada que RM para avaliar lesões condrais) 3-Util em indivíduos que tem contraindicações pra RM (marca-passo/ implante coclear) -É invasivo e não avalia a substancia condral -Indicação na suspeita de lesão condral crônica com contraindicação de RM → COMPLICAÇÕES DA OA FRATURAS POR INSUFICIÊNCIA SUBCONDRAL -Ocorre por sobrecarga mecânica axial excessiva ALTERAÇÕES DA MEMBRANA SINOVIAL Sinovial apresenta uma congestão capsular e uma proliferação sinovial importante e crônica que pode levar a uma metaplasia gordurosa na região COPOS LIVRES INTRA-ARTICULARES fragmentos de cartilagem menisco, osteofitos, fraturas DERRAME ARTICULAR resultado de sinovite e esta relacionado a casos mais graves Daniela Santos Rocha poderada em T2liquido branco espessamento / sinovite () copos livres intraarticulares (→) MAL ALINHAMENTO E SUBLUXAÇÃO ocorre principalmente quando há um acometimento não uniforme da articulação levando a uma deformidade angular OSTEOARTRITERAPIDAMENTE DESTRUTIVA mais comum no quadril, intensa destruição articular, sem formação de osteofitos (depois que excluir todas as causas, pensar nessa doença) – redução do espaço articular mais que 2mm por ano/ maior que 50% ano ANQUILOSE ARTICULAR pode ser óssea ou fibrosa → CARACTERÍSTICAS DA OA ESPECIFICAS PARA CADA ARTICULAÇÃO OMBRO • A OA da articulação glenoumeral é incomum, ocorrendo em indivíduos mais velhos • Existe relação entre AO glenoumeral e rutura do manguito rotador (Artropatia do manguito rotador) • A OA acromioclavicular é comum e esta associada a degeneração do disco articular com perda da cartilagem, esclerose subcondral, e osteofitos marginais → Achados típicos 1- osteofitos umerais ou na glenoide mais comumente no aspecto inferior da articulação 2- Esclerose subcondral associada a afilamento condral com aspecto em gorro 3- Pode ocorrer esclerose na porção central da glenoide - redução do espaço articular glenoumeral -discreta esclerose e irregularidade óssea (hiperdenso) -osteofitos marginais na parte inferior (→) - redução do espaço articular - esclerose em gorro da cabeça umeral (→) COTOVELO • A AO de cotovelo é incomum • Geralmente relacionada a traumas ou instabilidades ligamentares previas → Achados típicos 1-Redução do espaço articular, esclerose subcondral, cistos e osteofitos marginais (predomina na articulação entre o rádio e o capitulo) 2-Entesopatia na inserção do tríceps no olecrano Daniela Santos Rocha a: redução do espaço articular entre a ulna e troclear e entre o capitulo e o radio B: discretos osteofitos marginais PUNHO E MÃO • Acomete mais mulheres na pós menopausa (40-60 anos) • As articulações mais acometidas são IFD, primeira carpometacarpal (rizartrose) e as IFP IFD e IFP - osteofitos marginais e espessamento da capsula articular formam nodulações nas articulações: nódulos de Heberden (IFD) e de Bourchard (IFP) RIZARTROSE - representa o acometimento da articulação trapézio metacarpiana e em menor grau do trapézio escafoide - é sintomática, cursa com dor e pode levar a subluxação do I metacarpo e perda de amplitude do movimento QUADRIL • É a articulação de acometimento comum, envolvendo principalmente homens, podendo ser uni ou bilateral • Displasia do quadril, epifisiole e doença de Legg- Calvee-Perths estão relacionadas a gênese da OA precoce • O impacto femoracetabular é principal alteração anatômica implicada na gênese da OA de quadril Superior externo Superior global interno (médio) JOELHO • É a articulação mais acometida e mais estudada • Acomete os compartimentos femoropatelar, femoro tibial, medial e lateral e menos comumente o tibiofibular proximal → Causas de estresse mecânico -incongruência articular Daniela Santos Rocha -mau alinhamento -lesão meniscal -fraqueza muscular -lesão ligamentar a: joelho normal b: compartimento femoro tibial medial com redução do espaço articular/ mínima esclerose/ pequeno osteofito marginal c: esclerose/ redução importante do espaço articular d: redução do espaço articular medial e: redução mais significativa do espaço articular/ esclerose/ cisto subcondral medial f: redução mais significativa do espaço articular/ esclerose/ cisto subcondral medial/ osteofitos marginais TORNOZELO E PÉ - o acometimento da articulação tibio patelar ou subpatelar é menos frequente -redução do espaço articular/ esclerose/ cistos • O acometimento mais comum é da articulação MTF do halux com redução do espaço articular, osteofitos marginais e cistos subcondrais • O halux valgo pode predispor a OA da MTF • Os sesamoides do halux também são acometidos a medida que a doença avança a: desvio medial do metacarpo do halux (valgo): redução do espaço articular, osteofitos marginais e cistos subcondrais c/d: sesamoides COLUNA VERTEBRAL 1- corpo vertebral 2- espaço discal intervertebral 13- canal vertebral 10- processo espinhoso 11- espaço inter espinhoso 3- pedículo 4- apófise articular superior Daniela Santos Rocha 5- apófise articular inferior 7- istmo inter apofisario 6- espaço articular inter apofisario 12- processo transverso → Patogênese • A degeneração discal (discopatia) e a espondilolise (alteração degenerativa da coluna) podem ocorrer sem a presença de artrose interfacetaria, mas o oposto é menos frequente, sugerindo que a discopatia precede a artrose facetaria • A degeneração discal é multifatorial, mas acredita- se que as alterações morfológicas dos platôs vertebrais interferem na nutrição discal e aceleram o processo ARTICULAÇÕES INTERFACETARIAS - assim como nas articulações sinoviais, diminui o revestimento cartilaginoso, o espaço articular, exibe esclerose subcondral, cistos, aumento do liquido interfacetario e deslinhamento COPO VERTEBRAL - há perda de massa óssea, fraturas osteoporóticas, deformidades vertebrais cifóticas e osteofitos marginais PLATÔS VERTEBRAIS tipos de degeneração -Tipo I: hipo em T1 e hiper em T2 (edema ósseo) -Tipo II: hiper em T1 e T2 (deposito de gordura) -Tipo III: hipo em T1 e T2 (esclerose óssea) a- TIPO I: Ponderado em T2 -a ponderada em T1 e b ponderada em T2: TIPO II TIPO III ESPONDILOLISE - defeito ósseo no istmo interapofisario (pars interarticularis) secundário a uma fratura por estresse/ insuficiência - o istmo interapofisario divide uma região fixa da coluna (posterior) com uma que pode deslizar (anterior) - a maioria ocorre em L5 e S1 Daniela Santos Rocha CONCLUSÃO - O conceito de AO envolve destruição da cartilagem com consequentes alterações inflamatórias locais, sinovite e acometimento miotendineo -Os métodos de imagem trazem informações anatômicas OSTEOPOROSE PÓS MENOPAUSA E OSTEOPOROSE SENIL • Redução difusa ou localizada na matriz óssea com consequente fragilidade óssea • A redução da densidade mineral óssea (BMD) é a base da osteoporose • Baseada na densidade mineral óssea e na massa óssea a OMS estabeleceu definições para osteoporose expressa em T-score que é o número em desvio padrão de BMD do indivíduo jovem em relação a mulher adulta jovem →Classificação NORMAL: BMD até -1 desvios-padrão do T-score de um adulto jovem OSTEOPENIA: BMD entre -1 e -2,5 desvios-padrão do T-score de um adulto jovem OSTEOPOROSE: BMD de -2,5 ou menos desviso- padrão do T-score de um adulto jovem OSTEOPOROSE GRAVE: BMD de -2,5 ou menos desvios-padrão do T-score de um adulto jovem associada a uma u mais fraturas por insuficiência → Tipos TIPO I (PÓS MENOPAUSA): Baseia-se na redução do estrogênio e consequente aumento da reabsorção da espoja óssea TIPO II (SENIL): Tem etiologia multifatorial, incluído aumento da produção do paratormônio, diminuição das funções das adrenais, deficiência primaria da vitamina D - Os locais de fraturas mais comuns são terços distais do rádio, coluna, terço proximal do úmero, tíbia, bacia, sacro e colo do fêmur a e b: fraturas longitudinais nas asas sacrais e c: fratura transversa no corpo do sacro → Métodos de imagem - A DENSITOMETRIA é o exame mais preciso para avaliação da densidade mineral óssea (BMD) -quantificar a BMD- T score -Radiologia convencional: apesar de sua baixa sensibilidade na detecção das doenças precoces do osso esponjoso é a mais utilizada -TC e RM são superiores a radiologia convencional na detecção de complicações -Radiografia simples: 1- aumento da transparência óssea, adelgaçamento da cortical e melhor definição da cortical em relação a medular 2- reabsorção seletiva das trabéculas secundarias (horizontais) em relação as primarias (verticais) 3- Na forma difusa é melhor avaliada onde há mais osso esponjoso (esqueleto axial e raízes dosmembros) Daniela Santos Rocha a: aumento da transparência óssea - discreto adelgaçamento da cortical óssea a: aumento da transparência óssea b:- redução importante das linhas horizontais e persistências das linhas verticais -diminuição discreta da altura do corpo vertebral -adelgaçamento da cortical óssea no corpo vertebral RADIOGRAFIA SIMPLES - Na coluna há relativa preservação dos arcos posteriores e pode assumir as formas bicôncava, invaginação dos discos vertebrais dos platôs superior e inferior ou em cunha (achatamento anterior) TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA -Caracteriza com mais detalhes os achados descritos na radiografia -Diferencia fraturas por insuficiência de fraturas metastáticas -A indentação “em degrau” da parede posterior da vertebra fala a favor de fratura osteoporótica DIAGNOSTICO DIFERENCIAL E RECOMENDAÇÕES -Faz-se diagnostico diferencial com mieloma múltiplo em sua fase inicial, antes do aparecimento de lesões destrutivas -Osteomalácea e hiperparatireoidismo podem levar a redução de massa óssea -A osteoporose é uma doença silenciosa e a sua principal complicação é a fratura