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HEMÁCIAS As hemácias, também chamadas de eritrócitos transportam as moléculas de hemoglobina que carregam o oxigênio dos pulmões para os tecidos Contém grande quantidade de anidrase carbônica (enzima catalisadora da reação reversível entre CO2 e H2O gerando H2CO3) A água do sangue transporta CO2 na forma de HCO3- dos tecidos para os pulmões, onde é reconvertido em CO2 e eliminado para a atmosfera A hemoglobina é um excelente tampão ácido- basico (responde pela maior parte da capacidade de tamponamento de todo o sangue) As hemácias são discos bicôncavos, por serem células anucleadas, e podendo variar sua forma conforme sejam espremidas ao passarem pelos capilares CONCENTRAÇÕES: Homem saudável: 5.200.000/mm3 Mulher saudável: 4.700.000/mm3 Variação normal: + ou - 300.000 Pessoas que vivem em grandes altitudes possuem um maior número de hemácias, ou seja, o número de hemácias varia de acordo com a oferta de O2 Quantidade de Hb: 1g de Hb se combina com 1,34ml de O2 São encontrados até 34g de Hb em cada 100ml de células Num hematócrito normal (40-45%) são encontrados 15g de Hb por 100ml de células PRODUÇÃO DE HEMÁCIAS São produzidas continuadamente, mas em locais diferentes de acordo com o período da vida Primeiras semanas de gestação: saco vitelínico (hemácias nucleadas primitivas) 2º trimestre de gestação: pincipalmente no fígado, mas também conta com o auxílio do baço e dos linfonodos Últimas semanas de gestação e após o nascimento: medula óssea A medula óssea de todos os ossos produz hemácias até os 5 anos de idade A medula dos ossos longos (exceto porções proximais do úmero e da tíbia) fica muito gordurosa, deixando de produzir hemácias aos 20 anos → O osso cresce e se alonga, acumulando gordura e perdendo a capacidade de produzir hemácias (+ fechamento das diáfises) A maioria das hemácias continua a ser produzida na medula óssea dos ossos membranosos, como vértebras, esterno, costelas e íleo → menos produtiva com a idade O ideal é que as hemácias sejam repostas a cada 90/120 dias Células tronco hematopoiéticas As hemácias iniciam suas vidas por meio de células tronco hematopoiética pluripotente (de onde todas as células do sangue são derivadas) A medida que essas células se reproduzem, uma pequena quantidade permanece as pluripotentes originais, que ficam retidas como reserva na medula óssea As células em estágio intermediário são parecidas com as células tronco pluripotentes, apesar de já estarem comprometidas com uma linhagem particular de células, chamadas de células tronco comprometidas Quando crescem em cultura, produzem células do tipo CFU-E (formadora de hemácia) e CFU-GM (formadora de granulócito e monócito) Num transplante de células tronco são exterminadas as células doentes preexistentes antes de serem implantadas as novas células INDUTORES DE CRESCIMENTO O crescimento e a reprodução das diferentes células são controladas por multiplas proteínas, denominadas indutores de crescimento, existem 4 principais com características diferentes Não são responsáveis pela diferenciação A interleucina 3 é um dos indutores e promove o crescimento e a reprodução de praticamente todos os diferentes tipos de células-tronco comprometidas; os outros indutores induzem o crescimento de tipos específicos de células INDUTORES DE DIFERENCIAÇÃO Determinam a diferenciação do tipo de células- tronco comprometidas em um ou mais estágios de desenvolvimento, em relação a célula final adulta Tanto esses quanto od de crescimento são controlados por fatores externos à medual óssea P.EX: Quando as hemácias são expostas a baixas concentrações de O2 por longo período resulta na indução do crescimento, diferenciação e produção de um número aumentado de hemácias (Altitude elevada = hipoxemia = hipóxia) ESTÁGIOS DA DIFERENCIAÇÃO A 1ª célula identificada da linhagem vermelha é o proeritroblasto, que se divide por diversas vezes até formar muitas hemácias maduras A células de 1ª geração são chamadas de eritroblasto basófilo, qu eacumula pequena quantidade de hemoglobina Nas gerações sucessivas as células ficam cheias com hemoglobina, o núcleo se condensa e o resíduo final é excretado ou absorvido pela célula e a célula passa a ser chamada de reticulócito Durante esse estágio as células saem da medula óssea entrando nos capilares sanguíneos por diapedese (modificam a conformidade para passar pelos poros das membranas capilares), passando a ser chamada de hemácia madura em 1 ou 2 dias REGULAÇÃO POR ERITROPOETINA É um hormonio produzido no rim e é fundamental para a sinalização na medula óssea para a produção de hemácias A falta de O2 estimula a produção renal de eritropoetina (EPO), que por sua vez estimula a diferenciação de células tronco hematopoiéticas em proeritroblastos Responsável por manter o número adequado de hemácias para a oxigenação tecidual e regular para que esse número celular não impeça o fluxo sanguíneo (por feedback) Pacientes com doenças renais podem desenvolver anemia crônica devido à ausência da produção endógena de EPO, mas pode ser tratado com a oferta de EPO exógena injetável ou na própria hemodiálise 90% da EPO é produzida nos rins e o restante no fígado, mas não é suficiente para suprir a demanda de eritrócitos. A produção é rápida e atinge o pico em 24h A hipóxia promove aumento importante na produção de EPO, que aumenta o número de hemácias até que condição seja corrigida O HIF-1 é um fator de transcrição de RNAm induzido pela hipóxia do tecido renal que permite a síntese de EPO A hipóxia em outras partes do organismo também estimula a secreção renal de EPO (há sensores não renais ainda não descobertos) A vitamina B12 e ácido fólico são fundamentais para a maturação final das células da linhagem vermelha (permanecem como células grandes e possuem sobrevida baixa), a ausência causa falha na maturação nuclear e da divisão celular O pH do estomago é ácido e o fator intrínseco (uma glicoproteína) é responsável por englobar e transportar a vitamina B12 até o intestino. O fator é produzido por células glandulares gástricas (estomago). A atrofia da mucosa gástrica gera anemia megaloblástica O ácido fólico pode ser destruído pelo cozimento (temperaturas altas) e algumas pessoas tem dificuldade na absorção intestinal (p.ex. spru – doença do intestino delgado) FORMAÇÃO DA HEMOGLOBINA A forma mais comum no adulto é a hemoglobina A, formada por 2 cadeias alfa e 2 cadeias beta 4 cadeias de hemoglobina em cada molécula completa tem associados 4 átomos de ferro. Cada um se liga a uma molécula de O2 A característica mais importante da hemoglobina é a capacidade de ligação frouxa e revesível com O2 → ela se liga com o O2 nos pulmões e libera ele nos capilares teciduais METABOLISMO DO FERRO O Ferro possui ligação direta com a quantidade de Hb (65% do Fe do corpo) Há Fe armazenado no fígado em forma de ferritina (15-30%), mioglobina (4%), ou combinado com transferrina no plasma (1%) Transporte e armazenamento É absorvido no intestino delgado, onde se liga ao seu transportador apotransferrina O ferro na transferrina está ligado por ligação frouxamente e pode ser liberado para qualquer célula O excesso de ferro é depositado nos hepatócitos (e em menor quantidade nas células reticuloendoteliais da medula óssea) No citoplasma se combina com apoferritina formando ferritina A hemossiderina capta a quantidade de ferro em excesso e se esse quadro se tornar patológico, há hemossiderose Quando há diminuição do ferro no plasma, o ferro depositadoem forma de ferritina é mobilizado com facilidade e transportado sob a forma de transferrina e enviado para as áreas do corpo onde é necessário Quando há baixa transferrina no sangue há deficiência do transporte de ferro para os eritroblastos, podendo provocar anemia hipocrômica grave Quando termina o tempo de vida das hemácias (120 dias), elas são destruídas e a hemoglobina liberada é fagocitada pelas células do sistema monócitos-macrófagos; o ferro é liberado e em seguida armazenado no reservatório de ferritina para ser usado se necessário na formação de nova molécula de hemoglobina Perda diária 0,6mg de ferro por dia, principalmente nas fezes Para a mulher a perda é maior devido à menstruação, que elevaa perda para 1,3mg/dia Absorção O fígado secreta apotransferrina na bile que flui até o duodeno, que se liga ao ferro livre e a certos compostos férricos como a hemoglobina e a mioglobina da carne A combinação é a transferrina, que é atraída e se liga a receptores nas membranas das células epiteliais intestinais, sendo liberada nos capilares sanguíneos sob a forma de transferrina plasmática Regulação Quando o corpo está saturado de ferro e as apoferritinas já estão combinadas ao ferro, a absorção de ferro pelo intestino diminui acentuadamente Quando as reservas estão depletadas, a intensidade de absorção pode ser acelerada por 5/6x ANEMIA Deficiência de hemoglobina no sangue, podendo ser causada por redução do número de hemácias ou do teor celular de hemoglobina ANEMIA POR PERDA SANGUÍNEA Quando há perda aguda, o corpo repõe a porção líquida do plasma em 1 a 3 dias, porém leva a diminuição da concentração de células vermelhas. A normalização costuma ocorrer entre 3 e 6 semanas Quando há perda crônica, não se consegue absorver ferro suficiente no intestino para formar a hemoglobina na mesma velocidade que é perdida. As células produzidas são menores com menor quantidade de hemoglobina ANEMIA MICROCÍTICA HIPOCRÔMICA ANEMIA APLÁSTICA Falta de funcionamento da medula óssea (Qt, RXT, benzeno, inseticidas ou idiopática quando não se sabe a causa) ANEMIA MEGALOBLÁSTICA A falta de ácido fólico, vitamina B12 ou fator instrínseco da mucosa gástrica, pode levar a reprodução lentificada dos eritroblastos na medula óssea, causando um crescimento excessivo (megaloblastos) ANEMIA HEMOLÍTICA Anormalidades nas hemácias (maioria hereditárias), tornam as células frágeis e se rompem facilmente quando passam por capilares e principalmente pelo baço As células são destruídas mais facilmente do que formadas POLICITEMIA Excesso de hemácias, podendo ser fisiológica ou patológica POLICITEMIA SECUNDÁRIA Tecidos ficam hipóxicos devidos a baixa tensão de O2 no ar inspirado, como nas grandes altitudes ou devido ao suprimento deficiente de O2 para os tecidos (ICC). Os órgãos hematopoéticos começam a produzir grande quantidade de hemácias extras POLICITEMIA VERA Contagem de hemácias podem atingir 7/8 milhões, alcançando mais que o dobro do que o limite normal É causada por alteração genética nas células que produzem as hemácias, aumentando a produção Causa uma circulação deficitária pela diminuição do fluxo (sangue viscoso) e possibilidade formação de trombos TIPOS SANGUÍNEOS, TRANSFUSÃO E TRANSPLANTE DE TECIDOS E ÓRGÃOS As aglutininas são gamaglobulinas que são produzidas pela medula óssea e órgãos linfáticos e quando sangue não compatíveis são misturados, as hemácias se aglutinam como resultado da fixação das próprias aglutininas A aglutinação causa trombos e pode causar a oclusão dos vasos, sendo a oclusão renal a mais grave Também pode ocorrer hemólise quando não houver compatibilidade, o processo se dá por enzimas proteolíticas que geram o rompimento das membranas celulares FATOR RH Existem 6 tipos comuns de antígenos RH: C, D, E, c, d, a (sendo o D o mais prevalente e antigênico) RH + = possui antígeno D PH - = não possui o antígeno D Quando uma pessoa RH- entra em contato com sangue RH+, desenvolve aglutininas anti RH, uma sensibilização lenta. Em casos de exposições múltiplas a sensibilização é grande e uma transfusão pode ser ter resultados graves Na eritroblastose fetal há aglutinação e fagocitose das hemácias do feto Quando uma mãe RH- e pai RH+ geram um filho RH+ e por consequência a mãe desenvolve aglutininas anti RH pela exposição ao antígeno RH do feto As aglutininas da mãe passam pela placenta causando aglutinação de hemácias mas a sensibilização costuma atingir a partir do 2º filho Há uma imunoglobulina RH globina (anticorpo anti- D) que é administrado às gestantes RH- que tem o 1º filho RH+ para impedir a sensibilização das mães contra o antígeno D REAÇÕES TRANSFUSIONAIS É provável que ocorra aglutinação das hemácias do doador quando em contato com sangue de outro tipo Causam hemólise imediata, resultante das hemolisinas, ou hemólise tardia, resultante da fagocitose das células aglutinadas A hemoglobina liberada é convertida em bilirrubina, sendo excretada na bile pelo fígado A insuficiência renal é um dos efeitos mais letais, podendo se iniciar após alguns minutos ou horas e continuar até a morte por insuficiência renal Reação antígeno-anticorpo da reação de transfusão libera substâncias tóxicas = vasoconstrição intensa Perda de hemácias circulantes pelo receptor + produção de substâncias tóxicas = choque circulatório TRANSPLANTE DE TECIDOS E ÓRGÃOS Células estranhas transplantadas de qualquer local para o corpo de um receptor pode causar reações imunes Autoenxertos: tecido ou órgão transplantado para o mesmo ser humano (mesmo tipo de antígenos) Isoenxerto: transplante entre gêmeos idênticos (mesmo tipo de antígenos) Aloenxerto: de um ser humano para outro da mesma espécie Xenoenxerto: transplante de animal para o ser humano, ou de uma espécie para outra (maior probabilidade de reação imune) TIPAGEM TECIDUAL Os antígenos mais importantes na rejeição de enxertos são os antígenos HLA 6 desses antígenos estão presentes nas membranas celulares dos tecidos de cada pessoa, mas eistem 150 diferentes, resultando em 1 trilhão de combinações possíveis A supressão do sistema imune impede a rejeição do enxerto - Glicocorticoides que suprimem o crescimento do tecifo linfoide e diminuem a formação de anticorpos e células T - Fármacos com efeito tóxico sobre o sistema linfoide bpqueia a formação de anticorpos e das células T (azatioprina) - Ciclosporina inibe a formação de células T auxiliares, eficaz no bloqueio da rejeição da célula T