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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE VETERINÁRIA DISCIPLINA: MELHORAMENTO GENÉTICO PROFESSOR: CÉSAR FERNANDES GABRIELA COSTA VERAS MELHORAMENTO GENÉTICO APLICADO À BUBALINOCULTURA FORTALEZA - CE | 2021 1. INTRODUÇÃO Os búfalos foram introduzidos no Brasil há aproximadamente cem anos, vindos dos continentes europeu e asiático. As principais importações ocorreram principalmente da Itália, o que contribuiu para a formação de um grande efetivo da raça Mediterrânea, que forma a base da população de búfalos do Brasil. O rebanho inicial apresentou um número considerável de animais, demonstrado pelas numerosas importações realizadas pelos criadores do Pará. Os búfalos são animais rústicos, longevos, com grande capacidade adaptativa e resistência às doenças infectocontagiosas e aos endoparasitas e ectoparasitos, o que tem permitido ocupar espaços nunca utilizados pelos bovinos e zebuínos. Além do mais, seu desempenho produtivo, de carne e leite e reprodutivo, tem despertado interesse de pesquisadores e criadores. Entretanto, nos países em desenvolvimento, a importância do melhoramento para a produção e melhoria da qualidade da carne e do leite ainda é subestimada, provavelmente pelo fato de que a resposta a melhoria das condições ambientais é de fácil observação e também pelo fato da valorização econômica de um animal ser, em muitos casos, obtida com base nos seus caracteres reprodutivos e raciais. No Brasil, os búfalos são criados há algumas décadas sem a existência de programas intensos de melhoramento genético e pouco se tem feito visando o progresso da espécie. Segundo Santos, o melhoramento genético representa, dentre outras, uma alternativa para aumentar a produção animal, alterando a constituição genética dos rebanhos por meio da seleção, promovendo ganhos permanentes e cumulativos. O búfalo é uma espécie doméstica distribuída em todos continentes, sendo explorada na produção de leite, carne e trabalho. Alguns países da América do Sul como Argentina, Brasil, Colômbia e Venezuela, dedicam-se principalmente à produção de carne desta espécie, todavia, o setor leiteiro vem apresentando importante crescimento, sendo este relacionado principalmente a fatores econômicos e de mercado. Devido sua rusticidade, adaptabilidade, eficiência reprodutiva e consumo de uma grande variedade de forragens, o búfalo representa uma ótima alternativa para produção de carne a pasto, o que tem contribuído para um maior número de criadores adeptos à espécie. A disseminação de ferramentas auxiliares aos processos de seleção e acasalamento precedida pelo bom controle zootécnico do rebanho e o acompanhamento de técnicos qualificados são fundamentais para que a bubalinocultura experimente ganhos reais de produtividade e qualidade. O conhecimento dos índices produtivos proporciona uma melhor avaliação do perfil de desempenho do rebanho auxiliando na tomada de decisões mais precisas e efetivas para melhoria de cada característica desejada, sendo estes índices essenciais para o processo de seleção dos melhores animais, descartando os de características não desejáveis. 2. MELHORAMENTO GENÉTICO Duas são as ferramentas disponíveis para se promover o melhoramento genético de qualquer espécie: seleção e cruzamento. Seleção é o processo decisório que indica quais animais de uma geração irão se tornar pais da próxima, e quantos filhos lhes serão permitido deixar. Ou seja, pode-se entender a seleção como sendo a decisão de permitir que os melhores indivíduos de uma geração sejam pais da geração subsequente. A seleção, de modo geral, tem o objetivo de melhoria e/ou fixação de alguma característica de importância. O trabalho do melhorista é tentar separar a parte genética da parte ambiental e destinar um valor para cada reprodutor ou reprodutriz. Da seleção e acasalamento entre indivíduos de valores desejáveis, espera-se uma progênie superior. A ferramenta do geneticista, portanto, é a variabilidade genética. A consanguinidade (ou endogamia) tende a fazer o conjunto de gametas mais semelhantes, promovendo a formação de famílias. A exogamia, que ocorre quando os indivíduos 4 acasalados são menos aparentados entre si, promovendo a destruição das diferenças entre as famílias que foram obtidas por endogamia e produzindo o vigor híbrido ou heterose. Mesmo dentro de uma raça, havendo famílias distintas, o criador poderá usufruir dessas diferenças a seu favor, acasalando indivíduos provenientes de famílias diferentes e, consequentemente, com características diferentes fixadas pela endogamia. Em qualquer programa de melhoramento de animais, o primeiro passo é definir o ideal. Até que decida qual o tipo de animal produzir, o criador está de mãos atadas e incapacitado de selecionar os melhores animais, ou de eliminar os piores. A seleção, portanto, deve ser precedida pela definição dos objetivos e critérios de seleção a serem adotados pelo criador individual ou pelo grupo de criadores que compartilham sistemas de produção e exigências mercadológicas semelhantes. O objetivo da seleção define a meta a ser atingida, baseando-se no que o criador pretende alcançar, qual o tipo de produto que pretende disponibilizar. No entanto, ações em melhoramento genético devem prever a situação dos mercados (interno e externo) daqui a 5 ou 10 anos, o que não se trata de uma tarefa simples. E para atingir a meta estabelecida existem os 5 critérios de seleção disponibilizados pelos programas de melhoramento ou determinados pelo próprio criador. Os critérios, portanto, são os meios pelos quais espera-se atingir os objetivos. São características como os pesos às várias idades, medições de perímetro escrotal, altura e de eficiência reprodutiva (como idade ao primeiro parto ou produtividade acumulada). 3. MELHORAMENTO GENÉTICO EM BÚFALOS DE CORTE Devido sua rusticidade, adaptabilidade, eficiência reprodutiva e consumo de uma grande variedade de forragens, o búfalo representa uma ótima alternativa para produção de carne a pasto, o que tem contribuído para um maior número de criadores adeptos à espécie. A disseminação de ferramentas auxiliares aos processos de seleção e acasalamento precedida pelo bom controle zootécnico do rebanho e o acompanhamento de técnicos qualificados são fundamentais para que a bubalinocultura experimente ganhos reais de produtividade e qualidade. As medidas de desenvolvimento ponderal são características relacionadas ao ganho de peso dos animais. Dentre as características relacionadas ao peso, destacam-se: peso ao nascimento (PN); aos 205 dias de idade (P205), associado ao período do desmame; e o peso aos 365 dias de idade (P365). Estas características representam importantes etapas na trajetória dos búfalos de corte, sendo incluídas como objetivos e critérios de seleção num programa de melhoramento genético. O PN é de vital importância na eficiência da produção de carne. Campos et al. (1986), ressaltam a importância do PN e o relaciona com o período da gestação, afirmando que o mesmo sofre influência das condições ambientais a que a mãe foi submetida. O PN possui alta correlação com os pesos de idades posteriores. Deseja-se que este não seja muito baixo, pois aumenta a taxa de mortalidade na fase pré-desmame. Além disto, a mensuração desta característica é importante por indicar indiretamente o desenvolvimento do animal ao nascimento, sendo fundamental no momento da seleção de reprodutores, para evitar que sejam selecionados animais de alto PN, pela maior probabilidade de ocasionar partos distócicos Para os búfalos o peso ao nascer é uma característica produtiva de elevada importância zootécnica, explicada pela relação existente entre o PN e a taxa de sobrevivência ao desmame, bem como sua relação com as demais fases de desenvolvimento do animal, quer seja para produção de carne, leite ou animais destinados à reprodução. Segundo Nogueira et al. (1997), bezerros bubalinos que apresentam maiores pesos ao nascimento tendem a ganhar peso mais rapidamente, pré e pós-desmame. Esta medida ponderal é também uma das primeirasexpressões fenotípicas do genótipo individual, podendo ser usada no auxílio à seleção precoce de animais, em programas de melhoramento genético. Pereira (2004), afirma que esta característica possui ampla variação, o que leva a necessidade de aferir o quanto desta variação é de natureza genética e o quanto é de natureza ambiental. 2. MELHORAMENTO GENÉTICO EM BÚFALOS DE LEITE A atividade leiteira do gado de leite tem se mostrado interessante devido ao retorno financeiro que proporciona. Tal lucro financeiro está relacionado a composição do leite bubalino, que possui elevados teores de sólidos totais, e apresenta maiores porcentagens de gordura e proteína, quando comparado ao leite de vaca. Estas características conferem ao leite de búfala maior rendimento na obtenção de derivados lácteos e melhor remuneração aos produtores No Brasil são consideradas excelentes búfalas leiteiras aquelas que produzem, em média, mais de sete litros de leite por dia. O uso de programas de seleção e a implementação de técnicas de manejo têm trazido avanços significativos na produção de leite de búfalo. A produção individual por fêmea/lactação pode atingir entre 4.000 e 6.000 litros/300 dias. O leite é cerca de 40-50% mais produtivo na elaboração de derivados (queijos, iogurte, doce de leite, etc.) que o leite bovino. Outros fatores que destaca o leite dos bubalinos é que ele possui 33% menos colesterol, 48% mais proteína, 59% mais cálcio e 47% mais fósforo do que o leite bovino. Por conter um teor de gordura maior, são necessários apenas 14 litros de leite de búfala para produzir 1 kg de manteiga, ao passo que para obter a mesma quantidade de manteiga com leite de vaca bovina, são necessários mais de 20 litros. Com apenas 5,0 litros de leite de búfala pode-se obter 1 kg de queijo Mussarela de alta qualidade. Na Itália, onde se encontra a maior produção de leite de búfala da Europa, a sua quase totalidade é destinada à elaboração de Mussarela. Na Itália, a seleção genética dos rebanhos bubalinos foi direcionada em grande parte para a produção de leite. Dito isto, é relevante mencionar a mozzarella de búfala, um queijo derivado de leite bubalino originário deste país, que é conhecida e apreciado em diversas localidades do mundo. No Brasil, o aumento da demanda pelo leite bubalino bem como a valorização deste produto e de seus derivados nas últimas décadas tem evidenciado ainda mais a espécie bubalina, e em razão disto, a seleção de animais geneticamente superiores quanto à produção de leite e outras características de interesse econômico tem sido praticada no país A composição, qualidade e volume do leite produzido durante o ano são influenciados pelas características reprodutivas da espécie bubalina. A intensidade e tipo destas variações ocorrem devido ao manejo alimentar, sanitário e genético imposto pelo criador, e podem favorecer ou prejudicar a qualidade e rendimento dos produtos derivados do leite da búfala. Contudo deve-se fazer um planejamento dos acasalamentos das búfalas, respeitando as características da espécie, para diminuir a concentração da produção de leite com características inadequadas para a produção de produtos lácteos, como por exemplo, o aumento da acidez titulável do leite 3. CONCLUSÃO Conclui-se que o melhoramento genético de bubalinos é promissor no Brasil e nas demais partes do mundo, uma vez que a espécie gera produtos diferenciados no mercado e pode proporcionar uma maior retorno produtivo para os proprietários. Dessa forma, o gerenciamento genético do rebanho precisa de suporte técnico adequado para que maiores ganhos possam ser alcançados. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS TONHATI, Humberto et al. Parâmetros genéticos para a produção de leite, gordura e proteína em bubalinos. Revista Brasileira de Zootecnia= Brazilian Journal of Animal Science, p. 2051-2056, 2000. MARCONDES, Cintia Righetti. Melhoramento de búfalos no Brasil: avanços, entraves e perspectivas. Embrapa Pecuária Sudeste-Artigo em periódico indexado (ALICE), 2011. RAMOS, Alcides de Amorim et al. Caracterização fenotípica e genética da produção de leite e do intervalo entre partos em bubalinos da raça Murrah. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 41, p. 1261-1267, 2006. ANDRADE, Willian Bruno Fernandes de. Inclusão da informação genômica na avaliação genética de bubalinos leiteiros. 2020. MOUSQUER, Claudio Jonasson et al. Benefícios do uso de animais geneticamente superiores para o aumento da eficiência produtiva. PUBVET, v. 7, p. 2088-2188, 2013. MALHADO, Carlos Henrique Mendes et al. Parâmetros e tendências da produção de leite em bubalinos da raça Murrah no Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, p. 376-379, 2007. RODRIGUES, ALESSANDRA EPIFANIO. Estimação de parâmetros genéticos para características produtivas em búfalos (Bubalus bubalis) na Amazônia Oriental. 2007. Tese de Doutorado. Dissertação (Ciência Animal), Universidade Federal do Pará, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária da Amazônia Oriental, Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, 2007. 67f.(Disponível em:< www. cienciaanimal. ufpa. br/.../CA Antonio Epifanio Rodrigues. pdf.