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Prof. Hicla Moreira PIGMENTAÇÃO PIGMENTOS - Substâncias que têm cor própria e origem, composição química e significado biológico diversos. Latim pigmentum = corante, cor - Os pigmentos acham-se distribuídos amplamente na natureza e são encontrados em células vegetais e animais, nas quais desempenham importantes funções (p. ex., clorofila, melanina). EXÓGENAENDÓGENA O processo de formação e/ou acúmulo, normal ou patológico, de pigmentos no organismo. Pigmentação por pigmentos produzidos dentro do corpo. PIGMENTAÇÃO ENDÓGENA Grupo dos pigmentos hemáticos ou hemoglobinógenos Grupo dos pigmentos melânicos, originados da melanina Lipofuscina 1. PIGMENTOS HEMÁTICOS OU HEMOGLOBINÓGENOS Pigmentos biliares ✓O principal pigmento biliar é a bilirrubina (Bb), produto final do catabolismo da fração heme da hemoglobina e de outras hemoproteínas. hemocaterese Kernicterus ou Icterícia Nuclear Pigmentos biliares • ICTERÍCIA É o sinal clínico causado por elevação dos níveis plasmáticos de Bb acima de 35 μM/L (hiperbilirrubinemia) e por sua deposição na pele, esclera, mucosas e na maioria dos tecidos e órgãos, em especial fígado e rins, nos quais produz coloração que vai do amarelo ao negro, passando por diversas tonalidades de verde. Bilirrubina (Cirrose biliar) • aumento da produção de Bb, por exemplo, em anemias hemolíticas. • redução na captação e no transporte da Bb por hepatócitos, por exemplo, em doenças genéticas. • diminuição na conjugação da Bb, por exemplo, em doenças genéticas. • redução na excreção celular da Bb, por exemplo, em doenças genéticas. • obstrução à eliminação canalicular intra e extra-hepática da Bb, por exemplo, por tumores e cálculos. • mais de um mecanismo, como por exemplo, em hepatites e na cirrose hepática. Pigmentos biliares • CLASSIFICAÇÃO DAS ICTERÍCIAS • ICTERÍCIA FISIOLÓGICA DO RECÉM-NASCIDO - Comum o aparecimento de icterícia no período neonatal imediato, de caráter benigno e transitório. - Resulta de aumento do catabolismo do heme e de menor capacidade no transporte (p. ex., baixos níveis de ligandina no fígado neonatal) e na conjugação e excreção de Bb. 1. PIGMENTOS HEMÁTICOS OU HEMOGLOBINÓGENOS • Hemossiderina - É também um pigmento resultante da degradação da hemoglobina e que contém ferro. - A hemossiderina representa uma das duas principais formas de armazenamento intracelular de ferro; a outra é a ferritina. - Necessário um equilíbrio constante entre absorção, transporte, armazenamento e utilização do metal. - Para evitar esse efeito oxidativo potencialmente lesivo, o ferro em excesso é armazenado e/ou sequestrado por diversas proteínas, tais como transferrina, lactotransferrina, melanotransferrina, heme, metaloenzimas, ferritina e hemossiderina. Pigmento derivado da hemoglobina (Hemossiderina-ferritina) 1. PIGMENTOS HEMÁTICOS OU HEMOGLOBINÓGENOS Hemossiderina - DEPOSIÇÃO LOCALIZADA ou SISTÊMICA - LOCALIZADA: Após um traumatismo, a hemorragia é vista como uma área vermelho-azulada ou negro-azulada, devido à presença de hemoglobina desoxigenada. Com o início da degradação da hemoglobina e da produção de biliverdina e Bb, a pele adquire tonalidade verde-azulada a amarelada e, finalmente, com a formação de hemossiderina, cor ferruginosa ou amarelo-dourada. Hemossiderose renal Hemossiderina no citoplasma de macrófagos em foco de hemorragia antiga . Hemossiderose hepática. Deposição de pigmento de hemossiderina nos hepatócitos. Equimose Hemoglobina extravasada e desoxigenada+ biliverdina + bilirrubina 1. PIGMENTOS HEMÁTICOS OU HEMOGLOBINÓGENOS Hemossiderina - DEPOSIÇÃO SISTÊMICA Ocorre em consequência de aumento na absorção intestinal do ferro, que ocorre especialmente em anemias hemolíticas e após transfusões de sangue repetidas. O pigmento acumula-se em macrófagos do fígado, baço, medula óssea, linfonodos e, mais esparsamente, nos da derme, do pâncreas e dos rins. Hemossiderose sistêmica de hepatócitos em uma paciente que recebeu múltiplas transfusões sanguíneas. 2. PIGMENTOS MELÂNICOS ✓ Sítios fisiológicos: Melanócitos: pele , retina , bexiga, tubo digestivo, adrenais, meninges. ✓Aspecto macroscópico e microscópico : Marrom a Preto Fragmento de pele em que nota a hiperpigmentação da camada basal do epitélio (cabeça de seta) e pigmentos melânicos presentes no tecido conjuntivo subjacente. Esse quadro é compatível com efélide ou sarda (HE, 200X). 2. PIGMENTOS MELÂNICOS ✓ Funções: • Proteção contra a radiação ultravioleta B (fotoproteção), ação antioxidante, absorção de calor, cosmética, comunicação social, camuflagem em várias espécies animais (p. ex., peixes e anfíbios) e reforço da cutícula de insetos e da parede de células vegetais. Na pele, os melanócitos estão situados junto à camada basal da epiderme (onde representam cerca de 10% da população celular dessa camada) e na matriz dos folículos pilosos. AUMENTO: Ação actínica (sol), “sinais” cutâneos (nevus e melanoma), insuficiência adrenal (ação do ACTH hipofisário sobre os melanócitos). DIMINUIÇÃO: Cicatrizes, lepra, vitiligo, albinismo CAUSAS Ação actínica Nevos pigmentados Baixa produção de glicocorticoides ALBINISMO ✓ Localizada principalmente na região do crânio. ✓ Os melanócitos encontram-se em número normal, mas não produzem pigmento. VITILIGO ✓ Comum nas mãos ✓ Causada pela diminuição da quantidade de melanócitos produtores de pigmento na epiderme ✓ Manifestando-se clinicamente como manchas apigmentadas. 3. LIPOFUSCINA - Pigmento de desgaste, pigmento do envelhecimento. - A lipofuscina (do latim fuscus = marrom, portanto lipídeo marrom) é considerada um marcador biológico de envelhecimento celular Pigmento pardo- amarelado de lipofuscina no citoplasma de células musculares cardíacas. 3. LIPOFUSCINA - A lipofuscina contém principalmente proteínas e lipídeos na proporção de 30 a 70% e 20 a 50%, respectivamente, em forma de polímeros não degradáveis derivados da degradação oxidativa de várias macromoléculas celulares. - Lipofuscina acumula-se com o passar do tempo, em razão de que os processos responsáveis por sua formação e seu acúmulo (autofagia e produção de moléculas de oxigênio reativas) ocorrem ao longo da vida. Deposição de lipofuscina em células musculares cardíacas parece não afetar a função do órgão. Acúmulo de lipofuscina no epitélio pigmentar da retina associa-se a degeneração macular relacionada com a idade, que é a principal causa de cegueira ou distúrbio visual grave em humanos nos países desenvolvidos, afetando 10 a 20% dos indivíduos acima de 65 anos. Pigmento depositado na célula que serve para detectar o tempo de vida celular - São corpos estranhos, de cor própria, de consistência, forma e origens variadas, produzidos fora do organismo, atingindo- o pelas: ✓ Vias aéreas superiores ✓ Canal alimentar ✓ Pele (TATUAGENS) •Partículas de poeiras (irritantes) - podem ficar retidas ou ser eliminadas ou transportadas para outros locais pela circulação linfática ou sanguínea, ou por macrófagos. •Diferentes partículas de poeiras – sílica, mercúrio, prata, chumbo, ferro, cobre, cimento, calcário, fosfato, carvão, etc. = escavações para extrações de minerais 1. ANTRACOSE - Fumantes e em praticamente todo indivíduo adulto ou idoso morador em grandes ou médias cidades onde exista certo grau de poluição atmosférica. - Inalação de fumaça liberada da queima de combustível sólido derivado da biomassa utilizado no preparo de alimentos em casa. CAUSA: Pigmentação por sais de carbono 1. ANTRACOSE - Pigmento de carvão é FAGOCITADO por macrófagos alveolares e TRANSPORTADO aos linfonodos regionais. - Acúmulo do pigmento = coloração negra nas partes afetadas: ✓ Pulmões ✓ Superfície pleural ✓ Linfonodos do hilo pulmonar MECANISMO: A antracose em si não gera grandes problemas, mas sua evolução pode originar disfunções pulmonares graves. 1. ANTRACOSE - Endurecimento do pulmão (reação a agressão contínuade poeira) - Fibroplasia progressiva no interstício-pulmonar - Compressão de bronquíolos e dificuldade de expansão dos alvéolos - Grave enfisema pulmonar - Reação inflamatória crônica irreversível CONSEQUÊNCIAS: (PNEUMOCONIOSE) 2. ARGIRIA Grego argyros = prata Deposição de SAIS DE PRATA nos tecidos. CAUSA: - Impregnação mecânica da pele, através das glândulas sudoríparas, por minúsculas partículas de prata em indivíduos que trabalham com esse metal e, raramente, uso de brincos. Argiria. Depósito granular de prata na membrana basal das glândulas sudoríparas. (Cortesia do Prof. Tancredo A. Furtado, Belo Horizonte-MG.) 2. ARGIRIA LOCALIZADA CAUSA: - Tratamento odontológico em que se utiliza amálgama (mistura metálica de mercúrio e prata), uso prolongado de medicamentos tópicos que contêm nitrato de prata ou implantação cutânea de agulhas de acupuntura. 2. ARGIRIA SISTÊMICA CAUSA: - Ingestão ou inalação crônica de compostos de prata solúveis (p. ex., nitrato de prata ou prata coloidal), além da deposição do metal na pele e nas unhas, grânulos de prata são encontrados em macrófagos dos linfonodos, membrana basal dos glomérulos renais e globo ocular (conjuntiva, córnea e retina). Anomalia da pele (argiria). 3. SIDEROSE Depósitos de poeira de ferro nos tecidos humanos - Acometer trabalhadores expostos a atividades extrativas de minério de ferro (hematita, magnetita, limonita), produção de pigmentos naturais contendo óxidos de ferro em tintas e pisos, metalurgia de aço, ferro e ligas, solda a arco elétrico e oxietileno, polimento de metais com óxidos de ferro em cutelaria de aço e prata e outras atividades afins. Cor: ferrugem. 3. SIDEROSE - Na mineração de ferro, os óxidos de ferro podem estar associados a sílica em concentrações variáveis, causando lesão pulmonar mista chamada siderossilicose. A siderose não é muito descrita na literatura brasileira. SIDEROSE 4. BISMUTO Intoxicação com SAIS DE BISMUTO. Rara de ser vista, sendo comum na terapia para sífilis. - Deposição principalmente na gengiva Cor: enegrecida 5. TATUAGEM - Feita por sais de enxofre, mercúrio, ferro e outros corantes. - Os pigmentos são fagocitados por macrófagos. Uma parte é drenada para os linfonodos regionais, mas a maior parte fica depositada no local para o resto da vida. CALCIFICAÇÃO CALCIFICAÇÃO Deposição anormal de sais de cálcio, com pequenas frações de ferro, magnésio e outros sais minerais, ou seja, em locais onde não é comum a sua deposição. ✓ É um processo que ocorre normalmente na formação dos ossos e cartilagens. ✓ A calcificação patológica é definida por se localizar fora do tecido ósseo ou dental, em situações de alteração da homeostase e da morfostase. TIPOS ✓Calcificação Distrófica ✓Calcificação Metastática ✓Ocorre devido à lesão do próprio tecido. ✓Encontrada principalmente nos tecidos com necrose dos tipos: Caseosa, Coagulativa e Gordurosa. ✓Sua presença é quase frequente nos ateromas. ✓Podem ser vista nas valvas cardíacas lesadas por febre reumáticas ou por processos degenerativos do envelhecimento. ✓A alteração no pH local no tecido lesado, faz o organismo depositar cálcio para neutralizá-la. ✓ Embora na maioria das vezes não produza sintomas clínicos (a não ser que se desenvolva em pontos críticos (coronárias, valvas cardíacas) desempenha um importante papel no diagnóstico radiológico. Mamografia revela microcalcificação é um sinal sugestivo de câncer na mama. Pontos de calcificação (basofílicos) na camada íntima da aorta em um processo avançado de ateroesclerose. (HE, 200X). Cálculos cerebrais, podendo ser provocada por Toxoplasmose congênita ✓ Cálcio mobilizado de outras áreas, depositando-se a distância. ✓ Se deve ao aumento do cálcio circulante (hipercalcemia). ✓ É portanto encontrado: - Aumento do paratormônio (Hiperparatireoidismo). - Excesso de vitamina D. - Aumento da mobilização do cálcio ósseo (ex: destruições de ossos por tumores). ✓ A principal causa de hipercalcemia é hipersecreção de paratormônio ou de moléculas semelhantes. ✓ Doença de Addison (produção insuficiente dos hormônios da glândula suprarenal). ✓ Essa situação pode ser devida à remoção de cálcio dos ossos (comum em situações de cânceres e inflamações ósseas, imobilidade, hiperparatireoidismo) ou à dieta excessivamente rica desse íon. ✓ Calcificação metastática é originada de uma hipercalcemia. • Depósitos de cálcio metastáticos podem formar-se em qualquer local, mas há nítida preponderância do estômago, pulmão, rins, artérias sistêmicas, veias pulmonares e córnea. • Esses órgãos e estruturas têm em comum o fato de secretarem ácidos, criando um compartimento interno alcalinizado. • O estômago é notável pela capacidade de secretar ácido no suco gástrico; a urina produzida pelo rim é ácida; o pulmão elimina C02; a córnea também perde C02 por difusão (nos processos ciliares, há atividade de anidrase carbônica). • Os depósitos em vasos com sangue oxigenado (artérias sistêmicas e veias pulmonares) explicam-se pelo mesmo princípio, já que o sangue venoso é mais ácido que o arterial, dada a sua maior concentração de carbonatos. CALCULOSE OU LITÍASE ✓ Calcificação em estruturas tubulares diferentes de vasos sanguíneos. ✓ Não difere muito dos padrões de formação da calcificação distrófica. ✓ Sua particularidade reside no fato de se localizar em estruturas tubulares. CALCULOSE OU LITÍASE ✓A calculose pode levar à obstrução, à lesão ou à infecção de ductos, principalmente do pâncreas, da glândula salivar, da próstata e dos tratos urinário e biliar. A. Cálculos pigmentares (bilirrubinato) de tamanhos variados, na luz da vesícula biliar. B. Cálculo misto, único, volumoso, associado a colecistite aguda (notar material purulento recobrindo a superfície interna da vesícula biliar). (Cortesia do Prof. Tarcizo Afonso Nunes, Belo Horizonte) Glândula salivar maior apresentando grande cálculo (sialólito) ocupando o dueto. (Cortesia do Prof. José de Souza Andrade Filho, Belo Horizonte·MG.) Concreções sólidas formadas nos duetos de glândulas salivares. Estagnação de secreções ricas em cálcio ocasiona a precipitação luminal, possivelmente em torno de partículas de muco ou de células degeneradas, formando sialólitos. CÁLCULO URINÁRIO ✓ A maioria dos cálculos renais é composta de Oxalato de cálcio e de Oxalato de fosfato. ✓ Fatores determinantes: • Aumento da concentração do soluto na urina • pH urinário baixo, resultando em baixa solubilidade do soluto • Baixa ingestão de líquido (estase urinária) • Infecção persistente ✓ GOTA é uma doença caracterizada pela elevação de ácido úrico no sangue e surtos de artrite aguda secundários ao depósito de cristais de monourato de sódio. ✓ São muito característicos regiões volumosas localizadas nos cotovelos. Apesar de não ser comum, quando aparecem na cartilagem do ouvido são úteis para diagnóstico de gota. ✓ Diagnóstico tardio e os que não se tratam têm cristais de monourato de sódio depositados nas articulações, tendões e cartilagens. ✓ Problemas enzimáticos – responsável pela excreção do ácido úrico pelos rins.; medicamentos (AAS e diuréticos) – diminuição da excreção. Estão entre as causas da doença: • 1) ausência congênita de um mecanismo enzimático responsável pela excreção do ácido úrico pelos rins. Sem a eliminação adequada, há um aumento da concentração desse ácido no sangue; • 2) produção excessiva de ácido úrico pelo organismo devido a um “defeito” enzimático (causa menos comum). Neste caso, a pessoa produz grande quantidade de ácido úrico que os rins não conseguem eliminar; • 3 ) uso de medicamentos como diuréticos e o ácido acetilsalicílico que podem levar à diminuição da excreção renal do ácido úrico.