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Dificuldade de aprendizado e suas patologias 02 1. Introdução 4 2. Aprendizagem e Educação 7 3. As dimensões do Processo de Aprendizagem 12 Dimensão Biológica 12 Dimensão Cognitiva 13 Dimensão Social 13 Dimensão Pedagógica 14 Os Fatores que Levam aos Problemas de Aprendizagem 14 Orgânicos 14 Específicos 14 Psicógenos 15 Ambientais 15 4. Os Distúrbios da Aprendizagem 17 Dificuldades Escolares Globais de Origem Afetiva 21 Dificuldade da Leitura 23 Os Aspectos Funcionais do Aprendizado da Leitura 23 Distúrbio da Leitura 24 Dificuldade da Escrita 26 Disgrafta 26 Disortografta 27 Dificuldade no Raciocínio Matemático 27 Discalculia 27 Outros Déficits 27 5. Referências Bibliográficas 31 03 4 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS 1. Introdução Fonte: Brasil Escola1 os esforçamos para oferecer um material condizente com o curso embora saibamos que os clás- sicos são indispensáveis. As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal, opiniões e bases in- telectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais, mas deixamos claro que não há in- tenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente, estamos cientes e 1 Retirado em https://brasilescola.uol.com.br/educacao/dificuldades-aprendizagem.htm primamos pelo conhecimento cien- tífico, testado e provado pelos pes- quisadores. Não obstante, o curso tenha objetivos claros, positivos e Específi- cos, nos colocamos abertos para crí- ticas e para opiniões, pois temos consciência que nada está pronto e acabado e com certeza críticas e opi- niões só irão acrescentar e melhorar nosso trabalho. N 5 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS Como os cursos baseados na Metodologia da Educação a Distân- cia, vocês são livres para estudar da melhor forma que possam organi- zar-se, lembrando que: aprender sempre, refletir sobre a própria ex- periência se somam e que a educa- ção é demasiado importante para nossa formação e, por conseguinte, para a formação dos nossos/ seus alunos. Assim, a apostila em questão traz os seguintes conteúdos: apren- dizagem e educação; as dimensões do processo de aprendizagem (bio- lógica, cognitiva e social); os fatores que levam aos problemas de apren- dizagem (orgânicos, Específicos, psicógenos e ambientais); os distúr- bios de aprendizagem e a legislação de apoio para atendimento de crian- ças com dificuldades de aprendiza- gem. Fonte: http://portalindepen- dente.com/ Trata-se de uma reunião do pensamento de vários autores que entendemos serem os mais impor- tantes para a disciplina. Para maior interação com o aluno deixamos de lado algumas re- gras de redação científica, mas nem por isso o trabalho deixa de ser cien- tífico. Desejamos a todos uma boa leitura e caso surjam algumas lacu- nas, ao final da apostila encontrarão nas referências consultadas e utili- zadas aporte para sanar dúvidas e aprofundar os conhecimentos. 7 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS 2. Aprendizagem e Educação Fonte: Sistema Smartcare2 aprendizagem é o processo através do qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana, daquilo que o seu grupo social conhece. Para que a criança aprenda, ela necessitará in- teragir com outros seres humanos, especialmente com os adultos e com outras crianças mais experientes. Nas inúmeras interações em que se envolve desde o nascimento, a cri- ança vai gradativamente ampliando suas formas de lidar com o mundo e vai construindo significados para as suas ações e para as experiências 2 Retirado em https://sistemasmartcare.com.br/bncc-objetivos-de-aprendizagem-e-desenvolvimento-na- educacao-infantil/ que vive (DAVIS E OLIVEIRA, 1994). Sendo assim, pode-se reunir mais claramente aprendizagem co- mo um processo evolutivo e cons- tante que implica uma sequência de modificações observáveis e reais no comportamento do indivíduo (físico e biológico e no meio que o rodeia) atuante e atuado. Este processo se traduz pelo aparecimento de formas realmente novas (POPPOVIC, 1968 apud CIASCA, 2008). Por isso, a aprendizagem é considerada um processo integrati- A 8 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS vo, supõe uma dinâmica interna, mental, ou seja, o indivíduo não acu- mula simplesmente conhecimentos, mas passa a entender com mais pro- fundidade as novas descobertas. A aprendizagem está sempre se efetuando, é um processo que co- meça com o nascimento, ou até mes- mo antes dele, e continua de uma forma ou de outra, durante toda a nossa vida e se acentua na escola, Com o processo sistêmico de escolarização. A aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. A aprendizagem é resul- tante do desenvolvimento de apti- dões e de conhecimentos, bem como da transferência destes para novas situações (STACCIARINI e ESPERI- DIÃO, 1999). O processo de aprendizagem é desencadeado a partir da motivação. Ao longo do desenvolvimento cognitivo e afetivo, a constituição do sujeito se faz pela resolução de con- flitos de aquisições, sendo a aprendi- zagem produto da interação das ne- cessidades que vão se modicando e, assim, configurando novos conflitos, que influenciam a maneira como as etapas posteriores de desenvolvi- mento serão experimentadas. Nesse contexto, a aprendiza- gem constitui-se em um dos indica- dores da capacidade de aprender, relacionado especialmente para as crianças, com o seu padrão de adap- tação, com o nível de desenvolvi- mento cognitivo; a condição cogni- tiva refere-se às estruturas que per- mitem a organização dos estímulos e do conhecimento. Os aspectos afeti- vos, juntamente com os cognitivos e biológicos, são comumente identifi- cados como fatores individuais e in- ternos da criança que, isoladamente ou em interação, determinam as condições de aprendizagem (POR- TO, 2009). Esse processo se dá no interior do sujeito, estando, entretanto, inti- mamente ligado às relações de troca que o mesmo estabelece com o meio, principalmente escolar: seus profes- sores e colegas. Nas situações esco- lares, o interesse é indispensável pa- ra que o aluno tenha motivos de ação no sentido de apropriar-se do co- nhecimento (HUERTAS, 2001). No contexto do processo de es- colarização inúmeros problemas são detectados: dificuldades de coorde- nação motora, agressividade, falta de atenção em sala de aula, dificul- dade com ordenação e muitos ou- tros. Além dos inúmeros fatores que possibilitam o insucesso da cri- ança, como fatores biológicos, soci- ais, emocionais, pedagógicos, etc. outros motivos que levam uma cri- ança ao fracasso escolar seriam: 9 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS Não estar amadurecida o su- ciente para aprender determi- nados conceitos; Não estar motivadas, com a autoestima baixa; Ter problemas fisiológicos; Ter problemas sociais. A acei- tação por parte do professor e dos colegas, o afeto que rece- bem dos pais e das pessoas em geral são objetivos muito caro às crianças. Muito do que elas fazem, se esclarece quando le- vamos isso em consideração; Não ter tido experiências ante- riores favoráveis, ou seja, o que elas estão aprendendo no momento depende de conheci- mentos que não obtiveram; Ter dificuldade de concentra- ção; Podem estar numa escola on- de a forma de ensinar não está de acordo com sua forma de aprender. É preciso ter sempre em mente que uma criança não aprende em função do professor, mas em função dela mesma, de sua autoestima, po-rém, tanto o professor quanto a fa- mília, são imprescindíveis para o su- cesso da mesma. É necessário com- preender para melhor educar. É ne- cessário que o professor esteja aten- to as dificuldades que eventualmen- te possam surgir e se for preciso en- caminhá-la a um especialista. Segundo Porto (2009) a aprendizagem é um processo tão im- portante para a sobrevivência do ho- mem, que cada vez mais, as escolas e as tecnologias estão sempre se aper- feiçoando para tornarem a aprendi- zagem mais eficiente. À medida que se ascende na escala animal, o perío- do da infância, a capacidade para aprender e a importância da apren- dizagem na vida do organismo au- mentam, regularmente, com um correspondente decréscimo dos comportamentos inatos, denomina- dos instintivos. O psicopedagogo, neste con- texto, tem o papel significativo de es- timular ou facilitar o processo ensi- no-aprendizagem, e muitas vezes precisa apenas descobrir na criança o que ela já sabe. Até o momento discorremos sobre a importância da aprendiza- gem, pois bem, agora podemos falar das funções da educação que segun- do Paín (1992) são quatro funções interdependentes, a saber: Função mantenedora: ela garan- te a continuidade da espécie huma- na ao reproduzir em cada indivíduo o conjunto de normas que regem a ação possível. Função socializadora: embora a educação não ensine a comer, a falar ou cumprimentar, ela ensina que 10 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS são as modalidades destas ações, re- gulamentadas pelas normas do ma- nejo, da sintaxe, os códigos gestuais da comunicação. Ela leva o indiví- duo a transformar-se socialmente, a identificar-se com um grupo. Função repressora: se de um la- do a educação educa, de outro ela re- prime no sentido de conservar e re- produzir as limitações que o poder destina a cada classe e grupo social, segundo o papel que lhes atribui na realização de seu projeto socioeco- nômico. Função transformadora: na me- dida em que as contradições do sis- tema produzem mobilizações pri- mariamente emotivas, os diversos grupos se mobilizam e buscam por mudanças. São atitudes revolucio- nárias que também passam pela educação (PAÍN, 1992). Segundo Paín (1992), em fun- ção do caráter complexo na função educativa a aprendizagem se dá si- multaneamente como instância alie- nante e como possibilidade liberta- dora. A alfabetização, por exemplo, que sustenta um sistema opressivo baseado na eficiência e no consumo, se transforma na via necessária da conscientização e da doutrinação re- belde. Desta forma, o sujeito que não aprende não realiza nenhuma das funções sociais da educação, acusan- do sem dúvida o fracasso da mesma, mas sucumbindo a esse fracasso. Para Sara Paín, o problema de aprendizagem mais grave não é o daquele sujeito que não cumpre a norma estatística, mas sim daquele que constitui a OLIGOTIMIA social, que produz sujeitos cuja atividade cognitiva pobre, mecânica e passiva, se desenvolve muito aquém daquilo que lhe é estruturalmente possível. 12 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS 3. As dimensões do Processo de Aprendizagem Fonte: Psicologia 243 a prática diagnóstica é neces- sário levar em consideração al- guns aspectos ou dimensões ligados às três perspectivas de abordagem do fracasso escolar. Essa interliga- ção ajudará a construir uma visão gestáltica da plurianualidade desse fenômeno, possibilitando uma abor- dagem global do sujeito em suas múltiplas facetas. Tipo de cultura, condições e relações político-sociais e eco- nômicas vigentes, o tipo de es- trutura social, as ideologias dominantes e as relações ex- plícitas ou implícitas desses aspectos com a educação esco- lar; 3 Retirado em https://www.psicologia24.it/ Análise da instituição escola; Aluno enquanto aprendente (WEISS, 1992, p. 2-5). Dimensão Biológica Os aspectos orgânicos estão relacionados à construção bifisioló- gica do sujeito que aprende. Altera- ções nos órgãos sensoriais impedi- rão ou dificultarão o acesso aos si- nais do conhecimento. A construção das estruturas cognoscitivas se pro- cessa num ritmo diferente entre in- divíduos normais e os portadores de deficiências sensoriais, pois existi- rão diferenças nas experiências físi- cas e sociais vividas. N 13 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS Diferentes problemas do siste- ma nervoso central acarretarão alte- rações, como, por exemplo, disfasias e afasias que comprometem a lin- guagem e poderão ou não causar problemas de leitura e escrita. Na realidade, crianças portadoras de al- terações orgânicas recebem, na mai- oria das vezes, uma educação dife- renciada por parte da família, o que pode levar à formação de problemas emocionais em diversos níveis, ge- rando dificuldades na aprendizagem escolar. Dimensão Cognitiva Os aspectos cognitivos estão basicamente ligados ao desenvolvi- mento e funcionamento das estrutu- ras cognoscitivas em seus diferentes domínios. Weiss (1992) inclui nessa grande área também aspectos liga- dos à memória, atenção, antecipa- ção, etc., anteriormente agrupados nos chamados fatores intelectuais. Numa visão piagetiana, o de- senvolvimento cognitivo é um pro- cesso de construção que se dá na in- teração entre o organismo e o meio. Se esse organismo apresenta proble- mas desde o nascimento, o processo de construção do sujeito sofrerá al- terações em seu ritmo. Dimensão Social Os aspectos sociais estão liga- dos à perspectiva da sociedade em que estão inseridas a família e a es- cola. Inclui, além da questão das Oportunidades, as questões ligadas à formação da ideologia em diferen- tes classes sociais. A falsa democratização de al- gumas escolas em que se dá a mis- tura de crianças de classe média com ampla base cultural com crianças de camadas menos favorecidas da po- pulação, sendo essas últimas expeli- das da escola por duas reprovações é outro exemplo do problema de di- mensão social. Fonte: https://www.diariolibre.com/ Essa escola que finge aceitar a diversidade cultural constrói nessas crianças a baixa autoestima, o senti- mento de inferioridade que carre- gam para outras escolas ditas mais fáceis. Isso acontece porque na rea- lidade, não fazem dentro da escola 14 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS modificações curriculares e pedagó- gicas que auxiliem a criança menos favorecida a ter uma ascensão no co- nhecimento e se igualar com as do 1º grupo (WEISS, 1992). Dimensão Pedagógica Os aspectos pedagógicos con- tribuem muitas vezes para o apare- cimento de uma formação reativa aos objetos da aprendizagem esco- lar. Tal quadro confunde-se às vezes, com as dificuldades de aprendiza- gem originadas na história pessoal e familiar do aluno. Nesse conjunto de fatores es- tão incluídas as questões ligadas à metodologia do ensino, à avaliação, à dosagem de informações, à estru- turação de turmas, à organização ge- ral, etc., que influindo na qualidade do ensino, interferem no processo ensino-aprendizagem. Segundo Weiss (1992, p. 9) ficam diminuídas assim, as condições de acesso do aluno ao conhecimento via escola. A escola boa deveria ser esti- mulante para aprender, por essa ra- zão, a função básica dos profissio- nais da área de educação deveria ser: Melhorar as condições de en- sino para o crescimento con- stante do processo de ensino aprendizagem e assim preve- nir dificuldades na produção escolar. Fornecer meios, dentro da es- cola, para que o aluno possa superar dificuldades na busca de conhecimentos anteriores ao seu ingresso na escola. Atenuar, ou no mínimo, con- tribuir paranão agravar os problemas de aprendizagem nascidos ao longo da história pessoal do aluno e sua família (WEISS, 1992). Os Fatores que Levam aos Problemas de Aprendiza- gem Orgânicos Refere-se ao crescimento or- gânico, maturação neurofisiológica, a capacidade de manipulação de ob- jetos, etc. Em outras palavras: Integridade anatômica; Investigação neurológica; Funcionamento glandular. São exemplos de fatores orgâ- nicos: a saúde física, a falta de inte- gridade neurológica (sistema ner- voso doentio), alimentação inade- quada, etc. Específicos Estão relacionados a transtor- nos na área da adequação percepti- 15 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS vomotora. (Veremos detalhes no tó- pico sobre distúrbios da aprendiza- gem). Psicógenos Estão relacionadas aos fatores psicogênicos três possibilidades pa- ra o fato do não aprender: Na pri- meira, este constitui um sintoma e, portanto, supõe a prévia repressão de um acontecimento que a opera- ção de aprender de alguma maneira significa; na segunda, trata-se de uma retratação intelectual do ego. Tal retratação ocorre em três opor- tunidades: sexualização dos órgãos, Evitação do erro ou compulsão ao fracasso diante do êxito, como casti- go a ambição do ser; e a terceira, quando o ego está absorvido em ou- tra tarefa psíquica que compromete toda a energia disponível. São exemplos de fatores psico- lógicos: Inibição, fantasia, ansieda- de, angustia, inadequação à realida- de, sentimento generalizado de re- jeição. Ambientais Interessa neste momento as características de moradia, bairro, escola, lazer, acesso a jornais, rádio, etc. Este fator é determinante no di- agnóstico, na medida em que nos permite compreender sua coinci- dência com a ideologia e os valo- res vigentes no grupo. O paciente deve ser avaliado através de seu nível de consciência e participação. São exemplos de fatores ambi- entais: o tipo de educação familiar, o grau de estimulação que a criança recebeu desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de co- municação, etc. 16 17 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS 4. Os Distúrbios da Aprendizagem Fonte: Punto Noticias4 egundo Nutti (2002) definir e distinguir distúrbio, transtor- no e dificuldades e/ou problemas de aprendizagem é uma das mais inqui- etantes problemáticas para aqueles que atuam no diagnóstico, preven- ção e reabilitação do processo de aprendizagem, pois envolve uma vasta literatura fundamentada em concepções nem sempre coinciden- tes ou convergentes. Etimologicamente, a palavra distúrbio compõe-se do radical tur- 4 Retirado em https://puntonoticias.com/ bare e do prefixo dis. O radical tur- bare significa “alteração violenta na ordem natural” e pode ser identifi- cado também nas palavras turvo, turbilhão, perturbar e conturbar. O prefixo dis tem como significado “al- teração com sentido anormal, pato- lógico” e possui valor negativo. O prefixo dis é muito utilizado na ter- minologia médica (por exemplo: distensão, distrofia). Em síntese, do ponto de vista etimológico, a palavra distúrbio pode ser traduzida como S 18 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS “anormalidade patológica por alte- ração violenta na ordem natural” (COLLARES E MOYSES, 1992). Portanto, um distúrbio de aprendizagem obrigatoriamente re- mete a um problema ou a uma do- ença que acomete o aluno em nível individual e orgânico (Nutti, 2002). De acordo com Carvalho (2009) na aprendizagem escolar, existem os seguintes elementos cen- trais, para que o desenvolvimento escolar ocorra com sucesso: o aluno, o professor e a situação de aprendi- zagem. As teorias de aprendizagem têm em comum o fato de assumirem que indivíduos são agentes ativos na busca e construção de conhecimen- to, dentro de um contexto significa- tivos. O processo de aprender exige uma integração entre cognição, afe- tividade e a ação e, nas pessoas que não apresentam dificuldades, esta integração flui, permitindo a apren- dizagem. Já aqueles que por algum mo- tivo apresentam dificuldades, esta integração aparece obstaculizada, desorganizada, o que provoca muita tensão diante das situações de aprender. O não conseguir aprender por repetidas vezes faz com que o aprendiz forme de si uma imagem de fracasso e se iniba ou se afaste de no- vas situações de aprendizagem. Barbosa (1999) assevera que “este afastamento vai impedindo a sua evolução cognitiva e inibindo o seu desejo de aprender, o que gera desconforto diante de novas apren- dizagens, provocando por certo um novo fracasso”. Uma dificuldade de aprendiza- gem é um transtorno permanente que afeta a maneira pela qual, os in- divíduos com inteligência normal e acima da média selecionam, retém e expressam informações. As infor- mações que entram ou que saem po- dem ficar desordenadas conforme viajam entre os sentidos e o cérebro. As dificuldades de aprendiza- gem devem ser consideradas como uma causa possível se uma criança tem dificuldade em um ou mais dos seguintes aspectos: Pensar claramente; Escrever legivelmente; Soletrar com exatidão; Aprender a ler; Aprender a calcular; Copiar formas; Recordar fatos; Seguir instruções; Colocar coisas em sequência. Ou seja, ela frequentemente fica confusa, é impulsiva, hiperativa ou desorientada, tornando-se frus- trada e rebelde, deprimida, retraída ou agressiva. 19 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS O professor deve estar prepa- rado para identificar possíveis dis- túrbios/dificuldades no processo de aprendizagem, enfocando aspectos orgânicos, afetivos e pedagógicos, durante todo o processo. Para Paín (1992) os Distúr- bios, Dificuldades e Problemas de Aprendizagem, sem dúvida, são os mais inter e multidisciplinar dos te- mas, porque requer o envolvimento dos vários aspectos: psicológicos, orgânicos e sociais, e mescla, em seu atendimento, os conceitos das diver- sas áreas: Psicologia, Fonoaudiolo- gia, Psicomotricidade e Sociologia. O termo “transtorno” é usado por toda a classificação, de forma a evitar problemas ainda maiores ine- rentes ao uso de termos tais como “doença” ou “enfermidade”. “Trans- torno” não é um termo exato, porém é usado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou com- portamentos clinicamente reconhe- cível associado, na maioria dos ca- sos, a sofrimento e interferência com funções pessoais (Cid-10, 1993, p. 5). Dentre vários outros autores, Fernández (1991) também considera as dificuldades de aprendizagem co- mo sintomas ou “fraturas” no pro- cesso de aprendizagem, onde neces- sariamente estão em jogo quatro ní- veis: o organismo, o corpo, a inteli- gência e o desejo. A dificuldade para aprender, segundo a autora, se- ria o resultado da anulação das capacida- des e do bloqueamento das possibi- lidades de aprendizagem de um in- divíduo e, a fim de ilustrar essa con- dição, utiliza o termo inteligência aprisionada. Reforçamos que a aprendiza- gem é um fenômeno extremamente complexo, envolvendo aspectos cog- nitivos, emocionais, orgânicos, psi- cossociais e culturais e resultante do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos, bem como da trans- ferência destes para novas situações. A aprendizagem é o processo através do qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da experi- ência humana, daquilo que o seu grupo social conhece. Para que a cri- ança aprenda, ela necessitará intera- gir com outros seres humanos, espe- cialmente com os adultos e com ou- tras crianças mais experientes. Sobre a psicopedagogia, os distúrbios e dificuldades de aprendi- zagem constituem-se os objetosde estudos desse profissional, ou seja, é por causa deles que o profissional existe. Ao ser procurado pela escola, pelo professor ou pela família tendo conhecimento do problema, ele po- derá analisar e refletir a respeito: Da aprendizagem e seu pro- cesso de escolarização; Dos fatores que influenciam na aprendizagem humana e as causas do fracasso escolar; 20 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS Da diferença entre Distúrbios, Dificuldades e Problemas de Aprendizagem e finalmente; Da importância da Psicomo- tricidade como recurso de atendimento psicopedagógico. É preciso ter sempre em mente que uma criança não aprende em função do professor, mas em função dela mesma, de sua autoestima, po- rém, tanto o professor quanto a fa- mília, são imprescindíveis para o su- cesso da mesma. Enfim, a importância e aplica- bilidade prática de conhecer os dis- túrbios de aprendizagem, reside jus- tamente no fato da necessidade do professor estar atento às dificulda- des que eventualmente possam sur- gir e se for preciso encaminhá-la a um especialista. E ao psicopedago- go, neste contexto, cabe o papel sig- nificativos de estimular ou facilitar o processo ensino-aprendizagem, e muitas vezes precisa apenas desco- brir na criança o que ela já sabe. Pela intensidade com que apresentam os sintomas e compor- tamentos infantis, pela duração em que eles têm na vida escolar e pela participação do lar e da escola nos processos problemáticos, fica difícil para o professor identificar os pro- blemas de aprendizagem de seu aluno. Na verdade quando o ato de aprender se apresenta problemático, é preciso uma avaliação muito mais abrangente e minuciosa, cabendo ao especialista Psicopedagogo realizá- la, a fim de identificar causas, e pla- nejar possíveis correções. Quando falamos de aprendiza- gem estamos nos referindo a um processo global de crescimento, pois toda aprendizagem desencadeia, em algum sentido, crescimento indivi- dual ou grupal. A aprendizagem infantil, no que tange ao processo escolar em ge- ral, está intimamente relacionada ao desenvolvimento da criança, às figu- ras representativas desta aprendiza- gem (escola, professores), ambiente de aprendizagem formal, condições orgânicas, condições emocionais e estrutura familiar. Qualquer intercorrência em um ou mais destes fatores, pode in- fluenciar direta ou indiretamente o processo de aquisição da aprendiza- gem. Eis que agora precisamos defi- nir linguagem para continuarmos nosso caminho sobre os distúrbios de aprendizagem. Podemos definir linguagem como um instrumento que, através de diversas formas, o ser humano utiliza para se comunicar. A comunicação ocorre através de gestos, expressões faciais, fala e escrita formal obedecendo as regras da comunidade linguística na qual está inserida. 21 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS Diversas são as alterações que podem ser diagnosticadas durante o processo de aprendizagem e conse- quentemente, o processo educacio- nal em geral, como desempenho e qualidade globais. O atraso na linguagem traduz- se pela ausência da mesma na idade em que, normalmente, ela se mani- festa. Caracteriza-se pela permanên- cia de certos padrões linguísticos além da fase da idade cronológica. No atraso simples ou modera- do observa-se a redução de padrões fonológicos. No atraso grave de lin- guagem a criança apresenta todos os padrões fonológicos reduzidos e também os padrões morfossintáti- cos estão muito reduzidos com, pra- ticamente, ausência dos elementos de ligação e estruturas frasais primi- tivas. Sendo o atraso propriamente dito, apresenta transtornos nas de- mais áreas de linguagem podendo estar implicados os mecanismos de memória imediata. Dificuldades oro-motoras acompanham o atraso de linguagem necessitando de um maior enrique- cimento ou ajustamento das sensa- ções proprioceptivas, facilitando a fixação dos padrões fonológicos cor- retos. São várias as classificações para os distúrbios de aprendizagem. Basicamente temos dificuldades nos planos da leitura, da escrita e da ma- temática. Outras mais globais se- riam de origem afetiva. Falaremos um pouco de cada uma delas, salientando que inúme- ros autores debruçam sobre o tema e são inúmeras as dicas ou maneiras de definir as dificuldades, mas isso requer tempo e experiência por par- te do profissional. Dificuldades Escolares Glo- bais de Origem Afetiva Os atrasos globais do desen- volvimento são caracterizados pelo atraso psicomotor, da linguagem oral e da comunicação em geral, es- tando a criança defasada em diver- sas áreas do desenvolvimento com ou sem problemas motores. Aspectos cognitivos e percep- tivos também podem acompanhar o Atras o global de Desenvolvimento. Os padrões esperados para cada faixa etária dependem, além da estimulação ambiental com quali- dade, da maturação neurológica. No quadro de atraso da lingua- gem devemos ressaltar a disfasia onde existem, quase sempre, proble- mas de compreensão e sua evolução terapêutica é muito lenta. Os fatores emocionais per- meiam toda e qualquer relação que o 22 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS indivíduo faça ou venha a fazer con- sigo mesmo ou com o mundo exte- rior, o fator emocional e sua estru- tura não devem ser desprezados. Le- vando-se em conta a estrutura fami- liar, social e as relações estabeleci- das entre si e o meio e a forma com que estas relações são feitas, influen- ciam, sem dúvida, o desenvolvimen- to do processo de aprendizagem. A maneira de encarar novas informações, a relação com este “no- vo” e a disponibilidade da criança para permitir-se a aprender, estão intrinsecamente ligadas com suas condições psicológicas. A criança de seis anos que in- gressa na escola básica acha-se brus- camente confrontada com uma situ- ação nova à qual terá de adaptar-se rapidamente. Os problemas com os quais ela vai envolver-se implicam, em muitos casos, uma reconsidera- ção dos hábitos e atitudes anterio- res. Particularmente confrontava-se com o problema de sua própria eficácia, já que deve submeter-se às aprendizagens e ser bem sucedida de acordo com um ritmo que, na maioria dos casos não leva em conta suas possibilidades reais (LE BOU- LCH, 1983). Esta exigência de desempenho é exacerbada pelas comparações fei- tas de uma criança a outra e este am- biente competitivo passará, rapida- mente, a ter para ela uma significa- ção afetiva, e até mesmo moral, na medida em que as noções de bons e maus alunos se desprenderão natu- ralmente do êxito ou do fracasso. A situação da criança torna-se ainda mais difícil pela exigência dos pais que se sentem pessoalmente impli- cados, e até traídos, quando seus filhos não chegam no nível das ou- tras crianças (LE BOULCH, 1983). Esta análise sucinta põe em evidên- cia o fato de que a aprendizagem es- colar definida como conteúdo é inse- parável das condições das relações dentro da quais ela é exercida. Com- preende-se, então, que os problemas encontrados possa situar-se, confor- me o caso, mais no polo afetivo ou mais no plano funcional (ATHAR, 2004). Durante o período escolar, seria possível, apoiando-nos nas ati- vidades de expressão espontânea re- alizadas em grupos, despistar entra- ves como inibição, a insegurança, as dificuldades de comunicação, os atrasos de linguagem. A exploração das situações lúdicas e do trabalho voltado para a imagem do corpo num clima de segurança criado pela educadora, deveria permitir às cri- anças, vítimas de carências afetivas ou, ao contrário, super- protegidas, a recuperação de uma parte de seu atraso no plano funcional e, abordar o curso preparatório em melhores condições (ATHAR, 2004). 23 DIFICULDADEDE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS Dificuldade da Leitura Fonte: https://revistacres- cer.globo.com/ A leitura é a possibilidade pró- pria que cada uma das pessoas tem de dotar de sentido e de significado, seja ela textos escritos, desenhos, comportamentos, expressões e ou- tros. É fato que os indivíduos não nascem sabendo ler, mas também é fato que não aprendem a fazê-lo ape- nas quando entram na escola (CHARTIER, 1998). Com as crianças não é em nada diferente, uma vez que desde muito cedo elas distinguem seus pertences dos de seus colegas, conhecem sua mãe e parentes mais próximos, dias de sol, dias de chuva, dentre muitas outras coisas de nada valerá se essas crianças não dominarem o saber ler e escrever. Ao não saberem lidar li- vremente com sua língua, sem dú- vida alguma sofrerão exclusão social e ainda pior, serão cidadãos priva- dos de parte de seus direitos, e ainda de assumirem seus deveres, deixan- do então de lutar por seus desejos. O trabalho escolar não pode minimizar o conceito de leitura e nem a necessidade que cada criança tem de se relacionar com sua língua, de forma ampla, criativa e autôno- ma. Não se trata de só trabalhar para que as crianças aprendam a ler, mas sim trabalhar para que elas façam uso da linguagem em sua plenitude, riqueza e complexidade em espaços de interlocução permanente. Os Aspectos Funcionais do Aprendizado da Leitura Percebem-se três grandes cau- sas funcionais nos problemas de lei- tura escrita: os déficits da função simbólica que podem ser observados nas debilidades, os atrasos ou os de- feitos de linguagem e os problemas essencialmente psicomotores. Relacionar os problemas de orientação com a dificuldade de aprendizado da leitura é algo clás- sico e que sobressai da evidência. Da observação desta concordância, pas- sa-se logo a fazer uma relação de causa e efeito. Na verdade, felizmen- te, não é necessário que uma criança tenha podido verbalizar sua direita ou sua esquerda para que possa ser confrontada com o aprendizado da leitura. 24 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS O problema é muito mais pro- fundo. Não concerne apenas ao pa- pel perceptivo, mas surge de uma dificuldade muito mais fundamental que atinge a organização de seu cor- po próprio. A dificuldade de orienta- ção e o problema de leitura não pas- sam de dois sintomas ligados à mes- ma causa: a dislateralidade. A lateralização é a tradução de uma assimetria funcional. Os espa- ços motores que correspondem ao lado direito a ao lado esquerdo do corpo não são homogêneos. Esta de- sigualdade vai particularizar-se no decorrer do desenvolvimento e con- solidar-se quando os ajustamentos práxicos de natureza intencional. No maior número de casos, está latera- lização é homogênea e sem ambigui- dade. Noutros, ao contrário, e parti- cularmente no caso dos canhotos, podemos observar discordância. As discordâncias que reterão aqui nossa atenção concorrem às que atingem a organização do olhar e a organização da prevalência ma- nual. As nossas próprias observa- ções nos permitem afirmar que em muitos casos de dislexia, constata-se uma dominância cruzada da mão e da visão. A leitura de um texto é feita graças a uma sucessão de movimen- tos oculares bruscos e ritmados, ori- entados obrigatoriamente da es- querda para a direita. A organização desta motricidade ocular é muito precoce. Distúrbio da Leitura Dentro dos distúrbios da leitu- ra temos: Dislexia: Neurologicamente con- ceituando, trata-se da incapacidade de compreensão do que se lê, devido à lesão no sistema nervoso central. Porém muitas vezes esta condição apresenta-se sem qualquer compro- metimento neurológico, neste caso, dislexia poderá ser considerada a condição em que o aluno consegue ler, mas experimenta fadiga e sensa- ções desagradáveis. As crianças disléxicas são maus leitores, uma vez que são capa- zes de ler, mas não de entender o que leram de maneira eficiente. Os disléxicos em geral são in- teligentes, habilidosos, mas apre- sentam esse quadro de dificuldade desde muito cedo, quando ainda na Educação Infantil, onde deve ser tra- balhado uma forma de melhorar esse quadro. Uma criança disléxica encon- tra dificuldade para ler, e essas frus- trações acumuladas podem conduzir a criança a demonstrar comporta- mentos antissociais, agressivos, re- sultando então em uma situação de 25 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS marginalização progressiva da cri- ança (CASANOVA, 1997 apud MAR- TINS, 2006). Quando os educadores se de- param com crianças inteligentes, saudáveis, mas com dificuldades de ler e entender o que leram, devem investigar imediatamente se há al- gum caso de dislexia na família. Em geral, a história pessoal de uma cri- ança dislexia, traz traços comuns, como o atraso de aquisição da lin- guagem, atraso de locomoção, pro- blemas com lateralidade e outros. O diagnóstico da dislexia deve ser precoce, ou seja, já nos primeiros anos de escolaridade da criança, prevenindo assim, futuros proble- mas de fundo emocional. São muitas as dificuldades en- contradas em crianças com dislexia. Segundo Martins (2002) temos: Dificuldade para ler orações e palavras simples; A pronúncia ou a soletração de palavras monossilábicas é uma dificuldade evidente nos disléxicos; As crianças ou adultos disléxi- cos invertem as palavras de maneira total ou parcial, por exemplo: “casa” é lida “saca”. Uma coisa é uma brincadeira ou um jogo de palavras, obser- vando a produtividade morfo- lógica ou sintagmática dos lé- xicos de uma língua, uma ou- tra coisa é, sem intencionali- dade, a criança ou adulto tro- car a sequência de grafemas; Invertem as letras ou núme- ros, por exemplo: /p/ por /b/, /d/ por /b/, /3/ por /5/ ou /8/, /6/ por /9/ especialmente quando na escrita minúscula ou em textos manuscritos es- colares. Assim, é patente a confusão de letras de simetria oposta; A ortografia é alterada, poden- do estar ligada à chamada Consciência Fonológica (alte- rações no processamento au- ditivo) Copiam de forma errada as pa- lavras, mesmo observando na lousa ou no livro como são es- critas. Em geral, as professo- ras ficam desesperadas: como podem pensam e reclamam - ela está vendo a forma correta e escreve exatamente o con- trário? Ora, o processamento da informação léxica, que é de ordem cerebral, está invertida ou simplesmente deficiente; As crianças disléxicas conhe- cem o texto ou a escrita, mas usam outras palavras, de ma- neira involuntária. Trocam as palavras quando leem ou es- crevem, por exemplo: “gato” por “casa”; Têm as crianças disléxicas difi- culdades em distinguir a es- querda e a direita; Alteração na sequência das le- tras que formam as sílabas e as palavras; 26 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS Confusão de palavras pareci- das ou opostas em seu signifi- cado. Os homônimos, isto é, palavras semelhantes (seção, cessão e seção) são uma difi- culdade nas crianças disléxi- cas; Os erros na separação das pa- lavras; Os disléxicos sofrem com a fal- ta de rapidez ao ler. A leitura é sem modulação e sem ritmo. Os disléxicos, às vezes, com muito sacrifício, decodeficam as palavras, mas não conse- guem ter compreensão. Os disléxicos têm falhas na construção gramatical, especi- almente na elaboração de ora- ções complexas (coordena- das e subordinadas) na hora da redação espontânea (MAR- TINS, 2002, ESTILL, 2006). Em anexo temos uma lista de sintomas encontrados em disléxi- cos. Dificuldade da Escrita A escrita é antes de qualquer coisa, um aprendizado motor. A aquisição desta prática específica, particularmente complexa, exige que se eduque a função de ajusta- mento. Antes que a criança aprenda a ler,o trabalho psicomotor terá co- mo objetivo proporcionar-lhe uma motricidade espontânea, coorde- nada e rítmica, que será o melhor aval para evitar os problemas de es- crita. A habilidade manual será de- senvolvida, quer pela utilização da modelagem do recorte, da colagem, quer por exercício de dissociação ao nível da mão e dos dedos, que iden- tificamos como exercícios de percep- ção do corpo próprio fazendo atuar a função de interiorização. O ritmo do traçado e sua orientação da esquer- da para a direita serão melhorados pelos exercícios gráficos baseados nas formas da pré-escrita, como as diferentes hélices e guirlandas. O controle da velocidade e a manuten- ção de sua constância serão obtidos por exercícios em séries crescentes e decrescente. O trabalho que chama- mos de controle tônico assume igualmente uma enorme importân- cia. Portanto, é essencial para a criança dispor de uma motricidade espontânea, rítmica, liberada e con- trolada, sobre a qual o professor po- derá apoiar-se. Aqui encontramos a disgrafia e a Disortografia. Disgrafia É a dificuldade em passar para a escrita o estímulo visual ou a per- cepção da “coisa”. Caracteriza-se pe- lo lento traçado das letras, em geral são ilegíveis. 27 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS Existem vários níveis da dis- grafia, desde a incapacidade de se- gurar um lápis e traçar uma linha, até a apresentada por crianças que são capazes de fazer desenhos sim- ples, mas não cópias de palavras do quadro. As principais características das crianças disgráficas são: Apresentação desordenada do texto; Margens mal feitas ou inexis- tentes; Espaço irregular entre pala- vras, linhas e entrelinhas; Traçado de má qualidade; Distorção de formas de letra e, Separação inadequada de let- ras. Obs: Todas as crianças canhotas, como aquelas que ainda não apren- deram a dominância lateral defini- da, estão sujeitas à disgrafia, se não forem devidamente orientadas quanto à postura, posição do papel e a apreensão do lápis (Martins, 2006). Disortografia Caracteriza-se pela incapaci- dade de transcrever corretamente a linguagem oral, havendo trocas or- tográficas e confusão de letras. Essa dificuldade não implica na diminui- ção da qualidade do traçado das le- tras. As trocas ortográficas são nor- mais nas séries iniciais, porque a re- lação entre palavra impressa e os sons ainda não estão totalmente do- minadas. As principais características das crianças que apresentam disor- tografia costumam ser: Confusão de letra (consoantes surdas por sonoras: f/v; p/b; ch/j); Confusão de sílabas com toni- cidades semelhantes; Confusão de letras simétricas (b/d; q/p) e semelhantes (e/a; b/h; f/t). Dificuldade no Raciocí- nio Matemático Discalculia Falha na aquisição da capaci- dade e na habilidade de lidar com conceitos e símbolos matemáticos. Basicamente, a dificuldade está no reconhecimento do número e do ra- ciocínio matemático. Atinge de 5 a 6% da população com problemas de aprendizagem e envolve dificulda- des na percepção, memória, abstra- ção, leitura, funcionamento motor; combina atividades dos dois hemis- férios. Outros Déficits Os déficits cognitivos podem ser causados por lesões neurológicas 28 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS ou por alterações perceptivas graves e não valorizadas precocemente que levem ao desenvolvimento aquém das possibilidades da criança. No caso das síndromes neuro- lógicas podemos citar, por exemplo, aberrações cromossômicas: Síndro- me do 21, Síndrome de Turner, Sín- drome Klinefelter. Erros inatos ao metabolismo e transtornos endócrinos, também são responsáveis por desenvolvi- mento de déficits cognitivos. Também consideramos, como causa dos mesmos, transtornos en- dócrinos, patologias pré-natais (ru- béola, sífilis, uso de medicamentos); perinatais (prematuridade e imatu- ridade, sofrimento neonatal); pós- natais (encefalites, meningites, etc.). Os déficits perceptivos - As ca- pacidades de percepção visual e au- ditiva, permitem captação dos estí- mulos ambientais e sua decodifica- ção. A linguagem vai se estruturan- do à medida em que esses fatores (visão e audição) se desenvolvem, juntamente com a maturação neuro- lógica e as habilida des psicomoto- ras. Necessárias para um adequa- do desempenho da escrita e da lei- tura a visão e suas áreas perceptivas (coordenação visomotora, posição no espaço, relação espacial, constân- cia de percepção e figura fundo), bem como a audição e suas habilida- des (atenção, localização e discrimi- nação) formam e estruturam a base desta formalização da escrita e da leitura e interpretação da mesma. A síndrome TDAH - A Síndro- me do Déficit de Atenção com Hipe- ratividade - TDAH, faz com que a criança apresente características co- mo: Dificuldade de concentração; Impulsividade; Dificuldade de manutenção de atenção mesmo durante as brincadeiras; Parece não escutar quando é chamado; Não termina as atividades; Perde com facilidade os obje- tos; Facilidade para distrair-se com estímulos externos; Movimento frequente de mãos ou pés; Dificuldade de permanecer sentado; Dificuldade em se engajar em jogos ou atividades de leitura onde necessita permanecer sentado. Para se obter um diagnóstico seguro desta Síndrome é necessário que a criança seja avaliada por uma equipe multidisciplinar que inclui neuropsicologia, fonoaudiologia, psicologia, neurologia e que estejam presentes ao menos em seis das ca- racterísticas acima citadas. 29 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS Certamente esta Síndrome in- fluenciará na qualidade do desen- volvimento da aprendizagem escolar e muitas vezes defasagem em algu- ma área relacionada com a lingua- gem. 30 30 31 31 DIFICULDADE DE APRENDIZADO E SUAS PATOLOGIAS 5. Referências Bibliográficas ATHAR, Patrícia Teixeira Correia Aben. A importância da psicomotricidade para a Educação Física Escolar. Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, 2004. BARBOSA, L. M. S. O projeto de trabalho: uma forma de atuação psicopedagógica. Curitiba. Ed. Gráfica Arins, 1999. CARVALHO, Maria Salete C. Dificuldades de aprendizagem (2009). Disponível em: CHARTIER, R. História cultural: entre práticas e representações. 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