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ADM UNIDADE II ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

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DIREITO ADMINISTRATIVO – UNIDADE II (5º PERÍODO) 
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
ENTIDADES POLÍTICAS E ENTIDADES ADMINISTRATIVAS:
Entidades Políticas, pessoas políticas ou entes federados são os integrantes da Federação Brasileira, caracterizados por possuírem autonomia política. A autonomia política é caracterizada pela capacidade de auto organização (elaboração das próprias Constituições e Leis Orgânicas) e a capacidade de LEGISLAR, mais precisamente de editar leis com fundamento em competências próprias, diretamente atribuídas pela Constituição da República.
Entidades políticas: são pessoas jurídicas de Direito Público interno, dotadas de diversas competências de natureza política, legislativa e administrativa, conferidas diretamente pela Constituição Federal (cada entidade política só pode tratar de competências conferidas a elas pela Constituição). No Brasil são pessoas políticas: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 
Entidades Administrativas: pessoas jurídicas que integram a Administração Pública sem dispor de autonomia política (seguem o que está estritamente escrito em lei). São as pessoas jurídicas que compõem a Administração Indireta: as Autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
As entidades políticas tem competências legislativas e administrativas, recebidas diretamente da Constituição Federal, enquanto as entidades administrativas só possuem competências administrativas, ou seja, de mera execução das leis. 
Uma entidade administrativa recebe suas competências da lei que a cria ou autoriza sua criação, editada pela pessoa política que originalmente recebeu da Constituição Federal essas competências.
As entidades administrativas são criadas pelas pessoas políticas, quando estas entendem ser conveniente que determinada competência originalmente sua, passe a ser exercida descentralizadamente. A pessoa política, então, edita uma lei que diretamente cria, ou autoriza a criação da entidade administrativa, outorgando-lhe na lei as competências que entendeu por bem descentralizar.
As entidades administrativas não tem autonomia política, possuem autonomia administrativa, capacidade de autoadministração, não são hierarquicamente subordinadas à pessoa política instituidora e tem capacidade para editar regimentos internos acerca de sua organização e funcionamento, gestão de pessoas, gestão financeira, gestão de seus serviços, sempre nos termos e limites estabelecidos pela lei que criou ou autorizou a criação da atividade administrativa. Essas entidades são vinculadas à pessoa política instituidora, que exerce sobre elas controle administrativo denominado tutela ou supervisão, exercidos nos termos da lei para verificar o atingimento de resultados, tendo em conta para qual finalidade aquela entidade administrativa foi criada.
CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO:
CENTRALIZAÇÃO: quando os Estado executam suas atividades diretamente, por meio dos órgãos e agentes integrantes da denominada administração direta. Os serviços são prestados diretamente pelos órgãos do Estado.
DESCENTRALIZAÇÃO: o Estado desempenha algumas de suas atribuições por meio de outras pessoas, e não pela administração direta. A descentralização pressupõe duas pessoas distintas: o Estado (União, Distrito Federal, um Estado ou um Município) e a pessoa que executará o serviço, por ter recebido do Estado essa atribuição.
A DESCENTRALIZAÇÃO PODE OCORRER POR: OUTORGA OU DELEGAÇÃO
OUTORGA (vai descentralizar para outro órgão da própria administração pública): o Estado cria uma entidade (pessoa jurídica) e a ela transfere a titularidade de determinado serviço publico. A outorga pressupõe obrigatoriamente a edição de uma lei que institua a entidade, ou autorize a sua criação, e normalmente seu prazo é indeterminado. Na outorga aquele serviço passa a ser função daquela pessoa jurídica, tanto a titularidade dele como sua execução. Ex: autarquias, empresas públicas, sociedade de economia mista e fundações públicas.
DELEGAÇÃO (vai descentralizar para um particular): o Estado transfere por contrato (concessão ou permissão de serviços públicos) ou por meio de um ato unilateral (autorização de serviços públicos), unicamente a execução do serviço, (ou seja, ele não tem a titularidade daquele serviço como na outorga, somente poderá fazer a execução, não é responsável pelo serviço em si) para que a pessoa delegada o preste à delegação, em seu próprio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do Estado. É sempre efetivada por prazo determinado.
· A outorga legal transfere a própria titularidade do serviço, e não a sua mera execução, como ocorre na delegação.
· Não pode o poder público simplesmente encampar, ou decretar a caducidade de um serviço outorgado, a retomada do serviço pela pessoa política sempre exige lei, e, se for total, implica a extinção da pessoa jurídica para a administração indireta. Ou seja, a entidade política vai voltar a fazer aquele serviço de forma centralizada, não vai mais transferi-lo às entidades administrativas.
· Os controles exercidos nos casos de delegação são muito mais limitadores, as alterações unilaterais das condições de execução dos serviços concedidos e os poderes relativos à fiscalização, como a intervenção imediata para a apuração de irregularidades, são muito mais abrangentes que o controle finalístico ou de tutela, que a administração direta exerce sobre a administração indireta (na outorga). 
· EM NENHUMA FORMA DE DESCENTRALIZAÇÃO HÁ HIERARQUIA.
· Na relação entre a administração direta e a indireta (outorga), diz-se que há vinculação (e não subordinação). A primeira exerce sobre a segunda o controle de finalidade (finalidade= interesse da sociedade) ou tutela administrativa ou supervisão.
· Tão pouco há nesse caso hierarquia entre o poder público delegante e quem o delegou. Tem-se controle rígido, poderes especiais ao concedente, mas não hierarquia.
DESCONCENTRAÇÃO:
Diferente da descentralização, que envolve sempre mais de uma pessoa, a desconcentração ocorre dentro da estrutura de uma mesma pessoa jurídica. É uma mera técnica administrativa de distribuição interna de competências de uma pessoa jurídica.
Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa política ou uma entidade da administração indireta distribui competências entre diversos órgãos de sua própria estrutura a fim de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços.
É quando a União distribui competências entre diversos órgãos de sua própria estrutura, tais quais os ministérios (ministério da educação, ministérios dos transportes etc..), ou quando uma autarquia, como por exemplo uma universidade pública, estabelece uma divisão interna de funções, criando na sua própria estrutura diversos departamentos (graduação, pós-graduação, direito, filosofia etc.).
· Ocorre tanto no exercício de competências pela administração direta como pela indireta.
· Como resultado da desconcentração temos os denominados órgãos públicos.
· Ao contrário da descentralização, onde não existe hierarquia, na desconcentração existe, tendo em vista que se trata da mesma pessoa jurídica, existindo então hierarquia e subordinação, entre órgãos dela resultantes.
· Teremos então o controle hierárquico, no qual compreende os poderes de: comando, fiscalização, revisão, punição, solução de conflitos de competência, delegação e avocação.
Concentração administrativa trata-se do inverso, uma determinada pessoa jurídica da administração pública extingue órgãos antes existentes em sua estrutura, reunindo em um número menor de unidades as respectivas competências. 
CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO DIRETA, ADMINIDTRAÇÃO INDIRETA E ENTIDADES PARAESTATAIS:
ADMINISTRAÇÃO DIRETA:
É o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do Estado (União, estados, Distrito Federal e Municípios) aos quais foi atribuída a competência para o exercício de forma centralizada, de atividades administrativas.
· Há relação de hierarquia.
· A criação e extinção dos órgãos só poderá ser feita através de lei.
Teoriado órgão ou teoria da imputação: o agente público que vigora o órgão é a vontade do órgão, ou seja, é a vontade do Estado, porque o agente público não pode agir de acordo com seu próprio interesse ou o interesse de terceiros, só pode agir de acordo com o interesse público (o que a sociedade precisa/ necessita).
· Órgãos públicos podem se defender judicialmente (ex: o órgão está respondendo por alguma irregularidade).
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA:
Vai transferir a atividade administrativa para outra pessoa (física ou jurídica), com personalidade jurídica, que vinculadas à Administração Direta, tem a competência para o exercício, de forma descentralizada, de atividades administrativas. São elas: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas.
Funcionam por meio de descentralização para o próprio aparelho do Estado (por meio de outorga), transferindo a titularidade e a execução do serviço, por tempo indeterminado, ou por descentralização para particulares (por meio de delegação), transferindo apenas a execução do serviço, por tempo determinado.
Essa transferência tem como finalidade tornar a prestação da atividade administrativa especializada, almejando maior eficiência e o descongestionamento de atividades pelo Estado, sem qualquer hierarquia entre as entidades, apenas fiscalização da finalidade pública.
ENTIDADES PARAESTATAIS:
Não integram a administração direta nem a indireta, colaboram com o Estado no desempenho das atividades de interesse público, de natureza não lucrativa. Compreendem: serviços sociais autônomos (SESI, SENAI, SESC etc.), organizações sociais, organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) e as denominadas “entidades de apoio”.
Entidades paraestatais são pessoas jurídicas privadas que, sem integrarem a estrutura da administração pública, colaboram com o Estado no desempenho de atividades não lucrativas e às quais o Poder Público dispensa especial proteção. 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA:
· Todas as entidades tem personalidade jurídica, possuem seu próprio patrimônio (ex: patrimônio da UFES);
· Possuem capacidade administrativa, podendo contratar seu próprio pessoal através de concurso público;
· A criação e a extinção de entidades da administração pública indireta só poderão ser feitas por meio de lei específica (lei ordinária);
· Autarquias só serão criadas por lei específica, não precisam de registro em órgão competente para a sua existência;
· Fundações Públicas e sociedades de economia mista serão exigidas a autorização da criação em lei específica E o registro de pessoa jurídica no órgão competente (cartório de registro civil de pessoas jurídicas ou junta comercial) para que exista juridicamente;
· Todas as entidades só podem agir visando a finalidade pública;
· Todas as entidades estão sujeitas ao controle da AP direta (fiscalizar a finalidade pública). Ex: o MEC fiscaliza as Universidades Federais, o Ministério da Previdência fiscaliza o INSS;
· Não há hierarquia.
AUTARQUIAS:
Entidades administrativas autônomas, criadas por lei específica, com personalidade jurídica de Direito Público, patrimônio próprio e atribuições estatais determinadas.
Para Maria Sylvia Di Pietro: “pessoa jurídica de direito público, criada por lei, com capacidade de autoadministração, para o desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da lei”.
· Personificação de um serviço retirado da administração centralizada.
· Não estão hierarquicamente subordinados aos entes federativos, mas se sujeitam ao controle finalístico deles (vinculação).
· Dentre os poderes autônomos tem-se o patrimônio público próprio e a autonomia financeira.
· Como realizam atividades típicas da administração pública e, sobretudo em decorrência de sua personalidade jurídica de direito público, os poderes de que o Estado dispõe para o desempenho de sua atividade administrativa, bem como os privilégios e restrições, são também outorgados pelo ordenamento jurídico às autarquias. São exemplos de prerrogativas estatais a elas estendidas a imunidade tributária recíproca e privilégios processuais da Fazenda Pública.
Exemplos de autarquias: INSS (vinculado ao Ministério da Previdência), Universidades Federais (vinculadas ao MEC), IBAMA (vinculado ao Ministério do Meio Ambiente), Conselho Nacional de Medicina (vinculado ao Ministério da Saúde) etc.
As autarquias seguem o regime jurídico administrativo, ou seja, obedece aos princípios da administração pública (LIMPE) + o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado e o princípio da indisponibilidade do poder público (o poder público pode tudo menos abrir mão do interesse público).
CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS AUTARQUIAS:
· Privilégios processuais: prazo em dobro, duplo grau de jurisdição obrigatório (nova apreciação judicial julgada por órgão superior), débitos serão pagos por meio de precatória, créditos serão cobrados por execução fiscal (trâmites mais céleres);
· Possuem privilégios fiscais: imunidade tributária recíproca, ou seja, eles não podem cobrar impostos uns dos outros;
· Possuem responsabilidade civil objetiva, em caso de erro não irá se apurar dolo ou culpa dos agentes públicos, quem irá responder por eles é a entidade administrativa pública responsável por sua criação, que é responsável subsidiariamente pelos danos causados pela entidade;
· Os contratos das autarquias podem conter cláusulas exorbitantes e prerrogativas como a possibilidade de modificação unilateral do contrato por motivo de interesse público;
· Regime de pessoal: são regidos pelas regras estatuárias e não pela CLT, previsão de ingresso via concurso público, garantia de estabilidade de aposentadoria no regime especial;
· Todos os bens das autarquias são considerados bens públicos, por isso não podem ser penhorados, são imprescritíveis e inalienáveis;
· Controle de finalidade, supervisão e fiscalização;
· Controle financeiro do Tribunal de Contas;
· As dívidas não se submetem à prescrição de 5 anos. 
MODALIDADES DE AUTARQUIAS:
a) AUTARQUIAS PROFISSIONAIS: formadas pelos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas.
EX: CFM – Conselho Federal de Medicina, CFN – Conselho Nacional de Nutrição.
OBS: a OAB não constitui autarquia profissional, por entendimento firmado pelo STF, porque constitui um serviço público independente, não integrando a Administração Publica Indireta. 
b) AUTARQUIAS TERRITORIAIS: formadas pelos territórios (que não existem mais na organização administrativa brasileira), se existissem seriam considerados autarquia federal, sendo vinculadas politicamente pela União (art. 33, CF/88).
Eram territórios: Fernando de Noronha, que se tornou um distrito estadual do Estado de Pernambuco; o Território Federal do Amapá e o Território Federal de Roraima, que ganharam o status integral de Estados da Federação.
Territórios: Os territórios federais integravam diretamente à União, sem pertencerem a qualquer Estado, e surgiam da divisão de um Estado ou desmembramento, dele exigindo-se aprovação popular através de plebiscito e lei complementar. ... Os Territórios não possuíam Senadores porque não eram Entes Federativos, estando vinculados à União.
AUTARQUIAS EM REGIME ESPECIAL:
Diante da omissão ou da vagueza do legislador, a doutrina em geral, acredita que “regime autárquico especial” é a expressão aplicada a qualquer peculiaridades e a qualquer características – prerrogativas ou restrições- , não previstas no Decreto-lei 200/1967, que integram o regime jurídico da autarquia.
Esse Decreto-Lei teria estabelecido o regime jurídico geral, ordinário, ou comum das entidades da Administração Indireta.
Qualquer peculiaridade pode ser considerada, pela lei instituidora, motivo suficiente para afirmar que a entidade que está sendo criada é uma autarquia sob regime especial.
As autarquias sob regime especial tem previstas nas leis instituidoras instrumentos aptos a lhes dar mais autonomia do que as autarquias comuns.
SÃO EXEMPLOS DE AUTARQUIAS SOB REGIME ESPECIAL:a) AUTARQUIAS CULTURAIS: possuem liberdade e autonomia pedagógicas (autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial) – são as Universidades Públicas (EX: o reitor é escolhido livremente pelos discentes e docentes da instituição, tendo mandato de tempo determinado, não podendo ser demitidos antes).
b) AGÊNCIAS REGULADORAS: criadas para controlar as autarquias e suas atividades prestadas, que não poderiam ser feitas de qualquer maneira, tendo em vista que ainda são reguladas pelo governo, criaram então as Agências Reguladoras. Essas agências possuem Natureza Jurídica de autarquia especial, ou seja, possuem privilégios que lhe dão maior autonomia em relação às autarquias comuns, sendo esses privilégios: organização colegiada, seus dirigentes não podem ser exonerados, autonomia financeira e orçamentária e independência para tomar decisões.
Ela é criada em regime especial para fiscalizar, regular, normatizar a prestação de serviços públicos por particulares, evitando a busca desenfreada pelo lucro dentro do serviço público.
As agências têm como foco garantir o interesse da sociedade, como já sabemos a Administração só pode agir de acordo com o interesse público, sendo assim ela garante que o interesse da coletividade seja respeitado, evitando que as entidades privadas hajam por interesses próprios e enriquecimento pessoal, prestando um serviço ruim apenas para obter mais lucro. 
· Consultar fichamento sobre agências reguladoras.
AGÊNCIAS EXECUTIVAS X AGÊNCIAS REGULADORAS:
As Agências Executivas se diferenciam das Agências Reguladoras, porque as Agências Executivas são autarquias comuns que se tornam agências por um breve período de tempo, em decorrência de um contrato de gestão com o Ministério Supervisor para que possam se reerguer financeiramente, sendo assim, elas terão algumas vantagens que as Agências Reguladoras possuem, como mais independência e mais orçamento, desde que se comprometam a fazer um plano de reestruturação (que será definido previamente num contrato de gestão), para se tornarem mais eficientes, reduzir custos e aperfeiçoar seus serviços. Essas vantagens irão durar apenas durante o prazo que durar o contrato, findo esse prazo as agências voltam a serem autarquias comuns. Ou seja, as Agências Executivas não podem se confundir com as Reguladoras porque as Executivas não regulam nenhuma atividade e nem possuem regime legal especial e autonomia financeira, e nem possuem poder de edição de normas gerais. As Agências Executivas apenas se tornam agências para se recuperarem financeiramente, não possuindo nada em comum com as Agências Reguladoras que não sejam os privilégios (que para essas são apenas temporários). 
FUNDAÇÕES PÚBLICAS: 
No âmbito do Direito Privado, no qual tiveram sua origem, são definidas como a personificação de um patrimônio ao qual é atribuída uma finalidade específica não lucrativa, de cunho social. A instituição de uma fundação privada resulta da iniciativa de um particular, pessoa física ou jurídica, que destaca de seu patrimônio determinados bens, os quais adquirem personalidade jurídica para a atuação na persecução dos fins sociais definidos no respectivo estatuto.
Três elementos essenciais no conceito de fundação:
a) Tem sempre um instituidor, que faz a doação patrimonial, ou seja, separa um determinado patrimônio para destiná-lo a uma finalidade específica;
b) O objeto consiste em atividades de interesse social;
c) Não pode possuir fins lucrativos.
Trazidas muito mais tarde para a esfera do Direito Público, as fundações mantiveram, conceitualmente, esses mesmos elementos. As fundações públicas são patrimônio público personificado em que a figura do instituidor é uma pessoa política; esta faz a doação patrimonial e destina recursos orçamentários para a manutenção da entidade. 
· Os objetos das fundações públicas são, portanto, entidades assemelhadas às fundações privadas, tanto no que se refere a sua finalidade social, quanto ao que se diz respeito ao objeto não lucrativo.
· As fundações privadas são criadas por ato de vontade de um particular, a partir de patrimônio privado, se submetem às regras do Direito Civil porque não fazem parte da AP; as fundações públicas são criadas a partir da iniciativa do Poder Público, a partir de patrimônio público, e pressupõe a edição de uma lei específica, deve ter sempre finalidade pública e integra a AP indireta do ente que a instituiu.
São atividades voltadas em regra para o interesse social, como assistência médica e hospitalar, educação e ensino, pesquisa científica, assistência social, atividades culturais, etc..
São exemplos de fundações públicas: Fundação Nacional do Índio, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, Fundação Nacional da Saúde, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, etc.
Exemplos de Fundações Privadas: Fundação Xuxa Meneguel, Fundação Viva Cazuza, etc.
Fundações Públicas são regidas pelo direito público ou pelo direito privado, a depender da opção dada pelo instituidor em lei.
FUNDAÇÕES PÚBLICAS DE DIREITO PRIVADO:
· Objetivo principal: execução de atividades de interesse social;
· Podem ser chamadas de governamentais ou estatais;
· Não usufruem de benefícios próprios das entidades de direito público (ex: dilação de prazos), mas devem obedecer aos princípios do Direito Administrativo, como o princípio da indisponibilidade do interesse público. Ou seja, são regidos por um regime jurídico híbrido, porque possuem regras do Direito Privado e restrições do Direito Público.
· As fundações diferenciam-se das autarquias, que são criadas e extintas por lei específica, e não precisam do registro em cartório de pessoa jurídica, enquanto as Fundações Públicas são criadas e extintas a partir de AUTORIZAÇÃO de lei específica, por isso precisam de registro em cartório de pessoa jurídica ou na junta comercial para conferir personalidade jurídica às Fundações Públicas de Direito Privado.
FUNDAÇÕES PÚBLICAS DE DIREITO PÚBLICO:
· São autarquias fundacionais;
· Criadas e extintas por lei específica, não necessitam de registro de pessoa jurídica;
· Submetem-se ao regime de Direito Público, possuem privilégios da AP, bem como as restrições;
· Possuem privilégios processuais (dilação de prazos), possuem privilégios fiscais (imunidades como não cobrar impostos uns dos outros), possuem responsabilidade civil objetiva (a adm pública responde por suas entidades), etc.
EMPRESAS ESTATAIS (empresas públicas e sociedades de economia mista):
As empresas públicas e as sociedades de economia mista constam como integrantes da administração indireta federal, ambas são descritas como pessoas jurídicas de direito privado criadas pelo ESTADO como instrumento de sua atuação no domínio econômico, ou seja, foram elas originalmente concebidas para funcionar como braços do denominado Estado-empresário.
EMPRESAS PÚBLICAS: são pessoas jurídicas de Direito Privado, integrantes da Administração Indireta, instituídas pelo Poder Público, mediante autorização de lei específica, sob qualquer forma jurídica e com capital exclusivamente público e patrimônio próprio para a exploração de atividades econômicas ou para a prestação de serviços públicos. Pode revestir-se em qualquer forma admitida em Direito (pode, por exemplo, ser sob forma de sociedade anônima ou autarquia).
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: são pessoas jurídicas de Direito Privado, integrantes da Administração Indireta, instituídas pelo Poder Público, mediante autorização de lei específica, sob a forma de sociedade anônima, com participação obrigatória de capital privado e público, sendo da pessoa política instituidora ou de entidade da respectiva administração indireta o controle acionário para a exploração de atividades econômicas ou a prestação de serviços públicos.
DIFERENÇAS ENTRE EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONIMIA MISTA:
	 EMPRESA PÚBLICA
	SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
	Quanto ao capital: capital 100% público, não tem participação de particulares (pode participar entes da AP indireta, empresas estataisou sociedades de economia mista).
	Capital misto, parte público e parte privado, devendo a maior parte do capital estar nas mãos do Poder Público – controle acionário (ou seja, o Poder público deve possuir a maior parte das ações com direito à voto, podendo definir atividades da entidade).
	Quanto à forma societária: pode ser qualquer forma de sociedade admitida no Direito, pode ser, por exemplo, uma sociedade unipessoal ou mesmo uma sociedade anônima.
	SEMPRE CRIADA NA FORMA DE SOCIEDADE ANÔNIMA, também pode ser chamada de companhia.
	Quanto ao deslocamento de competências (em processos judiciais): é competência da Justiça Federal, estando incluídas todas as entidades da AP indireta, salvo as sociedades de economia mista.
	Competência da Justiça Estadual, mesmo nas ações em que a Sociedade de Economia Mista participe como autora ou ré (salvo se a União estiver como assistente, aí vai para a Justiça Federal).
SEMELHANÇAS ENTRE EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA:
· Regidas pelo direito privado, porém algumas com restrições do direito público, por isso considera-se que se segue um regime jurídico híbrido/ misto, NÃO POSSUEM PRIVILÉGIOS E BENEFÍCIOS DO DIREITO PÚBLICO (como a dilação de prazos) porém devem respeitar as restrições do DP como a contratação por meio de concurso público.
· As empresas prestadoras de serviços públicos se aproximam das regras de direito público (ex: impenhorabilidade dos bens), as empresas exploradoras de atividades econômicas aproximam-se das regras de direito privado (ex: não possuem impenhorabilidade).
Exceção: Correios – por entendimento do STF devem sempre seguir o regime jurídico de direito público, e não o regime híbrido.
· Não podem ter fins lucrativos, estes devem ser consequência da atividade administrativa, mas nunca o fim principal, por serem entidades da AP indireta, mesmo explorando atividade econômica devem sempre agir de acordo com a finalidade pública e a segurança nacional.
· Criação por meio de lei específica autorizada e registro no cartório de pessoa jurídica (para as de natureza não comercial) ou na junta comercial (para as de natureza comercial). 
· Estão submetidas ao controle de finalidade do ente da AP direta que a instituiu, não possuí controle hierárquico, apenas finalístico e o do Tribunal de Contas.
· Responsabilidade civil objetiva (o ente instituidor responde pelos erros cometidos pela instituição), com exceção das empresas exploradoras de atividade econômica, que vão responder pela regra de responsabilidade do Direito Privado, de responsabilidade SUBJETIVA, na qual se apura culpa ou dolo do sujeito.
· Regidos pela CLT, prestam serviços mediante contrato da empresa, não são submetidos às regras estatuárias dos servidores públicos.
· Os dirigentes das empresas são servidores e detentores de cargo comissionado, nomeados livremente pela entidade da AP direta (ex: os Ministérios).
· Embora regidos pela CLT submetem-se a algumas restrições dos Servidores Públicos em geral (aprovação em concurso público, teto remuneratório, vedação de acumulação de cargos e empregos públicos).
· Não se aplica a regra de estabilidade, embora se exija o cumprimento do período probatório de 3 anos. 
São exemplos de empresas públicas: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO, Caixa Econômica Federal – CEF.
São exemplos de sociedades de economia mista: Banco do Brasil s/a e a Petrobrás s/a (exploração de atividade econômica) e a CESAN (prestação de serviço público).

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