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Módulo Tributo e Segurança Jurídica SEMINÁRIO IV - INTERPRETAÇÃO, VALIDADE, VIGÊNCIA E EFICÁCIA DA NORMA TRIBUTÁRIA ALUNA: PATRICIA PEREIRA BARRETO Questões 1. Que significa afirmar que uma norma “N” é válida? Diferençar: (i) validade, (ii) vigência; (iii) eficácia jurídica; (iv) eficácia técnica e (v) eficácia social. Uma norma jurídica válida é uma norma inserida no sistema onde foi obedecida todas as normas de competências devidamente estatuídas. (i) validade está intimamente relacionada a norma de competência em que na sua estrutura completa é composta por dois juízos condicionantes distintos: norma primária de competência que regula a forma como uma norma deve ser criada e norma secundária de competência que determina quais as consequências a serem aplicadas pelo poder judiciário em caso de descumprimento das normas primarias. (ii) vigência; se relaciona a aplicação aos fatos ocorridos no período de tempo – ou seja intervalo de subsunção. (iii) eficácia jurídica; a eficácia está relacionada aos efeitos produzidos, sendo que subdivide-se em eficácia jurídica (onde o fato previsto no antecedente da norma, projeta-se na aplicação do consequente normativo); eficácia técnica e eficácia social (iv) eficácia técnica, é a norma pronta para produzir efeitos, ou seja, é a descrição dos fatos que, uma vez ocorridos irradiam efeitos (v) eficácia social, também chamada de efetiva, se relaciona a aceitação da sociedade aos mandamentos normativos. 2. Descreva o percurso gerador de sentido dos textos jurídicos explicando os planos: (i) dos enunciados tomados no plano da expressão (S1); (ii) dos conteúdos de significação dos enunciados prescritivos (S2); (iii) das Módulo Tributo e Segurança Jurídica significações normativas (S3); (iv) das relações entre normas (S4). Utilizando-se das lições do Prof. Paulo de Barros Carvalho1, assevera que o direito se manifesta em quatro planos: das formulações literais, das significações (enunciados prescritivos), das normas jurídicas, das estruturas superiores, constituídas de vínculos de subordinação e de coordenação. (i) dos enunciados tomados no plano da expressão (S1); se dá a partir do contato com a literalidade textual, com o plano dos significantes ou com o chamado plano de expressão, algo objetivado, isto é, posto intersubjetivamente, onde estão as estruturas morfológicas e gramaticais, que o intérprete inicia o processo de interpretação, propriamente dito, passando a construir os conteúdos significativos dos vários enunciados ou frases prescritivas para, enfim, ordená-los na forma estrutural de normas jurídicas, articulando essas entidades para constituir um domínio2. (ii) (ii) dos conteúdos de significação dos enunciados prescritivos (S2); o exegeta atribui valores unitários aos vários signos que encontrar justapostos, selecionando significações e compondo segmentos portadores de sentido, estruturando significações de cunho jurídico que transmite algo peculiar ao universo das condutas intersubjetivas3 (iii) (iii) das significações normativas (S3); o intérpete ingressa no universo dos conteúdos significativos e promover a contextualização dos conteúdos obtidos no curso do processo gerativo, com a finalidade de produzir unidades completas para as mensagens deônticas.4 (iv) (iv) das relações entre normas (S4); tem se a organização das normas numa estrutura escalonada, presentes laços de coordenação e de 1 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 31 ed. São Paulo: Noeses, 2021 2 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 31 ed. São Paulo: Noeses, 2021 33 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 31 ed. São Paulo: Noeses, 2021 4 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 31 ed. São Paulo: Noeses, 2021 Módulo Tributo e Segurança Jurídica subordinação entre as unidades construídas5 3. Há um sentido correto para os textos jurídicos? Faça uma crítica aos métodos hermenêuticos tradicionais. É possível falar em interpretação teleológica e literal no direito tributário? E em interpretação econômica? Justifique. (Vide anexos I e II). Entendo que não existe um sentido correto para os textos jurídicos, há uma valoração do intérprete condicionado por suas experiências e cultura específica, assim também assevera a Prof. Aurora Tomazini. Os métodos hermenêuticos tradicionais interpretam de acordo com o texto prescrito, tendo como base a significação, o suporte físico, o sentido está no texto em que extrai-se as significações, criadas, produzidas e elaboradas pelo intérprete. O sentido sempre passará por um processo interpretativo, mediante atribuição de valores dados pelo intérprete. A interpretação literal não é eficaz para o conhecimento do direito como um todo, pois se prende ao significado base dos signos positivados. E , quando se interpreta, entra no plano dos valores e conteúdos das sinificações que só existe na mente do interprete conforme alhures colocado, de acordo com sua cultura e experiência específica, no meio de um determinado contexto. No teleológico, busca-se a finalidade do legislador na criação da nora, se investigando o conteúdo significativo do direito, pois também faz parte da valoração do intérprete, insuficiente para a realidade jurídica. 4. A Lei “A” foi promulgada no dia 01/06/12 e publicada no dia 30 de junho desse mesmo mês e ano. A Lei “B” foi promulgada no dia 10/06/12, tendo sido publicada no dia 20 desse mesmo mês e ano. Na hipótese de antinomia entre os dois diplomas normativos, qual deles deve prevalecer? Justificar. Partindo da premissa que ambas são normas jurídicas válidas, que entraram em vigência 5 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 31 ed. São Paulo: Noeses, 2021 Módulo Tributo e Segurança Jurídica logo após a sua publicação, que possuem o mesmo grau hierárquico e que regulam o mesmo assunto, entrando em conflito de disposiçoes, em caso de antinomia entre elas, a norma posteriormente publicada deve prevalecer sobre a norma anterior. Isto posto, a Lei A deve prevalecer sobre a Lei B, posto que, a Lei A foi publicada em momento posterior, aplicando-se o art. 2° §1°da LINDB: Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior A LINDB estabelece regras em caso de antinomia de primeiro grau, utilizando-se dos critérios: cronológico (norma posterior prevalece sobre a anterior) , especialidade(norma especial prevalece sobre a norma geral) e hierárquico(norma superior tem prevalência sobre a norma inferior). 5. Compete ao legislativo a positivação de interpretações? Existe lei puramente interpretativa? Tem aplicabilidade o art. 106, I, do CTN ao dispor que a lei tributária interpretativa se aplica ao fato pretérito? Como confrontar este dispositivo do CTN com o princípio da irretroatividade? (Vide anexos III e IV). Entendo que a positivação de interpretações não compete ao poder legislativo, no entanto, denota-se que existem leis interpretativas, que tem o objetivo de esclarecer dúvidas, fixando a significação, introduzindo alterações nas regras descritivas de conduta. Referidas leis interpretativas não criam norma, objetiva fixar uma significação de norma jurídica que suscite dúvidas no seu sentido e alcance. Através da aplicação do texto normativo o juiz, intérprete autêntico, poderá aplicar o texto positivado, produzindo assim a linguagem jurídica adequada e sua interpretação autêntica, estatuída na decisão judicial, seja sentença, ou acordão. Neste caso, o sujeito competente constrói vários juízos normativos, resultante de atos de interpretação valorando os signos. O Prof. Paulo de BarrosCarvalho, assevera que a interpretação feita por sujeito Módulo Tributo e Segurança Jurídica competente para produzir normas e aplica-las é a mesma por aquele que não goza de tal aptidão. A diferença está na linguagem – enunciado em que ela se materializa, devendo passar pelos 4 planos de construção do sentido dos textos jurídicos. Ou seja, se a interpretação for realizada por quem não possuir competência para dizer se uma norma é ou não constitucional, não passará de mera linguagem. No entanto se realizada por sujeito competente, cria-se um novo enunciado jurídico, positivado e integrado ao sistema. O art. 106 I CTN – autoriza que” A lei aplica-se a ato ou fato pretérito - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;”, entendemos que desde que a referida lei tenha expressamente esse caráter, excluindo-se a aplicação de penalidades à infração dos dispositivos interpretados e consequentemente não contrarie um ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido. Analisando o Princípio da Irretroatividade da lei (art. 150 III a CF) e o art. 106 I CTN concluímos que conforme explicitado a lei interpretativa em matéria tributária pode ser aplicada a fato pretérito, na medida que esta não se cobre tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado (art. 150 III a CF) 6. Dada a seguinte lei fictícia, responder às questões que seguem: Lei ordinária federal n. 10.001, de 10/10/2016 (DO de 01/11/2016) Art. 1º Esta taxa de licenciamento de veículo tem como fato gerador a propriedade de veículo automotor com registro de domicílio no território nacional. Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é o valor venal do veículo. Parágrafo único. A alíquota é de 1% . Art. 3º Contribuinte é o proprietário do veículo. Art. 4º Dá-se a incidência dessa taxa no primeiro dia do quarto mês de cada exercício, devendo o contribuinte que se encontrar na situação descrita pelo art. 1º dessa lei, desde logo, informar até o décimo dia deste mesmo mês, em Módulo Tributo e Segurança Jurídica formulário próprio (FORMGFA043), o valor venal, o tipo, a marca, o ano e a cilindrada do respectivo veículo. Art. 5º A importância devida, a título de taxa, deve ser recolhida até o décimo dia do mês subsequente, sob pena de multa de 10% sobre o valor do tributo devido. Art. 6º Diante da não emissão do formulário (FORMGFA043) na data aprazada, poderá, a autoridade fiscal competente lavrar Auto de Infração e Imposição de Multa, em decorrência da não observância dessa obrigação, impondo multa de 50% sobre o valor do tributo devido. (...) a) Em 01/06/2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em ação direta (com efeito erga omnes), pela inconstitucionalidade desta lei federal. Identificar nas datas abaixo fixadas, segundo os critérios indicados, a situação jurídica da regra que instituiu o tributo, justificando cada uma das situações: Critério s\ datas 11/10/2016 01/11/201 6 01/02/201 7 01/04/201 7 01/07/2019 É válida não não sim sim não É vigente não não sim sim não Incide não não não sim não Aprese nta eficácia jurídica não não não sim não Conforme premissas fixadas neste seminário temos: Módulo Tributo e Segurança Jurídica Entendemos que a validade da Lei 10.001, de 10/10/2016 (DO de 01/11/2016) passa a pertencer o sistema jurídico a partir de sua publicação dia 01/11/2016. A Vigência da Lei 10.001, de 10/10/2016 (DO de 01/11/2016) como não foi explicitada nenhuma norma no texto positivado acerca da vigência, entende-se que entra em vigência no dia seguinte a sua publicação, ou seja, passa a ser aplicada aos fatos ocorridos após referida data. No entanto deve a Lei inferior - Lei ordinária federal n. 10.001, obedecer a norma superior de estrutura, qual seja a CF, no tocante ao Principio da Anterioridade e Anterioridade Nonagesinal prevista na CF Art. 150 III b e c. Incidência – com a vigência da norma, a mesma passa a incidir a todos os fatos ocorridos após a data da publicação. Exige ainda o texto positivado no seu art.4° que a incidência da taxa se dê no primeiro dia do quarto mês de cada exercício, devendo o contribuinte que se encontrar na situação descrita pelo art. 1º dessa lei, desde logo, informar até o décimo dia deste mesmo mês, em formulário próprio, o valor venal, o tipo, a marca, o ano e a cilindrada do respectivo veículo. Ou seja, o texto legal exigiu para a incidencia da norma, um dever instrumental do sujeito passivo, qual seja, o dever de informar em formulário próprio o valor venal, o tipo, a marca, o ano e a cilindrada do respectivo veículo. Em momento posterior, em virtude da decisão de inconstitucionalidade da lei, proferida em sede de ADI, em regra a mesma possui efeitos ex tunc, ou seja, retroativos, obstados todos os efeitos da lei a partir da data de sua publicação. Eficácia Jurídica – referem-se aos efeitos produzidos pela Lei ordinária federal n. 10.001/16, que deu-se a partir de sua publicação art. 6° LINDB: Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada A eficácia jurídica também depende da ocorrência do fato jurídico tributável, se complete com a aplicação do antecedente e do consequente da norma jurídica. 7. Uma lei inconstitucional (produzida materialmente em desacordo com a Constituição Federal – porém ainda não submetida ao controle de constitucionalidade) é válida? O vício de inconstitucionalidade pode ser Módulo Tributo e Segurança Jurídica sanado por emenda constitucional posterior? (Vide anexo V). Pelas premissas anteriormente fixadas, entendo que sim, uma vez que apenas o poder judiciário é o sujeito competente para extirpar do sistema jurídico uma norma válida inconstitucional. Com a declaração de inconstitucionalidade pelo STF no controle difuso, o STF , este comunica a decisão ao Senado, e este, através de Resolução, determina a suspensão da eficácia (técnica) daquela norma, que permanece vigente, sem poder atuar, continuando válida até que o órgão que a promulgou venha a expulsá-la do sistema.6 Entendemos que o vício de inconstitucionalidade de uma lei de hierarquia inferior, não pode ser sanado por emenda constitucional posterior porque inexiste no sistema jurídico brasileiro o instituto da constitucionalidade superveniente, ou seja o vício de inconstitucionalidade não se convalida. Sendo a lei de hierarquia inferior inválida desde sua existência. 8. Leia atentamente abaixo a sucessão de fatos no tempo: FATO 1 – A lei n. 9.528/97, alterando o art. 25 da Lei n. 8.212/91, estabeleceu que: “Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea “a” do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada a Seguridade Social, é de: I - 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; II - 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para o financiamento das prestações por acidente do trabalho.” FATO 2 – Emenda Constitucional 20/1998 alterou a redação do art. 195, inciso I, da Constituição Federal. REDAÇÃO NOVA: Art. 195 - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e 6 CARVALHO. Paulo de Barros, Curso de Direito Tributário, Editora Noeses, 2021 Módulo Tributo e Segurança Jurídica indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados,a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; REDAÇÃO ANTERIOR: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro; II - dos trabalhadores; FATO 3 – O STF, em controle difuso, declarou inconstitucional o art. 25, incisos I e UU, da Lei n. 8.212/91, com as alterações promovidas pela lei n. 9.528/97: (RE 363852, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 03/02/2010, DJe-071 DIVULGAÇÃO 22-04-2010 PUBLICAÇÃO 23-04-2010): “RECURSO EXTRAORDINÁRIO - PRESSUPOSTO ESPECÍFICO - VIOLÊNCIA À CONSTITUIÇÃO - ANÁLISE - CONCLUSÃO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL - COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS - PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS - SUB-ROGAÇÃO - LEI Nº 8.212/91 - ARTIGO 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL - PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 - UNICIDADE DE INCIDÊNCIA - EXCEÇÕES - COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL - PRECEDENTE - INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR. Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária sub-rogada do adquirente, presente a venda de bovinos por produtores rurais, pessoas naturais, prevista nos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com Módulo Tributo e Segurança Jurídica as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e nº 9.528/97. Aplicação de leis no tempo - considerações.” FATO 4 – A lei 10.256/2001, alterou o caput do artigo 25 da Lei n. 8.212/91: “Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de:” FATO 5 - O STF reconheceu a constitucionalidade da contribuição do empregador rural pessoa física ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL): (RE 718874, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-219 DIVULG 26-09-2017 PUBLIC 27-09-2017 REPUBLICAÇÃO: DJe-225 DIVULG 02-10-2017 PUBLIC 03- 10-2017) Ementa: TRIBUTÁRIO. EC 20/98. NOVA REDAÇÃO AO ARTIGO 195, I DA CF. POSSIBILIDADE DE EDIÇÃO DE LEI ORDINÁRIA PARA INSTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO DE EMPREGADORES RURAIS PESSOAS FÍSICAS INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 10.256/2001. 1.A declaração incidental de inconstitucionalidade no julgamento do RE 596.177 aplica-se, por força do regime de repercussão geral, a todos os casos idênticos para aquela determinada situação, não retirando do ordenamento jurídico, entretanto, o texto legal do artigo 25, que, manteve vigência e eficácia para as demais hipóteses. 2. A Lei 10.256, de 9 de julho de 2001 alterou o artigo 25 da Lei 8.212/91, reintroduziu o empregador rural como sujeito passivo da contribuição, com a alíquota de 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; espécie da base de cálculo receita, autorizada pelo novo texto da EC 20/98. 3. Recurso extraordinário provido, com afirmação de tese segundo a qual É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/01, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção. FATO 6 – Resolução do Senado n. 15/2017: “Art. 1º É suspensa ,nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal, a Módulo Tributo e Segurança Jurídica execução do inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e a execução do art. 1º da Lei nº 8.540, de 22 de dezembro de 1992, que deu nova redação ao art. 12, inciso V, ao art. 25, incisos I e II, e ao art. 30, inciso IV, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, todos com a redação atualizada até a Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997, declarados inconstitucionais por decisão definitiva proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário nº 363.852.” Considerando as ocorrências acima, responda fundamentadamente: a) Em dezembro de 1999, é possível afirmar que o art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n. 9.528/97) é válido, vigente e possui eficácia técnica? b) A decisão na RE 363.852 é capaz de alcançar a validade, vigência ou a eficácia do art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n. 9.528/97)? c) Quais os efeitos da Resolução do Senado n. 15/2017 no que se refere à Vigência, validade e eficácia do art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n. 9.528/97)? d) A decisão no RE 718.874 alcança a validade, vigência ou eficácia do art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n. 9.528/97)? a) sim, podemos afirmar que o art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n. 9.528/97) é válido, vigente e possui eficácia técnica, posto que foi introduzido por veículo competente, positivada no mundo jurídico, expedido por autoridade competente. Decorreu o prazo de vacatio legis e assim pode-se afirmar que a norma possui eficácia técnica haja vista que possui aptidão para sua plena incidência com todas as condições de ser aplicada. b) Entendemos negativamente. A decisão do RE 363.852 sem repercussão geral, afetará a vigência e a eficácia da norma, pois a declaração de inconstitucionalidade em controle difuso, os efeitos dão-se entre as partes, dessa forma, a norma permanece válida no sistema jurídico, por estar existente e positivada. Para que a http://www.normaslegais.com.br/legislacao/trabalhista/lei8212.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/lei-8540-1992.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/trabalhista/lei8212.htm http://www.normaslegais.com.br/legislacao/trabalhista/lei8212.htm Módulo Tributo e Segurança Jurídica decisão perca a eficácia necessário resolução do senado federal suspendendo a execução da lei declarada inconstitucional, conforme art.52 X da CF. c) Como a decisão do RE 363.852, foi julgado em 03/02/2010, e publicado 23-04-2010, possuindo efeitos inter partes, apenas afeta as partes em litígio. Com a publicação da Lei 10.256/2001 no D.O.U. de 10.7.2001 que já tinha alterado o caput do art. 25, não houve qualquer relevância a Resolução do Senado n. 15/2017 no que se refere à vigência, validade e eficácia do art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n. 9.528/97), posto que já estava revogada pela Lei 10.256/2001. d) Não, posto que o STF analisou a constitucionalidade da norma após ter sido realizada a alteração do art. 25, da Lei 8.212/91 pela Lei 10.256/2001, isto é não alcançou períodos ou redações anteriores a esta Lei.