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Dissertacao_Decio_Tomasulo_De_Vicente (2)

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DÉCIO TOMASULO DE VICENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APLICAÇÃO DOS PADRÕES DA NORMA IEC 61850 
A SUBESTAÇÕES COMPARTILHADAS DE 
TRANSMISSÃO/DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à Escola Politécnica 
da Universidade de São Paulo para obtenção 
do título de Mestre em Engenharia Elétrica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2011 
 
DÉCIO TOMASULO DE VICENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APLICAÇÃO DOS PADRÕES DA NORMA IEC 61850 
A SUBESTAÇÕES COMPARTILHADAS DE 
TRANSMISSÃO/DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à Escola Politécnica 
da Universidade de São Paulo para obtenção 
do título de Mestre em Engenharia Elétrica 
 
Área de Concentração: Sistemas de Potência 
 
Orientador: Prof. Dr. Eduardo César Senger 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2011 
 
 
Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob 
responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador. 
 
São Paulo, 15 de dezembro de 2011. 
 
Assinatura do autor ____________________________ 
 
Assinatura do orientador _______________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vicente, Décio Tomasulo de 
Aplicação dos padrões da norma IEC 61850 a subestações 
compartilhadas de transmissão/distribuição de energia elétrica / 
D.T. de Vicente. -- ed.rev.-- São Paulo, 2011. 
 p. 
 
Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade 
de São Paulo. Departamento de Engenharia de Energia e Auto-
mação Elétricas. 
 
1.Cogeração de energia elétrica 2.Subestações elétricas 
I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento 
de Engenharia de Energia e Automação Elétricas II.t. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Aos meus pais e à minha família pelo apoio. 
Ao professor Dr. Eduardo César Senger pela orientação e pelo apoio. 
Aos professores Dr. Aderbal de Arruda Penteado Junior e Dr. Mário César Giacco Ramos 
pelo incentivo na realização do mestrado. 
À Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista pela oportunidade e 
disponibilização de tempo e recursos necessários para o desenvolvimento deste trabalho. A 
todos que trabalham ou trabalharam comigo nesta companhia. 
Ao professor Dr. Alberto Bianchi Junior, à pesquisadora do CPqD engenheira M.Sc. Patrícia 
Lopes Cavalcante e ao engenheiro M.Sc. Mário Roberto Bastos pelo incentivo e apoio na 
dissertação. 
À Schweitzer Engineering Laboratories, à SPIN Engenharia e à ECIL Informática pelo apoio 
de seus profissionais e pelo fornecimento de recursos para o desenvolvimento prático deste 
trabalho. 
Ao Guilherme Manna César pelas correções no abstract. 
E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para conclusão deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Os objetivos deste trabalho são apresentar e avaliar o projeto de uma subestação focando o 
compartilhamento da instalação, dos equipamentos e particularmente das informações entre 
empresas de transmissão e distribuição de energia, o que gera implicações relativas à 
segurança de acesso aos dados, à segurança na manutenção e operação e à divisão das 
responsabilidades técnicas. A necessidade desse tipo de projeto vem se tornando frequente no 
estado de São Paulo à medida que cresce o acesso ao sistema de transmissão pelas usinas 
térmicas das empresas do setor sucroalcooleiro, em concordância com as resoluções 
normativas da Agência Nacional de Energia Elétrica. 
O trabalho propõe a configuração de funções de supervisão e proteção utilizando a troca de 
informações entre os agentes através do serviço de mensagens prioritárias previsto na norma 
IEC 61850, em substituição aos relés auxiliares e ao painel de interface que utiliza cabos de 
cobre. Tendo a segurança como ponto principal de discussão quando se deseja conectar duas 
redes de comunicação de empresas diferentes, são avaliadas, através de simulações, as 
operações das lógicas de proteção, o acesso aos dados, e a troca de informações de 
supervisão. Algumas tecnologias apresentadas já são amplamente utilizadas na área de 
Tecnologia da Informação, como os requisitos de segurança digital e que, se utilizados em 
sistemas baseados na IEC 61850 sem impactar significantemente na performance e nos 
custos, apresentam enormes vantagens para os sistemas digitalizados das subestações. Por 
fim, são apresentadas as diferenças e os benefícios de se utilizar os recursos da norma para um 
projeto tão particular. 
 
Palavras-chave: IEC 61850. Subestações. Cogeração de energia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The aims of this study are to present and to evaluate the design of a substation, focusing on 
the sharing of the installation, equipments, and particularly on the information between 
transmission and distribution energy companies. This will highlight implications for data 
access security, along with the security concerning maintenance and operation of a substation 
and the division of technical responsibilities. The need for this type of project is becoming 
common in the state of São Paulo as the access to the transmission system by thermal power 
plants of sugar companies increases, in accordance with the normative resolutions of the 
Agência Nacional de Energia Elétrica. 
The study proposes the configuration of supervision and protection functions using exchange 
of information between agents via priority messaging service provided by IEC 61850 instead 
of the auxiliary relays and panel interface that uses copper wires. When connecting two 
communication networks of different companies while considering safety as the main issue, 
simulations are conducted to evaluate protection logic operations, data access and supervision 
data exchange. Certain technologies presented here are already widely used in Information 
Technology, such as the cyber security requirements. When utilized in IEC 61850 based 
systems without significantly impacting performance and costs, these cyber security 
requeriments present great advantages for the substations’ digitalized systems. Finally, 
differences and benefits are considered for the use of the resources of the norm for such a 
particular project. 
 
Keywords: IEC 61850. Substations. Cogeneration 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Relé eletromecânico da General Electric de proteção de sobrecorrente temporizado 
e instantâneo ............................................................................................................................. 20 
Figura 2 - Relé estático da ASEA de proteção de distância ..................................................... 22 
Figura 3 – Relé digital multifunção da Schweitzer Engineering Laboratories ........................ 24 
Figura 4 - Estrutura de dados definida pela norma ................................................................... 31 
Figura 5 – Característica de transmissão das mensagens GOOSE ........................................... 32 
Figura 6 – Mensagem GOOSE publicada em data sets ........................................................... 32 
Figura 7 - Arquivos padronizados pela IEC 61850 .................................................................. 34 
Figura 8 – Diagrama unifilar de uma subestação padrão para seccionamento em 138kV ....... 43 
Figura 9 – Configuração final dos disjuntores na transferência de proteções .......................... 52 
Figura 10 – Interface física de compartilhamento de informações .......................................... 54 
Figura 11 – Painel de interface com pontos de proteção, supervisão e circuitos de tensão e 
corrente ..................................................................................................................................... 55 
Figura 12 – Quantidade de cabos nas entradas e saídas dos IEDs ........................................... 56 
Figura 13 – Detalhe dos bornes seccionáveisno painel de interface lado da distribuidora ..... 56 
Figura 14 – Detalhe dos bornes seccionáveis no painel de interface lado da transmissora ..... 57 
Figura 15 – Quantidade de cabos no painel de interface para efetuar as interligações ............ 57 
Figura 16 – Quantidade de relés auxiliares nos painéis ............................................................ 58 
Figura 17 – Quantidade de relés auxiliares no painel de linha de transmissão ........................ 58 
Figura 18 – Relés auxiliares no painel da proteção de barras .................................................. 59 
Figura 19 – Princípio da transmissão de luz no interior de uma fibra ...................................... 60 
Figura 20 – Exemplo de segmentação de uma rede através de VLANs ................................... 63 
Figura 21 – Identificação do identificador de VLAN no pacote de dados ............................... 63 
Figura 22 – Arquitetura de testes .............................................................................................. 66 
Figura 23 – Arquitetura de testes montada em laboratório ...................................................... 67 
Figura 24 – Portas, IPs e VLANs configuradas para a arquitetura de testes ............................ 69 
 
Figura 25 – Característica da configuração de VLANs nas portas do switch .......................... 72 
Figura 26 – Endereços MAC das portas e o envio de GOOSE pela porta 5D ......................... 74 
Figura 27 – Porta 5C ativa e o envio de GOOSE permanece com o endereço MAC da 5D .... 75 
Figura 28 – Teste de ping com apenas uma porta ativa no IED ............................................... 76 
Figura 29 – Configuração do filtro por endereço MAC nas portas do switch .......................... 77 
Figura 30 – Acesso às propriedades da placa Intel PRO/100 ................................................... 78 
Figura 31 – Configuração da VLAN na placa de rede do computador da transmissora .......... 78 
Figura 32 – Teste da proteção de falha de disjuntor ................................................................. 79 
Figura 33 – Configurando o data set com o ponto CCOUT1 simulando o disparo da proteção 
de falha de disjuntor ................................................................................................................. 80 
Figura 34 – Configurações para publicação do GOOSE de falha de disjuntor ........................ 80 
Figura 35 – Janela de preferências da transmissão do GOOSE ............................................... 82 
Figura 36 – Assinatura do GOOSE pela transmissora com o ponto para disparo da proteção de 
falha de disjuntor ...................................................................................................................... 83 
Figura 37 – Pacotes com o GOOSE de falha de disjuntor capturados pelo programa Ethereal
 .................................................................................................................................................. 84 
Figura 38 – Teste da transferida do disparo da proteção para o disjuntor paralelo .................. 85 
Figura 39 – Configurando o data set com o ponto de trip do IED da transmissora ................. 85 
Figura 40 – Configurações para publicação do GOOSE de disparo para a transferência de 
proteção .................................................................................................................................... 86 
Figura 41 – Assinatura do GOOSE pela distribuidora com o ponto de disparo para a 
transferência de proteção .......................................................................................................... 86 
Figura 42 – Pacotes com o GOOSE da transferência de proteção capturados pelo programa 
Ethereal .................................................................................................................................... 87 
Figura 43 – Associação do Push Button 1 ao trip do IED da transmissora .............................. 88 
Figura 44 – Análise do comportamento do GOOSE com a atuação do trip no IED da 
transmissora .............................................................................................................................. 89 
Figura 45 – Teste de troca de dados da distribuidora para a transmissora ............................... 90 
Figura 46 – Canal de entrada de tensão fase A e neutro no IED SEL 451-4 ........................... 91 
Figura 47 – Configurando a relação de transformação no IED SEL 451-4 da distribuidora ... 91 
 
Figura 48 – Visualizando a tensão em kV no display do IED da distribuidora ....................... 92 
Figura 49 – Visualizando a tensão VA em kV do IED no programa Acselerator Quickset .... 92 
Figura 50 – Configurando o data set com o ponto de tensão da fase A do IED da distribuidora
 .................................................................................................................................................. 93 
Figura 51 – Configurações para publicação do GOOSE com o data set da tensão da fase A . 93 
Figura 52 – Assinatura do GOOSE com o data set da medida analógica tensão ..................... 94 
Figura 53 – Mapeando a medida analógica RA001 no IED da transmissora ........................... 95 
Figura 54 – Botões frontais configurados para mudar o estado dos equipamentos ................. 95 
Figura 55 – Visualização dos equipamentos no IED da distribuidora ..................................... 96 
Figura 56 – Configurando o data set com os estados dos equipamentos ................................. 97 
Figura 57 – Configurações para publicação do GOOSE com o data set dos estados dos 
equipamentos ............................................................................................................................ 97 
Figura 58 – Assinatura do GOOSE pelo IED da transmissora com os estados dos 
equipamentos ............................................................................................................................ 99 
Figura 59 – Pontos auto publicados do IED da transmissora ................................................... 99 
Figura 60 – Pacotes com o GOOSE da medida analógica capturados pelo programa Ethereal
 ................................................................................................................................................ 100 
Figura 61 – Pacotes capturados pelo programa Ethereal contendo o GOOSE dos 
equipamentos .......................................................................................................................... 101 
Figura 62 –Mapeando a medida analógica de tensão ............................................................. 101 
Figura 63 –Mapeando o estado desligado do disjuntor 24-1 .................................................. 102 
Figura 64 –Mapeando o estado fechado do seccionador 28 ................................................... 102 
Figura 65 –Mapeando o estado fechado do seccionador 26 ................................................... 103 
Figura 66 – Utilizando o endereço MAC da transmissora no computador da distribuidora .. 104 
Figura 67 – Endereço MAC do computador configurado no switch da distribuidora ............ 104 
Figura 68 – Endereço MAC do computador configurado no switch da transmissora ............ 105 
Figura 69 – Arquitetura em anel com redundância ................................................................ 106 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 –Endereçamento multicast recomendado pela norma ............................................... 33 
Tabela 2 – Tipo de portas do switch ......................................................................................... 70 
Tabela 3 – Regras de egresso das portas do switch .................................................................. 70 
Tabela 4 – Regras de ingresso das portas do switch .................................................................71 
Tabela 5 – Normas NERC CIP de segurança cibernética ........................................................ 73 
Tabela 6 – Indicação de estado duplo ....................................................................................... 98 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica 
CCD Contrato de Conexão à Distribuição 
CCT Contrato de Conexão à Transmissão 
CID Configured IED Description 
CIM Common Information Model 
CIP Critical Infrastructure Protection 
CLP Controlador Lógico Programável 
CUSD Contrato de Uso do Sistema de Distribuição 
CUST Contrato de Uso do Sistema de Transmissão 
DIT Demais Instalações da Transmissão 
DNP Distributed Network Protocol 
FACTS Flexible AC Transmissions Systems 
FTP File Transfer Protocol 
GOOSE Generic Oriented Object Substation Event 
GPS Global Positioning System 
GSSE Generic Substation Status Event 
HTTP Hypertext Transfer Protocol 
ICCP Inter-control Center Communication Protocol 
ICD IED Capability Description 
ICMP Internet Control Message Protocol 
IEC International Electrotechnical Commission 
IED Intelligent Electronic Device 
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers 
IRIG Inter Range Instrumentation Group 
ISO International Organization for Standardization 
kV quilo Volt 
LAN Local Area Network 
LED Light-Emmiting Diode 
MAC Media Access Control 
MMS Manufacturing Message Specification 
NERC North American Electric Reliability Corporation 
 
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico 
OSI Open Systems Interconnection 
PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas 
PING Packet Internet Groper 
PMU Phasor Measurement Unit 
PROINFA Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica 
QoS Quality of Service 
RAP Receita Annual Permitida 
REA Resolução Autorizativa 
REN Resolução Normativa 
RSTP Rapid Spanning Tree Protocol 
SAS Substation Automation System 
SCADA Supervisory Control and Data Acquisition 
SCD Substation Configuration Description 
SCSM Specific Communication Service Mapping 
SEL Schweitzer Engineering Laboratories 
SEP Sistema Elétrico de Potência 
SIN Sistema Interligado Nacional 
SNMP Simple Network Management Protocol 
SNTP Simple Network Time Protocol 
SOE Sequence of Events 
SOTF Switch Onto Fault 
SSC Sistema de Supervisão e Controle 
SSD System Specification Description 
SSH Secure Shell 
SSL Secure Socket Layer 
ST Straight Tip 
TASE Telecontrol Application Service Element 
TC Transformador de Corrente 
TI Tecnologia da Informação 
TP Transformador de Potencial 
UAC Unidade de Aquisição e Controle 
UCA Utilities Communication Architecture 
 
UTE Usina Térmelétrica de Energia 
UTP Unshielded Twisted Pair 
UTR Unidade Terminal Remota 
VID VLAN Identification 
VLAN Virtual Local Area Network 
WAN Wide Area Network 
XML Extensible Mark-up Language 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 Introdução ...................................................................................................... 16 
2 A modernização das subestações de energia ............................................... 18 
2.1 Proteção dos sistemas elétricos de potência ................................................................ 18 
2.2 Sistemas de automação ................................................................................................. 25 
2.3 Sistemas de supervisão e controle ................................................................................ 26 
2.4 Os protocolos de comunicação ..................................................................................... 27 
2.5 O papel da norma IEC 61850 na modernização das subestações ............................. 28 
2.5.1 Requisitos gerais ..................................................................................................... 30 
2.5.2 A estrutura dos dados ............................................................................................ 30 
2.5.3 Serviços de mensagens da norma IEC 61850 ...................................................... 31 
2.5.4 Configuração da arquitetura de comunicação .................................................... 34 
3 Subestações compartilhadas ......................................................................... 35 
3.1 O acesso ao SIN ............................................................................................................. 35 
3.2 Resoluções normativas da ANEEL ............................................................................. 36 
3.2.1 Resolução normativa N° 68 da ANEEL ............................................................... 37 
3.2.2 Resolução normativa N° 312 da ANEEL ............................................................. 37 
3.3 Acesso às DITs ............................................................................................................... 37 
3.4 Resoluções autorizativas da ANEEL ........................................................................... 39 
3.5 Cogeração ...................................................................................................................... 39 
3.5.1 Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica ................. 40 
3.5.2 Usinas termelétricas de biomassa ......................................................................... 41 
3.6 Arranjo físico das subestações compartilhadas ......................................................... 42 
3.7 Funções de proteção aplicadas na subestação compartilhada .................................. 44 
3.7.1 Proteção de Distância ............................................................................................. 45 
3.7.2 Religamento automático das linhas ...................................................................... 45 
 
3.7.3 Proteção de sobrecorrente direcional ................................................................... 45 
3.7.4 Teleproteção ............................................................................................................ 46 
3.7.5 Proteção de sobretensão ........................................................................................ 46 
3.7.6 Proteção de subtensão ............................................................................................ 47 
3.7.7 Proteção de fechamento sob falta ......................................................................... 47 
3.7.8 Proteção de barras ................................................................................................. 47 
3.7.9 Proteção de Falha de Disjuntor............................................................................. 48 
3.7.10 Proteção do transformador e dos geradores ...................................................... 49 
3.8 O compartilhamento de informações entre os agentes .............................................. 49 
3.8.1 Intertravamentos .................................................................................................... 50 
3.8.2 Esquema de falha de disjuntor .............................................................................. 50 
3.8.3 Proteção diferencial de barras .............................................................................. 51 
3.8.4 Transferência de proteção ..................................................................................... 51 
3.8.5 Medidas analógicas ................................................................................................ 53 
3.8.6 Estados dos disjuntores e seccionadores .............................................................. 54 
3.8.7 A interface física para o compartilhamento de informações .............................. 54 
3.8.8 A interface lógica para o compartilhamento de informações ............................ 60 
3.8.9 Considerações finais sobre asinterfaces de compartilhamento ......................... 64 
4 Avaliação da solução baseada na interface lógica para compartilhamento 
de informações entre os agentes ...................................................................... 66 
4.1 Implantação da arquitetura de testes .......................................................................... 68 
4.1.1 Configuração dos switches ..................................................................................... 69 
4.1.2 Configuração dos IEDs .......................................................................................... 73 
4.1.3 Configuração das interfaces de rede dos computadores .................................... 77 
4.2 Testes realizados ........................................................................................................... 79 
4.2.1 Simulação da proteção de falha de disjuntor ...................................................... 79 
4.2.2 Simulação da transferência de proteção .............................................................. 85 
 
4.2.3 Simulação das informações para operação em tempo real ................................ 90 
4.2.4 Visualizando os dados compartilhados ................................................................ 99 
4.2.5 Teste de intrusão .................................................................................................. 103 
4.3 Recomendações de segurança .................................................................................... 105 
4.4 Implementação em arquitetura de redundância ...................................................... 106 
5 Conclusão ...................................................................................................... 107 
 
 
 16
1 Introdução 
Nas últimas décadas, todas as áreas do conhecimento humano têm passado por profundas 
modificações fruto da evolução da informática, da eletrônica digital e da Tecnologia da 
Informação (TI). Na engenharia elétrica não foi diferente, e a norma da International 
Electrotechnical Commission (IEC), 61850 - Communication networks and systems in 
substations, surgiu para aplicar um novo conceito, mudando a forma como são elaborados os 
projetos de automação, bem como a operação e a manutenção das subestações de energia. 
A implantação desta nova concepção em subestações que serão compartilhadas por empresas 
de transmissão e distribuição de energia, levanta questões sobre a segurança de acesso aos 
dados e a segurança na operação destas instalações no Sistema Interligado Nacional (SIN). 
Os meios de compartilhamento empregados hoje ainda são conservadores e por isso os atuais 
pontos de discussão, envolvendo a substituição definitiva dos atuais sistemas utilizando cabos 
elétricos, por sistemas de redes de dados via fibra óptica são estudados e avaliados. 
O trabalho tem, portanto, os objetivos de apresentar e avaliar como estão sendo desenvolvidos 
os projetos de subestações instaladas em usinas termelétricas de energia, focando 
principalmente os meios de compartilhamento das informações referentes aos sistemas de 
proteção, supervisão e controle entre as empresas envolvidas na operação destas instalações. 
A alternativa proposta neste trabalho, com a utilização dos conceitos apresentados na IEC 
61850 para compartilhamento dessas informações, foi avaliada em laboratório, através de uma 
plataforma de testes que simula parte dos sistemas de uma subestação. Através dessa 
simulação avaliou-se a segurança na operação das lógicas de proteção, no acesso aos dados, e 
na troca de dados de supervisão. 
A estrutura deste trabalho é composta por cinco capítulos incluindo este primeiro introdutório. 
O segundo capítulo aborda os detalhes da evolução dos sistemas de proteção e automação das 
subestações ao longo dos anos. Primeiramente, é descrita a evolução dos sistemas que 
compõem as subestações de energia, nas áreas de proteção, supervisão e operação. Em 
seguida, são apresentados os conceitos da norma IEC 61850, sendo que os tópicos principais 
de mudança ficam visíveis e permitem a comparação com os projetos convencionais de 
subestações. 
 17
No terceiro capítulo, o conceito de subestação compartilhada é apresentado. O intuito é 
mostrar porque há uma divisão de responsabilidades e como são feitas as separações entre os 
sistemas de proteção e de supervisão das empresas envolvidas na operação e na manutenção 
da subestação. 
No quarto capítulo é apresentada a proposta para compartilhamento dos dados entre os 
agentes envolvidos. Apresentam-se também os resultados dos testes de laboratório que visam 
demonstrar que a norma IEC 61850 permite essa troca de dados entre os sistemas, via rede de 
comunicação, provendo, desde que bem implementada, a segurança desejada entre as partes. 
Por último temos o quinto capítulo no qual, os benefícios e as deficiências, tanto do projeto 
convencional quanto do projeto baseado na nova tecnologia, são identificados e discutidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18
2 A modernização das subestações de energia 
A área específica da engenharia elétrica denominada de Sistemas de Potência tem 
acompanhado a evolução tecnológica durante as últimas décadas, porém de forma mais lenta 
e conservadora do que a observada em outras áreas, por exemplo, a de telecomunicações. 
Entretanto, a experiência mundial está demonstrando que a norma IEC 61850, desde seu 
advento em 2002, tem revolucionado os projetos e a operação das subestações trazendo, para 
essa área a aplicação da tecnologia dos sistemas de informação, tais como a utilização das 
redes de comunicação de dados de alta velocidade e de alta disponibilidade. 
Os primeiros sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia utilizavam 
equipamentos baseados em tecnologia eletromecânica para proteger, comandar e operar 
subestações de todos os portes. Estes sistemas trabalhavam isolados e a subestação não 
fornecia informações suficientes para uma operação remota, por exemplo. Com o surgimento 
e a aplicação dos semicondutores nas indústrias e com a evolução dos computadores, uma 
nova realidade começou a tomar conta das empresas de energia. A convergência de diversos 
sistemas isolados, mostra a tendência futura de criação de um único sistema de automação, 
controle e proteção para as subestações, denominado pela norma IEC 61850 de Substation 
Automation System (SAS). 
Os sistemas baseados na IEC 61850 utilizam uma modelagem orientada a objetos, dos 
diversos dados da subestação, disponibilizando assim uma quantidade de informação superior 
à encontrada nos sistemas baseados na tecnologia eletromecânica ou eletrônica. Ao mesmo 
tempo, a disponibilidade desta informação permite às empresas de energia elétrica 
desenvolverem novas aplicações que aumentam a capacidade de gerenciamento de ativos, 
tornam mais rápidas a localização de faltas e o restabelecimento dos equipamentos afetados, 
além de reduzirem as perdas. (1) 
Nos itens a seguir é discutida a evolução dos sistemas de proteção e automação das 
subestações. 
2.1 Proteção dos sistemas elétricos de potência 
Denomina-se Sistemas Elétricos de Potência (SEP), o conjunto de equipamentos constituído 
por geradores, transformadores, disjuntores, linhas de transmissão, subtransmissão e 
 19
distribuição que tem o objetivo de fornecer a energia elétrica aos consumidores de forma 
contínua, confiável e econômica com o mínimo de interrupção possível. (2) 
O objetivo dos sistemas de proteção de um SEP é isolar o equipamento defeituoso de forma 
rápida, confiável e interrompendo o menor trecho possível da rede, evitando com isso, 
grandes perdas de carga. Além de salvaguardar os equipamentos que compõe o sistema, 
também tem o objetivo de salvaguardar as vidas humanas. Para isto devem atender certos 
requisitos mínimos: (3) 
a) confiabilidade: a proteção deve operar corretamente e somente quando solicitada;b) sensibilidade: a proteção diferencia a mínima condição anormal da máxima normal; 
c) velocidade: a proteção isola rapidamente a área defeituosa; 
d) seletividade: a proteção deve atuar de forma a desligar o menor trecho possível de 
rede, necessário para isolar a falta. 
As causas dos defeitos no SEP podem surgir sob a forma de: (2) 
a) sobrecarga: é o aumento da corrente solicitada pela carga provocando aumento da 
temperatura dos componentes da rede acima de um limite especificado; 
b) curto circuito: são provocados por descargas atmosféricas, falhas de isolação, objetos 
estranhos sobre as linhas de transmissão etc.; 
c) surtos: são tensões ou correntes elevadas provocadas principalmente por correntes de 
magnetização de transformadores, partidas de motores, chaveamentos, rejeições 
bruscas de carga etc. 
Estes defeitos se não forem prontamente eliminados poderão causar sérias avarias nos 
equipamentos e comprometer a segurança das pessoas. Os relés de proteção são os 
dispositivos responsáveis por detectar e localizar a ocorrência de defeitos na rede. Ao longo 
das décadas, inicialmente os relés de proteção foram implementados baseados na tecnologia 
eletromecânica, em seguida na tecnologia de estado sólido e atualmente na tecnologia digital. 
Os equipamentos baseados em cada uma dessas três tecnologias são brevemente comentados 
a seguir. 
 
 
 
 20
Os relés eletromecânicos foram os primeiros equipamentos a realizarem funções de proteção 
nos sistemas elétricos e eram compostos de bobinas elétricas e molas, utilizando os princípios 
do equilíbrio de conjugados. As técnicas utilizadas seguindo estes princípios eram: 
a) atração eletromagnética: comparador de amplitude; 
b) indução eletromagnética: comparador de fase. 
Esses equipamentos, como o mostrado na figura 1, exigiam cuidados na instalação e no seu 
ajuste pois pequenas peças mecânicas eram usadas na sua montagem. Além disso, um relé 
suportava apenas uma ou duas funções de proteção, o que exigia a utilização de outros para 
funções de retaguarda por exemplo, exigindo mais cabos e mais espaço físico nos painéis. 
 
Figura 1 - Relé eletromecânico da General Electric de proteção de sobrecorrente temporizado e 
instantâneo 
 
Descrição das partes integrantes do relé eletromecânico da figura 1: (4) 
1. Conjunto de taps 
2. Parafuso de ajuste dos taps 
3. Bandeirola de sinalização da unidade temporizada 
4. Rearme manual das bandeirolas 
5. Contato fixo 
6. Freio magnético 
7. Moldura 
 21
8. Bandeirola da unidade instantânea 
9. Seletor de tempo 
10. Parafuso de ajuste para núcleo magnético 
11. Ajuste de tap para a bobina da bandeirola 
12. Mola espiral 
13. Suporte para mola espiral 
14. Disco de indução 
15. Bobina de corrente montada sobre núcleo magnético em forma de U 
16. Contato móvel solidário ao disco de indução 
Estes relés ainda são encontrados em uso em diversas empresas tanto no Brasil como em 
outros países. Porém, a falta de mão de obra especializada e de peças de reposição faz com 
que aos poucos sejam substituídos por equipamentos mais modernos. 
Com o desenvolvimento dos semicondutores, surgiram os primeiros relés eletrônicos, também 
conhecidos como relés estáticos por não possuírem partes móveis. Estes relés já não 
utilizavam peças mecânicas em movimento, porém exigiam outros cuidados de instalação, 
como por exemplo, um melhor controle da temperatura, da umidade e principalmente das 
interferências eletromagnéticas. Do mesmo modo que ocorre hoje com a IEC 61850, levou-se 
algum tempo para aceitação desta tecnologia pelas empresas de energia. 
Os elementos básicos que constituem um relé eletrônico são: (5) 
a) unidade conversora: é a unidade de entrada do relé que permite o condicionamento 
do sinal de forma a adequar as grandezas aos níveis compatíveis com a eletrônica do 
relé. Nessa unidade têm-se os transformadores de entrada que possibilitam o 
isolamento galvânico entre os secundários dos Transformadores de Corrente (TC) ou 
dos Transformadores de Potencial (TP) e a eletrônica do relé. Os filtros também são 
instalados nesta unidade; 
b) unidade de medição: onde se processa a medição de modo a determinar se há ou não 
um defeito no equipamento protegido. Nesta unidade é que se implementa a 
característica do relé; 
c) unidade de saída: após a operação da unidade de medição, torna-se necessária a 
presença de um elemento que permita a realização do disparo no disjuntor. Essa 
 22
unidade é também importante face às solicitações que aparecem no circuito de 
abertura do disjuntor, que podem vir a danificar a eletrônica do relé. A corrente 
necessária para energizar a bobina de desligamento do disjuntor requer normalmente 
contatos robustos; 
d) alimentação: a alimentação da eletrônica do relé é normalmente feita pelo sistema de 
corrente contínua da subestação e o relé normalmente possui em sua unidade circuitos 
que realizam a regulação de modo a garantir sua operação precisa e eficiente. 
 
Figura 2 - Relé estático da ASEA de proteção de distância 
 
Descrição das partes integrantes do relé estático mostrado na figura 2: (4) 
1. Unidade de entrada 
2. Unidade de sobrecorrente 
3. Unidade seletora de fase 
4. Unidade de ajuste de corrente 
5. Unidade de ajuste de tensão 
6. Unidade de tempo entre eventos 
7. Unidade extra de medição 
8. Unidade de memória 
9. Unidade de medida e indicação 
 23
10. Unidade de saída 
11. Chave de teste 
12. Conversor de alimentação auxiliar 
Estes equipamentos foram utilizados por pouco tempo no setor elétrico devido à pouca 
aceitação e ao aparecimento em seguida dos relés de proteção digitais. 
Com o advento dos microprocessadores surgiram os primeiros relés digitais. Esses 
equipamentos utilizam em seus algoritmos os princípios dinâmicos dos relés eletromecânicos 
somados à evolução da eletrônica digital. 
Hoje os relés digitais, como o da figura 3, são denominados de Dispositivos Eletrônicos 
Inteligentes e agregam além das funções de proteção, funcionalidades adicionais de outros 
equipamentos, tais como: 
a) relés auxiliares; 
b) registradores de Sequenciamento de Eventos – Sequence of Events (SOE) 
c) registradores de perturbação; 
d) medição de grandezas analógicas; 
e) monitores de disjuntores; 
f) comutadores de tap; 
g) monitores de qualidade de energia; 
h) Unidades de Medição Fasorial – Phasor Measurement Units (PMU); 
i) processadores de comunicação; 
j) Controladores Lógicos Programáveis; 
k) reguladores de tensão; 
l) Controladores de Flexible AC Transmissions Systems (FACTS); 
m) anunciadores de alarmes. 
 
 
 
 24
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 – Relé digital multifunção da Schweitzer Engineering Laboratories 
 
Um exemplo de relé digital, mostrado na figura 3, é o SEL 451 fabricado pela empresa 
Schweitzer Engineering Laboratories, o qual é composto por: 
1. Porta de comunicação serial para acesso à configuração e parametrização 
2. Display para acesso às medições e às informações do relé 
3. Light-Emmiting Diode (LED) para indicação de alarmes e estados 
4. Botões de acesso e controle 
5. Botões de controle do bay 
Os relés digitais hoje já estão bastante difundidos, sendo aplicados tanto em novos projetos 
como em substituição aos antigos relés eletromecânicos e estáticos. Entre as vantagens dos 
relés digitais podemos destacar: (6) 
a) custo: no início apresentavam custo de dez a vinte vezes maior que os relés 
convencionais, porém ao longo dos anos o custo reduziu e o desempenho aumentou 
consideravelmente; 
b) confiabilidade e auto-diagnose: o relé digital monitora constantemente seus sistemas 
de hardware e software gerando alarmes quando detectada alguma anormalidade. Esta 
característica é um dos mais importantes argumentos técnicos a favor dessa 
tecnologia; 
c) integração digital: Os computadores e a tecnologia digital têm se tornado a base dos 
sistemas empregados nas subestações e a integração dosrelés digitais ocorre 
naturalmente; 
3
4
2
1
5
3
4
2
1
5
 25
d) flexibilidade funcional: O relé digital pode ser programado para executar diversas 
funções, tornando-se muitas vezes adaptativo às condições do sistema elétrico. 
Com a utilização dos relés digitais nas subestações, conjuntamente com a instalação de 
equipamentos de Global Positioning System (GPS), foi possível obter precisão melhor que um 
milissegundo no registro dos eventos. Isso representa um ganho considerável para as análises 
de ocorrências em relação aos sistemas antigos. O sistema GPS consiste de vinte e quatro 
satélites em seis diferentes órbitas organizados de forma a cobrir qualquer ponto do globo 
com pelo menos cinco satélites. Estes satélites possuem relógios atômicos sincronizados com 
outros relógios atômicos em estações de monitoramento na terra. Os satélites transmitem com 
um nível de potência baixo, dados de posicionamento e pulsos de sincronismo de tempo. Nos 
SEPs, o GPS é utilizado como fonte de sincronização e não pelas suas facilidades de 
posicionamento. (6) A informação de sincronização temporal é transmitida do GPS para os 
IEDs utilizando o sinal Inter Range Instrumentation Group format B (IRIG-B) ou os 
protocolos de sincronismo Simple Network Time Protocol (SNTP) e o IEEE 1588. 
2.2 Sistemas de automação 
A evolução da automação principalmente em outras áreas da indústria, como a automotiva, 
trouxe experiência e inúmeros avanços ao setor elétrico. 
O desenvolvimento dos Controladores Lógicos Programáveis (CLP), que são dispositivos 
digitais programáveis para armazenar instruções e executar funções específicas para controlar 
processos, começou em 1968. Esse desenvolvimento resultou da necessidade constatada pela 
empresa norte americana General Motors de encontrar um forma rápida e ágil de alterar seus 
sistemas de controle, naquela época baseada em relés e que demandava dias ou semanas para 
implementar qualquer alteração em sua linha de montagem. Os primeiros CLPs foram 
instalados em 1969 e permitiram a redução dos custos de materiais, de mão de obra e de 
localização de falhas ao reduzirem a quantidade de painéis, relés e fiação. Atualmente as 
principais características dos CLPs são: (7) 
a) linguagem de programação de alto nível; 
b) simplificação nos quadros e painéis elétricos; 
c) confiabilidade operacional; 
d) funções avançadas; 
 26
e) comunicação em rede. 
A utilização dos CLP, para realizar funções como o controle de carga e tensão de 
transformadores de potência e a automação de Grupos Geradores de Emergência do serviço 
auxiliar da subestação, tornou-se frequente nos primeiros projetos de automação. Estes 
sistemas de automação trabalhavam isolados dos demais, e poucos recursos de supervisão 
remota eram oferecidos. 
O desenvolvimento da automação elétrica nas subestações está diretamente relacionado ao 
desenvolvimento dos relés digitais. Muitas aplicações deixaram de trabalhar isoladas e foram 
incorporadas aos demais sistemas da subestação, através de redes de comunicação ou através 
de funções agregadas aos relés de proteção. 
2.3 Sistemas de supervisão e controle 
Um Sistema de Supervisão e Controle (SSC) é parte fundamental de praticamente qualquer 
sistema de automação de processos. O SSC surgiu com a função básica de fornecer uma 
interface amigável com os operadores do processo. 
No final da década de 60 começaram a surgir no setor elétrico brasileiro os primeiros sistemas 
de telessupervisão, que enviavam informações dos equipamentos instalados nas subestações 
até os centros de operação das empresas de energia. Nesta época, devido às limitações 
tecnológicas dos canais de telecomunicações, poucas informações eram encaminhadas de um 
nível ao outro, tais como: 
a) estados dos disjuntores; 
b) tensão, corrente, potência ativa e reativa dos bays. 
Facilidades de telecontrole sobre os equipamentos não estavam disponíveis nesses primeiros 
sistemas. Hoje muitas empresas adotam a operação remota de suas subestações a partir dos 
centros de operação, não mantendo portanto operadores em suas instalações. Esse 
procedimento leva a uma maior dependência dos sistemas de telecomunicações, que devem 
ser confiáveis e altamente disponíveis. 
 27
2.4 Os protocolos de comunicação 
Com o passar dos anos, inúmeros recursos foram surgindo, novos equipamentos foram 
instalados nas subestações e, dentro deste novo cenário, novos protocolos de comunicação 
foram sendo implementados no nível do processo, também denominado de comunicação 
horizontal, e na comunicação entre a subestação e os centros de controle, também 
denominado de comunicação vertical. 
Os protocolos de comunicação são regras entre dois dispositivos capazes de estabelecer um 
canal de comunicação para troca de dados. Basicamente são definidos por um conjunto de: 
a) formato de mensagens; 
b) serviços; 
c) procedimentos; 
d) endereçamento; 
e) convenção de nomes. 
Até a década de 80, cada fabricante desenvolvia seu próprio protocolo de comunicação, o que 
provocou a existência de sistemas operando de forma isolada dentro de uma mesma 
subestação, dificultando a integração, o gerenciamento e a manutenção. As dificuldades 
geradas por essa profusão de protocolos proprietários deu origem, por pressão dos usuários, a 
uma tendência no sentido da criação de protocolos abertos como o DNP 3.0 e a IEC 60870. 
No início da década de 90, o Electric Power Research Institute (EPRI) e o Institute of 
Electrical and Electronics Engineers (IEEE), começaram a definir um padrão conhecido por 
Utility Communications Architecture (UCA). Eles inicialmente focaram em intercontrole 
entre centros de operação e entre centros e subestações, produzindo então a especificação do 
Inter-Control Center Communications Protocol (ICCP). Esta especificação, posteriormente 
adotada pela IEC 60870-6 Telecontrol Application Service Element (TASE.2), tornou-se o 
protocolo padrão para o intercâmbio de dados em tempo real. 
Em 1994, EPRI e IEEE começaram a trabalhar na UCA versão 2.0 para dispositivos de 
campo. Em 1997, eles combinaram esforços com o Comitê Técnico 57 da IEC para criar um 
padrão internacional comum. Os esforços conjuntos criaram a atual norma IEC 61850. 
 28
A norma IEC 61850, contém a maioria da especificação da UCA 2.0, como as comunicações 
cliente/servidor e peer-to-peer, além de funcionalidades adicionais como o projeto e a 
configuração de subestações, ensaios e padrões. 
2.5 O papel da norma IEC 61850 na modernização das subestações 
Por ser uma norma relativamente recente, a IEC 61850 ainda se encontra em evolução, 
contando para isso, com o esforço conjunto de fabricantes, instituições de pesquisa e órgãos 
normativos internacionais. Atualmente esta norma apresenta as seguintes características 
principais: (1) 
a) representa um conjunto de protocolos e critérios; 
b) está sendo adotada em diversos países; 
c) corresponde ao estado da arte da tecnologia digital na área de automação de 
subestações; 
d) permite uma completa integração entre os diversos equipamentos digitais inteligentes, 
através do uso de redes Local Area Network (LAN) de alta velocidade e de elevada 
confiabilidade, baseadas na tecnologia Ethernet; 
e) possibilita o compartilhamento das informações através do uso de tecnologias já 
largamente comprovadas como a linguagem Extensible Mark-up Language (XML), 
facilitando dessa forma, a implantação de funções de automação e de auxílio à 
operação e manutenção. 
Como elemento facilitador e indutor desta mudança de patamar tecnológico, ocorreram 
notáveis evoluções nos relés de proteção, nas Unidades de Aquisição e Controle (UAC) e nos 
outros equipamentos digitais como medidores e oscilógrafos, os quais transformaram-se em 
dispositivos inteligentes, denominados genericamente como Dispositivos Eletrônicos 
Inteligentes do inglês Intelligent Electronic Devices (IED). Estes dispositivos, além deagregarem mais recursos às tarefas de proteção, medição, oscilografia, são também capazes de 
participar das diversas funções de supervisão, controle e automação normalmente utilizadas 
em uma subestação. 
O advento da norma IEC 61850 veio uniformizar o uso de LAN para proteção e automação, 
permitindo a disponibilização das informações de interesse aos seus diferentes usuários, tais 
 29
como gerências regionais, gestão da manutenção e operação, engenharia da proteção, além 
das equipes de pré e pós-operação, centros de controle, tecnologia da informação etc. 
Adicionalmente, a norma IEC 61850 veio solucionar o problema das expansões dos sistemas 
digitalizados, oferecendo a garantia de interoperabilidade entre IEDs de fabricantes diferentes, 
eliminando a dependência de um único fornecedor e reduzindo drasticamente o tempo de 
implantação e os períodos de desligamentos necessários. 
Além de mudar o conceito técnico de operação dos sistemas ela introduz novos benefícios nas 
diversas fases de desenvolvimento de um sistema, como discutidas a seguir: 
a) projeto: o uso de ferramentas de especificação integradas e elementos de projeto 
padronizados reduzem o esforço envolvido no desenvolvimento de Sistemas de 
Automação de Subestações, com o beneficio agregado dos processos de documentação 
automatizados; 
b) implantação: geração automática de arquivos de configuração dos equipamentos; 
c) construção e instalação: redução significativa de cabos elétricos com a consequente 
redução dos erros de conexão desses cabos; 
d) comissionamento: capacidade de modelar e simular todo o sistema de uma 
subestação, reduzindo os testes no campo; 
e) documentação: fornece acesso digitalizado à documentação, sem a necessidade de 
recriar continuamente documentos e reduzindo problemas com diferentes bases de 
dados. 
Há de se enfatizar que alguns aspectos da automação de subestações estão fora do escopo da 
IEC 61850, pois dependem da característica de desenvolvimento de cada fabricante e de cada 
usuário. São eles: 
a) algoritmos internos do IED; 
b) funcionalidades de aplicação; 
c) topologia das redes de comunicação; 
d) métodos de configuração dos IED; 
e) métodos de análises e diagnósticos. 
 30
A IEC 61850 aborda diversos aspectos do projeto, implantação e ensaios do sistema de 
automação da subestação. Os aspectos abordados pela norma de maior interesse para este 
trabalho são brevemente comentados a seguir. 
2.5.1 Requisitos gerais 
Os requisitos gerais da rede de comunicação são definidos na norma IEC 61850-3, com ênfase 
nos requisitos de qualidade. Este capítulo da norma também trata das condições ambientais e 
serviços auxiliares, com recomendações sobre a relevância de determinados requisitos de 
outras normas e especificações. 
Exigências de qualidade são definidas em detalhes, como a confiabilidade, disponibilidade, 
manutenção, segurança, integridade de dados e outros que se aplicam aos sistemas de 
comunicação que são usados para monitoramento e controle de processos dentro da 
subestação. (9) 
2.5.2 A estrutura dos dados 
A norma IEC 61850 padronizou a informação sendo que o transporte dos dados ficou a cargo 
da tecnologia das redes TCP/IP, largamente difundida e utilizada nos dias atuais. 
A IEC 61850, assim como o TASE2/ICCP, são originários da arquitetura UCA 2.0 que é 
mapeada na especificação Manufacturing Message Specification (MMS), definida nas normas 
ISO/9506-1 e ISO/9506-2. Também como o TASE2/ICCP, e diferente de todos os outros 
protocolos, a IEC 61850 não utiliza números ou índices numéricos para endereçamento dos 
seus objetos de dados de tempo real, mas sim nomes. Contudo, diferente do TASE2/ICCP, 
cujos nomes de objetos não adotam uma padronização, porque se referenciam a pontos 
genéricos dos tipos digital, analógico, discreto ou de controle, a IEC 61850 define um 
dicionário de nomes e uma estrutura hierárquica de objetos que não se referenciam a pontos, 
mas a equipamentos do sistema elétrico, como chaves, seccionadores, disjuntor, proteção de 
sobrecorrente, proteção diferencial e outros. Como no exemplo da figura 4 que representa o 
estado de um disjuntor, os pontos são classificados hierarquicamente em: 
a) dispositivo físico ou Physical Device; 
b) dispositivo lógico ou Logical Device; 
 31
c) nós lógicos ou Logical Nodes; 
d) objeto de dados ou Data Objects; 
e) atributos dos dados ou Data Attributes. 
 
Figura 4 - Estrutura de dados definida pela norma 
 
2.5.3 Serviços de mensagens da norma IEC 61850 
O serviço de comunicação denominado de Generic Object Oriented Substation Event 
(GOOSE) disponibiliza ao usuário um serviço de mensagens de controle de alta velocidade. 
Tem a característica de transmitir mensagens com estados, controles e medidas analógicas 
através da rede para uso por outros dispositivos em comunicações horizontais - peer-to-peer. 
Como o GOOSE não opera na camada de transporte do modelo Open Systems Interconnection 
(OSI), a confirmação do recebimento das mensagens não é realizada. Dessa forma, para 
aumentar a probabilidade de que outros dispositivos recebam os dados, os IEDs enviam por 
exemplo uma mensagem GOOSE com um evento, repetidamente conforme os tempos T1, T2 
e T3 mostrados na figura 5. (10) 
 32
 
Figura 5 – Característica de transmissão das mensagens GOOSE 
 
Onde: 
a) T0: retransmissão do GOOSE em condições estáveis; 
b) T(0): retransmissão do GOOSE interrompida por um evento; 
c) T1: retransmissão do evento em períodos curtos; 
d) T2 e T3: retransmissão do evento em períodos curtos até atingir a estabilidade. 
O modelo GOOSE utiliza os dados que são publicados de forma agrupada em conjuntos de 
dados, conhecidos por data sets, conforme mostrado na figura 6. (11) Muitos dados, como por 
exemplo analógicos, binários ou valores inteiros, e seus atributos de qualidade, podem ser 
usados para compor os data sets. 
 
Figura 6 – Mensagem GOOSE publicada em data sets 
 
Cada mensagem GOOSE enviada, também inclui em um único pacote parâmetros de 
comunicação como VLAN ID, prioridade definida pela norma 802.1Q, e um endereço Media 
Access Control (MAC) Multicast. Este endereço hexadecimal de seis octetos denominado de 
Multicast tem pela norma a seguinte recomendação: (10) 
a) os três primeiros octetos são definidos pela IEEE como 01-0C-CD; 
 33
b) o quarto octeto deve ser 01 para GOOSE, 02 para Generic Substation Status Event 
(GSSE) e 04 para Sampled Values; 
c) os dois últimos octetos devem ser utilizados individualmente pelo intervalo definido 
na tabela 1. 
Na tabela 1, são apresentados os intervalos dos endereços Multicast. 
Tabela 1 –Endereçamento multicast recomendado pela norma 
Serviço Início Fim 
GOOSE 01-0C-CD-01-00-00 01-0C-CD-01-01-FF 
GSSE 01-0C-CD-02-00-00 01-0C-CD-02-01-FF 
Sampled Values 01-0C-CD-04-00-00 01-0C-CD-04-01-FF 
 
As principais características da mensagem GOOSE são: 
a) característica publicador/assinante (publisher/subscriber); 
b) múltiplos consumidores requerem endereços MAC multicast; 
c) não utiliza IP, portanto não há camada de rede nem camada de transporte do modelo 
OSI; 
d) não é roteável; 
e) multicast para muitos consumidores dentro da LAN apenas. 
Além do serviço de mensagens prioritárias GOOSE, a IEC 61850 também disponibiliza um 
serviço de comunicação vertical, cliente/servidor, denominado MMS, que provê serviços em 
tempo real de transferência de dados na camada de aplicação dentro de uma LAN da 
subestação. O MMS foi desenvolvido como um protocolo de troca de dados independente 
para redes industriais na década de 1980 e foi padronizado pela ISO 9506. Características do 
protocolo MMS: 
a) característica cliente/servidor (client/server); 
b) um específico consumidor requer endereço MAC unicast; 
c) utiliza IP portanto, provê camada de transporte e camada de rede do modelo OSI; 
d) MMS é roteável para consumidores da LAN ou WAN. 
 34
2.5.4 Configuração da arquiteturade comunicação 
Considerando a existência na norma, de um dicionário padronizado de nomes e também de 
uma estrutura hierárquica de objetos, outra importante funcionalidade introduzida pela IEC 
61850 foi a definição de um formato padronizado, derivado do padrão Common Information 
Model (CIM), para troca de informações de configuração, para ser utilizado em arquivos 
intercambiados entre as ferramentas de configuração de equipamentos e sistemas de diferentes 
fabricantes. 
Substation Configuration Language (SCL) é uma configuração baseada em XML, linguagem 
utilizada para apoiar o intercâmbio de dados de configuração do banco de dados entre 
ferramentas diferentes, que podem ser fornecidos por diferentes fabricantes. 
São definidos na parte 6 da norma, quatro diferentes tipos de arquivos SCL utilizados na fase 
de projeto para compor a arquitetura da subestação, ilustrados na figura 7: 
a) System Specification Description (SSD): funções do Sistema de Potência; 
b) Substation Configuration Description (SCD): definição completa da subestação, com 
arquitetura de rede de comunicação; 
c) IED Capability Description (ICD): descreve os dados suportados por um tipo de IED; 
d) Configured IED Description (CID): descreve a configuração de um IED específico. 
 
 
Figura 7 - Arquivos padronizados pela IEC 61850 
 
O arquivo ICD descreve os recursos de um IED, incluindo informações sobre Logical Nodes 
(LN) e definição do GOOSE. O arquivo SSD descreve o diagrama unifilar da subestação e os 
LNs necessários. O arquivo SCD contém informações sobre todos os IEDs, dados da 
configuração das comunicações, e uma descrição da subestação. O arquivo CID, que pode 
existir em várias instâncias em uma arquitetura de subestação, descreve um único IED 
instanciado dentro do projeto, e inclui informações de endereço. 
 35
3 Subestações compartilhadas 
São subestações que devido às resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), 
têm seus equipamentos e instalações compartilhadas por empresas de geração, transmissão e 
distribuição de energia envolvidas. 
Subestações com esta configuração estão sendo instaladas, no estado de São Paulo, em usinas 
de biomassa que utilizam turbogeradores movidos através da queima do bagaço da cana-de- 
açúcar e que acessam o sistema elétrico através do seccionamento de uma linha de 
transmissão ou através de conexão direta a uma subestação por linha de transmissão de uso 
exclusivo, com a finalidade de vender a energia excedente da sua produção. 
Neste capítulo serão apresentadas as resoluções e leis que determinam os meios para acesso 
ao sistema de transmissão, as características de uma subestação de seccionamento e os meios 
de compartilhamento de informações utilizados entre os agentes. 
3.1 O acesso ao SIN 
Segundo o artigo 15 da Lei 9.074, de 1995 o livre acesso é o direito de qualquer agente, carga 
ou geração, de se conectar e fazer uso da rede elétrica, não condicionada à comercialização de 
energia, mediante ressarcimento do custo do transporte envolvido. A compra e venda da 
energia elétrica é contratada separadamente do acesso e uso da rede elétrica conforme o artigo 
9º da Lei 9.648, de 1998. 
Para os acessos à rede básica, definida pela ANEEL como os sistemas de transmissão 
operando com tensões a partir de 230kV, as empresas devem atender à Resolução Normativa 
(REN) N° 67 de 8 de junho de 2004 da ANEEL; para os acessos às Demais Instalações de 
Transmissão (DIT), redes abaixo de 230kV, que é o caso para as usinas de biomassa em 
estudo, as RENs que se aplicam são a N° 68 de 8 de junho de 2004 e a N° 312 de 6 de maio 
de 2008. 
O acesso aos sistemas de transmissão e de distribuição, segundo o artigo 10 da REN N° 281 
de 1° de outubro de 1999, é regido pelos Procedimentos de Rede, Procedimentos de 
Distribuição, pelos contratos celebrados entre as partes e pelas normas e padrões específicos 
de cada concessionária ou permissionária. As empresas concessionárias de energia seguem os 
 36
procedimentos estabelecidos pelos agentes envolvidos, pelo Operador Nacional do Sistema 
(ONS) e pela ANEEL, iniciando todo o processo pela Consulta de Acesso. 
A Consulta de Acesso permite ao acessante iniciar os estudos de viabilidade de seu 
empreendimento. Nesta fase ele identifica os pontos de conexão de interesse e a transmissora 
informa as suas características. Os estudos, desenvolvidos pelo acessante, para definição do 
ponto de conexão, são embasados na melhor alternativa técnica e econômica, isto é, utiliza o 
critério para avaliação de alternativas tecnicamente equivalentes para integração das centrais 
geradoras, segundo o qual é escolhida aquela de menor custo global de investimentos. Nesse 
custo global são considerados as instalações de conexão de responsabilidade do acessante, os 
reforços nas redes de transmissão e distribuição e os custos das perdas elétricas. 
A transmissora em conjunto com a distribuidora local e o ONS elaboram em seguida o Termo 
de Referência. Após a consulta, são celebrados outros documentos, sendo os principais: 
a) Parecer de Acesso; 
b) Contrato de Conexão à Transmissão (CCT); 
c) Contrato de Conexão à Distribuição (CCD); 
d) Contrato de Uso do Sistema de Transmissão (CUST); 
e) Contrato de Uso do Sistema de Distribuição (CUSD); 
f) Declaração para operação comercial. 
3.2 Resoluções normativas da ANEEL 
Segundo a ANEEL, 
as resoluções de caráter normativo são atos regulamentares de alcance ou 
interesse geral, voltados às atividades do setor elétrico e tem por objeto o 
estabelecimento de diretrizes, obrigações, encargos, condições, limites, 
regras, procedimentos, requisitos ou quaisquer direitos e deveres dos agentes 
e usuários desse serviço público. (12) 
Portanto, a ANEEL determina através de duas resoluções, a primeira N° 68 de 8 de junho de 
2004 e a segunda em atualização à 68, N° 312 de 6 de maio de 2008, como devem ser 
executados os acessos destes auto-produtores de energia ao sistema de transmissão não 
pertencente à rede básica. 
 37
3.2.1 Resolução normativa N° 68 da ANEEL 
Publicada em 2004, esta resolução estabelece os procedimentos para a implementação de 
reforços nas DITs, não integrantes da Rede Básica, e para a expansão das instalações de 
transmissão de âmbito próprio, de interesse sistêmico, das concessionárias ou permissionárias 
de distribuição, e dá outras providências. (13) 
3.2.2 Resolução normativa N° 312 da ANEEL 
Publicada em 2008, esta resolução altera a REN nº 68, de 8 de junho de 2004, e estabelece os 
procedimentos para acesso e implementação de reforços nas DITs, não integrantes da Rede 
Básica, e para a expansão das instalações de transmissão de âmbito próprio, de interesse 
sistêmico, das concessionárias ou permissionárias de distribuição, e dá outras providências. 
Dentre as principais alterações, ela estabelece o termo “acesso” para o uso dos sistemas de 
transmissão por empresas e ainda que este acesso deve ser feito através de seccionamento e 
não mais por derivação de uma linha de transmissão. (14) 
3.3 Acesso às DITs 
Este tipo de acesso é o mais frequente para as usinas de biomassa que se conectam ao sistema 
de transmissão no estado de São Paulo, já que grande parte da malha elétrica paulista é da 
classe de 138kV. Conforme REN N° 68 da ANEEL, já atualizada com a REN N° 312, as 
diretrizes para acesso são: 
Art. 4º-A A conexão por meio de seccionamento de linha integrante das DIT 
deverá ser, ressalvado o disposto nos §§ 8º e 9º deste artigo, autorizada em 
favor da concessionária de transmissão proprietária da linha. 
§ 8° O acessante, no caso de consumidor livre, central geradora ou 
importador e/ou exportador de energia, a seu critério e mediante 
manifestação formal até 90 (noventa) dias após a emissão do Parecer de 
Acesso pelo ONS, poderá implementar o módulo geral, o barramento, o 
módulo de manobra para sua conexão, as entradas e as extensões de linha, 
associados ao seccionamento,sendo que: 
I - o consumidor livre, central geradora ou importador e/ou exportador de 
energia deverá elaborar o projeto básico e o executivo, além de especificar 
os equipamentos, em observância aos Procedimentos de Rede, aos 
Procedimentos de Distribuição e às normas e padrões técnicos das 
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concessionárias ou permissionária para as quais serão transferidas as 
instalações; 
II - o consumidor livre, central geradora ou importador e/ou exportador de 
energia deverá, sem direito à indenização, transferir à concessionária de 
transmissão proprietária da linha seccionada, para fins de vinculação à 
respectiva concessão, as entradas e as extensões de linha associadas ao 
seccionamento, os equipamentos necessários para adequações nos terminais 
da linha seccionada, referentes aos sistemas de telecomunicação, proteção, 
comando e controle, e sobressalentes necessários à manutenção das 
instalações a serem transferidas; 
III - a concessionária de transmissão proprietária da linha seccionada deverá 
verificar a conformidade das especificações e projetos, participar do 
comissionamento das instalações que serão vinculadas à sua concessão e 
instalar os equipamentos necessários para adequações nos terminais da linha 
seccionada, referentes aos sistemas de telecomunicação, proteção, comando 
e controle, de forma a não comprometer o cumprimento do cronograma de 
implantação, sendo essas atividades ressarcidas pelo consumidor livre, 
central geradora ou importador e/ou exportador de energia, no valor de 3,0% 
(três por cento) do custo de construção efetivamente realizado dos ativos 
transferidos, por este informado; 
IV - será estabelecida parcela adicional da Receita Anual Permitida (RAP) 
em favor da concessionária de transmissão proprietária da linha seccionada, 
destinada a cobrir os custos de referência para a operação e manutenção das 
instalações transferidas, a ser considerada no cálculo da tarifa de uso; 
V - o consumidor livre, central geradora ou importador e/ou exportador de 
energia deverá, sem direito à indenização, transferir à concessionária ou 
permissionária de distribuição responsável pela área relativa ao acesso, para 
fins de vinculação à respectiva concessão ou permissão, o módulo geral, o 
barramento e o módulo de manobra para conexão; 
VI - a concessionária ou permissionária de distribuição responsável pela área 
relativa ao acesso deverá verificar a conformidade das especificações e 
projetos e participar do comissionamento das instalações que serão 
vinculadas à sua concessão ou permissão, de forma a não comprometer o 
cumprimento do cronograma de implantação, não cabendo cobrança pela 
execução destes serviços; 
VII - o consumidor livre, central geradora ou importador e/ou exportador de 
energia deverá celebrar CCD com a concessionária ou permissionária de 
distribuição responsável pela área relativa ao acesso; 
VIII - a concessionária ou permissionária de distribuição se tornará acessante 
a DIT e deverá celebrar CCT com a concessionária de transmissão 
proprietária da linha seccionada; 
IX - os custos de referência para operação e manutenção das instalações 
transferidas à concessionária ou permissionária de distribuição serão 
considerados no cálculo da tarifa de uso; e 
X - as transferências ocorrerão pelo custo de construção efetivamente 
realizado, sendo estes custos informados pelo cedente, e se darão de forma 
não onerosa para a concessionária ou permissionária, devendo ser registradas 
no ativo imobilizado da cessionária e ter como contrapartida Obrigações 
 39
Vinculadas à Concessão do Serviço Público de Energia Elétrica (Obrigações 
Especiais)”. 
§ 9° O acessante, no caso de concessionária ou permissionária de 
distribuição para atendimento ao seu mercado cativo, deverá implementar o 
módulo geral, o barramento e o módulo de manobra para sua conexão, que 
passarão a fazer parte de sua concessão ou permissão.” 
Art. 4°-C O acesso de central geradora às DIT somente será permitido por 
meio de seccionamento de linha ou conexão em barramento existente, 
conforme estabelecido nos arts. 4º-A e 4º-B. 
Conforme também o artigo 4ºG, inciso III, a conexão em derivação, e não através de 
seccionamento, só é permitida em linhas pertencentes às concessionárias e permissionárias de 
distribuição em tensões iguais a 69kV. 
3.4 Resoluções autorizativas da ANEEL 
Resolução Autorizativa (REA) é a publicação da ANEEL, correspondente a cada 
empreendimento, onde são especificadas as características técnicas das instalações para a 
geração de energia elétrica, bem como das instalações de transmissão de interesse restrito da 
central geradora, prazo de vigência da outorga correspondente e, quando devido, o 
cronograma de implantação a ser cumprido. 
3.5 Cogeração 
Segundo o artigo 3° da resolução ANEEL N° 235 de 14 de novembro de 2006, cogeração é o 
“processo operado numa instalação específica para fins da produção combinada das utilidades 
calor e energia mecânica, esta geralmente convertida total ou parcialmente em energia 
elétrica, a partir da energia disponibilizada por uma fonte primária”. Ou seja, é uma prática de 
conservação de energia e de racionalidade energética. 
Até meados do século passado a cogeração era muito usada nas indústrias, devido ao fato de 
ser rara a produção de energia elétrica em grande escala pela inexistência de uma tecnologia 
eficiente. Naquela época era comum o próprio consumidor instalar sua central de geração de 
energia. Com o avanço da tecnologia surgiram novos métodos de produção de energia, a 
construção de grandes centrais de geração de energia elétrica e a interligação de sistemas 
elétricos. Com o apoio dessas grandes centrais, tornou-se possível o fornecimento de energia 
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elétrica em abundância e com baixo custo, tornando o sistema de cogeração limitado a 
sistemas isolados, o que o levou a perder gradualmente a participação no mercado. 
Por outro lado, com o aumento da demanda de energia elétrica, somado às cobranças da 
qualidade do fornecimento, às preocupações com o meio ambiente e à sustentabilidade, os 
grandes sistemas centralizados de geração de energia passaram a ser requisitados em novas 
condições de operação e começaram a dar indícios de vulnerabilidade. Os olhares então se 
voltaram novamente para o sistema de cogeração, que passou a ser estimulado e, 
consequentemente aperfeiçoado. 
A cogeração, por apresentar proximidade com a unidade consumidora, dispensa a instalação 
de longas linhas de transmissão, reduzindo os impactos ao meio ambiente. 
3.5.1 Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica 
Dentre os inúmeros projetos de usinas de biomassa alguns são participantes do Programa de 
Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), do Ministério de Minas e 
Energia do Governo Federal, que conforme descrito no Decreto nº 5.025, de 2004, o 
PROINFA foi instituído com o objetivo de aumentar a participação da energia elétrica 
produzida por empreendimentos concebidos com base em fontes eólica, de biomassa e 
pequenas centrais hidrelétricas (PCH) no SIN. 
Coube ao Ministério de Minas e Energia (MME) definir as diretrizes, elaborar o planejamento 
do Programa e definir o valor econômico de cada fonte e às Centrais Elétricas Brasileiras S.A. 
(Eletrobrás) o papel de agente executora, com a celebração de contratos de compra e venda de 
energia. 
Para tanto, foi estabelecido que o valor pago pela energia elétrica adquirida, além dos custos 
administrativos, financeiros e encargos tributários incorridos pela Eletrobrás na contratação 
desses empreendimentos, fossem rateados entre todas as classes de consumidores finais 
atendidas pelo SIN, com exceção dos consumidores classificados na subclasse residencial 
Baixa Renda (consumo igual ou inferior a 80 kWh/mês). 
O Programa prevê a implantação de cento e quarenta e quatro usinas, totalizando 3.299,40 
MW de capacidade instalada, sendo 1.191,24 MW provenientes de sessenta e três pequenascentrais hidrelétricas, 1.422,92 MW de cinquenta e quatro usinas eólicas, e 685,24 MW de 
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vinte e sete usinas a base de biomassa. Toda essa energia tem garantia de contratação por 
vinte anos pela Eletrobrás. (15) 
Embora algumas ações do governo para impulsionar a cogeração tenham ocorrido, tais como 
planos de financiamentos especiais criados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico e Social (BNDES) e a criação do PROINFA, estas ações ainda não foram 
suficientes para aumentar a oferta deste tipo de energia, devido, muitas vezes, à burocracia e 
aos problemas com licenças ambientais. (16) 
3.5.2 Usinas termelétricas de biomassa 
Em geral, denominam-se biomassa aqueles recursos naturais que podem ser processados para 
fornecer formas bioenergéticas mais elaboradas e adequadas para o uso final. Portanto, seriam 
exemplos de fontes de bioenergia a lenha e os resíduos de serrarias, o bagaço da cana-de-
açúcar, o carvão vegetal, o biogás resultante da decomposição anaeróbia de lixo orgânico e 
outros resíduos agropecuários, bem como os biocombustíveis líquidos, como o bioetanol e o 
biodiesel. (17) 
Tendo em vista que a matriz elétrica brasileira passa por uma fase de transição devido à 
necessidade de complementação da geração hídrica com fontes eficientes de energia elétrica, 
a bioeletricidade gerada pelas usinas de açúcar torna-se uma fonte de energia intrinsecamente 
complementar à geração hídrica. Isto ocorre porque a safra de cana-de-açúcar coincide com o 
período de seca, isto é, quando os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas localizadas 
no sul e sudeste do país, estão mais baixos. (18) 
O princípio de funcionamento de uma usina termelétrica de energia (UTE), consiste em 
utilizar a queima de combustíveis, através do ciclo Rankine, para aquecer a água em uma 
caldeira e utilizar o vapor em alta pressão resultante para movimentar as turbinas, gerando 
assim eletricidade. No caso das usinas de açúcar, cada tonelada de cana utilizada na produção 
de açúcar e álcool, gera em torno de duzentos e cinquenta quilos de bagaço que é queimado 
neste processo. (19) Além do bagaço também é comum utilizar a palha e a ponta da cana para 
queima. 
Atualmente (2011) existem trezentas e trinta e quatro usinas termelétricas de cana-de-açúcar 
em todo o país, gerando 6.455.556 kW (20), sendo todas auto-suficientes em energia elétrica. 
No estado de São Paulo, maior produtor de cana-de-açúcar do país, responsável por 60% de 
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toda produção (21), existem cento e setenta e nove usinas (20), e dez destas usinas, hoje já 
conectadas através de seccionamentos, injetam energia diretamente no sistema de transmissão 
da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP). Informações destas dez 
usinas, em ordem de entrada em operação, estão no anexo A. 
Dados da ANEEL de 2011 apontam dezesseis usinas em construção e trinta e cinco com 
outorga para construção, totalizando 2.830.011 kW de geração. Destas cinquenta e uma 
usinas, dezessete estão no estado de São Paulo. (21) 
3.6 Arranjo físico das subestações compartilhadas 
Como já mencionado, a subestação em estudo é inserida no sistema através do seccionamento 
de uma linha de transmissão existente, próxima à usina de açúcar. O arranjo padrão de uma 
subestação, conforme a figura 8, que atende a um acessante é composto de: (22) 
a) dois bays de linhas de transmissão; 
b) duas barras; 
c) um bay de disjuntor de paralelo; 
d) um bay de transformador. 
Além dos equipamentos auxiliares: 
a) dois serviços auxiliares de corrente contínua; 
b) um serviço auxiliar de corrente alternada; 
c) um grupo gerador de emergência. 
A área e os equipamentos internos da subestação que se conectam ao turbo gerador do 
acessante não serão detalhados neste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
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Figura 8 – Diagrama unifilar de uma subestação padrão para seccionamento em 138kV 
 
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Descrição dos equipamentos da subestação de 138kV: 
29-1: Chave de aterramento do bay da linha de transmissão 1 
29-2: Seccionador de entrada do bay da linha de transmissão 1 
29-3: Chave de aterramento do bay da linha de transmissão 2 
29-4: Seccionador de conexão da linha de transmissão 1 à barra 1 
29-6: Seccionador de conexão da linha de transmissão 1 à barra 2 
29-8: Seccionador de bay-pass do disjuntor 1 da transmissora 
29-10: Seccionador de entrada do bay da linha de transmissão 2 
29-12: Seccionador de conexão da linha de transmissão 2 à barra 1 
29-14: Seccionador de conexão da linha de transmissão 2 à barra 2 
29-16: Seccionador de bay-pass do disjuntor 2 da transmissora 
29-18: Seccionador de entrada do bay da UTE 
29-20: Seccionador de conexão da UTE à barra 1 
29-22: Seccionador de conexão da UTE à barra 2 
29-24: Seccionador de bay-pass do disjuntor 3 da distribuidora 
29-26: Seccionador da barra 1 para isolar o disjuntor de paralelo da distribuidora 
29-28: Seccionador da barra 2 para isolar o disjuntor de paralelo da distribuidora 
52-1: Disjuntor do bay da linha de transmissão 1 
52-2: Disjuntor do bay da linha de transmissão 2 
52-3: Disjuntor do bay da UTE pertencente à distribuidora 
24-1: Disjuntor de paralelo da distribuidora para interligação das barras 1 e 2 
3.7 Funções de proteção aplicadas na subestação compartilhada 
As funções de proteção presentes em um projeto de subestação compartilhada, são aplicadas 
segundo estudos da característica de carregamento da região, da seletividade, dos níveis de 
curto circuito, das condições operativas e conforme requisitos estabelecidos nos 
procedimentos de rede do ONS que são documentos de caráter normativo elaborados com 
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participação dos agentes, e aprovados pela ANEEL, que definem os procedimentos e os 
requisitos necessários à realização das atividades de planejamento da operação 
eletroenergética, administração da transmissão, programação e operação em tempo real no 
âmbito do SIN. 
Para o nível de tensão de 138kV, as funções de proteção utilizadas na subestação de 
seccionamento são descritas a seguir. 
3.7.1 Proteção de Distância 
Proteção de distância é a proteção primária das linhas de transmissão da subestação. Tem a 
função de detectar curto circuitos ao longo do circuito através do cálculo da impedância. 
Basicamente, através da medição da tensão e da corrente de curto, para uma falta em qualquer 
ponto da linha, a proteção calcula a relação entre estas medidas, indicando a impedância do 
curto, que é proporcional à distância da instalação ao local da perturbação. 
Os relés de proteção são configurados normalmente com quatro zonas de alcance para 
detecção de curtos fase-terra e curtos fase-fase, sendo uma zona reversa. 
3.7.2 Religamento automático das linhas 
A maioria dos defeitos nas linhas aéreas de transmissão são transitórios, como os produzidos 
por descargas atmosféricas. Nesse caso, basta desligar e ligar novamente a linha para que o 
defeito seja eliminado. O emprego do religamento automático nestas linhas, para atuações da 
proteção de distância quando detectado o defeito dentro da primeira zona, traz uma 
significativa melhoria na continuidade dos serviços de transmissão. 
3.7.3 Proteção de sobrecorrente direcional 
Em certas configurações do SEP verifica-se que com simples relés de sobrecorrente 
temporizados, protegem-se adequadamente linhas de transmissão radiais. No entanto, a 
proteção de linhas alimentadas por ambas as extremidades, ou em anel, requer relés de 
sobrecorrente temporizados com elementos adicionais de direção. Isto quer dizer que o 
disparo do disjuntor deve ocorrer somente quando a corrente de curto circuito tem uma 
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direção particular em cada localização. Esta direção não tem relação com a direção da 
corrente normal de carga, que poderá circular ora num sentido, ora no outro. (3) 
Para faltas de alta impedância, que provocam correntes de curto circuito cujos