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O Coração Corajoso de Irena Sendler (The Courageous Heart of Irena Sendler) O Coração Corajoso de Irena Sendler é um filme de Biografia/Drama, produzido por Jeff Most, Jeff Rice e Brent Shields, com direção de John Kent Harrison, nos EUA, em 2009. Adaptado de: The Mother of the Holocaust Children, de Anna Mieszkowska. O filme se passa em Varsóvia, no ano de 1940, e conta a história de Irena Sendler, uma assistente social e enfermeira que, durante a Segunda Guerra Mundial, dedica sua vida a salvar crianças judias da morte. Irena era uma assistente social que trabalhava em um departamento de Bem-Estar Social responsável pelas refeições comunitárias e herdou de seu pai o dom de salvar as pessoas. Ele era um médico que cuidava dos judeus e, inclusive, morreu em virtude de um de seus pacientes passar tifo para ele. Em 1939, quando ocorreu a invasão da Alemanha, começaram a surgir boatos que Hitler exterminaria o povo judeu, e Irena, se preocupando com as crianças, teve a ideia de resgatá-las do gueto de Varsóvia -onde os nazistas queriam matá-las- e levá-las a abrigos e casas de famílias polonesas, as quais cuidariam das crianças até o fim da Guerra. Para isso, os pais tinham de separar-se de seus filhos, a fim de poder dar uma maior chance de vida a eles, mas, no início, a tarefa de convencê-los não foi nada fácil, pois deixar suas crianças com famílias polonesas significava que eles aprenderiam novas crenças e costumes, além de terem uma nova identidade. Nenhum pai sabia se iria sobreviver, ou mesmo se seus filhos também iriam, mas era a única esperança de salvar a vida das crianças judias para que, talvez, ao fim da guerra, pudessem se reencontrar -para isso, Irena guardou em um pote papéis com o nome de cada criança e seus novos endereços, a fim de que, no futuro, se todos sobrevivessem, pudessem voltar a suas famílias-. Irena conseguiu salvar a vida de mais de 2.500 crianças, e, para isso, contou com a ajuda de um grupo de enfermeiras e assistentes sociais que trabalhavam com ela que, no fim, foram denunciadas pelos seus atos e acabaram sendo presas e brutalmente torturadas. Mas mesmo diante de toda a situação suportaram a tortura -quebra de ossos, chicotadas e muitas agressões- e negaram-se a trair seus colaboradores. Por fim, Irena foi a única que conseguiu escapar do fuzilamento, pois conseguiram subornar os guardas alemães. Assim, ela teve de viver com uma nova identidade, mas mesmo diante da situação, continuou trabalhando como enfermeira. O filme mostra com detalhes pesados as situações deploráveis que adultos e crianças passaram durante a Segunda Guerra Mundial: mortes, torturas, violência, sofrimento. Mas apesar de todas as partes cruéis, o que prende a atenção é o filme não focar somente nas tristezas, mas sim no amor ao próximo e na força de vontade e insistência de Irena e suas colegas em salvar a vida das crianças judias, mesmo diante de todas as dificuldades e mesmo que isso custasse suas próprias vidas: “Se vires alguém se afogando, deves pular na água e tentar ajudar, mesmo se não souberes nadar”. É um filme muito emocionante e envolvente, que prende a atenção do começo ao fim pela bravura e coragem das mulheres, e talvez o maior dos heroísmos, pois foi praticado por uma pequena mulher anônima cuja grandeza insuspeitada a levaria a ser conhecida como alguém que fez história, fato que não costuma ser mostrado na maioria dos filmes. Indico o filme para jovens e adultos que buscam um conhecimento real sobre os acontecimentos durante a Segunda Guerra Mundial e sobre a história emocionante e corajosa de Irena Sendler, a fim de ampliarem suas visões acerca das lutas e bravuras de mulheres que fazem História. A autora do livro que foi adaptado, Anna Mieszkowska, nasceu em Varsóvia em 1958 e é jornalista com formação em teatro pelo Departamento de Estudos de Teatro. Ela colabora com o Arquivo de Emigração em Toruń, e coleciona há anos documentação teatral sobre atividades de artistas poloneses fora do país. Autora da única biografia de Irena Sendler, que foi a que embasou o filme O corajoso coração de Irena Sendler, e teve esta obra publicada em diversos países, como a Alemanha, Espanha, Itália, República Tcheca, Israel, Estados Unidos, Brasil, França e Geórgia. Resenha por Luíza Manoela Nicolli, acadêmica de Enfermagem na Universidade do Estado de Santa Catarina.