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Página 1 MASTOLOGIA – AULA 1 CAMILA MARTINS MASTOLOGIA - ANAMNESE, EXAME FÍSICO E FATORES DE RISCO AULA DE CARLOS CAIADO EPIDEMIOLOGIA É um problema de saúde pública em âmbito mundial. É o tumor mais frequente nas mulheres e a segunda causa de mortalidade. No brasil, representa quase 30% dos tumores nas mulheres (66.280 casos em 2020). No Brasil, ainda temos uma alta taxa de diagnóstico em estágios mais avançados- um diagnóstico tardio. O ideal seria identificar o tumor em estágio subclínico, visto só na imagem. A MAIORIA DOS TUMORES SÃO LUMINAIS E HORMÔNIO DEPENDENTES. OS TUMORES TRIPLO NEGATIVO NÃO RESPONDEM A NENHUM TIPO DE HORMÔNIO, SENDO MAIS AGRESSIVOS E RESPONDENDO APENAS À QUIMIOTERAPIA. - SENDO CONSIDERADO UM TUMOR MAIS AGRESSIVO. EMBRIOLOGIA As mamas são glândulas sudoríparas modificadas, se desenvolve a partir da 4ª semana na vida embrionária a partir de um espessamento do ectoderma. Então o câncer de mama pode se desenvolver desde a axila até a região inguinal. HISTOLOGIA É COMPOSTA POR TECIDO GLANDULAR, ESTROMA DE SUSTENTAÇÃO E GORDURA. A paciente mais jovem tem maior predominância de tecido glandular, enquanto a paciente idosa tem maior percentual de gordura. A mama é composta por 15 a 20 lobos, 20 a 40 lóbulos, 10 a 100 alvéolos e 10 a 20 seios. Quando a mama é lipo substituída, ela aparece “branca” no USG, sendo mais difícil de identificar o nódulo. ANATOMIA Localização: do 2º ao 6º espaço intercostal. Seus limites são a borda esternal e a linha axilar anterior. Tem em média 10 a 12 cm de diâmetro. 95% da drenagem linfática da mama vai para a axila, pouquíssimo vai para a mamária interna. CLASSIFICAÇÃO DE BERG: linfonodos 1, 2 e 3. Classifica até qual nível os lindonodos foram comprometidos. Hoje em dia não se usa mais, utilizamos mais o número de linfonodos comprometidos, e não a sua localização Página 2 MASTOLOGIA – AULA 1 CAMILA MARTINS COMO IDENTIFICAR AS LESÕES • AUTOEXAME • HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO • MAMOGRAFIA (acima de 40 anos), USG (mamas com mais tecido adiposo) e RMN • PUNÇÃO ASPIRATIVA (PAAF) - mais usado em lesões que provavelmente são benignas ou para drenar cistos (o resultado não é tão específico). • PUNÇÃO BIÓPSIA • MAMOTOMIA • BIÓPSIA CIRÚRGICA - é diagnóstico e tratamento. Muitas vezes o paciente vai para a quimioterapia antes da cirurgia. O PADRÃO OURO PARA A BIÓPSIA É A CORE, NA QUAL SÃO RETIRADOS 4 OU 5 FRAGMENTOS DA LESÃO PARA SEREM BIOPSIADOS. É FEITO COM ANESTESIA LOCAL E NÃO PRECISA DE INTERNAÇÃO. AUTOEXAME O período ideal é cerca de 10 dias após a menstruação. Com a mão ipsilateral levantada, a outra mão vai palpando toda a região, em sentido rotacional, vertical e centrípeto. HISTÓRIA CLÍNICA Colher uma boa anamnese. Geralmente as principais queixas são: dor, nódulo, exames alterados, descarga papilar e alto risco (nesta ordem). Muitas vezes a dor é cíclica, sendo relacionada apenas ao ciclo menstrual. Pode também ser dor muscular, abscessos, ou outras coisas. Os nódulos também podem estar relacionados ao ciclo menstrual, sempre perguntar à paciente as características do nódulo. Às vezes conseguimos apenas pela palpação diferenciar um cisto de um nódulo maligno. Pesquisar a descarga: se é unilateral, espontânea, abundante em água de rocha, é uma descarga suspeita. Se a descarga é bilateral, deve ser provocada, amarelada/esverdeada, está mais relacionada a uma descarga fisiológica. ANTECEDENTES: parentes de primeiro grau abaixo de 50 anos ou parente do sexo masculino de 1º grau, a paciente é considerada de alto risco. HÁBITOS DE VIDA: para identificar riscos para o desenvolvimento tanto do câncer quanto os riscos cirúrgicos. Página 3 MASTOLOGIA – AULA 1 CAMILA MARTINS EXAME FÍSICO • INSPEÇÃO ESTÁTICA • INSPEÇÃO DINÂMICA: a paciente coloca as mãos atrás da cabeça e contrai os músculos peitorais. Se a tumoração for perto do músculo, alguma retração ou abaulamento pode ficar mais evidente. • PALPAÇÃO: nas pacientes mais magrinhas conseguimos também palpar os linfonodos, além das mamas. As mamas devem ser palpadas em toda a sua extensão, em sentido horário ou anti-horário. Também fazemos a tentativa de palpação de linfonodos em fossas supra e infraclaviculares. A palpação é feita com a paciente deitada e com as mãos atrás da cabeça. Após a palpação superficial, espalhamos toda a mama sobre o tórax, para que os tecidos não se sobreponham e a palpação seja mais profunda. As microcalcificações são visíveis na mamografia até em mamas lipodensas, por isso devemos sempre pedir a mamografia. A mamografia é bidimensional, então muitas vezes um tecido se sobrepõe ao outro. Por isso também fazemos a compressão da mama para os tecidos se espalharem. Na USG, os cistos benignos são pretos, de bordas circunscritas. Porém podemos ter também cistos benignos complexos, que são considerados suspeitos e devem ser investigados (bordas irregulares, conteúdo sólido dentro). Os nódulos geralmente são horizontalizados, possuem uma espícula e com bordas irregulares e sombra acústica posterior. AGULHAMENTO: se a lesão é impalpável, fazemos o agulhamento com um fio para marcar o local exato da lesão para a cirurgia. Para um agulhamento perfeito, a marcação deve estar a menos de meio cm da área. ANOMALIAS DO DESENVOLVIMENTO MAMÁRIO • Politelia (mamilo acessório) - acomete cerca de 1% da população feminina. O local mais frequente é na região abaixo do sulco mamário. • Polimastia (mama acessória). Pode ocorrer em toda a linha láctea (da axila até a região inguinal) FATORES DE RISCO • SEXO - 1 homem para cada 100 mulheres. Geralmente no homem ocorre em idade mais avançada e está associado à mutações do BRCA1 e BRCA2 • IDADE - entorno dos 50 anos • FATORES HORMONAIS - quanto maior a exposição hormonal, maior o risco, como por exemplo um longo período de menacme; • HISTÓRIA FAMILIAR - principalmente parente de primeiro grau (os mais Página 4 MASTOLOGIA – AULA 1 CAMILA MARTINS importantes são os BRCA1 e BRCA2, são genes de efeito protetor tumoral); • BIÓPSIAS COM ATIPIAS • USO DE ÁLCOOL • HERANÇA GENÉTICA • RADIAÇÃO IONIZANTE • OBESIDADE - maior conversão periférica pela aromatase, maior produção de estrona • TABAGISMO • HISTÓRIA PESSOAL DE CÂNCER DE MAMA, OVÁRIO, ENDOMÉTRIO • DIETA RICA EM GORDURAS SATURADAS • MAMAS DENSAS - são mais propícias a mutações • NULÍPARAS - maior tempo de exposição hormonal • FILHO EM IDADE AVANÇADA - a mama só termina seu desenvolvimento completo na gestação, quando está se preparando para a lactação; • USO DE TRH - mais relacionado a um uso prolongado • MENARCA PRECOCE • MENOPAUSA TARDIA • O USO DE ANTICONCEPCIONAL ORAL AINDA É CONTROVERSO. Obs: • HISTÓRIA FAMILIAR: 2 PARENTES DE PRIMEIRO GRAU O RISCO É DE 25%, E SE UM DOS PARENTES FOR BILATERAL O RISCO PASSA PARA 50%. • CÂNCER DE MAMA HEREDITÁRIO: 5 A 10% DAS PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA TEM ALTERAÇÕES NO BRCA1 OU BRCA2. SE A PACIENTE TEM ESSA ALTERAÇÃO O RISCO PASSA PARA 60-85%.