Buscar

Prévia do material em texto

39
Fisiologia do Esporte
R esu mo
Na fisiologia do esporte, muitos, senao todos os . sistemas corporais, sao testados quase que
a seus limites extremos. Por exemplo, o fluxo sangiiineo muscular aumenta de ate 25 ve-
zes, o consumo total de oxigenio aumenta de ate 20 vezes, a product-Co corporal de calor,
igualmente, aumenta de ate 20 vezes e o debit° cardiac° de ate 6 vezes.
O corpo utiliza tres, sistemas de energia principais para a proviao da forga muscular
necessitada nas provas atleticas. Esses sistemas sao (1) o sistema do fosfageno, (2) o sis-
tema glicogenio-dcido lactico e (3) o sistema aerObico. 0 sistema do fosfageno armazena
energia das ligaf'des de alta energia do trifosfato de adenosina e da fosfocreatina, ambos
encontrados no interior das fibras musculares. Esse sistema pode perniitir surtos muito in-
tensos de energia por periodos de 10 a 15 segundos. 0 sistema glicogenio-acido lactico li-
bera energia pela conversgo do glicogenio em acido lactico. Esse sistema pode suprir ener-
gia corn intensidade de cerca da metade do sistema do fosfageno e pode sustentar a con-
tracab muscular' maxima por periodos de 30 a 40 segundos. 0 sistema aerobico libera
energia pela metabolizacao dos carboidratos, das gorduras e das proteinas corn oxigenio.
Esse sistema pode prover energia corn . intensidade da ordem de urn quarto da do sistema
fosfageno, maS . Sua duracffo e definida apenas pela disponibilidade dos nutrien-
tes apropriados.
O nutriente de escolha 'para a utilizaca° muscular durante o exerdicio . 6,,o carboidrato,
sob a forma de glicogenio arthazenadb no musculo ou de glicose absorvida pelas fibras
musculares, do sangue; durante o exercicio. A quantidade de glicogenio armazenado nos
musculos, antes das provas atleticas, pode ser aumentada de varias vezes por uma dieta
rica 6M carboidratos e, por sua vez, a resisten,c& muscular e'dfretamente relacionada a
quantidade de glicogenio neles armazenada. Portanto, uma dieta rica em carboidratos
essencial um th. para u desempenho atletico de primeiro niVel. Entretanto, quando o exerci-
cio mantido por rnuitas horas, proximo a sua 'intensidade maxima, os depositos de glico-
gni° e de glicose ficam depletados e, nesse caso, a maior parte da energia que e utilizada
pelos mitsculos é derivada das gorduras.
Embora a dimensa° basica dos mitsculos de uma peSsoa seja- deterrninada, em , sua
maior parte, pela hereditariedade e pelo efeito anabOlico do hormOnio sexual masculino
testosterona, o treinamento fisico pode aumentar a massa e a forca muscular por ate 30
a 60%. 0 aumento da massa muscular é chamado de hipertrofia muscular. Os mfisculos
hipertrofiados contem fibras musculares mais volumosas e urn maior ninnero dessas fibras
musculares. Alem disso, a eficiencia dos sistemas metabOlicos intracelulares fica aumen-
tada, tambem, na proporcgo de 30 a 60%.
Durante o exercicio maxim° realizado por atleta bem treinado, como, por exemplo,
urn corredor de maratona, o consumo corporal total de oxigenio e a ventilaciio pulmonar
aumentam, cada urn, cerca de 20 vezes. Essa intensidade da respiracaTo ainda representa,
apenas, 65% da capacidade respiratOria maxima, o que permite a existencia de consider&
vel reserva respiratOria, mesmo no exercicio muito intenso.
0 flux() sangiiiheo muscular pode aumentar de ate 25 vezes durante o exercicio mais
extenuante. Para assegurar esse flux° aumentado pelos muitos miisculos em contracaO, o
debito cardiaco pode aumentar de ate 6 vezes em urn atleta bem treinado, como, mais
uma vez, serve de exemplo, o corredor de maratona. Durante o treinamento de um desses
corredores de maratona, as dirrzensdes das camaras cardiacas e da massa cardiaca aumen-
tam, cada urn, de 40%. No exercicio maxim°, o coracab bombeia sangue a 90% de sua ca-
529
530 FISIOLOGIA DO ESPO.RTE
pacidade maxima de bombeamento. Portanto, a capacidade de bombeamento do coracffo
é fator muito mais limitante no fornecirnento de oxigenio para os miisculos, em quantida-
des adequadas, durante as atividades atleticas de resistencia, do que é o sistema respi-
ratOrio.
Quantidades muito grandes de calor sffo produzidas no interior do corpo, durante .o
exercicio. Portanto, quando o exercicio é realizado em ambientes quentes e innidos ou
usando roupas sem ventilacffo, uma pessoa pode ter intermacifo. Por outro lado, pode
perder de 2,25 litros a 4,6 litros (5 a 10 Libras) de liquid° corporal dentro de period° de
1 hora, pelo processo de sudorese, o que pode causar cffibras musculares, fraqueza e ate o
colapso circulatOrio. A intermacao pode ser fatal se nä-o for tratada no mesmo instante.
Entre os liquidos mais eficazes, que podem ser usados para a reposicSo dos liquidos cor-
porais, merecem destaque os sucos de frutas.
E muito adequado terminar este texto corn capitulo
sobre a fisiologia do esporte porque nao existe maior
es( se normal a que o corpo seja submetido do que
os estresses intensos do exercicio extremo ou que a
eles se aproxime. Em verdade, se alguns dos extre-,
mos do exercicio fossem realizados por periodos pro-
longados de tempo, poderiam vir a ser, corn muita fa-
cilidade, letais. Por conseguinte em sua maior parte, a
fisiologia do esporte a uma analise dos ultimos
a que os mecanismos corporals podem ser testados.
Para dar urn exempla simples: numa pessoa corn febre
muito alta, preahna do nivel de letalidade, o metabo-
lismo corporal aumenta de ate 100% acima do
normal. Em termos comparativos, o metabolism° do
corpo, durante uma corrida de maratona, pode aumen-
tar ate 2.000% acima do normal.
ATLETAS MASCULINO E FEMININO
A maior parte, dos dados quantitativos citados neste
capitulo referem-se ao atleta jovem, do sexo masculi-
no, nä° porque desejavel que apenas , esses valores se-
jam conhecidos, mas porque foi nessa classe de atletas
que medidas , comparativas, relativamente completas,
foram realizadas. Contudo, para as medidas que fo
ram realizadas no sexo feminino, quase que exata-
mente os mesmos principios fisiologicos est -do em jo-
go, exceto por diferencas quantitativas determinadas
pelas diferencas do peso corporal, pela composicNo
do corpo e pela presènca ou ausencia do hormOnio
sexual masculino . testosterona. Em geral, a maior par-
te dos resultados quantitativos — tais como a forga
muscular, a ventilacdo pulmonar e o debit° cardiac°,
todos relacionados principalmente a massa muscu-
lar —, quando referentes a pessoas do sexo feminino, fi-
cardo .compreendidos entre dois tergos a tits quartos
dos valores respectivos, medidos em pessoas do sexo
masculino. Contudo, isso ao se traduz em diferencas
acentuadas nos desempenhos atleticos, visto que as di-
mensbes corporais femininas s-do proporcionalmente
menores. Uma boa indicagdo das capacidades relati-
vas esportivas do atleta do sexo feminino, em relago
corrida de,maratona. Em uma comparacdo recente, a
melhor atleta feminina levou tempo 12% maior que o
melhor atleta masculino. Por, outro lado, em provas
de resistencia, as atletas femininas ja demonstraram
capacidades superiores as dos -atletas masculinos.
Como urn exemplo, o re6orde para a travessia nos
dois sentidos do canal da Mancha é, no momento, de
uma mulher, e näO de urn homem. SupOe-se que par-.
to da ruff° para isso seja que a pessoa do sexo femini-
no dispde de mais gordura em seu tecido subcutáneo,
que a isola do frio das Aguas do canal da Mancha mas,
certamente, essa ngo toda a razda e bem pode ser
mais urn desejo de justificativa para o ego masculino
do que fato real.
As diferencas hormonais"entre os dois sexos po-
dem, com certeza, explicar uma grande parte sena.° a
maioria das diferencas nos desempenhos atleticos. A
testosterona secretada pelos testiculos masculinos
exerce poterite efeito anabolico, o que significa que
promove a deposigifo muito aumentada de proteina
em todos os locais do corpo, em especial nos mils-
culos. Na verdade, mesmo na pessoa do sexo masculi-
no que participa muito pouco de atividades esportivas
mas que, no entanto, secreta suficiente, testosterona,
tun milsculos cerca de. 40% maiores do quea pessoa
do sexo feminino correspondente, corn urn conse-
qiiente aumento de sua forga. Assirn, a pessoa do sexo
masculino que comega a treinar para uma atividade
esportiva já tern vantagem inicial sobre uma pessoa
do sexo feminino.
0 hormOnio sexual feminino estrogenio tambem
explica, provavelmente, parte da diferenga entre os
desempenhos atleticos masculino e feminino, embo-
ra ndo tanto quanto o pode fazer o efeito da testos-
terona. 0 estrogênio é capaz de aumentar a deposi-
cab de gordura, no sexo feminino, em especial, em de-
terminados tecidos, como nas mamas, nos quadris e
no tecido subcutáneo. Pelo menos, em parte por essa
razdo, a mulher n edo-atleta media possui cerca de 26%
de gordura de seu corpo, em comparago corn o ho-
mem medic), igualmente ngo-atleta, que possui 15%
de gordura em seu corpo. Nos corredores de marato-
na, que em seu treinamento conseguiram eliminar o
FISIOLOGIA DO ESPORTE 531
gordura residual é de 4% nos liomens e de 6% nas mu-
lheres. Dessa forma, a mulher, seja ela uma atleta trei-
nada ou ndo, tern em seu corpo, em media., mais 50%
de gordura que os homens. Obviamente, isso atua em
detrimento dos niveis mais elevados de desempenho
atletico em provas onde esse desempenho a depen-
dente de velocidade ou de forca corporal mas, por ou-
tro lado, poderia ser fator favorecedor para os desem-
penhos de provas de resistencia extrema, onde a gor-
dura poderia ser importante fonte de energia.
0 estrogenio desempenha urn outro papel, bastan-
te mais insidioso no atletismo, pois o estrogenio se-
cretado pelos othrios femininos apOs a puberdade que
faz com que a estatura feminina seja menor do que a
masculina. Irnediatarnente apOs a puberdade, o
aumento da secrego de estrogenio promove um breve
surto de crescimento que, em .geral, faz corn que a
)pessoa do sexo feminino em fase pOs-puberal, cresca
mais rapidamente do que o seu correspondente mas-
culino. Por outro lado, esse surto de crescimento ó de
durago muito rapida, visto que as cartilagens epifisa-
rias dos ossos longos, que represent= o local onde
vai efetivamente ocorrer o crescimento, nb esgotadas
em tempo muito curt°, desaparecendo de forma
muito rapida, o que per-mite que as epifises fiquem
unidas as hastes dos ossos longos — por conseguinte,
nenhum crescimento adicional ire ocorrer. Como re-
sultado, a pessoa do sexo feminino, em geral, atinge
sua estatura de adulto ern torno dos 15 aos 17 ariOs,
enquanto que a pessoa do sexo masculino continua a
crescer ate a .idade de 19 a 21 anos. am diferenca,
obviamente, 6 - de muita importância na maioria •das
provas atleticas, pois o planejamento da competigo
atletica, muitas vezes, favorece os que tem as maiores
, dimensOes corporais.
Finalmente, nab deve ser negligenciado o efeito
dos hormOnios sexuais sobre o temperament°. Isrgo
existe qualquer duvida de Tie .a testosterona promo-.
ye agressividade, enquanto que o estrogenio esta , as-;
sociado a um temperamento mais dOcil. Certantente,
uma grande parte do esporte competitivo 6.o espiri:
to agressivo que forca a pessoa ate seu esforco Maxi-
mo, muitas vezes a custa de uma judiciosa mode-
rago.
MUSCULOS NO EXERCICIO
Force, Potancia e Resistericia Musculares
O denominador final comum nas provas atleticas é o
que seus indsculos podem fazer por voce — que forca
podem gerar, quando isso for necessario, que potencia
poderab atingir na realizago de trabalho e por quan-
to tempo poderab continuar em, atividade.
A forca de um musculo é determinada, em sua
maior, parte, por sua massa, com uma forca contrdtil
rw;yipyin romnrpPn11011 Pntrp 2_c P 5 ka1prn 2 dp a rea
da secgo reta de musculo. A pessoa do sexo masculi-
no que seja bem provido corn testosterona e que, co-
mo conseqiiência, tenha seus mirsculos proporcional-
mente aumentados, sera muito mais forte do que ou-
tras pessoas sem essa vantagem da testosterona. Por
outro lado, o atleta que conseguiu hipertrofiar seus
mUsculos por meio de programa de condicionarnento
fisico tera, de igual modo, uma forca muscular au-
mentada, devido a sua massa muscular maior.
Para dar urn exemplo de forca muscular, urn levan-
tador de peso de classe internacional .pode ter urn
quadriceps, corn area de secgo reta de ate 150 cm2.
Isso poderia ser traduzido em uma forca contratil ma-
xima de '525 kg (isto é, 1.155 libras), corn toda essa
forca aplicada sobre o tendao patelar. Portant°, pode-
se facilmente compreender como a possivel que esse.
tenclab seja rompido ou, ate mesmo, verdadeiramente
arrancado de sua insergo na tibia, abaixo do joelho.
Tambem, quando forcas desse quilate sab aplicadas a
tendOes fixados a ossos que. compOem uma articula-
go, forcas semelhantes sao aplicadas as superfIcies
articulares, ou, algumas vezes aos ligamentos que fir-
mam essas articulacOes, o que explica a ocorrencia de
deslocamentos de cartilagens, de fraturas por com-
press-do nessas articulacOes e de rupturas de liga-
mentos.
Entretanto, para piorar as coins, a'forca de resis-
tack (ou de tensdb) dos musculos e de cerca de 40%
maior do que a forca contrdtil. Isto e, se urn musculo
ja esta contraido e uma forca aplicada .a esse musculo
atua no sentido de estird-lo, sera necessaria uma in
tensidade 40% maior do que a que pode ser desenvol-
vida por uma contrago que encurte seu cornprimen-
to. Portanto, a forca de 525 kg calculada antes para o
tendab patelar passs. a ser de 735 kg (1.617 libras).
Isso, de forma obvia, agrava o problema dos tendOes,
das articulacOes e dos ligamentos. Tambem pode ser
causa de rupturas internas do prOprio musculo. Em
verdade, o estiramento de um musculo que esta em
contrago maxima e urn dos meios mais seguros para
assegurar a maior incidencia de dores musculares.
A potencia da contrago muscular difere da forca
muscular, pois a potencia é uma medida da quantida-
de de trabaiho que pode ser realizada por Urn
culo, em determinado intervalo de tempo. Isso é de-
terminado, nab apenas pela forca muscular, mas, tarn-
bem, pela velocidade de sua contraccio, bem como
pelo ninnero de vezes que se contrai em urn minuto.
A potencia muscular é, geralmente, medida em
quilogrdmetros (kgm) por minuto. Isto é, urn mus-
culo que pode elevar peso de 1 kg ate a altura de urn
metro, ou que pode deslocar, horizontalmente, algum
objeto contra a forca de 1 kg, por distaincia de 1 m,
em 1 minuto, e dito ter potencia de 1 kgm/min. A po-
tencia maxima que todos os nnisculos do corpo de
urn atleta bem treinado, corn todos esses mitsculos
atuando em conjunto para o mesmo propOsito, é va-
i1AN/P1 rrtm r famrscs cr,11,-.1- ;4,1 elrl A A
A IP
.77
ADP
532 FISIOLOGIA DO ESPORTE
Primeiros 10 a 15 segundos 7.000 kgm/min Dieta rica em carboidratos 33 g/kg de misculo
0 minuto seguinte. 4.000 kgm/min Dieta mista 17,5 g/kg de mtisculo
Meia hora seguinte 1.700 kgm/min Dieta rica em gorduras 6 g/kg de milsculo
Dena forma, é Obvio que a pessoa tern capacidade
para urn surto extremo de energia por period° muito
curto . de tempo, como, por exemplo, na prova dos
100 metros rasos, completada em cerca de 10 segun-
dos, enquanto que .nas provas prolongadas de resis-
tencia a potOncia muscular 6 de apenas urn quarto da
do surto initial. Contudo, isso n -go quer dizer que o
desempenho, atletico de, uma pessoa seja quatro vezes
maior durante o surto initial do que durante a meia
hora . seguinte, visto que a efici6ncia para a traducäb
da poancia muscular em desempenho atlOtico 6, mui-
tas vezes, bem menor durante a atividade rapida do
que em atividades menos thpidas, mas prolongadas
continuas. Assim, a velocidade da prova dos 100 me-
tr- ' , mos 6, apenas, -1 3/4 vez maior do que a velo-
ciudde de uma corrida de 30 minutos, apesar da dife-
renca de quatro vezes entre a pot6ncia muscular rapi-
ds e prolongada.
A caracteristica final do desempenho muscular e a
resisténcia. Ea depende, em grande parte, do suporte
nutritivo do musculo mais do que qualquer coisa,
• na; quantidade de glicogenio que foi armazenada no
miisculo antes do period° de exercicio. Uma pessoa
com dieta de alto teor de carboidratos armazenamui-
to main glicogenio em seus musculos do que uma pes-
soa em, dieta mista °If dieta rica em gorduras. Por ;con-
seguinte, a resist6ncia 6 muito aumentada por dieta
coin, alto teor de carboidratos. Quando atletas correm
com a velocidade tipica de uma corrida de maratona,
sua resistdncia como medida pelo tempo que podem
permanecer correndo ate a exausta° completa e, apro-,
ximadamente, de:
Dieta rica em carboidratos
Dieta mista
Dieta rica. em gorduras
As quantidades de glicogenio, que, nessas diversas
condicOes, sa-o armazenadas nos musculos sffo, aproxi
madamente, as seguintes:
Sistemas MetabOlicos do MOsculo
Durante o Exercicio
Os mesmos sistemas metabOlicos basicos, presentes
nas demais c6lulas do corpo, tamb6m estab presentes
no minculo; esses sistemas metabOlicos foram dis-
cutidos nos Caps. 31 e 32. Entretanto, medidas quan-
titativas especiais das atividades dos trés sistemas me-
tabOlicos sao extrernamente importantes para a corn-
preenao dos limites da atividade ffsica..
SISTEMA DO FOSFAGENO
Trifosfato de Adenosina. A fonte hasica de ener-
gia para a contracao muscular 6 atrifosfato de adeno-
sina (ATP), corn a seguinte formula basica:
Adenosina — PO4 P03 i'03
As ligaceies dos dois Altimos radicais fosfato com o
restante da molecula, designados pelo simbolo ,
ligavaes fosfato de alta energia. Cada uma dessas liga-
95es armazena cerca de 8.000 calorias por mol de
ATP. Portanto, quando um desses radicais fosfato
removido dessa molecula, saV ki-adas 8.000 calorias
de energia que podem ser utilizadas para energizar o
processo contratil do miisculo. Em seguida, quando o
segundo radical fosfato a removido, outras 8.000 ca-
lorias ficam disponiveis. A remocäo do primeiro fos-
fato converte o ATP em difosfato de adenosina
(ADP) e a remocgo do segundo fosfato o converte em
monofosfato de adenosina (AMP).
Infelizmente, a quantidade de ATP presente nos
musculos, mesmo de atletas bem treinados, a suficien
te, apenas, pars manter a pot6ncia muscular maxima
por apenas 5 a 6 segundos, talvez suficiente para uma
corrida de 50 metros. Por conseguinte, exceto duran,'
240 minutos
120 minutos
85 minutos
I. Fosfocreatina Creatina + P03
II. Glicogenio• > Acido lactic°
III : Glicose
Acidos graxos
Aminoacidos
Energia
para a
contragao
muscular
Figura 39-1. Os tres sistemas metabOr
licos importantes para o forneci-
mento de energia para a contragg.o
muscular.
+ 0 2 -> CO2 + H 2 0
ureia
FISIOLOGIA DO ESPORTE
te poucos segundos de cada vez, é essencial que o
ATP seja continuamente formado, mesmo durante o
desempenho em provas esportivas. A Fig. 39.1 repre-
sents o sistema metabOlico global, corn a degradacclo
inicial do ATP em ADP e, em seguida, a AMP, corn li-
beraca-o de energia para a contra* muscular. Na
parte esquerda da figura sdO mostrados os tits meca-
nismos metabOlicOs diferentes, responsivei g pela re-
constituigo do suprimento continuo do trifosfato de
adenosina nas fibras musculares. Esses tres mecanis-
mos metabOlicos sa-o:
Liberactio de Energia pela Fosfocreatina. : A fos-
focreatina é urn . (nitro composto quiMico que possui
uma ligacab fosfato de alta energia, com a seguinte
formula:
Creatina P03
Essa molecula pode ser decomposta em creatina e em
ion fosfato, como é mostrado na parte esquerda da
Fig. 39-1 e, ao ocorrer, pode liberar grandes quanti-
dades de energia. Na verdade, a ligacab fosfato de alta
energia da creatina armazena urn pouco mais de ener-
gia do'que o faz a ligacab semelhante do ATP. portan-
to, a fosfocreatina pode, corn facilidade, prover ener-
gia suficiente para a reconstituica-o das ligaVies de alta
energia. do ATP. Ainda mais, a maior parte das celulas
musculares possui de duas a tits vezes mats fosfo-
creatina. que ATP:
Uma caracteristica especial da transferencia de
energia da fosfocreatina para o ATP 6 a de que ocorre
em find° muito pequena de segunclo. Portant°, em
verdade, toda a energia armazenada na fosfocreatina
do musculoee instantaneamente disponivel para a con-
track, muscular, do mesmo mode, como 6 a energia
armazenada no ATP.
A fosfocreatina celular mats o ATP constituem o
sistema do fosfageno de energia. Em conjunto, pode
prover potencia muscular maxima por um periodo de
10 a 15 segundos, o que a bastante, apenas, para a
corrida de 100 m. Dessa forma, a energia do sistema
. do fosfageno 6 utilizada para surtos breves de alta in-
tensidade da potencia muscular:`
533
em nitmero muito maior. Entretanto, quando o oxi-
gni° for insuficiente para essa segunda etapa (o esta-
gio oxidativo) do metabolismo da glicose, a maior
parte do acido piritvico sera transformada em acido
kictico, que difunde para fora das alulas musculares.
para o liquid° intersticial e para o sangue. Nessas con-
dicaes, portanto, a maior parte do glicogenio mus-
cular é transformada em acido lactico, mas, nesse pro-
cesso, sao formadas quantidades consideraveis de tri-
fosfato de adenosina sem que, ocorra qualquer consu-
mo de oxigenio.
Outra caracteristica do sistema glicogenio-acido
lactico 6 a de que pode formar moleculas de ATP corn
velocidade cerca de duas a duas vezes e meia a veloci-
dade com que o faz o mecanismo oxidativo das mito-
cOndrias. Por conseguinte, quando sa-o necessarias
grandes quantidades de trifosfato de adenosina para
periodos moderados de contras 5o muscular, esse me-
canismo de gliCadise anaerObica pode ser usado como
fonte rapida de energia. NI° 6 ta-o rapido quanto o
sistema do fosfageno,-aPenai tern metade da velocida-.
de do sistema de fosfageno.
Sob condicOes otimas, o sistema glicogenio-acido
lactico pode prover de 30 a 40 segundos de atividade
muscular maxima, altm dos 10 a 15 segundos forneci-
dos pelo sistema do fosfageno.
SISTEMA AER61.31C0
0 sistema aerobico define a Oxidacao dos nutrientes,
nas mitocOndrias, para a produc -do de energia. Into 6,
como a representado na parte esquerda da Fig. 39-1, a
glicose, os acidos graxos e os aminoacidos dos alimen
tos — apOs algum processamento intermediariO —
.combinam com o oxignio para liberar quantidades
enormes de energia, que sa-o utilizadas para a conver-
ao do AMP e do ADP em ATP, como foi discutido
no Cap. 31.
Ao se comparar esse mecanismo aerobico de supri-
mento de energia com os sistemas glicogecioicido
lactico e do fosfageno, obtem-se os seguintes valores
relativos para as intensidades maximas de producdo
de potencia; em termos de utilizacNo de ATP:
SISTEMA GLICOGENIO-ACIDO LACTICO
Sistema aerobico
Sistema glicogenio-acido lactico
Sistema do fosfageno
1 M de ATP/minuto .
2;5 M de ATP/minuto
4 m d e • ATP/rninuto
glicogenio armazenado no milsculo pode ser degra-
dado ate glicose e, entao, essa glicose pode ser utiliza-
da para energia. 0 estagio inicial dense processo, cha-
mado de glicOlise, ocorre, inteiramente, sem use de
oxigênio e, portanto, diz-se que é urn metabolismo
anaerObico (ver Cap: 31). Durante a glicolise, cada
molecura , de glicose é dividida em ductl moleculas de
acido e a energia é liberada para formar vd-
rias moleculas de ATP. Comumente, o acido pirinfi-
co penetra nas mitocOndrias das cêlulas musculares e
reage corn o oxiaenio nara formar moleculas de ATP
Por outro lado, se esses mesmos sistemas s'576 corn-
parados em termos de resistencia, os valores passam a
ser os seguintes:
Sistema do fosfageno 10-15 segundos
Sistema glicogenio-acido lactico 30-40 segundos
Sistema aerobico duragffo ilimitada
(enquanto houver
nutrientes)
534
Assim, pode ser facilmente compreendido que o
sistema do fosfageno a utilizado pelo mitsculo para
surtos de potencia, enquanto o sistema aerObico a ne-
cessario para a atividade atletica prolongada. Como
meio termo, existe o sistema do glicogênio-acido
lactico, que a especialmente importante para a provi-
sdo de uma potencia adicional, durante provas de tipo
intermediario, como as corridas de 200 a 800 metros.
QUE SISTEMAS DE ENERGIA SAO UTILIZADOS
PELOS DI FERENTES. TIPOS. DE ESPORTES?
Ao se analisar o vigor de uma atividade esportiva e sua
duracäb, pode-se fazer uma estirnativa bastante preci-
, sa de quais sistemasde energia s5o usados para cads
tipo de atividade. 0 que se segue s-do aproximacOes
diversas:
2se que inteiramente pelo sistema fosfageno:
corrida de 100 metros rasos
salto
halterofilismo
merguiho
-piques no futebol arnericano
Sistemas do fosfageno e glicogenio-acido lactico:
corrida de 200 metros rasos
basquetebol
pont° completo (home-run) no beisebol
hOquei no gelo
Principalmente pelo sistema glicogesnio-acido
lactico:
corrida de 400 metros rasos
nado de 100 metros
té+-'s
Sistemas glicogenio-acido lactic() e aerbbico:
corrida de 800 metros
nado de 200 metros
corrida de 1.500 metros em patins (gelo)
boxe
remo (2.000 metros)
corrida (1.500 metros)
corrida (1 milha)
nado de 400 metros
Sistema aerObico:
corrida de 10.000 metros em patins (gelo)
corrida rilstica
rnaratona (42,2 km ou 26,2 milhas)
corrida (jogging)
RECUPERACAO DOS SISTEMAS METABOLICOS
AUSCULARES APOS 0 EXERCICIO
D desempenho em provas atleticas é, muitas vezes, de-
;erminado por qua) rapidamente o atleta pode re-
FISIOLOGIA DO ESPORTE
cuperar sua forca entre os surtos de atividade e, em
geral, isso significa qudo rapidamente os sistemas
energeticos podem se recuperar. Cada urn desses sis-
temas tern sua velocidade caracteristica de recupera-
cdo, como se segue:
Sistema do Fosfageno. A quantidade total de
energia no sistema fosfageno, em toda a musculatura
de urn atleta bem treinado do sexo masculino, é equi-
valente a cerca de 0,6 M de ATP (cerca de 0,3 M para
atleta do sexo feminino), e isso pode ser quase que
completamente depletado em period° medio de 10 a
15 segundos de atividade muscular maxima. Entre-
tanto, o sistema do glicogenio-acido lactico pode
repor em funcionamento o sistema do fosfageno corn
a intensidade de 2,5 M de ATP por minuto e o siste-
ma aerObico corn a intensidade de 1 M de ATP por
minuto. Por conseguinte, em, teoria, seria possivel
para esses dois outros sistemas de energia recuperar
completamente o sistema do fosfageno .dentro de 15 a
30 segundos apos sua deplecdo total, o que significa-
ria que a pessoa poderia participat de corrida de 100
metros rasos apos um mint-Ito de outra corrida de
mesmo tipo. Contudo, na pratica, isso ndo acontece
bem assim, por que os;:;outros sistemas funcionam a
plena carga, para a recuperacdo do sistema do fosfa-
geno, apenas quando esse sistema estiver quase que
completamente depletado. Pelo contthrio, o fosfa-
geno é normalmente recuperado .com urn meio-
. tempo de 20 a 30 segundos. Isso significa que, para
aquelas atividades que depepdginjnteiramente do sis-
tema do fosfageno, como o salto em altura, poder-se-ia
esperar uma recuperacdo plena dentro de 3 a 5 mi-
nutos
SistemaGlicogénio-Acido Lactico. A limit acab
no uso desse sistema para o fornecimento de energia
é, principalmente, a quantidade de acido lactico que a
pessoa pode tolerar em seus musculos e em seus liqui-
dos corporais. 0 acido lactico provoca extremafrdiga,
o que funciona como uma autolimitacao para o uso
adicional desse sistema, para o suprimento de energia.
A quantidade de tempo para a recuperacdo desses sis-
temas, portanto, a determinado pela rapidez corn que
a pessoa pode eliminar o acido lactico de seu corpo.
Na maioria das condicCies, isso é realizado corn urn
meio-tempo da ordem de 20 a 30 minutos; por conse-
guinte, apos uma hora do uso pelo atleta do sistema
g,licogenio-acido lactico em sua plenitude, esse siste-
ma metabOlico ainda n-do tera recuperagdo total.
Sistema AerObico — Recuperacdo a Curto Prazo e
o "Debit° de Oxigenio". A recuperag -do do sistema
aerObico tern uma fase a curto prazo e uma fase a Lon-
go prazo, uma durando cerca de uma hora e a outra
durando varios dias. A . fase a curto prazo da recupe-
rap:, a funcdo do debit° de oxigénio, mostrado na
Fig. 39-2. Esse debit° de oxigenio é definido como
uma quantidade adicional de oxignio que deve ser
captada pelo corpo, apos urn evento atletico, para res-
tabelecer todos os sistemasmetabOlicos a seu nivel
normal de funcao. 0 daft° de oxigênio pode ser for-
ebito aläctico de oxigenio = 3,5 litros
5
4
2
Debit° de oxigenio por
jcido = 8 litr,
FISIOLOGIA DO ESpORTE 535
0 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44
Minutos
Figura 39-2. Intensidade da captagäo de oxigenio pelos pul-
m -Oes durante exercicio maximal por 4 minutos e durante
qua,,se 1 hora ap6s o tennino do exercicio. Essa figura ilustra
c ilzeito do debito de oxigenio.
mado por dois modos diferentes. Primeiro, parte des-
se debito resulta do use do oxigenio que ja esta arma-
zenado em diferentes partes do corpo. Por exemplo,
em condicOes normais, cerca de 0,3 litro de oxigenio
pode ser armazenado nos prOprios nuisculbs, em
combinacaO corn a mioglobina, uma substancia qui-
mica, semelhante a hemoglobina, corn a capacidade
de combinar reversivehnente corn o oxigenio. AlOm
disso, vase 1 litro: de oxigenio esta normalmente
combinado corn toda a hernoglobina do sangue e
0,5 litro esta no ar dos pulm•5es, alOm de 0,25 litro
em solucgo nos liquidos corporals. A maior parte des-
se oxigenio pode ser utilizada pelos mfiscula durante
o exercicio e, por conseguinte, deve ser reposto apOs
0 tOrmino do exercicio.
_ )Segundo, o debito de oxigenia pode ficar acumula-
do pela deplecaO dos dois sistemas do fosfageno e gli-
cogdnio-acido lactic°. Ate 2 litros de oxigenio sa-o ne
cessärios para a recuperagab de urn sistema do fosfa-
geno completamente depletado e ate 8 litros para a
recuperaca-o do sistema glicogdnio-acido lactic°.
No todo, uma .pessoa pode desenvolver urn debito
de oxigenio de ate 10 a 12 litros e esse oxigenio 6 re-
posto para o corpo por uma hora ou mais, apOs perio-
dos de exercicio exaustivo. A Fig. 39-2 mostra que
essa reposicSo ocorre em duas etapas distintas. Pri-
meiro, aquela parte do debito que na°' esta relacio-
nada ao acinnulo de acid° lactic° — chamado de debt-
. to aldctico de oxigenio — definida como a quantidade
de oxigenio necessaria para a reposicSo dos depOsitos
corporais de oxigenio, bem como para a recuperacäb
do sistema do fosfageno, 6, em geral, reposta dentro
de 2 a 3 minutos. Por outro lado, a remocgo de acid°
lactic° de todos os liquidos corporais necessita de
uma hora ou mais, de modo que o debito de oxigenio
por cicido lactico que 6, de longe, a maior proporca°
do debito total, continua a ser reposto, muito lenta-
mente, por mais de uma hora. Portanto, para aqueles
esportes que depletam o sistema metabOlico glicogd-
nio-acido lactic°, deve-se alocar periodo de uma hora
e, preferivelmente, de duas horas, entre as provas.
0 mecanismo de recuperacab do sistema glicogd-
nio-acido lactic° simplesmente, o de remover o
acid° iddfico do sangue e dos liquidos corporais. Isso
é realizado por dois modos. Primeiro, parte do acid°
lactic° é reconvertido em acid° pirfivico e, em segui-
da, diretamente metabolizado por todos os tecidos
corporais. Segundo, uma grande parte do acid° lacti-
co é convertida em glicose pelo figado, e a glicose,
por sua vez, é usada, em sua maior parte, na 'reposi-
gao dos depositos de glicogdnio muscular.
Sistema AerObico — Recuperacio a Longo Prazo;
Iniportância dos DepOsitos Musculares de Glicogé-
nio. Antes neste capitulo, discutimos a irriportin-
cia do glicogênio armazenado nos milSculos para a re-
sistacia muscular. Isso 6 verdade, pois o glicogOnio
o substrato alimentar de escolha, nab apenas para o
sistema glicog8nio-acido lactic() mas, tambem, para o
sistema aerObico oxidativo de energia. A resistencia
muscular que pode ser atingida pode' ser da ordem de
4 horas de exercicio exaustivo no atleta, que possui
uma concentragab elevada de glicogdnio muscular, ou
Vac, pouco como 1,5 hora em atletas corn teor
minim° de glicogdriio muscular.
A recuperacffo da deple* exaustiva glicogdnio
muscular rid° 6 urn processo simples, exigindo horas e
dias em lugar dos segundos ou minutos necessitados
pelos sistemas do fosfageno e glicogenio-acido lactic°.
A Fig. 39-3 representa o funcionamento desse proces-
so de recuperacab sob trdsAndiceies . diferentes: pri-
.em pessoas corn dieta de alto teor`'de' carboi-
dratos; segundo,.em pessoas corn. dieta rica em; gordu-
ras e. em prote inas; e, terceiro,. em pesso as priVadaS' de
aliment°. .Deve, ser notado ,que:ania a- dieta rica em
carboidratos, a recuperagio completa ocorreu dentro
de cerca de 2 dias; enquanto, que a.SpessoaS com dieta
rica em gorduras, e proteinas, ou corn privacab de
alhrientO, apresentaram recuperagdO muito pequena
mesmo apOs periodos de ate 5 dias. A significacao
desse estudo 6 a de que urn atleta deve participar
• de exercicios exaustivos no period° de 24 a 48 horas
que antecedam a um evento atlOtico que exija urn es-
fOrco muito intenso.
NUTRIENTES USADOS DURANTE A
ATIVIDADE MUSCULAR
Embora tenhamos enfatizado a importancia da dieta
rica em carboidratos e dos grandes depOsitos de glico,
g8nio para a atividade atl6tica maxima, isso nab signi-
fica que apenas os carboidratos s'ao utilizado -s para a
energia muscular — significa, simplesmente, que os
carboidratos sac) usados preferencialmente. Em verda-
de, os miisculos, muitas vezes, utilizam grandes, quan-
tidades de gorduras para energia, sob a forma de ad-
dos graxos e de cicido acetoacetico (ver Cap. 31), e,
Dieta rica ern carboidratos
5 dias
25
100
100
75
-(6)
50
To
42.
a)
a)
a 25
S))
50
75
0 10 20 40:
I--Segundo
2 41 2 3 4
i1inuto Horas
536 FISIOLOGIA DO ESPORTE
2 horas de
exercicio
E 24
411
01
2
0
-E
0
Figura 39-3. Efeito da dieta sobre a re-
posigffo do glicogbio muscular apes
exercicio prolongado. (Reproduzido de
Fox: Sports Physiology, Philadelphia,
Saunders College Publishing, 1979.)
Privacgo
de alimento
Dieta rica em gorduras e protefnas
P2
30 40 50
Tempo de recuperacffo (ern horas)
tambem, em grau bern menor, as proteinas, sob a for-
ma de aminoticidos. Na verdade, mesmo sob as melho-
res condicties, em provas atleticas de resistencia que
duram mais que 4 a 5 horas, os depOsitos de glicog6-
nib no: rnOsculo ficam depletados e, endo, deixam de
teryutilidade para a energizago da contrago mus-
cular. ,11elo contrario, o mdsculo .passa a depender, en-
d(); da glicose que pode ser absorvida do sangue, o
que, e. ou da energia de. outras fontes, princi-
palmente das gorduras.
A .Fig. 39-4 mostra o uso relativo de carboidratos e
de gorduras para energia, durante exercicio exaustivo
prolongado, sob tres.condipties dietetiCas diversas: die-
:em carboidratos, dieta mista (carboidratos e
b,,Adura) .e dieta rica em gorduras. Deve ser notado
que, maior parte, da energia 6 derivada dos carboidra-
tos, durante os segundos ou minutos iniciais do exer-
cicio, 2nias, , quando ocorre a, exaustdb, de 50 a 80% de
toda . a .energia estao sendo obtidos das gorduras e nãO
dos carboidratos.
Nem Coda a energia obtida dos carboidratos é de-
rivada do , glicogenio armazenado nos miisculos. Em
muitas pessoas, quase tanto glicogenio fica armaze-
nado no figado quanto nos musculos, e esse glicog6-
nio pode ser liberado para o sangue, sob forma de gli-
cose e, em seguida, captado pelos mfisculos como
uma fonte de energia. Alem disso, as solucties de gli-
cose, ministradas a urn atleta como bebida durante o
decurso de uma prova atl6tica (em uma concentragb
Otima .de 2 a 2,5%) pode fornecer de 30 a 40% da
energia necessaria durante essa prova.
Em resumo, endo, se existem disponiveis o gli-
cogenio muscular e a glicose sangillnea, eles do os nu-
trientes de escoiha para a atividade muscular intensa.
Entretanto, mesmo assim, para urn verdadeiro teste
de resist6ncia, pode-se esperar a gordura fornecer mais
de 50% da energia necessaria, apOs as 3 a 4 primeiras
EFEITO DO TREINAMENTO ATL gTICO SOBRE
OS MUSCULOS E SOBRE 0 DESEMPENHO
ATLETICO -
Importfincia do Treinamento de Resisténcia. Urn
dos principios norteadores bisicos do desenvolvimen-
to muscular durante o treinatnento atlelico é o se.
guinte: os mfisculos que funcionam livres do.efeito de
qualquer carp, mesmo se s'ao exercitados por horas
a fio, pouco aumentam sua force. No outro extremo,
os "mtisculos que contraem corn sua forca maxima ou
corn for-9a muito prOxima a ela, irao desenvolver for-
ce de modo muito thpido, mesmo se as contracaes
sfib realizadas poucas vezes a cada dia. Usando esse
principio, os experimentos sobre o desenvolvimen-
Duragdo do exercicio
Figura 39-4. Efeito da duragao do exercicio, bem como do
tipo de dieta sobre as porcentagens relativas de carboidrato
e de gordura usado para energia pelos rmisculos. (Baseado
parcialmente em dados de Fox: Sports Physiology, Philadel-
phia, Saunders College Publishing, 1979.)
CO
7
0
0)
a)
a)
L_
a)
a
5,,
20
10
0 2 4 6 10
Semanas de treinamento
Treinamento sem carga
FISIOLOGIA DO ESPORTE
30
Figura 39-5. Efeito aproximado do treinamento por exercf-
cios resistivos optimizantes sabre o aumento da forga mus-
cular, durante period() de treinamento de 10 semanas.
to muscular tern mostrado que grupo de seis con-
tragOes maximais ou quase-maximais, realizadas em
tress conjuntos distintos em tress dias de cada semana
produzem urn efeito proximo ao Othno no disenvol-
vimento da forca muscular, sem causar a fadiga mus-
cular crOnica. A curia superior da Fig. 39-5 apresenta
a porcentagem aproximada de aumento na forca que
pode ser conseguido por uma pessoa que nunca foi
treinada, ao mar esse progrania de treinamento resis-
tivo otimizante, mostrando que a for-9a muscular au-
menta de cerci de 30% durante as primeiras 6 a 8 se-
manas, mas atinge um plat() apes esse tempo. Junta-
mente corn esse aumento da forga, ocorre aumento
aproximadamente igual da massa muscular, o que cor-
responds hipertrofia muscular.
Hipertrofia Muscular. As dimensties basicas dos
musculos de uma pessoa sa-o determinadas, printipal-
mente, por fatores hereditarios a que se sobrepOe o
teor de secreca-o de testosterona que, no sexo rnasculi-
no, produz musculos consideravelmente maiores que
os do sexo feminino. Entretanto, com treinamento,
os musculos podem ser hipertrofiados por mais de 30
a 60% adicionais. A major parte dessa hipertrofia 6.o
resultado do aumento do diametro das fibras mus-
culares, mas isso na-o é a verdade completa, visto que
as fibras musculares muito grossas podem se romper
ao longo de seu comprimento para formar fibras intei-
rarnente novas, do que .resulta um aumento do dime-
ro de fibras musculares.
As alteragaes que ocorrem no interior das prOprias
fibras musculares hipertrofiadas incluem (1) nitmero
aumentado de miofibrilas, que é proporcional ao grau
de hipertrofia; (2) mimero e tamanho aumentados das
mitocOndrias; (3) aumento de ate 25 a 40% nos corn-
ponentes do sistema metabOlico do fosfageno, inclusi-
ve o ATP e a fosfocreatina; (4) aumento de ate
100% no glicogenio armazenado; e (5) aumento de
n 1 (1/104 rtrIc riarilieitne rla trialintaritline (at-Arch,-
537
ras). Alem disso, as enzimas necessarias para o meta-
bolismo oxidativo ficam aumentadas, o que aumenta
a capacidade maxima de oxidagab, bem como a efi-
ciencia do sistema metabOlico oxidativo, em ate 45%.
FIBRAS MUSCULARES RAPIDAS E LENTAS
No ser humano, todos os musculos possum porcen-
tagens variaveis de fibras rapidas-e de fibras, lentas,'
Por exemplo, o musculo gastrocnemio (os dois mi4s-
culos gemeos, da barriga da perna):possui major nil-
mero de fibras rapidas, o que the di a capacidade de
uma contrago rapida e de grande forca, que e o tipo
de contraca-o usado nas provas de Salto. Por outro
lado, o mfisculo solear (tambem da barriga da Perna)
possui uma maior prepondethncia de
.
fibras lentas e,
por conseguinte, é considerado como o mfisculo
zado em maior grau nas atividades musculares prolon-
gadas da perna..
As diferengas bäsiCas entre as fibras musculares r4-
pidas e lentas s;a7o as seguintes:
1. As fibras rapidas possuem diametrO duas vezes
major.
2. As enzimas que promovem a liberacão".rapida
energia pelos sistemas do fosfageno e glicogdnio-
acid° ,lactico Sao duas a tress vezes mais ativas nas
fibras rapidas do que nas fibras que faz
corn que a potênCia - akima que pode ser alcanca-
da por essas fibras rapidas seja ate o dobro do que
atingido pelas fibras lentas.
3. As fibras lentasorganizadas, principalmente
para a resistacia, em especial, para a geracaO de
energia aerObica. Possuem muito mais mittictur
drias do que as fibras rapidas..Alem disso,-corit6M
quantidade• muito maior de mioglobina, uma pro=
teina sernelhante a hemoglobina que combina corn
0 oxigénio no interior da fibra muscular; e, ate
mesmo mais importante, a mioglobina aumenta
difusab de OxigOnio pelo interior de toda a fibra
muscular, pela cessao do oxigenio entre as suaS
möleculas prOximas. Tambem, as enzimas do sis-
tema metabOlico aerobico sae muito mais ativag
nas fibras lentas do que nas fibras rapidas.
4, 0 nimero de capilares, em relagab a massa das fi-
bras, a major na vizinhanca dasfibras lentas do que
na das fibras rapidas.
Em resumo, as fibras rapidas podem produzir gran-
des quantidades de potencia, durante periodos curtos
de tempo, enquanto que, por outro lado, as fibras len,
tas ddo a resistencia, produzindo uma contracio
forte, durante tempo prolongado.
Diferencas Hereditarias Quanto a Proporgdo de Fi-
bras Rapidas e Fibras Lentas, em Atletas. Algumas
pessoas possuem mimero bastante maior de fibras ra-
pidas que de fibras lentas; isso, obviamente, poderia
120
Exercicio Exercicio
moderado intenso
1,0 2,0 3,0 . 4,0
Consumo de 0 2 (litros/min)
110
E
100
To
60.
t0
CY; 40
C
>.° 20
Figura 39-6. Efeito do exercicio sobre o consumo de oxige-
nio e sobre a ventilagNo pulmonar. (De Gray: Pulmonary
Ventilation and Its Physiological Regulation. Springfield,
Ill., Charles C Thomas.)
Assim, a capacidade_respititOria maxima é cerca
de 50% maior do que a ventilaca-o pulmonar efetiva
que ocorre durante o exercicio maxima Isso, obvia-,
mente, representa um elemento de seguranca para o
atleta, dando-lhe uma ventilacâb extra que pode ser
utilizada em condicties tais como (1) o exercicio nas
altitudes elevadas, (2) exercicio em ambientes muito
aquecidos e (3) anormaidades do sistema . respira,
tOrio.
0 ponto importante dis,sc1/46 que o sistema respua-
tOrio nab e, nonnalmente, o maior fator de limitacio
para o transporte de codgenio para os mitsculos, du-
tante o metabolismo muscular aerObico maxim°. Ve-
remos, pouco adiante, que a capacidade de bombea-
mento do cOracffo é fator muito mais limitante.
Efeito do Treinamento sobre o M32 Max. 0 sim
bolo que define o consumo de oxigenio durante o me-
tabolismo aerobico maxim° a Vo 2 Max. A Fig, 39-7
mostra o efeito progressivo do treinamento atlético
sobre o Vo 2 Max medido em grupo de sujeitos, corn
3.8
1
-
3.61
3.4
3.2
eq,do N.
5 dias/sefTl.
2 dias/sern.
4 d las ise rn
2.8
4 6 8 10 12 14
Semanas de treinamento
538 FISIOLOGIA DO ESPORTE
dos diversos individuos. Infelizmente, o treinamento
atletico ainda rfao conseguiu modificar as proporcOes
reativas de fibras rapidas e de fibras lentas, por mais
que um atleta pretenda desenvolver urn tipo deter-
minado de atividade atletica em detrimento de outra.
Na verdade, isso é um aspecto da heranca genetica
que ajuda a determinar qual a area da atividade at16-
tica a que estard mais adequada para cada pessoa;
algumas pessoas sab corredoras de maratona desde seu
naschnento; outras corredoras de distâncias CUP
tas ou saltadoras. Por exemplo, os valores que
apresentados a seguir sa° as porcentagens medidas de
fibras musculares rapidas e lentas no mitsculo qua-
driceps de tipos diferentes de atletas:
Fibras Rdpidas Fibras Lentas
iTedores de maratona 18 82
Nadadores 26 74
Atleta masculino medio 55 45
Halterofilistas 55 45
Corredores (curta distincia) 63 37
Saltadores 63 37•
RESPIRAgÃO NO EXERCItIO
Embora a capacidade respiratoria tenha importfincia
relativamente pequena para os tipos de atividade atle-
tica de pequena durac-go critica para urn desem-
penho maxima nas provas atleticas de resistencia.
Vanos analisar quo importante 6:
Consumo de Oxigénio e Ventilacao Pulmonar no
Exercicio. 0 consumo normal de oxigênio para um
ulto jovem do sexo masculino em repouso da or-
em de 250 ml por minuto. No entanto, sob condi-
cOes maximais, esse consumo pode ser aumentado
para os seguinteS niveis medios aproxhnados:
Atleta nffo-treinado medio (masculino) 3.600 ml/minuto
Atleta treinado medio (masculino) 4.000 ml/minuto
Corredor de maratona (masculirio) 5.100 ml/minUto
A Fig. 39-6 representa a relaca° entre o consumo
de oxigdnio medido para mtensidades diferentes de
exercicio e a ventilacab pulmonar total. Essa figura
torna claro que, como seria esperado, existe uma rela-
go linear. Em numeros redondos, tanto o consumo
de oxigdnio como a ventilacffo pulmonar total aumen-
tam cerca de 20 vezes, entre a condicd° de repouso
completo e a intensidade maxima do exercicio.
Unites da Ventilacao Puhnonar. Qual e a inten-
sidade do estresse que impomos ao nosso sistema res-
piratOrio durante o exercicio? Isso pode ser respondi-
do pela seguinte comparacdo para uma pessoa nor-
mal do sexo masculino:
Ventilagdo pulmonar no exercicio
maxim° 100-110 litros/min
1 • ■-■ I • .
Figura 39-7. Aumento do 11 .02 Max durante periodo de trei-
namento atletico durando de 7 a 13 semanas. (Reimpresso de
Fox: Sports Physiology. Philadelphia, Saunders College _ _ 
Nio-atleta (em repouso)
Ndo-atleta (durante exercicio maxlmo)
1Patinadores de gelo (durante exercicio
maximo)
Nadadores (durante exercicio maximo)
Remadores (durante exercicio maximo)
23 Ml/min
48 ml/min
64 ml/min
71 ml/min
80 ml/min
0 fato mais gritante que ressalta desses resultados
o aumento de quase tres vezes da capacidade de di-
fug° entre o estado de repouso e o de exercicio ma- .
xim°. Isso resulta do fato de que o fluxo sangiiineo
por muitos dos capilares pulmonares é muito lento ou
ate mesmo, quase interrompido, no estado de repou-
so, enquanto que, no exercicio; o fluxo sangiiineo au-
mentado pelos pulmOes faz corn que todos os capila-
res sejam perfundidos em seu valor maximo, o que
cria uma area de superficie muito maior para a difu-
sao do oxigenio para o sangue capilar pulmonar.
Tambem é claro que dos valores acima os atletas
que necessitam de maiores quantidades de oxigenio
por minuto possuem capacidades de difusao mais ele-
vadas. Seth que isso é causado por pessoas portadoras
de capacidades de difusao naturalmente maiores esco-
lherem esses tipos de esporte ou por que os progra-
mas de treinamento aumentam a capacidade de difu-
sao? A resposta a isso nab é conhecida, mas acredita-
FISIOLOGIA DO ESPOR.TE
inicio antes do treinamento e durante a execueao de
um programa de treinamento durante 7 a 13 semanas.
Nesse estudo, é surpreendente que o V02 Max so
tenha aumentado 10%. Ainda mais, a freqiiencia do
treinamento, seja de duas, seja de cinco vezes por
mana, pouco modificou o aumento do t 2 Max. Con-
tudo como ja foi destacado acima, o Vo l Max. de cor-
redores de maratona é cerca de 45% maior que o da
pessoa nao treinada. Parte desse Vol Max é de deter-
minaeab genetica; isto é, sao aquelas pessoas que pos-
suem as maiores dimensOes tothcicas e os müsculos
respiratOrios mais fortes que decidem ser côrredores
de maratona. Por outro lado, é tambem muito prova-
vel que o treinamento rnuito prolongado do corre-
dor de maratona possa aumentar o %
2 
Max por valo-
res consideravelmente maiores do que os 10% que
tern sido registrados nos experimentos de curta dura-
cab, como o representado na Fig. 39-7.
Capacidade de Difusab de 02 de Atletas. A ca-
pacidade de difusao do 02 é uma medida da veloci-
dade (ou interfsidade) corn que o oxigenio podd- di-
fundir dos alveolos para o sangue: E expressa em ter-
mos de mililitros de oxigenio que info difundir para
cada mm de merc6rio de diferenca entre a pressilo
partial do oxigenio alveolar e a pressdo do oxigenio
no sangue pulmonar. Isto é, se a pressab partial do
oxigenio nos alveolos for de 91 mm Hg, .enquanto a
preSsao no sangue é de 90 mm Hg, a quantidade de
oxigenio que difundir atraves da membrana respiratO-
ria a cada minuto sera a capacidade de difusao. Os va-
lorés seguintes sab valores medidos para diferentes
capacidades de difusao:
se que o treinamento desempenha algum papel nesse
processo,em particular para os tipos de treinamento
por resistencia.
Gases Sangiiineos Durante o Exercfcio. Devido
ao grande uso de oxigenio durante o exercicio, po-
der-se-ia esperar que a pressab do oxigenio no sangue
arterial ficasse muito diminuida, enquanto que a pres-
sab do gas OarbOnico no sangue venoso. ficasse muito
acima do normal. Contudo, isso nao acontece. Esses
dois valores permanecem prO3dmos do normal, • ilus-
trando a extrema capacidade do sistema respfratOrio
de prover uma aeraeab muito adequada do •Sangue,
mesmo no exercicio intenio. Isso ilustra um . outro
ponto muito importante. Os gases respiratOrios nab
precisam ficar anormais para que a respiragao Pique
estimulada, durante o exercicio. Pelo cOntrario, a reS,
piracab a estimulada, principalrnente, por mecanis
mos neurogénicos. Parte dessa :estimulack result& da
estimulagao direta do centro respiratOriu pelos mes,
mos sinais nervosos que sao transmitidos, do cerebra,
para os mUsculos Para; exetucâb do exercicio. Uma
outra parte ó considerada como sendo resultado . de
naffs sensoriais transmitidos para o centro respiratOrio,
a partir dos musculos em contraeao e das articulagOes,
em movimento. Toda essa estimulacao nervosa.dares.-
piraeao é, em condieOes normals, suficiente para pr6‘,
ver o aumento quase exato da ventilacao pulmonar
para manter os gases respiratorios Sangiiineos — o
gni° e o gas carbOnico — quase normals.
WOO do Fumo solar a YeutIlacao Pulmonar no
Exereicio. E (rase c0Mtun a de que o fumo faz corn,
que urn atleta perca seu ,"fOlego". Esse 6 urn fato Mui,
to verdadeiro, por varias razOes. Primeiro, urn efeito
da nicotina e o de causar constricab dos bronquiolos
terminals dos pulmOes, o que aumenta a resisrencia
fluxo de ar tanto para dentro como para fora dos p.u.1-
rnOes. Segundo, os efeitos irritativos da fumaea pro-
duzem seOrecao aumentada na arvore brOnquica, bem
como edema dos revestimentos epiteliais; Terceiro, a
nicotina paralisa os cilios nas superficies das celulas
epiteliais respiratorias que, nas condieOes normais, ba-
tern de modo continuo para remover os liquidos em
excesso e as particulas estranhas. Como resultado,
ocorre acfimulo de muitos detritos nas viak respira-
tOrias o que agrava a dificuldade de respfrar. Toman-
do o conjunto desses fatores em considericio,omesmo
o fumante muito moderado sentith dificuldade de res-
pirar durante o exercicio maximo e seu nivel de
desempenho ficard, obviamente, prejudicado.
Os efeitos do uso cr6nico do fumo sac) muito mais
graves, pois, praticamente, nab existe nenhum fuman-
te °rOnico que nab desenvolva enfisema de gravidade
variavel. Nessa doenea, pode ocorrer o seguinte:
(1) bronquite crOnica, (2) obstrucab de muitos dos
bronquiolos .terminais, e (3) destruieao de muitas das
paredes alveolares. No enfisema grave, ate quatro
quintos da membrana respiratOria podem ser destrui-
dos; entao, ate mesmo o exercicio mais leve pode cau-
sar insuficiência respiratOria. Na verdade, muitos des-
!Flux° na
barriga:
da "perna
16 18
540 FISIOLOGIA DO ESPORTE
ses pacientes nab conseguem realizar sequer o simples
feito atletico de andar ao longo de uma sala, sem fi-
car ofegante. Esse e o protocolo acusatorio para o
fumo.
SISTEMA CARDIOVASCULAR NO
EXERCICIO
Fluxo Sangiiineo Muscular. 0 denominador fi-
nal comum da funcao cardiovascular no exercicio e o
de fomecer oxigenio e outros nutrientes para os
oulos. Pam esse fim, o fluxo sangiiineo muscular au-
menta drasticamente durante o exercicio. A Fig. 39-8
apresenta um registro do fluxo sangilineo muscular
nos rnfisculos da barriga da perna de uma pessoa, por
period° de 6 minutos, sob estimulacao intermitente
forte. Deve ser notado o grande aumento de fluxo 
—c I. de 13 vezes — mas tambem deve ser notado o
dectescimo do fluxo durante cada contracao mus-
cular. Dois pontos devem ser ressaltados desse estu-
do: (1) o processo contratil por si mesmo reduz, tern-
porariarnente, o fluxo sangtiineo muscular, pelo fato
de o mfisculo em contracao comprimir os vasos san-
giiineos intramusculares; por conseguinte, contracties
tOnicas fortes podem provocar a fadiga muscular rapi-
da, devido a falta de fornecimento suficiente de oxi-
genio e de nutrientes durante a contracao continua.
(2) o fluxo sangtiineo para os mirsculos durante o
exercicio pode aumentar de modo muito acentuado. A
comparacao seguinte demonstra o aumento maxim
do fluxo sangiiineo que pode ocorrer em atleta bem
treinado:
Fluxo sangiiineo em repouso 3,6 ml por 100 g de
mlisculo/min
F' sangilineo, durante exercicio
90,0 ml por 100 g de
mUsculo/min
Minutos
Figura 39-8. Efeito do exercicio muscular sobre o fluxo san-
giiineo na barriga da perna durante contragOes ritmicas for-
tes. 0 fluxo sangilineo ficou muito diminuido durante as
contragOes, em comparac go com o dos intervalos entre as
contracijes. (De Barcroft e Dornhorst: Physiol., 109: 4-2,
1949.)
Dessa forma, o fluxo sangiiineo muscular pode au-
mentar ate urn maxim° de 25 vezes durante o exerci-
cio mais extenuante. Cerca da metade desse aumento
de fluxo resulta da vasodilatacao intramuscular, deter-
minada pelos efeitos diretos do metabolismo mus-
cular aumentado, como foi explicado nos Caps. 17 e
18. A outra metade resulta de fatores mirltiplos, dos
quais o mais importante é, provavelmente, o aumento
moderado da pressao arterial que ocorre no exerci-
cio, em geral, em tomo de 30%. Esse aumento da
pressao nao apenas forca mais sangue a passar pelos
vasos sangiiineos como tambem distende as paredes
das arteriolas, o que diminui ainda mais a resistência
vascular. Por conseguinte, urn aumento de 30% da
pressao sangilinea pode, muitas vezes, dobrar o fluxo
sangiiineo — em adicao ao grande aumento de fluxo
que, ja foi causado pela vasodilatacao metabOlica.
Produio de Trabalho, Consumo de Oxigênio e
Debit° Cardfaco Durante o Exercicio. A Fig. 39-9
mostra as inter-relacOes entre a producao de trabalho,
o consumo de oxigenio e debit° cardiaco durante
o exercicio. IsTao é surpreendente que todos sejam di-
retamente relacionados entre si, como é demonstrado
pelas funcOes lineares, visto que a producao de traba-
lho muscular aumenta o consumo de oxigenio e este,
por sua vez, dilata os vasos sangiiineos musculares, o
que aumenta o retomo venoso e o debit° cardiac°.
Valores tipicos para o. dêbito cardiac°, para diversas
intensidades de exercicio, Sao os seguintes:
Jovem adulto (sexo masculino) medio,
em repouso 5,5 litros/min
Debit° mbdmo, durante exercicio em
pessoa nffo-treinada (sexo masculino) 23 litros/min
Debit° maxim°, durante exercicio, em
corredor de maratona (sexo masculino) 30 litros/min
Dessa forma, a pessoa normal nao-treinada pode
aumentar seu debit° cardia .co ate cerca de pouco mais
de quatro vezes, enquanto o atleta bent treinado pode
aumentar seu debit° de cerca de seis vezes. Corredo-
res de maratona tern sido medidos corn debitos car-
diacos da ordem de 35 a 40 litros/min.
Efeito do Treinamento sobre a Hipertrofia e o De-
bit() Cardfacos. Pelos dados acima, fica claro que os
• corredores de maratona podem atingir debitos cardia-
cos maximos cerca de 40% maiores do que Os que po-
dem ser atingidos pela pessoa nao-treinada. Isso resulta
do fato de que as camaras cardiacas dos corredores de
maratona aumentam de cerca de 40% e, junto corn
esse aumento do volume das cdmaras, a massa cardia-
ca aumenta, tambem, de 40% ou mais. Portanto, nab
apenas os mirsculos esqueleticos como tambem o co-
rack) apresenta hipertrofia durante o treinamento
atletico. Contudo, o aumento do coracao e de sua
capacidade de bombeamento s6 ocorrem nos tipos de
treinamento atletico de resistência, nao acontecendo
nos tipos de surtos de atividade.
Muito embora o corn -do do corredor de maratona
seja consideravelmente maior do que o de uma pessoa
CC ," Douglas (S
.
11
9
 
5
921)2)
Christbnsen . (1931)g
onard (195Si
•_
2 o
a)
1 §
c
0 L
L L 
 li I L
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Produc
g
o de trabalho pelo exercicio (kg-m/min)
FISIOLOGIA DO ESPORTE
Figura 39-9. Rein
-
do entre o debito card Tacoe a produ-
c5o de trabalho (linha cheia) e entre o consumo de wd-
genio e a producffo de trabalho (linha tracejada) durante
intensidades diversas de exercicio. (De Guyton, Jones e
Coleman: Circulatory Physiology: Cardiac Output and Its
Regulation, Philadelphia, W. B. Saunders, 1973.).
normal, seu debito cardiac° em repouso é quase que
exatamente o mesmo que de uma pessoa normal. En-
- tretanto, esse debito cardiaco normal é atingido por
urn grande debit() sistOlico, associado a uma freqaen-
cia cardiaca diminuida. Comparacties entre uma pes-
soa nao-treinada e o corredor de maratona dab os se-
guintes valores:
Debit° SistOlico Freqiiencia
Repouso• 75 ml 75/min
nffo-treinado 105 ml 50/min
treinado
Maximo:
•ndo-treinado 1101n1 195/min
treinado 162 ml 185 /min
Assim, a eficacia do b.ombeamento cardiac° de
cada batimento 6 40 a 50% maior no atleta muito
treinado do que na pessoa na-o-treinada, Inas, em re-
pouso, ocorre uma redugo correspondente da fre-
qiiencia cardiaca.
Papel do Debito Cardiaco e da Freqiiéncia para o
Aliment° do Debit° Cardiaco. A Fig. 39-10 mostra
as variacOes aproximadas que ocorrem no debit() sis-
tOlico e na freqaencia cardiaca, conforme o debito
cardiac° passa de seu valor normal de repouso de 5,5
litros/min para os 30 litros/min do corredor de mara-
tona. 0 debito sistOlico aumenta de 105 ml para
162 ml, o que represents aumento da ordem de 50%,
enquanto a freqaencia cardiaca aumenta de 50 para
185 batimentos por minuto, o que é aumento de
de 270%. Por conseguinte, o aumento da freqiiência
cardiaca é responsavel por parte maior do aumento
do debito cardiac° do .que o debito sistOlico, durante
o exercicio muito intenso. 0 debito sistOlico atinge
seu valor maxim° em ponto onde o debito cardiac°
apenas atingiu a metade de seu valor maxim°. Qual-
quer aumento do debito cardiac° acima desse valor so
pode ocorrer por aumento da freqii6ncia cardiaca.
Relacao do Desempenho Cardiaco corn o Vo2
Max. Durante o exercicio maximal, tanto a fre-
qUencia cardiaca como o debito sistOlico ficam au-
mentados ate 95% de seus valores maximos. Como o
debito cardiac° e o nroduto do debito sistOlico vezes
541
a freqii6ncia cardiaca, verifica-se que o debito cardia-
co 6 de cerca de 90% do maxim° que a pessoa pode
atingir. Isso contrasta corn os 65% do maxim°, para a
ventilachb puhnonar. Portanto, pode ser facilittente
visto que o sistema _cardiovascular 6, normalmente,.
muito maislimitante para o Vo l Max dO que sistema
respiratOrio. Por essa razab, frequentemente a dito
que o desemperiho que pode ser conseguido pelo COI.- •
redor de rnaratona . 6 dependente, em sua'maior parte,
de seu corac -ao, pois ele e o elo mais limitante no prO-
cesso de transporte de oxigenio em quantidades add-
quadas para os musculos que estai se exercitindo.
Portanto, a vantagem de 40% de debito cardiaco m4-
ximo que o corredor de Inaratona apresenta sobre,
pessoa media do seXO inas '62ino e n'ab-treinada e, pro-
vavelmen
t
e, o maior beneficio fisiologico do progra
ma de treinamento de urn corredor de maratona.
Efeito da Doenca Cardiaca e do Envellieciment°
sobre o Desempenho Atletico. Devido a limitac.db
critica que o sistema cardiovascular impifie sobre
.desempenho maximal dos atletas de resistOncia, po-
de-se compreender, facilniente, que a doenca cardia-
ca de qualquer tipo, desde que reduza o debito car-
diaco maximo, produzira decrescimo quase que ex&
tamente correspondente na potencia muscular que
pode ser atingida. Portanto, uma pessoa corn insu-
fici8ncia cardiaca congestiva, muitas vezes, tern difi-
culdade de conseguir a potência cardiaca necessaria a
se levantar .da cama e; muito menos, para atravessar,
andandd, seu quarto.
Os debitos cardiacos maximos das pessoas idosas
tambem sa-o muito reduzidos — ate decrescimos da or-
dem de 50% tern sido medidos entre a adolescância e
a idade de oitenta anos. De novo, verifica-se que a po-
téncia muscular maxima que pode ser atingida mos
trase muito diminuida.
TEMPERATURA CORPORAL
EXERCI-CIO
Quase toda a energia liberada pelo metabolismo in-
terno dos nurrientes é_ eventualmente. convertida em
10 15 20 25 30
Dêbito Card fbco (ntros/min)
190
"To
170 E
130 co
_a
110 3
,co
co
U
70 c
(C1)
co
LL
90
50
150
i 42 FISIOLOGIA DO ESPO.RTE
Figur- Valores aproximados para o debito sistOlico e
pan 2reqiiencia cardfaca para diferentes valores do debito
faco em corredor de maratona.
valor corporal. Isso tambena se aplica a energia que
produz a contracdo muscular, pelas seguintes razOes.,Primeixo, a eficiencia maxima para a comers-do da
energia dos nutrientes em trabalho muscular, mesmo
;Gib asnielhores condigOes, 6, apenas, de 20 a 25%; o
restante da energia dos nutrientes a convertido em
valor, durante o curso das reacOes quimicas intracelu-
rares. Segundo, quase toda a energia que entra na pro-
liicao do trabalho muscular ainda e convertida em ca-
LOr corporal, visto que quase toda essa energia, exceto
ama parte mnito pequena, a usada para (1) vencer a
:esistencia oposta pela viscosidade ao . movimento dos
;Weillos e das articulagOes, (2) sobrepor-se ao atrito
AO ;jape que flui pelos vasos sanguineos e (3) ()taros
.T: feitos"similares — todos convertendo a energia con-
tatil do mascul0 em valor.
Agora, levando-se em conta que o consumo de
3xigenio pelo corpo pode aumentar ate de 20 a 25
3ezês no atleta bem treinado e que a quantidade de
calor liberada no corpo e diretamente proporcional ao
3onsumo de oxigénio (como foi discutido no Cap. 33),
pode-se, facilmente, compreender que quantidades
:niensas de calor sab injetadas nos tecidos internos do
durante provas atleticas de resistencia.
Mas, se for acoplada essa grande intensidade do
flux0 de calor no corpo com urn dia muito quente e
amid°, de modo que o mecanismo da sudorese n'So
;eja capaz de eliminar esse calor, o atleta pode, corn
nuita facilidade, sofrer acidente intoleravel e muitas
vezes letal, a intermacifo.
Iritermacao. Durante as provas atleticas de resis-
:encia, mesmo as realizadas sob condiccies ambientais
lcgrnais, a temperatura corporal, muitas vezes, au-
nenta de seu valor normal de 37°C ate 40°C (98,6°F
i 102-103°F). Mas, sob condiccies muito quentes e
muito amidas, ou quando ocorre urn excesso
cractirinPnfac afleticas_ a temperatura cor-
poral pode, corn muita facilidade, atingir valores da
ordem de 4142°C (106-108°F). Nesse nivel, a pro-
pria 'temperatura elevada torna-se destrutiva para as
caulas dos tecidos, em especial, destrutiva para as ce- •
lulas cerebrais. Quando isso ocorre, comecam a apa-
recer maltiplos sintomas, que incluem:
1. Fraqueza extrema
2. Ex aust 5-0
3. Cefaleia
4. Tonteira
5. Nausea
6. Sudorese muito intensa
7. Confusffo mental
8. Marcha trOpega
9. Colapso
10. Inconsciencia
Esse complexo constitui a "intermacdo" e, caso na°
seja imediatamente tratado, pode causar a morte. Na
verdade, mesmo quando a pessoa tenha interrompido
o exercicio, a temperatura nao baixa, corn facilidade,
sem tratamento. Uma das razdes para isso é a de que;
nessas temperaturas elevadas, .0 prOprio sistema re-
gulador da temperatura, muitas vezes, para de funcio-
nar. Uma segunda razdo é a de que a temperatura
elevada, em termos aproximados, dobra as velocida-
des (ou intensidades) de todas as reacties quimicas
intracelulares, o que libera ainda mais calor.
0 tratamento da interrnago4g.de reduzir a tern-
peratura corporal tao rapidamente quanto for possi-
vel. O modo =is pratico de se conseguir isso e o de
remover toda a roupa, fazer chegar urn jato de agua
aspergindo toda a superficie do corpo, ou corn espon-
ja molhada, umedecer todo o corpo e dirigir sabre o
corpo o jato de ar de urn ventilador potente. Expe-
rimentos tern dernonstrado que esses procedimentos
sac) eficazes no abaixamento da temperatura corpo-
ral corn tanta rapidez como qualquer outro metodo
que já tenha sido testado, embora alguns clinicos pre-
firam a imersato total do corpo em agua gelada, con-
tendo masse de gelo picado, caso isso seja dispo-
nivel.
LIQUIDOS E SAL.CORPORALS
NO EXERCICIO
Perdas de pesoda ordem de 2,5 a 5,0 kg (5 a 10 li-
bras) ja foram registradas em atletas, em periodos de
uma hors, durante a realizac -So de provas atleticas de
resistencia, sob condicOes quentes e innidas. Em
essencia, quase que toda essa perda corporal resulta
de perda de suor. A perda de suor suficiente para pro-
vocar perda de peso corporal da ordem de 3% pode,
de modo significativo, diminuir o desempenho de
uma , pessoa e uma perda rapida do peso, da ordem de
5 a 10% por esse meio pode ser muito perigosa, pro-
vocando cdibras musculares, nausea e outros efeitos. ■
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
1
FISIOLOGIA DO ESPORTE
Portanto, d importante a reposigo de liquido tab
logo seja perdido.
Reposicab de Sal e de Potassio. 0 suor contem
grande quantidade de sal, razab pela qual tern. sido,
ha muito tempo, afirmado que todos os atletas deve-
riam tomar comprimidos de sal quando realizassem
exercicios em dias quentes e inidos. Infelizmente,
o uso desmesurado dos comprimidos de sal tern cau-
sado mais mal do que bem. Ainda mais, caso o atleta
fique aclimatado ao calor pelo aumento progressivo
da exposicab atletica durante o period° de 1 a 2 se-
manas, ao inves de executar tarefas atleticas maxi-
mas desde o primeiro dia, as glariclulas sudoriparas
tambem ficado aclimatadas, de modo que a quanti-
dade de sal que é perdida pelo suor joassa a ser ape-
nas uma pequena fracab daquela que era perdida an-
tes da aclimatacab. Essa aclimatacab das gldndulas su-
doriparas resulta, .em sua maior parte, da, secrecab
)aumentada de aldosterona pelo cortex supra-renal.
Essa aldosterona, por sua vez, exerce efeito direto
sobre as glandulas sudoriparas para aumentar a
reabsorcAb de cloreto de sOdio do suor, antes que che-
gue a superficie da pele. Uma vez o atleta estando
aclimatado, apenas em condiceies excepcionais é que
é necessaria a administracab de quantidades suple-
mentares de sOdio, durante as provas atleticas.
Por outro lado, a experiencia recente das forcas
armadas que foram subitamente submetidas a exer-
cicios pesados no deserto demonstrou um outro pro-
blema eletrolitico — o' probleMa da perda de potas-
sio. Resulta, em parte, do fato de que a secrecab au-
mentada de aldosterona durante a adimatack• ao
calor .aurnenta a perda de potassio pela urina, bem
como aumento do teor de potassio no suor. Como
conseqiiencia .desses novos dados, algumas das mais
novas solucOes suplementares para uso de atletas es-
} tab comecando a conter quantidades devidamente
proporcionadas de potassio, em sua maior parte ., sob.
a forma de sucos de frutas.
MEDICAMENTOS E ATLETAS
Sem discutir em profundidade este item, vamos enu-
merar alguns dos efeitos medicamentosos sobre o de-
sempenho atletico.
Primeiro, cafeina pode melhorar o "desempenho
atletico. Em urn experimento, corn urn corredor de
maratona, seu tempo foi reduzido por 7% pelo uso
cuidadoso da cafeina, ingerida em doses comparaveis
as presentes em uma xlcara de café.
Segundo, o uso de honnOnios sexuais masculinos
para aumento da forca muscular, provavelmente,
pode aumentar o desempenho atletico sob determina-
das circunstâncias, embora experimentos controlados
tenham dado resultados inconclusivos. Infelizmente,
543
alguns dos preparados sinteticos de testosterona po-
dem provocar a lesab hepatica e, nas pessoas do sexo
masculino, qualquer tipo de preparado corn horm6-
nio sexual masculino pode provocar decrescimo da
fungao testicular, incluindo produca:o diminuida de
espermatozOides e do hormOnio natural, a testostero-
na. Nas pessoas do sexo feminino, efeitos ainda mais
danosos podem ocorrer, visto que nab esti natural-
mente adaptada ao hormOnio sexual masculino.
Outras substancias, como as anfetaminas e a co-
caina, tern sido imputadas como capazes de inelho-
rar o desempenho atletico. Contudo, é igualmente
verdade que o uso exagerado dessas substancias pode
levar a deterioracgo desse mesmo desempenho atleti-
co. Ainda mais, experimentos controlados nab com-
provaram o valor dessas substancias. E sabido que al-
guns atletas ja morreram durante o desempenho atle-
tico devido as interacOes entre esses compostos e a
norepinefrina .e a epinefrina liberadas pelo sistema
nervoso simpatico durante o exercicio. Uma das
causas de morte, nessas condic6es, e a hiperexcital*
lidade cardiaca, o que pode causar a fibrila.cSo ventri-
cUlar, letal em poucos segundos.
TEMAS PARA ESTUDO
. Discuta as diferengas entre os atletas dos sexes feminino
e masculino.
Qual 6 a relagab entre .. .14m da seegao reta de urn'nuis-
QUi.O . e a fOrga muscular? .
.Em que a potencia muscular difere da forga muscular?
Caracterize:os tres sistemas metabOlicos mais importan-
tes . parao suprimento de energia.aci mtisculo.
Explique 0 mecanismo para a recuperagao de cada urn:
dos tress sistemas metabOlicos enumerados no quesito an-
terior, apes terem sido depletados..
Como 6 que os diferentes. nutrientes contribuem para a
energia muscular durante as provas atleticas de "resis-
facia? .
Explique os principios do desenvolvimento muscular e
as alterag,Oes apresentadas pelas fibras musculares, . du-
rante a hipertrofia muscular.
Quais sago as diferengas entre as fibras musculares rapi-
' das e lentas?
De quanta, aproximadamente,' pode ser aumentado o
consumo. de oxigenio;em relagio a seu valor de repouso,'
pOr.pessoas sem . treinamento e treinadas?
Quais sao os efeitos do exercfcio maximal sobre o teor.
sangilineo . de Oxigenio e de gas carbOnico? Qual e a cau-
sa desses efeitos?
QUanto a que pode aumentar o fluxo sangiiineo mus-
cular durante o exercfcio maxim)? Quais as causas des-
se aumento?
Explique as relaceies entre proclugao de trabalho, consu-
mo de oxigénio e debit° cardiac° durante o exercfcio.
'Quais sao as relagOes dos desempenhos respiratOrio e
cardiovascular sobre o V02 Max?
Discuta os riscos da temperatura•cOrporal excessivamen-
te aumentadas durante o exercfcio.
Discuta os problemas das perdas de liquid° e de eletrO-
litos durante o exercfcio. Discuta sua reposigao.

Mais conteúdos dessa disciplina