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MICOBACTÉRIAS-MAD 2 Características gerais das micobactérias: ● Morfologia: bacilo ● Imóveis: não tem flagelo ● Não esporulam e nem produzem toxinas ● Não têm cápsula ● Aeróbias obrigatórias ● Crescimento lento ● Parede celular complexa: rica em lipídeos (60%), totalmente diferente das de bactérias gram negativas e gram positivas. ● Intracelulares: se reproduzem dentro de macrófagos. Bactérias pertencentes ao gênero Mycobacterium possuem uma parede celular diferenciada, a qual apresenta quantidades elevadas de ácidos micólicos e arabinogalactano, além de uma fina camada de peptideoglicano ----> não podem ser coradas pela coloração de gram. Para corá-las usamos a coloração de Ziehl-Neelsen. 1) Fixar as bactérias 2) Corar com fucsina, de cor rosa 3) Álcool e ácido são adicionados na lâmina, desfazendo a coloração rosa de bactérias gram + e -, pois não são resistentes ao ácido e ao álcool. As micobactérias vão prosseguir com o corante rosa, pois sua parede é mais complexa e cheia de ácidos micólicos. 4) Usar azul de metileno (contra-corante) para corar bactérias gram + e gram - 5) Ao fim, teremos as micobactérias em rosa e as gram + e - em roxo Logo, as micobactérias são bacilos alcool-ácido resistentes (BARR) Uma vez que a micobactéria encontra o hospedeiro, elas infectam os macrófagos, resistindo a todo o processo de fagocitose por muito tempo. Mycobacterium tuberculosis ● Causa a tuberculose: problema pulmonar, de infecção lenta; ● Parasita intracelular facultativo: tem capacidade de sobreviver dentro dos macrófagos; ● Infecções podem durar a vida inteira do indivíduo, com grandes períodos de latência, ativados em fases de imunocomprometimento; ● Diversos fatores de virulência: produz fosfolipases, lipases, esterases e proteases; ● Componentes lipídeos da parede celular estão envolvidos na patogênese: impedem a fusão do fagossomo com o lisossomo, o que permite a sobrevivência no interior de macrófagos; - Mecanismo de infecção dos macrófagos: 1) Macrófago alveolar reconhece a micobactéria, faz uma projeção da sua membrana plasmática e internaliza a micobactéria, que fica envolta da membrana plasmática do macrófago (fagossomo); 2)Em seguida haveria a fusão do fagossomo com o lisossomo (fagolisossomo), que contém enzimas digestivas e espécies reativas de oxigênio (ERO’s) e nitrogênio (RNS) que causam um estresse no microorganismo, eliminando-o. Contudo, o Mycobacterium tuberculosis possui vários componentes (ex: proteína PKNG) na sua parede que vão impedir essa fusão do fagossomo com o lisossomo. Então a bactéria fica dentro do fagossomo, crescendo lentamente. A capacidade de sobrevivência no macrófago é um fator de virulência. ➢ Resposta imune contra a M. tuberculosis: Macrófago fagocita a micobactéria, mycobacterium se instala no fagossomo. Então o macrófago libera as citocinas IL-12 e TNF-α, para recrutar mais células (NK que vão eliminar células infectadas, monócitos → no tecido, macrófagos) para o local para eliminar as células infectadas, além de linfócitos T. NOTA: existem 2 perfis de linfócitos: citotóxicos (TCD8) e auxiliares (TCD4). Os linfócitos TCD4 tem a capacidade de se diferenciar em linfócito TH1, que libera IFN-γ( interferon gama) para potencializar a ação microbicida dos macrófagos contra a bactéria que está dentro dele. Por conta da resposta imune exagerada, a grande migração de células leva à formação do granuloma (mistura de várias células do sistema imune AO REDOR DO MACRÓFAGO INFECTADO que tem como função tentar conter a disseminação da micobactéria). O granuloma pode ser visto na microscopia. Trata-se de uma barreira física e imunológica para a disseminação da bactéria. Esse granuloma, se não for eliminado pode ser reativado após muito tempo em latência (em situações de imunodepressão, por exemplo, os macrófagos ali contidos podem ser reativados), sendo considerado um foco de infecção. O mycobacterium dentro do macrófago presente no interior do granuloma se multiplica (lentamente), ao mesmo tempo que o granuloma cresce. O mycobacterium pode ficar na cavidade pulmonar e acabar disseminando através da tosse, ou pode migrar para cavidades extrapulmonares, caracterizando a tuberculose miliar. O granuloma pode ficar “frouxo” em situações de imunossupressão, problemas de suprimento sanguíneo → geram uma redução no fornecimento de células imunológicas, situações que acabam comprometendo a integridade do granuloma. As células imunológicas que represavam o macrófago infectado vão morrendo e a estrutura do granuloma não vai ser reposta, podendo haver a reativação da doença e aparecimento dos sintomas. ● Maior parte dos indivíduos - cura espontânea da lesão: consigo promover a destruição do microrganismo, o granuloma se desfaz e o reparo tecidual ocorre. ● Contudo, em alguns indivíduos o processo inflamatório dura anos, a lesão vai se tornando cada vez mais forte, podendo haver a calcificação da lesão (que pode ser vista radiologicamente). Bacilos podem permanecer viáveis no interior destas lesões por muitos anos. Esta lesão calcificada é chamada de nódulo de Ghon ou nódulo primário. ● Em alguns casos, não ocorre a calcificação mas sim a destruição dos alvéolos, fibrose do tecido e formação de cavidades/cavernas de tuberculose. Tuberculose ● Somente pessoas doentes com tuberculose pulmonar e laríngea transmitem a doença. ● Transmissão: Partículas infectantes de paciente com a infecção ativa. - Perdigotos no ar: Suspenso por horas (alto contágio, 1-10 bacilos, suficientes para infecção). Doença altamente transmissível; - Bacilos inalados → fagocitados por macrófagos alveolares. Contágio: ● Um indivíduo bacilífero de uma comunidade pode infectar entre 10 e 15 pessoas num ano. ● Não há transmissão por roupas, lençóis, copos e outros objetos, pois nessas situações os bacilos dificilmente se dispersarão destes objetos e se tornarão aerossóis → bacilos leves, são facilmente dispersos no ar. Diagnóstico: CLÍNICO ● Contato com pessoas com Tb (infecção – bacilíferos) ● tosse seca ou produtiva por 3 semanas ou + ● febre vespertina ● perda de peso ● sudorese noturna ● dor de cabeça ● História de tratamento anterior para Tb (pois pode ser que esteja havendo reinfecção) ● Presença fatores de risco: pessoas que vivem com HIV (PVHIV), câncer, etilismo LABORATORIAL ● Baciloscopia: coloração de micobactérias do escarro; ● Cultivo em laboratório e teste de sensibilidade a antimicrobianos; ● Teste de PCR- amplificação de uma parte do genoma do M. tuberculosis e triagem de cepas. ● PROVA DE TUBERCULINA - Mantoux : HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO IV; Auxílio no diagnóstico; A tuberculina é um produto obtido de um filtrado de cultivo de sete cepas selecionadas do M. tuberculosis esterilizado e concentrado. Trata-se de um líquido injetável límpido, incolor ou levemente amarelado. No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT-23 (PPD). A prova tuberculínica é um teste diagnóstico de Infecção Latente de Tuberculose (ILTB) que se baseia em uma reação de hipersensibilidade cutânea após a aplicação do PPD por via intradérmica, em que a leitura é realizada 48 a 72 horas após a aplicação, podendo ser estendido até 96 horas. A PT evidencia uma reação de hipersensibilidade do organismo diante das proteínas do bacilo da tuberculose, após contato com o M. tuberculosis. O teste sofre interferência da vacinação BCG e de micobactérias não tuberculosas (MNT), mas não sensibiliza não infectados, mesmo que repetido várias vezes. A inoculação do antígeno desencadeia uma reação do tipo antígeno-anticorpo, seguida de uma resposta dependente da reatividade celular de linfócitos T sensibilizados, que, após a reexposição às estruturas antigênicas do bacilo, tornam-se ativados e, consequentemente, expressam-se no local de aplicação da PT. Isso significa que, ao inocular as proteínas do M. tuberculosis na pele do infectado, observam-se no infiltrado algumas células-chaves tais como linfócitos e monócitos, polimorfos nucleares e granulócitos com predomínio de células T CD4. Ocorre um aumento da permeabilidadevascular, com exsudação de fluidos, acarretando eritema e edema local na derme, com pico entre 48 a 72 horas após a administração do PPD. A reação evidenciada é chamada de hipersensibilidade tardia. Esse acúmulo de células mononucleares representa o quadro histológico típico da reação tuberculínica manifestada macroscopicamente nessa reação. Os fatores citotóxicos provocam a citólise, com liberação do conteúdo celular, especialmente enzimas lisossômicas que, além de potencializarem a resposta inflamatória, podem participar da reação de necrose. Tratamento: ● Válido para maiores de 10 anos e adultos, o tratamento tem a duração de 6 meses e trata-se de um Tratamento Diretamente Observado (DOTS). ● Após 15 dias do início do tratamento a tuberculose não pode ser transmitida; ● Composto por duas fases: 1ª) Fase de ataque: 2RHZE - 2 meses - Rifampicina (R), Isoniazida (H), Pirazinamida (Z), Etambutol (E) - (Siglas em inglês rsrs) 2ª) Fase de manutenção: 4RH - 4 meses, Rifampicina (R) e Isoniazida (H). Mycobacterium leprae ● Morfologia semelhante ao M. tuberculosis: bacilo reto ou ligeiramente encurvado ● BAAR ● Não tem flagelos ● Não esporulam ● Intracelulares obrigatórios, crescimento lento ● Baixa patogenicidade mas alta infectividade. ● Resiste até 9 dias em secreções dissecadas e 46 dias em ambiente úmido. Hanseníase ● Doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo território nacional ● Uma das doenças mais antigas da humanidade (Lepra, mal de Lázaro); • Terminologia hanseníase: iniciativa brasileira para minimizar o preconceito atribuído à doença (MS, 1976); • Lepra e seus adjetivos passam a ser proibidos no País. • O Brasil ocupa a 2º posição do mundo, entre os países que registram casos novos; • Agente etiológico - Mycobacterium leprae • Atinge principalmente as células epiteliais e os nervos periféricos → Células de Schwuan - degradação da bainha de mielina. • Capacidade de ocasionar lesões neurais. • Alto poder incapacitante, principal responsável pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença; • Necessário um longo período de exposição à bactéria; Modo de transmissão: Paciente multibacilar elimina o bacilo por gotículas de saliva que entram nas vias respiratórias superiores, sendo preciso contato direto e prolongado com o paciente. A integridade da mucosa nasal influencia o estabelecimento do patógeno. A bactéria fica um longo período de incubação, variando de 2 a 7 anos, sendo necessário esse tempo para o aparecimento dos sintomas. Sinais ou sintomas: a) Dermatológicos: - Lesões → Alteração sensibilidade - Mais frequentes: face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas b) Neurológicos: -Dor e espessamento nervos periféricos -Perda de sensibilidade área inervadas (olhos, mãos e pés) -Perda força músculos inervados (pálpebras) -Neurite : inflamação dos nervos Diagnóstico: - Anamnese e exame físico ( teste de sensibilidade) - Teste de Mitsuda/lepromina → Auxilia na classificação da hanseníase (+) para Tuberculóide; (-) para Virchowiana há a inoculação de antígenos do M. leprae na pele, espera-se uma reação de hipersensibilidade do tipo IV, com a presença esperada de linfócitos ativados contra o M. leprae. A leitura do resultado deve ser feita após 28 dias da inoculação. - Baciloscopia: análise dos bacilos com coloração de Ziehl-Neelsen