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SC Cosit nº 06-2014 Publicação (1)

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Cosit 
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Coordenação-Geral de Tributação 
 
 
Solução de Consulta nº 6 - Cosit 
Data 6 de janeiro de 2014 
Processo 
Interessado 
CNPJ/CPF 
 
ASSUNTO: I MPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF 
IRPJ. RETENÇÃO NA FONTE. 
Somente os serviços de medicina prestados por ambulatório, banco de 
sangue, casa de saúde, casa de recuperação ou repouso sob orientação 
médica, hospital e pronto-socorro estão fora do alcance da retenção do 
imposto de renda na fonte, de que trata o art. 647 do Decreto nº 3.000/1999 
(RIR). Os pagamentos relativos a serviços médicos prestados por outras 
pessoas jurídicas, ainda que nas dependências dos estabelecimentos 
citados, em virtude de caracterizar prestação de serviços profissionais, 
estão sujeitos à retenção do IRPJ na fonte. 
Dispositivos Legais: Decreto nº 3.000, de 1999 (RIR), art. 647, § 1º, item 
24 e Parecer Normativo CST nº 08, de 1986. 
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO L ÍQUIDO - CSLL 
CSLL. RETENÇÃO NA FONTE. 
Somente os serviços de medicina prestados por ambulatório, banco de 
sangue, casa de saúde, casa de recuperação ou repouso sob orientação 
médica, hospital e pronto-socorro estão fora do alcance da retenção do 
imposto de renda na fonte, de que trata o art. 647 do Decreto nº 3.000/1999 
(RIR) Os pagamentos relativos a serviços médicos prestados por outras 
pessoas jurídicas, ainda que nas dependências dos estabelecimentos 
citados, em virtude de caracterizar prestação de serviços profissionais, 
estão sujeitos à retenção da CSLL na fonte. 
Dispositivos Legais: Lei nº 10.833, de 2003, art. 30; Instrução Normativa 
SRF nº 459, de 2004, art. 1º, § 2º, inciso IV; Decreto nº 3.000, de 1999 
(RIR), art. 647, § 1º, item 24 e Parecer Normativo CST nº 08, de 1986. 
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE 
SOCIAL - COFINS 
COFINS. RETENÇÃO NA FONTE. 
Somente os serviços de medicina prestados por ambulatório, banco de 
sangue, casa de saúde, casa de recuperação ou repouso sob orientação 
médica, hospital e pronto-socorro estão fora do alcance da retenção do 
imposto de renda na fonte, de que trata o art. 647 do Decreto nº 3.000/1999 
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(RIR) Os pagamentos relativos a serviços médicos prestados por outras 
pessoas jurídicas, ainda que nas dependências dos estabelecimentos 
citados, em virtude de caracterizar prestação de serviços profissionais, 
estão sujeitos à retenção da Cofins na fonte. 
Dispositivos Legais: Lei nº 10.833, de 2003, art. 30; Instrução Normativa 
SRF nº 459, de 2004, art. 1º, § 2º, inciso IV; Decreto nº 3.000, de 1999 
(RIR), art. 647, § 1º, item 24 e Parecer Normativo CST nº 08, de 1986. 
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP 
PIS. RETENÇÃO NA FONTE. 
Somente os serviços de medicina prestados por ambulatório, banco de 
sangue, casa de saúde, casa de recuperação ou repouso sob orientação 
médica, hospital e pronto-socorro estão fora do alcance da retenção do 
imposto de renda na fonte, de que trata o art. 647 do Decreto nº 3.000/1999 
(RIR) Os pagamentos relativos a serviços médicos prestados por outras 
pessoas jurídicas, ainda que nas dependências dos estabelecimentos 
citados, em virtude de caracterizar prestação de serviços profissionais, 
estão sujeitos à retenção da contribuição para o PIS/Pasep na fonte. 
Dispositivos Legais: Lei nº 10.833, de 2003, art. 30; Instrução Normativa 
SRF nº 459, de 2004, art. 1º, § 2º, inciso IV; Decreto nº 3.000, de 1999 
(RIR), art. 647, § 1º, item 24 e Parecer Normativo CST nº 08, de 1986 
 
 
Relatório 
A interessada, acima identificada, xxxxxx, dirige-se a esta Superintendência 
para formular CONSULTA sobre a interpretação do art. 647, do Decreto nº 3.000, de 1999 
(RIR/99). 
2. Informa que para garantir a assistência à saúde de seus clientes precisa ter uma 
rede de atendimento formada por médicos, clínicas, laboratórios, hospitais, entre outros. 
Assim, conta com uma rede credenciada, ou seja, empresas prestadoras de serviços de saúde 
que prestam serviços para a consulente. Algumas dessas empresas possuem como atividade 
preponderante a prestação de serviço hospitalar, mas também realizam consultas em regime de 
ambulatório. 
3. Cita o art. 647, do Decreto nº 3.000, de 1999, entendendo que sobre os serviços 
prestados por essas clínicas que prestam serviços em regime de ambulatório não devem ser 
efetuadas as retenções de IRPJ (1,5%) e Contribuições Sociais (4,65%). Faz referência a 
diversas soluções de consulta referentes ao assunto. 
4. Assim, questiona se os valores pagos aos prestadores de serviços de saúde, que 
prestam serviços hospitalares e também serviços em regime ambulatorial, como as consultas de 
caráter eletivo, estão sujeitos à retenção do Imposto de Renda e às Contribuições Sociais. 
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Fundamentos 
5. Sobre a retenção do IRPJ na fonte, lê-se no art. 647, do Regulamento do 
Imposto de Renda (RIR), Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999: 
Art. 647. Estão sujeitas à incidência do imposto na fonte, à alíquota de um e 
meio por cento, as importâncias pagas ou creditadas por pessoas jurídicas a 
outras pessoas jurídicas, civis ou mercantis, pela prestação de serviços 
caracterizadamente de natureza profissional (Decreto-Lei nº 2.030, de 9 de 
junho de 1983, art. 2º, Decreto-Lei nº 2.065, de 1983, art. 1º, inciso III, Lei nº 
7.450, de 1985, art. 52, e Lei nº 9.064, de 1995, art. 6º). 
§ 1º Compreendem-se nas disposições deste artigo os serviços a seguir 
indicados: 
(...) 
24. medicina (exceto a prestada por ambulatório, banco de sangue, casa de 
saúde, casa de recuperação ou repouso sob orientação médica, hospital e 
pronto-socorro); (grifos acrescidos) 
6. Os serviços arrolados no referido parágrafo têm como característica o 
desempenho de trabalho pessoal da profissão de médico que, normalmente, poderiam ser 
prestados em caráter individual ou autônomo, entretanto, por conveniência empresarial, são 
executados por intermédio de sociedades civis ou mercantis. 
7. Excetuam-se dos serviços de medicina mencionados no item 24 os prestados por 
ambulatórios, banco de sangue, casa de saúde, casa de recuperação sob orientação médica, 
hospital e pronto-socorro, ante o fato de que, nesses estabelecimentos, os serviços, embora 
prestados por médicos, são executados sob subordinação técnica e administrativa da pessoa 
jurídica titular do empreendimento. 
8. Vê-se que, a exemplo dos serviços relacionados no § 1º do art. 647, os 
estabelecimentos excluídos no item 24 são taxativos, não se permitindo qualquer ampliação. 
Dessa forma, não se incluem neste rol de estabelecimentos as clínicas médicas ou qualquer 
outra denominação que venha ser atribuída à pessoa jurídica prestadora dos serviços de 
medicina. Ou seja, somente os estabelecimentos expressos no item 24 estão fora do alcance da 
retenção do imposto de renda na fonte de que trata o art. 647 do RIR, pelo fato de esta só 
alcançar os “serviços caracterizadamente de natureza profissional” . 
9. Dispositivo semelhante (item 24 da lista anexa à IN SRF nº 23, de 21 de janeiro 
de 1986), já foi objeto de manifestação por parte da administração tributária, por meio do 
Parecer Normativo CST nº 8, de 17 de abril de 1986, nos seguintes termos: 
22. O rol de atividades constantes da lista anexa à Instrução Normativa nº 
23/86 refere, no seu item 24, a categoria profissional de Medicina de forma 
genérica, da qual exclui expressamente a prestada por ambulatório, banco de 
sangue, casa de saúde, casa de recuperação ou repouso sob orientação 
médica, hospital e pronto-socorro. 
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23. A restrição comentada permite deduzir desde logo que estão fora da faixa 
impositiva sob exame os serviços inerentes ao desempenho das atividades 
profissionais da Medicina, quando executados dentro do ambiente físico dos 
estabelecimentos de saúde mencionados,prestados sob subordinação técnica 
e administrativa da pessoa jurídica titular do empreendimento. Dentro do 
mesmo critério, também não será exigida a retenção na fonte em relação a 
rendimentos decorrentes da prestação de serviços correlatos ao exercício da 
Medicina, tais como análise clínica laboratorial, fisioterapia, fonoaudiologia, 
psicologia, psicanálise, raio X e radioterapia. 
24. Denotar que as exceções postas em evidência trazem de forma explícita o 
objetivo da lei..., o campo de incidência da retenção na fonte se restringe aos 
rendimentos decorrentes do desempenho de trabalhos pessoais da profissão 
de medicina que, normalmente, poderiam ser prestados em caráter individual 
e de forma autônoma, mas que, por conveniência empresarial, são executados 
mediante a interveniência. 
(...) 
27. É óbvio ressaltar que os estabelecimentos de saúde qualificados no ato 
normativo são aqueles que estão devidamente regularizados perante o órgão 
público competente da administração estadual ou municipal, possuidores, 
portanto, de alvará de instalação e licença de funcionamento atualizado, 
regularmente expedidos. Por conseguinte, os estabelecimentos que funcionem 
sem atender aos requisitos legais não serão considerados para efeito de 
enquadramento nos casos excepcionados, ainda que se intitulem entre 
aqueles. (grifos acrescidos) 
10. Infere-se do enunciado supra que não estão sujeitos à retenção do imposto de 
renda na fonte os serviços inerentes ao desempenho das atividades profissionais da medicina e os 
serviços correlatos (v.g., análise clínica laboratorial, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, 
psicanálise, raios X, radioterapia etc.) ao exercício da medicina, desde que executados dentro 
do ambiente físico do estabelecimento de saúde mencionado, prestados sob subordinação 
técnica e administrativa da pessoa jurídica titular do empreendimento. Significa dizer que não 
haverá retenção na fonte se tais serviços forem prestados pelo próprio hospital, por exemplo. 
11. Todavia, na hipótese de outra pessoa jurídica prestar os serviços acima referidos 
dentro do estabelecimento hospitalar, sobre a importância paga ou creditada pelo hospital a 
essa pessoa jurídica incide retenção do imposto de renda na fonte. Do mesmo modo, os 
rendimentos pagos pelo hospital em virtude da prestação de serviços realizada pelos médicos 
autônomos – pessoas físicas – estão sujeitos à retenção do imposto de renda na fonte, ex vi do 
art. 628 (c/c o art. 620) do RIR. 
12. Frise-se, ainda, que não basta a pessoa jurídica intitular-se “hospital” ou 
“pronto-socorro”: ela deve cumprir requisitos para que seja, de fato, um estabelecimento dessa 
espécie. No caso do ambulatório, por exemplo, é característico o pronto atendimento e a 
realização de procedimentos. Assim, o estabelecimento deve possuir estrutura física adequada, 
conforme comprovação por meio de documento competente expedido pela vigilância sanitária 
estadual ou municipal. Nesta exigência, está implícita a necessidade de que o ambiente em que 
são realizadas as atividades seja próprio da pessoa jurídica. Ou seja, se os procedimentos forem 
realizados em estabelecimento de terceiros, não há como considerar que o estabelecimento é 
um hospital, por exemplo. 
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13. Sobre a retenção na fonte da CSLL, da contribuição para o PIS/Pasep e da 
Cofins, lê-se na Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003: 
Art. 30. Os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a outras pessoas 
jurídicas de direito privado, pela prestação de serviços de limpeza, 
conservação, manutenção, segurança, vigilância, transporte de valores e 
locação de mão-de-obra, pela prestação de serviços de assessoria creditícia, 
mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a 
pagar e a receber, bem como pela remuneração de serviços profissionais, 
estão sujeitos a retenção na fonte da Contribuição Social sobre o Lucro 
Líquido - CSLL, da Cofins e da contribuição para o PIS/Pasep. 
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se inclusive aos pagamentos efetuados 
por: 
I - associações, inclusive entidades sindicais, federações, confederações, 
centrais sindicais e serviços sociais autônomos; 
II - sociedades simples, inclusive sociedades cooperativas; 
III - fundações de direito privado; ou 
IV - condomínios edilícios. 
§ 2º Não estão obrigadas a efetuar a retenção a que se refere o caput as 
pessoas jurídicas optantes pelo Simples. 
§ 3º As retenções de que trata o caput serão efetuadas sem prejuízo da 
retenção do imposto de renda na fonte das pessoas jurídicas sujeitas a 
alíquotas específicas previstas na legislação do imposto de renda. (grifos 
acrescidos) 
14. As alterações promovidas, nesse art. 30, pelo art. 5º da Medida Provisória nº 
232, de 30 de dezembro de 2004, como se sabe, foram posteriormente revogadas pela Medida 
Provisória nº 243, de 31 de março de 2005, declarada prejudicada pelo Ato de 16 de junho de 
2005, do Presidente da Câmara dos Deputados, em virtude da conversão da Medida Provisória 
nº 232, de 2004, na Lei n.º 11.119, de 25 de maio de 2005. 
15. Regulamentando a matéria, a Instrução Normativa SRF nº 459, de 18 de outubro 
de 2004, assim dispôs: 
Art. 1º Os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas de direito privado a 
outras pessoas jurídicas de direito privado, pela prestação de serviços de 
limpeza, conservação, manutenção, segurança, vigilância, transporte de 
valores e locação de mão-de-obra, pela prestação de serviços de assessoria 
creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração 
de contas a pagar e a receber, bem como pela remuneração de serviços 
profissionais, estão sujeitos à retenção na fonte da Contribuição Social sobre 
o Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição para o Financiamento da 
Seguridade Social (Cofins) e da Contribuição para o PIS/Pasep. 
(...) 
§ 2º Para fins do disposto neste artigo, entende-se como serviços: 
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(...) 
IV - profissionais aqueles relacionados no § 1º do art. 647 do Decreto nº 
3.000, de 26 de março de 1999 - Regulamento do Imposto de Renda 
(RIR/1999), inclusive quando prestados por cooperativas ou associações 
profissionais, aplicando-se, para fins da retenção das contribuições, os 
mesmos critérios de interpretação adotados em atos normativos expedidos 
pela Secretaria da Receita Federal para a retenção do imposto de renda. 
(...) (grifos acrescidos) 
16. Desta forma, vale dizer que, em virtude da remissão expressa ao art. 647, § 1º, 
do RIR, todas as considerações acima feitas a propósito da retenção do IRPJ são aplicáveis à 
retenção da CSLL, da COFINS e do PIS. 
Conclusão 
Diante do exposto, soluciona-se a consulta respondendo ao consulente que 
somente os serviços de medicina prestados por ambulatório, banco de sangue, casa de saúde, 
casa de recuperação ou repouso sob orientação médica, hospital e pronto-socorro estão fora do 
alcance da retenção do imposto de renda na fonte, de que trata o art. 647 do Decreto nº 
3.000/1999 (RIR). Os pagamentos relativos a serviços médicos prestados por outras pessoas 
jurídicas, ainda que nas dependências dos estabelecimentos citados, em virtude de caracterizar 
prestação de serviços profissionais, estão sujeitos à retenção na fonte do IRPJ, da CSLL, do 
PIS e da COFINS. 
Propõe-se o encaminhamento deste processo ao SEORT/DRF/Florianópolis/SC, 
para dar ciência à consulente e demais providências cabíveis. 
À consideração superior. 
Assinado digitalmente 
RAQUEL PEREIRA CASTANHEIRA 
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil 
 
De acordo. Encaminhe-se à Coordenadora-Geral de Tributação Substituta. 
Assinado digitalmente 
MARCO ANTÔNIO FERREIRA POSSETTI 
Auditor-Fiscal da RFB - Chefe da Divisão de Tributação 
 
Ordem de Intimação 
Aprovo a Solução de Consulta. Divulgue-se e publique-se nos termos do 
art. 27 da Instrução Normativa RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013.Dê-se ciência ao 
consulente. 
Assinado digitalmente 
CLÁUDIA LUCIA PIMENTEL MARTINS DA SILVA 
Auditora-Fiscal da RFB – Coordenador-Geral da Cosit Substituta