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– ANATOMIA: A cavidade oral é delimitada anteriormente pelos lábios, posteriormente pelo arco palatoglosso, superiormente pelo palato mole e palato duro, inferiormente pelo assoalho da boca. A faringe é sua continuação. O início da conversão dos alimentos em substância adequadas a absorção e a assimilação começa na cavidade oral, onde os dentes trituram e os transformam em pedaços menores. A faringe, que se estende da base do crânio até a borda inferior da cartilagem cricoide possui 3 regiões: • Nasofaringe: se estende da base do crânio até a linha imaginaria no palato mole; se comunica com a cavidade nasal por meio de coanas e com orelha média pelas tubas auditivas. • Orofaringe: tem como limite anterior a superfície posterior do palato mole; lateralmente se encontram duas membranas, anteriormente o arco palatoglosso e o palatofaríngeo posteriormente. • Laringofaringe: se estende da borda superior da epiglote até a borda inferior da cricoide. ANAMNESE: Os dados de identificação são importantes na avaliação clínica. Com relação a idade, as faringotonsilites virais correspondem a 75% dos caos de infecção das vias aéreas de crianças menores de 2 anos. Além disso, hábitos de vida podem tornar as faringotonsilites mais frequentes, destacando-se ambientes confinados ao não ventilados, convívios com tabagistas entre outros. EXAME FÍSICO: Para o exame da cavidade bucal, necessita-se, em primeiro lugar, de boa iluminação. O paciente deve estar correta e confortavelmente sentado para que haja bom acesso a todas as áreas da boca. O médico coloca-se de frente, do lado direito ou à esquerda do paciente, fazendo o exame dos lábios, bochechas, soalho da boca, palato duro e mole, língua, dentes e mucosa alveolar. Utilizam‐se espátulas de madeira, afastador bucal e gaze para prender e tracionar a língua. A técnica de palpação varia de acordo com a região a ser examinada, podendo ser digital ou bidigital (com dedos de uma ou de ambas as mãos) ou digitopalmar. Os tecidos são suavemente pressionados entre as pontas dos dedos ou entre os dedos e a palma da mão, e, às vezes, contra os ossos subjacentes. – O exame deve iniciar‐se com avaliação das condições gerais da boca do paciente. Esta apreciação inclui higiene bucal, condição dos dentes, ocorrência de lesões dos tecidos moles, uso de aparelhos protéticos, falta de dentes, manifestação de tártaros (cálculos salivares) e halitose. Depois desta avaliação geral, é feito o exame de cada uma das estruturas anatômicas, a começar pelos lábios. ➢ LÁBIOS: Na inspeção avalia-se coloração, deformidades, simetria, integridade e lesões. Quanto a cor investiga-se se há palidez ou cianose. Observa-se ainda a presença de edema ou rachaduras. Na palpação é feita bidigitalmente para determinar a textura, flexibilidade, consistência dos tecidos superficiais e adjacentes. ➢ MUCOSA BUCAL: Por definição a mucosa bucal é a membrana que reveste internamente a cavidade bucal, que recebe o nome do local anatômico que recobre: labial, jugal (região de bochecha), palatina, gengival, alveolar, lingual, mucosa do asoalho da boca. É necessário inspecionar a mucosa das bochechas desde a superfície anterior junto da comissura labial até o fórnix do vestíbulo oposto à tuberosidade do maxilar avaliando a presença de feridas (integridade), coloração (presença de manchas) e hemorragias. A bochecha deve ser afastada com o auxílio de uma espátula de madeira para que se possa ter uma visão de toda a sua superfície. A palpação é feita com o dedo polegar para fora da bochecha e o dedo indicador na boca. O médico deve ser cuidadoso na palpação das estruturas profundas, pois lesões podem estar presentes neste tecido frouxo, sem que apareçam externamente ou sejam notadas pelo paciente. ➢ LINGUA: O paciente abre a boca e deixa a língua em repouso, podendo-se, então, obter uma noção do tamanho e verificar a ponta da língua e suas bordas laterais com relação aos dentes. A seguir, para se conseguir a inspeção da maior superfície possível, pede‐se ao paciente que coloque a língua para fora, e, com uma gaze entre o indicador e o polegar, o médico traciona‐a delicadamente, de modo que sua superfície lateral, base e superfície dorsal possam ser visualizadas. Puxando a ponta da língua para cima, ou pedindo ao paciente que encoste a ponta da língua na porção anterior do palato duro, é possível fazer a inspeção de sua superfície ventral. Observa-se na inspeção o tamanho, coloração, higiene, integridade, simetria e a presença de sangramentos. A palpação bidigital da língua é feita puxando‐a para fora com a mão esquerda, como se fosse uma “pinça”, enquanto a mão direita, com os dedos polegar e indicador, procura verificar a consistência e eventuais alterações. Os movimentos intrínsecos e extrínsecos, horizontais, verticais e circulares da língua são executados pelo paciente por solicitação do médico. A língua deve ser examinada em três posições (sempre com o paciente abrindo a boca ao máximo): 1. Língua em repouso 2. Colocada para fora da boca 3. Paciente tocando o céu da boca com a ponta da língua As alterações encontradas na língua: - Língua saburrosa: Caracteriza-se pelo acúmulo de uma substância branco-acinzentada ou amarelada na sua superfície. A língua saburrosa é verificada em pacientes com higiene bucal precária, em estados febris, nos tabagistas, em indivíduos desidratados e mesmo em pessoas saudáveis, especialmente ao despertar. - Língua seca : A ausência de umidade constitui o elemento principal dessa alteração. A coexistência de saburra é comum. Língua seca indica desidratação, aparecendo em todas as condições em que há perda de água, seja por vômitos, diarreia ou por qualquer outro mecanismo. - Língua lisa: Esta condição se deve à atrofia das papilas. À inspeção nota-se uma superfície lisa em vez da rugosidade própria da língua normal. A principal causa é a anemia. - Língua pilosa: Os "pelos" consistem em papilas filiformes alongadas. A cor varia de amarelada a preta. A causa é frequentemente desconhecida, mas pode ocorrer durante antibioticoterapia,infecções e tabagismo. – ➢ ASSOALHO DA BOCA: Para fazer a inspeção do soalho da boca, o paciente abre bem a boca e coloca a língua para cima e para trás. O exame da parte posterior é feito com o auxílio de uma espátula de madeira para deslocar a língua lateralmente. A palpação deve ser bimanual, com o dedo indicador de uma das mãos deslizando sobre o soalho, acompanhado externamente pelos dedos da mão oposta. O paciente deve estar com a cabeça e a mandíbula ligeiramente voltadas para baixo, a fim de se conseguir o máximo relaxamento dos músculos do soalho da boca. As estruturas que podem ser examinadas são: glândulas sublinguais e ductos, parte superior das glândulas submaxilares e ductos e freio lingual. ➢ PALATO DURO E MOLE: Em condições normais, o formato do palato é arredondado, tornando‐se ogival nos pacientes que respiram pela boca. Para a inspeção da superfície palatina, o paciente deve ficar com a cabeça ligeiramente fletida para trás. A mucosa do palato, firmemente aderida ao osso subjacente, apresenta queratinização, razão da sua coloração róseo‐pálida com matiz cinza‐ azulado. Na linha média do palato, há uma linha estreita de cor esbranquiçada, denominada rafe palatina. Na porção anterior, situam‐se as pregas palatinas transversais e a papila palatina, situada atrás dos incisivos centrais, tendo aspecto piriforme. Em condições normais o palato duro apresenta-se com coloração rosa pálida, esbranquiçada, com uma textura firme. Já o palato mole apresenta coloração rósea mais intensa que o palato duro. Para a palpação dessa região, solicita‐seao paciente abrir a boca e, com a polpa digital do dedo indicador, densidade, textura e alterações são verificadas. ➢ GLÂNDULAS SALIVARES As glândulas salivares menores, espalhadas em toda mucosa bucal, e as maiores (parótidas, submandibulares e sublinguais), em condições normais, não são visíveis e a saliva é límpida. Nos processos inflamatórios e na obstrução dos ductos salivares apresentam-se intumescidas e dolorosas. A estimulação manual dessas glândulas, conhecida como “ordenha”, permite uma avaliação qualitativa e quantitativa da saliva, observando os seus pontos de drenagem (carúnculas linguais e parotídeas). A drenagem de saliva com grumos mucoides, redução ou ausência de gota translúcida de saliva, pode revelar doença obstrutiva (sialólitos) e/ou infecciosas (sialoadenites). - Língua geográfica :Esta designação justifica-se quando se percebem áreas irregulares, nitidamente delimitadas por bordas esbranquiçadas e circinadas, lembrando um mapa geográfico no qual se encontram delineadas cadeias de montanhas - Língua escrotal: Caracteriza-se pela presença de sulcos irregulares que lembram a pele que reveste o escroto. A língua fendida é uma forma atenuada da língua escrotal. Essa condição costuma surgir quando há deficiência de vitaminas do complexo B. Língua saburrosa, língua saburrosa de tabagista, língua geográfica, língua fendida, candidíase aguda da língua, candidíase crônica. –