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Polícia Militar de Minas Gerais
PM-MG
ON-LINE
conteúdo
CURSO COM 10H
DE VIDEOAULAS
SOLDADO
Língua Portuguesaæ
Direito Penalæ
Direito Constitucionalæ
Direito Penal Militaræ
Direito Humanosæ
Estatísticaæ
Legislação Extravagante (disponível On-line)æ
Edital DRH/CRS Nº 06/2021
Polícia Militar de Minas Gerais
PM-MG
Soldado
NV-002JH-21
Cód.: 7908428800604
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos 
pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total, 
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da 
editora Nova Concursos.
Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso 
de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site 
www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e 
Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações.
Produção Editorial
Carolina Gomes
Josiane Inácio
Karolaine Assis
Organização
Arthur de Carvalho
Roberth Kairo
Saula Isabela Diniz
Revisão de Conteúdo
Ana Cláudia Prado 
Fernanda Silva
Jaíne Martins
Maciel Rigoni
Nataly Ternero
Análise de Conteúdo
Ana Beatriz Mamede
João Augusto Borges
Diagramação
Dayverson Ramon
Higor Moreira 
Willian Lopes
Capa
Joel Ferreira dos Santos
Projeto Gráfico
Daniela Jardim & Rene Bueno
Dúvidas
www.novaconcursos.com.br/contato
sac@novaconcursos.com.br
Obra
PM-MG – Polícia Militar de Minas Gerais
Soldado
Autores
LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares e 
Giselli Neves 
DIREITO PENAL • Renato Philippini, Rodrigo Gonçalves e 
Jonatas Albino
DIREITO CONSTITUCIONAL • Samara Kich e Giovana Marques
DIREITO PENAL MILITAR • Rodrigo Gonçalves
DIREITO HUMANOS • Ana Philippini e Alexandre Nápoles
ESTATÍSTICA • Henrique Tiezzi
LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE (ON-LINE) • Samantha Rodrigues, 
Fernando Zantedeschi, Renato Philippini, Nathan Pilonetto e 
Antônio Pequeno
Edição:
Junho/2021
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação 
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, esse livro 
foi organizado de acordo com os itens exigidos no Edital DRH/
CRS Nº 06/2021 da PM-MG para o cargo de Soldado. O edital foi 
didaticamente sistematizado em um sumário subdividido para 
otimizar o seu tempo e o seu aprendizado. 
Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica 
– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados 
nas provas, além de Questões Comentadas e a seção Hora de 
Praticar, trazendo exercícios gabaritados da banca organizado-
ra do certame.
A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência 
de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas 
aulas que você encontra em nossos Cursos On-line – o que será 
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
ra é com você! 
Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os con-
teúdos disponíveis online para este livro em nossa plataforma: 
Legislação Extravagante e o Curso com 10 horas de videoaulas, 
conforme os assuntos cobrados no edital. Para acessar, basta 
seguir as orientações na próxima página.
CONTEÚDO ON-LINE
Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-
line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta 
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.
BÔNUS:
•	 Curso On-line.
à Língua Portuguesa - Interpretação de Texto: Conceitos Importantes
à Direito Penal - Da Aplicação da Lei Penal
à Direito Constitucional - Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas: Das 
Forças Armadas e Da Segurança Pública
à Direito Penal Militar - Teoria do Crime
à Direito Humanos - Declaração Universal dos Direitos Humanos
à Legislação Extravagante - Lei n° 13.869/2019 - Crimes de Abuso de Autoridade: 
Das Sanções de Natureza Civil e Administrativa e Dos Crimes e Das Penas
à Estatística - Estatística Descritiva: Tabelas - Distribuição de Frequências
CONTEÚDO COMPLEMENTAR:
•	 Legislação Extravagante.
COMO ACESSAR O CONTEÚDO ON-LINE
Se você comprou esse livro em nosso site, o bônus já está liberado na sua área 
do cliente. Basta fazer login com seus dados e aproveitar.
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VERSO DA APOSTILA
NV-003MR-20
Código Bônus
DÚVIDAS E SUGESTÕES
NV-003MR-20
9 088121 44215 3
Código Bônus
SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................11
ADEQUAÇÃO CONCEITUAL ............................................................................................................... 11
PERTINÊNCIA, RELEVÂNCIA E ARTICULAÇÃO DOS ARGUMENTOS ............................................................11
SELEÇÃO VOCABULAR ....................................................................................................................................13
ESTUDO DE TEXTO (QUESTÕES OBJETIVAS SOBRE TEXTOS DE CONTEÚDO LITERÁRIO 
OU INFORMATIVO OU CRÔNICA) ..................................................................................................... 14
TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS ................................................................................. 16
ORTOGRAFIA ...................................................................................................................................... 27
ACENTUAÇÃO GRÁFICA ................................................................................................................... 30
PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 31
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS ..................................................................................... 34
CLASSES DE PALAVRAS ................................................................................................................... 37
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO ............................................................................................................. 49
TERMOS DA ORAÇÃO ........................................................................................................................ 50
PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO ................................................. 56
FUNÇÕES SINTÁTICAS DOS PRONOMES RELATIVOS .................................................................. 58
EMPREGO DE NOMES E PRONOMES ............................................................................................... 59
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS .................................................................................... 62
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL (CRASE) ....................................................................................... 63
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL ........................................................................................... 67
ORAÇÕES REDUZIDAS ....................................................................................................................... 72
COLOCAÇÃO PRONOMINAL ............................................................................................................. 73
ESTILÍSTICA ....................................................................................................................................... 73
FIGURAS DE LINGUAGEM ................................................................................................................................73
DIREITO PENAL ..................................................................................................................83CÓDIGO PENAL BRASILEIRO: PARTE GERAL - APLICAÇÃO DA LEI PENAL .................... 83
TÍTULO II: DO CRIME .......................................................................................................................... 92
TÍTULO III: DA IMPUTABILIDADE PENAL .......................................................................................102
TÍTULO IV: DO CONCURSO DE PESSOAS ................................................................................105
TÍTULO V: DAS PENAS .................................................................................................................111
CAPÍTULO I: DAS ESPÉCIES DE PENA, CAPÍTULO II: DA COMINAÇÃO DAS PENAS E 
CAPÍTULO III: DA APLICAÇÃO DA PENA ......................................................................................................111
DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA ......................................................................................................112
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ...................................................................................................112
PARTE ESPECIAL: DOS CRIMES CONTRA A PESSOA ..................................................................114
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO .........................................................................................138
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL ..............................................................................160
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL .............................................................................................160
DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL ....................................................................................................165
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL ...........................................................................................166
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA ............................................................................................169
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO ............................................................................169
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .........................................................................182
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL .......................182
DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS ...........................................................193
DIREITO CONSTITUCIONAL .....................................................................................199
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL .........................................................199
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ...............................................................................................................200
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ....................................................................................202
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ......................................................................................202
DA NACIONALIDADE ......................................................................................................................................210
DOS DIREITOS POLÍTICOS .............................................................................................................................212
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO .....................................................................................................213
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...........................................................................................................................213
Disposições Gerais ........................................................................................................................................213
Dos Militares Dos Estados, Do Distrito Federal E dos Territórios ...............................................................216
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES .................................................................................................218
DO PODER JUDICIÁRIO .................................................................................................................................218
Dos Tribunais E Juízes Militares ....................................................................................................... 222
Dos Tribunais E Juízes Dos Estados ............................................................................................................223
DAS DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS ............................................224
DAS FORÇAS ARMADAS ................................................................................................................................224
DA SEGURANÇA PÚBLICA .............................................................................................................................225
DIREITO PENAL MILITAR ............................................................................................231
DECRETO-LEI Nº 1001, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969 – CÓDIGO PENAL MILITAR, 
PARTE GERAL ...................................................................................................................................231
TÍTULO I: DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR ......................................................................................231
TÍTULO II: DO CRIME ......................................................................................................................................233
TÍTULO IV: DO CONCURSO DE AGENTES......................................................................................................239
TÍTULO V: DAS PENAS, CAPÍTULO I: DAS PENAS PRINCIPAIS ..................................................................239
CAPÍTULO V: DAS PENAS ACESSÓRIAS ......................................................................................................241
TÍTULO VII: DA AÇÃO PENAL .........................................................................................................................242
TÍTULO VIII: DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ............................................................................................242
PARTE ESPECIAL .............................................................................................................................246
LIVRO I: DOS CRIMES MILITARES EM TEMPO DE PAZ ................................................................................246
TÍTULO II: DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILITAR ............................................250
CAPÍTULO I: DO MOTIM E DA REVOLTA ........................................................................................................250
CAPÍTULO II: DA ALICIAÇÃO E DO INCITAMENTO .......................................................................................251
CAPÍTULO III: DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU MILITAR DE SERVIÇO ...........................................251
CAPÍTULO IV: DO DESRESPEITO A SUPERIOR E A SÍMBOLO NACIONAL OU À FARDA ............................252
CAPÍTULO V: DA INSUBORDINAÇÃO ............................................................................................................252
CAPÍTULO VII: DA RESISTÊNCIA ...................................................................................................................253
TÍTULO III: DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO MILITAR E O DEVER MILITAR, 
CAPÍTULO II: DESERÇÃO ................................................................................................................................254
CAPÍTULO III: DO ABANDONO DE POSTO E DE OUTROS CRIMES EM SERVIÇO .......................................255
TÍTULO IV: DOS CRIMES CONTRA A PESSOA, CAPÍTULO I: DO HOMICÍDIO .............................................255
CAPÍTULO III: DA LESÃO CORPORAL E DA RIXA..........................................................................................257
CAPÍTULO IV: DA PERICLITAÇÃODA VIDA OU DA SAÚDE ..........................................................................260
CAPÍTULO VI: DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE, 
SEÇÃO I: DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL ......................................................................260
SEÇÃO II: DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO ......................................................262
SEÇÃO IV: DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS DE CARÁTER 
PARTICULAR ...................................................................................................................................................263
TÍTULO VII: DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR, 
CAPÍTULO I: DO DESACATO E DA DESOBEDIÊNCIA ....................................................................................264
CAPÍTULO II: DO PECULATO ..........................................................................................................................264
CAPITULO III: DA CONCUSSÃO, EXCESSO DE EXAÇÃO E DESVIO..............................................................265
CAPÍTULO IV: DA CORRUPÇÃO .....................................................................................................................266
CAPÍTULO V: DA FALSIDADE .........................................................................................................................267
CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL .......................................................................................267
DIREITO HUMANOS .......................................................................................................277
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1948 ..........277
CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 
(PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA) ........................................................................................288
ESTATÍSTICA ....................................................................................................................301
VISÃO CONCEITUAL BÁSICA ..........................................................................................................301
POPULAÇÃO OU UNIVERSO E CENSO ..........................................................................................................301
AMOSTRAGEM X AMOSTRA .........................................................................................................................301
EXPERIMENTO ALEATÓRIO ...........................................................................................................................302
MÉTODO ESTATÍSTICO ..................................................................................................................................302
VARIÁVEIS QUANTITATIVAS E QUALITATIVAS ............................................................................307
MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL ..............................................................................................308
MÉDIA ..............................................................................................................................................................308
MEDIANA .........................................................................................................................................................309
MODA ...............................................................................................................................................................310
MEDIDAS DE DISPERSÃO ................................................................................................................310
AMPLITUDE .....................................................................................................................................................310
VARIÂNCIA ......................................................................................................................................................311
DESVIO PADRÃO .............................................................................................................................................311
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO MATEMÁTICA DE GRÁFICOS, TABELAS E DIAGRAMAS 
ESTATÍSTICOS .................................................................................................................................312
LÍ
N
G
U
A
 P
O
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U
G
U
ES
A
11
LÍNGUA PORTUGUESA
ADEQUAÇÃO CONCEITUAL
PERTINÊNCIA, RELEVÂNCIA E ARTICULAÇÃO DOS 
ARGUMENTOS
Neste assunto trabalharemos alguns elementos 
importantes para iniciarmos nossa análise de textos. 
Começaremos com a estrutura do texto dissertati-
vo, uma vez que pertinência e relevância se relacio-
nam intimamente com a articulação dos argumentos 
e da estruturação de um texto dissertativo. 
Como todos sabem, a dissertação é um tipo de tex-
to que se caracteriza pela exposição e defesa de uma 
ideia que será analisada e discutida a partir de um 
ponto de vista. Para tal defesa o autor do texto dis-
sertativo trabalha com argumentos, com fatos, com 
dados, os quais utiliza para reforçar ou justificar o 
desenvolvimento de suas ideias.
Para atender a esse propósito, a dissertação deve 
apresentar uma organização estrutural que conduza 
as informações ao leitor de forma a seduzi-lo quanto 
ao reconhecimento da verdade proposta como tese. 
Compreende-se como estrutura básica de uma disser-
tação a divisão da exposição da argumentação em três 
partes distintas: a introdução, o desenvolvimento e a 
conclusão:
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
Introdução 
A introdução do texto dissertativo é a apresenta-
ção de seu projeto. Ela deve conter a tese de sua dis-
sertação, ou seja, deve apresentar seu posicionamento 
sobre o tema proposto pela banca. Esse momento 
é muito importante para o leitor, pois é aí que será 
mostrada a identificação de suas ideias com o tema. É 
um bom momento para apresentá-lo aos argumentos 
sequencialmente ordenados de acordo com a progres-
são que você dará a sua redação (progressão textual).
A introdução deve ser clara e chamar a atenção 
para dois itens básicos: os objetivos do texto e o pla-
no do desenvolvimento. Sem ter medo de apresentar 
alguma previsibilidade de seu projeto, você, autor, 
deve expor os caminhos por que percorrerá em sua 
explanação. Lembre-se de que o leitor, corretor de seu 
trabalho, é um professor experiente e é a organização 
que mais o impressionará nesse momento. Por isso, 
não tenha medo de ser objetivo e previamente ilustra-
tivo quanto aos seus propósitos de trabalho. 
Ex.: Parágrafo de introdução
Todos sabem o quanto a tecnologia vem imple-
mentando novos valores à vida do homem moder-
no principalmente no que diz respeito a sua vida 
em sociedade (1). É notório o desenvolvimento da 
tecnologia em campos como o da educação (2) e o 
dos serviços sociais (3). Essas inovações vão ainda 
muito além disso, atingindo vários outros espaços 
do cotidiano (4) da maioria das pessoas.
(1) A tese: a tecnologia vem implementando novos 
valores à vida do homem moderno principalmente no 
que diz respeito a sua vida em sociedade;
(2), (3), (4) Os argumentos são levantados a fim 
de sustentar a tese: o desenvolvimento da tecnologia 
em campos como o da educação (2) / o dos serviços 
sociais (3) / inovações atingindo vários outros espaços 
do cotidiano (4).
Desenvolvimento
O desenvolvimento é a parte em que você deve 
expor os elementos que vão fundamentar sua tese que 
pode vir especificada por intermédio de argumentos, 
de pormenores, de exemplos, de citações, de dados 
estatísticos, de explicações, de definições, de confron-
tos de ideias e contra argumentações. Você poderá 
usar tantos parágrafos quanto achar necessário para 
desenvolver suas teorias, porém em redações de cur-
ta extensão o ideal é que cada parágrafo apresente 
objetivamente apenas um dos argumentos a serem 
desenvolvidos, ou ainda, que esses argumentos sejam 
agrupados caso vários deles devam ser apresentados 
para sustentar sua tese. 
Ex.: apresentação do primeiroargumento sobre “o 
desenvolvimento da tecnologia em campos como o 
da educação”
Alguns argumentam que é importante reconhecer 
o papel das redes mundiais de informação para 
o favorecimento da construção do conhecimento. 
Hoje é possível visitar um museu, consultar uma biblio-
teca e até mesmo estudar sem sair de casa. Por meio da 
internet, muito da sabedoria mundial pode ser alcança-
da por qualquer pessoa que a deseje. Basta estar diante 
de um computador, ou de posse de um desses modernos 
aparelhos celulares para se ligar a qualquer momento 
ao universo virtual. Hoje é possível ler qualquer livro a 
qualquer momento em um desses dispositivos.
Ex.: apresentação do segundo argumento sobre “o 
desenvolvimento da tecnologia em campos como o 
dos serviços sociais”
Outro aspecto que merece destaque especial é quan-
to ao atendimento oferecido ao cidadão pelos 
órgãos do serviço público. Já é possível registrar 
um boletim de ocorrências via computador ou ainda 
agendar a emissão de passaportes junto às agencias da 
Policia Federal em qualquer lugar do Brasil. Consultas 
médicas podem ser marcadas em hospitais públicos ou 
privados e os exames realizados podem ser consultados 
diretamente do banco de dados dessas entidades. 
Ex.: apresentação do terceiro argumento sobre “as 
inovações em vários outros espaços do cotidiano”
E isso não para por aí. Ainda convém lembrar que 
de muitas outras formas a tecnologia interfere 
positivamente em nossas vidas. As relações sócias 
se intensificaram depois do surgimento das várias 
redes de relacionamento tendo início com o Orkut e o 
Facebook, permitindo que as pessoas se reencontrem 
em ambientes virtuais, o que antigamente exigiria mui-
to esforço coletivo para tais eventos. Programas como 
o Zoom e o Google Meet possibilitam que as pessoas 
conversem e interajam em diferentes partes do mundo 
sem nenhum custo além dos já dispensados com seus 
provedores residenciais. Uma mãe que mora longe dos 
filhos já pode vê-los ou aos netos, pela tela de um note-
book ou celular, sempre que sentir saudade.
12
Conclusão
A conclusão é a retomada da ideia principal, que 
agora deve aparecer de forma muito mais convin-
cente, uma vez que já foi fundamentada durante o 
desenvolvimento da dissertação. Deve, pois, conter 
de forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a 
confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da argu-
mentação básica empregada no desenvolvimento.
Ex.: considerações finais
Tendo em vista esses aspectos observados sobre 
esse admirável mundo de facilidades técnicas, só nos 
resta comentar que não foi só o computador que 
tornou a vida do cidadão mais simples e confor-
tável, mas outros campos da tecnologia também 
contribuíram para isso. Os aparelhos de GPS, que 
nos orientam a qualquer direção, ou ainda diver-
sos dispositivos médicos portáteis, garantem a 
melhora da qualidade de vida de todos os homens 
do nosso tempo.
ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS
Coesão
Coesão pode ser considerada a “costura” textual, 
a “amarração” na estrutura das frases, dos períodos 
e dos parágrafos que fazemos com palavras. Para 
garantir uma boa coesão no seu texto, você deve pres-
tar atenção a alguns mecanismos. Abaixo, em negrito, 
há exemplos de períodos que podem ser melhorados 
utilizando os mecanismos de coesão:
 z Elementos Anafóricos: Esse, essa, isso, aquilo, 
isso, ele...
São palavras referentes a outras que apareceram 
no texto, a fim de retomá-las. 
Ela = Dolores seu = Ela
o = poder
Ex.: Dolores e ra beleza única. Ela sabia do seu 
poder de seduzir e o usava
 z Elementos Catafóricos: Este, esta, isto, tal como, 
a saber...
São palavras referentes a outras que irão aparecer 
no texto:
Ex.: Este novo produto a deixará maravilhosa, é o 
xampu Ela. Use-o e você não vai se arrepender!
O pronome demonstrativo este apresenta um ele-
mento do qual ainda não se falou = o xampu. 
 z Coesão lexical: são palavras ou expressões 
equivalentes.
A repetição de palavras compromete a qualidade 
do texto, mostrando falta de vocabulário do redator. 
Assim, é aconselhável a utilização de sinônimos: 
Ex.: Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase - 
êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha 
vida por umas poucas horas dessa alegria.
Nesse caso a palavra alegria aparece como sinôni-
mo semântico da palavra amor, representando-a. 
 z Coesão por elipse ou zeugma (omissão): é a 
omissão de um termo facilmente identificável.
Podemos ocultar o sujeito da frase e fazer o leitor 
procurar no contexto quem é o agente, fazendo corre-
lações entre as partes: 
Ex.: O marechal marchava rumo ao leste. Não 
tinha medo, (?) sabia que ao seu lado a sorte também 
galopava.
A interrogação representa a omissão do sujeito 
marechal que fica subentendido na oração. 
 z Conectivos principais: preposições e suas locu-
ções: em, para, de, por, sem, com... 
Conjunções e suas locuções: e, que, quando, para 
que, mas...
Pronomes relativos, demonstrativos, possessivos, 
pessoais: onde, que, cujo, seu, este, esse, ele...
Ex.: Os programas de TV, em que nós podemos ver 
muitas mulheres nuas, são imorais. Desde seu iní-
cio, a televisão foi usada para facilitar o domínio da 
sociedade. Como exemplo, podemos citar a chegada 
do homem à Lua, onde os EUA conseguiram com sua 
propaganda capitalista frente a uma Guerra Fria, a 
simpatia de grande parte da população do planeta.
Coerência
Coerência textual é uma relação harmônica que se 
estabelece entre as partes de um texto, em um contex-
to específico, e que é responsável pela percepção de 
uma unidade de sentido. Sendo assim, os principais 
aspectos envolvidos nessa questão são:
 z Coerência semântica
Refere-se à relação entre significados dos elemen-
tos da frase (local) ou entre os elementos do texto 
como um todo: 
Ex.: Paulo e Maria queria chegar ao centro da 
questão. - Não caberia aqui pensar em centro como 
bairro de uma cidade. 
É nesse caso que entra o estudo da coesão por meio 
do vocabulário.
 z Coerência sintática: refere-se aos meios sintáti-
cos que o autor utiliza para expressar a coerência 
semântica: “A felicidade, para cuja obtenção não 
existem técnicas científicas, faz-se de pequenos 
fragmentos...” - como leitor do texto, você deve 
entender que o pronome cuja foi empregado para 
estabelecer posse entre obtenção e felicidade.
É nesse caso que entra o estudo da coesão com o 
emprego dos conectivos.
 z Coerência estilística: refere-se ao estilo do autor, 
à linguagem que ele emprega para redigir. O lei-
tor atento a isso consegue facilmente entender a 
estrutura do texto e relacionar bem as informações 
LÍ
N
G
U
A
 P
O
RT
U
G
U
ES
A
13
textuais. Além disso, percebendo se a linguagem 
do texto é figurada ou não, seu raciocínio inter-
pretativo deverá funcionar de uma determinada 
maneira, como podemos ver neste texto de Fer-
nando Pessoa:
Já sobre a fronte vã se me acinzenta
O cabelo do jovem que perdi.
Meus olhos brilham menos.
Já não tem jus a beijos minha boca.
Se me ainda amas por amor, não ames:
Trairias-me comigo. 
(Ricardo Reis/Fernando Pessoa)
 z Elementos importantes de coesão e coerência: 
para continuarmos o estudo de coesão e coerência, 
devemos relembrar alguns elementos gramaticais 
importantes: 
 z Pronome demonstrativo: indicam posição dos 
seres em relação às pessoas do discurso, situando-
-o no tempo e/ou no espaço (função dêitica destes 
pronomes). Podem também ser empregados fazen-
do referência aos elementos do texto (função ana-
fórica ou catafórica). São eles: 
ESTE (A/S), ESSE (A/S), 
AQUELE (A/S)
Têm função de pronome 
adjetivo.
ISSO, ISTO, AQUILO, O 
(A/S)
Têm função de pronome 
substantivo.
MESMO, PRÓPRIO, 
SEMELHANTE, TAL (E 
FLEXÕES).
Quando são demons-
trativos, são pronomes 
adjetivos.
SELEÇÃO VOCABULAR
Dependendo da situação, a linguagem verbal 
(escrita e oral) pode ser mais ou menos formal. Quan-
do você conversa ao telefone com um velho amigo ou 
envia uma mensagem de texto para um parente, se 
comunica de uma forma mais livre;já numa entrevista 
de emprego ou ao escrever um e-mail solicitando algo a 
uma autoridade, você escolhe melhor as palavras.
Ou seja, o nível de formalidade nas comunica-
ções varia conforme a circunstância. 
A linguagem informal (oral ou escrita) geralmen-
te é usada quando temos certo nível de intimidade 
entre os interlocutores, como nas correspondências 
entre familiares ou amigos. Já a linguagem formal 
(na sua forma oral ou escrita), caracterizada pela poli-
dez e escolha cuidadosa das palavras, é normalmen-
te empregada quando nos dirigimos a alguém com 
quem não temos proximidade, como no exemplo da 
seleção de emprego e em outras situações que exigem 
tal protocolo, como na escrita de um texto científico, 
um livro didático, na correspondência entre empre-
sas e, como veremos mais adiante, na comunicação 
oficial.
O termo “registro” é usado para se fazer referência 
aos níveis de formalidade na língua falada e na língua 
escrita. Os níveis de formalidade são chamados, ain-
da, de níveis de fala ou níveis de linguagem. 
Em qualquer ato de linguagem, para a escolha do 
registro (do nível de formalidade), o indivíduo leva 
em conta, mesmo que de forma inconscientemente, 
a situação em que se encontra ao produzir seu tex-
to (oral ou escrito). Em outras palavras, ao praticar 
a comunicação, o autor escolhe um nível maior ou 
menor de formalidade e, para isso, leva em considera-
ção, entre outras coisas: 
 z O seu interlocutor;
 z Ambiente em que se encontra;
 z O assunto a ser tratado; e
 z A intenção, objetivo a ser atingido (informar, soli-
citar, persuadir etc.).
É observando esses elementos que o autor adequa: 
 z Os vocábulos;
 z A pronúncia (no caso da fala); 
 z A ortografia (no caso da escrita); e 
 z A estruturação das sentenças.
Quanto mais formal for um ato de linguagem, mais 
cuidado deve ser dedicado aos itens acima.
Observe a tabela baixo, retirada do manual de Tex-
tos Dissertativo-Argumentativo do Inep, que ilustra os 
dois tipos de registro, o formal e o informal. 
REGISTRO FORMAL REGISTRO INFORMAL
Jovem para o chefe:
Boa tarde, chefe. Infeliz-
mente, acabei de sofrer 
um acidente de trânsito e 
devo me atrasar, pois es-
tou aguardando a polícia, 
para os trâmites formais, 
e a seguradora, para o re-
colhimento do veículo.
Jovem para a mãe:
Que droga, mãe! Bateram 
no meu carro!
Tô bem, não se preocupe. 
Me mande o
número da seguradora. 
Depois te ligo.
Note que o fato é o mesmo: o acidente de trânsito 
no caminho para o trabalho. No entanto, função das 
duas diferentes situações (avisar duas pessoas com as 
quais tem diferentes níveis de intimidade), o registro 
se faz necessário em suas duas espécies: no registro 
formal e no registro informal.
Assim, ao elaborar o texto da redação oficial, 
deve-se atentar para o uso do registro formal, uma 
vez que se espera o uso da modalidade escrita formal 
da língua portuguesa.
Resumindo, a diferença entre linguagem formal e 
linguagem informal está no contexto em que elas são 
utilizadas e na escolha das palavras e expressões 
utilizadas para comunicar.
A tabela abaixo apresenta uma comparação entre 
as duas formas de linguagem.
LINGUAGEM 
FORMAL
LINGUAGEM 
INFORMAL
O que é
A linguagem formal 
é aquela utilizada 
em situações que 
exigem maior 
protocolo (situa-
ções profissionais, 
acadêmicas ou 
quando não existe 
intimidade entre os 
interlocutores).
A linguagem in-
formal é utilizada 
em situações 
mais descon-
traídas, quando 
existe maior li-
berdade entre os 
interlocutores. 
14
LINGUAGEM 
FORMAL
LINGUAGEM 
INFORMAL
Caracte-
rísticas
Uso da norma culta 
(respeito rigoroso 
às normas grama-
ticais) e utilização 
de vocabulário 
extenso; 
Não requer o uso 
da norma culta, 
sendo normal 
o uso de gírias, 
expressões popu-
lares, neologismos 
(palavras inven-
tadas) e palavras 
abreviadas, como 
vc, cê e tá.
Sofre influência de 
variações culturais 
e regionais.
Quando 
se usa
Situações mais 
formais, como 
entrevistas de em-
pregos, palestras, 
concursos públicos 
e documentos 
oficiais.
Geralmente, é uti-
lizada quando se 
dirige a superiores, 
autoridades ou ao 
público em geral. 
É mais utilizada 
quando se escreve.
Utilizada em con-
versas cotidianas, 
em mensagens de 
texto enviadas por 
celular, chats.
Normalmente é 
usada em conver-
sas entre amigos 
e familiares. O uso 
mais comum se dá 
quando se fala.
Estou muito 
atrasado.
Caramba, tô muito 
atrasado.
ESTUDO DE TEXTO (QUESTÕES 
OBJETIVAS SOBRE TEXTOS 
DE CONTEÚDO LITERÁRIO OU 
INFORMATIVO OU CRÔNICA)
 EXERCÍCIOS COMENTADOS 
1. (INEP - ENEM - 2020) Montaigne deu o nome para um 
novo gênero literário; foi dos primeiros a instituir na 
literatura moderna um espaço privado, o espaço do 
“eu”, do texto íntimo. Ele cria um novo processo de 
escrita filosófica, no qual hesitações, autocríticas, cor-
reções entram no próprio texto.
COELHO. M. Montaigne. São Paulo Publicita. 2001 (adaptado).
 O novo gênero de escrita aludido no texto é o(a)
a) confissão, que relata experiências de transformação.
b) ensaio, que expõe concepções subjetivas de um tema.
c) carta, que comunica informações para um conhecido.
d) meditação, que propõe preparações para o conhecimento.
e) diálogo, que discute assuntos com diferentes 
interlocutores.
O gênero ensaio se caracteriza por ser um texto 
de caráter opinativo, ou seja, através dele se expõe 
ideias, críticas, reflexões e impressões pessoais, 
realizando uma possível avaliação subjetiva sobre 
determinado tema. Quando a citação afirma que 
Montaigne deu nome a um novo gênero literário, e 
que esse gênero aborda o “espaço do eu” e contém 
“hesitações, autocríticas e correções”, demonstra 
que esse gênero é subjetivo. Analisando as caracte-
rísticas do gênero ensaio e as alternativas forneci-
das, fica clara a ligação entre a citação e o gênero 
literário. Resposta: Letra B.
2. (INEP - ENEM - 2020) Seixas era homem honesto; mas ao 
atrito da secretaria e ao calor das salas, sua honestidade 
havia tomado essa têmpera flexível da cera que se molda 
às fantasias da vaidade e aos reclamos da ambição.
 Era incapaz de apropriar-se do alheio, ou de praticar 
um abuso de confiança; mas professava a moral fácil e 
cômoda, tão cultivada atualmente em nossa sociedade.
 Segundo essa doutrina, tudo é permitido em matéria 
de amor; e o interesse próprio tem plena liberdade, 
desde que se transija com a lei e evite o escândalo.
ALENCAR, J. Senhora. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. 
Acesso em: 7 out. 2015.
 A literatura romântica reproduziu valores sociais em 
sintonia com seu contexto de mudanças. No fragmen-
to de Senhora, as concepções românticas do narrador 
repercutem a
a) resistência à relativização dos parâmetros éticos.
b) idealização de personagens pela nobreza de atitudes.
c) crítica aos modelos de austeridade dos espaços 
coletivos.
d) defesa da importância da família na formação moral 
do indivíduo.
e) representação do amor como fator de aperfeiçoamen-
to do espírito.
Quando observamos a afirmação de que “Seixas era 
um homem honesto”, “incapaz de apropriar-se do 
alheio”, “incapaz de praticar um abuso de confian-
ça”, mas que por outro lado “professava a moral 
fácil e cômoda, tão cultivada atualmente em nossa 
sociedade” e “sua honestidade havia tomado essa 
têmpera flexível da cera que se molda às fantasias 
da vaidade e aos reclamos da ambição” é evidente 
que exista uma resistência à relativização dos parâ-
metros éticos. Resposta: Letra A.
3. (ENEM – 2009) Gênero dramático é aquele em que o artista 
usa como intermediária entre si e o público a representa-
ção. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. 
A peça teatral é, pois, uma composição literária destinada 
à apresentação por atores em um palco, atuando e dialo-
gando entre si. O texto dramático é complementado pela 
atuação dos atores no espetáculo teatral e possui uma 
estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de 
personagens que devem estar ligados com lógica uns aos 
outrose à ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo), que 
é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir 
das personagens encadeadas à unidade do efeito e segun-
do uma ordem composta de exposição, conflito, complica-
ção, clímax e desfecho; 3) pela situação ou ambiente, que 
é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais, espirituais 
em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o 
autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real 
por meio da representação.
COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 1973 (adaptado).
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N
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U
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 Considerando o texto e analisando os elementos que 
constituem um espetáculo teatral, conclui-se que:
a) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um 
fenômeno de ordem individual, pois não é possível sua 
concepção de forma coletiva.
b) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebi-
do e construído pelo cenógrafo de modo autônomo e 
independente do tema da peça e do trabalho interpre-
tativo dos atores.
c) o texto cênico pode originar-se dos mais variados 
gêneros textuais, como contos, lendas, romances, 
poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmentos tex-
tuais, entre outros.
d) o corpo do ator na cena tem pouca importância na 
comunicação teatral, visto que o mais importante é 
a expressão verbal, base da comunicação cênica em 
toda a trajetória do teatro até os dias atuais.
e) a iluminação e o som de um espetáculo cênico inde-
pendem do processo de produção/recepção do espe-
táculo teatral, já que se trata de linguagens artísticas 
diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral.
A criação de um espetáculo acontece de forma cole-
tiva, em cenário que corresponda ao tema da peça e 
ao trabalho interpretativo dos atores, que assumem 
a importância central da peça, seguidos dos efeitos 
de luz e som. Essa afirmação invalida as alternati-
vas a, b, d e e. Além disso, há vários textos cênicos 
que se originaram de contos, lendas, romances, poe-
sias e crônicas, entre outros. Resposta: Letra C.
4. (ENEM – 2009) Assinale a alternativa que que melhor des-
creve este trecho de Juca Pirama, de Gonçalves Dias.
“IV
 Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.”
a) Possui características do gênero lírico e do épico.
b) Possui características do gênero épico e dramático.
c) Possui características do gênero lírico e do dramático
d) Possui características apenas do épico.
Embora seja um poema narrativo, com uma musi-
calidade que alterna versos contos e rimas que 
ajudam a dar o ritmo da aventura de um herói, o 
lirismo também é um ponto forte no poema. Respos-
ta: Letra A.
5. (ENEM – 2009)
Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e 
comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulhe-
res e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de 
visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa…
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 
2003.
 Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do 
movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, 
penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poetica-
mente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poe-
sia é feita de uma relação tensa entre o universal e o 
particular, como se percebe claramente na construção 
do poema Confidência do Itabirano. Tendo em vista os 
procedimentos de construção do texto literário e as 
concepções artísticas modernistas, conclui-se que o 
poema acima:
a) representa a fase heroica do modernismo, devido ao 
tom contestatório e à utilização de expressões e usos 
linguísticos típicos da oralidade.
b) apresenta uma característica importante do gênero 
lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados 
históricos.
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua 
comunidade, por intermédio de imagens que represen-
tam a forma como a sociedade e o mundo colaboram 
para a constituição do indivíduo.
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de 
inutilidade do poeta e da poesia em comparação com 
as prendas resgatadas de Itabira.
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da 
individualidade, da saudade da infância e do amor pela 
terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos.
O gênero lírico é caracterizado pela subjetividade, 
pela emoção e pelo sentimento do eu-lírico. Suas 
experiências em Itabira, de acordo com o texto, o 
fizeram triste, orgulhoso e habituado ao sofrimento 
e à dor. Resposta: Letra C.
6. (CPCON – 2016) Leia o texto a seguir para responder 
à questão 1
 Tempos Loucos – Parte 2
 Os adultos que educam hoje vivem na cultura que 
incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a 
consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais, 
consumimos informações, ideias, estilos de ser e de 
viver, conceitos que interferem na vida (qualidade de 
vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas 
variadas, aparência do corpo, a obrigatoriedade de ser 
feliz etc. Até a educação escolar virou item de consu-
mo agora. A ordem é consumir, e obedecemos muitas 
vezes cegamente a esse imperativo. 
16
 Quem viveu sem usar telefone celular por muito tempo 
não sabe mais como seria a vida sem essa inovação 
tecnológica, por exemplo. O problema é que a oferta 
cria a demanda em sociedades consumistas, que é o 
caso atual, e os produtos e as ideias que o mercado 
oferece passam a ser considerados absolutamente 
necessários a partir de então.
 A questão é que temos tido comportamento exemplar 
de consumistas, boa parte das vezes sem crítica algu-
ma. Não sabemos mais o que é ter uma vida simples 
porque almejamos ter mais, por isso trabalhamos mais 
etc. Vejam que a ideia de lazer, hoje, faz todo sentido 
para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. Ou seja: 
para descansar de uma atividade, nos ocupamos com 
outra. A vadiagem e a preguiça são desvalorizadas.
 Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, mais 
do que qualquer outra coisa. Quando uma criança de 
oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensi-
namos a consumir o que é oferecido; quando um filho 
pede para o pai levá-la ao show do RBD, e este leva 
mesmo se considera o espetáculo ruim, ensinamos a 
consumir, seja qual for a estética em questão; quando 
um jovem pede uma roupa de marca para ir a uma fes-
ta e os pais dão, ensinamos que o que consumimos é 
mais importante do que o que somos.
 Não há problema em consumir; o problema passa a 
existir quando o consumo determina a vida. Isso é 
extremamente perigoso, principalmente quando os 
filhos chegam à adolescência. Há um mercado gene-
roso de oferta de drogas. Ensinamos a consumir des-
de cedo e, nessa hora, queremos e esperamos que 
eles recusem essa oferta. Como?!
 Na educação, essa nossa característica leva a conse-
quências sutis, mas decisivas na formação dos mais 
novos. Como exemplo, podemos lembrar que estes 
aprendem a avaliar as pessoas pelo que elas aparen-
tam poder consumir e não por aquilo que são e pelas 
ideias que têm e que o grupo social deles é formado por 
pares que consomem coisa semelhantes. Não é à toa 
que os pequenos furtos são um fenômeno presente em 
todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas.
 Nessa ideologia consumista,é importante considerar 
que os objetos perdem sua primeira função. Um car-
ro deixa de ser um veículo de transporte, um telefone 
celular deixa de ser um meio de comunicação; ambos 
passam a significar status, poder de consumo, condi-
ção social, entre outras coisas.
 A educação tem o objetivo de formar pessoas autôno-
mas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses 
dois conceitos se transformaram completamente e 
perderam o seu sentido original. Os jovens hoje acre-
ditam que têm liberdade para escolher qualquer coi-
sa, por exemplo. Na verdade, as escolhas que fazem 
estão, na maioria das vezes, determinadas pelo con-
sumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?
Rosely Sayão.
Fonte: https://bit.ly/3jCKFT1. Acessado em 18/09/2020.
 O texto pode ser considerado:
a) Resenha, porque tem a finalidade de criticar, avaliar e 
orientar o leitor, estimulando ou desestimulando-o ao 
consumismo.
b) Relato pessoal, pois tem o objetivo de relatar expe-
riências vividas, episódios marcantes na vida de quem 
escreve.
c) Gênero Jornalístico Notícia, pois tem a intenção de 
informar o leitor sobre os valores que regem o consu-
mismo, de forma objetiva e impessoal.
d) Artigo de opinião, por ser um texto argumentativo que 
aborda um tema polêmico e de interesse social.
e) Depoimento, por narrar acontecimentos de vida dos 
jovens.
Como podemos notar pela leitura, o texto apresenta 
a opinião da autora sobre um tema bem atual que 
envolve o consumo de bens em excesso e a criação 
de indivíduos nesse sistema. Sobre a configuração 
do texto, podemos identificar bem a tese defendida 
por Sayão, as informações que compreendem os 
argumentos desenvolvidos e a retomada da tese ini-
cial na conclusão, dando ao texto um teor de gênero 
opinativo. Resposta: Letra D. 
7. (PREFEITURA DE CONTAGEM – 2016)
Fonte: Internet. Acessado em: 01/03/21.
 Considerando-se que os gêneros textuais apresentam 
objetivos distintos, pode-se afirmar que é objetivo do 
texto:
a) Apresentar um produto para o leitor.
b) Persuadir o leitor a aderir a uma determinada ideia.
c) Discutir um problema importante do cotidiano.
d) Argumentar sobre a importância da preservação da 
água.
O texto apresenta uma peça publicitária que busca 
persuadir o leitor a realizar uma determinada ação. 
No caso em questão, busca-se que o leitor economi-
ze água. Os gêneros publicitários usam, predomi-
nantemente, a sequência textual injuntiva, na qual 
predomina verbos no imperativo, como os verbos 
utilizados na primeira oração do cartaz avaliado. 
Resposta: Letra B. 
TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS 
TEXTUAIS
CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS
Tipos ou sequências textuais são unidades que 
estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVAL-
CANTE, 2013), “são unidades estruturais, relativamente 
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autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais 
marcam uma forma de organização da estrutura do 
texto que se molda a depender do gênero discursivo e 
da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros 
que apresentam a predominância de narrações – con-
tos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc –, 
em outros predomina a argumentação – redação do 
ENEM, teses, dissertações, artigo de opinião etc.
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, 
inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos 
essa figura que demonstra como podemos identificar os 
tipos textuais e suas principais características, tendo em 
vista que cada sequência textual apresenta característi-
cas próprias as quais, conforme mencionamos, pouco 
ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutu-
ra linguística quase rígida que nos permite classificar os 
tipos textuais em 5 categorias (Narrativo; Descritivo; 
Expositivo; Instrucional; Argumentativo).
FRASES TEXTOTIPO TEXTUAL
GÊNERO TEXTUAL
A partir desse esquema, podemos identificar que a 
orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual 
predominante que o texto deve manter, organizado 
pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence.
TIPO TEXTUAL
Classifica-se conforme as marcas linguísticas 
apresentadas no texto. Também é chamado de 
sequência textual
GÊNERO TEXTUAL
Classifica-se conforme a função do texto, atribuí-
da socialmente
Uma última informação muito importante sobre 
tipos textuais que devemos considerar é que nem todos 
texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor-
re é a existência de predominância de algumas sequên-
cias em detrimento de outras, de acordo com o texto. 
Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a 
diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo 
suas principais características e marcas linguísticas.
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Narrativo
Os textos compostos predominantemente por se-
quências narrativas cumprem o objetivo de contar 
uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
ter a atenção do leitor/ouvinte. Para tal, lançam mão 
de algumas estratégias, como a organização dos fatos 
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão 
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um 
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-
vo pode ser caracterizado por sete aspectos:
 z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equi-
líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa;
 z Complicação: desenvolvimento da tensão apre-
sentada inicialmente;
 z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que 
ampliam a tensão;
 z Resolução: Momento de solução da tensão;
 z Situação final: Retorno da situação equilibrada;
 z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre 
a resolução;
 z Moral: Apresentação de valores morais que a histó-
ria possa ter apresentado.
Esses sete passos podem ser encontrados no seguin-
te exemplo, a canção Era um garoto que como eu...
Vamos ler e identificar essas características, bem 
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex-
tual narrativo.
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling 
Stones
Girava o mundo sempre a cantar
As coisas lindas da América
1. Situação 
inicial: pre-
domínio de 
equilíbrio
Não era belo, mas mesmo assim
Havia uma garota afim
Cantava Help and Ticket to Ride
Oh Lady Jane, Yesterday
Cantava viva à liberdade
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou
Fora chamado na América
Stop! Com Rolling Stones
2. Complica-
ção: início da 
tensão
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã
Lutar com vietcongs
3. Clímax
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling 
Stones
Girava o mundo, mas acabou
4. Resolução
Fazendo a guerra no Vietnã
Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra e sim
Um instrumento que sempre dá
A mesma nota, 
ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas
Só gente morta caindo ao chão
Ao seu país não voltará
6. Situação 
final
7. Avaliação
Pois está morto no Vietnã
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
Stop! Com Beatles songs
No peito, um coração não há
Mas duas medalhas sim
8. Moral
Essas sete marcas que definem o tipo textual narra-
tivo podem ser resumidas em marcas de organização 
linguística caracterizadas por: presença de marcado-
res temporais e espaciais; verbos, predominante-
mente, utilizados no passado; presença de narrador 
e personagens.
18
Importante!
Os gêneros textuais que são, predominantemente, narrativos, apresentam outras tipologias textuais em 
sua composição, tendo em vista que nenhum texto é composto exclusivamente por uma sequência textual. 
Por isso, devemos sempre identificar as marcas linguísticas que são predominantes em um texto, a fim de 
classificá-lo.
Para sua compreensão, também é preciso saber o que são marcadores temporais e espaciais.
São formas linguísticas como advérbios, pronomes, locuções etc. utilizados para demarcar um espaço físico 
ou temporal em textos. Nos tipos textuais narrativos, esses elementos são essenciais para marcar o equilíbrio e a 
tensão da história, além de garantirema coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais e espaciais: Atual-
mente, naquele dia, nesse momento, aqui, ali, então...
Um outro indicador do texto narrativo é a presença do narrador da história. Por isso, é importante aprender-
mos a identificar os principais tipos de narrador de um texto:
Narrador: também conhecido como foco narrativo é o responsável por contar os fatos que compõem o texto
Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pessoa. O narrador participa dos fatos
Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pessoa. O narrador tem propriedade dos fatos contados, porém não 
participa das ações
Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e não 
participa das ações, porém o fluxo de consciência do narrador pode ser exposto, levando o texto para a 1ª pessoa
Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas predominantemente narrativas, são eles: notícia, diário, con-
to, fábula, entre outros. É importante reafirmar que o fato de esses gêneros serem essencialmente narrativos não 
significa que não possam apresentar outras sequências em sua composição. 
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na classificação correta, é sempre essencial prestar atenção nas 
marcas que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as marcas 
mais importantes da sequência textual classificada como descritiva.
Descritivo 
O tipo textual descritivo é marcado pelas formas nominais que dominam o texto. Os gêneros que utilizam esse 
tipo textual, geralmente, utilizam a sequência descritiva como suporte para um propósito maior. São exemplos 
de textos cujo tipo textual predominante é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio, classificados, lista 
de compras etc. Veja um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impressões a respeito de alguns 
aspectos do território que viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500. 
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, 
assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam 
mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; 
e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos 
pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha
Note que apesar da presença pontual da sequência narrativa, há predominância da descrição do cenário e dos 
personagens, evidenciada pela presença de adjetivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, descobertas etc). A 
carta de Pero Vaz constitui uma espécie de relato descritivo para manter a comunicação entre a Corte Portuguesa 
e os navegadores. Todavia, considerando as emergências comunicativas do mundo moderno, a carta tornou-se 
um gênero menos usual e, aos poucos, substituído por outros gêneros como, por exemplo, o e-mail. 
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos 
ver no cardápio a seguir: 
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Fonte: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-
pai-a-vender-na-web.ghtml
Note que há presença de muitos adjetivos, locuções e substantivos que buscam levar o leitor a imaginar o 
objeto descrito. O gênero acima apresenta a descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne etc) com uso de 
adjetivos ou locuções adjetivas (de queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc). Ele está organizado de forma 
esquematizada em seções (salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira que facilita a leitura (o pedido, no 
caso) do cliente. 
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Organização do texto descritivo:
 Expositivo
O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a 
fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo 
textual, é muito comum a presença de dados, informa-
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem 
para embasar o assunto do qual o texto trata. Para lus-
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir:
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados-
mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua
O infográfico acima apresenta as informações per-
tinentes sobre o panorama mundial da situação da 
água no ano de 2016. O gênero foi construído com o 
objetivo de deixar o leitor informado a respeito do 
tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
gir esse objetivo. 
Assim como os tipos textuais apresentados ante-
riormente, os textos expositivos também apresentam 
uma estrutura que mistura elementos tipológicos de 
outras sequências textuais, tendo em vista que, para 
apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos 
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos 
argumentativos, uma vez que existem textos argu-
mentativos que são classificados como expositivos, 
pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma 
argumentação. 
Outra importante diferença entre a sequência 
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma 
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem 
para a argumentação, uma vez que o fato exposto 
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento 
sobre uma questão não é posto em debate. 
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo:
 z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre-
sença de verbos de estado;
 z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que 
organizam a informação;
 z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
 z Presença de figuras de linguagem como metáfora 
e comparação;
 z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao 
final do texto.
Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-
tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:
VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO-
NARAM O MUNDO
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43
Hedy Lamarr - conexão wireless
Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy” 
(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy 
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia 
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer-
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên-
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini-
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde, 
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o 
Wi-Fi e o Bluetooth.
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.
Instrucional ou Injuntivo
O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri-
zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL-
CANTE, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor a 
realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante 
em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na internet, 
horóscopos e também nos manuais de instrução.
A principal marca linguística dessa tipologia é a 
presença de verbos conjugados no modo imperati-
vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve 
ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e 
levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
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Para que possamos identificar corretamente essa 
tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne-
ro textual que apresente esse tipo de texto, como o 
exemplo a seguir:
Como faço para criar uma conta do Instagram?
Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo:
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone) 
ou Google Play Store (Android).
2. Depois de instalaro aplicativo, toque no ícone 
para abri-lo.
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de 
telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira 
seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi-
rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam-
bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se 
cadastrar com sua conta do Facebook.
4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te-
lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha 
as informações do perfil e toque em Avançar. Se você 
se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na 
conta do Facebook, caso tenha saído dela.
Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em: 
07/09/2020.
No exemplo acima, podemos destacar a presença 
de verbos conjugados no modo imperativo, como: bai-
xe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo, 
como: instalar, cadastrar, avançar. Outra caracte-
rística dos textos injuntivos é a enumeração de passos 
a serem cumpridos para a realização correta da tare-
fa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais 
didática.
É importante lembrar que a principal marca 
linguística dessa tipologia é a presença de verbos 
conjugados no modo imperativo e em sua forma infi-
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar 
persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio-
nadas pelo gênero.
Argumentativo
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais 
complexo e, por vezes, pode apresentar um maior 
grau de dificuldade na identificação, bem como em 
sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo 
a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a 
defesa de uma tese e a apresentação de argumen-
tos que visam sustentar essa tese.
Um exemplo típico desse tipo de texto argumen-
tativo são as redações do ENEM. Nesse tipo de texto, 
a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser 
defendido pelo autor de maneira contextualizada. No 
segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar 
estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto 
de vista, como dados estatísticos, definições, exempli-
ficações, alusões históricas e filosóficas, referências 
a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o 
autor conclui, ratificando seu ponto de vista, e apre-
senta possíveis soluções para o problema em questão. 
Outro aspecto importante dos textos argumentati-
vos é que eles são compostos por estruturas linguísti-
cas conhecidas como operadores argumentativos, que 
organizam as orações subordinadas, estruturas mais 
comuns nesse tipo textual.
A seguir, apresentamos um quadro sintético com 
algumas estruturas linguísticas que funcionam como 
operadores argumentativos e que facilitam a escrita e 
a leitura de textos argumentativos:
OPERADORES ARGUMENTATIVOS
É incontestável que...
Tal atitude é louvável, repudiável, notável...
É mister, é fundamental, é essencial...
Essas estruturas, se utilizadas adequadamente no 
texto argumentativo, expõem a opinião do autor, aju-
dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a 
estrutura argumentativa desse tipo textual.
Importante!
O tipo textual argumentativo não pode ser 
confundido com o gênero textual dissertativo-
-argumentativo. Esse gênero é composto por 
sequências argumentativas, mas também há 
a apresentação, dissertação de ideias, a fim de 
alcançar a persuasão do ouvinte/leitor. O Exame 
Nacional do Ensino Médio – ENEM é um certame 
que cobra esse gênero em sua prova de redação.
Agora que já conhecemos os cinco principais tipos 
textuais, vamos exercitar nossos conhecimentos com 
as seguintes questões de concurso:
 EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (COMPERVE – 2017) A questão refere-se ao texto 
abaixo.
 Há vida fora da Terra?
 1º Em 15 de agosto de 1977, um radiotelescópio do 
Instituto Seti (“Busca por Inteligência Extraterrestre”, 
na sigla em inglês), nos EUA, captou uma mensagem 
estranha. Foi um sinal de rádio que durou apenas 72 
segundos, só que muito mais intenso que os ruídos 
comuns vindos do Cosmo. Ao analisar as impressões 
em papel feitas pelo aparelho, o cientista Jerry Ehman 
tomou um susto. O sistema captara um sinal 30 vezes 
mais forte que o normal. Seria alguma civilização ten-
tando fazer contato? Ehman ficou tão impressionado 
que circulou os dados do computador e escreveu ao 
lado: “Wow!”. O caso ficou conhecido como Wow sig-
nal  (sinal “uau”!), e até hoje é o episódio mais mar-
cante na busca por inteligência extraterrestre. O Seti 
e outras instituições tentaram detectar o sinal várias 
vezes depois, mas ele nunca foi encontrado.
 2º Mesmo assim, hoje, muitos cientistas acreditam 
que o contato com extraterrestres é mera questão 
de tempo. “Numa escala de 1 (pouco provável) a 10 
(muito provável), eu diria que nossa chance de fazer 
contato com ETs em meados deste século é 8”, acre-
dita o físico Michio Kaku, da City College de Nova York. 
Esse otimismo tem justificativa. “Pelo menos 25% das 
estrelas têm planetas. E, dessas estrelas, pelo menos 
a metade tem planetas semelhantes à Terra”, explica 
o físico Marcelo Gleiser. Isso significa que, na nossa 
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galáxia, podem existir até 10 bilhões de planetas pare-
cidos com o nosso. Uma quantidade imensa. Ou seja: 
pela lei das probabilidades, é muito possível que haja 
civilizações alienígenas. O satélite Kepler, da Nasa, já 
catalogou 2740 planetas parecidos com a Terra, onde 
água líquida e vida talvez possam existir. Um dos mais 
“próximos” é o Kepler 42d, a 126 anos -luz do Sol (um 
ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros).
 3º Kaku acredita que, para civilizações muito avan-
çadas, essa distância não seria um problema – pois 
elas poderiam manipular o espaço-tempo e utilizar 
portais no Cosmos, como nos filmes de ficção cientí-
fica. Ok, mas então por que até hoje esse pessoal não 
veio aqui? “Se são mesmo tão avançados, talvez não 
estejam interessados em nós”, opina Kaku. “É como a 
gente ir a um formigueiro e dizer às formigas: ‘Levem-
-nos a seu líder!’.” Para outros cientistas, contudo, a 
existência de civilizações avançadas é mera especula-
ção. E explicar por que elas não colonizaram a Terra já 
é querer dar uma de psicólogo de aliens.
 4º Tudo bem que existem bilhões de terras por aí. E 
que a probabilidade de existir vida lá fora é muito gran-
de. Mas não significa que seja vida inteligente. “Você 
pode ter um planeta cheio de vida, mas formada por 
amebas e outros seres unicelulares”, acredita Glei-
ser. Afinal, com a Terra foi assim. A vida aqui existe 
há cerca de 3,5 bilhões de anos. Mas durante quase 
todo esse tempo (3 bilhões de anos), só havia seres 
unicelulares: as cianobactérias, também chamadas de 
algas verdes e azuis.
 5º Além disso, não basta o tempo passar para que as 
formas de vida se tornem complexas e inteligentes. A 
função essencial da vida é se adaptar bem ao ambien-
te onde ela está. A vida só muda – na esteira de algu-
ma mutação genética – se uma mudança ambiental 
exigir que ela mude. Assim, se o ambiente não mudar 
e a vida estiver bem adaptada, as mutações genéticas 
que, em geral, aparecem ao longo de gerações não vão 
fazer diferença. Tudo depende da história de cada pla-
neta. Se o asteroide que matou os dinossauros há 65 
milhões de anos não tivesse caído aqui na Terra, e os 
dinossauros não tivessem sido extintos, não estaría-
mos aqui.
 6º “Não temos nenhuma prova ou argumento forte 
sobre a existência de vida inteligente fora da Terra”, 
diz Gleiser. “Existe vida? Certamente. Mas como não 
entendemos bem como a evolução varia de planeta 
para planeta, é muito difícil prever ou responder se 
existe ou não vida inteligente fora daqui”, completa. 
“Se existe, a vida inteligente fora da Terra é muito rara.” 
Decepcionante.
 7º Mas antes de lamentar a solidão da humanidade 
no Cosmos, saiba que ela pode ser uma boa notícia. 
Porque, se aliens inteligentes realmente existirem, não 
serão necessariamente bondosos. “Se eles algum dia 
nos visitarem, acho que o resultado será o mesmo que 
quando Cristóvão Colombo chegou à América. Não foi 
bom para os índios nativos”,afirmou, certa vez, o físi-
co Stephen Hawking.
Disponível em:< http://super.abril.com.br/ciencia/ha-vida-fora-da-
terra-2/>. Acesso em: 7 jul. 2017. [Adaptado]
 No primeiro e no segundo parágrafos, predominam, 
respectivamente:
a) Narração e descrição.
b) Narração e explicação.
c) Explicação e descrição.
d) Explicação e injunção.
No primeiro parágrafo, há a narração de uma his-
tória sobre um contato de possíveis extraterrestres 
com a Terra; para contar essa história, o autor 
utilizou muitos verbos no passado, predominando 
trechos como este: “o cientista Jerry Ehman tomou 
um susto”. Já o segundo parágrafo apresenta a pre-
dominância de informações que visam a explicar o 
fenômeno narrado anteriormente, o que fica claro 
por trechos assim: “Esse otimismo tem justificati-
va. ‘Pelo menos 25% das estrelas têm planetas. E, 
dessas estrelas, pelo menos a metade tem planetas 
semelhantes à Terra’, explica o físico Marcelo Glei-
ser”. Resposta: Letra B. 
2. (FUNDEP – 2019)
 Circuito Fechado
Ricardo Ramos
 Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Esco-
va, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pin-
cel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, 
água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, 
camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, 
paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, 
lenço. Relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos, jor-
nal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, 
guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. 
Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, 
agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, 
espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso 
com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bande-
ja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, 
relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, 
bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cin-
zeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, 
fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, 
xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadronegro, giz, 
papel. Mictório, pia. Água. Táxi, mesa, toalha, cadeiras, 
copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. 
Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de den-
tes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, 
revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone inter-
no, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, 
relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, 
telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xíca-
ra, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço 
de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Pol-
trona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, 
talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fós-
foro. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltro-
na. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, 
meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. 
Coberta, cama, travesseiro.
Disponível em: <https://tinyurl.com/y4e7n4u7>. Acesso em: 17 jul. 
2019.
 A respeito da tipologia desse texto, é correto afirmar 
que ele é:
a) dissertativo-argumentativo.
b) dissertativo-expositivo.
c) descritivo.
d) narrativo.
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O texto descritivo é caracterizado pela forte presen-
ça de formas nominais, conforme o texto em debate. 
Resposta: Letra C.
GÊNEROS TEXTUAIS
Quando pensamos em uma definição para gêne-
ros textuais, somos levados a inúmeros autores que 
buscaram definir e classificar esses elementos, e, ini-
cialmente, é interessante nos lembrarmos dos gêne-
ros literários que estudamos na escola. Podemos nos 
remeter aos conceitos de Tragédia e Comédia, refe-
rentes aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem 
nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odis-
seia, ambas de Homero? Mas o que esses textos têm 
em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pen-
sar que nada, além do fato de terem sido escritos pelo 
mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias res-
peita um padrão textual estabelecido e reconhecido 
na época em que foram escritas.
De maneira análoga, quando pensamos em gêne-
ros textuais, devemos identificar os elementos que 
caracterizam textos, aparentemente, tão diferentes. 
Logo, da mesma forma que comparamos as estruturas 
de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as semelhanças 
entre uma notícia e um artigo de opinião, por exem-
plo, e também é fundamental identificar as razões que 
nos levam a classificar cada um desses gêneros com 
termos diferentes. 
Importante!
Esse ponto de interseção é o que podemos esta-
belecer como os principais aspectos de classifi-
cação de um gênero textual.
Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p. 
71), o ponto de interseção que estabelece sobre qual 
gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de 
comportamentos estereotipados e anônimos que se 
estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam 
sujeitos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro 
elemento que precisamos identificar para classificar 
um gênero é o papel social, marcado pelos compor-
tamentos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem 
vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer com-
preender tão bem quanto ser compreendido.
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor dife-
rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos 
textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui-
to mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O 
fator social dos gêneros textuais também irá direcio-
nar outros aspectos importantes na classificação des-
ses elementos, justamente devido à dinâmica social 
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de 
alterações em sua estrutura. 
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, 
tornando o gênero completamente modificado, como 
se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exem-
plo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam 
a uma finalidade específica e momentânea, como 
aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da 
loja “O Boticário”:
Fonte: https://bit.ly/34yptsR. Acessado em: 12/09/2020.
O gênero anúncio apresenta uma clara referên-
cia ao gênero contos de fada, porém, a estrutura des-
se gênero que é, predominantemente, narrativo foi 
modificada para que o propósito do anúncio fosse 
alcançado, ou seja, persuadir o leitor e levá-lo a adqui-
rir os produtos da marca. No caso do gênero anún-
cio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua 
estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a 
fim de que a principal função do anúncio se cumpra, 
qual seja: vender um produto.
A partir desses exemplos, já podemos enumerar 
mais algumas características comuns a todos os tipos 
de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o 
propósito de um gênero, para alguns autores, como 
Swales (1990), chamado de propósito comunicativo. 
Segundo esse autor, os gêneros têm a função de rea-
lizar um objetivo ou objetivos; então, ele sustenta a 
posição de que o propósito comunicativo é o critério 
de maior importância, pois é o que motiva uma ação e 
é vinculado ao poder do autor.
Além disso, um gênero textual, para ser identifica-
do como tal, é amparado por um protótipo textual, o 
qual também pode ser reconhecido como estereótipo 
textual, que resguarda características básicas do gêne-
ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio-
nado acima, identificamos traços do gênero contos de 
fada tanto na porção textual do anúncio que começa 
com a frase: “era uma vez...” quanto pelas imagens 
que remetem ao conto da “Branca de Neve”.
Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os 
falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e 
também a escrever esse gênero quando necessitam. 
Isso é o que torna a característica da prototipicidade 
tão importante no reconhecimento e na classificação 
de um gênero. Ademais, os traços estereotipados de 
um gênero devem ser reconhecidos por uma comu-
nidade, reafirmando o teor social desses elementos e 
estabelecendo a importância de um indivíduo adqui-
rir o hábito da leitura, pois quanto mais selê, a mais 
gêneros se é exposto.
Portanto, a partir de todas essas informações sobre 
os gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira 
resumida, os gêneros textuais são ações linguísti-
cas situadas socialmente que servem a propósitos 
específicos e são reconhecidos pelos seus traços 
em comum. A seguir, demonstramos uma tabela com 
as características básicas para a correta identificação 
dos gêneros textuais:
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GÊNEROS TEXTUAIS SÃO:
 z Ações sociais
 z Ações com configuração prototípica
 z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade
 z O propósito de uma ação social
 z Divididos em classes
Outra importante característica que devemos refor-
çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis, 
existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros 
sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não 
há um número exato de gêneros textuais que possamos 
estudar, diferentemente dos tipos textuais. 
GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS
Relação com aspectos 
sociais
Associação a aspectos 
linguísticos
Podem ser alterados
Não podem sofrer altera-
ção, sob pena de serem 
reclassificados
Estabelecem uma função 
social
Organizam os gêneros 
textuais
Apesar de não existir um número quantificável 
de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos 
gêneros mais comuns nas provas de concursos, com o 
fito de nos prepararmos melhor e ganharmos tempo 
na resolução de questões que envolvam esse assun-
to. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais 
gêneros textuais abordados em importantes bancas 
de concursos no país. Posteriormente, trazemos ques-
tões de provas de concursos anteriores que irão nos 
auxiliar a praticar esse conteúdo.
Notícia
A notícia é um gênero textual de caráter jornalís-
tico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de 
maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresen-
tar sequências textuais narrativas e descritivas na sua 
composição linguística, por isso, é fundamental sem-
pre termos em mente as características basilares de 
todos os principais tipos textuais, os quais tratamos 
anteriormente.
Como aprendemos no início deste capítulo, os 
gêneros textuais possuem características que os dis-
tinguem dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter 
um apelo a questões sociais, um propósito comunica-
tivo e apresentar uma configuração mais ou menos 
padrão que varia em poucos ou nenhum aspecto 
entre os gêneros.
Por ser um gênero, a notícia também apresenta 
essas características. Seu propósito comunicativo é 
informar uma comunidade sobre assuntos de inte-
resse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada 
com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a 
transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra 
importante característica da notícia é a sua configura-
ção prototípica, seu padrão textual reconhecido por 
leitores de uma comunidade.
Essa configuração própria da notícia é reconheci-
da pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia. 
Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro-
totípico desse gênero: 
Casal suspeito de assaltos é preso após 
colidir carro na contramão enquanto fugia 
da polícia, em Fortaleza
Manchete
Foram apreendidos três aparelhos celu-
lares roubados e uma arma de fogo com 
seis munições.
Lead
Um casal suspeito de realizar assaltos foi 
preso após capotar um carro ao dirigir na 
contramão enquanto fugia da polícia na 
tarde deste domingo (13), no Bairro Henri-
que Jorge, em Fortaleza.
Uma das vítimas, que preferiu não se iden-
tificar, disse que os assaltantes dirigiam 
em alta velocidade pelas ruas após abor-
dar de forma fria os pertences. “A mulher 
estava conduzindo o carro e o comparsa 
dela abordava as pessoas colocando a 
arma na cabeça”, afirmou.
Corpo 
da notícia
Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020.
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja 
seu propósito de informar, é fundamental que o autor 
do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor-
nar seu texto imparcial e objetivo:
É importante ressaltar que, com o advento das 
redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o 
gênero notícia seja divulgado por meio de plataformas 
diferentes, como as redes sociais. Isso democratiza a 
informação, porém também abre margem para a cria-
ção de notícias falsas que se baseiam nesse esquema 
de organização das notícias tentando passar alguma 
credibilidade ao público. Então, atualmente, podemos 
afirmar que a fonte de publicação é tão importante 
para o reconhecimento de uma notícia quanto a estru-
tura padrão do gênero da qual tratamos acima. 
O próximo gênero que trataremos é a reportagem 
que guarda sutis diferenças em comparação com a notí-
cia e também é muito abordada em provas de concursos.
Reportagem
A reportagem é um gênero textual que, diferen-
temente da notícia, além de oferecer informações 
acerca de um assunto, também apresenta os pontos 
de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter 
argumentativo; essa é a principal diferença entre os 
gêneros notícia e reportagem.
Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou 
buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar 
nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por 
isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon-
tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com 
a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista.
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Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre 
um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre-
diente” dos textos desse gênero que são representados, 
predominantemente, pela sequência argumentativa. 
É importante relembrarmos que o tipo textual 
argumentativo é organizado em três macro partes: 
tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse 
padrão, a reportagem aprofunda-se em temas sociais 
de ampla repercussão e interesse do público, algo que 
não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia 
busca apenas a divulgação da informação.
Diante disso, o suporte de veiculação das repor-
tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo, 
como a televisão, o computador, o tablet, o celular. 
As reportagens têm um caráter de “matérias espe-
ciais” em jornais de ampla repercussão, mas também 
podem ser veiculadas em suportes escritos, como 
revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das 
redes sociais, estas são os principais meios de divulga-
ção desse gênero atualmente.
Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor-
tagem apresenta informações mais detalhadas sobre 
um fato e/ou fenômeno de grande relevância social. 
Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados 
que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
trua sua própria opinião sobre o tema.
A despeito dessas diferenças na construção dos 
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar-
dam semelhanças, como a busca pelas respostas às 
perguntas O quê? Como? Por quê? Onde? Quando? 
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da 
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da 
primeira por seu caráter essencialmente informativo.
NOTÍCIA REPORTAGEM
Apresenta um fato de 
forma simples e objetiva;
Questiona fatos e efeitos 
de um fato determinado;
Objetivo é informar; Apresenta argumentos sobre um mesmo fato;
Apuração dos fatos 
objetiva; Apuração extensa;
Conteúdo de curto prazo;
Conteúdo sem ordem 
determinada, pode apre-
sentar entrevistas, dados, 
imagens, etc.
Conteúdo segue o mode-
lo da pirâmide invertida 
(conf. acima).
Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado.
É importante ressaltar que nenhum gênero é com-
posto apenas por uma única sequência textual e que, 
portanto, a reportagem também apresentará esse 
paradigma, pois esse gênero é essencialmente argu-
mentativo, porém pode apresentar outras sequências 
textuais a fim de alcançar seu objetivo final.
A seguir, daremos continuidade aos nossos estu-
dos sobre os principais gêneros textuais objeto de pro-
vas de concurso com um dos gêneros mais comuns em 
provas de seleções: o artigo de opinião.
Artigo de opiniãoO artigo de opinião faz parte da ordem de textos 
que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumen-
tação para analisar, avaliar e responder a uma ques-
tão controversa. Esse instrumento textual situa-se no 
âmbito do discurso jornalístico, pois é um gênero que 
circula, principalmente, em jornais e revistas impres-
sos ou virtuais. Com o artigo de opinião, temos a dis-
cussão de um problema de âmbito social. E, por meio 
dessa discussão, podemos defender nossa opinião, 
como também refutar opiniões contrárias às nossas, 
ou ainda, propor soluções para a questão controversa. 
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opi-
nião é a de convencer seu interlocutor; para isso, ele 
terá que usar de informações, fatos, opiniões que 
serão seus argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Bar-
bosa aponta:
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que 
se busca convencer o outro de uma determinada 
ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por 
meio de um processo de argumentação a favor de 
uma determinada posição assumida pelo produtor 
e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É 
um processo que prevê uma operação constante de 
sustentação das afirmações realizadas, por meio 
da apresentação de dados consistentes que possam 
convencer o interlocutor (2011. p. 305).
Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, 
o escritor deverá usar diversos conhecimentos, como: 
enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. 
É por meio da escolha de determinados recursos lin-
guísticos que percebemos que nada é por acaso, pois, 
a cada escolha há uma intenção: “... toda atividade 
de interpretação presente no cotidiano da linguagem 
fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas 
intenções ao comunicar-se” (KOCH, 2011, p. 22).
Quando queremos dar uma opinião sobre determi-
nado tema, é necessário que tenhamos conhecimento 
sobre ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos 
de opinião são especialistas no assunto por eles abor-
dado. Ao escolherem um assunto, os autores devem 
considerar as diversas “vozes” já existentes sobre 
mesmo assunto. E, dependendo da intenção, apoiar 
ou negar determinadas vozes.
Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de 
um texto de opinião deve ser simples, direta, convin-
cente. Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primei-
ra ser adequada para um artigo de opinião pessoal; 
porém, ao escolher a terceira pessoa do singular, o 
articulista consegue dar um tom impessoal ao seu tex-
to, fazendo com que sua produção textual não fique 
centrada só em suas próprias opiniões. 
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodri-
guez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte 
estruturação: 
 z Identificação do tema, acompanhada de seus ante-
cedentes e alcance para situar a questão polêmica; 
 z Tomada de posição, exposição de argumentos de 
modo a justificar a tese; 
 z Reafirmação da posição adotada no início da pro-
dução, ao mesmo tempo em que as ideias são arti-
culadas e o texto é concluído.
26
ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO
Introdução Identificação da questão polêmica alvo de debate no texto
Desenvolvimento
Tese do autor (posicionamento 
defendido) – Tese contrária (posi-
cionamentos de terceiros) – Acei-
tação ou refutação – Argumentos 
a favor da tese do autor do texto
Conclusão Fechamento do texto e reforço do posicionamento adotado
No processo de escrita de qualquer texto, é preci-
so estar atento aos elementos de coesão que ligam as 
ideias do autor aos seus argumentos, porém, nos tex-
tos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais 
atenção a esse processo; por isso, muito cuidado com 
a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos. 
A fim de mantermos a linha de pensamento nos 
estudos de textos argumentativos, seguimos nossa 
abordagem apresentando outro gênero sempre pre-
sente nas provas de língua portuguesa em concursos 
públicos: o editorial.
Editorial
Até aqui, estudamos dois gêneros com predominân-
cia de sequência argumentativa. O terceiro será o edi-
torial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e 
que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos 
textos argumentativos de uma forma geral, iremos 
nos atentar aqui para as principais características do 
gênero editorial e no que ele se diferencia do artigo de 
opinião, por exemplo.
EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS
 z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito 
de um tema atual
 z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os 
leitores sobre alguma temática importante
 z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a 
favor de uma causa de interesse coletivo
 z Sua estrutura também é baseada em: Introdu-
ção, Desenvolvimento e Conclusão
O início de um editorial é bem semelhante ao de 
um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central 
ou problema social a ser debatido no texto, poste-
riormente segue-se a apresentação do ponto de vista 
defendido e conclui-se com a retomada da opinião 
apresentada incialmente. A principal diferença entre 
editorial e artigo de opinião é que aquele representa 
a opinião de uma corporação, empresa ou instituição. 
EDITORIAL – MARCAS LINGUÍSTICAS
 z Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural
 z Uso do modo indicativo nas formas verbais 
predominante
 z Linguagem clara, objetiva e impessoal
O editorial, além de ser um gênero muito comum 
nas provas de interpretação textual em concursos 
públicos, também é, recorrentemente, cobrado por 
muitas bancas em provas de redação. Por isso, a 
seguir, apresentamos um breve esquema para facili-
tar a escrita desse gênero, especialmente em certames 
que cobrem redação.
EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR 
PARÁGRAFOS
Parágrafo 1
Apresentação do tema (situando o leitor) 
e já com um posicionamento definido. 
Ser didático ao apresentar o assunto ao 
leitor
Parágrafo 2
Contextualização do tema, comparando-
-o com a realidade e trazendo as causas 
e indicativos concretos do problema. 
Mais uma vez, posicionamento sobre o 
assunto
Parágrafo 3
Análise e as possíveis motivações que 
tornam o tema polêmico (ou justificativas 
de especialista da área). É preciso trazer 
dados factuais, exemplos concretos que 
ilustram a argumentação
Parágrafo 4
Conclusivo, com o posicionamento crí-
tico final, retomando o posicionamento 
inicial sem se repetir
A seguir, apresentamos nosso último gênero tex-
tual abordado neste material. Lembramos que o 
universo de gêneros textuais é imenso, por isso, é 
impossível apresentar uma compilação de estudos 
com todos os gêneros; apesar disso, trazemos aqui os 
principais gêneros cobrados em avaliações de língua 
portuguesa. Seguindo esse critério, o próximo gênero 
estudado é a crônica.
Crônica
O gênero crônica é muito conhecido no meio lite-
rário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se 
tornaram famosos pelo uso do gênero, como Luís Fer-
nando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser 
um gênero curto de cunho social voltado para temas 
atuais, é muito usado em provas de concurso para 
ilustrar questões de interpretação textual e também 
para contextualizar questões que avaliam a compe-
tência gramatical dos candidatos.
As crônicas apresentam uma abordagem cotidia-
na sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou 
argumentativas.
CRÔNICA NARRATIVA CRÔNICA ARGUMENTATIVA
 z Limita-se a contar fatos 
do cotidiano
 z Pode apresentar um 
tom humorístico
 z Foco narrativo em 1ª 
ou 3ª pessoa
 z Defesa de um ponto de 
vista, relacionado ao 
assunto em debate
 z Uso de argumentos e 
fatos
 z Também pode ser escri-
ta em 1ª ou 3ª pessoa
 z Uso de argumentos 
de modo pessoal e 
subjetivo
Apesar de as formas de texto verbais serem o for-
mato mais comum na construção de uma crônica, 
atualmente, podemos encontrar crônicas veiculadas 
em outros formatos, como vídeo, muito divulgados 
nas redes sociais.
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N
G
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A
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U
G
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No tocante ao estilo da crônica argumentativa, 
trata-se de um texto com estrutura argumentativapadrão (introdução, desenvolvimento, conclusão), 
muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é 
um gênero que passeia pelos ambientes literários e 
jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com 
observação dos fatos sociais mais atuais. Outra carac-
terística presente nesse gênero é o uso de figuras de 
linguagem, como a ironia e a metáfora, que auxiliam 
na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O 
que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que 
podemos identificar as principais características des-
se gênero:
O que é um livro?
O que é um livro? A pergunta se impõe neste 
momento em que que a isenção de impostos sobre 
o objeto primeiro da cultura e do conhecimento 
está em risco. Uma contribuição tributária de 12% 
afastaria ainda mais a leitura de quem tanto pre-
cisa dela.
Um livro é:
– A casa das palavras. Acabei de gravar um 
vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o 
ofício de um escritor é cuidar dessa casa, varre-la, 
fazer a cama das palavras, providenciar sua comi-
da, vesti-las com harmonia.
–  A nave espacial que nos permite viajar no 
tempo para a frente e para trás. Habitar o passa-
do ao tempo em que foi escrito. Ou revisitá-lo de 
outro ponto de vista, inalcançável quando o passa-
do aconteceu: o do presente, com todos os conhe-
cimentos adquiridos e as novas maneiras de viver. 
[…]
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e 
ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. 
Palavra e música, prosa e poesia. Luz e sombra. 
Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de pre-
servação do alheio e ponto de encontro com nosso 
núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão 
disponíveis, para que cada um possa abrir a sua.
–  A selva na qual, entre rugidos e labaredas, 
dragões enfrentam centauros. O pântano onde as 
hidras agitam suas múltiplas cabeças.
–  Todas as palavras do sagrado, todas elas 
foram postas nos livros que deram origem às reli-
giões e neles conservadas.
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado.
Como podemos notar, a crônica trata de um assun-
to bem atual: o aumento da carga tributária que inci-
de sobre o preço dos livros. A autora apresenta sua 
opinião e segue argumentando sobre a importância 
dos livros na sociedade com um ponto de vista ladea-
do pela literatura, o que fortalece sua argumentação.
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros tex-
tuais, é importante deixarmos uma informação rele-
vante sobre esse assunto. Para muitos autores, os 
gêneros não apenas moldam formas de texto, mas 
formas de dizer marcadas pelo discurso; por isso, 
em algumas metodologias (e também em alguns edi-
tais de concurso), os gêneros serão tratados como do 
discurso.
Dica
Gêneros do discurso marcam o processo de inte-
ração verbal; como todo discurso materializa-se 
por meio de textos, a nomenclatura gêneros tex-
tuais torna-se mais adequada para essa pers-
pectiva de estudos. Podemos distinguir as duas 
variantes vocabulares de acordo com as deman-
das sociais e culturais de estudo dos gêneros.
ORTOGRAFIA
As regras de ortografia são muitas e, na maioria dos 
casos, contraproducentes, tendo em vista que a lógica 
da grafia e da acentuação das palavras, muitas vezes, é 
derivada de processos históricos de evolução da língua. 
Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno cra-
que em ortografia: leia sempre! Somente a prática de 
leitura irá lhe garantir segurança no processo de gra-
fia das palavras. 
Em relação à acentuação, por outro lado, a maior 
parte das regras não são efêmeras, porém, são em 
grande número. Neste material, iremos apresen-
tar uma forma condensada e prática de nunca mais 
esquecer os acentos e os motivos pelos quais as pala-
vras são acentuadas.
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu-
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras 
cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto 
à escrita correta. Veja:
 z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos. 
Ex.: ameixa, frouxo, trouxe.
USAMOS X: USAMOS CH:
z Depois da sílaba em, se 
a palavra não for derivada 
de palavras iniciadas por 
CH: enxerido, enxada
z Depois de ditongo: cai-
xa, faixa
z Depois da sílaba ini-
cial me se a palavra não 
for derivada de vocábulo 
iniciado por CH: mexer, 
mexilhão
z Depois da sílaba em, se 
a palavra for derivada de 
palavras iniciadas por CH: 
encher, encharcar
z Em palavras derivadas 
de vocábulos que são gra-
fados com CH: recauchu-
tar, fechadura
Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10/10/2020.
 z É com G ou com J? Usamos G em substantivos termi-
nados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: viagem, ferrugem;
 Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio, 
-úgio. Ex.: sacrilégio, pedágio;
 Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: proteger, fugir;
 Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou 
-jer. Ex.: viajar, lisonjear;
 Termos derivados do latim escritos com j.
 z É com Ç ou S? Após ditongos, usamos, geralmente, 
Ç quando houver som de S, e escrevemos S quando 
houver som de Z. Ex.: eleição; Neusa; coisa.
 z É com S ou com Z? palavras que designam nacio-
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês 
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; 
inglês; marquesa; duquesa.
28
 Palavras que designam qualidade, cuja termina-
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z:
 Embriaguez; lucidez; acidez.
Essas regras para correção ortográfica das pala-
vras, em geral, apresentam muitas exceções; por isso é 
importante ficar atento e manter uma rotina de leitu-
ra, pois esse aprendizado é consolidado com a prática. 
Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da 
leitura e da escrita de textos, por isso, recomendamos 
que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de 
informação, pois além de contribuir para seu conhe-
cimento geral, sua habilidade em língua portuguesa 
também aumentará.
USO DOS PORQUÊS
É muito comum haver confusão com os usos das 
formas dos porquês, pois no contexto de uso discursi-
vo (fala) não necessitamos distinguir foneticamente. 
Porém, existem quatro formas de escrita dos porquês, 
as quais se distinguem por função sintática, morfo-
lógica e pela sua posição no período. Veja a tirinha a 
seguir e como são realizadas essas distinções:
Disponível em: https://bit.ly/3oIvkDs
Os tipos de porquês: 
z Porque: conjunção causal ou explicativa (igual a 
“pois”, “uma vez que”).
 Jogava vôlei porque os amigos o chamavam.
z Porquê: substantivo abstrato com propósito de 
justificar. Pode ser acompanhado de artigo, prono-
me, adjetivo ou numeral. Pode vir no singular e no 
plural.
 Ex.: Não sabia o porquê de ela ter ido embora.
 Ele não entendeu os porquês de tantas brigas.
z Por que: inicia perguntas diretas ou está presen-
te no interior de perguntas indiretas, podendo 
ser substituído por “por qual razão” ou “por qual 
motivo”. Pode ser também que tenha o significado 
de “pelo qual” e suas flexões.
 Ex.: Quero saber por que você não visitou seu primo.
 Os lugares por que passei são incríveis.
z Por quê: aparecerá sempre no final de uma fra-
se, podendo ser substituído por “por qual motivo”, 
“por qual razão”.
 Ex.: Você não me falou nada, por quê?
 Ela escutou tudo isso sem saber por quê.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FCC – 2012) Está correto o emprego de ambos os 
elementos destacados em:
a) Se o por quê da importância primitiva de Paraty estava 
na sua localização estratégica, a importância de que 
goza atualmente está na relevância histórica porque é 
reconhecida.
b) Ninguém teria porque negar a Paraty esse duplo mereci-
mento de ser poesia e história, por que o tempo a esco-
lheu para ser preservada e a natureza, para ser bela.
c) Os dissabores por que passa uma cidade turística 
devem ser prevenidos e evitados pela Casa Azul, por-
que ela nasceu para disciplinar o turismo.
d) Porque teria a cidade passado por tão longos anos 
de esquecimento? Criou-se uma estrada de ferro, eis 
porque.
e) Não há porquê imaginar que um esquecimento é sem-
pre deplorável;veja-se como e por quê Paraty acabou 
se tornando um atraente centro turístico.
O “por que” na sentença da alternativa C está correta-
mente empregado, pois possui sentido de “pelo qual”. 
O “porque” logo em seguida também está correto, pois 
tem função de explicar o nascimento da Casa Azul: 
para disciplinar o turismo. Resposta: Letra C.
DEMAIS E DE MAIS
Demais 
Advérbio de intensidade. Assume também a fun-
ção de pronome indefinido.
Ex.: Gritamos demais no jogo, por isso estamos 
roucos. (advérbio)
Eu amo essa cantora, ela é demais! (advérbio)
Sabemos o motivo principal, os demais não foram 
divulgados. (pronome indefinido)
De mais
Locução adjetiva que manifesta quantidade. Para 
diferenciá-la de “demais”, basta trocar pelo antônimo, 
“de menos”; se der certo, escreve-se “de mais”.
Ex.: Essa sobremesa tem açúcar de mais para o 
meu paladar.
Preparei comida de mais, vou precisar congelar.
É só uma injeção, não tem nada de mais.
A CERCA DE / ACERCA DE / HÁ CERCA DE
A cerca de
Quando se referir a algo ou alguém, com ideia de 
quantidade aproximada.
Ex.: Ele falou a cerca de mil ouvintes.
Acerca de
Equivale a “sobre”, “a respeito de”, “em relação a”.
Ex.: O professou dissertou acerca dos progressos 
científicos.
Há cerca de
Quando se trata de uma média de tempo passado.
Ex.: Há cerca de trinta dias, foi feita essa proposta.
Dica
Para evitar redundância, não se deve usar o “há 
cerca de” com outro termo que dê ideia de pas-
sado numa mesma sentença.
Ex.: Há cerca de trinta dias atrás. (inadequado)
Há cerca de trinta dias. (adequado)
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SEÇÃO / SESSÃO / CESSÃO
Seção
Tem sentido de “parte”, “divisão”, “segmento”.
Ex.: A seção onde trabalho é muito requisitada.
Sessão
Tem sentido de “reunião”, “encontro”, “espaço de 
tempo”.
Ex.: Os ingressos para a sessão de estreia estão 
disponíveis.
Cessão
Tem sentido de “ceder”, “repartir”.
Ex.: O governo autorizou a cessão de livros para 
as escolas.
AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A
Ao encontro de
Significa “ser favorável a” e “aproximar-se de”.
Ex.: A opinião dos estudantes ia ao encontro das 
nossas. (sentido de “corresponder”)
Ele foi ao encontro dos amigos. (sentido de 
“encontrar-se com”)
De encontro a
Indica “oposição”, “confronto”, “colisão”.
Ex.: A sua maneira de agir veio de encontro à 
minha. (sentido de “confronto”)
O caminhão foi de encontro ao poste. (sentido de 
“colisão”)
O que ele fez foi de encontro ao que havia dito. 
(sentido de oposição”)
SENÃO / SE NÃO
Senão
Significa “do contrário, caso contrário”, “mas sim, 
mas”, “a não ser, exceto, mais do que”, “mas também”, 
“falha, defeito, obstáculo (como substantivo)”.
Ex.: Saio cedo, senão chego atrasado.
Não era diamante nem rubi, senão cristal.
Ninguém, senão os convidados, podia entrar na festa.
O aprendizado não depende somente do professor, 
senão do esforço do aluno.
Não encontrei um senão em seu texto. (substanti-
vo com sentido de “falha”)
Se não
Formado de uma conjunção condicional se e do 
advérbio de negação não, tem valor de “caso não”, 
“quando não”.
Ex.: Se não fizer sol, não lavarei roupas.
Havia duas pessoas interessadas, se não três. 
Para não errar mais: 
Se não (separado): Caso não
Ex.: Se não estudar, será reprovado.
Senão (junto): Caso contrário
Ex.: Estude, senão será reprovado.
HÁ / A (EXPRESSÃO DE TEMPO)
Há
Usa-se para espaço de tempo referente ao passado.
Ex.: Ela saiu de casa há duas horas.
Saiba que o verbo há pode ser substituído também 
por faz, sendo invariável, sempre no singular.
Ex.: Ela saiu de casa faz meia hora. / Ela saiu de 
casa faz duas horas.
A
Usa-se para espaço de tempo referente ao futuro.
Ex.: Ele chegará daqui a duas horas.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (TJ-SC - 2010) “As eleições vão acontecer daqui ___ 
três meses, mas as discussões intrapartidárias come-
çaram ____ bastante tempo. Entretanto, não ___ como 
deixar de constatar o irrealismo da legislação eleitoral, 
que cria certas restrições a pretexto de proporcionar 
igualdade de oportunidades a todos quantos dispu-
tem mandato eletivo mas tenham pouco ou nada _____ 
com a dinâmica do processo político.”
 A sequência que preenche corretamente as lacunas 
do texto é:
a) a – há – há – haver
b) há – há – a – há ver
c) a – a – a – haver
d) a – a – há – a ver
e) a – há – há – a ver
A lacuna “daqui a três meses” representa tempo 
futuro, logo o “a” é uma preposição; “há bastante 
tempo” se refere ao que já passou, então se usa o 
verbo “há”; “não há como deixar” tem que ser com-
pletado com o verbo “haver” conjugado (“há”); em 
“pouco ou nada a ver com a dinâmica”, utiliza-se “a 
ver”, e não “haver”, pois não se pode usar o verbo 
nessa situação. Resposta: Letra E.
EM VEZ DE / AO INVÉS DE
Em vez de
Significa “substituição”, “troca”.
Ex.: Em vez de estudar, ficou brincando com os 
amigos.
Ao invés de
Indica “algo inverso”, “oposição”.
Ex.: Ao invés de ligar o som, desligou-o.
TRAZ / TRÁS / ATRÁS
Traz
Do verbo “trazer”, conjugado na terceira pessoa do 
singular.
Ex.: Ele sempre me traz flores quando vem me ver. 
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Trás
Significa “na parte posterior” e é sempre precedi-
do de preposição.
Ex.: Ele estava por trás disso tudo desde o começo.
Ande mais depressa, senão ficará pra trás.
Atrás
Advérbio de lugar.
Ex.: O ponto de ônibus fica atrás do shopping.
Na frase “Ele estava atrás de mim quando tudo 
aconteceu”, o advérbio atrás pode apresentar dois 
significados: no sentido literal, “estar atrás” é locali-
zar-se atrás de alguém, mas o “estar atrás” também 
apresenta um sentido figurado de “estar buscando” 
ou “procurando”.
MAL / MAU
Mal
Conjunção ou substantivo. Como substantivo, 
refere-se a uma desgraça, calamidade, dano, doença, 
enfermidade, pesar, aflição, sofrimento, defeito, pro-
blema, maldade. O substantivo mal forma o plural 
males. Como conjunção subordinativa temporal, 
tem sentido de “assim que” e “logo que”.
Ex.: Todos sabem que essa personagem é do mal. 
(substantivo)
Não temos como fugir dos males do mundo. 
(substantivo)
Mal ele chegou, ela saiu da sala. (conjunção)
Mal você possa, venha falar comigo. (conjunção)
Mau
Adjetivo. Indica alguém ou alguma coisa que: faz 
maldades, não é de boa qualidade, faz grosserias, traz 
infortúnio, não tem competência, é pouco produtivo, 
é inconveniente e impróprio, é contrário aos bons cos-
tumes, é travesso e desobediente.
Ex.: Que chato! Sempre de mau humor!
Ele seguiu por maus caminhos.
Desculpa o mau jeito! Eu estava nervoso!
Você está fazendo mau uso desse equipamento.
Para não errar mais, faça a seguinte operação sem-
pre que em dúvida: Mal é antônimo de Bem / Mau é 
antônimo de Bom.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Muitas são as regras de acentuação das palavras 
da língua portuguesa; para compreender essas regras, 
faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e 
respeitar a divisão das sílabas.
Regras de Acentuação
 z Palavras monossílabas: Acentuam-se os monossí-
labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá, 
chá; pé, fé, mês; nó, pó, só.
 z Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto-
nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua-
raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns.
 z Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto-
nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: 
bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus; 
abdômen, hímen. 
Importante!
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em 
ditongo.
Ex.: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília, 
rádio etc.
 z Palavras proparoxítonas: A regra mais simples e 
fácil de lembrar: todas as proparoxítonas devem 
ser acentuadas!
Porém, esse grupo de palavras divide uma polê-
mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns 
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona 
ou proparoxítona. 
São as chamadas proparoxítonas aparentes. 
Essas palavras apresentam um ditongo crescente no 
final de suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou 
pode ser considerado hiato. É o que ocorre comas 
palavras:
HIS-TÓ-RIA/ HIS-TÓ-RI-A
VÁ-CUO/ VA-CU-O
PÁ-TIO/ PÁ-TI-O
Antes de concluir, é importante mencionar o uso 
do acento nas formas verbais TER e VIR:
Ele tem / Eles têm
Ele vem / Eles vêm
Percebam que, no plural, essas formas admitem o 
uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân-
cia verbal quando usar esses verbos.
 EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir em relação à con-
formidade com a norma-padrão da língua: “As opera-
ções de saída com destino a empresas do comercio 
varejista e insumos agropecuários dispõem de isen-
ção fiscal e redução de base de cálculo, conforme já 
prevê em lei, desde que observados os requisitos exi-
gidos para cada caso.” 
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Ainda que tenha sido respeitadas quase todas as 
regras gramaticais, faltou o acento da palavra 
“comércio”, que deve ser acentuada, pois é uma paro-
xítona terminada em ditongo. Resposta: Errado.
2. (FCC – 2019) “Um juramento expõe a beleza da von-
tade humana, como afirmação nossa, mas sua quebra 
mostra também nossos limites”.
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 Numa nova e igualmente correta redação da frase 
acima, iniciada agora pelo segmento “A quebra de um 
juramento mostra nossos limites”, pode-se seguir esta 
coerente complementação: “não fosse a beleza que 
também têm na quebra mesma da nossa vontade”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
A forma verbal ter admite a marcação de plural 
com o uso do acento diferencial ^, porém na recons-
trução da frase mencionada o sujeito está no singu-
lar, não sendo necessário o uso do plural do verbo 
citado. Resposta: Errado.
PONTUAÇÃO
Outro tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
mos a seguir as regras sobre seus usos.
Uso de Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três 
funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da 
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e 
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando 
qualquer ambiguidade.
Quando se trata de separar termos de uma mesma 
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
z Para separar os termos de mesma função
 Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
 z Usa-se a vírgula para separar os elementos de 
enumeração.
Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi 
arrastado pelo tsunami.
z Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que 
já apareceu na frase) do verbo 
 Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
 Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, 
filmes de terror.
z Para separar palavras ou locuções explicativas, 
retificativas
 Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 
anos.
z Para separar datas e nomes de lugar
 Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
z Para separar as conjunções coordenativas, exceto 
e, nem, ou.
 Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.
A vírgula também é facultativa quando a expres-
são de tempo, modo e lugar não for uma expressão, 
mas uma palavra só. Exemplos: 
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço 
em casa.
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / 
Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono 
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso, 
ficou com sono durante a aula.
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia 
amanhã, se não chover.
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
z Entre o sujeito e o verbo
 Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
ram a explicação. (errado)
 Muitas coisas que quebraram meu coração, con-
sertaram minha visão. (errado)
z Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-
dicativo do sujeito:
 Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
ção. (errado)
 Os alunos precisam de, que os professores os aju-
dem. (errado)
 Os alunos entenderam, toda aquela explicação. 
(errado)
z Entre um substantivo e seu complemento nominal 
ou adjunto adnominal.
 Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida 
pelos alunos. (errado)
z Entre locução verbal de voz passiva e agente da 
passiva:
 Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele 
professor para a feira. (errado)
z Entre o objeto e o predicativo do objeto:
 Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado)
 Considero interessantes, as suas aulas. (errado)
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (TJ-SC – 2011) Indique o período que não apresenta 
erro de pontuação:
a) Morte de florestas; chuvas ácidas, e animais marinhos 
cobertos por petróleo, são questões ambientais que 
teriam suficiente relevância para alarmar a população, 
e automaticamente, motivar encontros e discussões.
b) Ao final, conclui o autor, que todos esses elementos 
apontados são faces de uma nova abordagem meto-
dológica para a proteção do meio ambiente.
c) Não é justo e razoável que o servidor tenha que des-
pender recursos financeiros com o recolhimento das 
custas judiciais – que serão destinadas ao seu deve-
dor – para obter o que lhe é devido e, depois, reclamar 
a restituição, se julgada procedente a sua pretensão.
d) Outra providência muito recomendada, é evitar polari-
zação entre os setores de planejamento e produção, 
privilegiando o trabalho em equipe, realizado de forma 
coordenada.
e) Segundo Meirelles o ato administrativo – vinculado ou 
discricionário –, há que ser praticado com a observân-
cia formal e ideológica da lei.
No trecho “o que lhe é devido e, depois, reclamar a 
restituição, se julgada procedente a sua pretensão”, 
as duas primeiras vírgulas isolam o advérbio de 
tempo “depois”, que está deslocado; a última vírgula 
justifica-se pela condicional “se julgada procedente 
a sua pretensão”. Resposta: Letra C.
32
Uso de Ponto e Vírgula
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto 
e vírgula (;):
z Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
 Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu, 
ficou triste.
z No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
 Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
to, exausto.
z No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
 Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o 
ouvinte.
 Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai, 
sorvete.
z Em enumerações, portarias, sequências
 Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
 o Procurador-Geral da República;
 o Colégio de Procuradores da República;
 o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
Dois-pontos
Marcam uma supressão de voz em frase que ainda 
não foi concluída.
Servem para:
z Introduzir uma citação (discurso direto):
 Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um 
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas 
respostas”.
z Introduzir um aposto explicativo, enumerativo, 
distributivo ou uma oração subordinada substan-
tiva apositiva
 Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
sores, jornalistas, médicos.
z Introduzir uma explicação ou enumeração após 
expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a 
saber, como.
 Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens, 
Filosofia, Ciências...
 z Marcar uma pausa entre orações coordenadas 
(relação semântica de oposição, explicação/causa 
ou consequência)
 Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um 
homem culto.
 Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com 
cautela.
z Marcar invocação em correspondências
 Ex.: Prezados senhores:
 Comunico, por meio deste, que...
Travessão
z Usado em discursos diretos, indica a mudança de 
discurso de interlocutor: Ex.:
 – Bom dia, Maria!
 – Bom dia, Pedro!
z Serve também para colocar em relevo certas 
expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou 
colchetes:
 Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
 Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que 
vamos jantar. (oração intercalada)
Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
Parênteses
Têm função semelhante à dos travessões e das 
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-mos, expressões ou orações.
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) 
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos 
jantar. (oração intercalada)
Ponto-final
É o sinal que denota maior pausa.
Usa-se:
z Para indicar o fim de oração absoluta ou de 
período.
 Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.” 
Carlos Drummond de Andrade
z Nas abreviaturas
 Ex.: apart. ou apto. = apartamento
 sec. = secretário
 a.C. = antes de Cristo
Dica
Símbolos do sistema métrico decimal e elemen-
tos químicos não vêm com ponto final:
Exemplos: km, m, cm, He, K, C
Ponto de Interrogação
Marca uma entonação ascendente (elevação da 
voz) em tom questionador.
Usa-se:
z Em frase interrogativa direta:
 Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?
z Entre parênteses para indicar incerteza:
 Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho 
que havia palavra melhor no contexto.
z Junto com o ponto de exclamação, para denotar 
surpresa:
 Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?)
z E interrogações retóricas:
 Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro 
que não jogaremos comida fora à toa”).
Ponto de Exclamação
z É empregado para marcar o fim de uma frase com 
entonação exclamativa:
 Ex.: Que linda mulher!
 Coitada dessa criança!
z Aparece após uma interjeição:
 Ex.: Nossa! Isso é fantástico.
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z Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:
 Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
z É repetido duas ou mais vezes quando se quer 
marcar uma ênfase:
 Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 
metros em 20 segundos!!!
Reticências
São usadas para:
z Assinalar interrupção do pensamento:
 Ex.: ― Estou ciente de que...
 ― Pode dizer...
z Indicar partes suprimidas de um texto:
 Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois 
desceu as escadas apressadamente. (Também pode 
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e 
depois desceu as escadas apressadamente.)
z Para sugerir prolongamento da fala:
 Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
 ― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
z Para indicar hesitação:
 Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha 
vergonha.
z Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
mente com outras intenções:
 Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
Uso das Aspas
São usadas em citações ou em algum termo que 
precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído 
por itálico ou negrito, que têm a mesma função de 
destaque.
Usam-se nos seguintes casos:
z Antes e depois de citações:
 Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”, 
afirma Dad Squarisi, 64.
z Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-
mos, gírias e expressões populares ou vulgares, 
conotativas:
 Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna 
que desejava.
 Não gosto de “pavonismos”.
 Dê um “up” no seu visual.
z Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, 
às vezes com ironia ou malícia
 Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
 Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” 
sonoro.
z Para citar nomes de mídias, livros etc.
 Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.
Colchetes
Representam uma variante dos parênteses, porém 
tem uso mais restrito.
Usam-se nos seguintes casos:
z Para incluir num texto uma observação de nature-
za elucidativa:
 Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de 
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.
z Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”), 
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado 
que pareça, o texto original é assim mesmo:
 Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
do.” (Machado de Assis)
z Para indicar os sons da fala, quando se estuda 
Fonologia:
 Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy]
z Para suprimir parte de um texto (assim como 
parênteses)
 Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois 
desceu as escadas apressadamente. ou 
 Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
vel segundo as normas da ABNT)
Asterisco
z É colocado à direita e no canto superior de uma 
palavra do trecho para se fazer uma citação ou 
comentário qualquer sobre o termo em uma nota 
de rodapé:
 Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo 
triste acrescido do sufixo -eza*.
 *-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
vo, o que origina um novo substantivo.
z Quando repetido três vezes, indica uma omissão 
ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
tuição a um substantivo próprio:
 Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
nhado aos responsáveis.
z Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto 
é, cuja existência é provável, mas não comprovada:
 Ex.: Parecer, do latim *parescere.
z Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras 
da gramática.
 * Edifício elaborou projeto o engenheiro.
Uso da Barra 
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
z Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser 
substituída pela conjunção “ou”:
 Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta.
 Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta.
z Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
ção das conjunções e/ou.
 Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais 
e/ou escritos.
z Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
ção entre si.
 Ex.: A palavra será classificada quanto ao número 
(plural/singular).
 O carro atingiu os 220 km/h.
z Para separar os versos de poesias, quando escritos 
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas 
barras para indicar a separação das estrofes.
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 Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que 
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles
z Na escrita abreviada, para indicar que a palavra 
não foi escrita na sua totalidade:
 Ex.: a/c = aos cuidados de;
 s/ = sem
z Para separar o numerador do denominador nos 
números fracionários, substituindo a barra da 
fração:
 Ex.: 1/3 = um terço
z Nas datas: 
 Ex.: 31/03/1983
z Nos números de telefone: 
 Ex.: 225 03 50/51/52
z Nos endereços: 
 Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232
z Na indicação de dois anos consecutivos: 
 Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.
z Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
 Ex.: /s/
Embora não existam regras muito definidas sobre 
a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE 
PALAVRAS
No dia a dia, usamos unidades comunicativas 
para estabelecer diálogos e contatos, formando enun-
ciados. Essas unidades comunicativas chamamos de 
palavras. Elas surgem da necessidade de comunica-
ção e os processos de formação para sua construção 
são conhecidos da nossa competência linguística, pois 
como falantes da língua, ainda que não saibamos o 
significado de antever, podemos inferir que esse ter-
mo tem relação com o ato de ver antecipadamente, 
dado o uso do prefixo diante do verbo ver. 
Reconhecer os processos que auxiliam na forma-
ção de novas palavras é essencial para o estudante da 
língua. Esse assunto, como dissemos, já é reconhecido 
pelo nosso cérebro, que identifica os prefixos, sufixos e 
palavras novas que podem ser criadas a partir da estru-
tura da língua; não é à toa que, muitas vezes, somos 
surpreendidos com o uso inédito de algum termo. 
Porém, precisamos ter consciência de que nem todo 
contexto é apropriado para o uso de novas estruturas 
vocabulares; por isso, neste capítulo, iremos estudar os 
processos de formação de palavras e as consequências 
dessas novas constituições, focando nesse conteúdo; 
sempre cobrado pelas bancas mais exigentes.
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
Radical e Morfema Lexical
As palavras são formadas por estruturas que, uni-
das, podem se modificar e criar novos sentidos emcontextos diversos. Os morfemas são as menores uni-
dades gramaticais com sentido da língua. Para iden-
tificá-los é preciso notar que uma palavra é formada 
por pequenas estruturas. Para isso, podemos imaginar 
que uma palavra é uma peça de um quebra-cabeça 
no qual podemos juntar outra peça para formar uma 
estrutura maior; porém, se você já montou um que-
bra-cabeça, deve se lembrar que não podemos unir as 
peças arbitrariamente, é preciso buscar aquelas que 
se encaixam.
Assim, como falantes da língua, reconhecemos 
essas estruturas morfológicas e os seus sentidos, pois, 
a todo momento estamos aptos a criar novas pala-
vras a partir das regras que o sistema linguístico nos 
oferece.
Tornou-se comum, sobretudo nas redes sociais, o 
surgimento de novos vocábulos a partir de “peças” 
existentes na língua, algumas misturando termos de 
outras línguas com morfemas da língua portuguesa 
para a formação de novas palavras, como: bloguei-
ro (blogger), deletar (delete); já algumas palavras 
ganham novos morfemas e, consequentemente, novas 
acepções nas redes socias como, por exemplo, biscoi-
teiro, termo usado para se referir a pessoas que bus-
cam receber elogios nesse ambiente. 
As peças do quebra-cabeças que formam as pala-
vras da língua portuguesa possuem os seguintes 
nomes:
Radical, desinência, vogal temática, afixos, 
consoantes e vogais de ligação.
O radical, também chamado de semantema, é o 
núcleo da palavra, pois é o detentor do sentido ao qual 
se anexam os demais morfemas, criando as palavras 
derivadas. Devido a essa importante característica, o 
radical é também conhecido como morfema lexical, 
pois se trata da significação própria dos vocábulos, 
designando a sua natureza lexical, ou seja, o seu senti-
do propriamente dito.
Alguns exemplos de radicais:
Ex.: pastel – pastelaria – pasteleiro;
pedra – pedreiro - pedregulho;
Terra – aterrado – enterrado - terreiro.
Importante!
 Palavras da mesma família etimológica, ou seja, 
que apresentam o mesmo radical e guardam o 
mesmo valor semântico no radical, são conheci-
das como cognatas. 
Afixos ou Morfemas Derivacionais
A partir dos morfemas lexicais, a língua ganha 
outras formas e sentidos pelos morfemas derivacio-
nais, que são assim chamados pois auxiliam no pro-
cesso de criação de palavras a partir da derivação, ou 
seja, a inclusão de prefixos e sufixos no radical dos 
vocábulos. 
Vale notar que algumas bancas denominam os afi-
xos de infixos.
São morfemas derivacionais os afixos, estruturas 
morfológicas que se anexam ao radical das palavras e 
auxiliam o processo de formação de novos vocábulos. 
Os afixos da língua portuguesa são de duas categorias:
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 z Prefixos: afixos que são anexados na parte ante-
rior do radical.
Exs.: 
In: infeliz.
Anti: antipatia
Pós: posterior
Bi: bisavô
Contra: contradizer 
 z Sufixos: afixos que são anexados na parte poste-
rior do radical.
Exs.:
mente: Felizmente.
dada: Lealdade
eiro: Blogueiro
ista: Dentista
gudo: Narigudo
É importante destacar que essa pequena amostra, 
listando alguns sufixos e prefixos da língua portugue-
sa, é meramente ilustrativa e serve apenas para que 
você tenha consciência do quão rico é o processo de 
formação de palavras por afixos. 
Além disso, não é interessante que você decore esses 
morfemas derivacionais, mas que você compreenda 
o valor semântico que cada um deles estabelece na 
língua, como os sufixos -eiro e -ista que são usados, 
comumente, para criar uma relação com o ambiente 
profissional de alguma área, como: padeiro, costureiro, 
blogueiro, dentista, escafandrista, equilibrista etc.
Os sufixos costumam mudar mais a classes das 
palavras. Já os prefixos modificam mais o sentido dos 
vocábulos.
Desinências ou Morfemas Flexionais
Os morfemas flexionais, mais conhecidos como 
desinências, são os mais estudados na língua portu-
guesa, pois são esses os morfemas que organizam as 
estruturas no singular e no plural, os verbos em tem-
pos e conjugações e as relações de gênero em femini-
no e masculino.
Para facilitar a compreensão, podemos dividir os 
morfemas flexionais em:
 z Aditivos: Adiciona-se ao morfema lexical. Ex.: pro-
fessor/professora; livro/livros.
z Subtrativos: Elimina-se um elemento do morfema 
lexical. Ex.: Irmão/irmã; Órfão/órfã.
 z Nulos: Quando a ausência de uma letra indica 
uma flexão. Ex.: o singular dos substantivos é mar-
cado por essa ausência, como em: mesa (0)1 /mesas
Não confunda: 
Morfema derivacional: afixos (prefixos e sufixos);
Morfema flexional: aditivos, subtrativos, nulos;
Morfema lexical: radical.
Morfema gramatical: significado interno à estrutu-
ra gramatical, como artigos, preposições, conjunções 
etc.
Vogais temáticas
A vogal temática liga o radical a uma desinência, 
que estabelece o modo e o tempo da conjugação ver-
bal, no caso de verbos, e, nos substantivos, junta-se ao 
radical para a união de outras desinências.
Ex.: Amar e Amor.
1  O morfema flexional nulo é mais conhecido como morfema zero nas gramáticas; sua marcação é feita com a presença do numeral 0 (zero).
Nos verbos, a vogal temática marca ainda a conju-
gação verbal, indicando se o verbo pertence à 1º, 2º ou 
3º conjugação:
Exs.: 
Amar – 1º conjugação;
Comer – 2º conjugação;
Partir – 3º conjugação.
É importante não se confundir: a vogal temática 
não existe em palavras que apresentam flexão de 
gênero. Logo, as palavras gato/gato possuem uma 
desinência e não uma vogal temática!
Caso a dúvida persista, faça esse exercício: Igreja 
(essa palavra existe); “Igrejo” (essa palavra não exis-
te), então o -a de igreja é uma vogal temática que irá 
ligar o vocábulo a desinências, como -inha, -s.
Note que as palavras terminadas em vogais tônicas 
não apresentam vogais temática: Ex.: cajá, Pelé, bobó.
Tema
O tema é a união do radical com a vogal temática.
A partir do exposto no tópico sobre vogal temática, 
esperamos ter deixado claro que nem toda palavra irá 
apresentar vogal temática; dessa forma, as palavras 
que não apresentem vogal temática também não irão 
possuir tema.
Exs.:
Vendesse – tema: vende;
Mares – tema: mare.
Vogais e Consoantes de Ligação
As consoantes e vogais de ligação têm uma função 
eufônica, ou seja, servem para facilitar a pronúncia de 
palavras. Essa é a principal diferença entre as vogais 
de ligação e as vogais temáticas, estas unem desinên-
cias, aquelas facilitam a pronúncia.
Exs.: 
Gas - ô - metro;
Alv - i - negro;
Tecn - o - cracia;
Pe - z - inho;
Cafe - t- eira;
Pau - l - ada;
Cha - l - eira;
Inset - i - cida;
Pobre - t- ão;
Paris - i - ense;
Gira - s - sol;
Legal - i - dade.
PROCESSO DE FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
A partir do conhecimento dos morfemas que auxi-
liam o processo de ampliação das palavras da língua, 
podemos iniciar o estudo sobre os processos de for-
mação de palavras.
As palavras na língua portuguesa são criadas a 
partir de dois processos básicos que apresentam clas-
ses específicas. O quadro a seguir organiza bem os 
processos de formação de palavras:
36
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
DERIVAÇÃO COMPOSIÇÃO
z Prefixal
z sufixal
z Prefixal e sufixal
z Parassintética
z Regressiva
z Imprópria ou conversão
z Justaposição
z Aglutinação
Como é possível notar, os dois processos de formação 
de palavras são a derivação e a composição. As pala-
vras formadas por processos derivativos apresentam 
mais classes a serem estudas. Vamos conhecê-las agora!
PROCESSOS DE DERIVAÇÃO
As palavras formadas por processos de derivação 
são classificadas a partir de seis categorias:
 z Prefixal ou prefixação;
 z Sufixal ou sufixação;
 z Prefixal e sufixal;
 z Parassintética ou parassíntese;
 z Regressiva;
 z Imprópria ou conversão.
A seguir, iremos estudar a diferença entre cada 
uma dessas classes e identificar as peculiaridades de 
cada uma.
Derivação Prefixal
Como o próprio nome indica, as palavras forma-
das por derivação prefixal são formadas pelo acrésci-
mo de um prefixo à estrutura primitiva, como:
Pré-vestibular; disposição; deslealdade; super-ho-
mem;infeliz; refazer.
Pré-vestibular: prefixo pré-;
Disposição: prefixo dis-;
Deslealdade: prefixo des-;
Super-homem: prefixo super;
Infeliz: prefixo in-;
Refazer: prefixo re-.
Derivação Sufixal
De maneira comparativa, podemos afirmar que 
a formação de palavras por derivação sufixal refere-
-se ao acréscimo de um sufixo à estrutura primitiva, 
como em:
Lealdade; francesa; belíssimo; inquietude; sofri-
mento; harmonizar; gentileza; lotação; assessoria.
Lealdade: sufixo -dade;
Francesa: sufixo -esa;
Belíssimo: sufixo -íssimo;
Inquietude: sufixo -tude;
Sofrimento: sufixo -mento;
Harmonizar: sufixo -izar;
Gentileza: sufixo -eza;
Lotação: sufixo -ção;
Assessoria: sufixo -ria.
Derivação Prefixal e Sufixal
Nesse caso, juntam-se à palavra primitiva tanto 
um sufixo quanto um prefixo; vejamos alguns casos:
Inquietude (prefiro in- com sufixo -tude); infeliz-
mente (prefixo in- com sufixo -mente); ultrapassagem 
(prefixo ultra- com sufixo -agem); reconsideração 
(prefixo -re com sufixo -ção).
Derivação Parassintética
Na derivação parassintética, um acréscimo simul-
tâneo de afixos, prefixos e sufixos é realizado a uma 
estrutura primitiva. É importante não confundir, con-
tudo, com o processo de derivação por sufixação e 
prefixação. Veja: 
Se, ao retirar os afixos, a palavra perder o senti-
do, como em “emagrecer” (sem um dos afixos: “ema-
gro-” não existe), basta fazer o seguinte exercício para 
estabelecer por qual processo a palavra foi formada: 
retirar o prefixo ou o sufixo da palavra em que paira 
dúvida. Caso a palavra que restou exista, estaremos 
diante de um processo por derivação sufixal e prefi-
xal; caso contrário, a palavra terá sido formada por 
derivação parassintética.
Ex.: Entristecer, desalmado, espairecer, desgelar, 
entediar etc.
Derivação Regressiva
Já na derivação regressiva, a nova palavra será 
formada pela subtração de um elemento da estrutura 
primitiva da palavra. Vejamos alguns exemplos:
Almoço (almoçar);
Ataque (atacar);
Amasso (amassar).
A derivação regressiva, geralmente, forma subs-
tantivos abstratos derivados de verbos. É possível 
que alguns autores reconheçam esse processo como 
redução.
Derivação Imprópria
A derivação imprópria, a partir de seu processo de 
formação de palavras, provoca a conversão de uma 
classe gramatical, que pode passar de verbo a subs-
tantivo, por exemplo.
A seguir, apresentamos alguns processos de con-
versão das palavras por derivação imprópria:
 z Particípio do verbo - substantivo: Teria passado 
- O passado;
 z Verbos - substantivos: Almoçar - O almoço;
 z Substantivos - adjetivos: o gato - mulher gato;
 z Substantivos comuns - substantivos próprios: 
leão - Nara Leão;
 z Substantivos próprios - comuns: Gillete - gilete; 
Judas - ele é o judas do programa.
Sufixos e formação de palavras: Alguns sufixos 
são mais comuns no processo de formação de deter-
minadas classes gramaticais, vejamos:
 z Sufixos nominais: originam substantivos, adjeti-
vos. Ex.: -dor, -ada, -eiro, -oso, -ão, -aço.
 z Sufixos verbais: originam verbos. Ex.: -ear, -ecer, 
-izar, -ar.
 z Sufixos adverbiais: originam advérbios. Ex.: 
-mente.
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LISTA DE RADICAIS E PREFIXOS
Apresentamos alguns radicais e prefixos na lista a 
seguir que podem auxiliar na compreensão do proces-
so de formação de palavras. Novamente, alertamos que 
essa lista não deve ser encarada como uma “tabuada” a 
ser decorada, mas como um método para apreender o 
sentido de alguns desses radicais e prefixos.
RADICAIS E PREFIXOS GREGOS
RADICAL/
PREFIXO SENTIDO EXEMPLO
Acro Alto Acrofobia/acrobata
Agro Campo Agropecuária
Algia Dor Nevralgia
Bio Vida Biologia
Biblio Livro Biblioteca
Crono Tempo Cronologia
Caco Mau cacofonia
Cali Belo Caligrafia
Dromo Local Autódromo
Além dos radicais e prefixos gregos, as palavras da 
língua portuguesa também se aglutinam a radicais e 
prefixos latinos.
RADICAIS E PREFIXO LATINOS
RADICAL/PREFIXO SENTIDO EXEMPLO
Arbori Árvore Arborizar
Beli Guerra Belicoso
Cida Que mata Homicida
Des- dis Separação Discordar
Equi Igual Equivalente
Ex- Para fora Exonerar
Fide Fé Fidelidade
Mater Mãe Materno
Processos de Composição
As palavras formadas por processos de composi-
ção podem ser classificadas em duas categorias: justa-
posição e aglutinação. 
As palavras formadas por qualquer um desses pro-
cessos estabelecem um sentido novo na língua, uma 
vez que nesse processo há a junção de duas palavras 
que já existem para a formação de um novo termo, 
com um novo sentido.
 z Composição por justaposição: nesse processo, 
as palavras envolvidas conservam sua autonomia 
morfológica, permanecendo a tonicidade original 
de cada palavra. Ex.: pé de moleque, dia a dia, faz 
de conta, navio-escola, malmequer.
 z Composição por aglutinação: na formação de 
palavras por aglutinação, há mudanças na toni-
cidade dos termos envolvidos, que passam a ser 
subordinados a uma única tonicidade. Ex.: petró-
leo (petra + óleo); aguardente (água + ardente); 
vinagre (vinho + agre); você (vossa + mercê).
Palavras Compostas e Derivadas
Agora que já conhecemos os processos de forma-
ção de palavras, precisamos identificar as palavras 
que são compostas e as palavras que são derivadas.
 z São compostas: planalto, couve-flor, aguardente etc.
 z São derivadas: pedreiro, floricultura, pedal etc.
Palavras derivadas são aquelas formadas a partir 
de palavras primitivas, ou seja, a partir de palavras 
que detêm a raiz com sentido lexical independente. 
São palavras primitivas: porta, livro, pedra etc. 
A partir das palavras primitivas, o falante pode 
anexar afixos (sufixos e prefixos), formando as pala-
vras derivadas, assim chamadas pois derivam de um 
dos seis processos derivacionais.
Já as palavras compostas guardam a independên-
cia semântica e ortográfica, unindo-se a outras pala-
vras para a formação de um novo sentido.
CLASSES DE PALAVRAS
ARTIGOS
Os artigos devem concordar em gênero e número 
com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
minantes dos substantivos.
Essa classe está dividida em artigos definidos e arti-
gos indefinidos: os primeiros funcionam como deter-
minantes objetivos, individualizando a palavra, já os 
segundos funcionam como determinantes imprecisos. 
 z Artigos definidos: o, os; a, as.
 z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.
Os artigos podem ser combinados às preposições: 
são as chamadas contrações. Algumas contrações 
comuns na língua são: em + a = na; a + o = ao; a + a = 
à; de + a = da.
Toda palavra determinada por um artigo torna-se 
um substantivo! Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (SCT – 2020) Marque a alternativa cujo período apre-
senta apenas artigos indefinidos: 
a) Uma das vantagens de ser garçonete é que acabo 
conhecendo todas as pessoas.
b) A garota prefere lutar por ele, pois o considera uma 
boa pessoa.
c) A família está em festa com a chegada do bebê.
d) Poderia me passar a colher, por favor?
e) Mariana é uma mulher com um coração de ouro.
Os artigos indefinidos são “um/uma” e suas flexões 
de plural. A única opção que apresenta somente 
artigos indefinidos é a e Resposta: Letra E.
38
NUMERAIS
Palavra que se relaciona diretamente ao substanti-
vo, inferindo ideia de quantidade ou posição.
Os numerais podem ser:
 z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois 
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os 
meninos eram bons em português.
 z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma 
série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar.
 z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no 
novo emprego.
 z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço 
de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu 
metade do pagamento. 
Um numeral ou um artigo?
A forma um pode assumir na língua a função de 
artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como 
podemos reconhecer cadafunção? É preciso observar 
o contexto em uso. 
Durante a votação, houve um deputado que se 
posicionou contra o projeto.
 z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
cionou contra o projeto.
Na primeira frase, podemos substituir o termo um 
por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e 
o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
der é que a espécie do indivíduo que se posicionou 
contra o projeto é um deputado e não uma deputada, 
por exemplo.
Já na segunda oração, a alteração do gênero não 
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se 
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM 
deputado, marcando a quantidade. 
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos 
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o 
que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
Sobre o numeral milhão/milhares, importa desta-
car que sua forma é masculina, logo, o artigo que pre-
cede será sempre no masculino
 z Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.
 z Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
Dica
 A forma 14 por extenso apresenta duas for-
mas aceitas pela norma gramatical: catorze e 
quatorze.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CONSESP – 2018) Analise os itens a seguir: 
I. A quadragésima quinta Feira do Livro foi um sucesso (45ª).
II. Pela milésima vez ele acenou positivamente (1000ª).
III. Há uma década que não o vejo (10 anos).
 Os numerais entre parênteses foram grafados correta-
mente, conforme apresentados em destaque, em:
a) 1 e 2, apenas.
b) 2 e 3, apenas.
c) 1 e 3, apenas.
d) 1, 2, e 3.
Todas as frases colocam adequadamente os nume-
rais nas frases, por extenso, e entre parênteses. Res-
posta: Letra D.
SUBSTANTIVOS
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma 
característica básica dessa classe é admitir um deter-
minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio-
nam-se em gênero, número e grau.
Tipos de Substantivos
A classificação dos substantivos admite nove tipos 
diferentes de substantivos. São eles:
 z Simples: Formados a partir de um único radical. 
Ex.: vento, escola;
 z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
 z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo 
substantivo. Ex.: pedra, dente;
 z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.: 
pedreiro, dentista;
 z Concreto: Designam seres com independência 
ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.: 
Deus, fada, carro;
 z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali-
dade. Ex.: coragem, Liberalismo;
 z Comum: Designam determinados seres e lugares. 
Ex.: homem, cidade;
 z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.: 
Maria, Fortaleza;
 z Coletivo: Usados no singular, designam um con-
junto de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca, 
manada.
É importante destacar que a classificação de um 
substantivo depende do contexto em que ele está inse-
rido. Vejamos:
Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio).
O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/ 
comum).
ADJETIVOS
Os adjetivos associam-se aos substantivos garan-
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos 
podem indicar:
 z Qualidade: professor chato.
 z Estado: aluno triste.
 z Aspecto, aparência: estrada esburacada. 
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Locuções Adjetivas
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos 
adjetivos, indicando as mesmas características deles.
Elas são formadas por preposição + substantivo, 
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas 
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva, 
importantes para seu estudo:
 z Voo de águia / aquilino;
 z Poder de aluno / discente;
 z Cor de chumbo / plúmbeo;
 z Bodas de cobre / cúprico;
 z Sangue de baço / esplênico;
 z Nervo do intestino / celíaco ou entérico;
 z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
É importante destacar que mais do que “decorar” 
formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
damental reconhecer as principais características de 
uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e 
apresentar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela aber-
tura da porta; A abertura de conta pode ser realiza-
da on-line.
Quando a locução adjetiva é composta pela pre-
posição “de”, ela pode ser confundida com a locução 
adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan-
te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de 
posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para 
ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da 
porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
zando o substantivo “abertura”. 
Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
ta”, o que indica o valor de passividade da locução, 
demonstrando seu caráter adverbial. 
As locuções adjetivas também desempenham fun-
ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes, 
numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café 
com açúcar.
Já as locuções adverbiais desempenham função 
de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos, 
orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de 
fome; agiu com rapidez.
Adjetivo de Relação
No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar 
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de 
relação”, muito cobrado por bancas de concursos. 
Para identificar um adjetivo de relação, observe as 
seguintes características:
 z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino 
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub-
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos 
de quem o descreve.
 z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de 
relação sempre são posicionados após o substanti-
vo. Ex.: casa paterna.
 z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
tivo por derivação prefixal ou sufixal.
 z Não admitem variação de grau: os graus compa-
rativo e superlativo não são admitidos.
Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
te americano (não é subjetivo; posicionado após o 
substantivo; derivado de substantivo; não existe a 
forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês; 
roteiro carnavalesco.
Variação de Grau
O adjetivo pode variar em dois graus: Compara-
tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas 
respectivas categorias. 
 z Grau comparativo: exprime a característica de 
um ser, comparando-o com outro da mesma classe 
nos seguintes sentidos:
 � Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão 
quanto; 
 � Superioridade: mais do que;
 � Inferioridade: menos do que. 
 Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios 
(comparativo de igualdade);
 O amor é mais suficiente do que o dinheiro 
(comparativo de superioridade);
 Homens são menos engajados do que mulhe-
res (comparativo de inferioridade).
 z Grau superlativo: em relação ao grau superlati-
vo, é importante considerar que o valor semântico 
desse grau apresenta variações, podendo indicar:
 � Característica de um ser elevada ao último 
grau: Superlativo absoluto, que pode ser analí-
tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
 � Característica de um ser relacionada com 
outros indivíduos da mesma classe: Superla-
tivo relativo, que pode ser de superioridade (O 
mais) ou de inferioridade (O menos)
 Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo 
absoluto analítico).
 O candidato é humílimo (Superlativo absoluto 
sintético).
 O candidato é o mais humilde dos concorren-
tes? (Superlativo relativo de superioridade).
 O candidato é o menos preparado entre os con-
correntes à prefeitura (Superlativo relativo de 
inferioridade).
Ao compararmos duas qualidades de um mesmo 
ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta, 
mais magra, mais bonito etc.).
Ex.: A modelo é mais alta que magra.
Porém, se uma mesma característica se referir 
a seres diferentes, empregamos a formasintética 
(melhor, pior, menor etc.).
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.
Formação dos Adjetivos
Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, 
simples ou compostos.
 z Primitivos: são os Adjetivos que não derivam de 
outras palavras e, a partir deles, é possível formar 
novos termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
 z Derivados: são formados a partir dos adjetivos pri-
mitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
 z Simples: Os adjetivos simples apresentam um 
único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.
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 z Compostos: são formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro, ama-
relo-ouro etc.
Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.
Plural dos adjetivos compostos
O plural dos adjetivos compostos segue as seguintes regras:
 z Invariável: adjetivos compostos como azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas de cor + 
de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa, 
camisas amarelo-ouro.
 z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados; adjeti-
vo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.
Adjetivos Pátrios
Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade dos seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense, 
fluminense, cearense.
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo -eiro, 
costumeiramente usado para designar profissões. 
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil, esse 
ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.
Veja abaixo alguns deles: 
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 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FGV – 2017) Há, em língua portuguesa, um grupo de adjetivos chamados “adjetivos de relação”, que possuem marcas 
diferentes de outros adjetivos, como a de não poder ser empregado antes do substantivo a que se refere, nem receber 
grau superlativo. Assinale a opção que indica o adjetivo do texto que não está incluído nessa categoria: 
a) Herói nacional.
b) Guerra mundial.
c) Diferença social.
d) Povo cordial.
e) Traço cultural.
Como vimos, uma outra característica dos adjetivos de relação é a objetividade. Esses adjetivos não denotam 
questões subjetivas, tal qual o adjetivo “cordial”, na letra D, a única sem adjetivo de relação. Resposta: Letra D
ADVÉRBIOS
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em alguns 
casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
Os grandes cientistas da gramática da língua portuguesa apresentam uma lista exaustiva com as funções dos 
advérbios, porém; decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na 
resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas por um advérbio e, a partir 
delas, consiga interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
 z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.
 z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.
 z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.
 z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.
 z Modo: Assim, depressa, devagar etc.
Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos, 
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou 
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:
 z O homem morreu... de fome (causa); com sua família (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
 z A criança comeu... demais (intensidade); ontem (tempo); com garfo e faca (instrumento); às claras (modo).
Locuções dverbiais
As locuções adverbiais, como já mostramos anteriormente, são bem semelhantes às locuções adjetivas. É 
importante saber que as locuções adverbiais apresentam um valor passivo. 
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inverter-
mos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado 
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*: essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz 
passiva em termos com função de posse, caso das locuções adjetivas. Isso torna tal estrutura agramatical, por 
isso, inserimos um asterisco (*) para indicar essa característica.
Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo. 
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.
Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões; ademais, buscamos 
desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções 
adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.
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Advérbios Interrogativos
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa 
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo, 
modo ou causa.
Exs.: 
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
Grau do Advérbio
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:
GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco menos - -
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
GRAU SUPERLATIVO
NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO
Bem Otimamente Muito bem Inferioridade 
Mal Pessimamente Muito mal Superioridade 
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos
Advérbios e Adjetivos
O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica inva-
riável, confundindo-se com o advérbio. 
Nesses casos, para ter certeza de qual é classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural; caso 
a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que descem redondo. 
Nesse caso, trata-se de um advérbio.
Palavras Denotativas
São termos que apresentam semelhança aos advérbios, em alguns casos são até classificados como tal, mas 
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental que você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois, geral-
mente, é isso que as bancas de concurso cobram.
 z Eis: sentido de designação;
 z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;
 z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação;
 z Somente, só, salvo, exceto:sentido de exclusão;
 z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma ser 
+ que (é que). A principal característica dessas palavras é que podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático 
ou semântico na frase. Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
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Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, 
não, é porque etc.
Algumas Observações Interessantes
 z O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado 
após o verbo ou complemento verbal, caso venha 
deslocado, em geral, separamos por vírgulas.
 z Em uma sequência de advérbios terminados com o 
sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a 
terminação destacada.
 EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (SCT – 2020) Assinale a opção em que as palavras 
denotativas não foram bem classificadas:
a) A palavra SE, por exemplo, pode ter muitas funções 
(explicação).
b) Todos saíram exceto o vigia (exclusão).
c) O pároco, isto é, o vigário da nossa paróquia, esteve 
aqui (de adição).
d) Mesmo eu não sabia de nada (exclusão).
e) Ele também participou da homenagem (inclusão).
A expressão “isto é” designa explicação, portanto, o 
item incorreto é a alternativa C. Resposta: Letra C.
2. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir: 
 O antônimo de “bem-estar” se constrói com o adjetivo 
mau.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
O contrário de “bem-estar” é “mal-estar”, admitin-
do-se apenas a forma adverbial da palavra. Respos-
ta: Errado.
PRONOMES
Pronomes são palavras que representam ou acom-
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função 
dos pronomes é substituir ou determinar uma pala-
vra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de pos-
se, indefinição, quantidade, localização no tempo, no 
espaço e no meio textual, entre tantas outras funções.
Destacamos, ainda, que os pronomes exercem 
papel importante na análise sintática e também na 
interpretação textual, pois colaboram para a comple-
mentação de sentido de termos essenciais da oração, 
além de estruturar a organização textual, contribuindo 
para a coesão e também para a coerência de um texto.
Pronomes Pessoais
Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis-
curso; algumas informações relevantes sobre eles são:
PESSOAS
PRONOMES 
DO CASO 
RETO
PRONOMES 
DO CASO 
OBLÍQUO
1º pessoa do 
singular EU
Me, mim, 
comigo
2º pessoa do 
singular TU Te, ti, contigo
PESSOAS
PRONOMES 
DO CASO 
RETO
PRONOMES 
DO CASO 
OBLÍQUO
3º pessoa do 
singular ELE/ELA
Se, si, consigo, 
o, a, lhe
1ª pessoa do 
plural NÓS Nos, conosco.
2º pessoa do 
plural VÓS Vos, convosco
3º pessoa do 
plural ELES/ELAS
Se, si, consigo, 
os, as, lhes
Os pronomes pessoais do caso reto costumam 
substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito. 
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcio-
nar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi 
com o namorado; Maura saiu comigo.
 z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto 
direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Infor-
mei-o sobre todas as questões. 
 z Já os que se relacionam com o objeto indireto são: 
Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados 
por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo 
a ele).
Devemos lembrar que todos os pronomes pessoais 
são pronomes substantivos; além disso, é importan-
te saber que eu e tu não podem ser regidos por pre-
posição e que os pronomes ele(s), ela (s), nós e vós 
podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função 
que exercem.
Os pronomes oblíquos tônicos são pronunciados 
com força e precedidos de preposição. Costumam ter 
função de complemento:
 z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco 
(plural).
 z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco 
(plural).
 z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele (s), ela (s)
Importante lembrar que não devemos usar prono-
mes do caso reto como objeto ou complemento ver-
bal, como em: “mate ele”. Contudo, o gramático Celso 
Cunha destaca que é possível usar os pronomes do 
caso reto como complemento verbal, desde que ante-
cedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou 
“numeral”. Ex.: Encontrei todos eles na festa; Encon-
trei apenas ela na festa.
 Após a preposição “entre”, em estrutura de reci-
procidade, devemos usar os pronomes oblíquos tôni-
cos. Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
VERBOS
Certamente, a classe de palavras mais complexa e 
importante dentre as palavras da língua portuguesa é 
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações 
e os agentes desses atos, além de ser uma importante 
classe sempre abordada nos editais de concursos; por 
isso; fique atento às nossas dicas.
44
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam 
em número, pessoa, modo e tempo, além da designação 
da voz que exprime uma ação, um estado ou um fato. 
Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais
As formas nominais do verbo são as formas infi-
nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em 
determinados contextos. São chamadas nominais pois 
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
 z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu 
valor indica duração de uma ação e, por vezes, 
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo.
 Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se 
compadeceu.
 z Particípio: é marcado pelas terminações -ado, 
-ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente 
ao adjetivo, pode flexionar-se, em alguns casos, em 
número e gênero.
 Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
 z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação 
do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-
nado. Pode ser pessoal ou impessoal.
 � Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
jugação, pois está ligado às pessoas do discurso. 
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.: 
Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem 
que ele ensina.
 � Impessoal: não é passível de flexão. É o nome 
do verbo, servindo para indicar apenas a con-
jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª 
conjugação; Partir - 3ª conjugação.
O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou 
orações reduzidas.
 � Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
bos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de 
+ verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar 
para pagar as contas; Haver de + verbo principal 
no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.
Não confunda locuções verbais com tempos com-
postos. O particípio formador de tempo composto na 
voz ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realiza-
do sua missão.
Classificação dos Verbos
Os verbos são classificados quanto a sua forma de 
conjugação e podem ser divididos em: regulares, irre-
gulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronomi-
nais, reflexivos, impessoais e os auxiliares, além das 
formas nominais. Vamos conhecer as particularida-
des de cada um a seguir:
 z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis 
de compreender, pois apresentam regularidade no 
uso das desinências, ou seja, as terminações ver-
bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
têm o paradigma morfológico com o radical, que 
permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar.
PRESENTE INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO INDICATIVO
Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste
Ele/ você canta Cantou
PRESENTE INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO INDICATIVO
Nós cantamos Cantamos
Vós cantais Cantastes
Eles/ vocês cantam Cantaram
 z Irregulares: os verbos irregulares apresentam 
alteração no radical e nas desinências verbais, por 
isso recebem esse nome, pois sua conjugação ocor-
re irregularmente, seguindo um paradigma pró-
prio para cada grupo verbal. Perceba como ocorre 
uma sutil diferença na conjugação do verbo estar 
que utilizamos como exemplo, isso é importante 
para não confundir os verbos irregulares com os 
verbos anômalos. Ex.: Verbo estar.
PRESENTE INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO INDICATIVO
Eu estou Estive
Tu estás Esteves
Ele/ você está Esteve
Nós estamos Estivemos
Vós estais Estiveste
Eles/ vocês estão Estiveram
 z Anômalos: essesverbos apresentam profundas 
alterações no radical e nas desinências verbais, 
consideradas anomalias morfológicas, por isso, 
recebem essa classificação. Um exemplo bem 
usual de verbos dessa categoria é o verbo ser. Na 
língua portuguesa, apenas dois verbos são classi-
ficados dessa forma, os verbos ser e ir. Vejamos a 
conjugação do verbo ser:
PRESENTE INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO INDICATIVO
Eu sou Fui
Tu és Foste
Ele/ você é Foi
Nós somos Fomos
Vós sois Fostes
Eles/ vocês são Foram
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresen-
tam uma forma específica de irregularidade, que oca-
siona uma anomalia em sua conjugação, por isso, são 
classificados como anômalos.
 z Abundantes: são formas verbais abundantes os 
verbos que apresentam mais de uma forma de 
particípio aceitas pela norma culta gramatical. 
Geralmente, apresentam uma forma de particípio 
regular e outra irregular; falaremos disso poste-
riormente, quando trataremos das formas nomi-
nais do verbo. Vejamos alguns verbos abundantes:
LÍ
N
G
U
A
 P
O
RT
U
G
U
ES
A
45
INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR
PARTICÍPIO 
IRREGULAR
Acender Acendido Aceso
Afligir Afligido Aflito
Corrigir Corrigido Correto
Encher Enchido Cheio
Fixar Fixado Fixo
z Defectivos: são verbos que não apresentam algu-
mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando 
um defeito na conjugação, por isso o nome. São 
defectivos os verbos colorir, precaver, reaver. 
 Esses verbos não são conjugados na primeira pessoa 
do singular do presente do indicativo. Bem como: 
Aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extorquir, feder, 
fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, computar, colo-
rir, carpir, banir, brandir, bramir, soer.
 Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme-
nos temporais também apresentam essa caracte-
rística, como latir, bramir, chover.
z Pronominais: esses verbos apresentam um pro-
nome oblíquo átono integrando sua forma verbal; 
é importante lembrar que esses pronomes não 
apresentam função sintática. Predominantemen-
te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se
PRESENTE INDICATIVO PRETÉRITO PERFEITO INDICATIVO
Eu me sento Sentei-me
Tu te sentas Sentaste-te
Ele/ você se senta Sentou-se
Nós nos sentamos Sentamo-nos
Vós vos sentais Sentastes-vos
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se
 z Reflexivos: são os verbos que apresentam pro-
nome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta-
ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses 
verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao 
mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal; Nós nos cum-
primentamos friamente.
 z Impessoais: são verbos que designam fenômenos 
da natureza, como chover, trovejar, nevar etc. 
O verbo haver com sentido de existir ou marcando 
tempo decorrido também será impessoal. Ex.: Havia 
muitos candidatos e poucas vagas; Há dois anos, fui 
aprovado em concurso público.
Os verbos ser e estar também são verbos impes-
soais, quando designam fenômeno climático ou tempo. 
Ex.: Está muito quente!; Era tarde quando chegamos. 
O verbo ser para indicar hora, distância ou data 
concorda com esses elementos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, 
quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti-
co. Ex.: Faz anos que estudo para concursos; Aqui faz 
muito calor.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin-
taticamente, classificamos como sujeito inexistente.
Dica 
O verbo ser será impessoal quando o espaço 
sintático ocupado pelo sujeito não estiver preen-
chido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma 
do verbo fazer, podendo ser impessoal, tam-
bém, o verbo IR: “vai uns bons anos que não vejo 
Mariana”
 z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são 
empregados nas formas compostas dos verbos e 
também nas locuções verbais. Os principais verbos 
auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a 
concordância verbal, porém, o verbo principal deter-
mina a regência estabelecida na oração.
Apresentam forte carga semântica que indica 
modo e aspecto da oração; tratamos mais desse assun-
to no tópico verbos auxiliares no final da gramática.
São importantes na formação da voz passiva 
analítica.
 z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos 
três formas nominais dos verbos:
 � Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor 
durativo da ação e equivale a um advérbio ou 
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando.
 � Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO, 
-GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser 
classificado em particípio regular e irregular, 
sendo as formas regulares finalizadas em -ADO 
e -IDO.
A norma culta gramatical recomenda o uso do par-
ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os 
verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio 
irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban-
didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
 � Infinitivo: marca as conjugações verbais.
 AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR, 
PasseAR);
 ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER, 
pÔR);
 IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par-
tIR, SaIR)
 O verbo pôr corresponde à segunda conjuga-
ção, pois origina-se do verbo poer, o mesmo 
acontece com verbos que deste derivam.
Vozes verbais
As vozes verbais definem o papel do sujeito na 
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação 
verbal ou se ele recebe a ação verbal.
 z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação ver-
bal. Ex.: O policial deteve os bandidos.
 z Passiva: O sujeito é paciente, sofre a ação verbal. 
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial – pas-
siva analítica; Detiveram-se os criminosos – pas-
siva sintética.
46
 z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mesmo 
tempo, pois o sujeito pratica e recebe a ação ver-
bal. Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia.
 z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mesmo 
tempo, porém percebemos que há uma ação com-
partilhada entre dois indivíduos. Ex.: Os bandidos 
se olharam antes do julgamento.
A voz passiva é realizada a partir da troca de 
funções entre sujeito e objeto da voz ativa; falamos 
melhor desse processo no capítulo funções do SE em 
verbos transitivos direto.
Só podemos transformar uma frase da voz ativa 
para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou 
transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva 
com a presença do objeto direto.
A voz reflexiva indica uma ação praticada e rece-
bida pelo sujeito ao mesmo tempo; essa relação pode 
ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e 
sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu. 
Ou a ação pode ser compartilhada entre dois ou mais 
indivíduos que praticam e sofrem a ação. Ex.: Apesar 
do ódio mútuo, os candidatos se cumprimentaram.
No último caso, a voz reflexiva é também chamada 
de recíproca, por isso, fique atento.
Não confunda os verbos pronominais com as 
vozes verbais. Os verbos pronominais que indicam 
sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-
-se, entre outros acompanham um pronome que faz 
parte integrante do seu significado, diferentemente 
das vozes verbais que acompanham o pronome SE 
com função sintática própria.
Conjugação de Verbos Derivados
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
preensão dessas conjugações verbais.
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os 
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais 
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
ção são, predominantemente, regulares.
PRESENTE - INDICATIVO
Eu Crio
Tu Crias
Ele/Você Cria
Nós Criamos
Vós Criais
Eles/Vocês Criam
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-
mente, são irregulares e apresentam alguma modi-
ficação no radical ou nas desinências. Assim como o 
verbo passear, são derivados dessa terminação os 
verbos:
PRESENTE - INDICATIVO
Eu Passeio
Tu Passeias
Ele/Você Passeia
PRESENTE - INDICATIVO
Nós Passeamos
Vós Passeais
Eles/Vocês Passeiam
Conjugação de Alguns Verbos
Vamos agora conhecer algumas conjugações de 
verbos irregularesimportantes, que sempre são obje-
to de questões em concursos.
Fazem paradigma com o verbo aderir, mantendo 
as mesmas desinências desse verbo, as formas 
PRESENTE - INDICATIVO
Eu Adiro
Tu Aderes
Ele/Você Adere
Nós Aderimos
Vós Aderis
Eles/Vocês Aderem
PRESENTE - INDICATIVO
Eu Ponho
Tu Pões
Ele/Você Põe
Nós Pomos
Vós Pondes
Eles/Vocês Põem
São conjugados da mesma forma os verbos: dispor, 
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, en-
trepor, supor.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FCC – 2018) “Uma tendência que já coroava as edi-
ções anteriores do prêmio”.
 O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do que 
se encontra acima está sublinhado em: 
a) Por meio do qual definia uma suposta obra de arte.
b) O novo prêmio atenderia o mercado.
c) Ou o que o contraria.
d) O leitor elegerá títulos apenas entre os finalistas.
e) Ele contempla os títulos com mais chance.
“Coroava”, assim como “definia”, está conjugado no 
pretérito imperfeito do indicativo. Resposta: Letra A.
PREPOSIÇÕES
Conceito
São palavras invariáveis que ligam orações ou 
outras palavras. As preposições apresentam funções 
importantes tanto no aspecto semântico quanto no 
aspecto sintático, pois complementam o sentido de 
LÍ
N
G
U
A
 P
O
RT
U
G
U
ES
A
47
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado 
sem a presença da preposição, modificando a transiti-
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de 
sentido de palavras deverbais2.
As preposições essenciais são: a, ante, até, após, 
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
te, por, sem, sob, trás.
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim 
chamadas pois pertencem a outras classes gramaticais, 
mas, ocasionalmente, funcionam como preposições. 
Eis algumas: afora, conforme (quando equivaler a 
“de acordo com”), consoante, durante, exceto, salvo, 
segundo, senão, mediante, que, visto (quando equi-
valer a “por causa de”).
Locuções Prepositivas
São grupos de palavras que equivalem a uma pre-
posição. Ex.: Falei sobre o tema da prova; Falei acerca 
do tema da prova. 
A locução prepositiva na segunda frase substitui 
perfeitamente a preposição sobre. As locuções pre-
positivas sempre terminam em uma preposição, e há 
apenas uma exceção: a locução prepositiva com sen-
tido concessivo “não obstante”. A seguir, elencamos 
alguns exemplos de locuções prepositivas:
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito 
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; 
graças a; junto de; perto de; por entre; por trás de; quan-
to a; a fim de; a respeito de; por meio de; em virtude de.
Algumas locuções prepositivas apresentam seme-
lhanças morfológicas, mas significados completamen-
te diferentes, como: 
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla-
nejamento inicial = Concordância. / As decisões do 
público foram de encontro à proposta do programa 
= Discordância.
Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas 
= substituição. / Ao invés de chegar molhado, chegou 
cedo = oposição.
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acessado em: 19/11/2020.
Combinações e Contrações
As preposições podem ser contraídas com outras 
classes de palavras, veja:
 z Preposição + artigo:
A + a, as, o, os: à, às, ao, aos.
De + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: da, das, do, 
dos, dum, duns, duma, dumas.
Por + a, as, o, os: pela, pelas, pelo, pelos.
Em + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: na, nas, no, 
nos, num, nuns, numa, numas.
 z Preposição + pronome demonstrativo:
A + aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: àque-
le, àqueles, àquela, àquelas, àquilo.
Em + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, 
essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aqui-
lo: neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nes-
sa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, na-
queles, naquelas, naquilo.
De + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, es-
sas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: 
deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa, 
desses, dessas, disso, daquele, daquela, daque-
les, daquelas, daquilo.
2  Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação. 
Exemplo: A filmagem, O pagamento, A falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o 
termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
 z Preposição + advérbio:
De + aqui, ali, além: daqui, dali, dalém.
 z Preposição + pronomes pessoais:
Em + ele, ela, eles, elas: nele, nela, neles, nelas.
De + ele, ela, eles, elas: dele, dela, deles, delas.
 z Preposição + pronome relativo:
A + onde: aonde.
 z Preposição + pronomes indefinidos:
De + outro, outras: doutro, doutros, doutra, doutras.
Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por 
Preposições
É importante ressaltar que as preposições podem 
apresentar valor relacional ou podem atribuir um 
valor nocional. As preposições que apresentam um 
valor relacional cumprem uma relação sintática 
com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são 
chamados deverbais, conforme já mencionamos ante-
riormente. Essa mesma relação sintática pode ocorrer 
com adjetivos e advérbios, os quais também apresen-
tarão função deverbal. 
Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida 
pela regência do verbo concordar).
Tenho medo da queda (preposição exigida pelo 
complemento nominal).
Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
gida pelo adjetivo).
Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo 
advérbio). 
Em todos esses casos, a preposição mantém uma 
relação sintática com a classe de palavras a qual se liga, 
sendo, portanto, obrigatória sua presença na sentença.
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
nal é preponderante apresentam uma modificação 
no sentido da palavra a qual se liga. Elas não são 
componentes obrigatórios na construção da senten-
ça, divergindo das preposições de valor relacional. 
As preposições de valor nocional estabelecem uma 
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo 
etc. Vejamos algumas:
VALOR NOCIONAL DAS 
PREPOSIÇÕES SENTIDO
Posse Carro de Marcelo
Lugar O cachorro está sob a mesa
Modo Votar em branco, chegar aos gritos
Causa Preso por estupro
Assunto Falar sobre política
Origem Descende de família simples
Destino Olhe para frente! Iremos a Paris
48
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FCC – 2018) Observe as seguintes passagens: 
I. Para o comitê, Brasília era um marco do desenvolvi-
mento moderno.
II. Mas, para ganhar o título de patrimônio mundial, preci-
sava de leis...
III. Criadas por Lucio Costa para organizar o sítio urbano...
IV. Para muitos, o Plano Piloto lembra um avião.
 Considerando-se o contexto, o vocábulo para exprime 
ideia de finalidade em:
a) I e III, apenas.
b) I, II e IV, apenas.
c) III e IV, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
A preposição “para” indicará finalidade quando puder 
ser substituída pela locução “a fim de”, como ocorre 
nos itens II e III. Resposta: Letra D.
CONJUNÇÕES
Assim como as preposições, as conjunções também 
são invariáveis e também auxiliam na organização 
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
ções. Por manterem relação direta com a organização 
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser: 
coordenativas ou subordinativas.
Conjunções Coordenativas
As conjunções coordenativas são aquelas que 
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não 
fazem parte de uma outra ou, em alguns casos, essas 
conjunções ligam núcleos de um mesmo termo da ora-
ção. As conjunções coordenadas podem ser:
 z Aditivas: E, nem, bem como, não só, mas também, 
não apenas, como ainda, senão (após não só). Ex.: 
Não fiz os exercícios nem revisei. O gato era o pre-
ferido, não só da filha, senão de toda família.
 z Adversativa: Mas, porém, contudo, todavia, entre-
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). Ex.: 
Não tenho um filho, mas dois. A culpa não foi a 
população, senão dos vereadores (equivale a “mas 
sim”). 
 � Importante:a conjunção E pode apresentar 
valor adversativo, principalmente quando é 
antecedido por vírgula: Estava querendo dor-
mir, e o barulho não deixava.
 z Alternativas: Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja, 
ora...ora, já...já. Ex.: Estude ou vá para a festa. Seja 
por bem, seja por mal, vou convencê-la. 
 � Importante: a palavra senão pode funcionar 
como conjunção alternativa: Saia agora, senão 
chamarei os guardas! (podemos trocá-la por ou).
 z Explicativas: Que, porque, pois, (se vier no início 
da oração), porquanto. Estude, porque a caneta é 
mais leve que a enxada!
 � Importante: Pois com sentido explicativo ini-
cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois 
sinto saudades. 
Pois conclusivo fica após o verbo, deslocado entre 
vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a 
subir.
 z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim, 
por conseguinte, destarte, pois (deslocado na fra-
se). Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui 
aprovado.
 As conjunções e, nem não devem ser empregadas 
juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a 
mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta 
em redundância.
Conjunções Subordinativas
Tal qual as conjunções coordenativas, as subor-
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias 
apresentadas em um texto; porém, diferentemente 
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações 
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra 
para terem o sentido apreendido.
 z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto, 
visto que, uma vez que, como (equivale a porque) 
etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca se arrumava.
 z Consecutiva: Que (depois de tal, tanto, tão), de 
modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.: 
Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
 z Comparativa: Como, que nem, que (depois de 
mais, menos, melhor, pior, maior) etc. Ex.: Corria 
como um touro.
 z Conformativa: Conforme, como, segundo, de 
acordo com, consoante etc. Ex.: Tudo ocorreu con-
forme o planejado.
 z Concessiva: Embora, conquanto, ainda que, mes-
mo que, em que pese, posto que etc. Ex.: Teve que 
aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado.
 z Condicional: Se, caso, desde que, contanto que, 
a menos que, somente se etc. Ex.: Se eu quisesse 
falar com você, teria respondido sua mensagem.
 z Proporcional: À proporção que, à medida que, 
quanto mais...mais, quanto menos...menos etc. Ex.: 
Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser 
aprovado.
 z Final: Final, para que, a fim de que etc. Ex.: A pro-
fessora dá exemplos para que você aprenda!
 z Temporal: Quando, enquanto, assim que, até que, 
mal, logo que, desde que etc. Ex.: Quando viajei 
para Fortaleza, estive na Praia do Futuro. Mal che-
guei à cidade, fui assaltado.
Os valores semânticos das conjunções não se 
prendem às formas morfológicas desses elementos. 
O valor das conjunções é construído contextualmen-
te, por isso, é fundamental estar atento aos sentidos 
estabelecidos no texto. Ex.: Se Mariana gosta de você, 
por que você não a procura? (SE = causal = já que); 
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar 
puro no campo. (quando = causal = já que).
LÍ
N
G
U
A
 P
O
RT
U
G
U
ES
A
49
Conjunções Integrantes
As conjunções integrantes fazem parte das orações 
subordinadas e, na realidade, elas apenas integram 
uma oração principal à outra, subordinada. Existem 
apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se.
 z Quando é possível substituir o que pelo pronome 
isso, estamos diante de uma conjunção integrante. 
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero = isso.
 z Sempre haverá conjunção integrante em orações 
substantivas e, consequentemente, em períodos 
compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa. 
Perguntei = isso.
 z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que 
o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o 
Brasil é um país desigual (certo).
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O uso da conjunção 
“embora” pela conjunção “conquanto” prejudicaria o 
sentido original do texto: 
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Nem precisamos ler o texto mencionado pela ques-
tão para sabermos que o item está errado, pois 
conquanto, assim como embora, é uma conjunção 
concessiva. Resposta: Errado.
INTERJEIÇÕES
As interjeições também fazem parte do grupo de 
palavras invariáveis, tal como as preposições e as con-
junções. Sua função é expressar estado de espírito e 
emoções, por isso, apresenta forte conotação semânti-
ca; ademais, uma interjeição sozinha pode equivaler 
a uma frase. Ex.: Tchau!
As interjeições, como mencionamos, indicam rela-
ções de sentido diversas; a seguir, apresentamos um 
quadro com os sentimentos e sensações mais expres-
sos pelo uso de interjeições:
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
Alívio Arre! Ufa! Ah!
Alegria/satisfação Eba! Oba! Viva!
Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
Repulsa Irra! Fora! Abaixo!
Dor/tristeza Ai! Ui! Que pena!
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
É salutar lembrar que o sentido exato de cada 
interjeição só poderá ser apreendido diante do con-
texto; por isso, em questões que abordem essa classe 
de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a 
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido 
expresso no texto. 
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati-
va que expresse sentimento ou emoção pode funcionar 
como uma interjeição. Lembrem-se dos palavrões, por 
exemplo, que são interjeições por excelência, mas, depen-
dendo do contexto, podem ter seu sentido alterado.
Antes de concluirmos, é importante ressaltar o 
papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras 
que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus! 
Ora bolas! Valha-me Deus!
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre 
os grandes grupos de palavras existentes na língua, 
como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru-
pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases, 
nós construímos um painel morfológico. 
As palavras normalmente recebem uma dupla 
classificação: a morfológica, que está relacionada à 
classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela-
cionada à função específica que assumem em deter-
minada frase.
Frase
Frase é todo enunciado com sentido completo. 
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um 
conjunto de palavras. 
Ex.: Fogo!
Silêncio! 
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano 
Ramos)
Oração
Enunciado que se estrutura em torno de um verbo 
(explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu-
ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen-
tá-lo completo ou incompleto. 
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a 
poluição. 
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque)
Período
Período é o enunciado constituído de uma ou mais 
orações. 
Classifica-se em:
z Simples: possui apenas uma oração. 
 Ex.: O sol surgiu radiante. 
 Ninguém viu o acidente. 
z Composto: possui duas ou mais orações. 
 Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.” 
(Chico Buarque)
 Chegou Em Casa E Tomou Banho.
50
TERMOS DA ORAÇÃO
Os termos que formam o período simples são dis-
tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte-
grantes (complemento verbal, complemento nominal 
e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal, 
adjunto adverbial e aposto). 
Termos Essenciais da Oração
São aqueles indispensáveis para a estrutura básica 
da oração. Costuma-se associar esses termos a situa-
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi-
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por 
exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a 
seguir cada um deles.
SUJEITO
É o elemento que faz ou sofre a ação determinada 
pelo verbo.
O sujeito pode ser: 
z o termo sobre o qual o restante da oração diz algo; 
z o elemento que pratica ou recebe a ação expressa 
pelo verbo; 
z o termo que pode ser substituído por um pronome 
do caso reto;
z o termo com o qual o verbo concorda.Ex.: A população implorou pela compra da vacina 
da COVID-19.
No exemplo anterior a população é: 
 z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
rou pela compra da vacina);
 z O elemento que pratica a ação de implorar;
 z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo 
implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
 z O termo que pode ser substituído por um pronome 
do caso reto.
 (Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.) 
Núcleo do sujeito
O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal 
porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O 
núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
do determinada função sintática, que atua ou sofre 
a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou 
pronome. 
 z O sujeito simples contém apenas um núcleo.
Ex.: O povo pediu providências ao governador. 
Sujeito: O povo
Núcleo do sujeito: povo
 z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído 
de dois ou mais termos.
As luzes e as cores são bem visíveis.
Sujeito: As luzes e as cores
Núcleo do sujeito: luzes/cores
Dica
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se 
as expressões interrogativas quem? ou o quê? 
Antes do verbo. 
Ex.: A população pediu uma providência ao 
governador.
quem pediu uma providência ao governador? 
Resposta: A população (sujeito). 
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o 
outro.
o que iria de um lado para o outro? 
Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito).
Tipos de Sujeito
Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em:
DETERMINADO
Simples
Composto
Elíptico
INDETERMINADO
Com verbos flexionados na 3ª 
pessoa do singular
Com verbos acompanhados do 
se (índice de indeterminação do 
sujeito) 
INEXISTENTE
Usado para fenômenos da 
natureza ou com verbos 
impessoais
 z Determinado: quando se identifica a pessoa, o 
lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:
 � Simples: quando há apenas um núcleo.
 Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
 Núcleo: aluguel
 Sujeito simples: O aluguel da casa
 � Composto: quando há dois núcleos ou mais.
 Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos.
 Núcleos: sons, cores.
 Sujeito composto: Os sons e as cores
 � Elíptico, oculto ou desinencial: quando não 
aparece na oração, mas é possível de ser identifi-
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere.
Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu)
 z Indeterminado: quando não é possível identificar 
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente. 
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa-
do por um índice de indeterminação do sujeito, a 
partícula “se”.
 � Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, 
não se referindo a nenhuma palavra determi-
nada no contexto.
 Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje. 
 Entende-se que alguém passou cedo.
 � Colocando-se verbos sem complemento direto 
(intransitivos, transitivos diretos ou de ligação) 
na 3ª pessoa do singular acompanhados do pro-
nome se, que atua como índice de indetermina-
ção do sujeito.
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U
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 Ex.: Não se vê com a neblina.
 Entende-se que ninguém consegue ver nessa 
condição.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CONSESP – 2018) Assinale a alternativa em que 
temos sujeito indeterminado.
a) Levaram-me para uma casa velha.
b) Era uma tarde maravilhosa.
c) Vendem-se espetos de carne aqui.
d) Alguns assistiram ao filme até o final.
A construção verbal “Levaram-me”, da alternativa 
A, indica que o sujeito está na 3ª pessoa do plural 
e é indeterminado porque não se sabe quem levou. 
Resposta: Letra A.
Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito
Esse tipo de situação ocorre quando uma oração 
não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos 
são impessoais e normalmente representam fenôme-
nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer 
ou haver no sentido de existir. 
Geia no Paraná.
Fazia um mês que tinha sumido.
Basta de confusão.
Há dois anos esse restaurante abriu.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FEPESE – 2016) Na oração “Uma partícula extrema-
mente quente e pesada começou a se ‘contorcer’”, o 
núcleo do sujeito é a palavra:
a) quente.
b) pesada.
c) partícula.
d) contorcer
e) extremamente.
“Partícula” corresponde ao termo central do sujei-
to “uma partícula extremamente quente e pesada”. 
Portanto, tem função de núcleo do sujeito. Resposta: 
Letra C.
Classificação do Sujeito Quanto à Voz
 z Voz ativa (sujeito agente)
Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.
Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer-
ce a ação na frase.
 z Voz passiva sintética (sujeito paciente)
 Ex.: Corta-se cabelo.
 Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito 
“cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do 
item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da 
oração. 
Importante notar que não há preposição entre 
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo, 
“de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais 
sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal.
Precisa-se de cabelo.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, 
e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é 
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina-
ção “-se”.
 z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
 Ex.: A minha saia azul está rasgada.
 O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
ça da partícula -se.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FURB – 2019) Assinale a alternativa que contém 
a classificação correta do sujeito da oração “Neste 
primeiro momento, foram entregues 30 aparelhos 
auditivos”.
a) Sujeito composto.
b) Oração sem sujeito.
c) Sujeito oculto (desinencial).
d) Sujeito indeterminado.
e) Sujeito simples.
O sujeito da oração é “30 aparelhos auditivos”. Na 
ordem direta, a sentença fica: “30 aparelhos audi-
tivos foram entregues neste primeiro momento”. 
Como o sujeito é formado por apenas um núcleo, o 
sujeito é simples. Resposta: Letra E.
PREDICADO
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre 
o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
mos essenciais na oração, há casos em que a oração 
não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em 
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é 
impossível existir uma oração sem sujeito.
O predicado pode ser: 
 z Aquilo que se declara a respeito do sujeito. 
 Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.” 
(José de Alencar)
 Predicado: seguem sua marcha
 z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
to (oração sem sujeito): 
 Ex.: Chove pouco nesta época do ano.
 Predicado: Chove pouco nesta época do ano.
Para determinar o predicado, basta separar o 
sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica-
do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo 
é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita: 
Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves 
Dias) 
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida.
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias)
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
52
Classificação do Predicado
A classificação do predicado depende do significa-
do e do tipo de verbo que apresenta. 
 z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-
nificativo se concentra em um nome (corresponde 
a um predicativo do sujeito). 
 O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação. 
O predicado nominal tem por núcleo um nome 
(substantivo, adjetivo ou pronome). 
 Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo 
Mendes)
 Predicado: são mais bonitas.
 Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo 
Bilac)
 Predicado: estão cheias de calafrios.
É importante não confundir:
 z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação, 
mas um estado momentâneo ou permanente que 
relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é 
o predicativo do sujeito.
 z Predicativo do sujeito; função exercida por subs-
tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
Ex.: O garoto está bastante feliz.
Verbo de ligação: está. 
Predicativo do sujeito: bastante feliz.
Ex.: Seu batom é muito forte.
Verbo de ligação: é.
Predicativo do sujeito:muito forte.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (AMEOSC – 2019) “Elas são diferentes uma da outra, 
[...]”. Na oração, os termos destacados exercem fun-
ção sintática de:
a) Predicado nominal.
b) Predicado verbal.
c) Predicado verbo-nominal.
d) Predicativo do sujeito.
O verbo “são” é de ligação, o que confere uma 
característica do sujeito com os termos posteriores 
“diferentes uma da outra”, que são o predicativo do 
sujeito. Portanto, a alternativa correta é a A, consi-
derando que o predicado da oração é nominal. Res-
posta: Letra A.
Predicado Verbal
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um 
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do 
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os 
demais termos do predicado. 
O verbo do predicado pode ser classificado em 
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi-
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo. 
 z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi-
ge um complemento não preposicionado, o objeto 
direto.
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.” 
Noel Rosa
Verbo Transitivo Direto: Fazer.
Ex.: Ele trouxe os livros ontem.
Verbo Transitivo Direto: trouxe.
 z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti-
vo indireto tem como necessidade o complemen-
to acompanhado de uma preposição para fazer 
sentido.
Ex.: Nós acreditamos em você.
Verbo transitivo indireto: acreditamos
Preposição: em
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais.
Verbo transitivo indireto: obedeceu
Preposição: a (a + os)
Ex.: Os professores concordaram com isso.
Verbo transitivo indireto: concordaram
Preposição: com
 z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o 
verbo de sentido incompleto que exige dois com-
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto 
indireto (com preposição).
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou-
tras.” (Machado de Assis)
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
Objeto direto 1: anedotas
Objeto indireto 1: lhe
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia
Objeto direto 2: outras
Objeto indireto 2: lhe.
 z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons-
truir sozinho o predicado, que não precisa de com-
plementos verbais, sem prejudicar o sentido da 
oração.
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam.
Verbo intransitivo: adormeciam.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CRESCER CONSULTORIAS – 2019) Ocorre predicado 
verbal em:
a) “O rapaz foi condenado a dez anos de liberdade vigia-
da e terapia”.
b) “Mesmo se formos todos bem intencionados”.
c) “Crianças ricas são mais vulneráveis a problemas de 
abuso de substâncias”.
d) “Filhos de pais ricos não estão necessariamente livres 
de problemas de adequação”.
O predicado “foi condenado a dez anos de liberdade 
vigiada e terapia” contém um verbo intransitivo dire-
to (“foi”) e, consequentemente, um complemento de 
mesmo valor sintático. Resposta: Letra A
Predicado Verbo-Nominal
Ocorre quando há dois núcleos significativos: 
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um 
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo 
transitivo, predicativo do objeto).
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes) 
Verbo intransitivo: parou
Predicativo do sujeito: atento
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Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” 
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é 
considerado predicativo do sujeito.
Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac)
Verbo intransitivo: marchou
Predicativo do sujeito: desorientado
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei-
to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha-
do de Assis)
Verbo transitivo direto: achou
Objeto direto: o raciocínio
Predicativo do objeto: exato
No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza um 
julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”, que é o 
objeto direto dessa oração. Com isso, podemos concluir 
que temos um caso de predicativo do objeto, visto que 
“exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é o sujeito.
O que é o predicativo do objeto?
É o termo que confere uma característica, uma 
qualidade, ao que se refere.
A formação do predicativo do objeto se dá por um 
adjetivo ou por um substantivo.
Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
Predicativo do objeto: proveitoso
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Predicativo do objeto: vitoriosa
Para facilitar a identificação do predicativo do 
objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
fica é relacionar o predicativo ao nome.
O filme foi proveitoso.
Ela era vitoriosa.
Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de 
ligação (foi e era, respectivamente).
 EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (SERCTAM – 2016) Na oração “Este homem parece 
uma criança”, o termo destacado é:
a) sujeito.
b) predicado verbal.
c) predicativo do objeto.
d) predicado nominal.
e) predicado verbo-nominal.
O verbo “parece” é transitivo direto, e “uma crian-
ça” tanto complementa o sentido do verbo como 
caracteriza o sujeito “Este homem”. Portanto, o tre-
cho “parece uma criança” corresponde a um predi-
cado nominal. Resposta: Letra D.
2. (FUMARC – 2012) Há oração sem sujeito em: 
a) “Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.”
b) “Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade [...]”
c) “Com certeza, já haviam tomado café da manhã em 
casa [...]”
d) “É muito grave esse processo de abstração da lingua-
gem, de sentimentos [...]”
Oração sem sujeito acontece quando não há um ele-
mento ao qual se atribui o predicado. Ocorre, por 
exemplo, quando temos o verbo “haver” no sentido 
de existir, acontecer, pois o mesmo não tem sujeito. 
Na alternativa B, temos o verbo falar na 3º pessoa do 
singular + SE, indicando indeterminação do sujeito. 
Na alternativa C, temos o verbo haver, mas no sen-
tido de ter, por isso, o mesmo encontra-se no plural; 
temos, portanto, Sujeito indeterminado. Na letra D, 
temos como sujeito “esse processo de abstração da 
linguagem, de sentimentos”. Resposta: Letra A.
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO
São vocábulos que se agregam a determinadas 
estruturas para torná-las completas. De acordo com 
a gramática da língua portuguesa, esses termos são 
divididos em:
Complementos Verbais
São termos que completam o sentido de verbos 
transitivos diretos e transitivos indiretos. 
 z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
panhado de preposição.
 Ex.: Examinei o relógio de pulso.
 Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
 O técnico convocou somente os do Brasil. (os = 
aqueles)
Pronomes e sua relação com o objeto direto
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas 
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), “que” quase sem-
pre exercem função de objeto direto, os pronomes 
oblíquos me, te, se, nos, vos também podem exercer 
essa função sintática.
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram 
quem? A minha pessoa”)
Nunca vos tomeis como grandes personalidades. 
(= “Nunca tomeis quem? Vós”)
Convidaram-na para o almoço de despedida. (= 
“Convidaram quem? Ela”)
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (= 
“Receberam quem? Nós”)
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem 
ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do 
pronome relativo que.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: 
esse algo é o objeto direto)
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome 
feminino definido)
 z Objeto direto preposicionado 
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija 
preposição no seu complemento, algumas palavras 
requerem o uso da preposição para não perder o sen-
tido de “alvo” do sujeito.
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros 
facultativos.
Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição:
Não entendo nem a ele nem a ti.
Respeitava-se aos mais antigos.
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
Amavam-se um ao outro.
“Olho Gabriela como a uma criança, enão mulher 
feita.” (Ciro dos Anjos)
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Exemplos com ocorrência facultativa de preposição:
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque-
le templo.
A escultura atrai a todos os visitantes.
Não admito que coloquem a Sua Excelência num 
pedestal.
Ao povo ninguém engana.
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles.
No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des-
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
sente para indicar parte de um todo, quando assim 
for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa 
bebeu uma porção da água, e não ela toda.
 z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência 
dessa função sintática na mesma oração, a fim de 
enfatizar um único significado.
Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de 
Andrade)
 z Objeto direto interno: Representado por palavra 
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta 
mesmo significado.
Ex.: Riu um riso aterrador.
Dormiu o sono dos justos.
Como diferenciar objeto direto de sujeito?
Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
va analítica e se transforma em sujeito.
Os jogos da seleção foram ignorados.
 z Objeto indireto: É complemento verbal regido de 
preposição obrigatória, que se liga diretamente a 
verbos transitivos indiretos e diretos. Representa 
o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da 
casa 260.
Gosto de ti, meu nobre.
Não troque o certo pelo duvidoso.
Vamos insistir em promover o novo romance de 
ficção.
Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais
Pode ser representado pelos seguintes pronomes 
oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
nomes o, a, os, as não exercerão essa função. 
Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim, 
comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto 
indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
 z Objeto indireto pleonástico: Ocorrência repetida 
dessa função sintática com o objetivo de enfatizar 
uma mensagem.
Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
COMPLEMENTO NOMINAL
Completa o sentido de substantivos, adjetivos e 
advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A 
presença de um complemento nominal nos contextos 
de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
do do nome.
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado.
Estou longe de casa e tão perto do paraíso.
Para melhor identificar um complemento nomi-
nal, siga a instrução:
Nome + preposição + quem ou quê
Como diferenciar complemento nominal de com-
plemento verbal?
Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração. 
(complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se 
diretamente ao verbo “obedecia”)
Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
Agente da Passiva
É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais 
raramente, da preposição de.
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares 
ser, estar, viver, andar, ficar.
Termos Acessórios da Oração
Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu-
ra básica da oração, são importantes para compreen-
são do enunciado porque trazem informações novas. 
Esses termos são chamados acessórios da oração. 
Adjunto Adnominal
São termos que acompanham o substantivo, 
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar, 
especificar o elemento representado pelo substantivo.
Categorias morfológicas que podem funcionar 
como adjunto adnominal:
 z Artigos
 z Adjetivos
 z Numerais
 z Pronomes
 z Locuções adjetivas
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo 
ficaram esquecidos no quarto.
Iam cheios de si.
Estava conquistando o respeito dos seus.
O novo regulamento originou a revolta dos 
funcionários.
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.
 z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto 
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes 
exercem essa função sintática quando assumem 
valor de pronomes possessivos.
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo).
 z Como diferenciar adjunto adnominal de com-
plemento nominal?
Quando o adjunto adnominal for representado 
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido 
com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga 
a dica:
 � Será adjunto adnominal: se o substantivo ao 
qual se liga for concreto.
 Ex.: A casa da idosa desapareceu.
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 Se indicar posse ou o agente daquilo que 
expressa o substantivo abstrato.
 Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada.
 � Será complemento nominal: se indicar o alvo 
daquilo que expressa o substantivo.
 Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não 
foi respeitada.
 Notava-se o amor pelo seu trabalho.
 Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio:
 Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (NOVA CONCURSOS – 2021) Identifique os adjuntos 
adnominais das orações abaixo.
a) Os inscritos atrasados não puderam entrar.
b) As consequências serão graves.
c) Os alunos calados estiveram atentos.
d) Os funcionários da recepção continuaram calados.
e) O romance da jovem escritora foi publicado.
a) “atrasados”, qualificando o termo “inscritos”
b) “As”, artigo relacionado do termo “consequências”
d) “calados”, qualificando o termo “alunos”
d) “da recepção”, indicando quais são os funcionários
e) “da jovem escritora”, indicando de quem é o 
romance. Resposta. 
Adjunto Adverbial
Termo representado por advérbios, locuções 
adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio-
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas 
circunstâncias.
 z Tempo: Quero que ele venha logo;
 z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida;
 z Modo: O dia começou alegremente;
 z Intensidade: Almoçou pouco;
 z Causa: Ela tremia de frio;
 z Companhia: Venha jantar comigo;
 z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as 
roupas;
 z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo;
 z Finalidade: Vivia para o trabalho;
 z Meio: Viajou de avião devido à rapidez;
 z Assunto: Falávamos sobre o aluguel;
 z Negação: Não permitirei que permaneça aqui;
 z Afirmação: Sairia sim naquela manhã;
 z Origem: Descendia de nobres.
Não confunda!
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de 
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio-
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que 
o sentido seja parecido.
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui 
é um adjunto adnominal)
Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um 
adjunto adverbial)
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (NOVA CONCURSOS – 2021) O termo grifado em: 
“Watson estava numa sala ao lado” exerce a função 
sintática de:
a) Adjunto adnominal
b) Objeto direto
c) Predicativo
d) Complemento nominal
e) Adjunto adverbial
O verbo “estava” é seguido de um adjunto adverbial 
de lugar; neste caso, temos um adjunto adverbial. 
Resposta: Letra E.
Aposto
Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes 
ou orações. O aposto tem como propósito explicar, 
identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon-
tar algo, alguém ou um fato.
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma 
bicicleta. 
Aposto: filha de D. Raimunda
Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
des obras.
Aposto: Machado de Assis.
Classifica-se nas seguintes categorias:
 z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. 
Separa-se do substantivo a que se refere por uma 
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões 
ou dois-pontos. 
 Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram 
ontem, acabaram de voltar de férias.
 Jéssica uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos.
z Enumerativo: usado para desenvolver ideias que 
foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
 Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e 
riachos.
 Apenas trêscoisas me tiravam do sério, a saber, 
preconceito, antipatia e arrogância.
 z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado 
para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
malmente, por um pronome indefinido.
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos 
estavam empolgados com a feira.
Irei a Macau, Cabo Verde, Angola e Timor-Leste, 
países africanos onde se fala português.
z Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
 Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem 
rumo.
z Circunstancial: Exprime uma característica 
circunstancial.
 Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas 
apropriadas.
z Especificativo: É o aposto que aparece junto a um 
substantivo de sentido genérico, sem pausa, para 
especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por 
substantivos próprios.
 Exs.: O mês de abril. 
 O rio Amazonas. 
 Meu primo José.
56
 z Aposto da oração: É um comentário sobre o 
fato expresso pela oração, ou uma palavra que 
condensa.
Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua 
preocupação.
O noticiário disse que amanhã fará muito calor – 
ideia que não me agrada.
z Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra 
para as perguntas.
Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.
Dica
z O aposto pode aparecer antes do termo a que 
se refere, normalmente antes do sujeito.
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
na marcou uma geração.
z Segundo “o gramático” Cegalla, quando o apos-
to se refere a um termo preposicionado, pode ele 
vir igualmente preposicionado.
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de 
tudo ele tinha medo.
z O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial.
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas. 
(adjetivos, apostos do predicativo do sujeito)
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa-
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial 
de modo).
 z Diferença de aposto especificativo e adjunto 
adnominal: Normalmente, é possível retirar a 
preposição que precede o aposto. Caso seja um 
adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura 
fica prejudicada.
Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
(aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
O clima de Fortaleza é quente.
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?)
 z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O 
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo 
adjetivo.
Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
(predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad-
jetivo)
Homem desesperado, João sempre perde o con-
trole.
(aposto; núcleo: homem – substantivo)
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2014) No trecho, as vírgulas iso-
lam segmento – “Sua vocação eminentemente hídrica 
impõe, ao longo dos séculos, a necessidade do deslo-
camento...” com função de aposto explicativo.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
O trecho “ao longo dos séculos” não é um aposto e 
não sugere explicação. Na verdade, ele é um adjunto 
adverbial de tempo deslocado na frase, intercalado 
por vírgulas. Se trouxéssemos esse trecho para o iní-
cio do período, ficaria: “Ao longo dos séculos, sua 
vocação eminentemente hídrica impõe a necessida-
de do deslocamento.” Resposta: Errado.
Vocativo
O vocativo é um termo que não mantém relação 
sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para 
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese-
ja se comunicar. É um termo independente, pois 
não faz parte da estrutura da oração. 
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha 
consulta.
Ela te diz isso desde ontem, Fábio. 
 z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati-
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum 
outro termo da oração. 
Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças. 
O aposto se relaciona sintaticamente com outro 
termo da oração. 
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável. 
Sujeito: a cozinha de lufe.
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao 
sujeito).
PERÍODO COMPOSTO POR 
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
Observe os exemplos a seguir:
A apostila de Português está completa. 
Um verbo: Uma oração = período simples
Português e Matemática são disciplinas essen-
ciais para ser aprovado em concursos. 
Dois verbos: duas orações = período composto
O período composto é formado por duas ou mais 
orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado 
períodos simples e período compostos. 
PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO
Era dia de eleição O povo levantou-se cedo para evitar aglomeração
Para não esquecer:
Período simples é aquele formado por uma só 
oração.
Período composto é aquele formado por duas ou 
mais orações.
Classifica-se nas seguintes categorias:
 z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas; 
 � Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver-
sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
 z Por subordinação: 
 � Orações subordinadas substantivas: subjeti-
vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com-
pletivas nominais, predicativas, apositivas;
 � Orações subordinadas adjetivas: restritivas, 
explicativas;
 � Orações subordinadas adverbiais: causais, 
comparativas, concessivas, condicionais, con-
formativas, consecutivas, finais, proporcionais, 
temporais.
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 z Por coordenação e subordinação: orações for-
madas por períodos mistos;
 z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
Período Composto por Coordenação
As orações são sintaticamente independentes. Isso 
significa que uma não possui relação sintática com 
verbos, nomes ou pronomes das demais orações no 
período.
Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” 
(Fernando Pessoa) 
Oração coordenada 1: Deus quer
Oração coordenada 2: o homem sonha
Oração coordenada 3: a obra nasce.
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da 
sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à 
porta da sala de Damasceno
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi
Conjunção adversativa: mas nada
Orações Coordenadas Sindéticas
As orações coordenadas podem aparecer ligadas 
às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome 
sindética. Veremos agora cada uma delas:
 z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou 
simultaneidade.
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam-
bém, mas ainda, bem como, como também, se-
não também, que (= e).
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos.
Os convidados não compareceram nem explica-
ram o motivo.
 z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con-
traste ou ressalva em relação ao fato anterior.
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia, 
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs-
tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso.
Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas.
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a 
morte.” (Laurindo Rabelo)
 z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou 
se excluem.
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... 
ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez 
... talvez).
Ex.: Ora responde, ora fica calado.
Você quer suco de laranja ou refrigerante?
 z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica 
sobre um raciocínio.
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con-
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início 
de frase).
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima 
semana.
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo 
Mendes Campos)
 z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem 
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, 
porquanto, pois.
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale 
a “pois”)
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos 
com fome.
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO
Formado por orações sintaticamente dependentes, 
considerando a função sintática em relação a um ver-
bo, nome ou pronome de outra oração.
Tipos de orações subordinadas:
 z Substantivas;
 z Adjetivas;
 z Adverbiais.
Orações Subordinadas Substantivas
São classificadas nas seguintescategorias:
 z Orações subordinadas substantivas conectivas: 
são introduzidas pelas conjunções subordinativas 
integrantes que e se.
Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de 
impostos.
Não sei se poderei sair hoje à noite.
 z Orações subordinadas substantivas justapos-
tas: introduzidas por advérbios ou pronomes 
interrogativos (onde, como, quando, quanto, 
quem etc.) 
 z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias 
roubadas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira.
 z Orações subordinadas substantivas reduzidas: 
não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica 
no infinitivo.
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras.
 z Orações subordinadas substantivas subjetivas: 
exercem a função de sujeito. O verbo da oração 
principal deve vir na voz ativa, passiva analítica 
ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
rir a nenhum termo na oração.
Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
cional) (or. sub. subst. subje.)
 z Orações subordinadas substantivas objetivas 
diretas: exercem a função de objeto direto de um 
verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
reto da oração principal.
Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub. 
subst. obj. dir.)
 z Orações subordinadas substantivas completi-
vas nominais: exercem a função de complemento 
nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio 
da oração principal.
Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
mento nominal)
Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
pl. nom.)
 z Orações subordinadas substantivas predicati-
vas: funcionam como predicativos do sujeito da 
oração principal. Sempre figuram após o verbo de 
ligação ser.
58
Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do 
sujeito)
Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do 
sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.)
 z Orações subordinadas substantivas apositivas: 
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois 
de dois-pontos ou entre vírgulas.
Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
Só quero uma coisa: que você volte imediata-
mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.)
 z Orações subordinadas adjetivas: desempenham 
função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais 
raramente, aposto explicativo). São introduzidas 
por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os 
quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As 
orações subordinadas adjetivas classificam-se em: 
explicativas e restritivas.
 z Orações subordinadas adjetivas explicativas: 
não limitam o termo antecedente, e sim acrescen-
tam uma explicação sobre o termo antecedente. 
São consideradas termo acessório no período, 
podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
das por vírgulas.
Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos, 
cria trinta gatos.
 z Orações subordinadas adjetivas restritivas: 
especificam ou limitam a significação do termo 
antecedente, acrescentando-lhe um elemento indis-
pensável ao sentido. Não são isoladas por vírgulas.
Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é 
incurável.
Dica
Como diferenciar as orações subordinadas adje-
tivas restritivas das orações subordinadas adjeti-
vas explicativas?
Ele visitará o irmão que mora em Recife.
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai 
visitar apenas o que mora em Recife)
Ele visitará o irmão, que mora em Recife.
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que 
mora em Recife)
z Orações subordinadas adverbiais: exprimem 
uma circunstância relativa a um fato expresso em 
outra oração. Têm função de adjunto adverbial. 
São introduzidas por conjunções subordinativas 
(exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin-
tes grupos: 
z Orações subordinadas adverbiais causais: são 
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por-
que, visto que etc.
 Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por-
que ficamos sem gasolina.
z Orações subordinadas adverbiais comparati-
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal 
qual, como, mais etc.
 Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) 
que a importada.
z Orações subordinadas adverbiais concessivas: 
indica certo obstáculo em relação ao fato expres-
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São 
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, 
por mais que, se bem que etc.
 Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã.
z Orações subordinadas adverbiais condicionais: 
são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se, 
contanto que, a menos que etc.
 Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal.
z Orações subordinadas adverbiais conformati-
vas: são introduzidas por: como, conforme, segun-
do, consoante.
 Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos.
z Orações subordinadas adverbiais consecutivas: 
são introduzidas por: que (precedido na oração 
anterior de termos intensivos como tão, tanto, 
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma 
que, sem que.
 Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou.
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per-
fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles)
z Orações subordinadas adverbiais finais: indi-
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas 
por: para que, a fim de que, porque e que (= para 
que).
 Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos 
tivessem bom estudo.
z Orações subordinadas adverbiais proporcio-
nais: são introduzidas por: à medida que, à pro-
porção que, quanto mais, quanto menos etc.
 Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a 
aprecio.
z Orações subordinadas adverbiais temporais: 
são introduzidas por: quando, enquanto, logo que, 
depois que, assim que, sempre que, cada vez que, 
agora que etc.
 Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
Para separar as orações de um período composto, é 
necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos 
(conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar 
esses elementos, deve-se contar quantas orações ele 
representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
ções verbais. Exs.:
[“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
[para fixar outros] – 2ª oração
[que os rodeiam] – 3ª oração
[e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
ção (M. de Assis)
Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo 
basta, pertencente à 1ª (oração principal). 
A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém 
ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
FUNÇÕES SINTÁTICAS DOS 
PRONOMES RELATIVOS
Uma das classes de pronomes mais complexas, os 
pronomes relativos têm função muito importante na 
língua, refletida em assuntos de grande relevância 
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, 
é essencial conhecer adequadamente a função desses 
elementos a fim de saber utilizá-los corretamente.
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo 
ou a um pronome substantivo, mencionado anterior-
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio-
nado anteriormente) chamamos de antecedente.
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São pronomes relativos:
 z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto, 
quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, 
quantas.
 z Invariáveis: Que, quem, onde, como.
 z Emprego do pronome relativo que: pode ser asso-
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: Encontrei 
o homem que desapareceu; O cachorro que esta-
va doente morreu; A caneta que emprestei nunca 
recebi de volta.
Em alguns casos, há a omissão do antecedente do 
relativo que. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada 
que dizer).
 z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve 
ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos 
nós quem fizemos o bolo. 
 O pronome relativo quem pode fazer referência a algo 
subentendido: Quem cala consente (aquele que cala).
 z Emprego do relativo quanto: seu antecedente 
deve ser um pronome indefinido ou demonstra-
tivo, pode sofrer flexões. Ex.: Esqueci-me de tudo 
quanto foi me ensinado; Perdi tudo quanto pou-
pei a vida inteira.
 z Emprego do relativo cujo: deve ser empregadopara indicar posse e aparecer relacionando dois 
termos que devem ser um possuidor e uma coisa 
possuída. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua 
portuguesa (o relativo cuja está ligando aula (pos-
suidor) a matéria (coisa possuída).
O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
ro com a coisa possuída.
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome 
cujo: Cujo o, cuja a 
Não podemos substituir cujo por outro pronome 
relativo;
O pronome relativo cujo pode ser preposiciona-
do. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
Para encontrar o possuidor faça-se a seguinte per-
gunta: “de quem/do que?” Ex.: Vi o filme cujo dire-
tor ganhou o Óscar (diretor do que? Do filme.); Vi o 
rapaz cujas pernas você se referiu (pernas de quem? 
Do rapaz.)
 z Emprego do pronome relativo onde: empregado 
para indicar locais físicos. Ex.: Conheci a cidade 
onde meu pai nasceu.
 Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumin-
do as formas aonde e donde. Ex.: Irei aonde você for.
 O relativo onde pode ser empregado sem antece-
dente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
 z Emprego de o qual: o pronome relativo o qual e 
suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
do em substituição a outros pronomes relativos, 
sobretudo o que, a fim de evitar fenômenos lin-
guísticos, como queísmo. Ex.: O Brasil tem um pas-
sado do qual (que) ninguém se lembra.
O pronome o qual pode auxiliar na compreensão 
textual, desfazendo estruturas ambíguas.
EMPREGO DE NOMES E PRONOMES
Vejamos como o emprego de nomes se dá em con-
textos de flexão e variação.
Flexão de Gênero
Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma 
para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni-
formes. Os substantivos uniformes podem ser:
 z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o 
pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente 
/ a cliente; o líder / a líder.
 z Epicenos: designam animais ou plantas que apre-
sentam distinção entre masculino e feminino; a 
diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho 
ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça 
macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea; 
girafa macho / girafa fêmea.
 z Sobrecomuns: designam seres de forma geral que 
não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.: 
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
Os substantivos biformes, como o nome indi-
ca, designam os substantivos que apresentam duas 
formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.: 
professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos apresentam 
formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino:
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
Outros substantivos modificam o radical para 
designar formas diferentes no masculino e no femini-
no, estes são chamados de substantivos heteroformes:
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
Gênero e Significação
É importante salientar que alguns substantivos 
uniformes podem aparecer com marcação de gênero 
diferente, ocasionando uma modificação no sentido. 
Veja, por exemplo:
 z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;
 z O testemunho: relato de experiência, associado a 
religiões.
Algumas formas substantivas mantêm o radical, 
mas a alteração do gênero interfere no significado:
 z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
 z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
 z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
Além disso, algumas palavras na língua causam 
dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
das em contextos informais com gêneros diferentes, é 
o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a gênese; 
a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formicida; o 
telefonema; o trema.
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Algumas formas que não apresentam, necessaria-
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no 
masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox.
Flexão de Número
Os substantivos flexionam-se em gênero, de manei-
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas.
Porém, podem apresentar outras terminações: males, 
reais, animais, projéteis etc. Geralmente, devemos acres-
centar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z, 
como: flor / flores; paz / pazes. Porém, há exceções, como 
mal/males.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL 
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral 
/ corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também 
há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas 
aceitas meles e méis.
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem 
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. 
Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs-
tantivos que admitem até três formas de plural:
 z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães.
 z Ancião: anciãos, anciões, anciães.
 z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas 
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão / 
órgãos; órfão / órfãos.
Plural dos Substantivos Compostos
Os substantivos compostos são aqueles formados 
por justaposição; o plural dessas formas obedece às 
seguintes regras:
 z Variam os dois elementos:
substantivo + substantivo:
Ex.: mestre-sala / mestres-salas;
Substantivo + adjetivo:
Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;
Adjetivo + substantivo: 
Ex.: boas-vindas;
Numeral + substantivo: 
Ex.: terça-feira / terças - feiras.
 z Varia apenas um elemento: 
 Substantivo + preposição + substantivo.
 Ex.: canas-de-açúcar;
Substantivo + substantivo (com função adjetiva). 
Ex.: navios-escola.
Palavra invariável + palavra invariável. 
Ex.: abaixo-assinados.
Verbo + substantivo. 
Ex.: guarda-roupas.
Redução + substantivo. 
Ex.: bel-prazeres.
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos 
formados por verbo + advérbio e verbo + substan-
tivo plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os 
saca-rolha.
Variação de Grau
A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação 
de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma 
diminuição.
 z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi-
xos aos substantivos indicar um grau aumentativo. 
Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra, 
fogaréu, boqueirão, poetastro.
 z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi-
xos aos substantivos indicar um grau diminutivo. 
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta, 
pequenina, papelucho.
Dica
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo 
dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
vras, podendo assumir um valor:
Afetivo: filhinha;
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras 
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso 
da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com 
letra maiúscula as iniciais das palavras que designam:
 z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil; 
Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da 
Vice-presidência.
 z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás 
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um 
nome próprio, este também deverá ser escrito com 
inicial maiúscula.
 z Nomenclatura legislativa especificada deve ser 
escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri-
zes e Bases da Educação (LDB).
 z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da 
Vacina; Guerra Fria.
Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso 
de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as 
formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre-
sidente, porém é preciso manter a mesma forma em 
todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen 
devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã-
-Bretanha, Timor-Leste.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir: 
 Organiza-se o sentido, nos versos 1 e 3, por meio de 
sequências verbais, das quais se destaca o uso recor-
rente do substantivo “seco” devidamente flexionado.
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 Terra seca árvore seca
 E a bomba de gasolina
 Casa seca paiol seco
 E a bomba de gasolina
( ) CERTO  ( ) ERRADO
A palavra “seco” no contexto mencionado não é 
substantivo, e sim funciona como adjetivo. Respos-
ta: Errado.
Pronomes de Tratamento
Os pronomes de tratamento são formas que expres-
sam uma hierarquia social institucionalizada linguis-
ticamente. As formas de pronomes de tratamento 
apresentam algumas peculiaridades importantes: 
 z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo a 
2ª pessoa), apesar disso, os verbos relacionados a 
esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa 
do singular. Ex: Vossa excelência deve conhecer a 
Constituição.
 z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo 
a 3ª pessoa). Ex.: Sua excelência, o presidente do 
Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje 
à noite.
Como mencionamos anteriormente, os pronomes 
de tratamento estabelecem uma hierarquia social na 
linguagem, ou seja, a partir das formas usadas, pode-
mos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder 
instituídos pelos falantes. 
Por isso, é eficaz reconhecer que alguns pronomes 
de tratamento só devem ser utilizados em contextos 
cujos interlocutores sejam reconhecidos socialmen-
te por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre 
outras. Dessa forma, apresentamos alguns pronomes 
de tratamento com as funções sociais que designam:
 z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu-
ques e seus respectivos femininos;
 z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais;
 z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo 
e das Forças Armadas membros do alto escalão;
 z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus 
respectivos femininos;
 z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes;
 z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra-
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento 
cerimonioso a comerciantes importantes;
 z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
 z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.): 
Bispos.
Os exemplos acima fazem referência a pronomes 
de tratamento e suas respectivas designações sociais 
conforme indica o Manual de Redação Oficial da Pre-
sidência da República; portanto, essas designações 
devem ser seguidas com atenção quando o gênero 
textual abordado for um gênero oficial.
Sobre o uso das abreviaturas das formas de trata-
mento, é importante destacar: 
O plural de algumas abreviaturas é feito com letras 
dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA.
Porém, na maioria das abreviaturas terminadas 
com a letra a, por exemplo, o plural é feito com o 
acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas.
O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-
tíssimo Juiz. O tratamento dispensado ao Presidente 
da República nunca deve ser abreviado.
Pronomes Indefinidos
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de 
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª 
pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem 
variar e podem ser invariáveis, vejamos:
 z Variáveis: Algum, Alguma / Alguns, Algumas; 
Nenhum, Nenhuma / Nenhuns, Nenhumas; Todo, 
Toda/ Todos, Todas; Outro, Outra / Outros, Outras; 
Muito, Muita / Muitos, Muitas; Tanto, Tanta / Tan-
tos, Tantas; Quanto, Quanta / Quantos, Quantas; 
Pouco, Pouca / Poucos, Poucas etc.
 z Invariáveis: Alguém; Ninguém; Tudo; Outrem; 
Nada; Cada; Quem; Menos; Mais; Que.
As palavras certo e bastante serão pronomes 
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e 
serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco cer-
to modelo de carro (Pronome indefinido) / Busco o 
modelo de carro certo (adjetivo).
A palavra bastante frequentemente gera dúvida 
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-
do, por isso, fique atento:
 z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
te ao termo “muito”. Ex.: Elas são bastante famosas.
 z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente 
ao termo “suficiente”. Ex.: A comida e a bebida não 
foram bastantes para a festa.
 z Bastante (Pronome indefinido): “Bastantes ban-
cos aumentaram os juros”
Pronomes Demonstrativos
Os pronomes demonstrativos indicam a posição e 
apontam elementos a que se referem as pessoas do 
discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço 
textual. 
 z 1ª pessoa: Este, Estes / Esta, Estas. 
 z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas.
 z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas.
 z Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Usamos este, esta, isto para indicar:
 z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
dade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é 
minha; Entreguei-lhe isto como prova.
 z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana 
começarei a dieta; Neste mês, pagarei a última 
prestação da casa.
 z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana 
e Carla no shopping, esta procurava um presente 
para o marido (o pronome refere-se ao último ter-
mo mencionado).
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Usamos esse, essa, isso para indicar:
 z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
mento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata 
combinou muito com você.
 z Pode indicar distância que se deseja manter. Ex.: 
Não me fale mais nisso; A população não confia 
nesses políticos.
 z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana, 
eu estava doente; Esses dias estive em São Paulo.
 z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala. 
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter 
falado sobre isso; Sinto uma energia negativa nes-
sa sua expressão.
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:
 z Referência ao espaço físico, indicando afastamen-
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete, 
quem é aquele ali perto da porta?
 z Referência a um tempo muito remoto, um passado 
muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dor-
mir com as portas abertas; Bons tempos aqueles!
 z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não 
conheço aquela mulher.
 z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro 
termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lan-
char com Ana e Beatriz, esta preferiu beber chá, 
aquela, refrigerante.
Dica
O pronome “mesmo” não pode ser usado em 
função demonstrativa referencial, veja:
O candidato fez a prova, porém o mesmo esque-
ceu de preencher o gabarito. ERRADO.
O candidato fez a prova, porém esqueceu de 
preencher o gabarito. CORRETO.
 EXERCÍCIO COMENTADO 
1. (FCC – 2018) “Tratando do estado de solidão ou da 
necessidade de convívio, Sêneca vê no estado de soli-
dão uma contrapartida da necessidade de convívio, 
assim como vê na necessidade de convívio uma aber-
tura para encontrar satisfação no estado de solidão.”
 Evitam-se as viciosas repetições do texto acima subs-
tituindo-se os elementos grifados, na ordem dada, por:
a) naquele – desta – nesta – naquele.
b) nisso – daquilo – naquela – deste.
c) este – do outro – na primeira – no último.
d) nisto – disso – naquela – desse.
e) na primeira – do segundo – numa – noutra.
Devemos lembrar das regras de proximidade e dis-
tância que organizam o uso dos pronomes demons-
trativos. Resposta: Letra A.
Pronomes Interrogativos
São utilizados para introduzir uma pergunta ao tex-
to e se apresentam de formas variáveis (Que? Quais? 
Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). Ex.: 
O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? Quantos 
anos tem seu pai?
O ponto de exclamação só é usado nas interrogati-
vas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção 
interrogativa, indicada por um verbo como: pergun-
tar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
Os pronomes interrogativos que e quem são pro-
nomes substantivos.
Pronomes Possessivos
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do 
discurso e indicam posse:
SINGULAR
1ª pessoa
2ª pessoa
3ª pessoa
Meu, minha, meus, minhas
Teu, tua, teus, tuas
Seu, sua, seus, suas
PLURAL
1ª pessoa
2ª pessoa
3ª pessoa
Nosso, nossa, nossos, nossas
Vosso, vossa, vossos, vossas
Seu, sua, seus, suas
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, 
a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo 
a uma coisa. Ex.: Apertou-lhea mão (a sua mão). Ain-
da que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a 
relação do pronome é com o objeto da posse.
Outras funções dos pronomes possessivos:
 z Delimitam o substantivo a que se referem;
 z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
 z Não concordam com o referente;
 z O pronome possessivo que acompanha o substan-
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS 
VERBAIS
Tempos
O tempo designa o recorte temporal em que a ação 
verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar 
o tempo dessa ação no Passado, Presente ou Futuro. 
Porém, existem ramificações específicas.
 z Presente: pode expressar não apenas um fato 
atual, como também uma ação habitual. Ex.: 
Estudo todos os dias no mesmo horário.
Uma ação passada. 
Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
Uma ação futura. 
Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
 z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no 
passado. Ex.: Estudei até ser aprovado.
Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode 
indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa. 
Ex.: Estudava todos os dias.
Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à ou-
tra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já trans-
bordara da banheira.
 z Futuro do presente: indica um fato que deve ser 
realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda-
rei bastante ano que vem.
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 z Futuro do pretérito: expressa um fato posterior 
em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria 
muito, se tivesse me planejado.
A partir dessas informações, podemos também iden-
tificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos 
tempos compostos. Os tempos verbais simples são for-
mados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no 
presente, passado ou futuro; já os tempos compostos são 
formados por dois verbos, um auxiliar e um principal, 
nesse caso, o verbo auxiliar é o único a sofrer flexões. 
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais 
dos tempos simples e compostos, respectivamente:
Flexões modo-temporais – tempos simples
TEMPO MODO INDICATIVO
MODO
 SUBJUNTIVO
Presente *
-e(1ªconjugação) 
e -a ( 2ª e 3ª 
conjugações)
Pretérito 
perfeito
-ra(3ª pessoa do 
plural) *
Pretérito 
imperfeito
-va (1ª conjuga-
ção) -ia (2ª e 3ª 
conjugações)
-sse
Pretérito
 mais-que-per-
feito
-ra *
Futuro -rá e -re -r
Futuro do 
pretérito -ria *
* Nem todas as formas verbais apresentam desi-
nências modo-temporais.
Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos 
(Indicativo)
 z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER 
(presente do indicativo) + verbo principal particí-
pio. Ex.: Tenho estudado.
 z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
liar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + ver-
bo principal no particípio. Ex.: Tinha passado.
 z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do 
indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.: 
Terei saído.
 z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER 
(futuro do pretérito simples) + verbo principal no 
particípio. Ex.: Teria estudado.
Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos 
(Subjuntivo)
 z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER 
(presente o subjuntivo) + Verbo principal particí-
pio. Ex.: (que eu) Tenha estudado.
 z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
liar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) + 
verbo principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse 
estudado
 z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro sim-
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. 
Ex.: (quando eu) tiver estudado.
Modos
Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
ção enunciada pelo verbo.
 z Indicativo: exprime atitude de certeza. Ex.: Estu-
dei muito para ser aprovado.
 z Subjuntivo: exprime atitude de dúvida, desejo ou 
possibilidade. Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
 z Imperativo: designa ordem, convite, conselho, súpli-
ca ou pedido. Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL 
(CRASE)
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se 
relacionam com seus complementos, com ou sem pre-
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou 
advérbio) exige complemento preposicionado, esse 
nome é um termo regente, e seu complemento é um 
termo regido, pois há uma relação de dependência 
entre o nome e seu complemento.
O nome exige um complemento nominal sempre ini-
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em 
forma de pronome oblíquo átono.
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe 
foram leais. 
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo do sujei-
to (desprovido de preposição)
Pronome oblíquo átono: lhe
Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do 
sujeito (desprovido de preposição).
Regência Verbal
Relação de dependência entre um verbo e seu 
complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
retas, isto é, com ou sem preposição. 
Há verbos que admitem mais de uma regência 
sem que o sentido seja alterado.
Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos. 
V. T. D: esquecia
Objeto direto: os favores recebidos.
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos. 
V. T. I.: se esquecia
Objeto indireto: dos favores recebidos.
No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos 
que, mudando-se a regência, mudam de sentido, 
alterando seu significado. 
Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
(aspiramos = sorvemos)
V. T. D.: aspiramos
Objeto direto: ar poluídos.
Os funcionários aspiram a um mês de férias. 
(aspiram = almejam) 
V. T. I.: aspiram
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Objeto indireto: a um mês de férias
A seguir, uma lista dos principais verbos que 
geram dúvidas quanto à regência:
z Abraçar: transitivo direto 
 Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
 O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
z Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
 Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
to com sentido de “acariciar”)
 A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto 
no sentido de “ser agradável a”)
z Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto; 
transitivo direto e indireto
 Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não 
personificado)
 Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto 
personificado)
 Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
reto: refere-se a coisas e pessoas)
z Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
 Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da 
preposição a, rege indiferentemente objeto direto 
e objeto indireto.
 Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
 Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo 
indireto)
 Se o infinitivo preposicionado for intransitivo, 
rege apenas objeto direto:
 Ajudaram o ladrão a fugir.
 Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto 
direto:
 Ajudei-o muito à noite.
z Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto
 Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran-
sitivo direto com sentido de “angustiar”)
 Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com 
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe” 
como complemento)
z Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto
 Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
vo direto com sentido de “respirar”)
 Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo 
indireto no sentido de “desejar”)
z Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
 Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de 
“prestar assistência”
 O médico assistia os acidentados.
 O médico assistia aos acidentados.
 - Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
 Não assisti ao final da série.
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio.
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
res de pessoas.”
z Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo 
direto e indireto
 Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
 A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
vo indireto)
 O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
to e indireto)
z Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de 
predicativo do objeto
 Ex.: Chamou o filho para o almoço.(transitivo dire-
to com sentido de “convocar”)
 Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
dicativo do objeto com sentido de “denominar, 
qualificar”)
z Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
reto; intransitivo
 Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo 
indireto com sentido de “ser difícil”)
 A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
 Este vinho custou trinta reais. (intransitivo)
z Esquecer: admite três possibilidades
 Ex.: Esqueci os acontecimentos.
 Esqueci-me dos acontecimentos.
 Esqueceram-me os acontecimentos.
z Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; 
transitivo direto e indireto
 Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. 
(transitivo direto com sentido de “acarretar”)
 Mamãe sempre implicou com meus hábitos. 
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má 
disposição”)
 Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo 
direto e indireto com sentido de envolver-se”)
z Informar: transitivo direto e indireto
 Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à 
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou 
sobre
 Informaram o réu de sua condenação.
 Informaram o réu sobre sua condenação.
 Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
sa: objeto indireto, com a preposição a
 Informaram a condenação ao réu.
z Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
reto, com as preposições em e por
 Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
z Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
tivo direto e indireto
 Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
sitivo com sentido de “cortejar”)
 Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo 
indireto com sentido de “desejar muito”)
 “Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
ret) (transitivo direto e indireto com sentido de 
“encantar-se”)
z Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
 Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
 Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
z Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
tivo direto e indireto
 Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
 Você pagou ao dono do armazém? (transitivo 
indireto)
 Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo 
direto e indireto)
z Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; 
transitivo direto e indireto
 Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
 A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
 Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e 
indireto)
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z Suceder: intransitivo; transitivo direto
 Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no 
sentido de “ocorrer”)
 A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido 
de “vir depois”)
Regência Nominal
Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
bios) exigem complementos preposicionados, exceto 
quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
Advérbios Terminados em “mente”
Os advérbios derivados de adjetivos seguem a 
regência dos adjetivos:
análoga / analogicamente a
contrária / contrariamente a
compatível / compativelmente com
diferente / diferentemente de
favorável / favoravelmente a
paralela / paralelamente a
próxima / proximamente a/de
relativa / relativamente a
Preposições Prefixos Verbais 
Alguns nomes regem preposições semelhantes a 
seus “prefixos”:
dependente, dependência de
inclusão, inserção em
inerente em/a
descrente de/em
desiludido de/com
desesperançado de
desapego de/a
convívio com
convivência com
demissão, demitido de
encerrado em
enfiado em
imersão, imergido, imerso em
instalação, instalado em
interessado, interesse em
intercalação, intercalado entre
supremacia sobre
 EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CEPERJ – 2013) “...não passa de uma manifestação 
de racismo, do qual, aliás, o brasileiro gosta de decla-
rar-se isento”. Nessa oração, o emprego da forma “do 
qual” está ligado à presença do termo “isento”, que 
solicita a presença da preposição de. A frase criada 
apresenta desvio da norma culta nesse mesmo tipo de 
estrutura em:
a) Os assaltos dos quais falam são cotidianos na cidade 
de São Paulo.
b) Os crimes contra os quais lutam os policiais oferecem 
perigo à sociedade.
c) A pesquisa da qual foram submetidos revelou infor-
mações novas.
d) As objeções contra as quais se levantaram não tinham 
qualquer fundamento.
e) As leis às quais se referem foram julgadas pela 
pesquisa.
O correto é “A pesquisa à qual foram submetidos”, 
para respeitar a regência do nome “submetidos”. 
Faz-se a pergunta: “Submetidos a quem ou a quê?”. 
Resposta: Letra C.
2. (TJ-SC – 201) Analise as proposições sob o aspecto 
da regência verbal:
I. Comunique aos candidatos de que as provas serão 
realizadas em outro local.
II. Fundação, pilares, lajes, vigas, caixas-d’água, escadas 
em concreto armado devem obedecer às normas da 
ABNT.
III. Essa mudança de percepção dos riscos ambientais 
implica maior influência da participação popular nos 
projetos industriais.
IV. Esperamos que cheguem logo a nossas mãos os 
documentos visando a instruir o processo.
a) Estão corretas somente as proposições II, III e IV.
b) Estão corretas somente as proposições I, II e III.
c) Estão corretas somente as proposições I, III e IV.
d) Estão corretas somente as proposições I, II e IV.
e) Todas as proposições estão corretas.
A forma correta de I seria: “Comunique aos candida-
tos que as provas serão realizadas em outro local”. 
O verbo “comunicar” é transitivo direto e indireto, 
e, no contexto, o objeto direto é a oração subordina-
da substantiva “que as provas serão realizadas em 
outro local”. Resposta: Letra A.
USO DA CRASE
Outro assunto que causa grande dúvida é o uso da 
crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção 
da preposição a + artigo feminino definido a, ou da 
junção da preposição a + os pronomes relativos aque-
le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela 
marcação (`) + (a) = (à).
Ex.: Entregue o relatório à diretoria.
Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.
Regra geral: haverá crase sempre que o termo 
antecedente exija a preposição a e o termo conse-
quente aceite o artigo a. 
Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-
ge preposição).
Vou a Brasília (verbo que exige preposição a + 
palavra que não aceita artigo).
Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação 
no uso da crase, mas existem especificidades que aju-
dam no momento de identificação:
Casos Convencionados
 z Locuções adverbiais formadas por palavras 
femininas:
 Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
 Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
 Espero vocês à noite na estação de metrô.
 Estou à beira-mar desde cedo.
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 z Locuções prepositivas formadas por palavras 
femininas:
 Ex.: Ficaram à frente do projeto.
 z Locuções conjuntivas formadas por palavras 
femininas:
 Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão 
aumentando.
z Quando indicar marcação de horário, no plural
 Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
 Fique atento ao seguinte: entre números teremos 
que de = a / da = à, portanto:
 Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
 Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase)
z Com os pronomes relativos aquele, aquela ou 
aquilo:
 Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada 
àquele outono.
 Por favor, entregue as flores àquela moça que está 
sentada.
 Dedique-se àquilo que lhe faz bem.
z Com o pronome demonstrativo a antes de que ou 
de:
 Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
 Referimo-nos à de preto.
z Com o pronome relativo a qual, as quais:
 Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou 
de sair.
 As alunas às quais atribuí tais atividades estão de 
férias.
Casos Proibitivos
Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor 
orientação de quando não usar a crase.
z Antes de nomes masculinos
 Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-
rial agrada a todos.” (MM)
 O carro é movido a álcool.
 Venda a prazo.
z Antes de palavras femininas que não aceitamartigos
 Ex.: Iremos a Portugal.
Macete de crase:
Se vou a; Volto da = Crase há!
Se vou a; Volto de = Crase pra quê?
Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza.
z Antes de forma verbal infinitiva
 Ex.: Os produtos começaram a chegar.
 “Os homens, dizendo em certos casos que vão falar 
com franqueza, parecem dar a entender que o 
fazem por exceção de regra.” (MM)
z Antes de expressão de tratamento
 Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa 
Excelência.
z No a (singular) antes de palavra no plural, quando 
a regência do verbo exigir preposição
 Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes.
z Antes dos pronomes relativos quem e cuja
 Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos 
o pacote.
 Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio.
z Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu-
ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha
 Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do 
contrato.
 Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação 
suspeita de fraude.
 Eles estavam conservando a certa altura.
 Faremos a obra a qualquer custo.
 A campanha será disponibilizada a toda a comunidade.
z Antes de demonstrativos
 Ex.: Não te dirijas a essa pessoa
z Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de 
personalidades históricas 
 Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin.
z Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos
 Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela.
 O pacote foi entregue a ti ontem.
z Nas expressões tautológicas (face a face, lado a 
lado)
 Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal 
de justiça.
z Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância 
sem determinante
 Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.
 Astronauta volta a Terra em dois meses.
 Os pesquisadores chegaram a terra depois da 
expedição marinha.
 Vocês o observaram a distância.
Crase Facultativa
Nestes casos, podemos escrever as palavras das 
duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender 
detalhadamente, observe as seguintes dicas:
z Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem 
se tem proximidade
 Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara.
z Antes de pronomes possessivos no singular
 Ex.: Iremos a/à sua residência.
z Após preposição até, com ideia de limite
 Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
 “Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até 
às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho 
afeto.” (CBr. 1, 67)
Casos Especiais
Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes 
forem femininos, normalmente a crase não será utili-
zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para 
evitar ambiguidades.
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto)
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de 
instrumento)
Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto)
Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de 
instrumento)
Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com 
Nomes de Lugares
 z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
 Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana, 
moro em Copacabana, passo por Copacabana)
z Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
 Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia, 
passo pela Bahia) 
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Macetes
 z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído 
por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra 
a, com a, à moda de, durante a;
 z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase. 
Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
 z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder 
ser substituído por às duas, há crase. Quando o a 
uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
 z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
lo quando tais pronomes puderem ser substituídos 
por a este, a esta e a isto;
 z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e 
nomes de cidades quando esses termos estiverem 
acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
tância de 200 metros do pico da montanha.
A compreensão da crase vai muito além da estética 
gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”, 
pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações 
como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o 
advérbio de instrumento da ação de pintar.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (TJ-SC – 2010) Quanto ao uso da crase:
I. O anúncio foi feito por meio da rede de miniblogs Twirter, 
à qual ele aderiu duas semanas atrás.
II. Estou esperando por você desde às 8 horas da manhã.
III. Alguns investigadores preferiram seguir a pista do 
dinheiro à da honra.
IV. Cabe a cada um decidir o rumo que dará à sua vida.
a) Somente as proposições II e IV estão corretas.
b) Estão corretas somente as proposições I, III e IV.
c) Estão corretas somente as proposições II, III e IV.
d) Estão corretas somente as proposições I, II e III.
e) Todas as proposições estão corretas.
Justificativa do erro no item II: a palavra “desde” 
é uma preposição que “designa o ponto de partida 
de um movimento ou extensão (no espaço, no tem-
po ou numa série), para assinalar especialmente a 
distância” (ROCHA LIMA, 1997). Portanto, a forma 
correta é “desde as 8h”.As outras alternativas estão 
corretas: na I, cabe crase antes do pronome relativo; 
na III, há paralelismo – no primeiro termo, “a pista” 
tem artigo, no segundo, deverá ter também, além da 
preposição a, originando a crase.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se 
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
cem a alguns princípios: um deles é a concordância. 
Observe o exemplo:
A pequena garota andava sozinha pela cidade.
A: Artigo, feminino, singular;
Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
Garota: Substantivo, feminino, singular. 
Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos 
adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o 
número (singular) do substantivo. 
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
cia: verbal e nominal. 
Concordância Verbal
É a adaptação em número – singular ou plural – 
e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo 
sujeito.
“De todos os povos mais plurais culturalmente, o 
Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais 
insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros, 
pois houve influências de todos os povos aqui: euro-
peus, asiáticos e africanos.” 
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de 
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no 
singular.
Destrinchando o período, temos que os termos 
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas 
“[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
cado verbal.
Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Ex.: Prefiro natação a futebol.
Verbo bitransitivo: Prefiro
Objeto direto: natação
Objeto indireto: a futebol
Popularmente, usa-se “do que” no lugar de “a”, 
o que tornaria a oração da seguinte forma: “Prefiro 
natação do que futebol”. Porém, segundo a norma-pa-
drão, a forma correta é como consta no exemplo.
Concordância Verbal com o Sujeito Simples
Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do 
sujeito.
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário 
exorbitante.
Diferentes situações:
 z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de 
sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A 
multidão gritou entusiasmada.
 z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
bo posterior ao pronome relativo concorda com o 
antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do 
Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
 z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o 
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós 
quem resolveu a questão.
Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos 
nós quem resolvemos a questão.
 z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, 
demonstrativo ouindefinido no plural + de nós / 
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no 
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos 
essa questão.
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 z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, 
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
ver artigo definido antes de uma palavra plura-
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse 
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados 
Unidos continuam uma potência. 
Estados Unidos continua uma potência.
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida-
de de Santos fica em São Paulo.”)
Importante!
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o 
verbo fica no singular ou no plural.
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
 z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais 
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, 
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: 
Mais de um aluno compareceu à aula.
 Mais de cinco alunos compareceram à aula. 
A expressão mais de um tem particularidades: 
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo 
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se 
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: 
Mais de um irmão se abraçaram.
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
Mais de um aluno, mais de um professor esta-
vam presentes. 
 z Quando o sujeito é formado po um número per-
centual ou fracionário, o verbo concorda com o 
numerado ou com o número inteiro, mas pode 
concordar com o especificador dele. Se o numeral 
vier precedido de um determinante, o verbo con-
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é 
viver bem.
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
 EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FGV – 2008) “... mostram que um terço dos pagamen-
tos realizados por intermédio de instituições financei-
ras foi tributado apenas por aquela contribuição...” 
Assinale a alternativa em que, ao se alterar o termo 
“um terço”, não se tenha mantido a concordância em 
conformidade com a norma culta. Desconsidere a 
possibilidade de concordância atrativa.
a) mostram que 0,27% dos pagamentos realizados por 
intermédio de instituições financeiras foi tributado 
apenas por aquela contribuição.
b) mostram que menos de 2% dos pagamentos realiza-
dos por intermédio de instituições financeiras foram 
tributados apenas por aquela contribuição.
c) mostram que grande parte dos pagamentos realiza-
dos por intermédio de instituições financeiras foi tribu-
tado apenas por aquela contribuição.
d) mostram que três quartos dos pagamentos realizados 
por intermédio de instituições financeiras foram tribu-
tados apenas por aquela contribuição.
e) mostram que 1,6 milhão dos pagamentos realizados 
por intermédio de instituições financeiras foi tributado 
apenas por aquela contribuição.
Em “grande parte dos pagamentos realizados... 
foi tributado”, não houve concordância adequada, 
deveria ser “foi tributada”, para concordar com o 
núcleo do sujeito, “parte”. Resposta: Letra C.
z Os verbos bater, dar e soar concordam com o 
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a 
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não 
chegou. (Duas horas deram...)
 Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu)
 Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez 
badaladas soaram)
 Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio 
da escola soou dez badaladas)
 z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o 
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
dem-se casas de veraneio aqui.
 Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão 
interessada.
 z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o 
verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa 
Majestade está preocupada?
 Suas Excelências precisam de algo?
 z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou 
exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
Concordância Verbal com o Sujeito Composto
z Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
ticais diferentes
 Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
z Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
 Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
garam ontem.
z Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada 
ou nenhum
 Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
ter o espírito esportivo.
z Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no 
singular
 Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
davam. (preferencialmente no singular)
z Gradação entre os núcleos do sujeito
 Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para 
me acalmar. (preferencialmente no singular)
z Núcleos do sujeito no infinitivo
 Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
z Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
mitivo (nada, tudo, ninguém)
 Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu.
z Sujeito constituído pelas expressões um e outro, 
nem um nem outro
 Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
z Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
 Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu 
foco nos estudos.
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z Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras 
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões 
bem como, assim como, tanto quanto
 Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na 
final.
 z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas 
aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim 
como; não só... mas também etc.) 
 Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua 
popularidade em alta.
 z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
co núcleo, o verbo fica no singular concordando 
com o núcleo único. Mas, se houver determinante 
após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o 
sujeito passa a ser composto.
 Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis 
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos 
combustíveis aumentaram.
Concordância Verbal do Verbo Ser
z Concorda com o sujeito
 Ex.: Nós somos unha e carne.
z Concorda com o sujeito (pessoa)
 Ex.: Os meninos foram ao supermercado.
z Em predicados nominais, quando o sujeito for 
representado por um dos pronomes tudo, nada, 
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor-
dará com o predicativo (preferencialmente) ou 
com o sujeito
 Ex.: No início, tudo é/são flores. 
z Concorda com o predicativo quando o sujeito for 
que ou quem
 Ex.: Quem foram os classificados?
z Em indicações de horas, datas, tempo, distância 
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo
 Ex.: São nove horas.
 É frio aqui.
 Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
z O verbo fica no singular quando precede termos 
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, 
menos etc. junto a especificações de preço, peso, 
quantidade, distância, e também quando seguido 
do pronome o
 Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
 Divertimentos é o que não lhe falta.
 Dez reais é nada diante do que foi gasto.
z Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser 
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o 
verbo concordará com o termo não preposiciona-
do entre eles.
 Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.
 São eles que sempre chegam cedo.
 É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
trução adequada)
 São nessas horas que a gente precisa de ajuda. 
(construção inadequada)
CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL
Concordância do Infinitivo
 z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
 Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei-
to esclarecido)
 Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito 
implícito “nós”)
 Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. 
(dois pronomes implícitos: eu, nós)
 Até me encontrarem, vocês terão de procurar 
muito. (preposição no início da oração)
 Para nós nos precavermos, precisaremos de luz. 
(verbos pronominais)
 Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser 
indicando tempo)
 Estudo para me consideraremcapaz de aprova-
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
 Para vocês terem adquirido esse conhecimento, 
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no 
particípio)
 z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:
 Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-
ção verbal)
 Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono 
sendo sujeito do infinitivo)
Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo 
no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o 
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo 
com valor genérico)
São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
dido de preposição de ou para)
Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo)
z Concordância do verbo parecer
 Flexiona-se ou não o infinitivo.
 Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o 
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado 
de acordo com o sujeito, no plural)
 Eles parecem estudar bastante. (locução verbal, 
logo o infinitivo será impessoal)
z Concordância dos verbos impessoais
 São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica 
sempre na 3ª pessoa do singular.
 Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
 Fazia quinze anos que ele havia se formado.
 Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo 
auxiliar fica no singular)
 Trata-se de problemas psicológicos.
 Geou muitas horas no sul.
z Concordância com sujeito oracional
 Quando o sujeito é uma oração subordinada, o 
verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do 
singular.
 Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
 Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
 Ficou combinado que sairíamos à tarde.
 Urge que você estude.
 Era preciso encontrar a verdade
Casos mais frequentes em provas
Veja agora uma lista com os casos mais abordados 
em concursos: 
z Sujeito posposto distanciado
 Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical 
brasileira seres estranhos.
z Verbos impessoais (haver e fazer)
 Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
 Havia problemas no setor.
 Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir 
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
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z Verbo na voz passiva sintética
 Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta.
z Verbo concordando com o antecedente correto 
do pronome relativo ao qual se liga
 Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que 
tinham experiência.
z Sujeito coletivo com especificador plural
 Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram.
z Sujeito oracional
 Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no 
singular)
z Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun-
to ou complemento no plural
 Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar 
atrito. (verbo no singular)
Casos Facultativos
 z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o 
estádio.
 z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
fizeram rir.
 z Fui eu quem faltou/faltei à aula.
 z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
 z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura 
brasileira.
 z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a 
ciência. (1,5% corresponde ao singular)
 z Chegaram/Chegou João e Maria.
 z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram 
aqui.
 z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política 
brasileira.
 z O problema do sistema é/são os impostos.
 z Hoje é/são 22 de agosto.
 z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos 
a aprovação.
 z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
Silepse de Número e de Pessoa
Conhecida também como “concordância irregular, 
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos: 
 z Silepse de número: usa-se um termo discordando 
do número da palavra referente, para concordar 
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem 
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
dade: todas as flores)
 z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do 
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de 
diversas etnias, somos multiculturais.
Concordância Nominal
Define-se como a adaptação em gênero e número 
que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como 
o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes, 
adjetivos, numerais).
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em 
gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
Muro alto. / Muros altos.
Casos com adjetivos
 z Com função de adjunto adnominal: quando o 
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
ver após os substantivos, poderá concordar com 
as somas desses ou com o elemento mais próximo.
 Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / 
Encontrei colégios e faculdades ótimos. 
Há casos em que o adjetivo concordará apenas 
com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
tencer somente a este.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: 
Existem complicadas regras e conceitos.
Quando houver apenas um substantivo qualifica-
do por dois ou mais adjetivos pode-se: 
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa, 
francesa e alemã.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar 
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo 
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a 
língua inglesa, a francesa e a alemã. 
 z Com função de predicativo do sujeito
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará 
com a soma dos elementos.
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por 
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos 
quanto com o nome mais próximo.
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
vam abandonados a casa e o quintal.
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os 
substantivos por um pronome:
Ex.: Existem conceitos e regras complicados. 
(substitui-se por “eles”)
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles 
existem complicados”.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição, 
então é um adjunto adnominal.
 z Com função de predicativo do objeto
Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
dância com o termo mais próximo.
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e 
seus subordinados.
Algumas convenções
z Obrigado / próprio / mesmo 
 Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
 A própria enfermeira virá para o debate.
 Elas mesmas conversaram conosco.
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Dica
O termo mesmo no sentido de “realmente” será 
invariável.
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
 z Só / sós
 Variáveis quando significarem “sozinho” / 
“sozinhos”.
 Invariáveis quando significarem “apenas, 
somente”.
 Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas 
apenas queriam ficar sozinhas.)
 A locução “a sós” é invariável.
 Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de 
ficar a sós.
z Quite / anexo / incluso
 Concordam com os elementos a que se referem.
 Ex.: Estamos quites com o banco.
 Seguem anexas as certidões negativas.
 Inclusos, enviamos os documentos solicitados.
z Meio
 Quando significar “metade”: concordará com o 
elemento referente.
 Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
 Quando significar “um pouco”: será invariável.
 Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
z Grama
 Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
do significar unidade de medida, é masculino.
 Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
 “A grama do vizinho sempre é mais verde.”
z É proibido entrada / É proibida a entrada
 Se o sujeito vier determinado, a concordância do 
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou 
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
rão com o determinante.Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
nhada está boa.
 É proibido entrada de crianças. / É proibida a 
entrada de crianças.
 Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
z Menos / pseudo
 São invariáveis.
 Ex.: Havia menos violência antigamente.
 Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
to é pseudo-objetivo.
z Muito / bastante
 Quando modificam o substantivo: concordam com 
ele.
 Quando modificam o verbo: invariáveis.
 Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito 
irritados.
 Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
tante irritados.
 Se ambos os termos puderem ser substituídos por 
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
z Tal qual
 Tal concorda com o substantivo anterior; qual, 
com o substantivo posterior.
 Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os 
pais.
 Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais 
quais os pais. 
 Silepse (também chamada concordância figurada)
 É a que se opera não com o termo expresso, mas o 
que está subentendido.
 Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é 
linda!)
 Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos 
com o estabelecimento aberto no final de semana.)
 Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
leiros, estamos esperançosos.)
z Possível
 Concordará com o artigo, em gênero e número, em 
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.
 Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / 
Conheci crianças as mais belas possíveis.
 EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (FAFIPA – 2020) Para que haja concordância, todos os 
elementos que compõem a oração precisam estar em 
harmonia. A partir disso, assinale a alternativa em que 
NÃO há erro de concordância nominal:
a) Sempre educada e prestativa, a menina olhou para 
todos os convidados e disse: “Muito obrigado!”
b) As taxas inclusa no pacote de viagem são muito altas.
c) Os diretores mesmo realizaram a campanha na escola.
d) Bebi meia garrafa de vinho e fiquei meia tonta.
e) Gosto muito de ler Clarice Lispector. Na biblioteca há 
bastantes livros de sua autoria.
Na alternativa A, a frase enunciada pela menina 
deveria flexionar no feminino o adjetivo “obrigada”, 
portanto está incorreta. Na alternativa B, o adjeti-
vo “inclusa” deve concordar em gênero e número, 
havendo a necessidade do plural, o mesmo ocorre 
em C, portanto mais duas alternativas incorretas. 
Na alternativa D a palavra “meia” é um advérbio, 
pois modifica o adjetivo tonta, sendo, portanto, 
invariável, acarretando o erro dessa alternativa. Já 
na alternativa E termos “bastantes” corretamente 
empregado, pois assume valor de “muitos”. Respos-
ta: Letra E
2. (TJ-SC – 2010) Assinale a frase correta em termos de 
concordância nominal:
a) Por essa razão se faz necessária a agilização de pro-
cedimentos como a apuração da base de cálculos.
b) Julgo procedente em parte os pedidos promovidos 
por Maria e José.
c) As duplicatas apenso não foram resgatadas.
d) O veículo estará à sua disposição no local e hora 
aprazado.
e) Embora meia tonta, a moça conseguiu dizer “muito 
obrigado”.
O trecho “[...] se faz necessária a agilização” está 
correto porque o termo “necessária” concorda com 
o artigo definido feminino singular “a”. Resposta: 
Letra A
3. (TJ-SC – 2010) “Ao meio-dia e ____ , encontrando a 
porta da lancheria _____ aberta, Joana entrou e pediu 
____ grama de sal e _____ porção de sanduíche.” O tex-
to fica gramaticalmente correto com a inserção de:
a) meia – meio – meia – meia
b) meio – meia – meio – meia
c) meia – meia – meia – meia
d) meia – meio – meio – meia
e) meio – meio – meio – meio
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Ao meio-dia e [meia hora], [...] a porta da lancheria 
[meio = um pouco] aberta, [...] pediu [meio = meta-
de do termo masculino grama] grama de sal e meia 
porção [...]. Resposta: Letra D
PLURAL DE COMPOSTOS
Substantivos
O adjetivo concorda com o substantivo referen-
te em gênero e número. Se o termo que funciona 
como adjetivo for originalmente um substantivo fica 
invariável.
Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola 
também é um substantivo; mantém-se no singular)
Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é 
um substantivo; mantém-se no singular)
Adjetivos
Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-
mo elemento concordará com o substantivo referente. 
Os demais ficarão na forma masculina singular. 
Se um dos elementos for originalmente um subs-
tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo. 
No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o 
plural, pois ambos são adjetivos.
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no 
singular, assim como “verde”, por ser substantivo. 
Nesse caso, o termo composto não concorda com o 
plural do substantivo referente, “folhas”. 
Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam-
bém pode ser um substantivo.
O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma 
lógica de “musgo” do exemplo anterior.
Dica
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são 
sempre invariáveis.
O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele-
mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
Lista de Flexão dos dois elementos
z Nos substantivos compostos formados por pala-
vras variáveis, especialmente substantivos e 
adjetivos:
 segunda-feira – segundas-feiras;
 matéria-prima – matérias-primas;
 couve-flor – couves-flores;
 guarda-noturno – guardas-noturnos;
 primeira-dama – primeiras-damas.
z Nos substantivos compostos formados por 
temas verbais repetidos:
 corre-corre – corres-corres;
 pisca-pisca – piscas-piscas;
 pula-pula – pulas-pulas.
 Nestes substantivos também é possível a flexão 
apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
-piscas, pula-pulas.
Flexão apenas do primeiro elemento
 z Nos substantivos compostos formados por subs-
tantivo + substantivo em que o segundo termo 
limita o sentido do primeiro termo:
 decreto-lei – decretos-lei; 
 cidade-satélite – cidades-satélite;
 público-alvo – públicos-alvo;
 elemento-chave – elementos-chave.
 Nestes substantivos também é possível a flexão 
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites, 
públicos-alvos, elementos-chaves.
 z Nos substantivos compostos preposicionados:
 cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
 pôr do sol – pores do sol;
 fim de semana – fins de semana;
 pé de moleque – pés de moleque.
Flexão apenas do segundo elemento
z Nos substantivos compostos formados por tema 
verbal ou palavra invariável + substantivo ou 
adjetivo:
 bate-papo – bate-papos;
 quebra-cabeça – quebra-cabeças;
 arranha-céu – arranha-céus;
 ex-namorado – ex-namorados;
 vice-presidente – vice-presidentes.
z Nos substantivos compostos em que há repeti-
ção do primeiro elemento:
 zum-zum – zum-zuns;
 tico-tico – tico-ticos;
 lufa-lufa – lufa-lufas;
 reco-reco – reco-recos.
z Nos substantivos compostos grafados ligada-
mente, sem hífen:
 girassol – girassóis;
 pontapé – pontapés;
 mandachuva – mandachuvas;
 fidalgo – fidalgos.
z Nos substantivos compostos formados com 
grão, grã e bel:
 grão-duque – grão-duques;
 grã-fino – grã-finos;
 bel-prazer – bel-prazeres.
 Não flexão dos elementos
z Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos 
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor-
re em frases substantivadas e em substantivos 
compostos por um tema verbal e uma palavra 
invariável ou outro tema verbal oposto:
 o disse me disse – os disse me disse;
 o leva e traz – os leva e traz;
 o cola-tudo – os cola-tudo.
ORAÇÕES REDUZIDAS
Orações Reduzidas 
 z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas 
nominais (gerúndio, particípio e infinitivo);
 z As que são substantivas e adverbiais: nunca são 
iniciadas por conjunções;
 z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas 
por pronomes relativos;
 z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses 
conectivos;
LÍ
N
G
U
A
 P
O
RT
U
G
U
ES
A
73
 z Podem ser iniciadas por preposição ou locução 
prepositiva.
Ex.:Terminada a prova, fomos ao restaurante.
O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com 
conjunção
Quando terminou a prova, fomos ao restaurante. 
(desenvolvida)
O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção
Orações Reduzidas de Infinitivo
Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais. 
Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.
 z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O. 
S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva 
direta reduzida de infinitivo)
A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva 
predicativa reduzida de infinitivo)
Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva 
completiva nominal reduzida de infinitivo)
Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S. 
substantiva apositiva reduzida de infinitivo)
 z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés 
pelas mãos.
O meu manual para fazer bolos certamente vai 
agradar a todos.
 z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado, 
continua jogando bola.
Sem estudar, não passarão.
Ele passou mal, de tanto comer doces.
Orações Reduzidas de Gerúndio
Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-
sitivas, adjetivas, adverbiais.
 z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando 
livre dos juros.
 z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo 
ajudando um ao outro. (subjetiva)
 Agora ouvimos artistas cantando no shopping. 
(objetiva direta)
 z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o 
coração.
 z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não 
contou a verdade.
Orações Reduzidas de Particípio
Podem ser adjetivas ou adverbiais.
z Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa.
 Nosso planeta, ameaçado constantemente por 
nós mesmos, ainda resiste.
z Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have-
ria problemas. (condicional)
 Dada a notícia da herança, as brigas começaram. 
(causal/temporal)
 Comprada a casa, a família se mudou logo. 
(temporal)
O particípio concorda em gênero e número com os 
termos referentes.
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre-
quentes em provas de concurso.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Estudo da posição dos pronomes na oração.
 z Próclise: pronome posicionado antes do verbo.
Casos que atraem o pronome para próclise:
 � Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: 
Não me submeto a essas condições.
 � Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela-
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel.
 � Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se 
apresente como um rico investidor, ele nada tem.
 � Gerúndio precedido da preposição em. Ex: Em 
se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo.
 � Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: 
Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe 
agradecemos. 
 � Orações interrogativas, exclamativas, opta-
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
 z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo.
Casos que atraem o pronome para mesóclise:
Os pronomes devem ficar no meio dos verbos que 
estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum 
motivo para uso da próclise. Ex.: “Dar-te-ei meus bei-
jos agora...”
 z Ênclise: pronome posicionado após o verbo.
Casos que atraem o pronome para ênclise:
 � Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
to honrada com esse título.
 � Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor.
 � Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o 
quanto sou importante.
Casos proibidos: Início de frase: Me dá esse cader-
no! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo).
Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou 
de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada 
(correto).
Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato 
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).
ESTILÍSTICA
FIGURAS DE LINGUAGEM
Figuras de sintaxe
Consistem em modificações da estrutura da oração 
(ou parte dela) por meio da omissão, inversão ou repe-
tição de termos. Nesse caso, essas alterações ocorrem 
para conferir mais expressividade ao enunciado. 
74
 z Elipse
Utilizada para omitir termos numa oração que não 
foram mencionados anteriormente, mas que podem 
ser facilmente identificados pelo interlocutor. Essa 
omissão pode ser percebida por indícios gramaticais 
ou dentro do próprio contexto. 
Ex.: Ana Rita arrumou-se para o trabalho. Estava 
atrasada. (“elipse sujeito -ela”)
Os alunos e as alunas, mãos erguidas contra os 
políticos, caminhavam pelas ruas. (elipse da preposi-
ção – “de mãos erguidas”)
 z Zeugma
Considerado um caso particular de elipse, o zeug-
ma consiste omissão em orações seguintes de palavras 
expressas na oração anterior.
Ex.: Eu sou professora; minha amiga, advogada. 
Desembrulhe essa caixa enquanto eu desembru-
lho a outra. 
 z Pleonasmo
Consiste na repetição de termos ou ideias com o 
objetivo de realçá-las, tornando-as mais expressivas. 
Ex.: “É rir meu riso e derramar meu pranto”. (Viní-
cius de Moraes)
“Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se 
a si mesma.” (Machado de Assis).
Dica
Existe o pleonasmo literário, que é um recurso 
estilístico aceitável e muito explorado na litera-
tura e na música. O problema é quando o pleo-
nasmo se torna vicioso. Expressões como “fatos 
reais”, “subir para cima”, “ganhar de graça”, “cego 
dos olhos” e outras constituem um vício de lin-
guagem. A repetição da ideia torna-se, portanto, 
desnecessária, pois não traz nenhum reforço à 
ideia apresentada.
 z Polissíndeto
Figura que consiste no uso excessivo e repetitivo 
de conjunções. 
Ex.: “Suspira, e chora, e geme, e sofre, e sua...” (Ola-
vo Bilac)
“Mãe gentil, mas cruel, mas traiçoeira.” (Alberto 
Oliveira)
 z Assíndeto
É a figura que consiste na omissão reiterada de 
conjunções. Geralmente a conjunção omitida é a coor-
denativa. Essa estratégia torna a leitura do texto mais 
clara e dinâmica. 
Ex.: “Pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se 
esqueça.” (Pitty)
“Vim, vi, venci.” (Júlio César)
 z Anáfora
Consiste na repetição de palavra ou expressões no 
início da oração. Esse tipo de recurso é muito comum 
em textos estruturados em versos consecutivos (poe-
mas, músicas, entre outros). O propósito é valorizar a 
mensagem por meio da ênfase ao elemento repetido. 
Ex.: “É o pau, é a pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol.” (Tom 
Jobim)
“Quando não tinha nada eu quis
Quando tudo era ausência, esperei
Quando tive frio, tremi
Quando tive coragem, liguei”. (Daniela Mercury)
 z Aliteração
Recurso sonoro que consiste na repetição de sons 
consonantais para intensificar a rima e o ritmo. 
Ex.: “Chove chuva choverando” (Oswald de 
Andrade)
“Se desmorono ou se edifico, 
se permaneço ou me desfaço, 
— não sei, não sei. Não sei se fico 
ou passo.” (Cecília Meireles)
 z Assonância
Figura de linguagem que aborda o uso de som em 
harmonia. Caracterizada pela repetição de vogais. 
Ex.: “A pálida lágrima de Flávia” – repetição da 
vogal a.
“Amo muito tudo isso” – repetição do som da vogal u.
 z Onomatopeia
Recurso sonoro que procura representar os sons 
específicos de objetos, animais ou pessoas a partir de 
uma percepção aproximada da realidade. 
Ex.: “O tic tac do relógio me deixava mais angus-
tiado na prova”. 
“Psiiiiiu! – Falou o professor no momento da 
reunião”. 
 z Hipérbato ou Inversão
Caracteriza-se pela inversão proposital da ordem 
direta dos termos da oração. Essa inversão confere 
maior efeito estilístico na construção do enunciado. 
Ex.: “Os bons vi sempre passar / no mundo graves 
tormentos” (Luiz Vaz de Camões)
Na ordem direta seria: Eu sempre vi passar os 
bons no mundo de graves tormentos. 
 z Anástrofe 
Diferentemente do hipérbato, a anástrofe consiste 
na inversão mais sutil dos termos da oração, não pre-
judicando o entendimento do enunciado. 
Ex.: 
“Sabes também quanto é passageira essa desavença 
Não destrates o amor”. (Jacob do Bandolim)
Utilizando a figura de linguagem teríamos: “Sabes 
também quanto essa desavença é passageira”. 
 z Silepse
Consiste na concordânciacom o termo que está 
subtendido na oração e não com o termo expresso na 
oração. (Concordância ideológica). Existem três tipos 
de silepse:
LÍ
N
G
U
A
 P
O
RT
U
G
U
ES
A
75
 � Silepse de Gênero: Há uma discordância entre 
os gêneros dos artigos, substantivos, prono-
mes e adjetivos. Notamos na oração a presen-
ça do contraste entre os gêneros masculino e 
feminino. 
Ex.: Vossa Excelência é falso. - O pronome de tra-
tamento certamente se refere a alguma autoridade do 
sexo masculino (deputado, prefeito, vereador etc.)
 � Silepse de Número: Há uma discordância 
entre o verbo e o sujeito da oração quando ele 
expressa uma ideia de coletividade. Nesse caso, 
o verbo concorda com a ideia que nele está 
contida. 
Ex.: A turma era barulhenta, falavam alto. (“fala-
vam” concorda com “alunos”)
 � Silepse de Pessoa: Há uma discordância 
entre o verbo e a pessoa do discurso expressa 
pelo sujeito da oração. Geralmente o emissor 
se inclui no sujeito expresso em 3ª pessoa do 
plural, realizando a flexão verbal na primeira 
pessoa. 
Ex.: Dizem que os brasileiros somos amantes do 
futebol. (brasileiros //3ª p. plural) (somos// 1ª p. plural)
 z Anacoluto
Consiste na quebra ou interrupção da estrutura 
normal. Um dos termos da oração fica desvinculado 
do restante da sentença e não estabelece nenhuma 
ligação sintática com os demais.
Ex.: Meu vizinho, ouvi dizer que está muito doente. 
Figuras de palavras
As figuras de palavras estão associadas ao signifi-
cado delas. Caracterizam-se por apresentar uma subs-
tituição ou transposição do sentido real da palavra 
para assumir um sentido figurado construído dentro 
de um contexto. A substituição de uma palavra por 
outra pode acontecer por uma relação muito próxi-
ma (contiguidade) ou por uma comparação/analogia 
(similaridade). 
 z Comparação
Analogia explícita entre dois termos; a principal 
diferença entre a comparação e a metáfora, que é 
outro tipo de relação de semelhança, é que a compa-
ração se estabelece com o uso de conectivos. 
Ex.: Minha boca é como um túmulo.
A menina é como um doce.
Seu sorriso é tal qual um raio de sol numa manhã 
nublada.
 z Metáfora
Consiste em usar uma palavra ou expressão em lu-
gar da outra em razão de algumas semelhanças (ana-
logia) conceituais. É recurso que está associado ao em-
prego da palavra fora do seu sentido normal. 
Ex.: O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais. 
(Carlos Drummond de Andrade)
Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernan-
do Pessoa)
Observe:
Metáfora: relação de semelhança não explícita.
O que foi isso, 
homem?
Foi um candidato 
“ficha suja” que 
me abraçou...
Comparação: relação de semelhança estabele-
cida por conectivos.
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 16/10/2020.
 z Metonímia
Consiste na substituição de um termo pelo outro 
em virtude de uma relação de proximidade ou conti-
nuidade. Essa relação é qualitativa e pode ser realiza-
da dos seguintes modos: 
 � A parte pelo todo:
 Ex.: O brasileiro trabalha muito para garantir o 
pão aos filhos (O brasileiro trabalha muito para 
garantir alimento aos filhos).
 � O autor pela obra:
 Ex.: Os leitores de Machado de Assis são cultos (Os 
leitores da obra de Machado de Assis são cultos).
 � O continente pelo conteúdo:
 Ex.: A menina bebeu a jarra de suco inteira (A 
menina bebeu todo o suco da jarra).
 � A marca pelo produto:
 Ex.: Minha filha pediu uma Melissa de aniversário 
(Minha filha pediu uma sandália de aniversário).
76
 � Singular pelo plural: 
 Ex.: O cidadão deve cumprir seus deveres legais 
(Os cidadãos devem cumprir seus deveres legais).
 � O concreto pelo abstrato:
 Ex.: A juventude está cada vez mais ansiosa (Os 
jovens estão cada vez mais ansiosos).
 � A causa pelo efeito:
 Ex.: Comprei a casa com o meu suor (Comprei a 
casa com o meu trabalho).
 � O instrumento pelo agente:
 Ex.: O carro atropelou o cachorro (O motorista do 
veículo atropelou o cachorro).
 � A coisa pela sua representação:
 Ex.: O sonho de muitos candidatos é chegar ao 
Palácio do Planalto (O sonho de muitos candida-
tos é chegar à Presidência da República).
 � O inventor pelo invento:
 Ex.: Diego comprou um Picasso no museu (Diego 
comprou uma obra de Picasso no museu).
 � A matéria pelo objeto:
 Ex.: Custou-me apenas algumas pratas aque-
la mobília. (Custou-me apenas algumas moedas 
aquela mobília.)
 � O proprietário pela propriedade
 Ex.: Vou ao médico buscar meus exames (Vou ao 
consultório médico buscar meus exames).
 z Sinédoque
Atualmente as gramáticas não realizam distinção 
entre metonímia e sinédoque; a diferença entre essas 
figuras é tênue. Na sinédoque, a relação que se estabe-
lece entre os termos é quantitativa, ou seja, quando 
se amplia ou se reduz a significação das palavras. As 
relações entre os termos são basicamente as seguin-
tes: parte pelo todo, singular pelo plural, gênero pela 
espécie, particular pelo geral (ou vice-versa). 
Ex.: O homem é um ser mortal (os homens).
É preciso pensar na criança (nas crianças).
 z Antonomásia ou Perífrase
A antonomásia é uma figura que consiste na subs-
tituição de um nome próprio (de pessoa) por uma ex-
pressão que lhe confere alguma característica ou atri-
buto que o distingue (epíteto). É a substituição de um 
nome por outro, o que pode configurar uma espécie 
de apelido para o ser designado.
Ex.: O poeta dos escravos é autor do célebre poema 
“O navio negreiro”. (Castro Alves)
Este aeroporto tem o nome do pai da aviação. (San-
tos Dumont)
Observação: A antonomásia é uma espécie de 
perífrase. A diferença é que esta designa um ser (coi-
sas, animais ou lugares) por meio de características, 
atributos ou um fato que o celebrizou. 
Ex.: Fomos ao zoológico ver o rei da selva. (leão)
Adoraria conhecer a cidade luz. (Paris)
Qualquer dúvida consulte o pai dos burros. 
(dicionário)
 z Sinestesia
Consiste no recurso que engloba um conjunto de 
percepções e sensações interligadas aos processos 
sensoriais provenientes de diferentes sentidos (visão, 
audição, olfato, paladar e tato). Na sinestesia, a per-
cepção ou sensação de um sentido é atribuída a outro. 
Ex.: “As falas sentidas, que os olhos falavam.” (Ca-
simiro de Abreu)
“E o pão preserve aquele branco sabor de alvora-
da”. (Ferreira Gullar)
Figuras de pensamento
Processo expressivo que enfatiza o aspecto semân-
tico da linguagem. As figuras de pensamento introdu-
zem uma ideia diferente daquela que a palavra em 
seu sentido real exprime.
 z Antítese
Consiste no emprego de conceitos que se opõem e 
que podem ocorrer de maneira simultânea em uma 
mesma oração. Na antítese, os conceitos antônimos 
não se contradizem e estão relacionados a referentes 
distintos.
Ex.: “Tristeza não tem fim, felicidade sim!” (Viní-
cius de Moraes)
“O mito não é nada que é tudo”. (Fernando Pessoa)
 z Personificação ou Prosopopeia
Consiste em atribuir características, sentimentos e 
comportamentos próprios de seres humanos a seres 
irracionais ou inanimados. É uma figura muito usada 
em textos literários, como fábulas e apólogos. 
Ex.: “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma 
sacada...” (cantiga popular).
“As pedras andam vagarosamente”.
 z Paradoxo
Consiste no emprego de conceitos opostos e contra-
ditórios na representação de uma ideia. No paradoxo, 
embora os termos pareçam ilógicos, são perfeitamen-
te aceitáveis no campo da literatura, o que confere ao 
autor uma licença poética. 
Ex.: “Se lembra quando a gente chegou um dia a 
acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o 
pra sempre sempre acaba” (Cássia Eller)
“Dor, tu és um prazer!” (Castro Alves)
 z Eufemismo
Consiste no emprego de uma palavra ou expressão 
que serve para amenizar/ suavizar uma informação 
desagradável ou fatídica. É um recurso essencial para 
validar a polidez nas relações sociais. 
Ex.: “Suzanna é uma mulher desprovida de bele-
za.” (feia)
LÍ
N
G
U
A
 P
O
RT
U
G
U
ES
A
77
“Aquele pobre homem entregou a alma a Deus” 
(morreu)
 z Hipérbole
Uso de expressões intencionalmenteexageradas 
para dar maior ênfase à mensagem expressa pelo 
emissor.
Ex.: “Amor da minha vida, daqui até a eternidade
Nossos destinos foram traçados na maternidade”. 
(Cazuza)
“Vou caçar mais um milhão de vagalumes por aí”. 
(Pollo)
 z Ironia
Consiste em expressar ideias, pensamentos e julga-
mentos com o sentido contrário do que se diz. A ironia 
tem como objetivo satirizar uma situação desagradá-
vel ou depreciar alguém pelo seu comportamento. 
Ex.: “Marcela amou-me durante quinze meses e 
onze contos de réis...” (Machado de Assis)
“Parece um anjinho, briga com todos”. 
 z Gradação
Consiste na apresentação de ideias sinônimas (ou 
não) em uma escala progressiva de maior ou menor 
intensidade à expressão. Os termos da oração são fru-
tos de uma hierarquia e podem ser de ordem crescen-
te ou decrescente. 
Ex.: “Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bi-
lião, uns cingidos de luz, outros ensanguentados.” 
(Machado de Assis)
“Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Montei-
ro Lobato)
 z Apóstrofe
Consiste na invocação de alguém ou alguma coisa 
personificada. Essa figura de linguagem realiza-se por 
meio de um vocativo. A apóstrofe é um recurso estilís-
tico muito utilizado na linguagem informal (cotidia-
na), nos textos religiosos, políticos e poéticos.
Ex.: “Liberdade, Liberdade! É isso que pretende-
mos nessa luta”.
“Senhor, tende piedade de nós”.
 EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CONSESP – 2018) Assinale a alternativa que apre-
senta a figura de linguagem denominada metáfora.
a) Vossa excelência é pouco conhecido.
b) Meu pensamento é um rio subterrâneo.
c) O pé da mesa estava quebrado.
d) Um doce abraço ele recebeu da irmã.
O item que apresenta uma relação de semelhança 
sem apresentar elementos conectivos, caracterizan-
do o uso da metáfora, é a letra B. Na letra A, há uma 
silepse de gênero; na letra C, o uso de catacrese, e na 
letra D, encontramos o uso de sinestesia. Resposta: 
Letra B. 
2. (PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO – 2020) A amiza-
de é tema recorrente na música popular, e as letras 
das canções fazem uso, muitas vezes, de recursos da 
linguagem poética. Há uma hipérbole nos seguintes 
versos de uma canção:
a) “Amigo, você é o mais certo das horas incertas” – 
Roberto Carlos
b) “Você meu amigo de fé, meu irmão, camarada” – 
Roberto Carlos
c) “Quero levar o meu canto amigo a qualquer amigo que 
precisar” – Roberto Carlos
d) “Eu quero ter um milhão de amigos / E bem mais forte 
poder cantar” – Roberto Carlos.
A única opção em que encontramos um exagero no 
uso da linguagem, característica da hipérbole, é a 
letra D. Resposta: Letra D. 
3. (INAZ DO PARÁ – 2019) Em “a capa verde da mata se 
espreguiçava ao longo das praias” ocorre uma figura 
de linguagem denominada:
a) Metáfora.
b) Prosopopeia.
c) Gradação.
d) Antítese.
A frase destacada pelo enunciado apresenta carac-
terísticas de seres animados em seres inanimados, 
marcando o uso da prosopopeia. Resposta: Letra B. 
 HORA DE PRATICAR! 
1. (CRS – 2010) Assinale a alternativa em que todas as 
palavras acentuadas nos seguintes trechos recebem o 
acento pela mesma regra:
a) Se não é saudável nem prudente apostar na loucura 
geral, imaginando-se em plena sanidade, há evidên-
cias (...)
b) ... na era moderna, o domínio da lei, o monopólio do 
poder coercitivo e a soberania nacional (...). A lei trata 
as pessoas, se não como iguais, pelo menos sem con-
siderar as contingências sociais mais óbvias.
c) Alguém já dizia que há método na loucura, mas a des-
razão caprichou na metodologia.
d) Tal estado de excepcionalidade deságua na prolife-
ração legislativa casuística e na ameaça permanente 
ao caráter abstrato e universal da norma jurídica. A 
contradição se torna aguda: de um lado, a liberdade 
dos indivíduos no mercado exige a independência do 
Judiciário.
2. (CRS – 2015) Na frase “Prefiro o doce a salgado, da 
mesma forma que prefiro mais o amanhecer ao entar-
decer”, é correto dizer, quanto à regência verbal, que o 
verbo preferir é:
a) Somente intransitivo.
b) Transitivo direto e indireto.
c) Transitivo direto e intransitivo.
d) Somente transitivo.
78
3. (CRS – 2017) “Não existem marcas que mostrem a 
mudança do discurso. Por isso, as falas dos perso-
nagens e do narrador – que sabe tudo o que se pas-
sa no pensamento dos personagens – podem ser 
confundidas.”
 Marque a alternativa que contém o tipo de discurso 
correto utilizado no excerto apresentado:
a) Discurso indireto.
b) Discurso indireto livre.
c) Discurso direto livre.
d) Discurso direto.
4. (CRS – 2013) Observe as palavras sublinhadas:
I. Os curta-metragens forma vistos por milhares de 
pessoas.
II. Os micos-leões-dourados estão em extinção.
III. Os bota-foras realizaram-se, hoje, na comunidade 
fluminense.
IV. As frutas-pão estavam estragadas.
 Quanto à pluralização, estão corretas as assertivas:
a) I e III.
b) II e III.
c) II e IV.
d) I e IV.
5. (CRS – 2010) Assinale a alternativa que indica corre-
tamente a função sintática do pronome relativo subli-
nhado no período:
a) Cuida-se de examinar as reações aos fatos e avaliar o 
estado da consciência jurídica que predomina entre os 
cidadãos deste país. (objeto direto)
b) Fico a imaginar como seria a vida dos humanos direi-
tos na moderna sociedade capitalista de massas, cri-
vada de conflitos e contradições, sem as instituições 
que garantam os direitos civis, sociais e econômicos 
conquistados a duras penas. (adjunto adnominal do 
sujeito)
c) O regime nacional-socialista aboliu estas proprieda-
des da lei que a tinham elevado acima dos riscos da 
luta social”. (...) (complemento nominal)
d) Junto dois textos que julgo oportuno republicar diante 
das manifestações – contra, a favor e muito ao contrá-
rio – suscitadas pela prisão dos diretores da Camargo 
Correa e de Eliana Tranchesi. (objeto direto)
6. (CRS – 2013) Assinale a alternativa em que TODAS as 
palavras foram grafadas CORRETAMENTE:
a) intrugice, vicissitude, revezes
b) grizar, chale, toesa
c) xarque, herege, ascessível
d) haurir, rebotalho, buliçoso
7. (CRS – 2017) Escolha a alternativa correta que apre-
senta coesão:
a) Solange e Ana caminham e conversam.
b) Maria estuda. Maria trabalha. Maria dorme.
c) Tatisa olha. Tatisa bebe. Tatisa come.
d) Batendo as asas cai na escravidão. Perde a liberdade.
8. (CRS – 2015) Quanto ao emprego da vírgula, marque a 
alternativa CORRETA.
a) A maior riqueza do país, eram os poços de petróleo.
b) E quando lhe pediram a opinião, disse que o assunto, 
não era com ele.
c) O empregado faz o serviço, e o patrão ganha o 
reconhecimento.
d) Quando nervoso não fale, nem grite, apenas busque 
manter a calma.
9. (CRS – 2013) Quanto ao uso do pronome relativo, mar-
que a alternativa correta.
a) Incentivamos a literatura, cuja é importante na absor-
ção de conhecimentos.
b) Reli o poema de Fernando Pessoa, cujo me emocionou 
muito.
c) Encontrei o estudante que foi aprovado no vestibular 
2013.
d) Na vida, conhecemos pessoas, de quem não nos lem-
bramos os nomes.
10. (CRS – 2018)
Passeio noturno
 Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, 
relatórios, estudos, pesquisas, propostas, contratos. 
Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo 
de uísque na mesa de cabeceira, disse, sem tirar os 
olhos das cartas, você está com um ar cansado. Os 
sons da casa: minha filha no quarto dela treinando 
impostação de voz, a música quadrifônica do quarto 
do meu filho. Você não vai largar essa mala?, pergun-
tou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, 
você precisa aprender a relaxar.
 Fui para a biblioteca, o lugar da casa onde gostava 
de ficar isolado e como sempre não fiz nada. Abri o 
volume de pesquisas sobre a mesa, não via as letras 
e números, eu esperava apenas. Você não pára de tra-
balhar, aposto que os teus sócios não trabalham nem 
a metade e ganham a mesma coisa, entrou a minha 
mulher na sala com o copo na mão, já posso mandar 
servir o jantar?
 A copeira servia à francesa, meus filhos tinham cres-
cido,eu e a minha mulher estávamos gordos. É aquele 
vinho que você gosta, ela estalou a língua com prazer. 
Meu filho me pediu dinheiro quando estávamos no 
cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na hora do 
licor. Minha mulher nada pediu, nós tínhamos conta 
bancária conjunta. Vamos dar uma volta de carro?, 
convidei. Eu sabia que ela não ia, era hora da nove-
la. Não sei que graça você acha em passear de carro 
todas as noites, também aquele carro custou uma for-
tuna, tem que ser usado, eu é que cada vez me apego 
menos aos bens materiais, minha mulher respondeu.
 Os carros dos meninos bloqueavam a porta da gara-
gem, impedindo que eu tirasse o meu. Tirei os carros 
dos dois, botei na rua, tirei o meu, botei na rua, colo-
quei os dois carros novamente na garagem, fechei a 
porta, essas manobras todas me deixaram levemente 
irritado, mas ao ver os pára-choques salientes do meu 
carro, o reforço especial duplo de aço cromado, senti o 
coração bater apressado de euforia. Enfiei a chave na 
ignição, era um motor poderoso que gerava a sua for-
ça em silêncio, escondido no capô aerodinâmico. Saí, 
como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser 
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uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do 
que moscas. Na avenida Brasil, ali não podia ser, mui-
to movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia 
de árvores escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher? 
Realmente não fazia grande diferença, mas não apare-
cia ninguém em condições, comecei a ficar tenso, isso 
sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. 
Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher fos-
se menos emocionante, por ser mais fácil. Ela cami-
nhava apressadamente, carregando um embrulho de 
papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda, 
estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvo-
res na calçada, de vinte em vinte metros, um interes-
sante problema a exigir uma grande dose de perícia. 
Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela só percebeu 
que eu ia para cima dela quando ouviu o som da bor-
racha dos pneus batendo no meio-fio. Peguei a mulher 
acima dos joelhos, bem no meio das duas pernas, 
um pouco mais sobre a esquerda, um golpe perfeito, 
ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, 
dei uma guinada rápida para a esquerda, passei como 
um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os 
pneus cantando, de volta para o asfalto. Motor bom, o 
meu, ia de zero a cem quilômetros em nove segundos. 
Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da 
mulher havia ido parar, colorido de sangue, em cima 
de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio. 
Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a 
mão de leve pelos pára-lamas, os pára-choques sem 
marca. Poucas pessoas, no mundo inteiro, igualavam 
a minha habilidade no uso daquelas máquinas.
 A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha, 
agora está mais calmo?, perguntou minha mulher, dei-
tada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, 
boa noite para todos, respondi, amanhã vou ter um dia 
terrível na companhia.
(FONSECA, Rubem. Passeio Noturno, in: Contos 
Reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994)
 “(...) Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher 
fosse menos emocionante, por ser mais fácil. (...) Ela só 
percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som 
da borracha dos pneus batendo no meio-fio. (...) ouvi o 
barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma gui-
nada rápida para a esquerda, passei como um foguete 
rente a uma das árvores e deslizei com os pneus cantan-
do, de volta para o asfalto. Motor bom, o meu, ia de zero 
a cem quilômetros em nove segundos. (...).” 
 Marque a alternativa CORRETA que corresponda ao 
momento da narrativa que é evidenciado pelo trecho 
acima:
a) Momento ápice ou clímax da narrativa.
b) Momento subsequente ao ápice ou clímax da narrativa.
c) Momento do desfecho final da narrativa.
d) Momento introdutório da trama da narrativa.
11. (CRS – 2017)
Viver em sociedade
Dalmo de Abreu Dallari
 A sociedade humana é um conjunto de pessoas liga-
das pela necessidade de se ajudarem umas às outras, 
a fim de que possam garantir a continuidade da vida 
e satisfazer seus interesses e desejos. Sem vida em 
sociedade, as pessoas não conseguiriam sobreviver, 
pois o ser humano, durante muito tempo, necessita de 
outros para conseguir alimentação e abrigo.
 E no mundo moderno, com a grande maioria das pes-
soas morando na cidade, com hábitos que tornam 
necessários muitos bens produzidos pela indústria, 
não há quem não necessite dos outros muitas vezes 
por dia. Mas as necessidades dos seres humanos não 
são apenas de ordem material, como os alimentos, a 
roupa, a moradia, os meios de transportes e os cuida-
dos de saúde.
 Elas são também de ordem espiritual e psicológi-
ca. Toda pessoa humana necessita de afeto, precisa 
amar e sentir-se amada, quer sempre que alguém lhe 
dê atenção e que todos a respeitem. Além disso, todo 
ser humano tem suas crenças, tem sua fé em alguma 
coisa, que é a base de suas esperanças.
 Os seres humanos não vivem juntos, não vivem em 
sociedade, apenas porque escolhem esse modo de 
vida, mas porque a vida em sociedade é uma neces-
sidade da natureza humana. Assim, por exemplo, se 
dependesse apenas da vontade, seria possível uma 
pessoa muito rica isolar-se em algum lugar, onde tives-
se armazenado grande quantidade de alimentos. Mas 
essa pessoa estaria, em pouco tempo, sentindo falta de 
companhia, sofrendo a tristeza da solidão, precisando 
de alguém com quem falar e trocar ideias, necessitada 
de dar e receber afeto. E muito provavelmente ficaria 
louca se continuasse sozinha por muito tempo.
 Mas, justamente porque vivendo em sociedade é que 
a pessoa humana pode satisfazer suas necessida-
des, é preciso que a sociedade seja organizada de 
tal modo que sirva, realmente, para esse fim. E não 
basta que a vida social permita apenas a satisfação 
de algumas necessidades da pessoa humana ou de 
todas as necessidades de apenas algumas pessoas. 
A sociedade organizada com justiça é aquela em que 
se procura fazer com que todas as pessoas possam 
satisfazer todas as suas necessidades, é aquela em 
que todos, desde o momento em que nascem, têm as 
mesmas oportunidades, aquela em que os benefícios 
e encargos são repartidos igualmente entre todos.
 Para que essa repartição se faça com justiça, é preci-
so que todos procurem conhecer seus direitos e exi-
jam que eles sejam respeitados, como também devem 
conhecer e cumprir seus deveres e suas responsabili-
dades sociais.
(Rosenthal, Marcelo et al. Interpretação de textos e 
semântica para concursos. Rio de Janeiro: Essevier, 
2012)
 A partir do texto lido, podemos afirmar que, para o 
autor, viver em sociedade é:
a) uma condição imprescindível para a sobrevivência, 
uma vez que o homem não conseguiria viver isolado.
b) uma forma que um grupo de pessoas unidas encontra 
para satisfazer seus interesses pessoais.
c) como viver em uma comunidade preparada para o 
caos futuro.
d) uma forma de regressão como ser humano.
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12. (CRS – 2015) Leia o texto para responder às questões 
12 e 13.
“Minha empregada é muito abusada”
Rosana Pinheiro Machado
 Esta coluna começou no churrasco de domingo, quan-
do, na fila do supermercado, uma mulher disse: “Minha 
empregada está muito abusada”. Sua interlocutora 
respondeu: “Nem me fale, a minha também”. Ao longo 
do almoço, eu e meus amigos tentávamos explicar o 
que significava a palavra “abusada” para um estrangei-
ro. Como fazê-lo entender que, independentemente da 
eficiência, a maioria das empregadas brasileiras seria, 
em algum momento, considerada “abusada”?
 A dificuldade era dimensionar a extensão do conceito. 
Começamos pela obviedade do significado da palavra 
“abuso”, que remete a algo de superlativo. Abusar é 
usar alguma coisa além do limite socialmente espera-
do. Por exemplo, quando a empregada é abusada por 
não subir no elevador de serviço, mas no social.
 Prossegui, explicando quese a empregada come mui-
to, se toma muito refrigerante da geladeira ou come 
as bolachas de chocolate, ela é abusada. Se ela pede 
uma roupa emprestada, é abusada. Se ela senta à 
mesa com a família, é abusada.
 De todos esses exemplos, ele concluiu que abusada é 
aquela que quer mais do que lhe foi dado, que cobiça 
as coisas da patroa. A conversa ficou mais complexa 
porque tivemos de responder que “não”, que o opos-
to também era verdadeiro: uma empregada que quer 
“de menos” também é abusada. Seguimos explican-
do que, se a patroa oferece uma roupa velha, furada 
e fedida e empregada “tem a au-dá-cia” de não aceitar, 
ela é abusada.
 Ele concluiu, então, que uma boa empregada seria, 
então, aquela que assume “o seu lugar”: não pede 
muito, mas aceita de bom grado o que lhe é dado. 
Colocando o pé para fora dessa faixa muito estreita de 
atuação, ela é abusada. (...)
 A negação de presentes indignos por parte das empre-
gadas traz à tona diversas camadas complexas de 
significados. A forma desajeitada como as patroas 
reagem escancara a profunda patologia social de uma 
classe média presa ao século XVII – provavelmente, 
em uma época em que ela se imagina numa casa-gran-
de, cheia de porcelana inglesa e de escravos à volta, 
preferencialmente com uma negra para cozinhar. Ou 
melhor, ela se imagina em uma novela da Rede Globo 
do século XXI, onde a mulher negra ainda é explorada 
24 horas por dia a serviço de suas patroas ricas.
 Essas patroas esperam empregadas sem agência, 
sem protagonismo, sem voz, sem vontade e sem opi-
nião. (...). Elas esperam seres eternamente gratos por 
receberem restos. Nessa lógica em que, já diria Marcel 
Mauss, dar é poder, uma empregada que pede mais 
dinheiro para lavar a privada suja ou exige seus direi-
tos garantidos na Constituição, só pode ser abusada. 
(...)
 Por tudo isso, eu penso que não aceitar qualquer pre-
sente é um marco muito importante na passagem de 
uma relação servil para a profissional (...). A negação 
revela a emergência de uma subjetividade repleta de 
vontades que se impõem na esfera do trabalho. É da 
negação que surge uma nova era no Brasil, pois ela 
quebra o círculo da dádiva e rompe com o poder do 
doador, estabelecendo uma condição de igualdade 
baseada na troca de serviços – e não de favores.
 As transformações recentes da sociedade brasileira 
indicam um leve rompimento (...) de uma relação tão 
pessoal quanto doentia entre patroas e empregadas. 
Indica o fim do ser humano como posse de outro ser 
humano. E isso, é claro, causa desespero, lamentação, 
recalque e conflitos.
 Ainda tem muito a ser feito e conquistado. Muito mes-
mo. Espero que chegue o dia em que eu não precise 
explicar o sentido da palavra “abusada”. Neste dia, 
perder-se-á também alguma flexibilidade do modelo 
de empregadas dentro de casa. Será preciso se acos-
tumar a ouvir “não, obrigada” e aprender a curtir genui-
namente as fotos postadas daquela viagem. Neste 
dia, o serviço da limpeza será mais custoso, mas não 
há saída: esse é o preço de nosso desenvolvimento e 
de nossa liberdade enquanto nação.
(Disponível em: h ttp://www.cartacapital.com.
br/sociedade/201cminha-empregada-e-muito-
abusada201d-7617.html - Acessado em 14/05/2014 - 
Texto adaptado)
 “Espero que chegue o dia em que eu não precise expli-
car o sentido da palavra “abusada”. Neste dia, per-
der-se-á também alguma flexibilidade do modelo de 
empregadas dentro de casa. Será preciso se acostu-
mar a ouvir “não, obrigada” e aprender a curtir genuina-
mente as fotos postadas daquela viagem. Neste dia, o 
serviço da limpeza será mais custoso (...)”. De acordo 
com o trecho, podemos afirmar que:
a) O serviço de limpeza será devidamente valorizado.
b) A tendência é que o serviço de limpeza seja menos 
custoso.
c) Haverá maior flexibilidade do modelo de atuação das 
empregadas.
d) As empregadas não mais serão chamadas de abusadas.
13. (CRS – 2015) “A negação revela a emergência de uma 
subjetividade repleta de vontades que se impõem na 
esfera do trabalho”. De acordo com o trecho, é correto 
afirmar que:
a) A negação e a subjetividade devem sempre se impor 
às relações trabalhistas.
b) A negação é prejudicial às relações trabalhistas.
c) A subjetividade é prejudicial às relações trabalhistas.
d) A subjetividade e a vontade são essenciais nas rela-
ções trabalhistas.
14. (CRS – 2015) Leia o texto para responder às questões 
14 e 15.
Corda sensível
 Um fardão de coronel estava enfiado sobre o espaldar 
da cadeira de balanço, e a pequena Maria, apertando 
na mão uma fatia de pão com manteiga, olhava exta-
siada. A cor azul escura da casimira, sob a claridade 
noturna que enchia a sala, modelava macieza de velu-
do e fingia reflexos de roxo. Nas ombreiras do fardão 
poisavam as dragonas maciças, de grande gala, com 
o seu chuveiro de torçais de ouro; e na frente o papo 
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se escancarava, deixando ver a tela de croché, com 
que se costuma proteger as mobílias. A um lado cor-
riam-lhe os oito botões, cada um crescido como um 
olho-de-boi...
 Mas, quando a pequena deu com o empastamento de 
condecorações que encobria lado a lado o peito ao 
fardão, não pôde resistir ao chamariz, e pondo um joe-
lho à beira do assento e com os bracinhos estirados 
agarrando-se aos braços da cadeira, subiu, apesar do 
balanço. As mangas da farda começaram então um 
movimento de pêndulo, roçando no tapete os canhões 
encastoados pelas pesadas divisas de coronel. O 
amor ao equilíbrio forçou a pequena Maria a ir com 
a mão ao tope da cadeira, e aí, olha lá manteiga pelas 
abas.
 Acode naquela cabecinha castanha uma ligeira idéia 
de remorso, e o que há de mais simples é deixar as 
coisas como estavam. A esse tempo brilhavam no 
escuro da rua, à altura do peitoril da janela, os olhos da 
filha do cabo de ordens, que espiava para dentro, pode 
ser que arrastada pelo cheiro da ceia, cujos tirlintintins 
se ouvia. Que ótimo desvio! E as duas começaram a 
conversar-se na janela, como pessoas sisudas; bem 
entendido, a pequena do cabo de ordens comendo o 
enfastiado pão com manteiga, a célebre fatia.
 No dia seguinte, quando a criada veio sacudir os 
móveis, caiu das nuvens, coitada! Cada rombo deste 
tamanho, afora uma porção de relidinhas, na casimira 
do fardão, de modo que a intertela e os recheios do 
peitilho estava tudo estripado e esbrugado. Conse-
qüência: um ódio entranhado aos ratos. Os cantos da 
casa povoaram-se de ratoeiras. Era um nunca acabar.
 Pois, senhores, roerem a mais linda, a mais garbosa, 
a mais rica, a mais nobre farda da província?! Ah! se o 
coronel pudesse estrepar toda a ratagem unânime das 
nações na ponta de seu gládio!
 Em um amanhecer de abril, sofrivelmente belo, a cria-
da, deixando para mais tarde a visita às ratoeiras, acon-
teceu que ajuntaram-se à pequena Maria o pequeno 
Manuel e o caçula, e foram despescar, por sua conta e 
risco, as da despensa. O cabeça do motim, que todos 
sabem ser a senhora dona Maria, como lhe chama a 
mãe quando se enfeza, não teve mais o que fazer, e, 
cercada pelos dois bargados consócios, assentou-se 
no chão, depondo a ratoeira sobre o pano do vestido 
que se fazia entre as duas perninhas abertas.
 A ratoeira não era mais de que uma cúpula de arame 
cozida a uma rodelazinha de pinho. Dentro, porém, 
havia era um bicho cinzento e uma porção de bichi-
nhos vermelhos, da cor dos dedinhos do caçula: 
fenômeno raro, que provocou uma gritaria hilariante, 
aliás inconveniente, porque atrás acudiram a criada, a 
mamãe e até o coronel, a ver o que fazia aquela troça 
de quenquéns.
 Maria estava metendo a mão para abocanhar a bicha-
rada – em tempo de ser mordida! – e o Manuel procu-
rava também se havia outro buraco onde ele pudesse 
meter a dele.
 Virgem Maria! – vozeava a criada.
 Isto é o diabo! – roncava o coronel.
 Recuaram todas as mãos, e a curiosidade das crianci-
nhas foi achar nos olhos delas o desejado e inviolável 
refúgio.
 A mamãe, porém, encarando o caso, juntou as mãos 
enternecidamente,e, cobrindo o marido e os três 
filhinhos com um daqueles olhares que só em mulhe-
res se depara, exclamou cheia de profundo sentimento 
materno:
 Espera, que é uma ratinha que deu à luz na ratoeira!
 O duro militar ficou basbaque. Enquanto a rata puérpe-
ra, impunemente, pacatamente, com o salvo-conduto 
de sua boa estrela de mãe, Saia, como um anão no 
meio de enormes gigantes de conto de fada, e galgava 
novamente as prateleiras prenhes de queijo. A ninha-
da se amontoava no regaço da pequena Maria, - uma 
porção de bichinhos vermelhos, da cor das carnes ten-
ras do caçula, cujo corpinho nu estava ali acocorado, a 
alma de criança aberta nuns olhos admirativos, excla-
mando com jubilosa admiração:
 Uói! - apontando para os ratinhos com o dedinho 
vermelho.
(PAIVA, Manoel de Oliveira. Corda Sensível. Rio de 
Janeiro: Graphia, 1993. Disponível em: h ttp://www.
literaturabrasileira.ufsc.br/documentos. Acessado em 
30/10/2014)
 Acerca da identificação da personagem protagonista 
da história, marque a alternativa correta
a) A mãe da menina Maria é a protagonista da história.
b) A criada é a protagonista da história.
c) A menina Maria é a protagonista da história.
d) O coronel é o protagonista da história.
15. (CRS – 2015) Marque a alternativa correta que corres-
ponda à comparação entre os ratos recém-nascidos e 
a criança caçula da família:
a) Os ratos não eram vermelhos e suas carnes eram dife-
rentes das carnes duras do caçula.
b) Os ratos possuíam a carne de cor azulada como a cor 
das carnes velhas do caçula.
c) Os ratos eram vermelhos como a carne delicada do 
caçula.
d) Os ratos não possuíam a carne de cor semelhante à 
vermelha, diferente da carne tenra do caçula.
16. (CRS – 2013) Assinale a alternativa correta quanto às 
regras de concordância:
a) Manoel e Jordana comprometeram-se cedo: um por 
dinheiro, a outra, por amor.
b) Suas pernas estavam todo enlameadas.
c) Estas são fatalidades que não adiantam ocultar.
d) Bem haja os colaboradores dessa festa!
17. (CRS – 2013) Quanto à estrutura das palavras, marque 
a alternativa CORRETA:
a) No vocábulo “rodovia” há ausência de vogal de ligação.
b) Na palavra “amavas” o item “-s” é desinência nominal 
de número.
c) No vocábulo “exorbitar” há apenas um afixo.
d) Na palavra “internacional” há dois afixos.
18. (CRS – 2013) Marque a alternativa correta que apre-
senta um exemplo de metonímia:
a) João se alimenta como um pássaro.
b) As fêmeas cassam para o rei dos animais.
c) Gosto de ler Machado à noite.
d) Antônio foi um burro.
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19. (CRS – 2018) Quanto ao emprego de pronomes, mar-
que a alternativa correta.
a) Os pneus, troquei-os logo após o passeio noturno.
b) Me espantei com a potência do motor e a rigidez dos 
parachoques.
c) Não maltratei-a, apenas acelerei até deixar ela caída 
em meio a poeira.
d) Depois, me encaminhei para casa eufórico e feliz.
20. (CRS – 2013) Quanto ao emprego dos pronomes, 
segundo o padrão culto, marque a alternativa correta:
a) Jean, nós queremos falar consigo.
b) Com nós outros tal problema não acontece.
c) Havia pouco o que reduzir.
d) Na árvore, para lá da montanha, houve uma reunião de 
tropeiros, que fui convidado.
 9 GABARITO
1 B
2 B
3 B
4 C
5 D
6 D
7 A
8 C
9 C
10 A
11 A
12 D
13 C
14 C
15 C
16 B
17 D
18 C
19 A
20 B
ANOTAÇÕES
D
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TO
 P
EN
A
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83
DIREITO PENAL
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO: PARTE 
GERAL - APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
Vamos, agora, responder a três perguntas sobre a 
lei penal: 
 z Quando ela se aplica? 
 z Onde ela se aplica? 
 z Em face de quem ela se aplica (ou não se aplica)?
 z Ou seja, o nosso estudo da eficácia da lei penal, se 
dará sob três aspectos:
 z Ao tempo (a lei penal não tem eficácia permanen-
te; entra em vigor em determinado momento e não 
é eterna);
 z Ao espaço (não vige em tudo o mundo; não é uni-
versal); e
 z Às funções exercidas por certas e determinadas 
pessoas (muito embora o ordenamento jurídico 
afirme que todos são iguais perante a lei, existem 
determinadas funções que concedem prerrogati-
vas a determinadas pessoas frente à aplicação da 
lei penal., como por exemplo, os parlamentares, 
conforme veremos mais adiante).
Assim sendo, nossos próximos passos serão estu-
dar a eficácia da lei penal no tempo e no espaço. Nas 
próximas páginas conhecer os princípios que regem a 
aplicação da lei penal nestas duas dimensões: Quanto 
ao lugar (espaço), veremos que ser aplica o princípio 
da ubiquidade; em relação ao tempo, o princípio da 
atividade. Um mnemônico que resume os dois princí-
pios que iremos estudar: L. U. T. A. (Lugar, Ubiquida-
de, Tempo, Atividade).
A LEI PENAL NO TEMPO 
Eficácia da Lei Penal no Tempo
A lei penal nasce (é sancionada, promulgada e 
publicada), tem seu tempo de vida (vigência) e morre 
(é revogada). A revogação pode ser expressa (quan-
do lei posterior textualmente afirma que a lei ante-
rior não mais produz efeitos) ou tácita (quando não 
há revogação expressa, mas a nova lei é incompatível 
com a anterior ou regula totalmente a matéria que 
constava na lei mais antiga).
A regra é que a lei regula todas as situações ocor-
ridas entre a sua entrada em vigor e sua revogação 
(tempus regit actum). Esse fenômeno jurídico é cha-
mado de atividade. 
Se, excepcionalmente, a lei regula situações fora 
de seu período de vigência, temos o fenômeno da 
extratividade. 
A extratividade se dá de duas formas: quando a 
lei regula situações ocorridas antes de sua vigên-
cia (passado), chamamos a extratividade de retroa-
tividade. Se, por outro lado, a lei se aplica mesmo 
depois de cessada sua vigência (futuro), temos a 
ultratividade. 
Importante!
A regra é a atividade da lei penal, ou seja, sua 
aplicação somente durante seu período de 
vigência. Como exceção, temos a extratividade 
da lei penal mais benéfica, ou seja, sua aplicação 
para regular situações passadas (retroatividade) 
ou futuras (ultratividade)
Observe o art. 2º do Código Penal:
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei 
posterior deixa de considerar crime, cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da sen-
tença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer 
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos ante-
riores, ainda que decididos por sentença condena-
tória transitada em julgado.
O art. 2º refere-se apenas à retroatividade, uma vez 
que está analisando a aplicação da lei penal tomando 
por base a data do fato delituoso. Assim, temos duas 
situações:
 z Ou se aplica regra do tempus regit actum, se for 
mais benéfico; ou 
 z Se aplica a lei posterior (aquela que entra em 
vigor após outra) se esta for mais benigna (retroa-
tividade). A lei posterior mais benéfica é chamada 
também de lex mitior.
Observe as duas situações no Fluxograma a seguir:
Fato
LEI “A”
Se esta for mais 
benéfica adota-se a 
regra da Atividade
(tempus regit actum)
LEI “B”
Se esta for mais 
favorável, usa-se 
Retroatividade 
Benéfica
Nova lei 
em vigor
Retroativida de Benéfica
Sentença
Vejamos um exemplo para melhor fixar o expos-
to anteriormente: imagine que um indivíduo pratica 
um fato delituoso em 10 de fevereiro de 2021. Naquela 
data, encontra-se em vigor a Lei “A”, que prevê a pena 
mínima de 4 anos de reclusão para o crime. No entan-
to, em 10 de março do mesmo ano, entra em vigor a Lei 
“B”, que comina a pena mínima de 2 anos de reclusão 
para o mesmo delito. Qual delas deve o juiz utilizar 
ao proferir a sentença? Neste caso, o magistrado deve 
aplicar a Lei “B”, por ser mais favorável ao réu (a Lei 
“B”, embora não estivesse em vigor na data do fato, 
volta no tempo, retroagindo para beneficiar o agente).
Observe que, no exemplo acima, a lei posterior 
(Lei “B” é mais favorável ao agente). No entanto, lei 
posterior pode entrar em conflito com a anterior de 
maneiras diferentes, gerando situações diversas. Para 
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solucionar cada uma delas, o CP aponta regras que são 
aplicadas conjuntamente com os princípios constitu-
cionais que vimos anteriormente.São quatro diferen-
tes situações:
 z Abolitio criminis ou Novatio Legis ou Lei 
supressiva de incriminações: a lei nova suprime 
deixa de considerar como infração um fato que 
era anteriormente punido (passa a ser considera-
do atípico). Tem como consequências: por força da 
retroatividade (art. 5º, XL, CF e art. 2º, caput, CP) 
aplica-se a lei nova. Ocorre a extinção da punibili-
dade (é, pois, causa extintiva da punibilidade, con-
forme o art. 107, III, CP). Os agentes que estiverem 
sendo processados, terão seus processos extintos, 
já os que não tiverem ainda sido denunciados, 
terão seus inquéritos trancados. Com a abolitio cri-
minis, cessam os “efeitos penais da sentença con-
denatória”. Não cessam os efeitos civis (quanto aos 
efeitos, veremos mais adiante quando tratarmos 
de efeitos da condenação. 
 z Novatio legis in mellius: é a lei nova (novatio 
legis) que, sem excluir a incriminação, ou seja, 
sem constituir abolitio criminis, é mais favorável 
ao agente (in mellius). Por exemplo quando comi-
na pena mais branda, inclui atenuantes, permite a 
obtenção de benefícios como a sursis e o livramen-
to condicional, entre outros. Tem como consequên-
cias: de acordo com o art. 5º, XL, CF e art. 2º, caput, 
CP, retroage para favorecer o agente, aplicando-se 
aos fatos anteriores “ainda que decididos por sen-
tença condenatória transitada em julgado”.
 z Novatio legis in pejus: Ocorre quando a lei pos-
terior, sem criar novo tipo incriminador, de qual-
quer modo agrava a situação do agente (in pejus). 
Por exemplo, aumenta a pena, ou impõe uma 
forma de execução mais severa (hipoteticamente 
instituindo o mesmo rigor inicial da reclusão ao 
cumprimento dos crimes apenados com detenção) 
Nesta hipótese, a lei melhor (lex mitior) passa a ser 
a lei anterior. A lei mais severa recebe o nome de 
lex gravior (lei mais grave). Tem como consequên-
cias: em relação à lei nova, aplica-se os princípios 
da irretroatividade da lei mais severa. Quanto à lei 
antiga, mais benéfica, aplica-se a ultratividade.
 z Novatio legis incriminadora: se dá quando a 
lei nova cria um tipo incriminador, consideran-
do infração uma conduta considerada irrelevante 
pela lei anterior. Por exemplo, a Lei nº 10.224/01, 
introduziu no Código Penal o art. 216-A, e criou o 
tipo de assédio sexual no ordenamento jurídico 
brasileiro. Tem como consequências: a nova lei 
gravosa é irretroativa (art. 1º, CP).
Veja que o texto do Código Penal não menciona a 
ultratividade, ou seja, a possibilidade do o juiz apli-
car uma lei já revogada. No entanto, essa aplicação 
pode ocorrer na sentença, se esta for mais benéfica 
e vigente à época do fato criminoso. Veja o seguinte 
exemplo: em 10 de fevereiro de 2021 encontra-se em 
vigor a Lei “A”, que prevê a pena mínima de 2 anos 
de reclusão para determinado crime; em 10 de março 
do mesmo ano, entra em vigor a Lei “B”, que comina 
a pena mínima de 4 anos de reclusão para o mesmo 
delito. Em 10 de agosto, ao sentenciar, o juiz deve uti-
lizar a Lei “A”, já revogada, mas vez que mais benéfica 
torna-se ultrativa. Observe tal fenômeno no Fluxogra-
ma a seguir:
Fato
LEI “A”
Revogada. Se esta 
for mais benéfica 
adota-se a regra da 
ultratividade
LEI “B”
Se esta for mais favo-
rável, aplica-se na 
sentença a regra geral 
(tempus regit actum)
Nova lei em 
vigor
Ultratividade
Sentença
Note que, diferentemente do primeiro esquema, 
neste o foco está na sentença e não no fato. É uma 
questão de perspectiva.
De quem é a competência para aplicar a lei poste-
rior favorável? Antes do juiz proferir a sentença, não 
há dificuldade: cabe ao juiz de 1º grau sua aplicação; 
em grau de recurso, a competência é do Tribunal; e se 
já transitada em julgado a sentença, a competência é 
do juiz da execução penal, de acordo com o art. 66, I da 
Lei de Execução Penal (LEP). Este é o posicionamento 
majoritário da doutrina e jurisprudência (Súmula 611 
do STF).
Todas as situações que vimos acima podem ser 
resolvidas pela seguinte regra: A Lei só Retroage 
para Beneficiar o Sujeito. No entanto, como saber 
qual das leis em conflito é a mais favorável ao agente? 
Para avaliar a mais benéfica, o juiz deve sempre apre-
ciar o caso concreto sob a eficácia de cada uma das 
leis em com conflito, comparando o resultado: o que 
mais favorecer o agente deve prevalecer.
Lei intermediária 
O que acontece se houver uma lei intermediária, 
ou seja, que entrou em vigor depois da data do fato 
e foi revogada antes da sentença? Neste caso, deve 
ser aplicada em favor do réu a mais favorável delas, 
mesmo que for a intermediária (também chamada de 
intermédia) e não a última. 
Combinação de Leis
O que acontece se houverem várias leis sucessivas 
e cada uma delas tem uma parte, um aspecto mais 
favorável ao sujeito. É possível combinar várias leis, 
criando uma “terceira lei” para beneficiar o agente? 
Segundo a maior parte da doutrina, não, por violar o 
princípio da legalidade. Essa é a posição do STJ e do 
STF. 
Leis temporárias e excepcionais
A regra da retroatividade benéfica não se aplica 
no caso das chamadas leis intermitentes (leis tem-
porárias e leis excepcionais). Veja o art. 3º, CP:
Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora 
decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao 
fato praticado durante sua vigência.
D
IR
EI
TO
 P
EN
A
L
85
 z Lei Excepcional: é aquela feita para vigorar em 
épocas especiais, como guerra, calamidade etc. É 
aprovada para vigorar enquanto perdurar o perío-
do excepcional. São facilmente identificáveis por 
expressões como “esta lei terá vigência enquanto 
durar o estado de calamidade pública”.
 z Lei Temporária: é aquela feita para vigorar por 
determinado tempo, estabelecido previamente na 
própria lei. Assim, a lei traz em seu texto a data de 
cessação de sua vigência. Um exemplo de lei tem-
porária é a Lei nº 12.663/12, denominada Lei Geral 
da Copa, que criou tipos penais que duraram até o 
dia 31 de dezembro de 2014.
Posto isso, rege o art. 3º do Código Penal que, mes-
mo cessadas as circunstâncias que a determinaram 
(lei excepcional) ou decorrido o período de sua dura-
ção (lei temporária), é possível aplica-las aos fatos pra-
ticados durante sua vigência. 
Desta forma, são leis ultra-ativas, isso porque 
regulam atos praticados durante sua vigência, mesmo 
após sua revogação.
Importante!
Ultratividade: as leis de vigência temporária 
(excepcionais e temporárias) são ultra-ativas, 
no sentido de continuarem a ser aplicadas aos 
fatos praticados durante a sua vigência mesmo 
depois de sua auto revogação.
Normas penais em branco e direito intertemporal
Questão interessante que diz respeito à alteração 
do complemento da norma penal em branco. 
Primeiro vamos entender o que é norma penal 
em branco e ver algumas particularidades a ela rela-
cionadas para depois vermos sua relação com o fator 
“tempo”.
Norma penal em branco ou cega pode ser defi-
nida como uma lei penal incriminadora que possui 
um elemento indeterminado no que diz respeito à 
descrição da conduta. Lembre-se que a norma penal 
incriminadora estabelece uma conduta (uma ação ou 
omissão) em seu preceito primário e uma sanção 
penal em seu preceito secundário. Quando um tipo 
penal traz seu preceito primário incompleto, preci-
sando ser complementado por outra norma, estamos 
diante de uma norma penal em branco ou cega.
Vamos ver dois exemplos de norma penal em bran-
co, o primeiro constante no art. 237 do Código Penal e 
o outro no art. 33 da Lei de Drogas:
Conhecimento prévio de impedimento
Art. 237 Contrair casamento, conhecendo a existên-
cia de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Neste caso, o dispositivo penal não esclarece o 
que é “impedimento que lhe cause nulidade absolu-
ta”. O complemento, neste caso, deve ser buscado em 
fonte legislativa de igual hierarquia (Lei): o branco 
do art. 237, CP é complementado pelas hipóteses de 
impedimento tratadas pelo CódigoCivil, em seu art. 
1521. Este caso é o que se chama de norma penal em 
branco em sentido lato ou imprópria ou homogê-
nea: a complementação do preceito primário se faz 
com auxílio de uma lei.
Norma penal em branco é um assunto dos mais 
cobrados em concursos. É importante guardar não 
só suas relações com o direito temporal, mas também 
suas classificações. Assim, vamos incluir mais três em 
nosso vocabulário jurídico-penal:
 z Norma Penal em Branco em Sentido Lato Homo-
vitelina: o complemento se encontra no mesmo 
diploma legal da norma incompleta (exemplo: 
vários tipos do Código Penal tratam de crimes 
cometidos por funcionário público; o conceito de 
funcionário público é encontrado no artigo 327 do 
próprio CP)
 z Norma Penal em Branco em Sentido Lato Hete-
rovitelina: o complemento está em diploma legal 
diferente do da norma incompleta (exemplo: o art. 
237, CP fala em impedimento que cause a nulidade 
absoluta do casamento; o complemento encontra-
-se no Código Civil (CC). 
 z Quando o complemento é dado por uma norma 
constante da CF, temos a chamada norma penal 
em branco de fundo constitucional (exemplo: o 
art. 246 do CP que fala em “idade escolar”; tal con-
ceito encontra-se no art. 208, I, CF).
Agora veja o caso da Lei 11.343/06 (Lei de Drogas):
Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar, pro-
duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe-
recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, 
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo 
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e 
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e qui-
nhentos) dias-multa.
No caso do art. 33 da Lei de 11.346/06, o dispositivo 
não define o que são “drogas”, nem o que seja “sem 
autorização legal ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar”. A definição de quais substân-
cias são ilícitas é encontrada em Portaria da Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que, por ser 
fonte legislativa hierarquicamente inferior, é denomi-
nada norma penal em branco em sentido estrito ou 
própria ou heterogênea.
Por outro lado, temos a chamada norma penal 
em branco ao revés ou invertida ou inversa ou ao 
avesso quando o complemento necessário se refere à 
sanção (preceito secundário). Um exemplo de norma 
penal em branco ao revés é o tipo do crime de geno-
cídio, previsto na Lei nº 2.889/56, que apresenta um 
branco em relação à pena, sendo necessário recorrer 
a outras leis para completar tal branco. Pode aconte-
cer de o próprio complemento da norma incompleta 
necessitar de outro complemento, ou seja, é preciso 
uma dupla complementação. Neste acaso, temos o 
que se usa chamar de normal penal em branco ao 
quadrado.
Ainda em relação às normas penais em branco, 
vale a pena lembrar que é importante saber diferen-
ciá-las dos tipos penais abertos. O tipo penal aber-
to, assim como na norma em branco, é uma norma 
incompleta que necessita de complementação. A 
86
diferença, no entanto, é que no tipo penal aberto a 
complementação é feita por meio de um juízo de valo-
ração realizado pelo juiz, isto é, o complemento vem 
da valoração feita pelo magistrado e não de uma outra 
norma.
Agora que já vimos o conceito de norma penal em 
branco e suas particularidades, vamos fazer uma rela-
ção dela com a questão do direito no tempo.
Vamos voltar ao exemplo do art. 33 da Lei nº 
11.343/06 (tráfico ilícito de drogas). O que ocorreria, 
por exemplo, se houvesse a retirada de certa substân-
cia psicoativa da portaria da ANVISA, que define as 
drogas para efeito da Lei nº 11.343? Imagine um sujei-
to que é pego vendendo a droga “X”, que consta na 
Portaria, e passa a responder pelo crime de tráfico de 
drogas. Com a retirada da substância da norma com-
plementar, como ficaria a situação do agente?
Neste caso, acontecerá a retroatividade benéfica, 
descriminalizando o comportamento, por força da 
abolitio criminis. Veja que o fato passa a ser atípico 
não pela revogação da Lei que considerava o fato típi-
co, mas sim de seu complemento. 
Tal foi o que ocorreu no caso do art. 237 do CP. O 
Código Civil de 1916, em seu art. 183, VII, previa que 
um dos impedimentos absolutamente dirimentes era 
o casamento do cônjuge adúltero com o corréu conde-
nado por tal crime. No entanto, o Código Civil de 2002 
não trouxe tal impedimento, ocorrendo, pois, abolitio 
criminis, que retroagiu em favor de eventuais réus.
A retroação benéfica, por outro lado, não ocor-
re quando se tratar de complementos que tenham 
caráter excepcional ou temporário, como foi o 
caso, por exemplo, da Lei nº 1.521/51, a Lei de Crimes 
Contra a Economia Popular: o comerciante que fosse 
flagrado vendendo produto com preço acima do que 
constasse em tabela oficial respondia pelo ato, ainda 
que o congelamento, com a respetiva revogação da 
tabela, se encerrasse antes da conclusão do inquérito 
policial ou do processo penal. 
Do tempo do crime
Como vimos anteriormente, logo em seus primei-
ros artigos, o Código Penal se preocupa em tratar da 
aplicação da lei penal no tempo. Mas qual a importân-
cia de se conhecer o tempo do crime? 
Determinar o tempo do crime é essencial, em pri-
meiro lugar, para saber que lei será aplicada no 
caso concreto. Da mesma forma, é imprescindível 
para verificar a imputabilidade do agente (que 
pode ser menor de 18 no momento da conduta), fixar 
as circunstâncias do tipo penal, verificar a prescri-
ção, dentre outros aspectos.
Existem três teorias que podem ser consideradas 
para se determinar o tempo do crime:
TEORIA DA 
ATIVIDADE
Considera-se praticado o crime 
no momento da conduta.
TEORIA DO 
RESULTADO
Considera-se praticado o crime 
no momento do resultado.
TEORIA MISTA OU 
DA UBIQUIDADE
Considera-se praticado o cri-
me tanto no momento da con-
duta quanto no momento do 
resultado.
O Direito Penal brasileiro adotou, em relação 
ao tempo do crime, a teoria da Atividade, por isso, 
considera-se praticado o crime no momento da 
conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o 
momento do resultado (art. 4º, CP).
Ilustrando: no caso de um homicídio, é essencial 
que se determine o instante da ação (momento dos 
tiros, por exemplo) e não o momento do resultado 
(morte) pois, se o autor for menor de 18 anos à época 
dos tiros, ainda que a vítima morra depois do atirador 
ter completado a maioridade penal, ele não pode res-
ponder criminalmente pelo ato.
A teoria adotada pelo CP em seu art. 4º, em relação 
ao tempo do crime, é a teoria da ATIVIDADE. Leva-
-se em conta, pois, o momento da conduta (ação ou 
omissão), pouco importando o instante do resultado.
Veja o esquema a seguir como exemplo:
Sentença
Conduta Resultado
Considera-se 
praticado no tempo 
da conduta (Teoria 
da Atividade, art. 4º)
Vítima 
hospitalizada
Tempo do Crime (Art. 4º)
Morte da 
Vítima
É na data da conduta, portanto, que:
 z Se verifica a imputabilidade penal: no nosso 
exemplo, o fato de ser o autor, maior ou menor de 
18 anos;
 z Se fixam as circunstâncias do crime: qualifica-
doras, causas de aumento ou diminuição de pena, 
agravantes ou atenuantes (como, por exemplo, ser 
a vítima criança ou maior de 60 anos, que contam 
como agravantes; ou ser o autor menor de 21 anos, 
o que vai servir como atenuante).
Tempo do crime nas infrações permanentes e 
continuadas
Nestes casos, será aplicada regra especial, que 
consta na Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave 
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, 
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade 
ou da permanência”.
Crime permanente é aquele cuja consumação 
se prolonga no tempo pela vontade do sujeito ativo 
como, por exemplo, no caso de um sequestro. Neste 
caso, é considerado tempo do crime todo o período em 
que se desenrolar a atividade criminosa. Assim sen-
do, se um sequestrador, menor de 18 anos quando do 
início da prática do crime atinge a maioridade ainda 
com o delito emcurso, é considerado imputável para 
os fins penais. 
Por sua vez, crime continuado é uma ficção jurí-
dica criada para beneficiar o réu, prevista no art. 71 
do CP e será estudado mais adiante. Por enquanto, 
basta saber que o crime continuado ocorre quando o 
agente pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, 
D
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EI
TO
 P
EN
A
L
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mediante duas ou mais condutas, sendo que, pelas 
condições de tempo, lugar, modo de execução, são 
tidos uns como continuação dos outros. 
Por exemplo, um empregado de uma loja de fer-
ramentas visando subtrair um kit de ferramentas 
do estabelecimento, resolve furtar uma ferramenta 
por dia, até ter em suas mãos o kit completo. 60 dias 
depois, o sujeito vai conseguir completar o conjunto e 
vai ter cometido 60 furtos! Não fosse a regra benéfica 
do art. 71 do CP, a pena mínima neste caso somaria 120 
anos de reclusão! Reconhecendo-se a ocorrência de 
crime continuado, ocorrerá a chamada exasperação: 
no nosso exemplo específico, será aplicada ao agente 
a pena de um só dos furtos aumentadas de 1/6 até 2/3. 
No entanto, não nos interessa, neste momento, ingres-
sar no tema do crime continuado, nos basta apenas 
a noção do fenômeno para que possamos discutir a 
questão do tempo do crime quando de sua ocorrência. 
Assim sendo, temos que a mesma regra aplicá-
vel ao crime permanente (Súmula 711 do STF) deve 
ser aplicada ao crime continuado, com uma ressalva 
quanto às condutas praticadas pelos menores de 18 
anos, por força do artigo 228 da CF que determina sua 
inimputabilidade: na hipótese de um sujeito cometer 
quatro furtos, possuindo 17 anos quando do come-
timento dos dois primeiros, e já 18, no momento da 
prática dos dois últimos, somente estes dois é que ser-
virão para constituir o crime continuado.
Tempo do Crime e conflito aparente de normas
O conflito aparente de normas (ou concurso apa-
rente de normas) se estabelece quando duas ou mais 
normas aparentemente parecem ser aplicáveis ao 
mesmo fato. 
Por exemplo: um sujeito resolve importar, via cor-
reio, uma determinada substância entorpecente. Num 
primeiro momento, pode parecer que se aplique ao 
caso o previsto no art. 334 do Código Penal, que trata 
do crime de contrabando. Ocorre que o mesmo fato 
está previsto no art. 33 da Lei de Drogas. Parece, pois, 
que as duas normas parecem ser aplicáveis ao mes-
mo fato. No entanto o conflito é apenas aparente, uma 
vez que a própria lei apresenta mecanismos para sua 
solução: no caso do nosso exemplo, aplica-se o art. 33 
da Lei de Drogas (tráfico ilícito de drogas), por se tra-
tar de lei especial (o tráfico internacional de drogas se 
distingue do contrabando porque se refere, especifi-
camente, a um determinado tipo de mercadoria proi-
bida, a droga. O mesmo ocorre com o tráfico de armas, 
previsto no Estatuto do Desarmamento).
Note, o conflito é apenas aparente, pois somente 
uma delas acaba regulamentando o fato, afastan-
do as demais. 
Para que ocorra o conflito aparente de normas, 
devem estar presentes dois pressupostos:
 z Unidade de fato, ou seja, a existência de uma única 
infração penal (por exemplo: uma morte);
 z Pluralidade de normas identificando o mesmo fato 
como delituoso, isto é, duas ou mais normas pre-
tensamente regulando o mesmo fato criminoso.
A solução se dá pela aplicação de alguns princí-
pios que vamos ver a seguir (chamados de princípios 
que solucionam o conflito aparente de normas).
São quatro os princípios que solucionam o con-
flito aparente de normas:
 z Especialidade;
 z Subsidiariedade;
 z Consunção (ou absorção);
 z Alternatividade (este último não é unânime entre 
os autores, conforme veremos ao estuda-lo). 
Antes de verificar se há leis concorrentes, deve-
-se analisar se não é o caso da ocorrência de suces-
são temporal de leis. Ou seja, a primeira “peneira” 
a ser feita, é verificar se não se trata de conflito de 
leis no tempo, que são solucionados pelo princípio 
de que lei posterior revoga lei anterior (lex posterior 
derogat priori). Por exemplo, a Lei “A” regra determi-
nada situação; Lei “B”, posterior, revogando a lei mais 
antiga, passa a viger tratando do mesmo conteúdo; 
neste caso não há conflito aparente de normas, mas 
sim aplicação das regras relativas à lei penal no tempo 
vistas anteriormente.
Uma corrente minoritária de autores inclui a 
sucessão temporal de leis como um princípio de solu-
ção do conflito aparente de normas (como é caso do 
Prof. Guilherme Nucci, que o apresenta como “critério 
da sucessividade”).
Vamos agora, analisar detalhadamente cada um 
deles.
Princípio da Especialidade
Lei especial afasta a aplicação de lei geral (lex spe-
cialis derogat generali), como, a propósito, encontra-se 
previsto no art. 12 do Código Penal:
Art. 12 As regras gerais deste Código aplicam-se 
aos fatos incriminados por lei especial, se esta não 
dispuser de modo diverso
Uma norma penal incriminadora (que descreve 
crimes e comina penas) é especial em relação a outra 
quando: 
 z Possui em sua definição legal todos os elementos 
típicos que constam na geral; e
 z Apresenta mais alguns elementos (de natureza 
objetiva ou subjetiva), chamados de especializan-
tes, que a tornam mais ou menos severa do que a 
geral.
Vamos exemplificar. O tipo penal do homicídio 
simples, descrito abaixo, é lei geral: 
Homicídio simples
Art. 121 Matar alguém.
Compare com o tipo penal do infanticídio, outro 
dos crimes contra a vida:
Infanticídio
Art. 123 Matar, sob a influência do estado puerpe-
ral, o próprio filho, durante o parto ou logo após.
O infanticídio (crime específico) é lei especial em 
relação ao homicídio (crime genérico), uma vez que 
contém mais elementos: 
 z Sob a influência do estado puerperal, 
 z O próprio filho, 
 z Durante o parto ou logo após
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Assim, estando presentes as especializantes, o 
tipo genérico é preterido pelo especial, a fim de 
que se evite a dupla punição (bis in idem). Em outras 
palavras, no conflito aparente entre norma geral e 
norma especial, afasta-se a geral e aplica-se a especial.
Note que no exemplo colocado acima, ambos dis-
positivos se encontram dispostos na mesma lei (CP). 
Pode ocorrer, no entanto, de estarem contidas em leis 
distintas, como nos exemplos abaixo. Observe, res-
pectivamente os tipos penais do homicídio culposo, 
previsto no Código Penal, e o homicídio culposo na 
direção de veículo automotor, que consta do Código 
de Trânsito Brasileiro (CTB):
Art. 121 Matar alguém:
[...]
Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena – detenção, de um a três anos.
Art. 302 Praticar homicídio culposo na direção de 
veículo automotor.
Pode ocorrer também, que a relação entre norma 
geral e especial ocorra “dentro” de determinados cri-
mes que apresentem um tipo simples e formas típicas 
qualificadas ou privilegiadas. Assim, o tipo funda-
mental é excluído pelo qualificado ou privilegiado, 
que deriva daquele. Nesses termos, o furto simples 
(art. 155, caput) é excluído pelo privilegiado (art. 155, 
§ 2o); o estelionato simples (art. 171, caput) é excluído 
pelo qualificado (art. 171, § 3o) etc.
Princípio da Subsidiariedade (Tipo de Reserva)
Uma norma é considerada subsidiária em relação 
a outra quando a conduta nela prevista (de menor 
gravidade) integra o tipo da principal (que descreve o 
fato de forma mais abrangente). Neste caso, a lei prin-
cipal afasta a aplicação de lei secundária (lex primaria 
derogat subsidiariae), justamente porque esta última 
cabe dentro dela.
Ou seja, a figura típica subsidiária (chamada pelo 
grande penalista brasileiro Nelson Hungria, de “sol-
dado de reserva”) é parte da principal, estando nela 
contida. Observe que não se trata de ser especial, mas 
sim mais ampla. Veja os exemplos abaixo:
 z O crime de ameaça (art. 147, CP) é subsidiá-
rio (“cabe”) no delito de constrangimento ilegal 
mediante ameaça (art.146). Este, por sua vez, é 
subsidiário ao crime de extorsão (art. 158. CP);
 z O crime de disparo de arma de fogo (art. 15 da Lei 
nº 10.826/03)se encaixa no crime de homicídio 
cometido com disparo de arma de fogo (art. 121, CP)
Veja que há um só fato. No exemplo da morte cau-
sada por disparo de arma de fogo, o fato (disparo que 
acaba matando) é maior do que a norma subsidiara 
(mero disparo), só podendo, portanto, se encaixar na 
norma principal (mais ampla). 
A subsidiariedade se apresenta nas seguintes 
formas:
 z Expressa ou explícita: ocorre quando a própria 
norma indica expressamente em seu texto seu 
caráter subsidiário, ou seja, afirma que só vai ser 
aplicada se não for o caso da aplicação de outra, 
de maior gravidade. Esta é mais simples de ser 
identificada, sendo reconhecida por expressões 
tais como “se o fato não constituir crime mais gra-
ve”. Um exemplo é o delito de perigo para a vida 
ou saúde de outrem: o art. 132 do CP descreve em 
seu preceito secundário a pena de detenção, de 
três meses a um ano, “se o fato não constitui crime 
mais grave”. Ou seja, a lei explicitamente indica 
que o art. 132 só é aplicável se o fato não constituir 
crime mais grave, como a tentativa de homicídio, o 
perigo de contágio de moléstia grave e o abandono 
de incapaz, entre outros. São outros exemplos de 
subsidiariedade expressa os arts. 129, § 3º, 238, 239 
e 307, todos do CP e os arts. 21, 29 e 46 da Lei de 
Contravenções Penais (LCP).
 z Tácita ou implícita: neste caso, a norma nada fala. 
No entanto, o fato incriminado na norma subsidiá-
ria serve como elemento componente ou agravan-
te especial da norma principal, como, por exemplo, 
no caso do estupro (norma principal) que contém 
o constrangimento ilegal (norma subsidiária) e do 
furto qualificado pelo arrombamento, que contém 
o dano (o constrangimento ilegal é subsidiário de 
todos os crimes que têm como meio de execução a 
violência física ou a grave ameaça; o dano, por sua 
vez funciona como circunstância qualificadora do 
furto). Outro exemplo é a omissão de socorro (art. 
135, CP) que serve como qualificadora do homicí-
dio culposo (art. 121, § 4º, CP).
Na prática, o princípio da subsidiariedade acaba 
por gerar os mesmos resultados do princípio da espe-
cialidade. No entanto, trata-se de institutos diferentes. 
A distinção pode ser feita de duas maneiras:
 z Na especialidade: há relação entre o fato descrito 
pela norma genérica e o estabelecido pela especial 
(relação de gênero e espécie); na subsidiariedade 
não existe essa relação; 
 z Na subsidiariedade: quando se afasta a incidên-
cia da norma primária a pena do tipo subsidiário 
pode ser aplicada, como um ‘soldado de reserva’ e 
aplicar-se pelo residuum.
Para fixar o entendimento, vamos ilustrar o princí-
pio da subsidiariedade:
 z Lei principal (é o todo)
 � Ex.: Extorsão mediante sequestro (art. 159)
 z Lei subsidiária (é parte)
 � Ex.: Sequestro e cárcere privado (art. 148)
Princípio da Consunção ou absorção
Trata-se do princípio segundo o qual o fato previs-
to por uma lei está, igualmente, contido em outra de 
maior amplitude, aplicando-se somente esta última. 
Os fatos menos amplos e menos graves servem como 
preparação ou execução ou mero exaurimento. 
Ou seja, ocorre a consunção ou absorção, quando:
 z Um fato definido por uma norma incriminadora é 
meio necessário ou normal fase de preparação ou 
execução de outro crime; 
 z Quando constitui conduta anterior ou posterior do 
agente, cometida com a mesma finalidade prática 
relativa ao crime que absorve.
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A consunção tem várias aplicações: a tentativa é 
absorvida pela consumação; a participação pela coau-
toria; e o porte de arma é absorvido no homicídio 
quanto a arma é adquirida e portada com a finalida-
de de matar a vítima. É utilizada, também, no crime 
progressivo (aquele no qual o agente possui um só 
desígnio, mas, para alcançar o resultado mais grave, 
passa pelo menos grave. Em outras palavras, é quan-
do o agente desde o início quer alcançar o resultado 
mais grave, e o busca, por meio de atos sucessivos e 
crescentes, como por exemplo no caso do homicida 
que deseja matar a vítima cortando as partes do cor-
po: embora cometa várias ações, sua intenção é matar 
a vítima e, assim, reponde por um único crime de 
homicídio qualificado.
Outra aplicação da consunção se dá na progres-
são criminosa, ou seja, quando o agente possui um 
dolo inicial e, no mesmo contexto fático, resolve subs-
tituir o desígnio, como, por exemplo, quando o sujeito, 
desejando causar lesões à vítima, corta seus dedos. No 
entanto, no mesmo momento, muda de ideia e resolve 
matar o ofendido com um tiro na cabeça. Neste caso, o 
agente responde pelo homicídio, ficando as lesões cor-
porais absorvidas (se não fossem no mesmo contexto 
fático, como por exemplo no caso do agente que mata 
a vítima um mês após causar-lhe lesões, haveria, por 
outro lado, concurso de crimes, respondendo o agente 
pelos dois delitos).
Duas outras aplicações do princípio se dão nos 
chamados ante factum impunível e no post factum 
impunível. No primeiro caso, podemos citar, como 
exemplo, o agente que toca o corpo da vítima e, na 
mesma linha de desdobramento, praticar a conjun-
ção carnal: responde pelo estupro, ficando os toques 
absorvidos. Já no caso do fato posterior não punível, o 
exemplo clássico é o do sujeito que furta determinada 
coisa e em seguida a destrói: vai responder somente 
pelo furto.
Em relação ao princípio da consunção, duas ques-
tões são recorrentes em concursos:
 z A primeira diz respeito ao porte ilegal de arma 
de fogo, disparo de arma de fogo e homicídio 
doloso: se tudo ocorreu no mesmo contexto fático 
(mesmo desdobramento, ou seja, o agente só por-
tou irregularmente a arma e a disparou pois tinha 
a intenção de matar alguém) o homicídio absorve 
os anteriores; e
 z A segunda é relacionada aos crimes de falsida-
de e estelionato: neste caso, basta observar o que 
dispõe a Súmula 17 do STJ: quando o sujeito falsifi-
ca documento para aplicar um golpe, o estelionato 
(crime-fim) absorve o falso (crime-meio).
E lembre-se: em qualquer situação, para que haja 
consunção é imprescindível que os fatos de deem den-
tro do mesmo contexto. 
A figura utilizada para fazer referência ao prin-
cípio da consunção é da de um peixão, que engole 
um peixinho que engole o girino: isto é, o homicídio 
absorve as lesões graves, que absorvem as lesões leves 
que, por sua vez, absorvem as vias de fato.
Princípio da Alternatividade
O último dos princípios é do da alternatividade e é 
aplicado quando há a prática, no mesmo contexto fáti-
co, dos crimes de conteúdo múltiplo ou variado ou 
plurinuclear, que são os crimes que descrevem várias 
condutas no mesmo artigo, ou seja, contém vários ver-
bos como núcleos do tipo. Um exemplo desse tipo de 
crime encontra-se no art. 33, caput, da Lei de Drogas:
Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar, pro-
duzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, ofe-
recer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, 
guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo 
ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar.
Note que são dezessete verbos (núcleos diferen-
tes): pelo princípio da alternatividade, se o agente 
pratica mais de um verbo, no mesmo contexto fático, 
só responderá por um único crime (por exemplo, se o 
sujeito oferece e ministra).
A LEI PENAL NO ESPAÇO
Ao estudar, nos arts. 5º a 8º do CP, a aplicação da 
lei penal no espaço vamos tratar do lugar de incidên-
cia da legislação penal brasileira, ou seja, ONDE ela é 
aplicada. Não vamos ver, neste momento, regras de 
competência, que se encontram nos arts. 70 e seguin-
tes do Código de Processo Penal (CPP). 
Territorialidade
O princípio adotado para tratar do âmbito da apli-
cação da lei penal brasileira é o princípio da Terri-
torialidade, que se encontra disposto no art. 5º do CP:
Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito internacio-
nal, ao crime cometido no território nacional.
O princípio da territorialidadesignifica que a lei 
penal de um país só é aplicável no território do Estado 
que a editou, sem se preocupar com a nacionalidade 
do sujeito ativo (autor) ou passivo (vítima).
O princípio da territorialidade pode se dar de duas 
formas: 
 z De forma absoluta (princípio da territorialidade 
absoluta) quando somente a lei penal do país é 
aplicável aos crimes cometidos em seu território 
nacional; e 
 z De forma temperada, relativizada ou mitigada 
(princípio da territorialidade temperada) quan-
do a lei penal nacional é aplicada via de regra ao 
crime cometido no território nacional, mas, excep-
cionalmente, por força de tratados e convenções 
internacionais, a lei estrangeira é aplicável a deli-
tos praticados em território nacional.
Como regra, o Brasil adota o princípio da territoria-
lidade temperada e 4 outros princípios como exceção:
 z Real ou de proteção ou da defesa: art. 7º, I e § 3º, 
CP (exceção: extrataterritorialidade). A lei penal 
leva em conta a nacionalidade do bem jurídico 
lesado pelo delito, sem se importar com local de 
sua prática ou da nacionalidade do sujeito ativo.
 z Justiça penal universal ou princípio universal 
ou da universalidade da justiça cosmopolita, 
ou da jurisdição mundial ou da repressão uni-
versal ou da universalidade do direito de punir: 
art. 7º, II, a (exceção: extrataterritorialidade). Cada 
Estado tem o poder de punir qualquer crime, inde-
pendentemente da nacionalidade do autor ou da 
vítima ou, ainda, do local da sua prática. Basta que 
o criminoso esteja dentro do território do país.
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 z Nacionalidade ativa ou princípio da personali-
dade: art. 7º, II, b (exceção: extrataterritorialida-
de). Segundo o princípio da nacionalidade, a lei 
penal do Estado se aplica a seus cidadãos onde 
quer que se encontrem. O Brasil adota a naciona-
lidade ativa, que impõe a aplicação da lei nacional 
ao cidadão que comete crime no estrangeiro não 
importando a nacionalidade da vítima.
 z Representação ou pavilhão ou bandeira: art. 7º, 
II, c (exceção: extrataterritorialidade). Ficam sujei-
tos à lei do Brasil os delitos cometidos em aerona-
ves e embarcações privadas, quando ocorridos no 
estrangeiro e aí não venham lá a ser julgados.
Território nacional 
O texto do art. 5º fala em território. O território que 
nos interessa é o território jurídico, ou seja, o espaço 
em que o Estado exerce sua soberania. O território 
nacional é composto pelas seguintes partes:
 z o solo;
 z o subsolo;
 z o espaço aéreo correspondente;
 z os cursos d’água internos (rios, lagos, mares inte-
riores); e
 z o mar territorial, assim entendido como a faixa 
de mar exterior que compreende as 12 milhas 
marítimas medidas a partir da linha do baixa-mar 
do litoral continental e insular brasileiro, de acor-
do com as referências contidas nas cartas náuticas 
brasileiras (art. 1º da Lei nº 8.617/93).
Em relação aos rios internacionais que constituem 
limites entre dois países, normalmente existe tratado 
sobre o tema que ou determina que a divisa se encontra 
na linha mediana do leito do rio ou que a divisa acom-
panhe a linha de maior profundidade da corrente. Se o 
rio não for divisa, mas sucessivo, como o Amazonas, é 
indiviso, e cada Estado exerce soberania sobre ele. 
No caso dos lagos, salvo acordo em contrário, o limi-
te é fixado pela linha da meia distância entre as mar-
gens do lago ou lagoa, que separa dois ou mais Estados.
Dica
Por se relacionarem aos assuntos que estamos 
vendo, vale a pena estudar as hipóteses de não 
incidência da lei a fatos cometidos no Brasil: 
a) as imunidades diplomáticas;
b) as imunidades parlamentares; e
c) a inviolabilidade do advogado.
Esses assuntos são tratados em Direito Consti-
tucional, Direito Processual Penal e no estudo do 
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.
Território por extensão
De acordo com o § 1º do art. 5º do Código Penal, para 
fins penais, é considerado território por extensão: 
 z As embarcações e aeronaves brasileiras, de 
natureza pública ou a serviço do governo brasilei-
ro onde quer que se encontrem; e 
 z As aeronaves e as embarcações brasileiras, mer-
cantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo corresponden-
te ou em alto-mar.
Vale notar que embaixada estrangeira, localizada 
no Brasil, constitui território brasileiro para efeito de 
incidência da Lei penal brasileira.
Lugar do crime 
O CP trata do lugar do crime no art. 6º:
Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em 
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em par-
te, bem como onde se produziu ou deveria produzir-
-se o resultado.
Conforme já vimos antes, não se trata de fixar nor-
mas de competência (medida de jurisdição) uma vez 
que tais normas são cuidadas pelos arts. 70 e seguin-
tes do CPP. O disposto no art. 6º, CP destina-se aos 
chamados crimes à distância, isto é, aqueles delitos 
em que a ação ou a omissão ocorre em um país e o 
resultado, em outro. Em relação ao local do crime, o 
CP adota o princípio da ubiquidade.
Vamos exemplificar: na divisa Brasil-Paraguai, um 
cidadão brasileiro, que se encontra em Foz do Iguaçu, 
atira em uma pessoa, que se encontra no Paraguai, vin-
do esta a falecer. Ou ainda, um indivíduo envia uma 
carta-bomba do Chile para o Brasil, que ao ser aberta 
em São Paulo, mata a vítima. Quem vai punir os auto-
res? Para solucionar tais situações, existem três teorias:
Extraterritorialidade
Extraterritorialidade é a aplicação da lei brasilei-
ra aos crimes cometidos fora do Brasil. Sua sistema-
tização se encontra nos arts. 7º e 8º do CP. 
Tal fenômeno se justifica por dois motivos:
 z Para proteger certos bens jurídicos (como, por 
exemplo, o patrimônio público); 
 z Para impedir que certos delitos fiquem sem res-
posta da lei penal. Não se aplica a extraterrito-
rialidade a todas as infrações penais (crimes e 
contravenções): de acordo com o art. 2º da Lei 
de Contravenções Penais, não se aplica a lei 
brasileira às contravenções ocorridas fora do 
território nacional. Ou seja, não há extraterrito-
rialidade de contravenção.
A aplicação da lei brasileira no estrangeiro pode 
ser dar sem que seja necessária qualquer condi-
ção, recebendo o nome de extraterritorialidade 
incondicionada:
 z Hipóteses do art. 7, I, do CP:
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da 
República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, 
do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de eco-
nomia mista, autarquia ou fundação instituída pelo 
Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem 
está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou 
domiciliado no Brasil;
[grifos nossos]
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Nestes casos, aplica-se a lei penal brasileira ainda 
que o crime tenha sido julgado no estrangeiro e 
independentemente de o agente entrar no Brasil.
Se preenchidas certas condições indicadas na lei, 
teremos a extraterritorialidade condicionada:
 z Hipóteses do art. 7, II, do CP: art. 7º, II, ‘a’ e ‘b’ + 
requisitos do art. 7º, § 2º; 
 art. 7º, II, ‘c’, do CP + requisitos do art. 7º, § 2º+ 7º, 
II, ‘c’ in fine (não ter sido julgado no estrangeiro); 
 art. 7º, § 3º, do CP + requisitos do art. 7º, § 2º + 
requisitos do § 3º (não ter sido pedida ou ter sido 
negada a extradição) + requisição do Ministro da 
Justiça.
Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a 
pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando 
diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
Quando se fala em extraterritorialidade condicio-
nada, uma vez tendo sido cumprida a pena no estran-
geiro, desaparece o interesse do Brasil em punir o 
delinquente. 
Por outro lado, nos casos de extraterritorialidade 
incondicionada, se o sujeito ativo entra em território 
brasileiro, estará sujeito à punição, independente-
mente de já ter sido condenado ou absolvido no exte-
rior. Nesta hipótese, se aplicaria a fórmula do art. 8º, 
CP. No entanto, tal dispositivo éinconstitucional, por 
ir contra a garantia constitucional de que ninguém 
pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato, constan-
te da Convenção Americana dos Direitos Humanos, 
em vigor no Brasil.
Eficácia da Sentença Penal Estrangeira
O art. 9º do CP trata dos efeitos da sentença penal 
estrangeira. De acordo com o disposto, somente pode 
ser homologada para produzir os seguintes efeitos:
 z Obrigar o condenado à reparação do dano (art. 9º 
I, CP); e 
 z Sujeitar o condenado à medida de segurança (art. 
9º II, CP).
A homologação é feita por meio de sentença pelo 
STJ (art. 105, I, ‘i’, da CF). No caso art. 9º, I, CP depende 
de pedido da parte interessada; já na hipótese do 9º 
II, CP, depende da existência de tratado de extradição 
com o país respectivo ou, na fala de ratado, de requisi-
ção do Ministro da Justiça.
Prazo Penal
Antes de finalizar a chamada teoria da norma e 
ingressar na teoria do crime, falta falar brevemente 
sobre o prazo penal, estabelecido no art. 10, CP.
O prazo penal e o prazo, processual são contados 
de maneiras diferentes:
 z Prazo penal (regra art. 10, CP): inclui-se o primei-
ro dia, despreza-se o último;
 z Prazo processual penal (regra art. 798, § 1º, CPP): 
despreza-se o primeiro dia, conta-se o último;
 z Frações de penas: não são computadas as horas 
nas penas privativas de liberdade e restritivas de 
direitos, nem os centavos na pena pecuniária.
Importante!
Para fins de prescrição e decadência, os prazos 
são contados de acordo com a regra do art. 10, 
CP.
 EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Considerando esse dispo-
sitivo legal, bem como os princípios e as repercussões 
jurídicas dele decorrentes, julgue o item que se segue.
 O presidente da República, em caso de extrema rele-
vância e urgência, pode editar medida provisória para 
agravar a pena de determinado crime, desde que a 
aplicação da pena agravada ocorra somente após a 
aprovação da medida pelo Congresso Nacional.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
O princípio da legalidade veda a edição de medida 
provisória em matéria de Direito Penal. De acordo 
com o texto constitucional:
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Pre-
sidente da República poderá adotar medidas pro-
visórias, com força de lei, devendo submetê-las de 
imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre 
matéria:
b) direito penal, processual penal e processual civil
(...) Resposta: Errado.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Julgue o item subsequen-
te, relativo à aplicação da lei penal e seus princípios.
 No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra 
é a aplicação da lei apenas durante o seu período de 
vigência; a  exceção é a extra-atividade da lei penal 
mais benéfica, que comporta duas espécies: a retroa-
tividade e a ultra-atividade.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Sobre a lei penal no tempo, temos a regra da Ativi-
dade: fatos praticados durante sua vigência da lei. 
Porém, há exceção: a extratividade que se divide 
em retroatividade e ultratividade. Na retroativi-
dade a lei mais nova e benéfica retroage aos fatos 
antes da entrada em vigor. E na ultratividade, a lei 
mais  benéfica,  quando  revogada, continua a reger 
os fatos durante vigência. Resposta: Certo.
3. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Julgue os itens seguin-
tes, relativos à teoria da norma penal, sua aplicação 
temporal e espacial, ao conflito aparente de normas e 
à pena cumprida no estrangeiro. 
 A lei penal que, de qualquer modo, beneficia o agen-
te tem, em regra, efeito extra-ativo, ou seja, pode 
retroagir ou avançar no tempo e, assim, aplicar-se ao 
fato praticado antes de sua entrada em vigor, como 
também seguir regulando, embora revogada, o fato 
praticado no período em que ainda estava vigente. A 
única exceção a essa regra é a lei penal excepcional 
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ou temporária que, sendo favorável ao acusado, terá 
somente efeito retroativo.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
A regra no Direito Penal é de que Leis Excepcionais 
não possuem efeito retroativo, apenas ultra ativo. 
Vejamos o texto do art. 3º, do CP:
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária,  embora 
decorrido o período de sua duração ou cessadas 
as circunstâncias  que a determinaram,  aplica-se 
ao fato praticado durante sua vigência. Resposta: 
Errado.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Julgue os itens seguin-
tes, relativos à teoria da norma penal, sua aplicação 
temporal e espacial, ao conflito aparente de normas e 
à pena cumprida no estrangeiro. 
 A bordo de um avião da Força Aérea Brasileira, em 
sobrevoo pelo território argentino, Andrés, cidadão 
guatemalteco, disparou dois tiros contra Daniel, cida-
dão uruguaio, no decorrer de uma discussão. Contu-
do, em virtude da inabilidade de Andrés no manejo da 
arma, os tiros atingiram Hernando, cidadão venezue-
lano que também estava a bordo. Nessa situação, em 
decorrência do princípio da territorialidade, aplicar-se-
-á a lei penal brasileira.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Encontramos a resposta da questão no Princípio da 
Territorialidade. Vejamos o texto do art. 5º, do CP:
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito internacio-
nal, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º -  Para os efeitos penais, consideram-se como 
extensão do território nacional as embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a ser-
viço do governo brasileiro onde quer que se encon-
trem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo 
correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes 
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações 
estrangeiras de propriedade privada, achando-se 
aquelas em pouso no território nacional ou em voo 
no espaço aéreo correspondente, e estas em porto 
ou mar territorial do Brasil. Resposta: Certo.
5. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Julgue os itens seguin-
tes, relativos à teoria da norma penal, sua aplicação 
temporal e espacial, ao conflito aparente de normas e 
à pena cumprida no estrangeiro. 
 Jurandir, cidadão brasileiro, foi processado e conde-
nado no exterior por ter praticado tráfico internacional 
de drogas, e ali cumpriu seis anos de pena privativa de 
liberdade. Pelo mesmo crime, também foi condenado, 
no Brasil, a pena privativa de liberdade igual a dez anos 
e dois meses.
 Nessa situação hipotética, de acordo com o Código 
Penal, a pena privativa de liberdade a ser cumprida por 
Jurandir, no Brasil, não poderá ser maior que quatro 
anos e dois meses.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Nessa questão, devemos saber conhecer a Extrater-
ritorialidade: condicionada e incondicionada. Na 
extraterritorialidade condicionada:
z o agente deve entrar em território brasileiro,
z o fato deve ser punível em ambos territórios,
z o crime deve estar incluído entre aqueles pelos 
quais o Brasil autoriza a extradição.
Não há o que se falar em cumprir no Brasil nas 
seguintes hipóteses:
z se o agente cumpriu a pena no exterior;
z se o agente for absolvido ou perdoado no estrangeiro;
z não estar extinta a punibilidade.
Na extraterritorialidade incondicionada  o indiví-
duo é condenado no Brasil, mesmo que tenha sido 
absolvido ou condenado no estrangeiro. Resposta: 
Errado.
TÍTULO II: DO CRIME
Nomenclatura
A doutrina brasileira utiliza o termo Infração de 
forma genérica, para englobar os crimes ou delitos e 
as contravenções. 
O Código Penal não utiliza em seu texto a expres-
são delito, optando por utilizar as expressões infra-
ção, crime e contravenção, sendo que estas duas 
últimas estão incluídas na primeira 
No Código de Processo Penal há certa confusão: 
algumas vezes usa o termo infração, de forma genéri-
ca, incluindo os crimes (ou delitos) e as contravenções 
(veja, por exemplo, os arts. 70, 72, 74, 76, 77 etc.). Em 
outras situações, emprega a expressão delitos como 
sinônimo de infração (por exemplo, conforme consta 
nos arts. 301 e 302, CPP).
Para os fins do nosso estudo temos, então que 
infração penal pode significarcrime (ou delito) e 
contravenção penal.
As diferenças entre crime e contravenção serão 
vistas mais adiante.
Conceito de crime
O conceito de crime não é natural e sim algo arti-
ficial, criado pelo legislador tendo em vista os interes-
ses da sociedade. Mas o que é crime? 
Podemos responder esta pergunta de três dife-
rentes formas, olhando para o crime sob diferentes 
aspectos: material, formal e analítico. 
Vamos ver o conceito de crime de acordo com cada 
um desses pontos de vista:
 z Aspecto material: é o juízo, a visão que a socie-
dade tem sobre o que pode e deve ser proibido 
por meio da aplicação de sanção penal. Sob esse 
aspecto, o conceito material de crime consiste 
na conduta que ofende um bem juridicamen-
te tutelado (bem juridicamente considerado 
essencial para a existência da própria sociedade e 
manutenção da paz social);
 z Aspecto formal: é a concepção sob a ótica do direi-
to. Assim, o conceito formal de crime constitui 
uma conduta proibida por lei, que se realizada, 
resulta na aplicação de uma pena. Considera-se 
crime, dessa forma, o que o legislador apontar 
como tal; 
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 z Por fim, o conceito que interessa aos nossos estu-
dos: sob o aspecto analítico, se procura apontar, 
estabelecer os elementos estruturais do crime. 
Vejamos:
Conceito analítico de crime
Do ponto de vista analítico, diferentes doutrinado-
res enxergam o crime de formas diferentes. Existem 
várias correntes, mas as principais são duas: 
z A que entende que o crime é Fato Típico + Anti-
jurídico (concepção bipartida), sendo a culpabi-
lidade pressuposto de aplicação da pena (entre 
eles René Ariel Dotti, Fernando Capez, Damásio de 
Jesus, Julio Fabrini Mirabete, Cleber Masson); e 
 z A que concebe o crime como um Fato Típico + 
Antijurídico + Culpável (concepção tripartida 
ou tripartite) e que é majoritária tanto no Brasil 
quanto no exterior. Entre seus adeptos estão tanto 
aqueles que adotam a teoria da conduta finalista 
(como Heleno Fragoso, Eugenio Raúl Zaffaroni, 
Luiz Regis Prado, Rogério Greco, entre outros) ou 
causalista (Nélson Hungria, Frederico Marques, 
Aníbal Bruno e Magalhães Noronha).
Diferença entre crime e contravenção
Antes de prosseguir com o estudo do crime, é inte-
ressante fazer a distinção entre crime e contravenção 
penal (também chamada de crime anão ou delito Lili-
putiano ou crime vagabundo ou delitti nani). 
Existem países que utilizam a classificação tripar-
tida de infrações penais: delitos, crimes e contraven-
ções. O Brasil adota, como já vimos, a classificação 
bipartida, que divide as infrações entre crimes (ou 
delitos) e contravenções.
Não existe um dado único que faça a distinção 
entre os dois tipos de infração penal. Tanto os crimes 
quanto as contravenções configuram comportamen-
tos que violam mandamentos legais que possuem 
como sanção a aplicação de uma pena. A grande dis-
tinção é a maior ou menor gravidade com que a lei vê 
tais condutas.
No entanto existem outros elementos que ajudam 
na distinção. 
Em relação às penas: os crimes são punidos com 
penas privativas de liberdade (reclusão ou detenção), 
restritivas de direitos e multa; já as contravenções são 
punidas com prisão simples e/ou multa.
Com relação ao elemento subjetivo: no crime é o 
dolo ou a culpa; na contravenção é a voluntariedade.
Por último, é possível a tentativa nos crimes, 
enquanto ela é incabível nas contravenções.
Sujeitos do crime 
Antes de analisarmos os elementos do crime é 
importante fixar alguns conceitos sobre os sujeitos do 
crime. 
Sujeito ativo é quem pratica o fato descrito na nor-
ma penal incriminadora. O crime é uma ação huma-
na, sendo que apenas o ser humano pode delinquir. 
Animais e entes inanimados não possuem capacidade 
penal (conjunto de condições necessárias para que 
um sujeito possa ser titular de direitos e obrigações 
na esfera penal). 
Importante!
A Constituição Federal prevê nos arts. 173, § 5º, 
e 225, § 3º, que a legislação ordinária estabeleça 
a punição da pessoa jurídica nos atos cometidos 
contra a economia popular, a ordem econômica 
e financeira e o meio ambiente. Atualmente ape-
nas a Lei nº 9.605/98, Lei de Proteção Ambiental 
prevê essa responsabilidade. Ou seja, a pessoa 
jurídica responde por crime ambientais.
Existem várias nomenclaturas em lei para se refe-
rir ao sujeito ativo: “agente” (por exemplo, nos arts. 
14, II; 15; 18, I e II; 19; 20, § 3º; 21, parágrafo único; 
23, caput e parágrafo único; 26, caput e parágrafo 
único, todos do CP); “indiciado”, na fase do inquérito; 
acusado, denunciado, réu durante a fase processual; 
“sentenciado”, “preso”, “condenado”, “detento” ou 
“recluso”, para aqueles que já foram condenados.
Usa-se, ainda, sob o ponto de vista biopsíquico, as 
expressões “criminoso” ou “delinquente”. 
Por outro lado, sujeito passivo é entendido como 
o titular do bem jurídico cuja ofensa fundamenta o 
crime. Existem duas espécies:
 z Sujeito passivo formal ou constante ou geral ou 
genérico: é o Estado;
 z Sujeito passivo material ou eventual ou particu-
lar ou acidental: o titular do interesse protegido 
penalmente (pode ser o ser humano, pessoa jurídi-
ca, a coletividade ou o Estado).
É importante salientar que pessoa incapaz pode 
ser sujeito passivo do crime (recém-nascido, menor 
em idade escolar, portador de deficiência mental etc.). 
É possível ser sujeito passivo mesmo antes de nascer, 
pois o feto tem direito à vida, bem jurídico protegido 
pela punição do aborto (arts. 124, 125 e 126, CP). Pes-
soa morta e animais não podem ser sujeitos passivo, 
pois não são titulares de direitos (podem ser objetos 
materiais; a titularidade é de outros: família, coletivi-
dade etc.). Aproveitando que mencionamos objeto do 
crime, guarde:
 z Objeto jurídico consiste no bem ou interesse tute-
lado pela norma penal (como vida, patrimônio, 
honra etc.); e
 z Objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual 
recai a conduta criminosa (por exemplo a coisa 
móvel, no furto).
Classificação dos crimes
Qualificação é o nome que se dá ao fato ou a infra-
ção, seja pela doutrina ou pela lei. Assim temos: 
 z É o nome que a lei dá (nomen juris). Por exem-
plo, “ofender a integridade corporal ou a saúde 
de outrem” é chamada pelo art. 129, CP de “lesão 
corporal”.
 z Que são os nomes dados pela doutrina aos fatos 
criminosos. Por exemplo: crime de mera conduta, 
crime permanente, crime próprio etc.)
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 z É o nome dado à modalidade a que o fato pertence: 
crime ou contravenção. Por exemplo, “homicídio” é 
crime, enquanto o “jogo do bicho” é contravenção. 
A classificação doutrinária dos crimes serve 
para facilitar o estudo e o entendimento dos tipos 
penais incriminadores. No entanto, existem muitos 
nomes, ficando difícil fazer uma classificação defini-
tiva, uma vez que os estudiosos do Direito Penal ao 
sistematizarem a matéria, acabam por criar novas 
nomenclaturas.
As principais são:
Crimes comuns e especiais
São os definidos no Direito Penal Comum; os espe-
ciais, são os descritos no Direito Penal Especial.
Crimes comuns (quanto ao agente) e próprios
Crime comum é aquele que pode ser praticado por 
qualquer pessoa (furto, homicídio etc.). Crime próprio é 
o que só pode ser cometido por um agente com qualida-
des especiais (uma condição jurídica, como ser funcioná-
rio público; de parentesco, como mãe, filho; profissional, 
como médico; ou natural, como no caso da gestante.
Dentro do contexto dos crimes próprios há uma 
categoria chamada crimes de mão própria ou de 
atuação pessoal, que são os que só podem ser cometi-
dos pelo agente em pessoa, de forma direta, como por 
exemplo no caso de falso testemunho (a testemunha 
não pode mentir por meio de outro sujeito). O crime de 
mão própria admite participação, mas não coautoria.
Crimes de dano e de perigo
Crime de dano é o que apenas se consuma quando 
ocorre a efetiva lesão ao bem jurídico (como no homi-
cídio, nas lesões corporais). Crime de perigo são os 
que se consumam com a mera possibilidade do dano

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