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MACEDO, R A Revolução de Avis e os miúdos

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1
A Revolução de Avis e os “miúdos
José Rivair Macedo
(In: MACEDO, J. R. Movimentos Po pulares na Ida de Média.
São Paulo: Modern a, 1993. p. 60 64.)
Transcrição por Guilherme Giotti Sichelero
Assim como nos demais rei nos euro peus, havia em Portugal do
século XIV regiões em que predo minav am as atividades rurais e
regiões em que as atividades urbana s eram predominant es.
Podemos dizer que, no nor te, a agricultu ra e a pecuária cons tituíam
fontes básicas de s ustentação da nobreza. A servidão pr aticamente
inexistia, mas os camponeses continuavam a prestar o s seus
serviços aos proprietários agrícolas .
no centro e no sul, a situação era um pouco diferen te. Aq ui
também se desenv olviam atividades ligadas à agricu ltura e à
pecuária, mas a forma de exp loração do trabalho era diferente .
A burguesia portug uesa ganhava espaço sign ificativo na
organização social, constituind o o grupo social dominante n essas
regiões. Muitos camponeses escapara m da opressã o senhorial para
cair na depen dência econômica d a burguesia, transformando -se em
assalariados. O trab alho do campo, desenvolvido por pastores
criadores de cabras e ovelh as ou por pequenos lavradores sem
terra, começou ser pago em dinheiro.
O acúmulo de po der e riqueza da burguesia se devia ao aumento de
importância do co mércio, das operações financeiras e da produção
artesanal urbana. Nas grand es cidades, como Porto, Co imbra e
principalmente Lis boa, a influência dos cavaleiros -mercadores ou
dos “cidadãos honrados” cresceu imensamente. O povo peq ueno,
composto pelos artesãos e op erários não -qualificado s, chamado s de
“peões” ou “arraia-miúda”, mantinha -se sob a dominação dos
grandes.
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A situação das ca madas popu lares piorou na seg unda metade d o
século XIV. Co mo os outros reino s, Po rtugal sofreu u ma baix a
demográfica em decorrência d as epid emias. À v alorização real do
preço da mão-de-o bra ocasionou um aumento de tensão entre ricos
e pobres. Os reis e as assemblei as do reino tentaram conto rnar o
problema, tabelando os salários e o brigando os trabalhadores a não
abandonar o serviço .
Realmente, após 1350 cresceu o número de migrantes, mendigos e
vagabundos no reino. Alguns aban donaram o ca mpo para viver de
esmolas em Lisboa ou no Porto. Outros até se disfarçav am de
religiosos p ara poder sup licar ajuda sem medo d as autoridades. E m
1375, sob o go verno de d om Fernando, foi criada a famosa Lei das
Sesmarias, nome dado às propriedades agrárias. Com essa lei,
todos os vilãos que possuíss em bens de v alor in ferior a 500 libras
ficavam obrigado s a trabalhar na agricultura .
Um governo cont urbado
As ten sões so ciais ganharam in tensidade durante o g overno de dom
Fernando, último rei da dinastia d e Borgonha. A in imizade entre os
portugueses e os castelh anos deu origem a vários conflitos
armados, alg umas vezes catast róficos para tod o o reino. A g uerra
contra os castelh anos causou prejuízos às atividades dos burgueses
e insegurança aos pobres. Até Lisboa foi alvo de ataqu e .
O governo conturbado e impo pular d e dom Fernando, so mado às
dificuldades geradas pela conjuntur a de crise assinalada
anteriormente, co ntribuiu para estabelecer u m estado geral d e
descontentamento. As agitações tomaram conta do reino,
explodindo revo ltas nas cidades d e Abrantes, Leiria, Po rtel e
Santarém, contid as com muito esf orço pelos funcionários d a
monarquia.
No final d a v ida, o rei firmou um tratado de paz com o in imigo,
dando a mão da próp ria filha em casamento ao rei de Ca stela .
Após a morte de dom Fernando, e m 1 383, o t rono deveria ser
ocupado por seu neto, isto é, pelo filho do rei de Cas tela. Até que
isso o corresse, a ra inha, do na Leonor Teles, permaneceria no cargo
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como regente , A ideia de um reino governado pelo rei de Castela
não incomodava a nobreza, ligada tradicionalmente por laços
familiares aos castelhanos. Mas os comerciantes e o povo pequeno
não g ostaram nem um pou co. A união dos do is reinos iria
subordin ar Portugal a Castela.
Durante a regên cia da rainha, esto urou em Lisbo a uma importante
rebelião. Conduzidos por Álvaro Pais, líder dos burg ueses, os
habitantes ganharam as ruas, a clamando dom Jo ão, o Mestre de
Avis, como rei. Es se era irmão do rei morto. Uma parte d a nobreza,
representada po r Nuno Álvares Pereira, passou p ara o lado dos
defensores de dom João. A rainha tev e de abandonar Lisbo a,
pedindo socorro aos castelhan os.
Apoiado pela burgu esia, por uma p arte da nobreza e pela s camadas
populares, dom João obteve vitó rias sign ificativas contra seus
inimigos. E m 1384 , castelos e comunidades, sob o con trole de
partidários de do na Leonor, fo ram c onquistados. Os castelhanos,
por seu lad o, encontraram a derrota definitiva em 13 85, na Batalha
de Aljubarrota. Daí em diante, o s herdeiros de dom João tornaram -
se os novos soberano s do reino português .
A participação po pular na Revoluçã o de Avis
Sem dúv ida, os líderes das modificações políticas ocorridas foram
à b urguesia e a no breza. Os grandes beneficiados com q ascensão
da dinastia de Avis foram os co merciantes. A gente-miúd a, todavia,
também desempenh ou o seu papel no desenrolar dos
acontecimentos.
Em Lisboa, primei ra cidade a se rebe lar, a popu lação saiu às ruas
em apoio ao novo rei. À violência da irrupção popular amedrontou
os próprios chefes da “revolução”. O bisp o de Lisboa acabou sendo
assassinado em meio à fúria da mas sa, Casas e p ropriedade s dos
poderosos foram at acadas. Os ju deus, extremamente odiados, tanto
por motivos relig iosos (não eram cristão s) como ec onômicos
(praticavam o empréstimo a juros), escaparam por pouco do
massacre. O próprio rei teve de ir a o encontro dos populares e
acalmar a agitação .
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A violência popular se fez sen tir em outros momentos.
Aproveitando -se do clima ger al de revolta, os artesãos resolveram
expulsar ou dominar os seu s antigos senhores. Na cidade de Evora,
os “pequenos” vencera m os nobres e até mesmo os chefes
burgueses. Surgiram líderes populares na cidade, como o pastor
Gonçalo Eanes e o alfaiate Vi cente Anes, que a ssumiram
temporariamente o control e da comun idade.
Em Vil a Viçosa, a popu lação aprisio nou o senho r da comunidad e,
Vasco Porcalho. Nas prox imidades da cidade de Beja, os
camponeses revo ltaram-se contra Jo ão Mendes de Vasconcelos,
acusando-o de ap oiar a rainha. Ch efes populares, co mo Gonçalo
Ovelheiro e o esc udeiro Gonçalo Nunes d'Alvellos, passaram a
governar a localida de.
Dessa forma, apesar de a Revo lução de Avis não ter b rotado das
camadas popu lares, recebeu o seu apo io. Em nome da nova ordem
que se tentava instaurar, a g ente- miúda p rocurou alterar o q uadro
de d ependência em que vivia, vendo nos antigos senhores os
primeiros inimigos a atacar .
A existência dess es movimentos de c aráter popular preocu pou os
dirigentes da “revo lução”. Ne m do m João nem se us amigos
desejavam que a revolta s e transformasse numa e spécie de
Jacquerie. O rei rebeld e en viou tropas às localidades em que a
situação estava fora da "no rmalidade". O chefe das tropas era Nuno
Álvares Pereira e junto a elas estavam os prejudicados pelo
"alvoroço" d a po pulação. Nobres burgueses fieis a o no vo rei
voltaram a assumir o co ntrole dos municíp ios .
Dessa for ma, é poss ível dizer que a "revoluçã o" teve apoio popular.
Porém esteve lo nge d e representa r os interesses populares. Apesar
de personagens fundamentais na trama, as cam adas populares
foram constantemen te vigiadas e controladas em seu s "excessos" .
Apesar disso, o n ovo governo co ncedeu certas melho rias às
camadas mais b aixas d a população. Numa carta datada d e 1.4.13 84,
o Mestre de Avis garantiu alguns direitos aos habitantes d e Lisbo a.
A partir daquela data, o povo ganhou maior direito de participação
na administração da comunidade, inclusiv e repres entação no
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conselho do reino. A for ma de c obrança de impostos sofreu
modificação: a prop orção dos impostos a serem pagos começou a
variar de a cordo com a riqueza d e cada um. Os m ais pobres ficaram
isentos.
No campo, as reivindicações dos camponeses n ão pararam de
ocorrer. Em 1391 o tabelamento dos salários, obrigatório de acord o
com antigas leis, deixo u de vigorar. Na realidade, a a tuação das
camadas populares deu algum resultado .
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1 
 
A Revolução de Avis e os “miúdos” 
José Rivair Macedo 
(In: MACEDO, J. R. Movimentos Populares na Idade Média. 
São Paulo: Moderna, 1993. p. 60–64.) 
Transcrição por Guilherme Giotti Sichelero 
 
Assim como nos demais reinos europeus, havia em Portugal do 
século XIV regiões em que predominavam as atividades rurais e 
regiões em que as atividades urbanas eram predominantes. 
Podemos dizer que, no norte, a agricultura e a pecuária constituíam 
fontes básicas de sustentação da nobreza. A servidão praticamente 
inexistia, mas os camponeses continuavam a prestar os seus 
serviços aos proprietários agrícolas. 
Já no centro e no sul, a situação era um pouco diferente. Aqui 
também se desenvolviam atividades ligadas à agricultura e à 
pecuária, mas a forma de exploração do trabalho era diferente. 
A burguesia portuguesa ganhava espaço significativo na 
organização social, constituindo o grupo social dominante nessas 
regiões. Muitos camponeses escaparam da opressão senhorial para 
cair na dependência econômica da burguesia, transformando-se em 
assalariados. O trabalho do campo, desenvolvido por pastores — 
criadores de cabras e ovelhas — ou por pequenos lavradores sem 
terra, começou ser pago em dinheiro. 
O acúmulo de poder e riqueza da burguesia se devia ao aumento de 
importância do comércio, das operações financeiras e da produção 
artesanal urbana. Nas grandes cidades, como Porto, Coimbra e 
principalmente Lisboa, a influência dos cavaleiros-mercadores ou 
dos “cidadãos honrados” cresceu imensamente. O povo pequeno, 
composto pelos artesãos e operários não-qualificados, chamados de 
“peões” ou “arraia-miúda”, mantinha-se sob a dominação dos 
grandes. 
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2 
 
A situação das camadas populares piorou na segunda metade do 
século XIV. Como os outros reinos, Portugal sofreu uma baixa 
demográfica em decorrência das epidemias. À valorização real do 
preço da mão-de-obra ocasionou um aumento de tensão entre ricos 
e pobres. Os reis e as assembleias do reino tentaram contornar o 
problema, tabelando os salários e obrigando os trabalhadores a não 
abandonar o serviço. 
Realmente, após 1350 cresceu o número de migrantes, mendigos e 
vagabundos no reino. Alguns abandonaram o campo para viver de 
esmolas em Lisboa ou no Porto. Outros até se disfarçavam de 
religiosos para poder suplicar ajuda sem medo das autoridades. Em 
1375, sob o governo de dom Fernando, foi criada a famosa Lei das 
Sesmarias, nome dado às propriedades agrárias. Com essa lei, 
todos os vilãos que possuíssem bens de valor inferior a 500 libras 
ficavam obrigados a trabalhar na agricultura. 
Um governo conturbado 
As tensões sociais ganharam intensidade durante o governo de dom 
Fernando, último rei da dinastia de Borgonha. A inimizade entre os 
portugueses e os castelhanos deu origem a vários conflitos 
armados, algumas vezes catastróficos para todo o reino. A guerra 
contra os castelhanos causou prejuízos às atividades dos burgueses 
e insegurança aos pobres. Até Lisboa foi alvo de ataque. 
O governo conturbado e impopular de dom Fernando, somado às 
dificuldades geradas pela conjuntura de crise já assinalada 
anteriormente, contribuiu para estabelecer um estado geral de 
descontentamento. As agitações tomaram conta do reino, 
explodindo revoltas nas cidades de Abrantes, Leiria, Portel e 
Santarém, contidas com muito esforço pelos funcionários da 
monarquia. 
No final da vida, o rei firmou um tratado de paz com o inimigo, 
dando a mão da própria filha em casamento ao rei de Castela. 
Após a morte de dom Fernando, em 1383, o trono deveria ser 
ocupado por seu neto, isto é, pelo filho do rei de Castela. Até que 
isso ocorresse, a rainha, dona Leonor Teles, permaneceria no cargo 
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3 
 
como regente, A ideia de um reino governado pelo rei de Castela 
não incomodava a nobreza, ligada tradicionalmente por laços 
familiares aos castelhanos. Mas os comerciantes e o povo pequeno 
não gostaram nem um pouco. A união dos dois reinos iria 
subordinar Portugal a Castela. 
Durante a regência da rainha, estourou em Lisboa uma importante 
rebelião. Conduzidos por Álvaro Pais, líder dos burgueses, os 
habitantes ganharam as ruas, aclamando dom João, o Mestre de 
Avis, como rei. Esse era irmão do rei morto. Uma parte da nobreza, 
representada por Nuno Álvares Pereira, passou para o lado dos 
defensores de dom João. A rainha teve de abandonar Lisboa, 
pedindo socorro aos castelhanos. 
Apoiado pela burguesia, por uma parte da nobreza e pelas camadas 
populares, dom João obteve vitórias significativas contra seus 
inimigos. Em 1384, castelos e comunidades, sob o controle de 
partidários de dona Leonor, foram conquistados. Os castelhanos, 
por seu lado, encontraram a derrota definitiva em 1385, na Batalha 
de Aljubarrota. Daí em diante, os herdeiros de dom João tornaram-
se os novos soberanos do reino português. 
A participação popular na Revolução de Avis 
Sem dúvida, os líderes das modificações políticas ocorridas foram 
à burguesia e a nobreza. Os grandes beneficiados com q ascensão 
da dinastia de Avis foram os comerciantes. A gente-miúda, todavia, 
também desempenhou o seu papel no desenrolar dos 
acontecimentos. 
Em Lisboa, primeira cidade a se rebelar, a população saiu às ruas 
em apoio ao novo rei. À violência da irrupção popular amedrontou 
os próprios chefes da “revolução”. O bispo de Lisboa acabou sendo 
assassinado em meio à fúria da massa, Casas e propriedades dos 
poderosos foram atacadas. Os judeus, extremamente odiados, tanto 
por motivos religiosos (não eram cristãos) como econômicos 
(praticavam o empréstimo a juros), escaparam por pouco do 
massacre. O próprio rei teve de ir ao encontro dos populares e 
acalmar a agitação. 
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4 
 
A violência popular se fez sentir em outros momentos. 
Aproveitando-se do clima geral de revolta, os artesãos resolveram 
expulsar ou dominar os seus antigos senhores. Na cidade de Evora, 
os “pequenos” venceram os nobres e até mesmo os chefes 
burgueses. Surgiram líderes populares na cidade, como o pastor 
Gonçalo Eanes e o alfaiate Vicente Anes, que assumiram 
temporariamente o controle da comunidade. 
Em Vila Viçosa, a população aprisionou o senhor da comunidade, 
Vasco Porcalho. Nas proximidades da cidade de Beja, os 
camponeses revoltaram-se contra João Mendes de Vasconcelos, 
acusando-o de apoiar a rainha. Chefes populares, como Gonçalo 
Ovelheiro e o escudeiro Gonçalo Nunes d'Alvellos, passaram a 
governar a localidade. 
Dessa forma, apesar de a Revolução de Avis não ter brotado das 
camadas populares, recebeu o seu apoio. Em nome da nova ordem 
que se tentava instaurar, a gente-miúda procurou alterar o quadro 
de dependência em que vivia, vendo nos antigos senhores os 
primeiros inimigos a atacar. 
A existência desses movimentos de caráter popular preocupou os 
dirigentes da “revolução”. Nem dom João nem seus amigos 
desejavam que a revolta se transformasse numa espécie de 
Jacquerie. O rei rebelde enviou tropas às localidades em que a 
situação estava fora da "normalidade". O chefe das tropas era Nuno 
Álvares Pereira e junto a elas estavam os prejudicados pelo 
"alvoroço" da população. Nobres burgueses fieis ao novo rei 
voltaram a assumir o controle dos municípios. 
Dessa forma, é possível dizer que a "revolução" teve apoio popular. 
Porém esteve longe de representar os interesses populares. Apesar 
de personagens fundamentais na trama, as camadas populares 
foram constantemente vigiadas e controladas em seus "excessos". 
Apesar disso, o novo governo concedeu certas melhorias às 
camadas mais baixas da população.Numa carta datada de 1.4.1384, 
o Mestre de Avis garantiu alguns direitos aos habitantes de Lisboa. 
A partir daquela data, o povo ganhou maior direito de participação 
na administração da comunidade, inclusive representação no 
Desenvolvimento Histórico (Youtube) (Medium) 
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5 
 
conselho do reino. A forma de cobrança de impostos sofreu 
modificação: a proporção dos impostos a serem pagos começou a 
variar de acordo com a riqueza de cada um. Os mais pobres ficaram 
isentos. 
No campo, as reivindicações dos camponeses não pararam de 
ocorrer. Em 1391 o tabelamento dos salários, obrigatório de acordo 
com antigas leis, deixou de vigorar. Na realidade, a atuação das 
camadas populares deu algum resultado.

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