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Queimaduras Qual a conduta a partir desse momento? Sempre resolvemos esses casos como sendo uma cena de ATLS; eu vou deixar de levar tanto em consideração a queimadura, e vou levar em consideração o ABCDE O paciente precisa ser afastado da fonte de calor, o disjuntor precisa ser desligado; a segurança da cena deve ser avaliada para eu poder agir. Como é o atendimento inicial? - Igual atendimento de trauma!!! - Posso jogar água (em temperatura ambiente) nesse paciente, por no máximo 15 minutos, porque preciso prevenir hipotermia. - Se o paciente está em insuficiência respiratória, eu preciso entubar ele, não vou pensar em hipotermia em primeiro lugar nesse caso. - A retirada dos adornos deve ser feita para que não ocorra edema, e garroteamento de partes do corpo. ◘ A e B A: via aérea: obstrução, ou não B: ventilação Em casos de queimadura com exposição a fumaça, preciso pensar nesses 3 cenários. - lesão térmica das vias aéreas • é uma lesão imediata, está queimando diretamente VAS; • na VAI é menos comum porque o calor vai se dissipando, então é bem caro ocorrer. Me queimei com vapor, ok, ele pode chegar na VAI, e queimar, mas não é o comum… • pode levar a uma alteração da anatomia, edema, deformidade; o mais comum é edema, que acaba sendo obstrutivo e o paciente entra em insuficiência respiratória. • ex: queimadura em ambiente fechado, fumaça, vapor, rouquidão, broncoespasmo, taquipneia, escarro carbonáceo, chamuscamento de pelos, queimadura em face, cervical. • Quais as indicações de IOT: - Sinais de obstrução, rouquidão, estridor.. - Queimadura Extensa em face, queimaduras cavidade oral (aftas, etc) - Queimadura circunferencial cervical, edema importante - Dificuldade de engolir - Diminuição nível consciência - Hipoxemia SCQ> 40 – 50% - lesão por inalação • lesão da via por inalação dos produtos tóxicos decorrente da combustão; então esse produto tóxico lesa a minha VAI; é o produto tóxico, não é uma lesão imediata, e sim mais tardia → pneumonite química : insuficiência respiratória mais tardia +/- 24- 48h O paciente pode chegar super bem, mas ele pode evoluir muito mal! Gabriela de Oliveira- 4º período 1 • diagnóstico: é feito pela história de exposição evolução clínica do paciente- piora do perfil ventilatório broncoscopia: avalia inflamação e partículas de carbono; é tipo uma endoscopia que começa no nariz • condução suporte de O2 + fisioterapia ventilatória avaliar IOT- – Sinais de Ins. Respiratória: » PaO2 < 60mmHg » PaCO2 > 50 » PaO2/FiO2 < 200 mmHg » Sinal clínico Ins. Respiratória - lesão por intoxicação • tem a intoxicação por CO, devido a sua alta afinidade de Hb • a clínica depende da concentração de HbCo queimadura em ambiente fechado 20 - 30%: cefaleia e náuseas 30 - 40%: confusão mental 40 - 60% coma • diagnóstico história compatível e dosagem de HbCO (que na prática não ocorre tanto) • tratamento oxigênio 100% Qualquer situação, se o paciente chegou em insuficiência respiratória, eu vou entubar! ◘ C C: circulação é um consenso paciente com superfície corporal queimada SCQ mais que 20% → faço reposição volêmica Onde colocamos o acesso? Acesso venoso periférico; mesmo sobre as áreas e membros queimados Essa reposição volêmica geralmente é feita no extra hospitalar. É uma lesão térmica da via aérea, e a conduta é IOT Gabriela de Oliveira- 4º período 2 Reposição volêmica com ringer lactato (substância cristalóide, no trauma, preferem o ringer, mas posso também usar o soro fisiológico); coloca acesso venoso periférico normalmente, mesmo sobre a área queimada. CONTINUANDO O CASO DO INÍCIO: Superfície corporal queimada SCQ Eu sempre divido o corpo em múltiplos de 9 cabeça = 9 (cabeça anterior 4,5; cabeça posterior 4,5), etc. Às vezes no caso fala: acometeu a parte superior do tórax, quanto seria a queimadura? 9!!!! Se todo o tronco anterior é 9, o tórax seria 9 e o abdome 9. Se acometeu só a parte superior do braço: 2,25 A genitália é SEMPRE 1%. A palmada mão aberta é 1% também Se eu tenho uma lesão que pega um pouco do tórax e um pouco do braço… eu utilizo a palma da mão aberta do PACIENTE para ver. A palma da mão aberta dele é 1%, se deu 2 palmas da mão, então a lesão é de 2%. Gabriela de Oliveira- 4º período 3 Classificação das queimaduras Se tem bolha, é no mínimo 2º grau 3º grau queima todas as camadas 4º grau é geralmente por eletricidade Couro endurecido, a gente pensa em 3º grau Todo tronco: 36% Fórmula de Parkland: estima a exposição volêmica que eu vou fazer intra hospitalar. Fiz a fórmula, achei um valor, 50% do valor eu faço nas primeiras 8 horas e o restante eu faço em 16 horas Vou quantificar com o débito urinário, se eu achar que o paciente precisa de mais, eu dou mais. Essas primeiras 8 horas eu estou considerando o momento da queimadura; o paciente chegou faz 2 horas da queimadura, então eu preciso fazer essa primeira parte da reposição em 6 horas; se ele chegou 4 horas após se queimar, eu faço os 50% em 4 horas, e assim por diante. Outro porém é o volume prévio… fiz o cálculo e deu 4 mil. 2 mil eu dou nas primeiras 8 horas; O samu me traz ele e diz que já correu um volume; então eu tenho que considerar o volume deles tbm; se eu preciso dar 2 mil, mas o samu deu 500 pelo menos, eu dou 1500. A reposição correta na clínica, vai ser avaliada pelo débito urinário, pelo menos 0,5 mL/kg por hora. TODO PACIENTE QUE CHEGOU COM TRAUMA, FAZ SONDAGEM. Gabriela de Oliveira- 4º período 4 ATLS fala que não é para ficar estourando bolha; se eu pego uma lesão que tenha. Contraindicado antibiótico; faz-se apenas tópico quando for preciso. Por que não faz EV e VO? Porque quando faço, não evito sepse de foco cutâneo, eu favoreço a contaminação por fungos. Sobre as questões das bolhas, que houve um pouco de divergência durante a aula - questionei um cirurgião plástico - ele me explicou da seguinte maneira: - bolhas menores de 2 cm da pra manter pq a cicatrização é muito rápida!!! - bolhas maiores que 2cm, eles tendem a tirar essa pele... pq as vezes ali já tem bastante transudado com fibrina, e isso acaba virando uma “ sopa” pra bactéria, então eles preferem retirar, passa a sulfadiazina pra ter um maior contato com o leito da queimadura. A sulfadiazina da pra ser feita 1x/dia, porém o ideal seria fazer 2x/ dia, com o curativo oclusivo igual eu até comentei na aula, lembrando que a sulfadiazina é um bacteriostático, melhora bem a quimiotaxia, e isso melhora bem a queimadura! Dá pra usar cerca de 7-10 dias de sulfadiazina! ● Escarotomia Faço quando tenho uma queimadura de espessura total circunferencial; quando paciente tem dinâmica respiratória se eu tenho uma queimadura de terceiro grau, vira um couro, fica duro; se for no tórax, vai restringir os movimentos respiratórios faço uma incisão na pele até o subcutâneo ● Fasciotomia comum em queimadura elétrica; corrente elétrica corre pelo músculo, mais do que pela pele; ela faz edema no músculo e em volta do músculo tem a fáscia ele precisa fazer isso, se não ele faz uma síndrome compartimental; tem que abrir a fáscia do músculo. Gabriela de Oliveira- 4º período 5 ● Queimadura elétrica eu tenho um dano final muito maior do que uma lesão visível- justamente porque a corrente percorre pelo meio de menor resistência lesão cutânea grave no local de entrada e saída Intensa lesão muscular – Síndrome compartimental – Rabdomiólise • Hipercalemia • Mioglobinúria ( urina escura) – IRA • Reposição volêmica ( 4xPx SCQ) • Diurese 1 – 1.5 ml/kg/h No ATLS eu posso colocar 2 na variável da fórmula; mas como em lesão de choque elétrico é muito grande, e a chance de fazer rabdomiólise e evoluir para uma insuficiência renal é tão grande, que precisa usar variável 4 a musculatura é o meio de menor resistÊncia; quando eu destruo a musculatura, eu causo rabdomiólise ● Queimadura química Não é para fazer neutralização, adicionar base no ácido para neutralizar, porque vai dar tudo errado. Gabriela de Oliveira- 4º período 6