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1 
DIREITO AMBIENTAL 
PROF.: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
 
DIREITO AMBIENTAL 
 
Conceito de meio ambiente 
 
Sobre o conceito, de acordo com o art. 3º, I, da Lei 6.938/81, entende-se por meio ambiente, 
o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. 
Neste conceito legal, enfatiza-se os aspectos naturais do meio ambiente que, entretanto, é 
muito mais amplo, pois classifica-se em natural, artificial, cultural e do trabalho. 
Entretanto, o conceito jurídico deve ser elaborado a partir do art. 225 da CF, que enfatiza o 
meio ambiente como sendo aquilo que é essencial à sadia qualidade de vida. 
Dessa forma, meio ambiente é tudo o que é exterior ao homem e essencial para a sua sadia 
qualidade de vida de toda a coletividade humana. O coração humano, por exemplo, não faz parte 
do meio ambiente, pois encontra-se dentro do homem. Entretanto, a vacina contra a febre 
amarela, por exemplo, faz parte do meio ambiente. Igualmente, o conjunto de leis essenciais para 
a sadia qualidade de vida humana também representa um exemplo de meio ambiente. 
Desse conceito jurídico, é possível se extrair quatro espécies de meio ambiente: o natural, o 
artificial, o do trabalho e o cultural. 
O primeiro, meio ambiente natural, abrange a água, o ar, o solo, a flora e a fauna, ou seja, os 
5 (cinco) aspectos da natureza, que são essenciais à sadia qualidade de toda a coletividade 
humana. 
O segundo, meio ambiente artificial, é o espaço urbano construído pelo homem, que seja 
essencial à sadia qualidade de vida de toda a coletividade humana. Exemplos: represas, usinas, 
estradas, etc. A casa onde mora uma determinada pessoa não é propriamente um bem de 
interesse do direito ambiental, pois este só se preocupa com os bens difusos, isto é, de interesse 
de toda a coletividade. 
O terceiro meio ambiente do trabalho, consiste nas condições laborativas essenciais para a 
sadia qualidade de vida dos trabalhadores, remunerados ou não, ainda que sejam avulsos, 
temporários e autônomos. Exemplo: o local onde se exerce a atividade laborativa deve ter uma 
iluminação adequada. Outro exemplo: as máquinas utilizadas no trabalho devem ter equipamentos 
de prevenção de acidentes laborativos. Note-se que o objeto do Direito do Trabalho é regulamentar 
as relações laborativas individuais e coletivas, ao passo que o objeto do Direito Ambiental do 
Trabalho, que é previsto no art. 200, VIII, da CF, é manter o equilíbrio do meio ambiente laborativo, 
regulamentando as condições de trabalho, para que elas sejam favoráveis, com o escopo de se 
preservar a saúde física e psíquica de todo e qualquer trabalhador, inclusive, do autônomo e 
avulso. O Direito do Trabalho pode ser individual e coletivo, enquanto que o Direito Ambiental do 
Trabalho é sempre difuso, pois a observância das normas que conferem equilíbrio ao ambiente 
laborativo é do interesse de toda a coletividade, e não apenas de uma pessoa ou de um grupo de 
pessoas. 
O quarto e último, meio ambiente cultural, é constituído pelos bens materiais que integram os 
patrimônios históricos, artísticos, arqueológicos, paisagísticos, científicos, tecnológicos e turísticos, 
outrossim, pelos valores imateriais relacionados às formas de expressão e os modos de criar, fazer e 
viver, que formam a identidade, o comportamento ou que traduz a memória dos diferentes grupos 
da sociedade brasileira, essenciais à sadia qualidade de vida de toda a coletividade humana. 
O meio ambiente cultural, no tocante aos bens materiais, é composto pelo: 
a) Patrimônio histórico. Exemplo: objetos guardados em museus; 
 
 
 
 2 
DIREITO AMBIENTAL 
PROF.: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
 
b) Patrimônio artístico. Exemplos: as obras do compositor Villa Lobos, as esculturas de 
Aleijadinho; 
c) Patrimônio arqueológico. Exemplo: a ossada de um dinossauro encontrada em terras 
brasileiras; 
d) Patrimônio paisagístico. Exemplo: a harmonia do jardim de uma determinada praça; 
e) Patrimônio científico. Exemplos: as vacinas, os medicamentos, os projetos para se 
construir um avião; 
f) Patrimônio tecnológico. Exemplo: as redes sociais da tecnologia da informação; 
Patrimônio turístico. Exemplos: a Av. Paulista, o túmulo da Marquesa dos Santos e outros 
pontos que atraem a visitação pública. Seria, pois, inconstitucional eventual lei que alterasse o 
nome da Av. Paulista ou que determinasse a remoção do túmulo da Marquesa dos Santos. 
No tocante aos bens imateriais, que também integram o meio ambiente cultural, podemos 
citar a forma de o povo brasileiro de expressar, se vestir, de viver. Exemplos: carnaval, candomblé, 
umbanda, futebol. Seria inconstitucional qualquer lei que restringisse essas culturas, não pelo 
aspecto religioso, esportivo ou da liberdade, que também geraria uma inconstitucionalidade, mas 
pelo aspecto da violação do meio ambiente. 
A propósito do meio ambiente cultural, dispõe o art. 216 da CF: 
“Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados 
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos 
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: 
I- as formas de expressão; 
II- os modos de criar, fazer e viver; 
III- as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações 
artístico-culturais; 
V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, 
paleontológico, ecológico e científico”. 
 
Visão antropocêntrica, biocêntrica e ecocêntrica 
 
A questão em análise diz respeito aos destinatários da proteção jurídica conferida ao meio 
ambiente. 
Acerca do assunto há três correntes filosóficas, o antropocentrismo, o biocentrismo e o 
ecocentrismo. 
O antropocentrismo é a visão filosófica que coloca o ser humano no centro de todos 
interesses e, nesse aspecto, a proteção ao meio ambiente seria voltada apenas para o atendimento 
dos interesses do homem. É a posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal. Assim, a proteção ao 
meio ambiente é para atender o bem estar humano e não de outras espécies, de modo que apenas 
os seres humanos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
O biocentrismo, por sua vez, é a concepção filosófica que coloca todas as formas de vida em 
pé de igualdade, de modo que a humanidade deixa de ocupar o centro das atenções. Os adeptos 
desse ponto de vista se baseiam no §1º, VII do art. 225 da CF, que proíbe a crueldade contra 
animais, mas a referida proibição, segundo a doutrina antropocêntrica, é para proteger o interesse 
do homem, tendo em vista que a crueldade contra animais lhe provoca constrangimento e mal-
estar. 
O ecocentrismo, por fim, redireciona a tutela ambiental à proteção de todos os seres e fatores 
do planeta, sejam eles bióticos (com vida) e abióticos (desprovidos de vida), ou seja, o destinatário 
 
 
 
 3 
DIREITO AMBIENTAL 
PROF.: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
 
da proteção seria o próprio Planeta Terra. Exemplos de fatores abióticos: luz, radiação solar, água, 
temperatura. Por consequência, o planeta Terra é o centro da relação, estando o homem a serviço 
do meio ambiente, e não apenas para se servir dele. 
 
EVENTOS INTERNACIONAIS 
 
Introdução 
Foram dois os principais eventos internacionais sobre o direito ambiental: 
 a) a Conferência de Estocolmo, de 1.972; 
 b) a Conferência no Rio de Janeiro, em 1.992. 
 
Conferência de Estocolmo 
 
 Em 1.972, a ONU organizou a primeira Conferência Internacional sobre direito 
ambiental, em Estocolmo, na Suécia, com a participação de 113 países, inclusive, o Brasil, além de 
250 entidades ambientais, cuja preocupação maior, na época, era a questão da poluição. 
Desse encontro resultou afamosa Convenção de Estocolmo, declaração que contém os 26 
princípios internacionais de proteção ambiental, também conhecidos como Princípios da Política 
Global do Meio Ambiente. 
Dentre esses princípios, quatro merecem destaque: 
a) princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada entre os países signatários: preconiza que 
a proteção ao meio ambiente é uma missão de todos os países, sendo que uns têm mais 
responsabilidade que os outros. Os países mais desenvolvidos são os maiores responsáveis pela 
degradação ambiental e, por isso, eles têm o ônus maior da despoluição e do controle da poluição. 
b) princípio do meio ambiente como sendo um direito humano: proclama que o meio ambiente 
equilibrado é um direito inerente a todas as pessoas. A Constituição de 1.988 incorporou esse 
princípio, ao apontar, no art. 225, que o meio ambiente se trata de um direito fundamental. Vale 
lembrar que na Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1.948, o meio ambiente sequer 
figurava entre os direitos humanos, cuja inclusão se deve à Convenção de Estolcomo. São duas as 
principais consequências práticas desse princípio. Primeira, as ações de natureza ambiental são 
imprescritíveis. Segunda, há uma ampliação da proteção ambiental, que, à semelhança dos demais 
direitos humanos, também pode ser pleiteada nas três Cortes Internacionais de Direitos Humanos: 
Corte Interamericana, Corte Europeia e Corte Africana. No caso do Brasil, sujeita-se à jurisdição da 
Corte Interamericana. Há, dessa forma, a possibilidade de se responsabilizar, nas Cortes 
Internacionais, os Estados e as pessoas pelas violações dos direitos ambientais. 
c) princípio da educação ambiental: consiste em informar as pessoas sobre a necessidade de se 
preservar o meio ambiente, para que haja uma sadia qualidade de vida, com vistas à 
conscientização coletiva. Este princípio Internacional, reconhecido pela ONU, também foi 
implantado no Brasil, no art. 225 da CF, que será analisado em capítulo específico. 
d) princípio da soberania de cada Estado sobre os seus recursos naturais: é que o fato de o país ter o 
poder de explorar os seus rios, florestas, mares e demais recursos naturais, sem necessidade de 
prévia autorização ou de ingerência dos demais países. Este princípio goza de importância para que 
os países desenvolvidos, que já se industrializaram e destruíram seus recursos naturais, não se 
apropriem das riquezas naturais dos países em desenvolvimento, que causaram pouca degradação 
ambiental. Aliás, nenhum tratado internacional poderá violar este princípio, de modo que a 
proteção ambiental é um compromisso assumido por cada Estado, mas que não lhe afeta a 
soberania. 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL 
PROF.: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
 
 
Conferência do Rio de Janeiro 
 
 Em 1.992, a ONU organizou a segunda Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente, 
com a participação de 172 países, conhecida como Rio/92 ou ECO/92 ou ainda como Cúpula da 
Terra, que partiu das seguintes premissas: 
a) incorporação dos quatro princípios de Estocolmo, abordados anteriormente. 
 b) incorporação do princípio do desenvolvimento sustentável, que é o resultado de um 
estudo encomendado pela ONU, iniciado em 1983 e finalizado em 1987, sob a liderança da médica 
norueguesa Gro Harlem Brundtland. Na conclusão, denominada de relatório de Brundtland, 
sobressai o princípio do desenvolvimento sustentável, que preconiza a compatibilização de três 
fatores: proteção ao meio ambiente, desenvolvimento econômico e desenvolvimento social. 
Noutras palavras, as medidas de proteção ao meio ambiente não podem impedir o 
desenvolvimento econômico e social. A atividade deve prevenir o dano ambiental, mas ainda que 
este ocorra não haverá a proibição da atividade, quando esta for necessária à melhoria da 
qualidade de vida das pessoas. Este princípio foi uma forma de convencer os Chefes de Estado a 
contribuírem para a redução dos níveis de poluição. 
 As conclusões da Conferência Rio/92 deram originam cinco documentos: 
 a) Declaração do Rio: contém os princípios que visam a promoção do desenvolvimento 
sustentável. 
 b) Agenda 21: contém o plano de ação sobre a forma de cumprimento dos princípios 
constantes na declaração do Rio. Tem este nome, pois se refere ao século 21. Foi formulada 
internacionalmente para ser adotada em escala global, nacional e local. Cada país deve ter a sua 
agenda 21; os Estados-membros e os Municípios também podem ter uma agenda 21. A agenda 21 
deve ser cumprida pela ONU, pelos governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a 
ação humana impactar o meio ambiente. A Agenda 21, entretanto, não substitui as leis domésticas 
dos países signatários. É, conforme já dito no início, um acordo não vinculativo. Os governos 
nacionais são os responsáveis pelo seu próprio desenvolvimento. A ONU e outras 
organizações internacionais não têm o direito de invadir a soberania de qualquer país na 
implementação da Agenda 21. 
c) Declaração das Florestas, também chamada de Carta ou Convenção das Florestas: 
contém os princípios, sem força jurídica obrigatória, que retratam o consenso global acerca da 
gestão, conservação e do desenvolvimento sustentável de todos os tipos florestas. 
d) Convenção da Biodiversidade: contém as metas de preservação dos seres vivos de todas 
as origens, dos ecossistemas e dos recursos genéticos. Os recursos genéticos são os fatores 
hereditários, ou seja, a herança biológica que se caracteriza pelo conjunto de informações 
genéticas contidas nas plantas, nos animais e microorganismos, vivos ou mortos, como, por 
exemplo, a extração de DNA. 
e) Convenção sobre a mudança de clima: é a que versa sobre a redução de emissão de gases 
poluentes, que provocam o chamado efeito estufa. 
 
O MEIO AMBIENTE NA CONSTITUIÇÃO 
 
Características 
Dispõe o art. 225, caput, da CF: 
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL 
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defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. 
 Do exposto é possível se extrair as seguintes características do meio ambiente: 
 a) é um bem de natureza difusa, pois pertence a todas a coletividade, composta por 
brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil ou que estejam aqui no Brasil, nos termos do art. 5º, 
“caput”, da CF; 
 b) é um bem de uso comum do povo. Não é um bem público de uso comum do povo, 
mas, sim, um bem de uso comum do povo, mas este uso não é ilimitado, pois é condicionado ao 
cumprimento da função socioambiental da propriedade. Assim, o meio ambiente não é sujeito de 
direito, mas um bem, ou seja, objeto da relação jurídica. 
 O meio ambiente, convém lembrar, é composto por bens materiais e imateriais. Estes 
últimos, que são os direitos, também pertencem a toda a coletividade. 
 c) é um bem essencial à sadia qualidade de vida, que é um dos aspectos que compõem o 
princípio da dignidade da pessoa humana. O direito ao meio ambiente é assim um dos 
componentes do princípio da dignidade da pessoa humana, que é um dos fundamentos da 
República Federativa do Brasil (art. 1º, III, da CF). 
 d) é um bem intergeracional, pois deve ser preservado tanto para a geração atual quanto 
para as futuras gerações. Todas as políticas públicas relacionadas ao meio ambiente devem mirar 
não apenas o presente, mas também o futuro, com o escopo de preservá-lo tanto para a geração 
atual quanto para as futuras gerações. 
 e) é um direito humano fundamental de terceira geração; 
 f) é um bem que deve ser protegido tanto pelo poder público quanto pela coletividade, ou 
seja, por todos nós. 
 
Áreas de proteção constitucional 
 
 Dispõe o § 4º do art. 225 da CF: 
“A FlorestaAmazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, 
dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos 
recursos naturais” 
São, pois, áreas de proteção constitucional: 
a) a Floresta Amazônica brasileira; 
b) a Mata Atlântica; 
c) a Serra do Mar; 
d) o Pantanal Mato-Grossense; 
e) a Zona Costeira, também conhecida como faixa litorânea, é definida pelo Decreto 
5.300/2004. 
Os bens acima integram o patrimônio nacional. 
O § 5º do art. 225, por sua vez, acrescenta que: 
“São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações 
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais”. 
Vê-se assim que são também áreas de proteção constitucional as terras devolutas ou 
arrecadadas necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 
As terras devolutas, em regra, pertencem aos Estados-membros, inclusive, aquelas à proteção 
dos ecossistemas naturais (art. 26, IV, da CF). 
Há, entretanto, algumas terras devolutas que pertencem à União. Com efeito, dispõe o art. 
20, II, da CF: 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL 
PROF.: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
 
“São bens da União: 
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções 
militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei”. 
Vê-se assim que a lei pode atribuir à União as terras devolutas indispensáveis à preservação 
ambiental. Seria uma espécie de desapropriação, por lei, de terras devolutas estaduais. Mas, via de 
regra, as terras devolutas pertencem aos Estados-membros, inclusive, as de preservação ambiental, 
salvo quando houver lei que as atribua à União. 
Por fim, cumpre esclarecer que há também inúmeras áreas ambientais de proteção 
infraconstitucional. O cerrado e a caatinga, por exemplo, não figuram no seleto rol do patrimônio 
constitucionalmente protegido, mas desfrutam também de uma proteção legal. Aliás, as áreas 
especialmente protegidas podem emanar de um decreto do Chefe do Executivo; não há sequer 
necessidade de lei, conforme será analisado mais adiante. 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS AMBIENTAIS 
Os princípios do direito ambiental, diretrizes inspiradoras da elaboração e aplicação normas 
jurídicas. 
Princípio do Desenvolvimento Sustentável 
 
Este princípio é o que busca conciliar os avanços econômicos e sociais com a preservação do 
meio ambiente. 
Tem previsão no art. 225, caput, da CF, no tópico onde se ordena a preservação do meio 
ambiente para as presentes e futuras gerações. 
A nomenclatura, inicialmente empregada pela Convenção de Estocolmo, tornou-se tradicional 
na ciência ambiental, mas alguns juristas preferem as expressões “princípio do acesso equitativo 
aos recursos naturais ou simplesmente “princípio do equilíbrio”. 
De um lado, reconhece-se como sendo imprescindível o desenvolvimento econômico e social, 
mas de outro lado, diante da finitude dos recursos ambientais, impõe-se a sua preservação, sem 
que haja o impedimento do progresso da humanidade e, para tanto, é necessário um 
planejamento. 
A propósito, o art. 170 da CF consagra a defesa do meio ambiente, como sendo um dos 
princípios da ordem econômica. 
A preservação do meio ambiente, entretanto, não deve servir de obstáculo para os avanços 
que geram a melhoria da qualidade de vida do homem, mas, sob a justificativa deste 
desenvolvimento, não se pode também destruir os valores ambientais. 
 Um valor não se sobrepõe nem exclui o outro. O que se busca, através deste princípio, é uma 
solução harmônica e equilibrada. 
Uma atividade que, por exemplo, seja degradante ao meio ambiente, mas útil à sociedade, 
pode ser implementada, mediante eliminação ou diminuição dos prejuízos ambientais. É feito o 
balanço, entre os “prós e os contras”, para se buscar a solução equiparada. 
Frise-se que as atividades degradantes ao meio ambiente, mas úteis à sociedade, podem ser 
desenvolvidas, mediante a aplicação dos instrumentos adequados à máxima redução dos danos 
ambientais, buscando-se, através da equidade, a solução mais próxima do ideal. 
Força convir, portanto, que o princípio do desenvolvimento sustentável, baseia-se nas 
seguintes premissas: 
a) os recursos ambientais são esgotáveis e o acesso a eles deve ser garantido às futuras 
 
 
 
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gerações. 
b) a livre iniciativa, base da ordem econômica, não pode provocar o desequilíbrio ecológico. 
c) a preservação do meio ambiente não pode servir de obstáculo à melhoria da qualidade de 
vida, que assegura a existência digna ao homem, mas este avanço social e econômico deve ser feito 
mirando sempre a minimização da degradação ambiental. 
 
Princípio do poluidor-pagador 
 
Este princípio, consagrado no § 3º do art. 225 da CF, significa que as condutas e atividades 
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
 Em suma, o poluidor, que é o responsável direto ou indireto pela degradação ambiental, deve 
arcar com os custos sociais, com o escopo de prevenir ou reparar os impactos ambientais 
decorrentes de sua atividade. 
A rigor, o aludido princípio contém dois mandamentos: 
a) preventivo: é o dever de evitar danos ambientais. Há, pois, uma série de exigências que são 
feitas antes da ocorrência do dano ambiental. Exemplo: instalação de filtros nas fábricas para se 
evitar a poluição do ar. Outro exemplo: dever de se estruturar para implementar sistemas de 
logística reversa, impostos aos que exercem atividades relacionadas com agrotóxicos, pilhas e 
baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas e eletrônicos, consistente no retorno destes produtos 
após o uso pelo consumidor para que eles não sejam arrecadados como lixo pelo serviço de limpeza 
( art. 33 da Lei 12.305/2010). 
b) repressivo: o dever de reparar os danos causados ao meio ambiente. 
Sob o prisma preventivo, o responsável pelo dano ambiental real ou potencial, que pode ser 
uma pessoa natural ou uma pessoa jurídica de direito público ou privado, tem o dever de arcar com 
os custos das medidas necessárias à eliminação ou redução da contaminação aos limites fixados 
pelos padrões, outrossim, com os custos das medidas assecuratórias equivalentes para garantir a 
qualidade de vida das pessoas. 
No tocante ao aspecto repressivo, relacionados aos danos ambientais efetivamente ocorridos, 
decorrentes da atividade desenvolvida, impõe-se ao poluidor: 
a) a reparação, com prioridade, do dano ambiental, com vistas a garantir às futuras gerações a 
fruição dos recursos ambientais. 
b) a reparação com base na responsabilidade civil objetiva, pois o § 3º do art. 225 da CF não 
faz qualquer menção ao dolo ou culpa. 
c) a obrigação solidária de todos repararem a integralidade do dano causado, quando houver 
mais de um responsável. 
d) a reparação será feita “in natura”, visando o retorno ao “status quo ante”, mas caso não 
seja possível será feita a compensação em pecúnia. 
 
 Princípios da Prevenção e da Precaução 
 
Tanto o princípio da prevenção, quanto o princípio da precaução, impõem ao poder público e 
à coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras 
gerações. 
Os danos ambientais, em regra, são irreversíveis. Quando se destrói, por exemplo, uma 
floresta, que abrigava milhares de ecossistemas distintos, é praticamente impossível o retorno à 
situação original. 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL 
PROF.: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
 
Sobre a distinção entre os referidos princípios, cumpre salientar queo princípio da prevenção 
visa evitar um dano ambiental certo, isto é, sobre o qual não paira a menor dúvida sobre a sua 
ocorrência, caso não sejam adotadas as medidas inibitórias, ao passo que o princípio da precaução 
visa evitar um dano ambiental incerto, sobre o qual ainda paira incerteza científica sobre a 
possibilidade de sua ocorrência. É claro que, para a aplicação do princípio da precaução, os riscos, 
conquanto cientificamente incertos, não podem ser utópicos, ou seja, destituídos de qualquer 
embasamento científico. Exige-se, destarte, para barrar o exercício de determinada atividade, 
algum embasamento científico, ainda que incerto. O poder público, por exemplo, não pode impedir 
o uso de celulares, sob o pretexto de risco de causar câncer, pois ainda não há nenhum estudo 
científico sério sobre esta hipótese. 
Vê-se assim que o princípio da prevenção tem o objetivo de evitar o dano ambiental, 
enquanto o princípio da precaução visa evitar o risco de dano ambiental, à medida em que este 
princípio incide quando não se tem uma certeza científica acerca do risco concreto de dano ao meio 
ambiente. 
Numa linguagem sintética, com base no princípio da prevenção se justifica o estudo de 
impacto ambiental para as atividades lesivas ao meio ambiente, ao passo que, com base no 
princípio da precaução, o mesmo estudo é realizado em relação às atividades potencialmente 
lesivas ao meio ambiente. 
O princípio da prevenção encontra-se previsto no art. 225, caput, da CF. 
O princípio da precaução tem fundamento no item 15 da Declaração de Princípios Rio 92. 
Ambos os princípios justificam a inversão do ônus da prova, ou seja, aquele que pretende 
exercer uma atividade tem o ônus de provar que ela não oferece riscos para o meio ambiente. 
Outrossim, conforme já dito, a realização do Estudo de Impacto Ambiental. 
A propósito da inversão do ônus da prova, dispõe a Súmula 618 do STJ: 
" A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental”. 
Dentre os instrumentos de prevenção, sobressai em importância o estudo prévio de impacto 
ambiental (EPIA/RIMA), que identifica os aspectos favoráveis e desfavoráveis de um 
empreendimento, sugerindo as medidas cabíveis para a mitigação dos impactos ambientais. 
A ameaça de sanções penais e administrativas pelos danos ambientais, prevista no § 3º do art. 
225 da CF, também é um mecanismo de prevenção. 
As liminares concedidas pelos magistrados, em matéria ambiental, também são inspiradas no 
aludido princípio. 
 O §1º do art. 216 da CF também destaca que: 
“O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio 
cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e 
de outras formas de acautelamento e preservação”. 
O jurista Paulo Leme Afonso Machado também faz uma distinção entre o princípio da 
precaução e o princípio da prevenção. O primeiro consiste na ampla atuação estatal para a 
preservação do meio ambiente. O segundo é o conjunto de deveres contidos nas normas jurídicas 
para se evitar os danos ambientais. 
Como decorrência da prevenção, Paula Bessa de Antunes, faz menção ao princípio da 
prudência ou precaução, ou seja, em caso de dúvida, impõe-se o dever de abstenção da atividade, 
tendo em vista o caráter multidisciplinar das questões ambientais, cujos riscos e danos nem sempre 
podem ser antevistos pela ciência. 
Assim, em caso de dúvida, é mister se aguardar os devidos esclarecimentos acerca das 
consequências da atividade que se almeja instalar. 
Princípio da Participação 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL 
PROF.: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
 
O princípio da participação, previsto no art. 225, caput, da CF, consiste no dever imposto ao 
poder público e à coletividade de defender e preservar o meio ambiente. 
Trata-se, pois, de um dever de todos, de cada pessoa física ou jurídica, e não apenas do poder 
público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). 
A preservação do meio ambiente não é uma questão moral, mas, sim, jurídica e de índole 
constitucional. 
 
Princípio da Educação Ambiental 
O princípio da educação ambiental consiste no dever de o Poder Público promover o ensino, 
em todos os níveis, e a conscientização pública, acerca da preservação do meio ambiente. 
O art. 19 da Declaração de Estocolmo já prévia este princípio que, no Brasil, encontra-se 
consagrado no § 1º, VI, do art. 225 da CF, como sendo uma incumbência do Poder Público 
promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a 
preservação do meio ambiente. 
A educação ambiental é uma decorrência do princípio da participação, cujo propósito é 
desenvolver, na sociedade, a consciência ecológica, justamente para que, uma vez preparados, 
todos possam colaborar com a defesa ambiental. 
O §1o do art. 10 da lei 9.795/99, que cuida da Política Nacional de Educação Ambiental, 
preceitua que a educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no 
currículo de ensino. 
O art. 9o, entretanto, ressalva que a educação ambiental deve ser desenvolvida nas escolas no 
âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas. 
Noutras, deve ser ensinada nas escolas, mas não como uma disciplina específica. 
 
Princípio da imprescritibilidade do interesse ambiental 
 
O meio ambiente, conforme art. 225 da CF, é um bem de uso comum do povo e, como tal, 
desfruta das características da inalienabilidade e imprescritibilidade, nos termos dos arts. 100 e 102 
do Código Civil. 
Por consequência, a reparação do dano ambiental é imprescritível, não se convalidando, 
destarte, diante da inércia da Administração Pública. 
A propósito, dispõe a Súmula 613-STJ: 
“Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental.” 
Convém lembrar que a teoria do fato consumado é a que prevê a convalidação, pelo decurso 
do tempo, em função da inércia da Administração Pública, de determinadas situações ilícitas. 
Aludida teoria é inaplicável em matéria ambiental. Assim, por exemplo, uma atividade 
degradante ao meio ambiente, que tenha se iniciado com respaldo do poder público, deve ser 
paralisada, ainda que esteja atuando há décadas, pois, em assunto ambiental, não há falar-se em 
direito adquirido. 
 
COMPETÊNCIA AMBIENTAL 
 
Noções básicas sobre competência ambiental 
 
A competência, quanto à natureza, pode ser: 
a) Competência legislativa ou formal ou legiferante: é a de editar leis em sentido estrito. 
b) Competência administrativa ou material ou executiva: é a de fiscalizar. Diz respeito ao 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL 
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poder de polícia e aos atos administrativos governamentais, ou seja, relacionados à gestão dos 
negócios e prestação de serviços públicos. 
Desde já cumpre frisar que, em matéria ambiental, a União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios têm tanto competência legislativa quanto competência administrativa. 
Uma regra básica também é a seguinte: quem edita a lei tem também competência para 
fiscalizar. 
Quanto à extensão, em matéria ambiental, a competência legislativa pode ser: 
a) Privativa: é a que é atribuída a apenas um dos entes da federação que, no entanto, poderá 
delegá-la a outro ente federativo. É, pois, a possibilidade de delegação que distingue a 
competência privativa (delegável) da competência exclusiva (indelegável).; 
b) Concorrente: No sistema de competências concorrentes, previsto no art. 24 da CF, 
competirá à União estabelecer as normas gerais sobre a matéria, isto é, os princípios, a 
relação dos direitos e deveres, etc., ao passo que os Estados ou Distrito Federal buscarão 
as normas específicas, conforme as suas peculiaridades regionais. É, no entanto, tênue a 
linha divisória entre o geral e o especial, motivando inúmeras ações judiciais sobre invasão 
decompetência legislativa. Observe-se que enquanto a competência concorrente exclui os 
Municípios, a competência comum os inclui. 
c) Suplementar: significa legislar sobre assuntos não abordados pelo legislador competente, 
isto é, que deveria ter tratado do assunto. Tanto os Estados ou Distrito Federal quanto os 
Municípios têm competência suplementar. 
Já a competência matéria ou administrativa desdobra-se em: 
a) Exclusiva: é a atribuída apenas a um dos entes da federação, que não poderá delegá-la. 
Portanto, toda competência exclusiva é indelegável; 
b) Comum: A competência comum, por sua vez, é a atribuída a todos os entes da 
federação, isto é, à União, Estados, Distrito Federal e Municípios. É prevista no art. 23 da CF. 
 
Competência Legislativa Privativa 
 Em matéria ambiental, compete privativamente à União, nos termos do art. 22, IV, XII e XXVI 
da CF, legislar sobre: 
a) águas e energia (IV); 
b) jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia (XII); 
c) atividades nucleares de qualquer natureza (XVI). 
A competência privativa, conforme já dito, é suscetível de delegação. 
O parágrafo único do art. 22 preceitua que: 
“Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das 
matérias relacionadas neste artigo”. 
Assim, os Estados podem legislar sobre competência privativa da União, desde que 
autorizados por Lei Complementar, e não por uma simples Lei Ordinária. 
Competência Legislativa Concorrente 
A competência concorrente confere o poder de legislar sobre determinadas matérias à União, 
aos Estados e ao Distrito Federal. Quanto aos Municípios, não têm competência concorrente. 
Consoante art. 24, incisos I, VI, VII e VIII da CF, estas matérias, no que tange ao meio 
ambiente, são as seguintes: 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL 
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a) direito urbanístico (inc. I); 
b) florestas (inc. VI); 
c) caça (inc. VI); 
d) pesca (inc. VI); 
e) fauna (inc. VI); 
f) conservação da natureza (inc. VI); 
g) defesa do solo e dos recursos naturais (inc. VI); 
h) proteção do meio ambiente (inc. VI); 
i) controle da poluição (inc. VI); 
j) proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico (inc. VII); 
k) responsabilidade por dano ao meio ambiente e a bens e direitos de valor artístico, 
estético, histórico, turístico e paisagístico (inc. VIII). 
Na competência concorrente, conforme já dito, a União edita as normas gerais, diretrizes que 
fixam os princípios e as diretrizes para uniformização da proteção ao meio ambiente, sendo 
facultado aos Estados ou Distrito Federal a elaboração das normas especiais. Os Estados-Membros, 
na competência concorrente, desfrutam de uma competência suplementar, pois podem legislar 
sobre aspectos não abordados pela lei federal. Não pode, por exemplo, a lei estadual ampliar os 
conceitos previstos na lei federal. 
Na competência concorrente, os Estados ou Distrito Federal, na ausência da lei federal, dispõe 
de competência plena. 
Assim, se a União for omissa e não editar a lei geral, os Estados ou Distrito Federal, até que 
sobrevenha a lei federal geral, podem legislar tanto sobre as normas gerais quanto sobre as 
específicas. Em matéria de recursos hídricos, por exemplo, a lei federal só foi publicada em 1.997 
(lei 9.433/97), mas antes dela havia no Estado de São Paulo uma lei geral acerca da Política Nacional 
dos Recursos Hídricos. 
Convém destacar que, diante da superveniência da lei federal, a lei estadual, no tocante às 
normas gerais, tem a sua eficácia suspensa, mas apenas no que lhe for contrária. Não se trata de 
revogação, mas de suspensão da eficácia, pois, uma lei estadual só pode ser revogada por outra lei 
estadual, e não por uma lei federal, por força do princípio da federação. 
Quanto à hierarquia entre a lei federal, que prevê as normas gerais, e a lei estadual, que baixa 
as normas específicas, uma corrente sustenta que, no conflito, sempre deverá prevalecer a lei 
federal, pois, no âmbito da competência concorrente, haveria uma relação de verticalização. Outra 
assevera que prevalece a lei mais restritiva, ou seja, que confere a maior proteção ao meio 
ambiente. A meu ver, a lei federal geral será inconstitucional, quando versar sobre questões 
específicas dos Estados, pois, neste caso, ela deixa de ser geral. Igualmente, a lei especial estadual 
será também inconstitucional quando tratar de assuntos gerais já abordados pela lei federal, pois 
deve se limitar a cuidar das especificidades. Não pode uma lei inconstitucional, ainda que mais 
protetiva ao meio ambiente, prevalecer sobre uma lei constitucional. 
 
Competência Legislativa do Município 
 
Quanto ao município, não desfruta de competência legislativa concorrente, pois não figura no 
rol do art. 24. 
O art. 30, II, da CF, entretanto, prevê que compete aos Municípios suplementar a legislação 
federal e a estadual, no que couber. 
Existe, pois, dois requisitos cumulativos para o Município legislar sobre matéria ambiental: 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL 
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a) que o assunto seja de interesse local. O meio ambiente interessa a todos e, por isso, a 
competência do município se verifica quando o interesse for preponderantemente local. Uma lei 
municipal que, por exemplo, proíbe o emprego de fogo para limpeza e preparação do solo, vedando 
a queima de palha de cana-de-açúcar, será inconstitucional, posto que o assunto tratado, emprego 
de fogo, não é de interesse preponderantemente do município. Em contrapartida, uma lei 
municipal que versa sobre controle de poluição do ar é constitucional, desde que não colida com as 
leis federais e estaduais sobre o assunto, à medida que cada município tem seus problemas 
próprios acerca da poluição que, em função disso, é um assunto de interesse preponderantemente 
local. 
b) que a lei municipal suplemente a lei federal ou estadual, que versa sobre o mesmo assunto. 
Assim, a lei municipal deve fornecer o detalhamento das normas já existentes. É, pois, necessário 
que o Município legisle em harmonia com as leis federais e estaduais. Por consequência, o 
pressuposto para que possa legislar sobre matérias ambientais é a existência de uma legislação 
federal ou estadual, que deverá ser respeitada pelas leis municipais. Noutras palavras, os 
municípios só poderão legislar quando a União e os Estados já houverem legislado sobre a questão 
ambiental. Na ausência de lei federal ou estadual sobre o assunto, o município não pode legislar em 
primeira mão, mas, para solucionar a questão, poderá se valer de outras formas de expressão do 
direito: analogia, costumes, princípios gerais do direito e equidade. A expressão “suplementar a 
legislação federal ou estadual” induz à exegese que se trata de competência suplementar 
complementar, isto é, que pressupõe a existência de uma lei federal ou estadual, cujas lacunas 
poderiam então ser supridas pela lei municipal. De acordo com a posição dominante, não seria 
possível a competência suplementar supletiva, que é exercida quando não há lei federal ou estadual 
disciplinando a matéria. 
 
Competência Material ou Administrativa ou Executiva 
 
A competência material, conforme já dito, é a que diz respeito à fiscalização que, no âmbito 
ambiental, tem o intuito de se preservar e proteger o meio ambiente. 
A competência material se desdobra em exclusiva e comum. 
 
Competência Material Exclusiva da União 
 
A competência exclusiva é a atribuída pela Constituição a um ente da federação que não 
poderá delega-la. 
Em matéria ambiental, o art. 21, IX, XIX, XX e XXIII, da CF, enumera as competências exclusivas 
da 
a) elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de 
desenvolvimento econômico e social (inc. IX). Trata-se do zoneamento federal; 
b) instituir sistema nacional de gerenciamento derecursos hídricos e definir critérios de 
outorga de direitos de seu uso (inc. XIX). Esse sistema nacional foi instituído pela lei 9433/97, que 
também prevê os critérios de outorga do direito de uso dos recursos hídricos; 
c) instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico 
e transportes urbanos (inc. XX); 
d) explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza (inc. XXIII). A União tem o 
monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a 
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes 
princípios e condições: 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL 
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a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e 
mediante aprovação do Congresso Nacional; 
b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos 
para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; 
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de 
radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; 
d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa. 
 
Competência Administrativa Exclusiva dos Estados 
Os Estados têm competência residual ou remanescente, pois a eles são reservadas todas as 
competências não atribui à União nem aos Municípios (§1º do art. 25 da CF). 
 A Constituição enumera expressamente apenas as seguintes competências administrativas 
dos Estados: 
a) Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de 
gás canalizado (§2º do art. 25 da CF). Para tanto, é preciso uma lei ordinária que os autorize, sendo 
b) vedada a Medida Provisória. 
c) instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas 
por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a 
execução de funções públicas de interesse comum (§3º do art. 25 da CF). É preciso, entretanto, que 
haja uma lei complementar que os autorize. 
Competência Administrativa Exclusiva dos Municípios 
 
O Município tem também as competências administrativas exclusivas. São as seguintes: 
a) assuntos de interesse local (art. 30, I, da CF). 
b) planejamento e controle do uso do parcelamento e da ocupação do solo urbano (art. 30, 
VIII, da CF). Exemplo: luminosos e outras propagandas que podem causar poluição visual. 
 c) promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação 
fiscalizadora federal e estadual (art. 30, IX, da CF). 
 
Competência Material Comum 
 
A competência material comum, que é aquela atribuída a todos os entes da federação 
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios), está prevista no art. 23 da CF, nos seus incisos III, IV, 
V , VI, VII, IX e XI. 
Há um grande número de competência comum para que o meio ambiente seja amplamente 
fiscalizado. É, pois, através das competências comuns que se consagra o federalismo de cooperação, 
onde as pessoas políticas unem forças em prol do meio ambiente. 
O fato de ter competência para fiscalizar não significa que poderá legislar sobre o assunto. O 
Município, por exemplo, tem competência comum, para combater todas as formas de poluição. 
Igualmente para registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de recursos hídricos. Entretanto, 
não poderá legislar sobre o assunto, a não ser com o objetivo único e exclusivo de fiscalizar. 
No tocante ao meio ambiente natural, as competências comuns são: 
a) proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas (inc. 
VI); 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL 
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b) preservar as florestas, a fauna e a flora (inc. VII; 
c) registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração 
de recursos hídricos e minerais em seus territórios (inc. XI). 
Quanto ao meio ambiente cultural, as competências comuns são: 
 
a) proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os 
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos (inc. III); 
b) promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais 
e de saneamento básico (inc. IX). 
Na competência comum, para se evitar o conflito de competência, a União deverá editar leis 
complementares sobre o assunto. 
A propósito, dispõe o parágrafo único do art. 23 da CF: 
“Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito 
nacional”. 
Aliás, uma dessas é a lei complementar 140/2011, que fixa o regime de cooperação e os 
critérios de competência para o licenciamento ambiental. 
Esta competência comum, à míngua da existência dessas leis complementares, pode ainda ser 
exercida, consoante jurisprudência da Excelsa Corte, atentando-se para o princípio da 
preponderância do interesse, segundo o qual, os aspectos de interesse nacional e geral dessas 
matérias só podem ser tratados pela União, os de interesse regional pelos Estados e os de interesse 
local pelos Municípios. Quanto ao Distrito Federal, pode legislar sobre os pontos de interesse 
regional e de interesse local. 
A competência é ainda irrenunciável. No Estado do Rio Grande do Sul, foi declarada a 
inconstitucionalidade de uma lei estadual que atribuía exclusivamente ao município a competência 
para fiscalização de sítios arqueológicos, pois, como se trata de uma competência comum, previsto 
no art. 23, III, da CF, o Estado não pode dela abdicar. 
Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) 
O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), previsto no art. 6ºda lei 6.938/81, é 
constituído por órgãos e entidades da União, dos Territórios (se eventualmente forem criados), dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como pelas fundações instituídas pelo Poder 
Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. 
É, pois, formado pelo conjunto de órgãos federais, estaduais e municipais incumbidos da 
proteção do meio ambiente. 
O SISNAMA não tem personalidade jurídica. Não é pessoa jurídica. Não se trata de 
instrumento da política ambiental. É um sistema de proteção ao meio ambiente constituído por um 
conjunto de órgãos. 
O SISNAMA não tem atribuições próprias, pois as atribuições são conferidas aos órgãos e 
instituições que ointegram. 
A função do SISNAMA é estabelecer uma rede de agências governamentais,em todas as 
esferas da federação, para assegurar a eficiência dos mecanismos deimplementação da Política 
Nacional do Meio Ambiente. 
 
O SISNAMA é composto pelos seguintes órgãos: 
 
 
 
 15 
DIREITO AMBIENTAL 
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I - órgão superior: o Conselho de Governo. 
É um órgão integrante da Presidência da República, constituído por todos os Ministros de 
Estado, pelo Advogado Geral da União e pelos titulares de órgãos essenciais da Presidência da 
República (lei 9.649/98). 
Tema função de assessorar o Presidente da República na formulação da políticanacional e nas 
diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursosambientais. O Conselho de Governo 
é, por sua vez, assessorado pelo CONAMA. 
II - órgão consultivo e deliberativo: oConselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). 
É composto por 108 conselheiros, que não são remunerados. O presidente do CONAMA é o 
Ministro do Meio Ambiente. Os conselheiros são representantes da União, dos Estados, dos 
Municípios, da Sociedade Civil e do Setor Empresarial. 
O CONAMA tem a seguinte composição: 
• Plenário: é composto pelos 108 conselheiros. 
• Câmara especial recursal: é a que julga osrecursos administrativos no âmbito federal. É a 
terceira e última instância administrativa das sanções aplicadas pelo IBAMA. As sanções impostas 
em processos administrativos estaduais e municipais não comportam recurso para o CONAMA. 
• Comitê de integração de política ambiental (CIPA). É a secretaria executiva do CONAMA. 
• Câmaras técnicas: são responsáveis pelas áreas ambientais temáticas. Exemplos: área 
jurídica, área internacional, área da biodiversidade, etc. Os conselheiros debatem o assunto e 
submetem ao plenário, que poderá para baixar as respectivas resoluções. 
O CONAMA não tem diretórios regionais. 
São inúmeras as funções do CONAMA. Dentre as quais a de estabelecer as normas gerais de 
proteção ambiental. Outrossim, assessorar, estudar e propor ao conselho de governo as diretrizes 
de política ambiental. 
 Em síntese, tem função consultiva, de assessoria ao governo, bem como função deliberativa, 
de baixar resoluções fixando os padrões ambientais. Exemplo: a Resolução nº 1 sobre EPIA. Outro 
exemplo: a Resolução 237 sobre licenciamento ambiental. 
 
O poder regulamentar do CONAMA abrange a edição dos seguintes atos: 
• Resoluções: são normas técnicas, critérios e padrões para o meio ambiente equilibrado. Não 
precisam ser ratificadas pelo Congresso Nacional. São atos administrativos normativos. As leis 
estaduais e municipais devem observar as resoluções do CONAMA, sob pena de nulidade, mediante 
decisão administrativa ou judicial (art. 6, §§ 1º e 2º da lei 6.938/81). 
• Recomendações: são manifestações aos órgãos estaduais para implementar a política, plano 
e programa governamentais para a efetivação da Política Nacional do Meio Ambiente. 
• Proposições: são manifestações dirigidas ao Conselho de Governo ou às comissões do 
Senado ou da Câmara dos Deputados. 
• Decisões: são os julgamentos dos recursos administrativos. 
• Moções: são as manifestações sobre qualquer outro assunto não abrangido pelas hipóteses 
anteriores. 
O CONAMA, órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente. De 
acordo com o art. 8º da Lei 6.938/81, tem competência para: 
a) estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de 
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado 
pelo IBAMA; 
b) determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das 
possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL 
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federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis 
para apreciação dos estudosde impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou 
atividadesde significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradaspatrimônio 
nacional. Exemplo: o CONAMA deve indicar as possíveis alternativas para que a atividade não cause 
impacto ambiental, sugerindo que o corte de uma árvore deva ter a contrapartida do plantio de 
outras árvores; 
c) homologar acordos visando à transformação de penalidadespecuniárias na obrigação de 
executar medidas de interesse para a proteçãoambiental; 
d) determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restriçãode benefícios fiscais 
concedidos pelo Poder Público, em caráter geral oucondicional, e a perda ou suspensão de 
participação em linhas de financiamentoem estabelecimentos oficiais de crédito; 
e) estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais decontrole da poluição por 
veículos automotores, aeronaves e embarcações,mediante audiência dos Ministérios competentes. 
É, por exemplo, a resolução do CONAMA que fixa o limite máximo de emissão de dióxido de 
carbono pelos veículos automotores; 
f) estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e àmanutenção da qualidade 
do meio ambiente com vistas ao uso racional dosrecursos ambientais, principalmente os hídricos. 
III - órgão central: o Ministério do MeioAmbiente da Presidência da República. 
Tem a finalidade de planejar, coordenar,supervisionar e controlar, como órgão federal, a 
política nacional e asdiretrizes governamentais fixadas para o meioambiente. 
A nomenclatura, que consta na lei, é a Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), que, entretanto, 
foi transformada em Ministério do Meio Ambiente; 
IV - órgãos executores: o Instituto Brasileirodo Meio Ambiente e dos Recursos Naturais 
Renováveis - IBAMA e o Instituto ChicoMendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto 
Chico Mendes (ICM-BIO). 
Ambos têm afinalidade de executar e fazer executar a política e as diretrizesgovernamentais 
fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivascompetências. Estes dois órgãos são 
dotados de poder de polícia ambiental. 
O Instituto Chico Mendes é responsável apenas pelos licenciamentos e gestão nas Unidades 
de Conservação Federais. Todos os demais temas ambientais, de competência federal, são da 
alçada do IBAMA. 
O IBAMA, que é uma autarquia federal, têm inúmeras funções, mas cumpre destacar a 
competência para o licenciamento de obras ou atividades que se estendem por dois ou mais 
Estados, e que se realizam na fronteira do Brasil com outro país. 
V - Órgãos Seccionais ou Estaduais: variam de Estado para Estado. Estes órgãos ou 
entidadesestaduais são os responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo 
controle,fiscalização e licenciamento de atividades capazes de provocar a degradaçãoambiental. No 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL 
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Estado de São Paulo, este órgão é a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Em 
matéria de licenciamento ambiental, a competência será do órgão estadual quando a obra ou 
atividade ultrapassar os limites de mais de um município. 
VI - Órgãos Locais ou municipais: variam de município para município. Estes órgãos ou 
entidadesmunicipais são responsáveis pelo controle, fiscalização e licenciamento capazes de 
provocar a degradação ambiental. Na cidade de São Paulo, este órgão é a Secretaria Municipal do 
Verde e do Meio Ambiente. O município tem competência para obras ou atividades exclusivamente 
em seu território. Os órgãos ambientais municipais têm poder de polícia ambiental e, dessa forma, 
podem interditar estabelecimentos que não esteja em conformidade com as determinações legais. 
Nem todo município, entretanto, possui órgão ambiental. 
Note-se assim que há órgãos de proteção ambiental de natureza federal, estadual e 
municipal. Cada ente da federação têm seus próprios órgãos ambientais. 
Os órgãos federais, que integram o SISNAMA, são apenas cinco: Conselho de Governo, 
CONAMA, IBAMA, Instituto Chico Mendes e o Ministério do Meio Ambiente. Não há outros órgãos 
na esfera federal. Portanto, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional deBiossegurança), que integra o 
Ministério da Ciência e Tecnologia, não é órgão do SISNAMA. 
Dentre os órgãos acima, o CONAMA é o mais atuante do sistema, sendoque além das funções 
que lhes são próprias, previstas noart. 8º, exerce o papel de Conselho do Governo nos 
assuntosambientais. 
Os Estados e Municípios, na esfera de suas respectivas competências,podem elaborar normas 
ambientais supletivas e complementares, observando-se asnormas estabelecidas pela CONAMA. 
Todos os órgãos acima têm o dever o dever de fornecer os resultadosdas análises com as 
respectivas fundamentações, quando houver requerimentoformulado por pessoa legitimamente 
interessada. 
LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
 
Conceito 
 
Dispõe o art. 1º , I, da Resolução 237/97: 
“Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental 
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos eatividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras 
ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as 
disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso”. 
Vê-se assim que o licenciamento ambiental é o procedimento administrativo instaurado para 
se verificar a viabilidade ou não de empreendimentos ou atividades danosas ou potencialmente 
danosas ao meio ambiente. 
Trata-se de um procedimento administrativo, e não de um mero ato administrativo, pois é 
formado por um conjunto de atos, podendo ou não culminar com a concessão da licença ambiental. 
O licenciamento antecede à concessão da licença. 
 
 
 
 18 
DIREITO AMBIENTAL 
PROF.: FLÁVIO MONTEIRO DE BARROS 
 
 
Obrigatoriedade do Licenciamento Ambiental 
 
O licenciamento ambiental, nos termos do art.10 da Lei 6.938/81, só é obrigatório para a 
construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades: 
a) utilizadores de recursos ambientais; 
b) efetiva ou potencialmente poluidores; 
c) capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio 
licenciamento ambiental. 
 Todos os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados 
no jornal oficial, bem como em periódico regional ou local de grande circulação, ou em meio 
eletrônico de comunicação mantido pelo órgão ambiental competente (§1o do art. 10). 
 
Obrigatoriedade do EIA/RIMA 
 
Cumpre esclarecer que o EIA, que é o estudo de impacto ambiental, também chamado de 
EIA/RIMA ou EPIA, que é uma das espécies de avaliação prévia de impacto ambiental, só é 
necessário e obrigatório para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de 
significativa degradação do meio ambiente, ou seja, de grande impacto ambiental, conforme art. 
225, § 1º, IV, da CF. 
É o empreendedor que deverá efetuar o pagamento dos custos de elaboração do EIA/RIMA. 
Aliás, o EIA/RIMA é elaborado por uma equipe multidisciplinar contratada pelo empreendedor. É 
importante ressaltar que o poder público também pode ser um empreendedor, por exemplo, 
quando construir um aeroporto ou rodoanel, nesse caso, a ele incumbirá o pagamento dos custos 
do EIA/RIMA. 
 
LICENÇA AMBIENTAL 
 
Conceito 
 
Licença Ambiental é o ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece 
as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo 
empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos 
ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente 
poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. 
A licença ambiental é, pois, o ato administrativo de permissão do empreendimento ou 
atividade potencialmente danosos ao meio ambiente, contendo as condições, restrições e medidas 
de controle ambiental que deverão ser obedecidas. 
 
 
Espécies de licenças 
 
São três as espécies de licenças ambientais: 
a) licença prévia (LP); 
b) licença de instalação (LI); 
c) licença de operação (LO). 
Em regra, observa-se o procedimento de licenciamento ordinário, que é composto pelas três 
 
 
 
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licenças acima, que só podem ser concedidas sucessivamente, ou seja, primeiro se obtém a licença 
prévia para só depois se pleitear a licença de instalação e, obtida esta, se torna possível requerer a 
licença de operação. 
Não se pode, destarte, pleitear diretamente a licença de instalação ou de operação. Denota-se 
assim que o licenciamento ambiental tem características próprias e não se confunde com as 
licenças tradicionais do direito administrativo. 
Para a obtenção de cada licença, instaura-se um procedimento administrativo. 
 
Licença Prévia 
 
A Licença Prévia (LP) é a que aprova o local do empreendimento ou atividade, atestando ainda 
a viabilidade ambiental do projeto. Estabelece também os requisitos básicos e condicionantes a 
serem atendidos para a obtenção da licença de instalação. 
A Licença Prévia não autoriza a instalação, ou seja, a construção. 
O prazo de validade da Licença Prévia (LP) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo 
cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou 
atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos. 
 
Licença de Instalação 
 
A Licença de Instalação (LI) é a que autoriza a construção do local onde se dará o 
empreendimento ou atividade, fixando ainda os requisitos e as condições para a obtenção da 
licença operacional. 
A licença de instalação não autoriza o funcionamento do empreendimento ou atividade, mas 
tão somente a sua instalação. 
 
O prazo de validade da Licença de Instalação (LI) deverá ser, no mínimo, o estabelecido pelo 
cronograma de instalação do empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 6 (seis) 
anos. 
 
Licença de Operação 
 
A Licença de Operação (LO) é a que autoriza o funcionamento da atividade ou 
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, 
com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. 
O prazo de validade da Licença de Operação (LO) deverá considerar os planos de controle 
ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez) anos. 
 Entretanto, o órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de validade específicos 
para a Licença de Operação (LO) de empreendimentos ou atividades que, por sua natureza e 
peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou modificação em prazos inferiores. 
Prorrogação e Renovação dos prazos de licença 
A prorrogação é a dilação dos prazos da licença prévia e da licença de instalação. 
A renovação é expedição de uma nova licença de operação, após expirado o prazo da 
anterior. 
A Licença Prévia (LP) e a Licença de Instalação (LI) poderão ter os prazos de validade 
 
 
 
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prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos de 5(cinco) anos para a LP e 6(seis) 
anos para a LI. 
 Na renovação da Licença de Operação (LI), o órgão ambiental competente poderá, mediante 
decisão motivada, aumentar ou diminuir o seu prazo de validade anterior, após avaliação do 
desempenho ambiental da atividade ou empreendimento no período de vigência anterior, 
respeitados os limites de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10 (dez). Se, por exemplo, a LO 
anterior era de 6 anos, nada obsta que a renovação contenha prazo diferente, mas nunca poderá 
ser inferior a 4 ou superior a 10 anos. 
 A renovação da Licença de Operação (LO) de uma atividade ou empreendimento deverá ser 
requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de 
validade, fixado na respectiva licença. 
 Durante o procedimento de renovação, ficará o prazo de validade automaticamente 
prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente. 
No Estado de São Paulo, uma lei estadual permite uma renovação automática quando no 
empreendimento se implantar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que funciona como uma 
espécie de prêmio para o empreendedor que prevenir danos ambientais. 
 
 
Competência para o licenciamento 
 
Noções gerais 
 
 A competência ambiental material ou administrativa é comum, afeta a todos os entes da 
federação: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
Este federalismo de cooperação deve ser objeto de lei complementar, conforme prevê o 
parágrafo único do art. 23 da CF. 
A LC 140/2.011 é a que fixa as normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do 
parágrafo único do art. 23 da ConstituiçãoFederal, para a cooperação entre a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes do exercício da competência 
comum relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao 
combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora. 
O ente federativo, para exercer a sua competência de licenciamento, precisa de um Conselho 
do Meio Ambiente. Há assim o Conselho Nacional (CONAMA) e os Conselhos Estaduais e 
Municipais. O ente federativo que não tiver Conselho Ambiental não terá competência para o 
licenciamento, devendo a omissão ser suprida pela atuação supletiva de outro ente da federação, 
conforme se verá adiante. 
No âmbito da União, a competência, em regra, é do IBAMA, mas, quando se tratar de 
empreendimento ou atividades localizadas em unidades de conservação federal ou sua respectiva 
zona de amortecimento, a competência, exceto nas APA’S (Áreas de Proteção Ambiental), será do 
Instituto Chico Mendes de Biodiversidade. Nas APA’S, que às vezes são cidades, o licenciamento 
tem regramento específico. 
Também não é da competência do IBAMA nem do Instituto Chico Mendes, o licenciamento 
ambiental dos empreendimentos para organização, preparo e o emprego das Forças Armadas (LC 
97/99). Este licenciamento é regido por normas próprias, sendo concedido por órgão federal 
próprio, mas que não integra o SISNAMA. Cumpre ressaltar que os demais licenciamentos militares 
são da competência do IBAMA, salvo os necessários para organização, preparo e o emprego das 
Forças Armadas. 
 
 
 
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Quanto ao licenciamento ambiental que possa causar impacto nas unidades de conservação 
ou em sua zona de amortecimento, é disciplinado na Resolução CONAMA 428/10 de duas formas: 
a) Empreendimentos que dependem de EIA/RIMA, isto é, de significativo impacto 
ambiental. Nesse caso, a licença prévia, depende de prévia autorização do órgão responsável pela 
administração da Unidade de Conservação ou do órgão responsável pela criação da Reserva 
Particular do Patrimônio Natural. Somente após esta manifestação é que órgão federal competente 
deferirá ou não a licença prévia. Caso o empreendimento de significativo impacto ambiental afete 
duas ou mais UCs de domínios distintos, caberá ao órgão licenciador consolidar as manifestações 
dos órgãos responsáveis pela administração das respectivas UCs. 
b) Empreendimentos que não dependem de EIA/RIMA, ou seja, que não causam 
grandes impactos ambientais. Nessas hipóteses, o órgão ambiental licenciador deverá dar ciência ao 
órgão responsável pela administração da UC, quando o empreendimento: I – puder causar impacto 
direto em UC; II – estiver localizado na sua ZA; III – estiver localizado no limite de até 2 mil metros 
da UC, cuja ZA não tenha sido estabelecida no prazo de até 5 anos a partir da data da publicação da 
Resolução nº 473, de 11 de dezembro de 2015. 
Competência da União 
A União é a competente para promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e 
atividades: 
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; 
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona 
econômica exclusiva; 
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; 
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto 
em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; 
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder 
Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na LC 
97/99; 
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor 
material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas 
formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); nesses 
licenciamentos de energia nuclear, há também necessidade de parecer da Comissão Nacional de 
Energia Nuclear (Cnen). 
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da 
Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do 
Meio Ambiente (CONAMA), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da 
atividade ou empreendimento. Esta Comissão tripartite Nacional é formada por representantes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Há, pois, possibilidade de esta Comissão 
identificar os tipos de atividades que se sujeitam a um licenciamento federal da competência do 
IBAMA. 
 
Conforme já dito, o órgão federal competente para o licenciamento, em regra, é o IBAMA, 
salvo nas Unidades de Conservação, cuja competência é do Instituto Chico Mendes de 
Biodiversidade. 
 
 
 
 
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 Competência dos Estados 
 
O Estado é competente para promover os seguintes licenciamentos ambientais: 
a) atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em mais municípios. 
 b) de atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de 
conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs). As APAs 
também são áreas de proteção ambiental, mas elas se sujeitam a um regramento específico. 
c) Atividades ou empreendimentos que não sejam da competência da União nem dos 
Municípios. Trata-se, portanto, de uma competência residual. 
d) Empreendimentos ou atividades que se enquadram na tipologia 
estabelecida por ato do Poder Executivo Estadual a partir de proposta da Comissão Tripartite 
Estadual. Esta Comissão tem representantes da União, dos Estados e dos Municípios, dispondo de 
poderes para prever os tipos de empreendimentos ou atividades cuja competência para o 
licenciamento seja Estadual ou Municipal. 
 
Competência dos Municípios 
 
Compete aos Municípios, observadas as atribuições dos demais entes federativos, promover o 
licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos: 
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia 
definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de 
porte, potencial poluidor e natureza da atividade. Os tipos de impactos ambientais são definidos 
pelos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente. 
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de 
Proteção Ambiental (APAs). Assim, as unidades de conservação municipal são licenciadas pelo 
próprio município que a instituiu, excetuando-se as APAs. 
 
Competência do Distrito Federal 
 
O Distrito Federal tem competência para os licenciamentos que, nas demais unidades da 
federação, seriam afetos aos Estados e Municípios. 
 
Competência supletiva 
 
A competência supletiva é a que atribui o licenciamento a outro ente federativo, quando o 
competente não tem órgão ambiental capacitado ou Conselho de Meio Ambiente. 
De acordo com o art. 15 da LC 140/2.011, os entes federativos devem atuar em caráter 
supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes 
hipóteses: 
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no 
Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a 
sua criação; 
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o 
Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e 
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no 
 
 
 
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Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles 
entes federativos. 
Atuação subsidiária 
A ação administrativa subsidiária dos entes federativos é o meio de apoio técnico, científico, 
administrativo ou financeiro, além de outras formas de cooperação. 
A ação subsidiária deve ser solicitada pelo ente competente (parágrafo único do art. 16 da LC 
140/2.011). 
Trata-se, pois, de um pedido de colaboração que o ente competente para o licenciamento 
ambiental pode fazer aos demais entes da federação. Não pode o ente incompetente agir sem que 
lhe tenha sido solicitado a sua colaboração. 
Cumpre observar que, na competência supletiva, o ente originariamente incompetente se 
torna competente para o licenciamento, ao passo que na atuação supletiva não há a substituição do 
ente competente. Este, ao pedir auxílio técnico, científico, administrativo ou financeiro, além de 
outras formas de cooperação, a outro ente federativo, não perde a competência para decidir sobre 
o licenciamento ambiental. 
 
ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS 
 
 
 
Classificação 
 
São três as principais espécies de espaços especialmente protegidos, a saber: 
a) unidades de conservação; 
b) áreas de preservação permanente; 
c) áreas de reservas legais. 
Há ainda outros como as reservas indígenas e as áreas de uso restrito. 
O Poder Público federal, estadual, distrital e municipal tem o dever de detectar e de proteger 
estes espaços em todas as unidades da federação, posto que eles configuram um dos instrumentos 
mais importantes da Política Nacional do Meio Ambiente. 
 
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: TEORIA GERAL 
 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC 
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC - foi instituído pela Lei 
9.985/00, que regulamentou o art. 225, §1º , I, II, III e VII da CF, estabelecendo os critérios para a 
criação das unidades de conservação. 
Este Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza deve ser observado por todos 
os entes da federação : União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
Convém observar que a referida lei não criou as unidades de conservação ambiental, mas 
definiu os critérios para que elas possam ser instituídas. 
 
 
 
 
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Conceito 
O art. 2o, I , da Lei 9.985/00 preceitua que unidade de conservação é o espaço territorial e 
seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, 
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob 
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. 
São, pois, os espaços criados pelo poder público, sob regime especial de administração, em 
razão de suas características especiais relevantes. 
ESPÉCIES DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 
 
De acordo com o art. 7o, as unidades de conservação integrantes dividem-se em dois grupos 
ou espécies: 
I - Unidades de Proteção Integral; 
II - Unidades de Uso Sustentável. 
A primeira, Unidades de Proteção Integral, é mais restritiva, pois não admite qualquer tipo de 
atividade econômica ou ocupação social, servindo-se apenas para a proteção da biota (fauna, flora, 
fungos e todos os seres vivos do ecossistema) e dos demais recursos naturais. É admitido apenas o 
uso indireto dos seus recursos naturais, ou seja, sem consumo, coleta ou destruição, por exemplo, 
visita remunerada às Cataratas do Parque do Iguaçu. 
 A segunda, Unidades de Uso Sustentável, é mais permissiva, pois se admite a exploração 
econômica e, em algumas delas, a ocupação social, desde que seja também protegido o meio 
ambiente, preservando-se a biodiversidade e demais recursos ecológicos. 
É possível, em ambas as espécies, mas sempre com restrições, a pesquisa científica e a 
cobrança de taxa de visitação. 
 
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PÚBLICAS E PARTICULARES 
 
As Unidades de Conservação que só podem pertencem ao poder público são as seguintes: 
I - Estação Ecológica; 
II - Reserva Biológica; 
III - Parque Nacional; 
IV - Floresta Nacional; 
V- Reserva Extrativista; 
VI - Reserva de Fauna; 
VII – Reserva de Desenvolvimento Sustentável. 
A criação destas Unidades de Conservação que, por força de lei, são públicas, impõe ao poder 
público, que a instituiu, o dever de desapropriar as áreas particulares que integram estas unidades. 
Há, entretanto, quatro Unidades de Conservação, que podem ser públicas ou privadas. Ei-las: 
a) Área de Proteção Ambiental; 
b) Área de Relevante Interesse Ecológico; 
c) Monumento Natural; 
d) Refúgio da Vida Silvestre. 
Nessas Unidades, que podem ser públicas ou privadas, o poder público instituidor não precisa 
desapropriar a área, salvo quando o proprietário se opuser às condições propostas pelo órgão 
responsável pela Unidade de Conservação ou então desenvolver no local uma atividade 
 
 
 
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incompatível com os objetivos da Unidade de Conservação. 
Por fim, há uma única Unidade de Conservação que é exclusivamente particular e, por isso, 
não há falar-se em desapropriação. Trata-se da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). 
 
 
RESERVA DE BIOSFERA 
 
A Reserva da Biosfera é um modelo, adotado internacionalmente, com os objetivos básicos de 
preservação da diversidade biológica, o desenvolvimento de atividades de pesquisa, o 
monitoramento ambiental, a educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da 
qualidade de vida das populações (art. 41). 
Em suma, trata-se de um regulamento internacional de gestão integrada, participativa e 
sustentável dos recursos naturais, que segue um programa instituído pela UNESCO. A Reserva de 
Biosfera nada mais é que um regulamento com padrões internacionais de gestão, que pode ser 
adotadas em áreas públicas ou privadas. 
 
Não se trata de uma unidade de conservação. 
É, noutras palavras, uma área territorial que adotou o modelo internacional de gestão da 
UNESCO. 
 
RESERVA ECOLÓGICA GRAVAÇÃO 
 
A reserva ecológica, área destinada à proteção de diversas espécies de plantas e animais, era 
a nomenclatura anterior 
Entretanto, a Lei 9985/00, que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, não 
prevê mais a reserva ecológica, mas as anteriores foram mantidas, nos moldes da legislação vigente 
na época, sendo, contudo, vedada a criação de novas reservas ecológicas. 
Em substituição à reserva ecológica, a Lei 9985/00 instituiu duas categorias, que são a estação 
ecológica e a reserva biológica, sendo certo que ambas podem ser criadas sem consulta pública. 
 
 
DA CRIAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 
 
De acordo com o art. 22 da aludida lei, as unidades de conservação são criadas por decreto do 
Chefe do Poder Executivo. Não há necessidade de lei. Basta um decreto do Chefe do Poder 
Executivo, pois o art. 225, § 1º, III, da CF só exige lei quando se tratar de sua redução ou extinção. 
A criação de uma unidade de conservação, com o intuito de se identificar a localização, a 
dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento, deve 
ser precedida de: 
a) estudos técnicos; 
b) consulta pública. O Poder Público, para a eficiência da consulta pública, é obrigado a 
fornecer informações adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes interessadas. 
O § 4o do art. 22 ressalva, entretanto, que, na criação de Estação Ecológica ou Reserva 
Biológica, não é obrigatória a consulta pública. São as duas únicas Unidades de Conservação que 
podem ser criadas sem consulta pública, mas é obrigatório o estudo técnico. 
Há uma Unidade de Conservação cuja criação não é feita por decreto. Trata-se da reserva 
particular do patrimônio natural (RPPM), que é criada pela vontade