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Dançando com a Familia - Carl Whitaker

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Prévia do material em texto

dançando e R A 
com a família 
W577d Whitaker, A. 
Dançando com a família. / A. Whitaker e William 
M. Bumberry; trad. por Rose Eliane Starosta. 
- Porto Alegre: Anes Médicas, 1990. 
159 p. 
CDU: 159.97-055.5/.7 
Índices para o catálogo sistemático: 
Terapia familiar 159.97-055.5/.7 
Ficha catalográfica elaborada por Carla P. de M. Pires CRB 10/753 
--
CARL A. WHITAKER 
WILLIAM M. BUMBERRY 
f/'' ·. · 1•1r' Gíl l •J f f . : . l •• ti ~:,, ifüJ 
U ,. ' . ;1u: . .. . ·: -: , r;; :J l '1 
Hil~I ,. l .. F, ,, _Jq l. 
COM PHli dançando 
com a família 
uma abordagem simbólico-experiencial 
Tradução : 
ROSE ELIANE STAROSTA 
PORTO ALEGRE/ 1990 
PubllcadO originalmente em lrards oob o lftulo 
Danang - ,,,. tam,ty 
Cl 1988 by Brunner/Maz1el. lnc. New Yo~. 
Capa: 
tMrlo Rõhnen 
Supervis.1o editorial: 
rua 13 de makl, 468 • caxlas do sul · rs 
Reservados todos os direitos de publicação à 
EDITORA ARTES MÉDICAS SUL L TDA. 
Av. Jerónimo de Ornelas, 670 - Fones: 30.3444 e 30.2378 
90.040 - Porto Alegre - RS, Brasil 
LOJA - CENTRO 
Rua General Vitorino, 277 - Fone: 25.8143 
90.020 - Porto Alegre - RS, Brasil 
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:, . ,c, s/~. ----7-
BIBLIOr ··u., • . ' I 
;_, 1 C N TN.-, L 
N" . .::Lst;_Ç/_ 0 ' ~J_/-} f.[4EJ 
IMPRESSO NO BRASIL 
PRI NTED IN BRAZIL 
Sumário 
Prefácio . .. .... . .. •. . .•. ..•... .. . . .. ... . .•...... . 7 
1. Iniciando com a famllia: aliando-se, redefinindo 
e expandindo o sintoma ... .... ....• .. ... •..•. ... ... 11 
2. A pessoa do terapeuta: Integridade pessoal e estrutura 
do papel profissional .•.•. . .• ... . . .• . •.. .. ..•...... 29 
3. O processo de terapia familiar: aspectos político-administrativos 
e estágios da terapia .........•.•.. . ...... ... ....... 42 
. 4. Terapia familiar simbólico-experiencial ....... .• . . ... . . . 57 
5. Tomando-se íntimo: desafiando estruturas 
e criando caminhos . . .. . . . . .. . . . .. ..... . ..... .... . . 70 
• 6. O dilema universal: homens desesperançados e 
mulheres esperançosas ..... . .. . ... •... ...... .... ... 85 
7. O segredo para a infelicedade: obtendo-se o que quer . . ... . !05 
, 8. O cuidar revisto ...•.. ... .. . . ... ... ... ... ...... .. 121 
9. A família saudável e a patologia nonnal . .. . .. ... .. . .. .. 135 
I O. Em que direção há crescimento? 
O acompanhamento três anos após .• ... . ...• • • •• . .. ... 143 
Referências bibliográficas • ............ .. . ..•• ••• ... 159 
Prefácio 
Às 8 lwras, numa manhã de segwida-feira, no final do verão de 1981, 
eu estava sentado na tmlrada do consuil6rio de Carl Whitaker, esperando 
sua chegada. Este seria meu encontro iniciai com Carl, um encontro com o 
desconhecido. Tinha completado meu curso de graduação hd trls anos e via 
isto co';,,,, uma oportunidade para uma fascinante experiência de aprendiza-
do. Com meu curriculum vitae na mão, esperava ansi~rue. Ensaiava 
uma frase inteligente para iniciar a conversação e um agradecimt!!nto por 
ter sido aceito para a visita de três dias. 
Alguns momentos ap6s, ele apareceu na esquina. Enquanto eu me le-
vantava para cwnprimt!!ntd-lo, uma mãe ••• , após um pai ... , então três 
crianças seguiram-no atl! a porta de seu consult6rio. Algo estava errado! 
l sto não era o que eu tinha planejado! Antes de poder entender o que estava 
acontect!!ndo, Carl disst!!: "Ei, você dt!!Ve ser Bill. Venha t!! vamos iniciar''. 
Confuso, t!!U St!!gui a famllia alt o consuil6rio de Carl, consegui se~ t!! 
imt!!diatamt!!nte a/undf!!i-me no sofd. É verdade, eu tinha vindo apnnder so-
brt!! tt!!rapia simb6lico-expt!!rienciai, mas eu não tinha antt!!cipado st!!r o pa• 
ciente! 
Quando chegou o meio-dia, quatro Jamllias tinham sido att!!ndidas. À 
medida t!!m que a manhã passava, t!!U me ncobrt!!i do meu estupor, t!!mergi 
do t!!stado iniciai de irrt!!alidade t!! comecei a aproveitar a t!!Xpt!!r~ncia. A 
tarde troUXt!! mais duas Jamflias, um casal e uma sessão de supervisão com 
um dos rt!!Sidentes. 
Dançando com• famR/a 7 
Às J7h30min, seguindo-se à dltima sessão fmniliar, eu estava exausto! 
o dia tinha sido preenchido com tensão, excitação e drama. Enquanto eu 
inspirava profundamente e suspirava preparando-me para discutir, final-
mente, os eventos do dia com Carl, ele ollwu de relance seu relógio, pulou 
de sua cadeira e direcionou-se para a porta. Antes de desaparecer atrczv1s 
dela, voltou-se e alegremente disse: "Mesma hora, amanhã?'' Enquanto 
eu acenava assentindo, ele acrescentou: • •Apenas chaveie o consult6rio 
quando terminar. Vejo-o amanhã às 8". 
Novamente fui pego de surpresa. Alguns minutos passaram-se ati que 
me movi. Eu estava rodopiando num mundo surrealista, rodeado pelos 
eventos do dia e pelos muitos brinquedos, objetos, arte/atos do consultório. 
Seguindo-se a um dia exaustivo, a energia de Carl e seu entusiasmo eram 
debilitantes. Afinal, ele estava próximo dos 70 anos. Eu ainda não tinha JO. 
Este dia convenceu-me de que havia algo a ser aprendido com este 
homem. Os anos que se seguiram trouxera,n-me em visitas contfnuas. Cada 
experiência era muito valiosa, de um ,nodo diferente. Quando Carl apo-
sentou-se da Universidade de Wiscon.sin e não foi mais posslvel participar 
de sua cllnica particular, a idiia de passar adiante alguns dos meus apren-
dizados veio-me à menle. Este livro t! wn videoteipe que o acompanha são 0 
resultado desta idiia. 
O objetivo deste livro i o de apresentar algo de interesse clínico, e 
não o de oferecer uma teoria abrangente da terapia familiar. Acredito que, 
pela exploração do trabalho de Carl com uma dnica famllia, o cerne dos 
elemenlos de seu trabalho se revelarão. Em vez de, apressadamente, per-
passar atravis de um museu para assegurar-se de dar uma rdpida olhada 
em cada pintura, despender tempo com uma Wlica obra-prima pode ofere-
cer um profundo entendimento e apreciação da arte. 
Ao longo deste texto, um foco dual serd enfatizado. O leitor ser6 soli-
citado a permanecer inleirado da centralidade da pessoa do terapeuta, bem 
como do processo evolutivo da terapia. Sem este tipo de visão binocular, 
pode ser impossfvel integrar reau,u,nte o material. 
Enquanto o material transcrito vem diretamente do trabalho de Carl 
com a faml/ia, o texto de apoio e o material tt!órico são produto de ambos 
os autores. A maneira como as uMias tk Carl me impactaram estd exprt!ssa 
atravis tk minha miio. Aqueles tk voeis que conhecem Carl e seu trabalho 
podem sentir que hd distorções e omissões. Peço tksculpasl Confio q"" vo-
ds se sentirão livres para editar o texto e tornd-lo mais rltil para St!U pr6-
prio trabalho. Divirtam-sei 
Al,!m dos eeforços ,u Carl e dos meus para preparar este livro, outrtJS 
pessoas contribufram significativamente. Os mais calorosos agradecimenlOS 
8 
a Muriel Whitaker por suas contribuiç&s a num;!ros~ d~cussóes relacio-
nadas com este projeto. Minha apreciação profunda a minha mul~r, K_a-
thy, pelo seu enconrajamenlo constante e apoio, bt!m como por sua crfnca 
construtiva, que muito enriqueceu este üvro. _ 
Agradeço, tambim, a Steve Tenenbawn por sua colaboraçao em pro-
duzir o videoteipe; a Jan Martinson pelo seu profissionalismo ao fi~ .º 
material e aos meus amigos do Instituto ,u Terapia Familiar da Calif6rma 
do Sul por seu apoio na condução do teipe. . 
Finalmente, gostaria de t!Xprt!ssar a minha mais profunda gratidão 
à faml/ia. Sua gt!nerosidade em compartilhar t!Sta parte tU suas v~, pa,-_a 
que as nossas pudesst!m st!r enriquecúia.s i inspirador. Foi wn pr1v1b!g,o 
trabalhar com ela. 
W.B. 
Dançando com• fam"/a 
9 
~----~ ::;::;=::=:: 
-
-= ~-"""' 
~ nictando com a farajlia: -
- --=--
~ iando-se~ edefinindo e 
~ ~ andindo osmtoma 
- ~ -~-:-
Enquanto nos acomodávamos para a sessão inicial, havia um clima de 
tensão no ar. João e Maria escolheram o sofá à minha direita, nervosamente 
inquietos, enquanto três dos seus cinco filhos adultos encontravam lugar no 
outro sofá. Os dois filhos que faltavam juntar-se-iam a nós para o áltimo dia 
desta experiencia de tres dias. 
Esta era obviamenteuma fanúlia rural, talvez similar àquela em que eu 
cresci. O pai estava vestido com um macacão novo, enquanto a mãe, simples 
mas agradavelmente vestida. As tres filhas: Vanessa de 30 anos, Dóris de 27 
e Maria de 18 estavam mais dentro da moda e pareciam menos provincianas. 
Enquanto nos engajávamos em uma conversa corriqueira, Vanessa emergiu 
como a porta-voz da famfiia. 
Revisamos brevemente como eles decidiram vir para estas sessões e 
discutirmos a logística para nossa experi8ncia de ires dias. V ancssa tinha in-
citado a id6ia do encontro. Ela estava em processo de aprendizado para tor-
nar-se terapeuta. Apesar de geograficamente distante do resto da farnfiia, ela 
sentia-se amarrada pelas rixas familiares e desejava alfvio. Ela tamb6m esta-
va preocupada com sua irmã de 28 anos, Gail. Gail tinha sido hospitalizada 
devido a estresses emocionais. Ela tinha recentemente entrado em um pro-
grama de hospital-dia e estava sendo mantida com o uso de medicação. 
Curiosamente, o terapeuta de Gail sentia que seu tratamento atual era 
bem sucedido e opôs-se à sua participação nas sessões familiares, com medo 
de que isso· pudesse pôr em perigo seu progresso. Apesar dos riscos, Gaii 
Dançando com a famfl/a 
11 
f 
decidiu comparecer 30 dltimo dia, aparentemente com o assentimento de seu 
rerapeuta. · - bé 
Milce, de 23 anos, 0 llnico homem entre os mnaos, tam _ m chegaria 
atraSado, Ele tinha conflitos em seu trabalho e devia trazer ~ali às sessões. , 
Todos viviam fora da cidade e teriam longas Jornadas na clireçao dos carros. 
Iniciando 
Os momentos de abertura da sessão inicial são com freqüência decisi-
vos. o nível de ansiedade excede em muito o mero desconforto social, UOJ 
processo intenso, encoberto e bilateral de expectativa instintivamente se ini-
cia. Embora nós seguidamente mascaremos as tensões subjacentes, elas 
existem. Perguntas como: ucomo vocês realmente são?" "O que vocês me 
farão"? e "Até onde poderemos ir juntos?", inundam nosso inconsciente 
coletivo. 
Esta 6 a hora para estabelecer alguma ~ ãQ,!ilǧ§"al e não para per-
manecer "profissional" e distante. Uma das fas iniciais é deixá-los saber 
alguma coisa sobre como eu ajo e o que eu espero deles. Eu preciso estabe-
lecer os parAmetros do meu envolvimento com eles e clarear minhas condi-
ções para o relacionamento, 
Assim que eu tomo uma posição, um processo interativo é desencadea-
do, Minha ação origina suas reações. Quando eles reagem, eu respondo, e 
um jogo interativo se inicia. Espera-se que esta dialética leve finalmente a 
uma s!ntese de mais alta ordem. 
Outro componente para entender como isto funciona é considerar a di-
ferença muito real entre asserção e agressão. Ao tomar uma posição clara, eu 
não estou tentando provocá-los, mas, em vez disto, estou pronto a comparti-
lhar com eles algumas das minhas convicções. Eles, é claro, permanecem li-
vres para responder de qualquer forma que desejem. Eles podem opôr-se, re-
belar-se, capitular ou agir de modo completamente indiferente e desinteres-
sado. Em qualquer caso, o processo está em movimento. Em vez de a pri-
meira sessão girar em tomo das revelações 
0
pomográficas de uma estéril 
"entrevista de avaliação", nós estamos aprendendo a dançar. 
. No breve seg_mento de abertura que se segue, note-se o posicionamento 
político _que organiza a estrutura para o que virá a seguir. Minha intenção é 
compartilhar com eles minha crença de que sua disposição para expor sua 
dor é essencial ao crescimento em terapia. Além disso, ele precisa aceitar o 
fato de que permanecem responsáveis pelas suas próprias vidas. As tentati-
12 
vas de abandonar o controle ou a responsabilidade a mim nada farão para 
valorizar seu modo de viver. 
Carl: Como vods decidiram vir? O que 6 que voc!s desejam obter? Como 
posso ajudá-los? 
Deixem-me dizer-lhes como eu trabalho. Eu gostaria de ouvi-los 
para ter uma idéia do sofrimento que estão atravessando. Assim posso 
sentir meu jeito de proceder com a famfiia. Mas eu preciso ser bem 
claro com vocês, eu sou uma esp6cie de treinador de um time de bei-
sebol, eu não estou jogando no timc, Vods tem que fazer as decisões 
finais sobre o que voc!s fazem com suas vidas. 
(pausa) 
Devo avisá-los de que eu me tomo mesquinho. 
TraJar de modo direto com a famllia sobre as minhas condições para 
trabalhar com eks é crocial. Eu quero que eks entendam, que embora eu 
est-eja disposto a trabalhar com eles. não estou interessado em tornar-me 
wn membro real dafamllia. 
Minha responsabilid,;uk inclui ser tão pessoa/menu responsivo quomo 
possa para com seu sofrimento, mas nóo implica em aceitar qualquer res-
ponsabilidade por suas vidas. 
Meu adendo sobre tornar-me mesquinlw é para livrd-los da fantasia 
de cura que e/,es trouxeram. Eu tento contaminar esta idéia. Meramente 
atendê-los nlio trard rumhwn beneffcio. Hd trabalho duro pela frente. Eu 
não posso fazê-lo por eks, ou poupd-los do conflito. 
Pai: Nós estamos acostumados a isto lá na fazenda, 
Carl: Vocês estão acostumados a isto lá na fazenda? Eu nasci e cresci numa 
fazenda pastoril, Eu deveria ter trazido minha vaca. Eu fui fazer com-
pras e alguém me deu uma vaquinha de brinquedo com t1beres, para 
quando cu estivesse me sentindo só e quisesse me aconchegar em uma 
vaca n..:,vwnente . 
A reação do pai ao meu oferecilnento desencadeou wna resposta de 
aliança da minha pane. Eu queria que a famllia soubesse que eu também 
fora wn fazendeiro. Que eu poderia semir empatia. Que eu poderia nle re-
lacionar com eles de fonna pessoal, com relação aos seus conflitos. 
Dançando com a famnta 13 
tipo de aliança pode ser panic,,~nte poderosa porque ,! muito 
rraJ. de uma e tpt!rilncia de vida em comum. Isto,! muito mais Pt!s-
SCJtJI do 'l"" a alitlldt! profissional padrão de ''eu gostaria de ajudd-los' •. 
Neste momento da entrevista, a mlie parecia inquieta. Ela poderia estar 
prcocupnda que o pai e eu tiv6sscmos coisas demais em comum. Sua reação 
aitomática foi de esboçar uma queixa levemente dissimulada contra ele. Se 
ela pudesse desacreditá-lo, de alguma fonna, poderia reduzir as chances de 
cu ser seduzido por ele. Embora sua preocupação possa ter algum mérito, eu 
nlio estava preparado para ser colocado sob fogo cruzado numa fase tão pre-
coce. 
Mát!: Ele tinha mesmo que vestir seu macacão. Eu disse: "Voce acha que é 
adequado vesti-lo em uma reunião como esta? 
Ele já o tinha há seis meses e nem o experimentara! Eu deveria 
encuná-lo. Bom, finalmente eu o medi comparando-o com um maca-
cão velho e o costurei ontem à noite. 
Carl: Eu seguidamente tinha a sensação de que uma das coisas que eu con-
servaria da minha infância, seria quando algo se quebrasse, como 0 
trator, a máquina de cortar grama ou qualquer coisa ••• 
Mlk: Sim. 
Carl: ... e meu pai viesse até cm casa para apanhar as chaves do carro. Mi-
nha mãe diria: "Você vai até a cidade? Não é melhor colocar um par 
de calças?!" E ele diria: "Eu não vejo nada de mal com meu maca-
cão." Esta é mais ou menos a discussão mais séria que eles jamais ti-
veram, pelo menos que eu saiba. 
M&: Verdade? 
Carl: Eu tenho a impressão de que ainda trago isto comigo. Que cu posso 
comprar um temo e fazê-lo parecer-se a um macacão em mais ou me-
nos três dias. 
(risos) 
Ponanto, eu ainda estou brigando com minha mãe sobre vestir 
roupas boas. 
Esta foi uma reação instintiva aos esforços da mãe para seduzir-me 
em altar-me com ela contra o pai. Ela queria que eu concordasse que 
O 
pai 
,! vresponsdvel. 
14 
Apesar dela estar falando sobre o macacão, a implicação real era cla• 
ra. Esta era uma /omui de deftnir-.re como nllo .rendo ruponstfvel por ne-
nhum dos seus conflitos. 
Completamos agora um ciclo de um processo que ocorrerá repetida-
mente ao longo do curso da terapia. Nestes poucos momentos iniciais, eu me 
coloquei de modo a me aliar, assim como de individualizar-me deles. Esta li-
berdade de mover-se para dentro e para fora é uma tarefa básica da terapia, e 
de todo o viver. Nós buscamos, simultaneamente,níveis mais profundos de 
pertcncirnento e de individuação. 
Quando falamos sobre vida, nós estamos realmente falando sobre rela-
cionamentos. Não existimos isoladamente. A vida emocional implica sempre 
em o uoutro" estar envolvido. 
• • * 
Pergunta: O.K., Carl, eu tenho algumas dtlvidas sobre este segmento ini• 
cial. O que você estava tentando conseguir com este tipo de 
abertura? Especialmente sobre este seu aviso de ser mesquinho? 
Isto quer dizer que você não se importa com eles ou o quê? 
Resposta: É claro que eu não me importo com eles! Acabei de conhecê-los! 
Eu espero ficar preocupado com eles, porque seria muito solitário 
sentar-me ali e falar a estranhos. Mas cu quero deixar claro que 
eu não estou ali artificialmente bancando o receptivo. Eu sou co-
mo qualquer cirurgião. Estou interessado em ver a patologia re-
solvida, e não em prcvinir o derramamento de sangue. Eles preci-
sam saber que a coisa ! dolorosa, para se prepararem. É como o 
dentista lhes dizendo: "Você sabe que isto irá doer", antes de 
colocar a agulha em seu dente. 
Eu chamo isto a "batalha pela iniciativa". Isso os faz manter 
a iniciativa cm suas próprias vidas. Toma-os certos de que a an-
siedade que os trouxe permanece ali. Que eles não sairão livres 
de ansiedade, nem desfalecerão e esperarão que eu tome conta de 
seu mundo. 
Perguma: Mas eles o procuraram para obter ajuda com sua ansiedade. É por 
isto que eles estão ali! Você está dizendo que você não fará isto? 
Resposta , Correto. Eu não quero aliviá-los de sua ansiedade. Eu quero que 
sua ansiedade seja a força que propulsione o movimento das coi-
sas. Então, eu quero associar-me a isto e tomar sua ansiedade 
mais produtiva. 
Dançando com a famflla 15 
. d fi 1 deste segmento, você começou a falar sobre v . Proxnno o m at 
Perg11nta. d e que você era de uma fazenda. Para que isto? 
cas e a fnzen a, · 
é 
rocedimento que Minuchin chama de aliança. Se voe· 
Resposra: Este um P E e 
não acha uma causa comum... u pe~so que . a transferência, .•• 
Freud fez um erro muito sério, •... eu nao deveria d1zê_-lo, ... ao su. 
é transferência do paciente que faz a terapia funcionar por que a • 
Eu não acho que isto seja correto. Eu penso que é a amamentação 
materna que faz com que a criança ame a mãe, e não que O amor 
da criança pela mãe a faça ter leite. . . . 
Eu penso que O terapeuta precisa mtemahzar a dor do pa-
ciente, de modo que se identifique com ele. De forma que ele 
obtenha uma resposta empática em si mesmo. E, então, ele tem 
que ser muito cuidadoso para não ser tragado e tomar conta do 
processo. . . . 
Em Busca do Pai 
Na abertura da sessão inicial, eu envolvo a família em um processo tí-
pico de construção da história. E esta não é apenas a história que circunda a 
queixa principal. Na verdade, o oposto é o verdadeiro. ~u pretendo conhecer 
mais sobre a família como um todo. Através da obtençao de um quadro total 
da família, eu os deixo saber que os vejo através de uma ótica diferente. Eu 
lhes digo que estou interessado em todos eles. Que eu de forma alguma 
aceito a vítima do sacrifício com a estrela. 
Este tipo de história familiar delineia um contexto mais rico a partir do 
qual posso operar. Algumas das origens centrais do sofrimento familiar e de 
seus conflitos são revelados. Uma estrutura trigeracional começa a entrar em 
foco. Sua mitologia concernente a assuntos tais como morte, doença, raiva e 
divórcio vem à luz. Isto toma o esboço familiar muito mais abrangente. 
Também provê a oportunidade de abordar algumas áreas muito carregadas 
emocionalmente de forma não ameaçadora. A fam11ia é solicitada a ser muito 
íntima, desde o início. Como este é nosso encontro inicial, eles não desen-
volvem o sentimento subjacente de paranóia que emerge da sensação de ter 
sido imaginado ou descoberto de antemão. 
Meu ponto de partida usual é iniciar com o pai. Em nossa cultura, o pai 
é, tipicamente, o progenitor mais periférico. É minha intenção engajá-lo 
imediatamente. 
Em vez de ser um ato de deferência ao homem como chefe da casa, eu 
estou desafiando sua posição impessoal, de ser um não-membro da fanúlia. 
16 
Eu, freqüentemente, tive a experiência de ver o pai, não como um membro 
da família, mas como o homem que vive na casa ao lado. Ele é como uma 
pessoa que vai para casa em busca de comida ou sexo, mas não para ser in-
cluído na intimidade. Desafiar esta pseudoposição é crucial para a tarefa de 
criar uma sensação de unidade familiar. É difícil chegar a uma coesão fami-
liar quando o pai está fisicamente presente, mas emocionalmente ausente. Ao 
trazê-lo para a discussão, estou oferecendo um sentimento de esperança para 
a famflia de que a vida pode realmente mudar. 
Carl: Pai, você pode me contar sobre a famflia? Não sobre as pessoas, mas 
sobre como ela funciona. 
Pai: Bom, hoje em dia é difícil na fazenda. Há muita interferência de fora 
e ••• oh, eu diria, muita competição. 
Bem, é claro, quem quer que esteja resrrito à fazenda ou tenha 
que operá-la ..• bem, não se gosta disto. A gente fica melindrado. A 
gente tenta manter o local funcionando. Uma coisa leva à outra e à 
outra, às vezes não é com a melhor das vontades. A única vez que 
eles retomam é para uma consulta. 
Os pais tipicamente têm uma tarefa muito difícil ao responder a este 
tipo de questão. Embora a resposta paterna tenha sido um lanto vaga. ela 
não parecia evasiva. Ele identificou áreas de tensão e revelou uma cons-
ciência da insatisfação. 
À medida que a descrição paterna da família continuava, ele listou as 
idades de todos os filhos. Ao falar sobre Maria, a mais moça, ele iniciou 
com: "Ela é o bebê". Talvez o fato desta apresentação ser a mais pessoal é 
que me levou a comentá-la. 
Carl: Você não parece muito infantil. Suponho que atualmente vocês devem 
ter trocado a palavra para "gatinha"(*) 
P.ai: Sim. Ela é uma gatinha também, se você quer colocar as coisas deste 
modo. 
Carl: Bem, eu não estava querendo me referir a ela nestes termos, já que 
vocês estão aqui. Voce sabe. A gente tem que ser cuidadoso quando o 
pai está por perto. 
Pai.' Sim. 
•Notada R.: Babe, no original. Enquanto baby(bcM), temo sentido de infantil, ou o mais jovem cm 
um grupo conaidendo, babe, na g(ria, o epíteto carinhoso para uma mulher jovem usualmente uma 
namo111.da. O termo .. gatinha", da g(ria bruilcira tem um tignHicado semelhante e porta tam~m a 
conotação levamente sensual que o autor pretendeu introdw:ir . . 
Dançando com• famllll 17 
(risos) 
. fi mw um tanto dissinm/nda de explorar uma se.tl«lliA-, 
Esta foi uma O • • . '-'<"le 
. mas não conseg111a identificar. 
lat~nte. que eu ~nna, 
. t s após 8 descrição paterna da famflia recomeçou, Cabe Poucos nunu O • . . • • _ 
. . ecessidade de dmgll'-me duetamente à mae. Eia estava fii-assmalar aqm ª n . 
. · 1 com toda atenção dirigida ª" p31. Dado o seu papel de centro cando mqu1e a . . 
. d ,arn11·a é difícil para ela tolerar demasiada tnformação aporia. emocional a 1, 1 , 
da por ele. 
Carl: Conte-me como era a família nos velhos tempos, pai. Mãe, permite 
que eu fale com O pai, para que eu possa ter uma idéia de como ele 
pensa as coisas? 
M&: OK. 
Embora pareça um tipo de comentário quase incidental, ele tem wn 
propósito claro. Eu estou informando à mãe que não a esqueci, bem como 
pedindo a ela para não inte,ferir em minha conversa com seu marido. 
O pai foi em frente, falando sobre a dinâmica interpessoal entre os cin-
co filhos, bem como enfatizando uma clara divisão no modelo de trabalho no 
que diz respeito ao casamento. Uma clara falta de unidade entre os pais com 
relação às práticas envolvidas na educação dos filhos estava bem clara. Ele 
observou que, freqüentemenle, a falta de consistência delas deixara os filhos 
confusos. 
Alterando as Perspectivas: Criando um Ambiente Interacional 
A medida que o processo de entrevista voltava-se para os assuntos re-
lacionados com a famflia de origem, a tensão tomou-se mais pronunciada. 
Nesta vinheta, a informação históricaserá trazida com sua relevância para o 
presente. Ela revelará francamente, muitos aspectos sobre o estado atual de 
relacionamento entre o casal. Ao longo da vinheta, eu questiono o pai sobre 
seus antepassados. 
Carl: Ele está mono, também? 
PaL· Sim. 
Carl: Quando ele morreu? 
18 
Pai: Em 1972. 
Carl: Qual foi a causa? 
Pai: Ele tinha 89 anos. Estava velho e doente. Ele levou uma vida muito 
boa. 
Carl: E sua mãe ? ... 
Seu pai era fazendeiro, também? 
Pai: Sim. 
Carl: Do que sua mãe morreu ? 
Pai: Ela morreu aos 62 anos, de pneumonia. Nós poderíamos tê-la evitado, 
se tivéssemos percebido. 
Carl: E seu pai? ~ le casou-se novamente? 
Pai: Não. 
Carl: Qüantos irmãos e irmãs você tem? 
Pai: Nenhum. 
Carl: Você é filho único? Não admira que você seja mimado, hein ? 
Mãe: É isto mesmo' 
Carl: Este é o ven:ladeiro problema, hum? 
À medida que a hist6ria se desenrolava, eu fui subitamente tocado por 
esta infonnação. Talvez parecesse incomum em uma famllía rural. Minha 
resposta foi impensada, no sentido de não ter um prop6sito claro, mas foi 
altamente relevante em tennos de representar minha associação interior ao 
dado que emergia . A capacidade de sentir e utilizar estas associações é 
central para o meu trabalho. Partir do dado de que o pai era filho único 
para chamá-lo de mimado foi wna reação automática, não uma intervenção 
planejada. 
O compartilhamento de minha associação foi muito significativo em 
termos da resposta que provocou na. mãe. ~ nferência ! ra que ela se via 
como wna vftima inocente de sua insensibilidade. 
Mãe: Sim. Se ele tivesse sido educado ... Ele teria tido uma irmã. Mesmo! 
Uma irmã que não teria muida diferença de idade. Molly estava an-
dando pela leiteira, um dia, e escorregou. Ela pen:leu o bebê aos 8 
meses. 
Doris: Mais velha ou mais moça? 
Mãe: Mais moça. Teria sido muito bom, porque ela lhe teria dito: "Sai da-
qui!" "Não faz isto"! Irmãos e irmãs se dizem estas coisas. Amigos 
têm medo de dizê-lo. 
Carl: Isto vale para as esposas, também, ou voce está sendo uma innã boa-
zinha? 
Dançando com a famflla 19 
sej·a Talvez eu seja muito boa para ele. Mãe: Talvez eu · . 
ri P que 
vod nõo vai além disso? 
Ca : or 
N 
,.ç
0
...,.
0 
paro mobilizar a mãe a ser mais direta, eu per . 
um e~J' • > sona/ize; 
este assriJ1to para refletir-se c/aronu!llte sobre ela . 
Mãe: Eu nlio sei! É dillci I para mim. 
Carl: Você é uma parasita somente? Assim, naturalmente? 
Mãe: O quê? O que você disse? 
Carl: Você é uma parasita por natureza? 
Com O objetivo de libertar a miie de seu papel auto-defir,ido de v(tima 
da falta de atenção de seu marido, eu a chamei de parasita. Estou sugerin-
do qUJ! luf algo simpJ1!jp em assumi-lo. 
Agora o q11adro pode ser mais complexo de que simplesmente um ma-
rido incapaz. Agora ela também se encaixa no quebra-cabeças, formando 
•~ ges~cqny,leta da ..!!!E!!!filidade ,!J!!!j_tl!l., 
Mãe: Talvez eu seja! Ah, eu fico furiosa com ele muitas vezes, mas ele sim-
p:esmente foge. Ele não briga! Ele se afasta por uns 40 (acres) e eu 
nao consigo encontrá-lo. Eu fico furiosa, porque ele não briga. Ele 
apenas vai embora! 
. Aqui a mãe revela perceber que sua abordagem não funciona. Ela 
persrste em respostas ineficazes. Ela afinna querer mudanças, ,nas sente-se 
desamparada, porque seu marido não irá cooperar. Ela convive com um 
centro de controle exterior. ......_ 
Carl: Por que você , · 
D6 
. nao arranJa um arco e flecha ou algo assim? 
ns: Pegue o trator. · 
Carl: Ou uma espingarda eh . d f 
1 
. eia e pedras de sal? As pessoas costumavam 
a ar sobre tsto, quando eu era criança. 
Para contrabalançar seu tuaçâo E 
1 
contfnuo desamparo, eu decidi a1npliar a si-
. s ou tentando conclamá l . gestão de usar n - a ª agir co,n ,nois intensidade, pela su-
arco e ,,echa E mini conta de que 
I 
á . · . 1ª esperança que isto o ajudará a dar-se 
1 mars maneiras d 1 também di-end _ e entar. Eu desejo fortalecê-la! Esto11 
- o que eu nao vou ir d , wna maneira diven·d e encontro a sua auto-vitimizaçâo. De 
'. a, estou oferecendo esperança. 
20 
.... 
Pergunta: Carl, o que você está tentando conseguir aqui? Por que você tJlo 
rapidamente rotulou o pai de mimado e a mãe de parasita? O que 
você está querendo? 
Resposta: Não foi tlio rapidamente, Eu cnfoquei o pai cm seu estilo de vida, 
descobrindo a respeito de seu pai, sua mãe e sua irmã abortada. 
Eu descobri que ele era filho itnico e disse o que eu acredito so-
bre filhos i1nicos, que eles se casam com alguém que continuará a 
mimá-los. Então, eu acusei a mõe de ser parasita. 
Fazendo isto, de fonna metafórica, cu coloquei cada um deles 
como vítima do outro, e também como dominador do outro. As-
sim, eu tenho um sistema interacional. Eu já estou falando sobre 
sistemas, mais do que sobre indivíduos. 
Pergunta: Mas a fonna como você fez isto, então ••. f como se você tomasse 
urna idéia de sua própria cabeça, de seu próprio modo de pensar e 
a impusesse sobre eles. Isto não é perigoso? Eu quero dizer, você 
não estava usando a informação da entrevista! 
Resposta: Não. Eu penso que isto é no sentido contrário. Se você toma isto 
deles, então é perigoso, porque eles têm que lutar contra você. Se 
você produz suas próprias idéias, então eles podem descartá-las, 
ou mantê-las, ou adotá-las mais tarde, A responsabilidade não é 
deles, é sua! 
Pergunta: Mas isto não é uma coisa arriscada de se fazer profissionalmente? 
Trazer você à frente e para o centro da sala desta forma? Não se 
supõe que você faça primeiro uma avaliação? 
Resposta: Eu não acredito nisto! Eu penso que fazer uma avaliação tende a 
ser licencioso. Provém de sua própria patologia e de sua própria 
curiosidade. Penso que a melhor maneira é fazer um julgamento e 
deixá-los decidir se este seu julgamento é certo ou errado. Isto os 
mantêm em uma posição de respeito, em vez de serem degradados 
por você se tomar um detetive ou um voyeur, e eles serem consi-
derados como exibicionistas. 
Este segmento aponta para outro aspecto crucial do trabalho com famí-
lias. Quando eu encontro uma família, eu estou absolutamente certo de que 
eles têm em si mesmos a capacidade de lutar e de crescer. Não há necessida-
de de determinar ou avaliar isto. Eu sei que é possível. A verdadeira questão 
toma-se a da coragem, tanto deles quanto minha. Estamos dispostos a arris-
car velejar em águas inexploradas? 
Dançando com a famflia 21 
famlli• iniciou com a suposição implícita de que o Pai era o 
Esta A chave t a sua inabilidade de falar e de ser u ver. 
· -.hlelllL ln apoi 
cád<'"' .,,v- mo uma incapacidade sua de envolver-se em v o, 
e., t percebida co . . . . • ez de UJn =• .1• mais amplo de envolVJmento e mtrnudade. Eu dese· . ...nhJcma f:uru ,ar Jo hVfá. 
,,,_ 
6 
. csttcita e criar esperança, desenvolvendo opções altc 
los dCSIB I g,ca - rnat;. 
ernplo particular, a mae é o outro lado da moeda. Seu 
vas Neste ex . . . E P<>dcr 
~isa ser ativado, para mudanças reats tere~ m cio. nquadrando juntos os 
P . de criança "mimada .. e de "parasita", é possível considerar 
conceitos . seu 
relacionamento como uma . dança h~bilmente coreografada, na qual eles se 
movem em perfeita sincronia. Defü~mdo o poder como mutuamente pertenci-
do e compartilhado, ambos estão hvres para mtctar o processo de transfor-
mação. 
Mas t necessário mais! Não apenas o velho modelo deve ser destrufd 
e sua mutualidade ressaltada, mas isto precisa ser feito de uma forma q; 
não seja facilmente repudiada. Oferecer à mãe a fantasia de caçar O pai com 
arco e flecha pode servir para fortalecê-la. Transmite-lhe a mensagem de que 
há coisas que ela poderia tentar. Ao mesmo tempo, é claro, o pai está sendo 
avisado para ser um pouco mais cauteloso. Se a mãe realmente começa a to-
mar a si ·e às suas necessidades mais seriamente, seu marido pode ser forçado 
a segui-la. A metáfora do arco e flecha é uma maneira maravilhosa de enco-
rajá-la a levar-se em conta mais seriamente, sem correr o risco de eu tomá-la 
mais seriamente do que elao faz. 
Com a continuidade da sessão, o tema do afastamento emocional entre 
mãe e pai persistiu. Apesar da mãe queixar-se, ela parecia resignada a isto. 
Ela continuava a ver isto como a decisão dele e sentir-se vitimizada por sua 
indiferença. 
Como no segmento anterior, meus esforços são no sentido de ajudá-la a 
descartar-se da lógica linear. Eu desejo jogá-la num mundo de mutualidade e 
dctemrinação bilateral. Este tema aflorará repetidamente, porque ele serve 
como um pilar real da balança homeostática do casal. Como o dilema das al-
gemas chinesas: a fim de romper o impasse, ela precisa estar disposta a 
abandonar a posição que mantém tenazmente. Ela precisa enfrentar o fato de 
sua completa participação no conflito. 
Como na vinheta anterior, note-se o esforço para enquadrar sua dança 
como requerendo cooperação mútua. Não é un;i ou o outro, é um e o outro. 
Ambos, mutuamente, criaram um estilo de vida que impossibilita a intimida-
de marital. 
Carl: Quanto tempo depois de terem se casado você decidiu que ele amava 
mais as vacas do que você? 
22 
Com este comentário, estou tentando fornecer uma metáfora absurda 
que permanecerd com eles. Estou oferecendo uma forma nova de ver os fa -
tos de sua vida. A imagem do pai abraçando suas vacas permanecerd com 
eles muito tempo após nossas sessões terem tenninado. 
Mãe: Bom. .. Eu não sei. Eu não consigo lembrar. Eu tive um filho após 0 
outro. É diffcil. Eu não sei. 
Carl: O que é que ele pôs em seu lugar quando você começou a amar as 
crianças em vez dele? Começou a amar o dinheiro ou apenas as va-
cas? 
Identificando um processo paralelo de sua infidelidade, uma -~stalt 
mais completa é formcula. Eu quero que eles vejam claramente o curso que 
tomou seu casa,nento. 
Mãe: Passou a amar o trabalho, provavelmente. 
Carl: S6 o trabalho, hein? 
Pergunta: Bem, eu posso ver a mutualidade aqui, Carl. Eu posso ver que 
eles estão juntos, que ambos são parte desta coisa toda. Mas, vo-
cê sabe, a imagem do pai acariciando as vacas e a mãe, os fi-
lhos ... Que imagem mais maluca! 
Resposta: Este é um tema muito crítico! Se você fala sobre algo que é tão 
louco que não pode ser incluído no seu processo programado de 
pensamento, então você os deixa com um quadro que é seu, e não 
deles, e eles podem começar a atribuir uma simbolização a este. 
Eles podem começar a atribuir-lhe força, até que se tome uma 
parte muito carregada de suas vidas. 
Pergwrta: É verdade mesmo que os fazendeiros se apaixonam por suas va-
cas, em vez de por suas mulheres? 
Resposta: É claro! Eles têm 60 vacas e podem nomear cada uma delas. 
Este segmento expõe uma difundida e culturalmente sancionada forma 
de infidelidade conjugal. A infidelidade bilateral do pai se apaixonando por 
seu trabalho e da mãe por seus filhos é exuberante. 
Dançando com a famOia 
. d dinfunica eu freqücntementc, faço questão de Ao revelar este UPo e , , 
. . ai do casamento como um caso. Embora esta pa-
i· cstn traição emoc1on -
rotu ar . a ·ociada a uma conotaçao sexual, eu me esforço pa-lipicamcntc esteJa ss ' 
lnvrn ,., . - Eu quero estabelecê-la como uma entrega emocio-r• ampliar esta dc,1mçao. • . É . . . 
lgo que não o seu conJuge. 1mponante aux1har os nal a alguém ou a a . . 
l perceberem-se de que há muitas fonnas de se distancia-membros do casa a a . _ . 
d trO Eu quero que eles apreciem a noçao de que um investi-rem um o ou • 
mento significativo externo pode drenar a vit~lidade do ~asamento. 
Embora a variedade sexual de infldehdade frequentemente carregue 
consigo sentimentos especiais de ressentimento e a_mar~ura, os casos,~ão se-
xuais são também poderosos. Através da dessexuahzaçao da palavra caso", 
espero transformá-la em uma descrição que se tome pane_ da maneira do _ca-
sal pensar sobre a vida do dia-a-dia. Quando bem sucedida, parece sunir 0 
efeilo de elevar seu nível de consciência no que se refere a como um trata o 
outro. 
o cenário usual para o desenvolvimento desta infidelidade bilateral 
ocorre da seguinte maneira. Com a progressão da primeira gravidez da mãe, 
ela toma-se cada vez mais envolvida com seu filho. Ela e a criança tornam-
se um, enquanto o pai, não importa o quanto esteja envolvido, fica um pouco 
mais distante. Após o nascimento, o caso mãe/filho continua, com o pai ain-
da do lado de fora. Sentindo-se rejeitado e abandonado, ele pode ir buscar 
amor alhures. Ele cone o risco de super-investir seu trabalho, seu jogo de 
golfe ou a secretária. A maturidade para permanecer focalizado na família 
parece faltar. Poucos homens têm a capacidade de conter-se e esperar que a 
simbiose mãe/füho se desfaça para que eles possam ingressar completamen-
le. 
Durante este período de transição de um casal para uma famflia, as ta-
refas de desenvolvimento massivas em questão freqüentemente sobrecarre-
gam o par. A não ser que eles encontrem com êxito o caminho de volta um 
para o outro, ainda que incorporando também o bebê, o casamento está em 
perigo. Ou eles crescem juntos ou crescem separados; não há um curso neu-
tro. 
Dando continuidade ao segmento prévio, surge uma dicotomia interes-
sante. São expostas as complexidades de ser uma mãe para o marido. 
Carl: Ele é mesmo um viciado no trabalho? Ele ama apenas o trabalho e na-
da mais? 
M,ú: Sim. 
Carl: Ele não pode divertir-se? 
Mtk: Ah, pode sim! Ele dança muito bem. 
24 
Carl: Mesmo? 
Mãe: Sim. Ele é um excelente dançarino. Ele pode patinar também. Ele é 
muito jeitoso. As mulheres o adoram. Todas as mulheres o adoram! 
Carl: Exceto as que são casadas com ele. 
Mãe: Sim. É bem isso. 
(risos) 
Carl: Você pode ter que trocar de lugar com elas. Então, você poderá 
amá-lo e elas poderão tomar conta. 
Mãe: Sim. É isso mesmo! Elas não percebem o que é viver com ele. Eu lhe 
digo: uoh, como é difícil viver com você, pai. Você é tão e,cigente." 
Carl: Você o chama de pai. Imagino que ele a chame de mãe. 
Mãe: Não, ele não. 
Carl: Ele não a chama de mãe? Ele apenas espera que você continue sendo 
sua mãe. hein? 
Aqui estamos diretamente discutindo o fato de que as relações podem 
ser vistas sob uma variedade de ângulos. Estamos falando sobre a diferença 
entre ser uma mulher para um marido ou uma mãe para um menino. Embo-
ra ambos os papéis possam ser parte de um relacionamento real, wn deles 
deve predominar. 
A discussão mudou para a decisão familiar de não convidar a avó ma-
terna para assistir às sessões. O pai era o membro da famflia mais favorável a 
convidá-la, enquanto a mãe era a que mais claramente se opunha. 
O segmento que se segue revela algumas das complicadas dinâmicas 
que permeiam a família. 
Carl: Eu tive uma idéia maluca. Vocês alguma vez têm idéias malucas? Eu 
tenho esta teoria, eu tenho teorias que me saem pelos ouvidos. Uma 
delas é que a gente se apaixona pela mãe e então casa com a filha. 
Você já pensou nisto? Que ele se apaixonou por sua mãe e então se 
casou com você? 
Mãe: Sim, porque eles se dão perfeitamente bem. 
(risos) 
Nós vamos até a casa dela e ela corre e diz: "Oh, John"! Ela o 
agarra! 
Dançando com a famR/a 25 
Carl: E ele a leva para dançar? 
Mãe: Não. ? 
Carl: Você dança também. 
. 5 . mas não tão bem quanto .•• Mãe. 1m, _ . ? 
1_ Não tão bem quanto sua mae, hem • . 
Car · té ito bem Ela é muito mrus flexível do que eu. Mãe: Ela se man m mu . , - . 
Carl: Provavelmente esta é a razão por que voce n~o ~ugm do casamento em 
todos estes anos. Você não pode levar sua mae Junto. 
Mãe: N6s somos muito chegadas, não poss~. . 
Carl: Você quer dizer que é um tipo de b1ganua? Ele está casado com am-
bas vocês? 
Mãe: É. Mais ou menos isto. 
Isto t! importante. Estti claro agora que o pai pode estar próximo das 
pessoas. É apenas ele e sua mulher que estão distantes. 
Mais tarde, o foco deslocou-se para o tópico das antigas namoradas do 
pai. Isto proporcionou uma outra oportunidade para atacar a tendência da 
mãe de não levar-se mais a sério. Ao desafiar isto, estou tentando ajudá-la a 
tomar-se mais gente. Isto fornecerá o impulso paratoda a família arriscar-se 
a crescer. 
Mãe: O pai ainda fala sobre suas antigas namoradas. 
Carl: Elas alguma vez voltaram para competir com você? 
Máe: Sim. Ele as joga na minha cara todo o tempo. 
Carl: Você já se preocupou sobre onde ele vai quando vai para a cidade? 
Máe: Não. 
Carl: Você pensa que ele é velho demais, hein? 
Máe: Não. Eu só penso que ele ••• eu confio nele. 
Carl: Você confia nele? Bem, meu Deus! 
Isto é loucura! 
Você pode imaginar isto? Uma mulher confiando num homem. 
Mãe: Bem, eu confio nele, porque eu não faço nada que não devesse! 
Carl: Ela ainda é uma parasita. 
D6ris: É. 
Máe: Talvez eu seja uma parasita. 
Carl: Sim. Confiar num homem! Qualquer um que confie num homem é 
um parasita. 
26 
Aqui estou tentando contaminar o sossego da mãe com sua visão 
amortecida do casamento. O que ela estd chamando de conrwnça, pode, na 
verdade, ser falta de interesse • 
Isto foi engraçado! Era uma oportunidade de falar ironicamente e ainda 
ser muito direto ao mesmo tempo. Ao incomodar a mãe sobre a confiança no 
pai, eu desafio também a família inteira a reavaliar sua idéia de confiança. 
O Pai Começa a Emergir 
À medida que a sessão inicial aproximava-se do fim, o foco voltou no-
vamente a centrar-se no pai. Desta vez, a discussão versou sobre a sua infe-
licidade. Ele descreveu-se como consumido pelo trabalho na fazenda e pelo 
pesado esforço que isto exigia. 
Carl: O que você acha disto, mãe? Você pensa que o pai se desgatava há IO 
anos atrás? 
Mãe: Bem, eu não sei o que é que você quer dizer com "se desgatava". 
Carl: Encheu-se. Estar de saco cheio com este trabalho. Pronto para mudar. 
Penso que, se eu pudesse falar abertamente, à beira do suicídio. Você 
sabe. Sentindo-se sobre o topo da colina e esperando a morte vir apa-
nhá-lo. 
Mãe: Eu não sei. Ele sempre falou de coisas como esta. Ele era mórbido. 
Ele gostava de funerais. Agora ele não gosta mais de ir. 
Carl: Ele não gosta mais de ir a funerais? 
Mãe: Não. Ele não gosta mais de ir. Ele quer se mudar para não ter que ir 
mais aos funerais de seus amigos. 
Carl: Quando isto mudou? 
Mãe: Um ano atrás. Ele disse: "Vamos para Califórnia. Assim não teremos 
que ir a todos os enterros deles". 
Carl: Você se sente sozinho? 
Pai: Sim. 
A progressão de sentir-se des,?astado até falar de sua solidão muito 
encorajadora. Sugere que ele pode ser capaz de enfrentar sua necessidade 
pelos outros. 
Carl: Quanto tempo mais você acha que vai viver? 
Dançando com a famflla 27 
boa pergunta. No que diz respeito a mim, estou pronto 
Pai: Esta é uma 
qualquer dia. 
Carl: Oh, mesmo? 
Pai: Certo. 
carl· Por que? · f · . "da boa. Eu fiz tudo o que eu sempre qms azer. Se eu 
Pai• Eu 11ve uma vt . 
. . se que viver tudo de novo, eu fana o mesmo. 
11ves . ? 
e l: E você não faria isto dez vezes IlllllS • ar . ? 
Pai: Bem. .. como você podena. 
• me referia a mim. Somente sobre você. 
Carl: Bem, eu nao . . _ 
Pai: Bem, se eu vivesse novamente, eu ma da mesma forma. Eu nao te-
nho arrependimentos. 
Foi um trabalho duro, mas a vantagem é que com ele você sem-
pre tem a satisfação de ver seus resultados. Enquanto que com uma 
série de coisas, um bom trabalho numa fábrica, por exemplo, você 
ganha bom dinheiro, mas não tem nada de produto para mostrar. 
Mas, na fazenda, se você tem sorte e tem uma boa colheita, dá para 
sustentar sua comida e suas roupas. Você não tem dívidas, nem cré-
ditos. 
Carl: Eu tive uma sensação estranha. Ele é suscetível? Eu pensei que ele ia 
chorar. 
MM: Ele nunca chora nos funerais, ou em qualquer outra ocasião. Nem 
mesmo no enterro de seu pai. Eu estava me esvaindo em lágrimas. 
Dóris: Ele chorou no fim. 
Mã~: Sim, eu o vi no fim. Um pouquinho. 
Dóris: Bem, todos nós temos nossos níveis. 
Carl: Eu pensei que ele ia chorar há pouco. Você achou que ia chorar há 
um minuto atrás? 
Pai: Bem, eu senti ... às vezes eu fico assim. Você sabe, mas ... Bem, como 
meu pai. Se você visse o que ele passou. Eu estava feliz que ele pu-
desse descansar. 
Novamente, ser capaz de qualificar o pai como um ser humano, em 
vez de uma mdquina, é crucial. Estabelecer o fato de que ele também tem 
sentimentos é vital. 
Ao término da sessão inicial, o pai começou a dar sinais de humanida-
de e a relação marital , · d fi ·d . • -. ,01 re e 1m a como uma associação mútua. A sensaçao 
subliminar de um ta · . pro gomsta e um antagonista foi substituída por um mo-
delo mais fluido s . · · ua nature7.a interativa é agora destacada. 
28 
O processo de terapia fanúliar gira em torno de pessoas e relaciona-
mentos, não de técnicas de intervenção ou abstrações teóricas. O terapeuta, 
como ser humano, é básico. Como Betz e Whitehorn (1975) tão bem coloca-
ram: "A dinâmica da psicoterapia está na pessoa do terapeuta". Teoria e 
técnica tornam-se vivas e tomam forma apenas quando filtradas através da 
personalidade do terapeuta. 
Como pessoas a quem sucede sermos terapeutas, seríamos insensatos 
em não encarar seriamente o papel central de nossa personalidade, nossas 
suposições filosóficas e preconceitos pessoais no processo ter&pautico. Nos-
sas crenças sobre a natureza dos seres humanos, sobre o poder dos relacio-
namentos e a ess!ncia do papel de terapeuta são guias que dirigem nossas 
ações freqüentemente sem consentimento consciente. 
Se a psicoterapia deve ser realmente um encontro humano, ela requer 
um terapeuta que tenha retido a capacidade de ser uma pessoa. Como tera-
peuta profissional você precisa inquie~se o suficiente para entrar no jogo e 
ficar envolvido, embora retendo suficiente auto-estima para suportar o man-
dato cultural de sacrificar-se para salvar a fam.Oia. O pressuposto social de 
que voce deve ser capaz de salvar todas as famOias que aparecem no seu 
coosultdrio é fatal. Para ser um salvador, v<d deve requerer também uma 
coro/l de espinhos. Embora a compaixão seja essencial, o terapeuta profis-
sional não pode esperar ser dtil, ou mesmo sobreviver, se for demasiada-
mente tragado pelo altruísmo. Neste sentido, tornar-se um missionário, j! 
bom apenas para os canibais ••• ao menos para uma gloriosa refeição. 
Dançando com• faml• 29 
Para ser ótil a uma famOia em sofrimento, um terapeuta precisa 
fi
. 1 
escJarecido quanto à estrutura do papel pro ss1ona que ele assumirá. 0 
1 
que estabelecemos fala eioqüentemente de nossa individualidade bcpa-
pe E 'd . bás' · ' m como de nossa visão dos outros, u cons1 ero um guia 1co para meu 
.. ' tdtod 1 · Papei 
profissional O de maxmuzar o cresc"'.1en o e os os envo v1dos no proees-
so 1erapautico, inclusive o meu pnSpno. ~alvez ante_s de tudo, o meu pr6prio. 
Apenas permanecendo conhecedor de mmha própna necessidade de cre 
e do desejo de evitar o desgaste, minha capacidade de ser dtil aos outr:r 
preservada. Mas isto é mais do que uma função profilática, Minha capacida~ 
de de ser real, de estar vivo durante a sessão, de responder de forma pes 1 soa, 
é a essência do que _eu tenho para oferecer. Isto requer que eu ganhe algo em 
troca. Não há tal c01sa como o puro altruísmo. 
Integridade pessoal 
Parece-me muito desvairado, mesmo para mim tentar di·ze 1 • ... • ragopara 
voce sobre sua md1v1dualidade. Então, deixe-me dizer alg b ... d ,. . osoreomeu 
s!Slema e crenças . Deixe-me compartilhar com você . h . _ um pouco das mi-
o as supos1çoes e preconceitos como forma de veicular algo pessoal sobre 
meu trabalho com famll!as. Este "sistema de crenças", como eu o chamo, 
está no cem~ de qualquer trabalho terapêutico. 
A .. pnmerra suposição a aferrar-se é a sua visão bás' d 
~orno você os vê? O que os leva a agir como eles fazem? ;:r q:~ ~::a::~ 
am um ao outro deste jeito? Após · d 40 eu finalme t d . . mrus e anos nesta atividade maluca 
n e e1-me conta de que não acredit ' 
como o indivíduo Nó O nas pessoas. Não há tal coisa 
tando viver a vid; To sdasomods apenas fragmentos de famílias flutuando, ten-
. a v1 a e toda a patolog· - . 
se sobre um processo •· t - . ia sao interpessoais. Centrar-
" raps1qmco em uma . 
mentesimplificar 
8 
vida lé d . pessoa em particular é mera-
a m a realtdade A art · d . 
naturalmente escolhi trab lh . · P ir esta perspectlva, eu ª ar com famOtas É a -
ro poder e a energia da vida. . 1 que se encontra o verdadei-
As famílias não são frágeis Elas -
mente deveríamos nos . sao fortes e flexíveis. Nós, provavel-
preocupar menos e 
tes com eles. Talvez u _ m sermos excessivamente influen-
. ma preocupaçao mais . t ' fi á 
mabilidade em ating·-I d JUS 1 1c vel centre-se em nossa 
i os e alguma fo . ·r, . 
e~tra no consultório de rma sigm icatJva. Quando uma família 
d 
um terapeuta eJeg 1·á d 'd' -mas, e quem é a culp - ' eci iram quais são os proble-
atr 'b · ª• e O que precisa s i; · 1 u1 a Mark Tw · . er eito para corrigir isto Como se 
to" N aio ter dito: "Mesmo b.b . 
· 0 drama da vida f . 0 e ado da cidade é um cargo elei-
' as amlhas criam o é' . s pap 1s, atnbuem as partes e diri-
30 
gem as ações. Em certo sentido, nós parecemos muito mais com um estu-
dante principiante de cinema que recomenda mudanças radicais no roteiro 
favorito de um diretor de cinema ganhador de Oscar. Quem o ouve? 
Quando uma famOia se aproxima de um terapeuta, todos os membros 
querem ver sua visão pessoal validada. Embora este seja o seu desejo, não é 
o que eles precisam. O que eles precisam é de uma experiência que os liberará 
das perspectivas bloqueadas que eles desenvolveram. Eles precisam de urna 
oportunidade para ver suas fam0ias a partir de uma ótica mais complicada. 
Para livrarem-se das dicotomias distorcidas dos bons x maus às quais regre-
diram. Com efeito, eles precisam ter sua comodidade perturbada. Eles preci-
sam estar livres para desenvolver o tipo de ansiedade necessária para ali-
mentá-los num esforço de crescimento massivo, Eu cheguei a pensar nisto 
como um tipo de fertilizante de amplo espectro. Pode não cheirar bem, mas é 
necessário para estimular crescimento. Pergunte a qualquer fazendeiro. 
'!é Sinto-me à vontade para pressionar a família, porque acredito que eles 
têm um potencial ilimitado. Eles têm a capacidade de expandir e progredir, 
basta que eles tenham a coragem de tentar. Meu trabalho é esforçar-me para 
mobilizar esta coragem~ Deixá-los ver que conflitos e diferenças de opinião 
não precisam ser desastrosos. A dnica saída da estagnação é começar a se 
mexer. Mas é mais do que um ingênuo ponto de vista do tipo " nada se arris-
ca, nada se ganha". Os membros de uma família importam-se uns com os 
outros! Eles têm profundos investimentos emocionais! Eles realmente preci-
sam uns dos outros! 
Não pressionar, pressupondo que isto pode piorar as coisas, é decidir 
pela família que eles estão demasiado doentes para se importarem e são de-
masiado ineptos para crescer. Estas são pressuposições perigosas. Elas re-
fletem urna posição desumanizante. Na núnha forma de pensar, elas não são 
verdadeiras. 
* É um negócio ardiloso, porém, é meu dever pressionar, mas não é o 
meu trabalho ou o meu direito dizer-lhes como crescer. Tentar vender-lhes 
meu modelo de vida iria meramente solapar seus recursos e suas capacida-
des. Eles precisam.descobrir sua própria f6noula e não tentar imitar a minha. 
Toda esta coisa de "ajudar" a eles é realmente aterrorizante. É aviltante 
tentar "ajudá-los", porque isto sugere que núnha forma de vida é superior à 
deles. Dados os muitos terapeutas que conheci, inclusive eu mesmo, não 
V.!JO nenhuma evidência para esta pressuposição. De forma suscinta: "Aju-
dar não ajuda". 
Os terapeutas, na verdade, não têm o poder de insultar o crescimento 
da fan10ia. Você não pode dizer-lhes como se tornarem mais reais. Seu im-
pacto pode vir somente do processo pessoal em que você participa com eles. 
Dançando com a famflla 31 
ar e sair adequadamente quando trabalhar co 
! aprender a en Ir 1 El m • fa-se voe . --"- processo com 11lgo de va or. es aprenc1e.a-
m11 · eles tenrunaiav o •au algo 
••• de individuaÇio e o de pertencimento. Se voe! se ,_,_, 
sobre 
O 
processo . . . . á .--ue e 
e--dtico qU11nto em ser 1nc1s1vo satr ganh11ndo 
fraC&SS& tanlo em ser uopu . _ • 
f
onna de colocar isto é que as famfüas nao crescem devido 
i. Outta d . . a aJ. 
ta tenha feito com eles. O verda erro crescimento é ai 
go que o 1erapeu go q11e 
família fazem um com o outro. Não é II família ou O tera 
0 
terapeuta e a pcu. 
ta; é a família ,, 0 terapeuta que compõem o veícul~ do _crescimento. 
0 
que tom• isto uma noção.~str11nha é que •~ph~a ~m que "nós" não 
somos em nada diferentes "deles . Que somos mais s1mtlares do que dife. 
rentes das fam~as que trataffiOS. Se isto é verdade, o que temos para ofere. 
cer? Como operamos quando somos despidos da casaca de guru ou do manto 
do sQiio? o papel de perito ou de guru tem uma certa atração, porque nos 
ilude com O sentimento de que somos especiais. Que temos a sabedoria ou 8 
inteligblcia para deixá-los conhecer algo mais sobre a vida. Isto é muito se-
dutor, mas fatal. Afinal de contas, as chances são de que você morra tam-
bém. Eu estou rondando a noção de que eu não sobreviverei para sempre. 
A parte realmente traiçoeira disto tudo é que, mesmo que sejamos ca-
pazes de captar um relance de nossa fragilidade e nossa humanidade, as fa. 
mllias que nos vêern podem estar detemúnadas a ver-nos como oniscientes. 
Torna-se, então, nossa responsabilidade esvaziar esta ilusão. Nós devemos 
deixá-los saber que nós não podemos lhes mostrar o caminho. Que, para que 
eles cheguem em qualquer lugar, terão que sujar as próprias mãos. Minha 
forma favorita de fazer isto é a de revelar fragmentos de minha própria hu-
manidade. E encorajá-los a reconhecer um pouco das minhas limitações. 
Uma resposta freqüente a um pedido de dizer-lhes o que fazer com ro• 
P . .d é· "E - . as p nas v, as . u nao sabena agora o que dizer sobre sua situação. Eu já 
1"nho munos problemas apenas cuidando de minha própria vida. Mas eu fi. 
care, fehz de ser de alguma utilidade, enquanto vocês lutam com s 6p · 
vida" . ua pr na 
·ctadUma vez que você ultrapasse todos os quesitos de sua própria grandio-
s1 eeoaspectoc I t d - . IOd ê orre ª 0 e nao ser nmguérn justamente por oferecer-se a 
Par:;.,::'rn ; stará pronto ª considerar O que o cuidado realmente envolve. 
erapeuta que realmente se · 
semelhante você tem importa com seus pacientes, ou algo 
• que ser capaz de andar rei b 
pacidade de ser out • . na co a amba. Embora a ca• 
nz SCJa central a capac. d d d . essencial. Ser bo ' 1 ª e e ser mcisivo é igualmente 
m em apenas um dest -
excessiva, tipicament . . es aspectos nao resolve. A nutrição 
e, cai na annad1lha d u . d º 
reza exagerada é freqüe te O ªJU ar , enquanto que urna du• 
n mente sádica. Ambos os componentes da dualida• 
32 
de nutriz-dureza devem existir em um certo equillbrio. Na verdade, você só 
pode confrontar, na medida em que puder oferecer apoio. 
É muito parecido com o dilema enfrentado por todos os pais . Você de-
ve ser capaz de encorajar e dar apoio, bem como de di sciplinar seus filhos. 
Encontrar um bom ponto de equilíbrio é difíc il ; permanecer neste níve l é im-
possível. Tem sido dito que não se trata realmente de uma questão de ter su-
cesso ou fracassar em criar seus filhos. Não é e sta a escolha. Você será 
muito rígido ou muito permissivo? Muito controlador ou excessivamente íle-
xível? Não importa como você reparta isto, o fracasso é parte do traba-
lho.Não obstante, a tarefa de encontrar um equilíbrio viável persiste. 
Sua disposição de trazer mais e mais de s i mesmo para as sessões é o 
ingrediente catalítico que pode desencadear a experiência de crescimenlo da 
famOia. É um aprendizado rnagnffico quando uma família pode finalmente 
aceitar que seus cuidados podem ser, ao mesmo tempo, finnes e gentis . E é 
ainda mais profundo quando eles se dão conta de que apesar de sua preocu-
pação com eles, você cuida ainda mais de s i mesmo. E mbora possa advir 
corno um choque para os vestígios da ilusão do "guru ' º, é também um alí-
vio. Alivia-os da necessidade de ficarem preocupadosem tomar conta de vo -
cê. Urna vez liberados deste fardo não explicitado, a famOia pode enfocar 
suas próprias necessidades. 
Finalmente, devemos compreender que devido à intensidade e à pro-
fundidade com que a família nos chega, estamos sujeitos a ter uma intensa 
reação de contratransferência. Esta sobrepassa em muito a que é típica da te-
rapia individual. De fato, nós chegamos a pensar nisto como co-transferên-
cia, significando que se trata mais de uma transferência real do que mera-
mente de uma contratransferência reativa. Inversamente, os membros da fa-
mJlia, devido à sua presença física enquanto uma unidade, tipicamente rea-
gem de forma mais profunda uns aos o utros do que ao terapeuta. 
Estas supos ições, ou preconceitos, como quiserem. provêm das mi-
nhas crenças sobre as pessoas. Elas têm pouco a ver com qualquer tipo de 
construtos teóricos. De fato, eu não acredito realmente que as teorias que 
lemos a respeito tenham algo a ver com nossa base de suposições. Eu penso 
que isto funciona ao contrário - que descobrimos teorias que se encaixem em 
nossos preconceitos. Quando tropeçamos com uma idéia de que gostamos, 
automaticamente a fazemos passar por nosso computador. Caso se encaixe 
em nosso programa, nós ficamos com ela. Se não, nós a rejeitamos como 
sendo errada ou indtil. 
Dançando com a tamH/a 33 
Usio do "self'' 
Antes de nos fortificannos com a armadura das teori_as e das técnicas 
que oferecem proteção quando _nossa coragem falha, é vital sondar nosso 
'mundo de valores e de preconceitos. Isto é especialmente váltdo se O instru. 
m,,nto primário do terapeuta é seu próprio self. 
Num certo sentido, isto sugere que devemos reinventar a roda, 8 fim 
de sermos terapeutas. Necessitamos nos ater à vida e a nós mesmos, até que 
possamos ver abaixo da superfície. Precisamos ter alguma conexão e acesso 
aos nossos próprios impulsos, intuições e associações. Apenas quando você 
lutou consigo m,,smo, você está livre para trazer sua pessoa, e não apenas 
seu uniforme de terapeuta, para o consultório psicoterápico. 
Um dos grandes perigos do nosso campo é o de olhar muito intensa-
mente para os fatos externos que permitirão que sejamos um terapeuta. É im-
portante dar-se conta de que filtramos e organizamos estes "fatos: · através 
de nossos próprios mecanismos internos. Isto permite que eles se encaixem 
em nosso sistema personalizado de preconceitos. Lembre-se, eu posso vê-lo 
apenas através do eu que eu conheço. Eu posso entender sua farntlia apenas 
através do filho de minha mãe. A minha busca do self é, então, central ao 
meu uso do "self". 
Um dos indícios iniciais sobre quão bem eu poderei trabalhar com uma 
famOia é a extensão com a qual posso ver-me neles. Isto tem um valor prog-
nóstico com respeito a quão completamente eu serei capaz de realmente 
"entrar" ou ernpatizar com eles. Se eu posso realmente me ver em seus con-
flitos, nós temos uma chance. Se, porém, eles parecem muito diferentes, 
muito estranhos, nós temos um problema. Se nossos mundos são muito dife-
rentes, acrescentar um co-terapeuta que mais intimamente conheça o seu 
mundo pode ser de muito valor. Uma grave dissonância cultural não necessa-
riamente impede a terapia, mas você deve tomá-la seriamente. 
De forma similar, se eu noto que estou tendo muita dificuldade em 
preocupar-me com uma farntlia em particular, é uma boa idéia deixá-los saber 
dmo. Respondendo com: "Vocês sabem, estou tendo muita dificuldade em 
ouvir alguma coisa pessoal de vocês. Eu não estou tendo idéia nenhuma de 
seu sofrimento Se ê d · voe s pu essem se tornar mais pessoais talvez eu possa 
me envolver mais". Isto pode trazer vida a uma sessão. • 
Q
0
_ualqÀuer terapia que seja dtil envolve uma certa quantidade de agonia 
e con llo. medida f n· 
0 terre que ª am 18 se esforça para alcançar novos 1erritórios, no toma-se ardiloso p real 
cisam . . . • ara mente se arriscarem à jornada, eles pre-
ace,tar a 1déia de que a d - é . . . É 
nheira. É real . or nao O uunugo. muito mais uma compa• 
mente rrunha capacidade de me importar com eles, de investir 
34 
neles que ajuda a torná-la tolerável . Se eles sentem minha pre~upação, eles 
considerarão a jornada. Caso contrário, acharão mais sensato evná-la . . 
A confrontação pessoal, evidentemente, é o outro lado dos cuidados 
pessoais. Você é capaz de amar apenas na medida em q~e es~ li~re para 
odiar. Como Winnicott (1949) uma vez disse: "Se você nao fot od1a~~ por 
seu terapeuta, você foi roubado". A confrontação pessoal é uma expenenc1a 
de valor. É um evento que vivifica todos nós. Eu quero que eles tenham que 
"me" enfrentar. Isto provoca o fluxo sangüíneo. É a experiência que é im-
portante, não o resultado. Como acontece no casarnent_o, u~ relação que te-
nha urna subestrutura de companheirismo pode ser ennquec1da e desenvolvi-
da pela confrontação. Uma vez que não tenha este alicerce, ela desabará. 
Talvez seja mesmo mais fácil na arena terapêutica do que na conjugal. Como 
terapeuta, meu investimento está em tornar-me envolvido em uma experiên-
cia real com a famflia, e não em tentar mudá-los. A confrontação é mais uma 
questão de compartilhar urna perspectiva, e não urna manipulação. Meus es-
forços são de ser honesto com eles, deixando-Os livres para decidir o que fa-
zer. Demos um exemplo deste tipo de compartilharnento. 
Aproximadamente na metade da entrevista inicial com uma famtlia, a 
sessão chegou a um beco sem saída. Como eles pararam, eu me encontrei 
pensando sobre uma problema que eu tinha tido com um barco à vela. O se-
guinte diálogo ocorreu: 
Pai: Bom, sobre o que devemos falar? Você é o especialista aqui. 
Terapeuta : Engraçado que você pergunte. Eu estava sentado aqui, pensando 
sobre um problema que eu estou tendo com meu barco. A cor-
rente está quebrada e eu não fui capaz de consertá-la. 
(pausa) 
Mãe : Você está aborrecido também? Durante os dltimos dez minutos, 
eu estava morrendo de tédio e me perguntando do que nós esta-
mos nos escondendo. 
O mais louco de tudo é que eu mesmo não me dera conta de que estava 
aborrecido. Quando a mãe nomeou isto, eu percebi que ela estava certa. Mi-
nha honestidade automática nesta situação levou a família de volta à questão 
de assumir a responsabilidade. Demoveu-os da fantasia de dependência de 
que eu tinha que ensiná-los. 
Outra das minhas crenças é que quando atendo urna famOia, quaisquer 
idéias, pensamentos ou associações que irrompem na minha consciência 
Dançando com II fllmfl/11 35 
~m 
11 
<'ks, ianto quanto a mim. É n combinoçiio do 111cU1-wnbicn1c fa. 
m0aa-<"1'11J'C'lla que dá 0 n.gcm n cslas noções ou 1mogcns. Como tal, pnrecc 
,propnado ron,pnit.,lhá-lns com o frunília. É cloro, mmhu consciência destas 
assc.,o!IÇ'ÓCS csi5 concc1llllo no quonlo conheço sobre mnn mes mo. A quão li-
,tt cu ClilOU para cn1rnr cm sinlonia com meus próprios processos interiores. 
Eis o.lguns poucos c.,emplos: 
·'<oet' sabe este pequeno sorriso que nu-avessou sua face quando você 
wssc nunca pensar em trair suo esposa'! Bem, eu 1ive uma associação maluca 
rom isto. Rckmbrou-me de um menino pequeno que foi pego com sua mão 
no saco de balas. Eu me pergun10 por que estas balas sempre tem um gosto 
o:rlhor" . 
-A forma como vocês dois ficam tão cuidadosamente afastados um do 
O\llrO me amedronta. Eu esperaria que vocês ficassem tentados a terem um 
"caso ... Ao menos vocés poderiam iludir-se um pouco com a pseudo-intimi-
dadc". 
"'Voet's sabem, a forma como o menino de vocês luta tão intensamente 
rootra o pai lembrou-me uma história blblica. Eu tive a estranha associação 
CJt1e voeis criaram o pequeno David para matar Golias". 
A nesponsabilidade do terapeuta 
" Uma das áreas mais problemáticas para os terapeutas é a de discernir 
qual ~ªsua responsabilidade para com a famOia com que estão trabalhando. 
Esta é uma_ área enganadora devido às suposições implíciuis, não vert,aliza-
das. que sao os subJazem às po · - d . siçoes a atadas. Quanto mois o 1empcuta 
,entr necessodade . de assumir responsabilidadespor um cliente menos ele 
acredita na capacidade d I I' • , es e c ,ente ser umn pessoa competente. Devemos 
e, rtar convencer as pessoas 1 - . 
JJHJJlo resLStido à dé' d que e as sao rnepuis. Por exemplo, eu tenho há 
1 'ª e chamar o prof e d . 
problema de ssor e uma cnança para discutir seu comportamento. A razã bás • . 
reforçar a idéia d . _ 0 ica para isto é que eu não desejo 
e que os pais sao obt S -
o professor e não e EI usos. aó eles que precisam falar com 
• u. cs conhecem lh . 
nhecerei . Eles amam a cri . me or ª cnança do que eu jamais co-
,1 É rrunha ança mai s do que eu jamais poderia. 
postura lutar para ser . 
poMávcl por eles Eu lid reccpt,vo uara a família, sem ser res-
nunca assumindo~ 0 com elesª um nível de "como se", ou simbólico, 
m papel real Meu b · · 
Uvo quanto possa. Eu d . · 0 ~et,vo é ser tão pessoalmente recep-
M eseio que ocorra . as cu tomo cuidado no~ . um llllcr-relacionamento humano. 
,..... • evitar qual 
no 5enlldo de abdicar d quer esforço subjacente da parte deles 
ª responsabiUdad e por suas vidas. O jogo é deles, não 
36 
meu. Com efeito, é minha responsabilidade forç6-los a aceitar completa res-
ponsabilidade por suas vidas. . . 
A outra área da minha responsabilidade está cm um domímo ma.,s téc-
nico ou teórico. Dados os meus preconceitos particulares e crenças sobre a, 
pessoas e sobre o que o crescimento acarreta, eu devo fazer algumas deci-
sões profissionais. Neste ponto de vista de minha carreira, cu viso mais um 
ponto ótimo de crescimento, em vez de um crescimento marginal . Eu, por-
tanto, tomo como minha responsabilidade reunir condições que favoreçam a 
mudança. Eu quero criar condições que ampliem as possibilidades de cres-
cimento real. Alívio temporário ou alterações menores, que não serão de im-
pacto real, são de pequeno interesse. 
Este acwnulo de condições requer que toda a família compareça às ses-
sões. Eu vejo o organismo familiar como a fonte real de poder e influência. 
Não tomar isto seriamente é criar um situação em que qualquer crescimento 
pode ser um pseudocrescimento. A rede mais ampla de relações familiares 
pode facilmente desfazê-lo e fazer retomar ao equilíbrio homeostático. Nesta 
área, eu preciso ser aquele que assume as responsabilidades. É muito seme-
lhante ao cirurgião que precisa ter certos instrumentos antes de iniciar uma 
operação séria. Seria est6pido iniciar sem a possibilidade de uma aventura de 
sucesso. A presença de toda a fwnflia é a 6nica fonna que eu conheç o para 
gerar suficiente ansiedade e motivação para a mudança. 
Embora cada situação familiar possa merecer uma avaliação individual 
do que são as suas "condições mínimas" antes de iniciar, seja prudente cm 
aceitar muito pouco. É melhor falhar em iniciar do que iniciar e falhar . Eu 
me esforço para conseguir que eles levem a sério a sua própria vida emocio-
nal. Mas é imperativo que eu não os tome mais seriamente do que eles mes-
mos estão dispostos a levar-se . 
A linha de base é que eu devo acei!'lr a responsabilidad_e .total pelas de-
cisões g_ue eu tomo e pelas ações que executo. 
Estrutura do papel profissional 
Além dos in6meros fatores pessoais que inlluenciam a forma como so-
mos terapeuticamente, um modelo profissional mais fonnalizado e stá em jo-
go. O treinamento profissional que recebemos e as idéias e valores que en-
conu-amos através dos livros, cursos e supervisores, todos contribuem para 
este modelo em questão. Embora possa ser difícil definir este modelo no 
abstrato, ele torna-se muito claro quando olhamos para o nosso funciona-
mento clínico diário. 
Dançando com II famBia 37 
·ru•ciais a abordar é o de definir o que é um !e 
u dos pc,ntos • i11peuta 
m • fi seu papel profissional e sua função? O que você e"• . · 
,.,..,,,, voe• de tn• . ..., d11-
'--'"'- r? Como você optará por responder em diversas situações .,_ . 
..osto a faze 1 • . é , b . c..,q • 
..- --•-nte nenhum modelo c uuco pr -,a ncado que você 
cas1 rrao há=·~ d ·dé' d PDssa · . rpre•~ão idiográfica as I ias os outros cria sua 
adotar• Sua rnte -, 0Jarca 
singular. Examinemos este assunto. 
Eu passei a pensar no papel de terapeuta como sendo uma espécie de 
. • arental Talvez mais como uma função pseudoparental, porque 
pos1çao P · . eu 
nunca estou tão investido a ponto de estar ali como no mundo real. Eu não 
me disponho realmente a levá-los para casa comigo, quan~o ~les precisam de 
um lugar para ficar. Eu estive bastante envolvido na cnaçao de meus pró-
prios filhos e não estou mais disponível parn outro tanto. Meu envolvimento 
é mais no domúiio de uma figura parental s1mb6hca. 
Talvez a idéia de um pai adotivo descreva isto melhor. Um terapeuta 
cenamente não possui o laço de identificação primitivo de um pai biológico. 
Embora ele possa cuidar deles, fica em geral claro que ele não é pane real 
deles. À parte este componente biológico, mesmo o papel de um pai adotivo 
é muito intenso. Meu investimento tem mais limitações do que aquele papel 
invoca. Mas a imagem de um pai adotivo se ajusta. Os limites são claros, e 
há concordância sobre eles de antemão. Estou me oferecendo para envolver-
me, mas eu relenho a opção de decidir que quero sair. Não é um compromis-
so para toda a vida. Por último, há uma troca de dinheiro. Isto toma claro 
que nosso arranjo não é de altruísmo desmedido. 
A partir deste modelo básico, é fácil evitar a tentação de ser colocado 
concreiamen1e no papel de esposo, amante ou innão. É necessário ficar claro 
que eu pertenço a uma geração diferente. Que eu estou operando em um 
meta-nível com relação à sua vida. Quando sinto-me coagido a preencher um 
papel diferente, eu, rapidamente, movimento-me para expor e contaminar 
,esta situação . . Durante uma sessão recente, com um casal, em impasse, esta 
quesloo emergiu. 
Esposa: Bem, doutor, o que você acha? Você ouviu todos os nossos pro-
blemas e sabe como eu sou infeliz. Você deve ter trabalhado 
com outros casais em situação semelhante. Você pensa que seria 
melhor divorciar-me dele? 
Terapeuta. Bem eu - abe . · • nao s na responder. Eu realmente não estou disponí-
38 
vel. Estou casado há 4 7 anos e não estou disposto a deixar mi-
nha mulher por você. Eu também não acredito em ~ligarnia. 
Minha resposta tem a intenção tanto de expor a intenção manipulativa 
oculta corno de sublinhar o absurdo de pedir a alguém para dirigir a sua vi-
da. 
A idéia básica de aliança também merece ser examinada mais de perto 
ao trabalhar com famllias. Embora ser capaz de empatia e de oferecer apoio 
a um indivíduo atormentado seja um tópico mais ou menos tranqüilo, isto é, 
muito mais complicado com uma famOia. Qualquer comentário que você faz 
é ouvido e filtrado por vários ouvidos. Um movimento para ser empático 
com a esposa pode ser ouvido pelo marido como você estar se deixando en-
ganar ao acreditar no lado da história que ela conta. Deixar um pai saber que 
é difícil criar os filhos é encarado por estes como voe! estando do lado do 
inimigo. Os exemplos deste tipo de desentendimento seletivo estão por toda 
parte. 
A solução é deixá-los saber que vocc! toma a unidade familiar como 
ponto enfocado. Que você não tem nenhum interesse em se alinhar a favor 
ou contra qualquer membro individual ou subgrupo. Que você está empur-
rando toda a farnOia a crescer. 
Uma das razões básicas pelas quais somos contratados como terapeutas 
é para sermos honestos. Ninguém realmente necessita de apoio falso. Ser 
uma prostituta psicológica pode oferecer algum nível de conforto corrompi-
do, mas não é este o ponto. Parte do papel, então, é o de estabelecer um en-
quadre em que você desenvolva a liberdade de ser direto com eles, sem se 
tomar judicativo. Quando você confronta a famOia, você o faz a partir de um 
sentido de sua própria honestidade, não com a intenção de levá-los a con-
cordar com você. Dizer "não penso que você está sendo honesto" é muito 
diferente de dizer "você é mentiroso". Eu não estou acusando ou tentando 
impor algo, estou apenas compartilhandominha impressão. 
Pai: Eu me ofendo com isto' Viemos aqui porque estamos preocupa-
dos com que Johnny faça outra tentativa para acabar com sua 
vida. Agora você está tentando me convencer que ele está fa-
zendo estas coisas loucas para impedir-me de matar sua mãe? 
Isto é ridículo! 
Terapeuta: Bem, eu estou apenas tentando ser honesto com você. Acredito 
que você não obtém isto muito freqü;,ntemeote. 
Na minha maneira de pensar, a famfiia está brincando com fogo. 
Todos parecem viver com medo de sua explosividade. Espe-
cialmente sua esposa. Johnny encontrou uma forma de fazê-lo 
Dançando com a famllia 39 
l 
considel111" as possíveis conscqü!ncias, caso isto passe d 1. os uni-
lCS, 
Pai: Isto é absurdo! 
r~rap,,uta: Sinto muito. Tomo como meu trabalho o de ser honesto com vo-
cês. Eu não estou interessado em juntar-me à lista daqueles u 
l!m medo de você e, portanto, lhe mentem. q e 
o assunto da confidencialidade é outro componente desta estrut 
pap6s Acredito que não pode haver confidencialidade entre os membura de . .. ~. 
uma famOia. Meu papel é o d_e fac1lttar sua luta para crescer. Ser um reposi-
tório de segredos e ser seduzido a entrar em altanças encobertas não cum 
este papel. Há um custo, porém, em tomar tal posição. Você tem que se pre r ca .. 
paz de tolerar a idéia de que os membros da família possam decidir não vei-
cular informação "crucial". Eles podem preferir ser enganosos do que levar 
esta informação ao conhecimento pi1blico da famOia. Encontrar-se apenas 
com a família pode, é claro, minimizar as oportunidades para tais manobras. 
Mas o assunto seguidamente emerge de formas diferentes. Telefonemas, car-
tas ou encontros não programados são familiares a todos terapeutas. 
A linha de base funciona mais ou menos da seguinte forma. Não há in-
formação tão valiosa que me convença a entrar em um acordo conspiratório 
de um membro da famOia contra o outro. Estar disponível para tal tipo de 
manobra política pode efetivamente invalidar você como pessoa potencial-
mente útil. Por exemplo, se você concorda em falar confidencialmente com 0 
marido e este lhe conta que está envolvido num caso amoroso, o que você 
faz quando encontra com o casal? Se você conta para a mulher, você trai sua 
confiança. Se você permanece com o acordo de confidencialidade com O ma-
rido, v~ê e_stá subrepticiamente conspirando com ele contra ela. Quando 
ela, _entao, diz que sente que o marido já não a ama, 0 que fazer? A opção de 
furtivamente revelar a presença de um .. segredo", sem identificar seu con-
teúdo, parece-me muito enganosa para ser de real valor. 
A verdadeira questão aqui são as guias que você escolheu para operar. 
Quand0 cu recebo um telefonema, carta, etc., é minha política levar o fato no 
próxtmo encontro, à completa revelação. Isto clareia o ambiente e nos man-
tém no cammho certo. Evidentemente também me libera de estar amarrado e 
preocupado em manter um segredo. Uma das minhas caricaturas favoritas 
mostra um terapeuta se tad . 
d 
n o em uma cadeira, amarrado O c11·ente está di-
zen o- ··IJo · · 
utor, est0u sofrendo tanto. Por que você não me ajuda?". Embo-
m isto possa ser inevitável de tempos em tempos ao menos não vamos for-
necer a corda. ' 
40 
Há um elemento adicional a ser considerado aqui . Desde que urna das 
minhas crenças é de que a ansiedade é necessária para alimentar as mudan-
ças, eu não estou interessado em prematuramente reduzir sua tensão. Fazer 
isto seria contraterapêutico. Aceitar segredos freqüentemente tem um efeito 
do tipo confessional. Isto é, diminui a culpa, mas, infelizmente, também di-
minui a motivação para mudar. 
Minha visão das famílias é que os membros estão profundamente inter-
conectados. Eu tenho muito pouca confiança em que idéias ou informações 
possam levar ao crescimento. Para que mudanças reais ocorram, a família 
precisa engajar uns aos outros emocionalmente. Eles prcciswn de experiên-
cias reais, não de insights intelectuais. Meu estilo é o de enfatizar e xperiên-
cias emocionais, e não aprendizados educacionais. 
O objetivo da terapia é ajudar as famílias a alcançar níveis mais adap-
tativos e satisfatórios da vida. A mera remissão de sintomas não é suficiente . 
Eu vejo a remissão dos sintomas como um efeito colateral de uma terapia 
produtiva, não como seu objetivo. De fato, pode ser que viver sem s intomas 
seja apenas urna ilusão destrutiva. Um objetivo mais realista e apreciáve l se-
ria o de desenvolver a liberdade para ter bodes expiatórios rotativos na vida 
familiar. Todos os membros da família poderiam, então, beneficiar-se da ex-
periência de jogar em todas as posições. 
Dançando com a famllla 41 
O caminho da terapia familiar inicia-se com um encontro cego e termi-
na com um ninho vazio. Como qualquer outro tipo de relacionamento, passa 
por um certo odmero de fases e conflitos pelo caminho. Embora muitos des-
tes pontos sejam predizíveis, o resultado é sempre incerto. Você ~almeote 
não sabe se irá obter sucesso com uma nova pessoa. 
te· Quando você ateo~e ao telefonema e é convidado para sair por um per-
it~ - ou não tão perfeito - estranho, uma complicada seqüência de investi-
gaçoes e testes tipicamente tem · ' · Alé d · m,c10. m e descobnr como seu nome e 
mhnero de telefone foram revel d --• · • . . . a os, VU\.-c de imediato levanta tópicos como 
a fanúhandade mdtua sobre · - d • , postçao e mteresses e planos específicos para o 
encontro. Se este devesse se dar à mod . iria cu·dad . ª aoaga, a mulher convidada para sair 1 osameote avaliar O propo . _ 
1
. 
1 
(s nente e suas mtençoes. Se sua proposta 
oc u se um encontro taro· . 
prA...ria sugestão Tft' 10, num lugar rebrado, ela poderia contrapor sua "'t' • cuvez sua oferta pod · melhores • ena ser um almoço com três de suas 
anugas, no local ma· dbr . 
aceitar ou recusar. De ual ue is p tco da cidade. Ele estará livre para 
Quando procuradq . ~ . r forma, ela pensará que agiu com sabedoria. 
o IDICJalmente po ç • dilema sinúlar voe• ac . r uma .. am1ba, o terapeuta está num 
• e; e1ta sem · 
V. <>cê engaja-se em um p queSbonar a proposta que estão lhe faz.eodo? 
. . rocesso de troca para 1mcia em termos acei·•" . 
7 
e-- estar certo de que a relação se uave1s a.:.awu co . iniciar pela identificação d nvicto de que o terapeuta deve sempre 
contraproposta que julgue n~=~sta da famflia, e, então, fazer qualquer 
4rio para dar início ao processo. De fato, eu 
42 
penso que é tipicamente aconselhável fazer algum tipo de contraproposta Jo-
go de princ!pio. Você precisa se proteger de ser cooptado pela familia . Em-
bora não seja preciso ditar rigidamente uma série impossfvel de condições, 
você deve tomar uma posição clara. Um processo poHtico bi-dirccional se 
segue. Este contato telefônico para o estabelecimento da consulta inicial dá o 
tom do que se segue. Esta batalha inicial é chamada de Batalha pela Estrutu-
ra. 
Batalha pela estrutura 
O ponto-chave aqui é o terapeuta encarar a necessidade de agir com 
integridade pessoal e profissional. Você deve agir seg undo o que você ac re-
dita. Traições não ajudam ninguém. A Batalha pela Estrutura é, rea lmente, 
você defrontar-se consigo mesmo e apresentar isto para eles. Não é uma t&:-
nica ou jogo de poder. É o estabelecimento das condições rrúnimas necessá-
rias antes de iniciar. 
Mãe: Alô! Dr. Whitaker? Eu sou a sra. Johnson e gostaria de falar com você 
a respeito de alguns problemas que estou tendo. O meu médico de fa-
mfiia, o Dr. Jones, deu-me seu nome. 
Carl: Certo. Traga seu marido e podemos marcar uma hora. 
Mãe: Bom, não é isso que eu tinha pensado. Você sabe, ele é um homem 
muito ocupado. Além disso, ele não acredita em conversar sobre pro-
blemas. 
Carl: Parece que temos um problema. Você sabe, eu não trabalho com indi-
víduos. 
Mãe: Você não me atenderia sozinha apenas esta primeira vez? Desta for-
ma, eu poderia explicar toda a situação para você. 
Carl: Não, sinto muito. Eu não poderia faz.er isto. 
Mãe: Mas eu não contei a ele que eu lhe telefonaria. Isto