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DISCIPLINA: DIREITO PENAL PROFESSORA: LÍVIA FERNANDES DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO IV • APROPRIAÇÃO INDÉBITA – Art. 168, CP Art. 168- Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Aumento de pena 👉 O sujeito ativo tem a posse ou a detenção desvigiada ou legítima do bem móvel, daí, o sujeito ativo investe o domínio daquele bem e passa a dispor como se a coisa fosse sua. ☠ CRIME PRÓPRIO: Apenas o possuidor ou detentor da coisa poderá praticar o crime ☠ CRIME MATERIAL: O agente precisa dispor como se fosse dono da coisa ☠ ELEMENTO SUBJETIVO: dolo ☠ NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO ☠ ADMITE TENTATIVA AUMENTO DE PENA– Art. 168,§ 1º CP § 1º- A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: I- em depósito necessário; II- na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; III- em razão de ofício, emprego ou profissão. A questão referente ao depósito necessário previsto no incido I, é tratada nos arts. 647 a 652, do CC. No inciso II, encontramos um rol taxativo, sem a possibilidade de aumento de pena em casos fora os estabelecidos. Quanto ao inciso III, temos hipóteses de circunstâncias pessoais, incomunicáveis em concurso de pessoas. • APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA– Art. 168-A, CP Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa Trata-se de um crime que afeta a ordem tributária, é um crime omissivo próprio já que só pode ser praticado por quem tinha o dever de repassar contribuições, através de uma omissão. Para o STF e para o STJ, estará consumado o crime na data da constituição definitiva do crédito tributário, com o esgotamento da via administrativa. pág. 1 ☠ CRIME PRÓPRIO: Apenas aquele a quem cabe recolher as contribuições e repassá-las pode ser sujeito ativo. O sujeito passivo será a UNIÃO ☠ CRIME MATERIAL ☠ ELEMENTO SUBJETIVO: dolo ☠ NÃO É CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO ☠ NÃO ADMITE TENTATIVA: trata-se de um crime omissivo próprio. CONDUTAS EQUIPARADAS– Art. 168-A,§1º CP §1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: I– recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; II– recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; III- pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE– Art. 168-A,§2º CP § 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal O STF já decidiu que a quitação, mesmo depois do trânsito em julgado, pode beneficiar o agente, já que a Lei 10.684/03 não estabelece tempo, e não cabe ao judiciário estabelecê-lo. Não cabe outra interpretação a não ser a de que o adimplemento do débito tributário, a qualquer tempo, é causa extintiva da punibilidade (HC 362,478/SP, rel. Min. Jorge Mussi. DJe 20/09/2017) PERDÃO JUDICIAL– Art. 168-A,§3º CP § 3ºÉ facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: I– tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Revogado tacitamente pelo art. 9º da Lei 10.684/03) II– o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. INAPLICABILIDADE DO PERDÃO JUDICIAL– Art. 168-A,§4º CP § 4º A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais No âmbito federal, o valor mínimo para o ajuizamento da execução fiscal é de R$20.000,00 (Portaria MF 75/2002). Qualquer valor acima, não cabe ao juiz deixar de aplicar a pena. • APROPIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR– Art. 169, CP Art. 169- Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. pág. 1 CUIDADO!!! Não confunda este crime com o crime de apropriação indébita, na apropriação indébita, o agente entrega, voluntariamente a coisa ao sujeito ativo, que passa a dispor como se dono fosse. No crime em tela, o agente entregou a coisa ao sujeito ativo, por uma falsa percepção da realidade, ou seja, é imprescindível o erro na entrega da coisa. ☠ CRIME COMUM: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo ☠ CRIME MATERIAL: A consumação ocorre com a apropriação da coisa alheia ☠ ELEMENTO SUBJETIVO: dolo ☠ CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO ☠ ADMITE TENTATIVA CONDUTAS EQUIPARADAS– Art. 169, Parágrafo Único, CP Parágrafo único- Na mesma pena incorre: Apropriação de tesouro I- quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; Apropriação de coisa achada II quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. Mas qual a definição de tesouro??? Trata-se de uma norma penal em branco homogênea, estando sua definição prevista no Código Civil. Achando não é roubado??? De fato, achado não é roubado, mas isso não torna a conduta do agente atípica, quem se apropria de coisa achada responderá pelo crime do art. 169, parágrafo único, incido II. Importante salientar que não cometerá este crime aquele que se apropria de coisa abandonada, pois falta o requisito “coisa alheia”. Posso considerar a conduta do art. 169, parágrafo único, incido II, como sendo um CRIME A PRAZO, pois, preciso do decurso de 15 dias para estar consumado. 01 - Ao anoitecer de 28 de abril de 2017, o funcionário público municipal Mário Pança, ao sair da prefeitura de Passárgada, onde trabalha, encontra um pacote contendo cerca de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) em notas de R$ 100,00. Feliz com a possibilidade de saldar todas as suas dívidas, leva tal numerário para casa e, no dia seguinte, procura seus credores, saldando um a um. Marta Rochedo, que havia perdido tal numerário, procura a Delegacia de Polícia local pedindo providências a respeito. Os policiais civis realizam investigações, conseguindo apurar que Mário Pança havia encontrado tal numerário, dando cabo de suas dívidas com o mesmo. Diante de tal enunciado, a opção em que se enquadra a conduta praticada por Mário Pança é: A) Apropriação indébita de coisa alheia achada. B) Furto privilegiado. pág. 1 C) Furto simples. D) Peculato apropriação. 02 - Durante um ano e cinco meses, a empresa L&X recolheu as contribuições previdenciárias de seus empregados, mas não as repassou à previdência social, o que caracterizou o crime de apropriação indébita previdenciária. Nessa situação, se os representantes legais da empresa L&X, espontaneamente, confessarem e efetuarem o pagamento das contribuições, ficará extinta a punibilidade. CERTO ( ) ERRADO ( ) 03 - A apropriação de veículo do patrão por empregado doméstico que detinha o bem para utilização em tarefas afetas às suas obrigações é delito de apropriação indébita, devendo a pena-base ser majoradade um terço por determinação legal. CERTO ( ) ERRADO ( ) GABARITO 01 – A 02 – C 03 – C pág. 1