Buscar

Sistemas Integrados de Gestão Ambiental - AV1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

- -1
SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL
CAPÍTULO 1 - AS SOLUÇÕES CIENTÍFICAS E 
TECNOLÓGICAS SÃO SUFICIENTES PARA 
RESOLVER A CRISE AMBIENTAL EXISTENTE 
NO SÉC. XXI?
Rafael Leite Macedo
- -2
Introdução
A capacidade humana de transformar a natureza para melhorar suas condições de existência permitiu avanços
que transformaram o mundo. De tal forma que a população mundial, em 2018, ultrapassou os sete bilhões de
habitantes. Isso só foi possível com o desenvolvimento do trabalho humano, que consiste na intervenção direta
sobre a natureza, para extrair energia e recursos, satisfazendo necessidades, com o objetivo de proporcionar
bem-estar à população. Mas esse objetivo nem sempre foi cumprido.
O aumento populacional, o aperfeiçoamento das formas de trabalho e a intervenção sobre a natureza (a exemplo
da agricultura e da industrialização), somados às novas formas de relação econômica (a exemplo do
capitalismo), desencadearam, na primeira metade do séc. XX, uma série de preocupações em relação às
consequências das ações humanas sobre o meio ambiente.
Que consequências são essas? Como se deu o processo de observação, denúncia e mudança de atitude em relação
aos problemas ambientais? Quais foram os principais eventos que permitiram avanços significativos na
implementação da Gestão Ambiental, do nível global ao local?
Neste capítulo trataremos sobre a origem da Gestão Ambiental, desde as suas primeiras iniciativas à crise
alarmante, quanto às definições conceituais e ações articuladas entre governos, empresas e sociedade civil.
Ao final, teremos, de forma clara e objetiva, o conceito de Gestão Ambiental, o entendimento sobre o paradigma
do Desenvolvimento Sustentável e um panorama geral da Gestão Ambiental em nível internacional e no Brasil.
Acompanhe com atenção e bons estudos!
1.1 Gestão Ambiental
As questões ambientais têm sido alvo de preocupações há centenas de anos, mesmo antes da Revolução
Industrial. Mas somente a partir da metade do séc. XX, o tema ganhou notoriedade e se tornou assunto premente
na agenda internacional. Isso só foi possível com a percepção de que o uso da energia e dos recursos naturais em
escala exploratória, para fins de subsistência e atendimento às necessidades de uma população cada vez maior,
se tornaria insustentável.
A insustentabilidade das atividades humanas sobre o meio ambiente gerou a necessidade de mudanças, e a
gestão ambiental passou a despontar como possível solução para o enfrentamento dos problemas presentes.
Está nela o papel de indicar, no processo de tomada de decisão do desenvolvimento civilizatório, os melhores
caminhos para o uso racional dos recursos naturais, a prevenção e o combate aos impactos gerados pelas
atividades humanas.
O que veremos é a definição objetiva do conceito de Gestão Ambiental, contextualizada a partir da compreensão
histórica da relação entre os humanos e o meio ambiente, suas consequências e mudanças de paradigma.
1.1.1 Definição
Na interação a seguir, falaremos sobre a definição do conceito de Gestão Ambiental. Clique para saber mais.
A Gestão Ambiental, ou Administração Ambiental, contempla as diretrizes e ações realizadas por um indivíduo,
ou organização, pública ou privada, que busque neutralizar, diminuir, ou remediar os impactos negativos sobre o
meio ambiente, em decorrência da ação humana (BARBIERI, 2016).
Observe que este conceito abrange a utilização racional dos recursos naturais pelos indivíduos ou organizações,
bem como a destinação adequada de seus resíduos. As iniciativas foram impulsionadas nas últimas décadas por
inúmeros aspectos (pressão por movimentos sociais, políticas públicas de comando e controle, incentivos fiscais
e subsídios, novas tecnologias e descobertas científicas).
Cabe ressaltar que a Gestão Ambiental não foi um movimento espontâneo. A humanidade, inicialmente
- -3
Cabe ressaltar que a Gestão Ambiental não foi um movimento espontâneo. A humanidade, inicialmente
impactada pela falta de recursos naturais básicos para a sua subsistência, foi exposta a uma série de desastres
ambientais, registrados a partir da metade do séc. XX que ocasionaram poluição, perda da biodiversidade e
agravamento da saúde de comunidades em todo o mundo. O aumento da quantidade de ocorrências desastrosas
e as consequências sentidas pelas populações tornaram o tema inerente à tomada de decisão em nível global.
A Gestão Ambiental tem, em sua essência, ao menos três dimensões: espacial, institucional e temática, como
podemos ver na figura a seguir.
Figura 1 - As dimensões envolvem a delimitação dos temas de atuação, a abrangência na qual as ações tenham 
eficácia e os agentes responsáveis por deliberações e iniciativas.
Fonte: BARBIERI, 2016, p. 20.
Portanto, é importante destacar que a Gestão Ambiental transcende práticas empresariais, tornando-se um
conceito e uma nova forma de enxergar o mundo. Trata-se de um novo paradigma na forma de lidar com a
economia, a sociedade e o meio ambiente.
1.1.2 Contextualização
O uso do meio ambiente como fonte de energia e de recursos para a subsistência não se aplica somente aos seres
humanos, mas a todos os que se encontram neste planeta. No entanto, há uma diferença que destaca o humano
dos demais: a sua consciência, inteligência e capacidade de premeditar seus atos.
A humanidade assumiu uma posição dominadora sobre as demais espécies, beneficiada, cada vez mais, pelas
- -4
A humanidade assumiu uma posição dominadora sobre as demais espécies, beneficiada, cada vez mais, pelas
descobertas científicas e tecnológicas. A formação cultural das cidades modificou a visão básica de uso da
natureza como meio de subsistência e incorporou novos anseios a serem atendidos, em detrimento do mundo
natural (DIAS, 2017).
O ponto crucial na aceleração dos problemas ambientais foi a era Industrial, iniciada na Inglaterra no séc. XVIII. É
a partir dela que o aumento na escala de produção e consumo, passa a transformar completamente as cidades, o
ambiente natural e as condições de vida da população.
No final do séc. XVIII, o economista Thomas Malthus (1766-1834) publicou um estudo pessimista sobre os
problemas do aumento populacional e uma possível escassez dos recursos naturais. Futuramente Paul e Anne
Ehrlich seriam adeptos aos estudos de Malthus a partir de teorias neomalthusianas, incluindo novas previsões
sobre a bomba populacional. Em um sentido contrário, os otimistas, ou cornucopianos (figura da mitologia grega
que significa a abundância eterna), não estavam preocupados com a escassez de recursos, pois acreditavam na
ciência e tecnologia como solução para qualquer crise existente.
Essas análises foram importantes na compreensão das diferentes visões sobre como o ser humano se apodera da
natureza e a usa ao seu bel prazer. Mas ambas as reflexões são analisadas sob um olhar antropocêntrico, isso
significa que não havia ainda uma sensibilização em relação ao meio ambiente, os demais seres vivos e a
importância do equilíbrio ambiental.
Em paralelo a isso, surgiram os primeiros movimentos ambientalistas ao longo do séc. XIX. O modelo industrial
sofreu acentuada queda no nível de qualidade de vida, devido à poluição do ar e precariedade dos serviços de
saneamento básico. Surgiu a partir daí um movimento ambientalista preservacionista, voltado para a valorização
das áreas naturais com vistas à contemplação e o lazer. Em resumo, nos séculos XVIII e XIX prevaleceram duas
posições: o antropocentrismo e o biocentrismo, ou ecocentrismo.
VOCÊ QUER LER?
O livro “Sapiens”, de Yuval Noah Harari (2014), nos ajuda a compreender a evolução do Homo
Sapiens, repassando a história da humanidade e relacionando-a com as questões do presente,
com uma reflexão crítica, que está diretamente associada ao conteúdo presente.
VOCÊ QUER VER?
“A história das coisas” ou “ ” é um documentário de Annie Leonard (2007)The History of Stuff
que mostra didaticamente todo o processo industrial, que vai desde a extração da matéria-
prima, produção, distribuição, comercialização e descarte, gerando reflexões sobre ospadrões
de consumo impostos pelas corporações, a poluição do meio ambiente e o risco à saúde
humana. Assista em: < >.https://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k
https://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k
- -5
No início do séc. XX há uma divisão do movimento ambientalista. John Muir (1838-1914) defendia o movimento
preservacionista, enquanto surgia uma visão conservacionista liderada por Gifford Pinchot (1865-1946). Os
conservacionistas defendiam o uso racional dos recursos naturais. Contudo, as duas guerras mundiais, que
aconteceram na primeira metade do séc. XX, frearam ambos os movimentos, pois exigiram uma acelerada
expansão da atividade econômica como modelo de desenvolvimento.
O que não havia sido observado é que além da incapacidade do planeta em suportar tal impacto a curto prazo,
muitos dos seus recursos explorados estavam entrando em processo de escassez. Os recursos naturais como o
sol, o ar, a água, plantas, fauna, entre outros, são classificados como energias renováveis (relativamente
infinitos). Contudo, há uma classificação também para recursos não renováveis (relativamente finitos), tais como
de origem fóssil, minérios, argila, areia, etc. Essa classificação é vista com cautela, pois há uma relatividade
associada ao esgotamento ou capacidade de regeneração dos recursos (BARBIERI, 2016). Essa noção depende do
tempo, como pode ser visto na figura a seguir.
VOCÊ SABIA?
Em 1872 foram criados nos Estados Unidos da América (EUA) os primeiros parques naturais
do mundo, o Parque Nacional de Yellowstone e, em 1890, o Parque Nacional de Yosemite. Estas
áreas foram definidas para a proteção da vida selvagem, então ameaçada pela industrialização
e urbanização. Alguns estudiosos como os naturalistas estadunidenses Henry David Thoreau
(1817-1892) e George Perkins Marsh (1801-1882) influenciaram estas iniciativas.
- -6
Figura 2 - Recursos naturais: tradicionalmente classificados em renováveis, ou não renováveis, sua noção de 
esgotamento ou renovação está relacionada à dimensão temporal. TIVY; O’HARE, 1991, apud BARBIERI, 2016, p. 
170.Recursos naturais: tradicionalmente classificados em renováveis, ou não renováveis, sua noção de 
esgotamento ou renovação está relacionada à dimensão temporal.
Fonte: TIVY; O’HARE, 1991, apud BARBIERI, 2016, p. 170.
A partir das décadas de 1950 e 1960, surgiram uma série de ocorrências de desastres ambientais e estudos
científicos, fatores que desencadearam preocupações permanentes em relação aos problemas ambientais em
todo o mundo.
Os desastres ambientais são causados por poluentes, que podem ser tanto materiais, quanto energia, que
VOCÊ QUER LER?
No livro “Gestão Ambiental - Responsabilidade Social e Sustentabilidade”, Reinaldo Dias
(2017) lista 26 desastres ambientais no Brasil e no mundo a partir da década de 1940. Entre os
casos estão o desastre nuclear na usina de Chernobyl, a ex-União Soviética, em 1986, e a
explosão da plataforma de petróleo Deepwater Horizon, nos Estados Unidos, em 2010, cuja
história virou filme em 2016. No Brasil, são citados o vazamento de metanol e óleo
combustível na baía do Porto de Paranaguá, em 2004, e a ruptura de uma barragem de rejeitos
tóxicos em Mariana, interior de Minas Gerais, em 2015.
- -7
Os desastres ambientais são causados por poluentes, que podem ser tanto materiais, quanto energia, que
ocasionam mudanças nas propriedades físico-químicas e capacidade de receptação e regeneração do meio
ambiente. Para entender melhor como funciona o processo de poluição, podemos classificar, de acordo com a
fonte de poluição, o meio receptor e o impacto ocasionado ao meio ambiente, conforme descrito na figura a
seguir.
Figura 3 - A poluição pode ser vista sob vários aspectos e ser classificada de acordo com uma diversidade de 
critérios, o que a torna complexa, frente aos impactos ambientais gerados.
Fonte: BARBIERI, 2016, p. 15.
A humanidade vem causando cada vez mais poluição a partir de uma diversificada linha de atividades
econômicas. Uma das razões para isso é a grande quantidade de emissão de agentes químicos, cuja composição
envolve uma série de poluentes, como podemos ver no quadro a seguir.
- -8
Quadro 1 - Relação de atividades humanas e a produção de determinados agentes poluentes específicos, que 
variam conforme os insumos e processos de produção típicos do setor.
Fonte: BARBIERI, 2016, p. 16.
Esses poluentes podem ser primários ou secundários, varia conforme a sua emissão. A permanência desses
poluentes no ambiente depende das características físico-químicas e das condições do ambiente (BARBIERI,
2016, p. 17).
Em 1962, a bióloga Rachel Carson (1907-1964) publicou em “Primavera Silenciosa” os perigos do uso
inconsequente do DDT (dicloro-difenil-tricloroetano), um inseticida que foi usado pelos EUA para combater
mosquitos causadores da malária e da dengue durante a guerra do Pacífico, bem como pragas em plantações. Era
um insumo de baixo custo e altamente eficiente a curto prazo, mas com consequências nocivas a longo prazo, aos
seres vivos e ao meio ambiente.
Assim, teremos, a partir dos anos 1960, transformações globais na forma de enxergar os problemas ambientais.
Tanto a postura dos neomalthusianos, quanto a visão cornucopiana devem ser vistas com ceticismo. Como diria
Barbieri (2016), a preocupação maior deve-se centrar no combate à pobreza e na mudança do modelo de
crescimento associado ao alto padrão de consumo, considerando os limites possíveis da Terra, de suportar as
ações do homem. Muitos dos países que apresentam um padrão de vida elevado, dependem de recursos de
outros países, o que agrava ainda mais a exploração do meio ambiente e a elevação da pobreza dos grupos
sociais que dependem destes recursos.
A ciência e a tecnologia não são suficientes para solucionar todos os problemas ambientais surgidos pelas
atividades humanas. Existem questões culturais, sociais, políticas e econômicas, que são inerentes ao
enfrentamento dos problemas ambientais. A Gestão Ambiental inclui definitivamente a pasta ambiental nas
tomadas de decisões em todos os setores da sociedade. Deste modo, a ciência e a tecnologia devem estar à
disposição da Gestão Ambiental, não o contrário. Avanços em processos de extração de matéria-prima, produção,
VOCÊ QUER VER?
American Experience: Rachel Carson (FERRARI, 2017) é um documentário sobre a história de
vida da bióloga, cuja obra foi inspiradora para movimentos ambientalistas e políticas
governamentais de restrição ao uso de pesticidas como o DDT. Um filme emocionante,
instigante e reflexivo.
- -9
tomadas de decisões em todos os setores da sociedade. Deste modo, a ciência e a tecnologia devem estar à
disposição da Gestão Ambiental, não o contrário. Avanços em processos de extração de matéria-prima, produção,
consumo e descarte vêm sendo compatibilizados aos novos conceitos, diretrizes e iniciativas em Gestão
Ambiental, nos últimos anos.
Nos próximos tópicos, você terá a oportunidade de se aprofundar sobre o que há de mais recente nas discussões
ambientais.
1.2 Desenvolvimento Sustentável
Nos últimos 100 anos, as dinâmicas socioculturais foram caracterizadas pela centralidade da economia como
chave para um progresso que prometeu liberdade, justiça e bem-estar. A partir dos anos de 1940, o conceito de
desenvolvimento surgiu em uma realidade de reconstrução dos países devastados durante a Segunda Guerra
Mundial. Em nações do “Norte”, com estruturas fundiárias anacrônicas, agricultura atrasada, industrialização
incipiente, desemprego e subemprego crônicos eram problemas similares aos encontrados em países periféricos,
ou do “Sul” (SACHS, 2004).
Em paralelo, a opinião pública se tornou mais crítica sobre as limitações dos recursos naturais e os perigos
decorrentes dos impactos gerados ao meio ambiente, em virtude da exploração desenfreada, diversos eventos e
relatórios internacionais incluíram a dimensão ambiental na agenda internacional. Esta “revolução ambiental”
trouxe consequências éticas e epistemológicas que influenciaram a maneira como a sociedade passoua enxergar
seu desenvolvimento (SACHS, 2002).
Vamos, agora, compreender o conceito de Desenvolvimento Sustentável, bem como os fatores que
desencadearam sua origem e uso como linha matriz de pensamento para o desenvolvimento econômico dos
países, em consonância com a justiça social e o respeito ao meio ambiente.
1.2.1 Definição
A construção do conceito de Desenvolvimento Sustentável passou por várias etapas de maturação até chegar ao 
 de novo paradigma a ser adotado pela civilização, como modelo de desenvolvimento. Podemos destacar,status
neste processo, ao menos três marcos importantes. Clique nos itens a seguir.
• 
A interseção entre crescimento econômico, redução da pobreza e respeito ao meio ambiente
chamada de “ecodesenvolvimento”, durante o debate da Conferência das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente Humano (CNUMAH), realizado em 1972 em Estocolmo (Suécia).
• 
As primeiras definições sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, apresentadas
respectivamente no documento “Estratégia Mundial para a Conservação da Natureza” (1980),
elaborado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o Programa de Meio
Ambiente das Nações Unidas (PNUMA) e World Wildlife Fund (WWF), bem como o documento
“Nosso Futuro Comum”, ou Relatório Brundtland, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD).
• 
O fortalecimento, popularização e direcionamento prático do Desenvolvimento Sustentável na
Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro, em
1992.
Portanto, destes conceitos, o proposto pelo Relatório Brundtland foi incorporado na agenda política e difundido
em todo o mundo a partir da Rio-92. Ele define o Desenvolvimento Sustentável “não como um estado de
equilíbrio, mas como um processo de mudança em que o uso de recursos, a direção de investimentos, a
orientação do desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais concretizam o potencial de
•
•
•
- -10
orientação do desenvolvimento tecnológico e as mudanças institucionais concretizam o potencial de
atendimento das necessidades humanas do presente e do futuro” (WCED, 1987, p. 10-11).
O documento deixa bem clara a intenção de conectar crescimento econômico e meio ambiente. O foco nesta
ligação se constitui como um fato novo em comparação a outras propostas (BURSZTYN; BURSZTYN, 2013). A
partir dessa definição, diversos pesquisadores e teóricos adotaram diferentes correntes de pensamento sobre o
que, de fato, seria Desenvolvimento Sustentável, com posturas de apoio a Brundtland, assim como críticas que
polarizaram as linhas de pensamento.
Pierri (2001) dividiu as correntes sobre o Desenvolvimento Sustentável em três: corrente forte, moderada e
fraca. Para nos situar, tanto este capítulo quanto a disciplina de Sistemas de Gestão Ambiental, como um todo,
seguem conceitos e ferramentas que adotam a linha de pensamento moderado. Justifica-se, não só pela sua
hegemonia em termos de discussão e ação, mas pela sua compatibilidade com a agenda ambiental em nível
global, regional e local. As diferentes correntes de pensamento, sobretudo as extremistas, ajudam a encontrar
falhas e promover reflexões que transcendem uma visão limitada da realidade, permitindo a proposição de
novas ideias e soluções que agreguem ao do Desenvolvimento Sustentável vigente. Nestamodus operandi
perspectiva, vamos apresentar, de uma forma simplificada, como as três dimensões do Desenvolvimento
Sustentável (econômico, social e ambiental) são incorporadas na prática organizacional.
O caso acima é uma constatação das transformações ocorridas nas últimas décadas, quando empresas que eram
consideradas “vilãs” dos problemas ambientais, passaram a investir na busca por um Desenvolvimento
Sustentável. É possível atingir ganhos econômicos adotando estratégias e modelos de negócios que valorizam os
colaboradores, as comunidades do entorno e tornem o negócio mais justo socialmente, com condições de
trabalho que permitam melhorar a qualidade de vida dos profissionais e suas famílias. Além disso, a
preocupação ambiental incentiva o trabalho de pesquisa e desenvolvimento de alternativas tecnológicas para a
redução dos impactos ambientais e, ao mesmo tempo, aproxima o ser humano da natureza, agregando novos
valores que mudem para uma visão de reconhecimento dos serviços ambientais essenciais à sadia qualidade de
vida das presentes e futuras gerações.
CASO
As industrias do segmento químico BASF e Braskem foram eleitas pela Organização das Nações
Unidas (ONU), em 2018, como líderes no Desenvolvimento Sustentável. A honraria concedida
destacou as políticas de sustentabilidade empresarial, realizadas com foco na redução dos
gases do efeito estufa (GEE), a partir do uso de energias alternativas, produtos cuja base de
recursos naturais é renovável, bem como investimento socioambiental. Segundo a BASF, foi
possível reduzir em até 20% a emissão de GEE e investir no uso de biopolímeros como fonte
para a produção de plásticos recicláveis. Entre algumas iniciativas reconhecidas da Braskem
estão o Projeto Ser + Realizador, focado na inclusão social e incremento de renda de mais de
40 cooperativas de catadores de materiais recicláveis, oportunizando a reciclagem de mais de
4 mil toneladas de material. No âmbito da Educação Ambiental, a empresa coordena o
Programa de Educação Ambiental (PEA), possibilitando a educação de mais de 2.500 jovens
estudantes e moradores de comunidades do entorno de seus polos industriais. Estas, entre
outras ações em Gestão Ambiental de ambas as empresas estão alinhadas aos 17 Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS).
- -11
Figura 4 - O equilíbrio dinâmico do Desenvolvimento Sustentável é essencial ao crescimento econômico 
consciente, a justiça social e o respeito ao meio ambiente.
Fonte: DIAS, 2017, p. 45.
Este equilíbrio nas dimensões do Desenvolvimento Sustentável (Figura acima) se identifica com o conceito de 
ou Tripé da Sustentabilidade, como conhecido no Brasil Organizações importantes como aTriple Bottom Line, . 
Global Reporting Initiative (GRI) vem adotando o termo como princípio de valores, objetivos e processos. Este
conceito teve papel importante na composição de indicadores quantitativos e qualitativos que medem os
impactos econômicos, sociais e ambientais das organizações. Para tanto, até que se chegasse neste nível de novo
paradigma de desenvolvimento, o conceito percorreu diversas fases até sua devida incorporação na agenda
ambiental.
1.2.2 Origem
Por consequência de um enraizamento paradigmático influenciado por Descartes e Bacon, o desenvolvimento
apoiado pela agenda ambiental internacional, a partir da segunda metade do séc. XX, adotou uma linha natural
de domínio sobre a natureza e uma relação de uso racional, tendo em vista suas limitações enquanto recursos
renováveis e não renováveis.
O movimento para a formação do conceito de Desenvolvimento Sustentável começou na preparação da
Conferência de Estocolmo em 1972, quando mostrou a existência de duas posições. Clique sobre elas a veja a
descrição a seguir.
Otimista
Na qual a natureza tinha condições abundantes e, portanto, passível de ser explorada e mitigada com soluções
tecnológicas.
Pessimista
Que indica a insustentabilidade ocasionada pelo crescimento demográfico, industrial e urbano, com o consumo
como base do ciclo produtivo e do crescimento econômico.
O desaparecimento da humanidade seria apenas uma questão de tempo, em consequência da exaustão dos
recursos e dos efeitos da poluição (SACHS, 2002). Assim surgiu uma posição intermediária, ou moderada, ainda
de permanência do , porém, socialmente receptivo e implementado por meios favoráveis ao meiostatus quo
ambiente. Para Ignacy Sachs (2002), o Desenvolvimento Sustentável segue o mesmo paradigma sob um conceito
endógeno, autossuficiente, orientado para as necessidades, em harmonia com a natureza e aberto às mudanças
institucionais.
- -12
O documento “Nosso Futuro Comum”, como abordado na definição de Desenvolvimento Sustentável,foi
referência e base importante para os debates que aconteceram na Conferência Rio-92. O evento aprovou
documentos importantes sobre assuntos de ordem global relativos ao Desenvolvimento Sustentável. A partir
disso, o conceito assume uma posição privilegiada na agenda global, sendo tema de encontros, debates, fóruns
internacionais e base para a construção de novas regulamentações.
1.3 Gestão Ambiental Internacional: da formação de 
instituições e normas ambientais
A Gestão Ambiental, em paralelo ao conceito de Desenvolvimento Sustentável que impulsionou a sua prática em
toda a sociedade, apresentou pelo menos três fases distintas de ideias e linhas de atuação. Em um nível global,
problemas ambientais desencadearam denúncias, debates, eventos e a formação de novas instituições e
regulamentações.
A primeira fase ocorreu no final do século XIX até a CNUMAH, em 1972. A segunda fase começa com a realização
da CNUMAH e se estende até 1992, com a realização da Rio-92. A terceira fase da Gestão Ambiental, em nível
global, caracteriza-se pela promoção do Desenvolvimento Sustentável até os dias atuais.
Vamos estudar, agora, um resumo destas três fases, destacando os principais acontecimentos, conceitos e
diretrizes que regem a aplicação da Gestão Ambiental nos dias atuais.
1.3.1 Contextualização
Até aqui, foi possível observar que a preocupação ambiental e as iniciativas em Gestão Ambiental só tomaram
proporções globais a partir da segunda metade do século XX, embora em nível local, regional e nacional já
existissem iniciativas datadas anteriormente.
Clique nos itens a seguir para conhecer os principais acontecimentos, conceitos e diretrizes que nortearam a
Gestão Ambiental até meados de 1970.
• 
Nas décadas de 1950 e 1960, aumentaram as preocupações ambientais, devido à divulgação de
estudos sobre os desastres ambientais causados pelo acelerado crescimento econômico no
período pós-guerra.
• 
Em 1968 é realizada, em Paris, a Conferência sobre a Biosfera. Este evento foi importante para
VOCÊ O CONHECE?
Ignacy Sachs (91 anos) é um economista polonês, naturalizado francês. Suas obras lançam
reflexões sobre a necessidade de um novo paradigma de desenvolvimento. Esteve na
organização da Conferência de Estocolmo (1972), contribuindo diretamente na formulação da
base conceitual, que se tornaria futuramente o conceito de Desenvolvimento Sustentável.
Também participou da Rio-92 como Conselheiro Especial e é autor de mais de 20 livros sobre
desenvolvimento e meio ambiente.
•
•
- -13
Em 1968 é realizada, em Paris, a Conferência sobre a Biosfera. Este evento foi importante para
trazer uma perspectiva interdisciplinar, envolvendo acadêmicos das ciências naturais,
tecnológicas e sociais.
• 
Os anos de 1970 são emblemáticos em virtude da quantidade de eventos internacionais
importantes e pela acelerada criação de instituições e normas de proteção ambiental. Como
consequência da Conferência da Biosfera, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO), lança em 1971, o Programam Homem e Biosfera, focado no estudo
das relações da humanidade com o meio ambiente.
• 
Em 1972, o grupo internacional Clube de Roma, composto por industriais, pesquisadores e
diplomatas, publica o estudo “Limites do Crescimento”. A publicação foi um alerta sobre a
responsabilidade compartilhada dos países ricos em assumir as consequências dos desastres
ambientais.
Em junho de 1972 é realizada a CNUMAH. O evento foi motivado pelas denúncias dos desastres ambientais
sucedidos nas décadas anteriores, devido ao acelerado período industrial pós-guerra, assim como as reuniões
científicas que deram sustentação ao debate. A Conferência estimulou a cooperação internacional para o
equilíbrio entre os interesses dos países desenvolvidos e dos países considerados pobres. Este foi um dos
maiores desafios, haja vista que os países pobres e emergentes eram contra a redução da exploração dos
recursos naturais em larga escala, alegando a necessidade do progresso como forma de reduzir a pobreza.
As discussões ao longo da Conferência resultaram em um Plano de Ação; na Declaração sobre Meio Ambiente; na
determinação do dia mundial do meio ambiente (5 de junho); na resolução sobre as experiências com armas
nucleares; e na resolução sobre as disposições institucionais e financeiras.
A Declaração de Estocolmo reúne princípios que, embora não tenham valor jurídico, são considerados
“princípios declaratórios de caráter incitativo e com alcance moral, político, operacional e que contribuíram para
a aceitação de certos princípios como regras ordinárias” (LAVIEILLE, 2004 BURSZTYN; BURSZTYN, 2013).apud 
A Conferência também originou em 1972 a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), responsável pela reprodução de informações sobre meio ambiente, programas de avaliação ambiental
e fomento à cooperação internacional. A partir da conferência houve um aumento expressivo na formação de
órgãos ambientais, pesquisas e programas de ações ambientais em todo o mundo. No início dos anos 1970, pelo
menos dez países tinham órgãos ambientais nacionais, instituições especializadas e comitês. Este número subiu
para 60, em 1974, chegando ao final da década a um número estimado de 100 países (DIAS, 2017).
O restante dos anos 1970 e 1980 é marcado pelo aumento do conhecimento científico e da consciência
ambiental. Organizações Não-Governamentais (ONGs) ganham força, assim como iniciativas de cooperação
internacional para lidar com temas de nível global, tais quais: mudança do clima; destruição da camada de
ozônio e proteção da biodiversidade.
Com o aumento dos acidentes ambientais e divulgação de novos estudos científicos, a preocupação ambiental foi
além dos grupos de intelectuais e ativistas, atingindo os empresários e produtores. Estes últimos adotaram
novas práticas em Gestão Ambiental movidos pelo aumento das legislações e busca de novos nichos de mercado.
Em 1988, é criado o Painel Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança no Clima (IPCC), órgão de
análise e divulgação do conhecimento sobre as .mudanças climáticas
Os anos 1990 começam com um dos eventos mais emblemáticos para a definição de diretrizes que vão permear
a Gestão Ambiental em todos os níveis de governo: a Rio-92. O evento foi motivado pelo movimento
ambientalista, associado a uma grande repercussão dos desastres ambientais ocorridos nos últimos anos e a
publicação do Relatório Brundtland. A Conferência tinha um viés de intervenção, como nunca antes visto,
fundamentado em estratégias e medidas de combate aos problemas ambientais em diferentes níveis, além de
incluir definitivamente o conceito de Desenvolvimento Sustentável na agenda ambiental. Após dias de debates,
foram aprovados pelos governos participantes cinco textos. Clique a seguir para conhece alguns deles.
•
•
- -14
•
Declaração do Rio
A “Declaração do Rio”, enfatiza o conceito de Desenvolvimento Sustentável adotando princípios de
ordem moral, política e operacional, mobilizando os estados e a sociedade como um todo.
•
Agenda 21
Outro documento deles é a Agenda 21, documento sem valor jurídico, mas utilizado até hoje como
base de plano prático do Desenvolvimento Sustentável nas organizações. Para o auxílio à aplicação
da Agenda 21, foi criada a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável (CDS), vinculada à ONU.
•
Declaração de Princípios sobre Florestas
O terceiro documento é a Declaração de Princípios sobre Florestas. Ele propõe maior soberania
aos estados e o manejo adequado das florestas. Algumas convenções como a Convenção-Quadro
sobre Mudanças Climáticas e a Convenção sobre Diversidade Biológica visaram maior cooperação,
estudos e melhor gerenciamento dessas pastas em diferentes níveis, desde o local ao global.
Um dos grandes feitos da Rio-92 foi a convergência de opiniões opostas na busca por um caminho mais
sustentável. Por um lado, países considerados desenvolvidos e que apresentavam um padrão de consumo
insustentável, tiveram de lidar com as necessidadesdos países em desenvolvimento, onde os problemas sociais e
o anseio por um crescimento industrial eram vistos como prioritários à frente das questões ambientais. Houve
também um esforço para acordos de apoio financeiro e transferência de tecnologia aos países em
desenvolvimento.
A Agenda 21 voltou a ser tema de debate em 1997, quando 170 países se reuniram em Nova York, para discutir
os efeitos após a Rio-92 e adotar novas formas de impulsionar seus princípios.
No ano 2000, a realização da Assembleia Geral das Nações Unidas provocou a convocação da Cúpula Mundial
sobre o Desenvolvimento Sustentável, a ser realizada posteriormente em 2002 na cidade de Johanesburgo. A
Rio+10 mostrou pouco avanço em relação à Rio-92. Agravados por um contexto econômico mundial
desfavorável, somado à crise social com a miséria, o tema não alcançou propostas claras de implementação. A
Rio+10 resultou na Declaração Política e um Plano de Implementação, dos quais avaliaram desde a Conferência
de Estocolmo a Rio-92 os problemas e compromissos a serem tratados para o alcance do Desenvolvimento
Sustentável.
Passados alguns anos, as Nações Unidas definiram em 2009 a realização da Conferência Rio+20. No contexto do
Desenvolvimento Sustentável surge um tema de destaque: a Economia Verde. Conceito este que aborda a
importância da mudança para uma economia pautada na eficiência dos recursos e redução dos impactos
ambientais, sob uma visão circular, na qual os resíduos são vistos como recursos úteis. A pobreza, assunto não
resolvido nos últimos 20 anos, ganhou novamente peso no debate.
O contexto do evento, assim como em 2002, não era o mais favorável. Circunstâncias políticas e econômicas
como a crise econômica da Europa e a recente crise americana de 2008, sinalizavam que as metas não seriam
ousadas. O documento final reafirmou diagnósticos e propósitos que já tinham sido afirmados em textos
anteriores, evidenciando a fraqueza nas formas de ação concreta (BURSZTYN; BURSZTYN, 2013). No entanto, o
documento final da Rio+20 lançou a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, destacando 17 Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável (ODS) (figura a seguir) e 169 metas, incluindo uma seção focada nos meios de
implementação e parcerias globais que permitam avanços econômicos na agenda.
•
•
•
- -15
Figura 5 - Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável devem ser incorporados aos objetivos de todos os 
países do mundo e implementados até 2030.
Fonte: Plataforma Agenda 2030 (2018).
As principais conferências realizadas (1972, 1992, 2002 e 2012) permitiram maior debate entre diversos setores
da sociedade, criação de valores e possibilidades de ações que buscassem o alcance do Desenvolvimento
Sustentável em nível global. Mesmo que todos estes eventos tenham sido alvo de críticas em relação a sua real
efetividade e ganhos circunstanciais em termos de avanços sobre a busca do Desenvolvimento Sustentável,
países avançaram na criação de órgãos ambientais, melhorias nos mecanismos legais e incentivo à prática da
Gestão Ambiental por empresas. Movimentos criados por organizações do terceiro setor ganharam força e
impulsionaram essas mudanças. Houve maior incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento científico e tecnológico,
abrindo campo para a formação de profissionais.
1.4 Gestão Ambiental no Brasil: da formação de 
instituições e normas ambientais
O Brasil, como um país colonizado, teve ao longo da sua história as consequências da forte expansão comercial
europeia, caracterizada pela exploração dos recursos naturais e das populações nativas como mão de obra. A
partir da colonização, o Brasil passou por alguns ciclos econômicos relacionados aos recursos naturais existentes
em abundância, sobretudo suas florestas nativas. A exploração do pau-brasil, dos minérios, produção de açúcar,
café, soja, borracha e crescimento industrial proporcionaram aumento populacional e formação desordenada de
cidades.
A Gestão Ambiental no Brasil precede ao século XX. Assim como nos demais países em processo de
industrialização, os impactos ambientais gerados pelas atividades econômicas despertaram alertas e crises que
desencadearam regulamentações para lidar com os riscos da poluição e da redução dos recursos naturais. Sob
influência dos acontecimentos em escala global, o país sofreu fortes transformações durante o século XX, com a
criação de instituições e normas ambientais, base esta que fortaleceu o desenvolvimento da política ambiental
- -16
criação de instituições e normas ambientais, base esta que fortaleceu o desenvolvimento da política ambiental
em nível nacional, estadual e municipal.
Vamos entender neste tópico, a contextualização para compreender o processo histórico e como as mudanças na
sociedade tornaram a Gestão Ambiental assunto premente na tomada de decisão política e empresarial.
1.4.1 Contextualização
A proteção da natureza não é um tema recente no Brasil. Desde o período colonial há registros de
regulamentações que buscavam lidar com situações de risco. Algumas ordenações jurídicas do Reino tinham
observações sobre o meio ambiente, especialmente a supressão vegetal em proporções abusivas.
No período imperial (séc. XIX) outras normas de proteção ao meio ambiente foram promulgadas, além de artigos
que tratavam especificamente sobre o controle dos rios públicos, minas e terras. Não se pode afirmar que estes
instrumentos foram efetivos em suas propostas, dado o cenário político histórico caracterizado pelo domínio do
poder local pelas oligarquias (BURSZTYN; BURSZTYN, 2013).
A partir dos anos 1930, o Brasil passou por um novo processo político, influenciado pelo golpe de Estado com a
entrada de Getúlio Vargas no poder. O Estado ditava as atividades econômicas e as políticas de proteção social. O
governo de Kubitscheck nos anos 1950 deu uma nova estrutura de Estado, mais sistemática e focada no
planejamento governamental (BURSZTYN; BURSZTYN, 2013). Essas mudanças modificaram a disposição
populacional no território nacional. Ao mesmo tempo em que o país sofreu com a industrialização e o
crescimento demográfico, as obras de ampliação das estradas e construção de cidades planejadas, como Brasília,
modificaram o fluxo migratório da população para o interior do país. Isso ampliou o aparato governamental em
todos os cantos do Brasil.
A temática ambiental foi favorecida por este período, quando surgiram estudos e novas regulamentações. O
Brasil promulgou, em 1923, o Decreto n. 16.300 (BRASIL, 1923), relativo ao saneamento, como forma de impedir
impactos à saúde da população, derivados de atividades industriais.
Em 1934 foi promulgado o primeiro Código de Águas (BRASIL, 1934). A Constituição de 1934 (BRASIL, 1934) foi
inovadora na competência do Estado em legislar sobre atividades industriais em solo brasileiro, considerando
minério, uso da água, geração de energia, florestas, caça e pesca, etc. Entre algumas leis de destaque estão:
Código Florestal (1934); Código de Caça e Pesca (1934); Política Nacional de Saneamento (1967) e Lei de
Proteção dos Animais (1934).
Ainda que, nos anos de 1970, o Estado tenha se reduzido em termos de poder, as políticas ambientais
continuaram em evolução diante da preocupação em nível global e eventos como a Conferência de Estocolmo.
Mesmo assim, em 1973, foi criada a primeira agência ambiental federal, a Secretaria Especial de Meio Ambiente
(SEMA). Ela assumiu grandes responsabilidades, desde a criação, assessoria e colaboração com órgãos de
controle ambiental, fomento à Educação Ambiental e estabelecimento de normas. Clique na interação a seguir
para continuar lendo sobre este assunto.
Dois anos depois, o governo publicou o Decreto-Lei n. 1.413 (BRASIL, 1975), referente ao controle da poluição
VOCÊ SABIA?
Integrante da comissão preparatória da Conferência de Estocolmo, o Brasil liderou 77 países e
teve apoio dos países considerados emergentes ao não concordar com os acordos iniciais
propostos pela conferência. Na época, o Brasil adotou uma posição de defesa ao crescimento
econômico exploratório, consideradopelo governo militar como forma de resolução da
miséria, assumindo que o meio ambiente ficaria em segundo plano.
- -17
Dois anos depois, o governo publicou o Decreto-Lei n. 1.413 (BRASIL, 1975), referente ao controle da poluição
ambiental ocasionada por atividades industriais. Esta preocupação já era recorrente desde o final dos anos 1960,
em virtude do aumento da poluição industrial. A realização do Simpósio sobre Poluição Ambiental em 1971,
favoreceu a implementação desta norma. A norma obrigou a adoção de práticas preventivas e corretivas sobre
possíveis poluições causadas pelas atividades produtivas. 
Contudo, em caso de atividades industriais que fossem de alta relevância ao desenvolvimento e segurança do
país, somente o Poder Executivo Federal poderia intervir. A partir do mesmo ano foram registrados sinais de
descentralização do poder do governo federal com a responsabilidade de alguns Estados em cuidar do processo
de licenciamento ambiental.
Muitos dos Órgãos Estaduais do Meio Ambiente (OEMA) surgiram nos anos 1970, responsáveis, principalmente,
pelo saneamento das cidades, licenciamento ambiental e fiscalização. A Fundação Estadual de Engenharia do
Meio Ambiente (FEEMA) foi instituída em 1975 no Rio de Janeiro, e em 1976, no Estado de São Paulo, a
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB).
A SEMA até o momento não agia sozinha em determinadas situações, pois dependia do Ministério do Interior
(MINTER) para algumas resoluções. Em 1976, ampliaram, em conjunto, uma legislação ambiental que permitisse
maior autonomia aos órgãos estaduais. A decisão foi vista como uma maneira de melhorar a efetividade da
política pública em nível local.
Em 1981, o governo federal instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNUMA), dirigindo ao Sistema
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) a responsabilidade
pela sua execução. Trata-se de uma política ambiental que é referência até os dias atuais. Somente o CONAMA
(colegiado formado por órgãos do governo federal, estadual, municipal, empresas e sociedade civil) foi
responsável pela deliberação de temas relacionados à proteção de biomas, gestão de espécies da fauna e da flora,
qualidade da água, gerenciamento de resíduos, áreas protegidas, poluição sonora e do ar, entre outros.
Em 1988, é promulgada a nova Constituição do país, sendo um marco histórico na promoção da política
ambiental brasileira e servindo de base legal para a regulação ambiental.
Em 1989, é criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O órgão
foi uma resposta às pressões dos movimentos ambientalistas em nível nacional e internacional, centralizando a
responsabilidade que era atribuída a outros órgãos do governo federal, incluindo a SEMA.
A década de 1990 foi marcada, inicialmente, por medidas firmes do governo Fernando Collor (1990-1992) no
combate ao desmatamento na Amazônia. No primeiro ano foi instituída a Secretaria Especial do Meio Ambiente
da Presidência da República (SEMAM), órgão que foi importante no enraizamento da proteção ambiental na
estrutura do Estado (BURSZTYN; BURSZTYN, 2013). Após transformações em sua nomenclatura, em 1999,
tornou-se definitivamente Ministério do Meio Ambiente, responsável pela proteção, recuperação do meio
ambiente e incorporação das premissas do Desenvolvimento Sustentável.
A partir de 2006, o IBAMA foi fragmentado em vários órgãos. Algumas jurisdições foram distribuídas para o
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e Fundo
Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF).
Desde os anos 1990, o Brasil incorporou definitivamente em diferentes níveis de governo, a questão ambiental
em suas políticas públicas. Os estados e, principalmente, os municípios mobilizaram esforços para a
implementação de políticas ambientais em nível local. Isso só foi possível, também, a partir da descentralização
dos recursos, que foram destinados localmente para a resolução dos problemas ambientais. Muitos programas
tiveram o apoio de fundos orçamentários, tanto de fonte nacional, quanto internacional.
Em tempos atuais, o Brasil tem seguido com a sua lógica focada no desenvolvimento de base econômica,
moldando o perfil político-institucional e as características das políticas públicas (BURSZTYN; BURSZTYN, 2013).
No entanto, a dimensão ambiental tem sido levada em consideração, mesmo que limitada à lógica econômica.
Experiências desde os anos 2000, tem mostrado avanços significativos em relação à agenda ambiental.
Essas iniciativas se tornaram importantes no direcionamento estratégico e modos de ação de empresas e
organizações do terceiro setor.
- -18
Síntese
Concluímos a primeira parte da disciplina de Sistemas de Gestão Ambiental. Pudemos compreender os conceitos
e fatos históricos que contribuíram para as práticas da Gestão Ambiental, em âmbito dos governos, empresas e
organizações do terceiro setor. São, portanto, os alicerces que sustentam o novo paradigma na forma de
enxergar o desenvolvimento da humanidade.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• aprender o conceito de Gestão Ambiental, suas dimensões e classificações, compreendendo que ele não 
surgiu de forma espontânea e, sim, por uma necessidade, em decorrência das consequências da ação 
humana sobre o meio ambiente;
• identificar as principais correntes de pensamento que contribuíram para as discussões científicas e 
políticas, gerando acordos internacionais que influenciaram diretamente na incorporação da Gestão 
Ambiental em todos os setores da sociedade;
• aprender o conceito de Desenvolvimento Sustentável, importante base na mudança de paradigma para 
um desenvolvimento mais consciente, socialmente justo e ambientalmente responsável;
• compreender a evolução histórica das atividades humanas, o processo de exploração dos recursos 
naturais, suas consequências ao meio ambiente e a realização de estudos, eventos, criação de normas e 
instituições que formaram a estrutura necessária para a prática da Gestão Ambiental do nível global ao 
local;
• refletir sobre as diferentes perspectivas da Gestão Ambiental, desenvolvendo uma visão crítica sobre a 
real efetividade das suas práticas na atualidade e se são suficientes para o enfrentamento da crise 
ambiental no século XXI.
Bibliografia
BARBIERI, J. C. . 4. ed. São Paulo: Gestão Ambiental Empresarial - Conceitos, modelos e instrumentos
Saraiva, 06/2016.
BRASIL. . Approva o regulamento do Departamento NacionalDecreto n. 16.300, de 31 de dezembro de 1923
de Saúde Pública. Disponível em: < >.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/D16300.htm
Acesso em: 21/11/2018.
BRASIL. . Decreta o Código de Águas.Decreto n. 24.643, de 10 de julho de 1934 Disponível em: <http://www.
>. Acesso em: 21/11/planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D24643.htm 2018.
BRASIL. (de 16 de julho de 1934). Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil Disponível em: < 
>. Acesso em: 21/11/http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao34.htm 2018.
BRASIL. . Dispõe sobre o controle da poluição do meio Decreto Federal n. 1.413 de 14 de agosto de 1975
ambiente provocada por atividades industriais.
BURSZTYN, M. BURSZTYN, M. A. : caminhos para a Fundamentos de política e gestão ambiental
sustentabilidade. Rio de Janeiro: Garamond, 2013.
DIAS, R. . 3. ed. São Paulo: Atlas, 02/2017.Gestão Ambiental - Responsabilidade Social e Sustentabilidade
FERRARI, M. : Rachel Carson. Direção: Michelle Ferrari. Produção: Michelle Ferrari.American Experience
Estados Unidos, 2017.
HARARI, Y. N. : a brief history of humankind. New York: Random House, 2014.Sapiens
LEONARD, A. . Produção: Tides Foundation; Funders Workgroup forA história das coisas ( )Story of Stuff
Sustainable Production and Consumption; Free Range Studios. Canal João Faraco, YouTube. Publicado em 20 de
dez. 2008. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k>. Acesso em: 21/11/2018.
PIERRI, N. El Proceso histórico y teóricoque conduce a la propuesta del desarrollo suntentable. In: PIERRI, N.;
•
•
•
•
•
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/D16300.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D24643.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D24643.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao34.htm
https://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k
https://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k
- -19
PIERRI, N. El Proceso histórico y teórico que conduce a la propuesta del desarrollo suntentable. In: PIERRI, N.;
FOLADORI, G. (Eds.) . Montevideo: Trabajo ySustentabilidade? Desacuerdos sobre el desarrollo sustentable
Capital, 2001.
PLATAFORMA AGENDA 2030. . Disponível em: <17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável http://www.
>. Acesso em: 21/11/2018.agenda2030.com.br/
SACHS, I. . Rio de Janeiro: Garamond, 2002.Caminhos para o desenvolvimento sustentável
SACHS, I. . Rio de Janeiro: Garamond, 2004.Desenvolvimento includente, sustentável, sustentado
WCED. . Our common future. Oxford; New York:World Commission on Environment and Development
Oxford University Press, 1987.
http://www.agenda2030.com.br/
http://www.agenda2030.com.br/
	Introdução
	1.1 Gestão Ambiental
	1.1.1 Definição
	1.1.2 Contextualização
	1.2 Desenvolvimento Sustentável
	1.2.1 Definição
	1.2.2 Origem
	1.3 Gestão Ambiental Internacional: da formação de instituições e normas ambientais
	1.3.1 Contextualização
	Declaração do Rio
	Agenda 21
	Declaração de Princípios sobre Florestas
	1.4 Gestão Ambiental no Brasil: da formação de instituições e normas ambientais
	1.4.1 Contextualização
	Síntese
	Bibliografia