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MEIO AMBIENTE, DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE UNIDADE 3 GABRIELLA MACHADO UNIDADE 3 | INTRODUÇÃO Você conhece o conceito de Gestão ambiental? Já ouviu falar sobre Sistemas de gestão ambiental? O princípio norteador da Gestão ambiental está relacionado à promoção da administração de atividades econômicas e sociais em diálogo com o uso racional dos recursos naturais, buscando alcançar a sustentabilidade nos processos econômicos. Sendo através dos sistemas de gestão ambiental e das iniciativas do poder público, por meio de políticas públicas, que a gestão ambiental é possível. Vamos compreender melhor esses conceitos? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo da gestão ambiental! UNIDADE 3 | OBJETIVOS Compreender a relevância do conceito de Gestão Ambiental e a sua importância para alcance da sustentabilidade; Conhecer os conceitos fundamentais e o funcionamento dos sistemas de gestão ambiental; Entender a atuação e o papel do poder público para promoção da gestão ambiental; Conhecer as políticas públicas voltadas ao meio ambiente; UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL Partindo do período chamado de revolução industrial, cujo contexto se tem a transição entre os processos de produção, a partir do desenvolvimento tecnológico nas indústrias. O avanço industrial acarretou problemas como a poluição das águas, do solo e do ar, a geração do lixo e superlotação do espaço urbano. UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL A poluição gerada nesse período trouxe consequências a diversos países, impulsionando o início da discussão sobre os problemas ambientais. UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL A década de 1970 é marcada pelo fervor de discussões progressistas que abrangiam desde os direitos das mulheres e movimentos sociais até questões ambientais, debates e pautas puxadas pelos ativistas. Desse modo, em 1972, ocorre a Conferência de Estocolmo, na Suécia, que foi o primeiro grande evento a discutir os problemas ambientais. Outro destaque em relação à consolidação da gestão ambiental foi a Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento, também conhecida com Eco-92, no Rio de Janeiro. UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL Nessa reunião houve decisões mais concisas, onde foram estabelecidas metas para a diminuição das emissões de carbono na atmosfera e elaborados documentos como a Carta da Terra e a Agenda 21. Esses acontecimentos citados anteriormente contribuíram para consolidação de pesquisas e estudos na área ambiental e a criação de novas áreas para contemplar as temáticas, como foi o caso da gestão ambiental. UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL A Gestão Ambiental é entendida como a área de conhecimento que tem como objetivo a resolução de problemas em empresas e organizações a partir de normas e especificações ambientais, com base na legislação. UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL A concepção filosófica da gestão ambiental está relacionada ao olhar para o meio ambiente, de modo que se entenda o Homem como parte da natureza, diferenciando-se da concepção de natureza como meio físico (FORNO, 2017). Desse modo, a natureza não é simplesmente entendida apenas devido aos seus recursos naturais, mas é um meio complexo de relações para além da biodiversidade. Como menciona Forno (2017) quando a palavra ambiente aparece traz a referência das relações do entorno, de cunho social. UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL Entende-se que o meio seria o entorno, no qual o ambiente estaria em relação naturalizada entre o que se produz, é produtor, resultando em tensões ambientais. Assim, a gestão ambiental por meio de seus sistemas de gestão, que veremos logo, mostra sua relevância no contexto das organizações produtivas, empresariais e unidades de produção agrícola e agroindustriais (NETTO; GOIS; LUCION, 2017). UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL Podemos perceber que a gestão ambiental está alicerçada no estabelecimento do ambiente equilibrado como um direito e bem de uso comum da população. UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL Com o intuito de garantir que se cumpra a Constituição, na medida em que impõe a preservação e restauração dos processos ecológicos, proteção da fauna e da flora, educação ambiental e a conscientização. A gestão ambiental é caracterizada pelo conjunto de ações, o planejamento, a organização, o controle e a minimização dos impactos ambientais causados pelos processos produtivos (NETTO; GOIS; LUCION, 2017). Sendo um processo dinâmico e completo, devido a isto a gestão ambiental se tornou fundamental a preservação do meio ambiente. UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL No âmbito empresarial a gestão ambiental é um instrumento facilitador dos processos corporativos, levando em conta os cuidados com o meio ambiente nas atitudes e decisões em todos os níveis de administração de uma organização. Trazendo os atributos da gestão ambiental, em sua base o conjunto de políticas e ações de caráter social, técnico e produtivo com o intento de alcançar um melhor desempenho ambiental (NETTO; GOIS; LUCION, 2017). UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL Podemos ver que a gestão ambiental é alicerçada em uma série de requisitos e bases contribuindo para o processo de implementação de uma concepção sustentável. Os debates atuais estão relacionados ao uso de recursos naturais e a redução de custos em diálogo com a minimização dos impactos gerados e o uso dos recursos de matérias-primas e recursos hídricos. Devido a isto, as empresas e órgãos públicos adotam o sistema de gerenciamento ambiental. UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL Esse sistema de gerenciamento ambiental possui três níveis: O primeiro nível de ecogerenciamento que é responsável pela fiscalização e possíveis sanções se houver algum dano ambiental. O segundo nível é a legislação e seu cumprimento. O terceiro nível é a orientação da empresa e dos colaboradores referente às novas tecnologias voltadas a atender a demanda dos problemas ambientais. Ou seja, a atuação em conjunto da equipe em prol do alcance da sustentabilidade. UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL Outro método utilizável é a criação de programas de pós-consumo para retirar do meio ambiente os produtos, ou partes deles, que possam contaminar o solo, rios. A ISO 14000 é um conjunto de normas técnicas e administrativas que estabelece parâmetros e diretrizes para a gestão ambiental para as empresas dos setores privado e público. Estas normas foram criadas pela International Organization for Standardization (ISO) (Organização Internacional para Padronização). UNIDADE 3 | GESTÃO AMBIENTAL Em suma, a gestão ambiental é conceituada como um sistema de administração empresarial que prioriza a sustentabilidade. Fazendo uso de práticas e métodos administrativos que buscam reduzir o impacto ambiental das atividades econômicas na natureza. UNIDADE 3 | SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL A gestão ambiental consciente e eficiente só é possível por meio de processos como: gerência, administração, organização, planejamento. Esses processos são possíveis por meio dos sistemas de gestão ambiental. Os sistemas de gestão ambiental são criados no Brasil a partir de 1980, impulsionados pelas ocorrências de conferências e eventos na área e fruto de pesquisas acadêmicas que contribuíram para a criação (FORNO, 2017). UNIDADE 3 | SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL Na década de 1980 ocorre em nível mundial à mobilização de diversos setores da sociedade em prol da resolução dos problemas ambientais, originando sistemas de gestão ambiental como é citado anteriormente. Em conjunto aos sistemas de gestão ambiental são criadas também políticas públicas na área ambiental, como: A lista de políticas ambientais: Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA); Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA); Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). UNIDADE 3 | SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL Os sistemas de gestão ambiental tem como prioridade a destinação de resíduos a seguinte ordem: redução; reutilização; reciclagem; tratamento dos resíduos sólidos. As formas mais conhecidas de disposição de resíduos sólidos são:o aterro sanitário, que é a disposição final correta a se fazer, possui tratamento do chorume e do gás metano. UNIDADE 3 | SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL O seguinte modo de armazenamento e destinação dos resíduos são os aterros controlados, que é o meio termo entre o aterro sanitário e o lixão, contendo cobertura de terra. O lixão a céu aberto, possui os resíduos a céu aberto, sem nenhum projeto de destinação e sem proteção de solo e do ar. O processo de logística reversa é o instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos para reaproveitamento. Aproveitando ao máximo seu ciclo produtivo antes da destinação final. UNIDADE 3 | SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL O processo de sistemas de gestão ambiental começa com a certificação, no qual esse processo auxilia as organizações na identificação e no gerenciamento dos impactos ambientais oriundos de seus processos produtivos. As ações dos sistemas de gestão ambiental estão voltadas à redução dos riscos ambientais e a gestão empresarial. A partir disto pode ocorrer a certificação dos produtos e serviços da empresa que adota o sistema de gestão ambiental, passando a ser reconhecida internacionalmente. UNIDADE 3 | CONCEPÇÃO AMBIENTAL NA GESTÃO PÚBLICA O contexto da gestão pública muda após décadas de exploração devido à ocorrência de catástrofes ambientais e o aumento dos índices de poluição. Os estágios de concepção ambiental ajudam a compreender de que modo esse contexto se modifica, se tem então os seguintes estágios: Primeiro estágio - é caracterizado pela preocupação com as forças da natureza e a consciência de segurança e respeito ao meio ambiente; UNIDADE 3 | CONCEPÇÃO AMBIENTAL NA GESTÃO PÚBLICA O segundo estágio - é definido como crescimento da confiança dos seres humanos em relação à adaptação do meio às necessidades. Nesse contexto se tem o aparecimento da agricultura e o avanço populacional das cidades; O terceiro estágio está focado no desenvolvimento, urbanização, industrialização e mineração com a premissa de progresso a qualquer custo; O quarto estágio - é o da responsabilidade social, ética ambiental e consciência coletiva, com o objetivo de retornar os recursos ameaçados. UNIDADE 3 | CONCEPÇÃO AMBIENTAL NA GESTÃO PÚBLICA O poder público toma a frente para remediar ou melhorar a situação do meio ambiente no momento em que percebe necessário arcar com as consequências desse uso desenfreado. Com isso, temos nos anos 1970 a implementação do processo de saneamento básico principalmente em áreas do chamado países subdesenvolvidos. Porém, nesse contexto os conhecimentos sobre as possíveis soluções e ações para remediar os problemas ambientais eram poucos. UNIDADE 3 | CONCEPÇÃO AMBIENTAL NA GESTÃO PÚBLICA A partir dessas premissas, o poder público toma algumas normativas como regras a serem cumpridas nos setores, com base no sistema de gestão ambiental, visto anteriormente. São elas: A inserção efetiva da Política Ambiental, no qual a administração se compromete com a melhoria ambiental; O Planejamento nos setores conduzindo a orientação das ações, operações e identificação dos aspectos e impactos com base nas premissas legais do meio ambiente. A partir disso, é possível avaliar e propor alternativas, assim como definir metas por meio da elaboração de plano e propostas. UNIDADE 3 | POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS As políticas públicas voltadas ao meio ambiente emergem do uso descontrolado dos recursos naturais renováveis e não renováveis. Acrescido de problemas sociais como a explosão demográfica, as políticas públicas tiveram que se adaptar ao novo contexto. UNIDADE 3 | POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS Permearemos alguns momentos históricos que culminam na construção de políticas públicas. Iniciando na década de 1940, auge da II Guerra Mundial. Esse momento possibilitou a criação de um sistema econômico internacional e a fundação das primeiras associações de proteção ambiental. UNIDADE 3 | POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS No contexto dos anos 50, na Inglaterra, em meio à poluição atmosférica oriunda da indústria, que culminou na morte de pessoas marcando, sendo um dos primeiros efeitos da poluição industrial, é estimulado diversos debates sobre a qualidade do ar e a aprovação da lei do ar puro em, que foi em 1956. UNIDADE 3 | POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS Já na década de 1960 essa preocupação da comunidade internacional frente aos limites do desenvolvimento do planeta começa a tomar maior espaço no contexto mundial. UNIDADE 3 | POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS O marco dessa nova conduta em relação ao meio ambiente, em 1962, foi impulsionado pela publicação do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, esse livro desencadeou o processo de discussão sobre os efeitos das ações humanas no ambiente. No Brasil, em meados de 1965, é promulgada a lei federal do código florestal brasileiro, consequentemente em 1967 a Lei da proteção da fauna. Já na década de 70, em meio à crise do petróleo e do modelo energético da época, resulta na procura de novas fontes de energia e de uma utilização mais racional. UNIDADE 3 | POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS Por meio de discussões na ONU e a promoção da discussão dessas questões na Conferência sobre o Meio Ambiente Humano em 1972. Essa conferência gerou a Declaração sobre o Ambiente Humano e estabeleceu o Plano de Ação Mundial com o objetivo de inspirar e orientar a humanidade para a preservação e melhoria do ambiente humano. As recorrentes preocupações da época eram: crescimento populacional e o aumento dos níveis de poluição e o esgotamento dos recursos naturais. Em 1973, surge o conceito de ecodesenvolvimento, referia-se principalmente às regiões subdesenvolvidas, trazendo a crítica à sociedade industrial, sendo a precursora do conceito de desenvolvimento sustentável. UNIDADE 3 | POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS A educação ambiental é resultado dos processos educativos de ensino e aprendizagem que possibilitam a conscientização dos indivíduos sobre os problemas ambientais. Sendo assim, em complemento as reflexões anteriores, temos o significado da constituição cidadã por meio da educação ambiental, como a ação de cada indivíduo como um agente do conhecimento, e se constituindo em uma nova construção das relações dos seres humanos com o seu ambiente natural e social (MEDINA, 2002). BIBLIOGRAFIA Fundamentos em gestão ambiental. Organizadora Marlise Amália Reinehr Dal Forno; coordenado pelo SEAD/UFRGS. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2017. NETTO, D.; GOIS, G. R.; LUCION, J. Fundamentos teóricos e conceituais da gestão ambiental. In: Fundamentos em gestão ambiental [recurso eletrônico] / organizadora Marlise Amália Reinehr Dal Forno; coordenado pelo SEAD/UFRGS. – D ados eletrônicos. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2017. BRASIL. Lei n. 9795 - 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental. Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília, 1999. BIBLIOGRAFIA BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. 146p. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª. Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987. LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Educação ambiental e movimentos sociais na construção da cidadania ecológica e planetária. In. Educação ambiental: repensando o espaço de cidadania. Carlos Frederico Bernardo Loureiro; Philippe Pomier Layrarques; Ronaldo Souza de Castro (Orgs.). – 3.ed. – São Paulo: Cortez, 2005. MEDINA, Naná Mininni. Amazônia: uma proposta interdisciplinar de educação ambiental. Brasília, IBAMA, 1996. _________. Formação de Multiplicadores para educação ambiental. In: O contrato social na ciência unindo saberes na educação ambiental. Org: PEDRINI, A. G. Petrópolis: Vozes, 2002. MORAES, Roque. Cotidiano no ensino de Química: superações necessárias.In: GALIAZZI, M. C. et al. Aprender em rede na educação em ciências. Ijuí: Editora UNIJUI. 2008. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo, Cortez, 1995. _________. O Método 3 - O Conhecimento do Conhecimento. Mem Martins: Europa-América, 1998. RAYS, Oswaldo Alonso. Pressupostos teóricos para o ensino da didática. In: A didátia em questão. Organização: Vera Maria Candau. – 29. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. BIBLIOGRAFIA SILVA, Alex Costa da; INFANTE-MALACHIAS, Maria Elena. Reflexão sobre a convergência do pensamento de Paulo Freire e de Edgar Morin: contribuições para a formação docente. Cadernos de Educação. Pelotas [42]: 223-242, maio/junho/julho/agosto 2012. SORRENTINO, Marcos. Desenvolvimento sustentável e participação: algumas reflexões em voz alta. In. Educação ambiental: repensando o espaço de cidadania. Carlos Frederico Bernardo Loureiro; Philippe Pomier Layrarques; Ronaldo Souza de Castro (Orgs.). – 3.ed. – São Paulo: Cortez, 2005. BIBLIOGRAFIA Obrigada!