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Geogra�a Regional do Brasil
Aula 03: Amazônia brasileira
Apresentação
O bioma amazônico é um dos maiores do mundo e concentra uma grande quantidade de biodiversidade e recursos
hídricos minerais.
Porém, sua população é uma das menores das regiões brasileiras.
A partir de propostas políticas de cunho nacional-desenvolvimentista, como os governos de Getúlio Vargas, Juscelino
Kubitschek e mais tarde os militares, houve diversas iniciativas que procuraram integrar essa importante região no quadro
geoeconômico brasileiro.
Objetivos
Descrever o bioma Amazônico;
Discutir os ciclos da borracha na Amazônia;
Analisar o histórico processo de ocupação e planejamento regional.
Amazônia brasileira
 (Fonte: Gustavo Frazao / Shutterstock)
O Complexo Regional Amazônico (CRA) talvez seja, hoje, a região com maior potencial de crescimento no país. É composto
pelos estados do Norte do Brasil — exceto um pedaço do Tocantins —, abrangendo também uma grande parte do Mato Grosso
e do Oeste do Maranhão.
O CRA destaca-se por possuir em seu território a expressividade da �oresta amazônica, cuja dinâmica climática, hidrográ�ca e
vegetacional rege as relações sociais e econômicas, gerando con�itos de interesses tanto locais quanto globais.
O bioma amazônico
O mais famoso de todos os biomas brasileiros é o Amazônico. Devido à sua grande extensão e biodiversidade ocupa
aproximadamente 60% de uma área total de mais de seis milhões de quilômetros quadrados.
Devido à sua enorme extensão, a Amazônia apresenta diversos habitats com �sionomias diferenciadas, assim como estruturas
e tipos de vegetação muito diversas (GARCIA, 2018). A mesma autora a�rma que essa diversidade é composta principalmente
por �orestas densas de terra �rme, �orestas estacionais e �orestas de igapó.
De forma geral, podemos dizer que esse bioma é caracterizado por uma
�oresta densa (árvores muito próximas umas das outras), heterogênea,
latifoliada (folhas grandes e largas), muito úmida, com alta incidência de
raios solares durante todo o ano, altas temperaturas e uma imensa
variedade de fauna e �ora (muitas já catalogadas e outras ainda nem
descobertas). É uma região que possui hidrogra�a rica, com o maior rio do
mundo em volume (rio Amazonas), a maior reserva de água subterrânea
(Sistema Aquífero Grande Amazônia - SAGA), as maiores reservas de
minério de ferro e demais riquezas minerais.
É importante entender que a relação do clima, da vegetação e do solo são fundamentais para o funcionamento da �oresta,
sendo essa interação sustentável o que garante a manutenção de sua biodiversidade e autossustentação.
Caracterizada por um clima predominantemente equatorial úmido, possui altas temperaturas médias, com altos índices de
pluviosidade e umidade relativa do ar. Ao contrário do que se imagina, o solo da região é pobre e arenoso, indicando que, sem a
cobertura vegetal, tem uma tendência à “savanização”.
Dessa forma, podemos nos perguntar: se o solo é pobre e arenoso, o que lhe confere os nutrientes e a possibilidade da
produção de espécies tão biodiversas? Neste caso, a combinação entre o clima quente e úmido e a incidência de folhas largas
que cobrem o solo de matéria orgânica altamente decomposta (húmus), fornece para ele tudo de que precisa para ser a base
das espécies vegetais existentes.
Saiba mais
Você já ouviu falar em rios voadores? É um termo popularizado pelo professor José Marengo, do Centro de Previsão de Tempo
e Estudos Climáticos (CPTEC). Os rios voadores são “cursos de água atmosféricos”, formados por massas de ar carregadas de
vapor de água, muitas vezes acompanhados por nuvens, e são propelidos pelos ventos. Essas correntes de ar invisíveis
passam em cima das nossas cabeças carregando umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil
(FENÔMENO..., s.d.). Assista ao vídeo Antonio Donato Nobre - Rios Voadores (Pesquisa FAPESP) para saber mais.
Os três compartimentos vegetacionais mais comuns na Amazônia são as matas de terra �rme, de várzea e igapó, que estão
diferentemente associados ao nível de relevo encontrado na região. Acompanhe na �gura a seguir.
 Vegetação Brasileira. (Fonte: Blog do Enem)
A mata de terra �rme encontra-se em áreas livres de alagamento, como serras e áreas planálticas, e apresentam as maiores
árvores, que podem chegar até 65 metros.
“As �orestas são compactas, perenifólias e higró�las. No alto, as copas das árvores formam um dossel contínuo que retém
95% dos raios solares, tornando o interior da �oresta muito escuro e úmido” (ROSS, 1996, p. 165).
Na �gura, constate a paisagem que pode ser observada no entorno do Morro da Piraoca, em Alter do Chão, distrito de
Santarém, no Pará.
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 Paisagem do entorno do Morro da Piraoca, em Alter do Chão, distrito de Santarém, no Pará. (Fonte: Debora Rodrigues Barbosa)
Por sua vez, a mata de várzea está localizada, como nos diz Ross (1996, p. 164), “sobre terrenos periodicamente alagados e
sua composição �orística varia de acordo com a duração do período em que ela é alagada, o que é determinado pela altura em
relação ao nível de base dos rios”. 
Nas várzeas, a população ribeirinha costuma criar animais e cultivar plantas temporárias que auxiliam na alimentação regional.
E, mais: a importância desse degrau está na presença das seringueiras, uma importante árvore da qual se extrai o látex, que
deu origem ao Ciclo econômico da borracha (1880-1910).
 Resultado do corte da seringueira. Flona Tapajós, 2018. (Fonte: Debora Rodrigues
Barbosa)
Por �m, a mata de igapó é caracterizada por um solo que
está permanentemente alagado, dos rios e lagos da região
amazônica. Os solos e as águas dessa mata são ácidos
(devido à grande decomposição de matéria orgânica) e as
árvores podem atingir até 20 metros, com a presença
também de plantas aquáticas, epí�tas, arbustos e cipós,
como você observa na foto a seguir, também da professora
Debora Rodrigues Barbosa, na região amazônica.
É nessa área que se encontram os igarapés, que em tupi quer dizer “caminho de canoa”, pequenos rios de locomoção da
população ribeirinha, por onde “subiam e desciam canoas transportando coisas essenciais à sobrevivência do pequeno
estoque de humanidade vivente nas beiras e primeiras encostas de terra �rme” (AB’SABER, 2003, p. 72).
 Igarapés. (Fonte: Debora Rodrigues Barbosa)
O histórico processo de ocupação e planejamento regional
A grande, densa e exuberante �oresta amazônica é considerada um ambiente hostil para o processo de ocupação. Por isso,
durante a colonização brasileira e depois, no Brasil Império, a maior parte da população chegava até o centro da região através
das vias hídricas, representadas principalmente pelos grupos ribeirinhos.
A Amazônia, no entanto, conta com uma importante riqueza, de valioso uso nos séculos XVIII e XIX: as seringueiras.
No século XVIII, a borracha natural começou a ser utilizada na Europa e, em meados do século XIX, Goodyear inventou o
processo de vulcanização, que torna as borrachas mais resistentes, podendo ser utilizadas em pneus de veículos automotores
e bicicletas.
Saiba mais
Entenda Processo de vulcanização da borracha.
É dentro desse contexto que se compreende o crescimento da demanda da borracha natural, fruto da coagulação do látex das
seringueiras amazônicas, e a consequente ocupação da região, com a migração de brasileiros e latino-americanos regionais.
O território onde hoje se encontra o estado do Acre pertencia originalmente à Bolívia e foi transferido para o Brasil dentro de um
contexto de ocupação irregular e troca monetária. Distante da capital, La Paz, e inabitado, começou a ser ocupado por
brasileiros durante o chamado ciclo da borracha, em meados do século XIX.
Saiba mais
Assista ao vídeo: Bolívia, Brasil e Acre: Tratado de Petrópolis
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 Fachada do Teatro Amazonas, 2017. (Fonte: Debora Rodrigues Barbosa)
A produção da borracha desenvolveu grande parte da
Amazônia, incluindo o Departamento de Loreto, no Peru,
com capital em Iquitos.A maior parte da produção era
escoada pelo rio Amazonas. Manaus �cou rica com as
tarifas alfandegárias. Belém também usufruía da riqueza,
pois várias empresas estrangeiras instalaram-se na região
(GG, 2020).
Veja, na �gura da Professora Debora Rodrigues Barbosa, em
visita à capital do Amazonas em 2017, o Teatro de Manaus,
construído no auge do Ciclo da Borracha. O monumento é
famoso pela sua riqueza arquitetônica.
Saiba mais
Acesse: Teatro Amazonas: uma Viagem ao Brasil do Ciclo da Borracha
É dentro desse contexto que se compreende a criação da Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas, sob a iniciativa
do Barão de Mauá. As linhas regulares foram iniciadas em 1852 com três pequenos vapores, intensi�cando o comércio entre as
duas províncias brasileiras e o Peru.
Nas docas do Pará chegavam duas companhias inglesas, fazendo de dez em dez dias a navegação para Lisboa, Havre,
Liverpool, Antuérpia, Nova York, Maranhão, Ceará, Pernambuco e Manaus, além da navegação costeira até o Maranhão e da
linha inglesa com vapores semanais do Rio a Pernambuco, Pará e Nova York (TUDO..., 2013).
No �nal do século XIX, a região respondia por cerca de 65% da produção mundial de borracha, mas no início do século seguinte
a produção na Ásia, em �agrante processo de biopirataria, com seus e�cientes métodos de cultivo, já era superior à produção
sul-americana.
Leitura
O homem que roubou a borracha do Brasil
O problema é que, no mundo capitalista, a competitividade contribui para a queda do preço e com a borracha não foi diferente.
Pode-se dizer que o primeiro ciclo da borracha terminou por volta de 1915, mas a atividade econômica continuou, embora
muito reduzida.
Com o início da Segunda Guerra Mundial houve mais um ciclo econômico da borracha, no Brasil. Com a guerra, o suprimento
de borracha na Ásia �cou comprometido. Então, os Estados Unidos buscaram a borracha da América do Sul. A produção
brasileira, no entanto, era insu�ciente, de modo que os Estados Unidos investiram também na produção econômica de
borracha sintética. O segundo ciclo da borracha durou até os anos 1950 (GUIA..., 2020).
Mesmo com os ciclos de borracha na Amazônia, pode-se dizer que até o governo de Getúlio Vargas não houve muitos esforços
para a ocupação e integração da região do complexo amazônico com o restante do país.
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Em 1953, Getúlio Vargas criou a Superintendência de Valorização do Plano
Econômico da Amazônia (SVPEA), com o objetivo de elaborar planos
quinquenais de valorização da região. Ele, porém, efetivamente iniciou a
ocupação e a integração do território por meio da infraestrutura rodoviária.
Além de contraditório, esse plano não deu especial atenção à extração da
borracha (segundo ciclo) e foi substituído pela SUDAM, na ditadura militar.
Segundo Marques (2013), foi durante a vigência da SVPEA (1953-1966) que houve a construção da rodovia Belém-Brasília (BR-
010), além do planejamento de outras com o mesmo objetivo de integração. Um pouco antes disso, em 1950, foi fundado o
Banco de Crédito da Amazônia (vindo do Banco de Crédito da borracha), que depois passou a se chamar Banco da Amazônia
(BASA).
Atenção
O período de maior integração foi a partir da década de 1960, pois a Amazônia passou a representar um território estratégico, que,
além de possuir uma imensa reserva hídrica, mineral, natural e de biodiversidade, ainda está localizada em uma área de fronteira
com diversos países da América Latina, o que passou a con�gurar medo de ameaça à soberania nacional a partir de invasões .
Entre os anos 1970 e 1980 o Brasil estava sob o regime militar, que tinha entre os seus objetivos a promoção do crescimento
econômico do país e o avanço da ocupação em direção ao Oeste e à Amazônia, no sentido de promover a soberania nacional.
Na verdade, a política de "Integrar para não Entregar" iniciou-se ainda nos anos 1960, mas foi efetivamente aplicada nas
décadas posteriores. No início da década de 1970, a Amazônia foi literalmente rasgada ao meio para dar lugar à
Transamazônica, inaugurada em 1972. Dois anos depois �cou pronta a Rodovia Belém-Brasília, colocando abaixo �orestas do
cerrado e da Amazônia.
Para não perder o território, os militares organizaram planos de ocupação e integração, sendo que alguns deles obtiveram certo
sucesso, pelo menos sob o ponto de vista de atratividade populacional e relativo crescimento econômico. São dessa época
iniciativas como a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), em 1966, e a Superintendência de
Desenvolvimento da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), em 1967.
Por meio da SUDAM o governo apresentou grandes incentivos aos
interessados em produzir na região. O dinheiro, porém, era destinado
apenas aos mais favorecidos e não à ampla população pobre, que
poderia ter aproveitado o incentivo para empreender e desenvolver
em prol do Brasil.
Como nos diz Albuquerque (2014), além das rodovias, houve a implantação da Ferrovia do Aço, do Sistema de
Telecomunicações, do Projeto Carajás e das usinas hidrelétricas de Tucuruí e Balbina, entre outras ações. Eram iniciativas
enquadradas no âmbito do Programa de Integração Nacional, que buscava apoiar-se na Teoria dos Polos de Crescimento.
"Desde o período da ditadura militar que os rios amazônicos
são considerados “grandes faixas de recursos”, sobretudo
para a questão da geração de energia hidrelétrica. Na década
de 1970, o governo iniciou de forma efetiva “a gestão das
águas para a construção de hidrelétricas na região”"
- BATISTA; MIRANDA, 2019, p. 119
Na década seguinte houve a implantação do Programa de Mineração Grande Carajás e a construção da usina hidrelétrica do
Tucuruí, em 1984.
É bom destacar que Tucuruí buscou atender às demandas energéticas do Programa de Mineração Grande Carajás, mas atraiu
um importante pólo siderúrgico da região, que se instalou atraído pelo fornecimento de energia a baixos custos.
Atenção
É o dinheiro público (construção de Tucuruí) servindo aos interesses da iniciativa privada (polo siderúrgico). Destruir a Amazônia
para atender aos interesses privados? Os custos de sua implantação ultrapassaram os dez milhões de reais. O governo pediu
dinheiro emprestado aos bancos internacionais e sua energia é vendida a preços subsidiados para as empresas eletrointensivas,
especialmente de alumínio (japonesas, canadenses e norte-americanas), por conta dos compromissos assumidos no início do
projeto. Leia sobre o alumínio, um sorvedouro de energia elétrica .
Mais recentemente, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também levou o planejamento e a materialização de
diversas usinas na região, contando com grandes polêmicas, como as UHEs do Complexo do Rio Madeira (Jirau e Santo
Antônio), no Rio Xingu (Belo Monte) e no Complexo dos Tapajós (São Luiz e Jatobá).
O problema é que grande parte dessa geração energética passa por problemas socioambientais, uma vez que a região ainda
possui territórios indígenas e muitos rios considerados intocados.
Leitura
Leia o artigo: De Tucuruí a Belo Monte: a história avança mesmo?
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Apesar das questões econômicas que envolvem essas grandes obras, desde a construção da Usina de Balbina, no Rio Uatumã
(a�uente esquerdo do Amazonas), considerada o maior desastre ambiental da história das construções de hidrelétricas, até
Belo Monte, um grande impasse ambiental, é necessário que se faça uma análise crítica sobre elas. Em primeiro lugar, os
impactos ambiental e social causados por esses empreendimentos precisam ser medidos e levados em consideração, pois a
área alagável de uma UHE é muito grande, e dentro da Amazônia pode ser fonte de desastres ambientais sem precedentes.
Saiba mais
Assista ao vídeo: Balbina - Uma usina de erros!
É importante levar em conta também que as hidrelétricas possuem vida útil de 50 anos. Segundo estudos realizados, as que
foram construídas durante o regime militar já estariam em fase de deterioração e as mudanças no ambiente natural e social
que causaram são irreversíveis.Outros impactos causados seriam: perda de navegabilidade do rio, perda da variedade de peixes, perda de patrimônio
antropológico e de sítios arqueológicos, deslocamento de populações, acidi�cação dos rios, maior taxa de emissão de gases
de efeito estufa, contaminação da população atingida pela obra, morte do ecossistema, entre outros.
"Assim como as demais iniciativas que foram apresentadas
até agora, a integração rodoviária proposta para a região
amazônica com o restante do país, pode ser analisada sob
diversas óticas. Ofereceu a integração da Amazônia ao
restante do país. É dentro desse contexto que se
compreende a construção de numerosas estradas de longa
distância, como a Transamazônica (BR-230) e a Perimetral
Norte (BR-210), a Cuiabá-Santarém (BR-163) e a Cuiabá-
Porto Velho-Manaus (BR-319)” "
- (KOHLHEPP, 2002)
Por outro lado, são grandes obras que abriram vetores de crescimento populacional às margens das estradas sem qualquer
tipo de infraestrutura, como escolas, postos de saúde ou saneamento básico. Sem contar no fato de “rasgar” o bioma
amazônico, com pouca ou nenhuma preocupação ambiental.
Veja o exemplo da Transamazônica, que visava a ligação entre Amazônia e Nordeste, mas, em face da precariedade da
estrutura, grande parte dela não funciona nos períodos de chuva na região.
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 Lama deixa Rodovia Transamazônica intrafegável (Fonte: Folha do Bico).
Saiba mais
Leia a matéria: Transamazônica crime e abandono: pobreza, desmatamento e extração ilegal de madeira e ouro margeiam rodovia
na �oresta
Outro importante vetor de desenvolvimento, integração e degradação ambiental na Amazônia é a exploração mineral.
Por sua formação e características geológicas, a região é rica em jazidas minerais, sobretudo de minerais metálicos como
ferro, manganês e bauxita, encontrados na Serra dos Carajás, na Serra do Navio e no vale do rio Trombetas, por exemplo. As
riquezas minerais amazônicas são muito maiores do que se pode prever e isso causa con�itos por terras, já que algumas
dessas jazidas inexploradas estão debaixo de áreas de demarcação indígena.
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"A exploração de recursos minerais foi um dos objetivos
centrais dos programas de desenvolvimento da Amazônia.
Muitas licenças de exploração de jazidas de grande extensão
foram cedidas a empresas nacionais e internacionais. Depois
que os minérios manganês e cassiterita começaram a ser
explorados no Amapá e em Rondônia a partir de meados dos
anos 1950 e 1960, novas descobertas de enormes jazidas
de minério de ferro na serra dos Carajás, de bauxita no rio
Trombetas e também de ouro e diamantes revelaram a
riqueza de recursos minerais da Amazônia, sendo iniciados
grandes projetos na região, nos anos 1980”"
- KOHLHEPP, 2002, p. 40
 Fonte: image.slidesharecdn.com
O programa Grande Carajás foi criado pela Companhia Vale
do Rio Doce durante o governo do presidente João Batista
Figueiredo, quase no �nal da ditadura militar. A região é
prontamente concebida como uma das mais ricas da Terra,
no que se refere às reservas minerais, a exemplo de minério
de ferro, ouro, estanho, bauxita, manganês, níquel e cobre,
além de outros minérios raros.
Na �gura a seguir observe a localização das jazidas (na
Serra dos Carajás), da UHE de Tucuruí (que leva energia para
as siderúrgicas e projeto carajás), a via de escoamento da
produção mineral (que se dirige para o porto de São Luís do
Maranhão) e as próprias siderúrgicas (Alunorte, Albrás e
Almar).
A extensão do projeto exigiu a implantação de uma pesada infraestrutura, o que implicou na construção da hidrelétrica de
Tucuruí, da estrada de ferro Carajás e do porto de Ponta da Madeira, em São Luís.
Décadas depois do projeto, na região em que atividades mineradoras continuam a devastar o meio ambiente, percebe-se que
as populações locais convivem com altos níveis de violência e extrema precariedade de serviços básicos (saúde, educação,
saneamento) — ainda maiores do que a região na qual estão inseridas, historicamente carente de recursos que bene�ciem a
vida de suas populações.
A despeito dos altos investimentos, do lucro das empresas e da grande circulação de capital, a concentração de renda é brutal,
mesmo considerando que o Brasil é um dos países com maior desigualdade de renda no planeta (QUE REPÚBLICA..., 2018).
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"a política de desenvolvimento da região amazônica, por ser
baseada na exportação de matérias-primas, trouxe ao
mesmo tempo grandes projetos de mineração e
desmatamento, além do incentivo a programas de construção
de hidrelétricas, estradas e urbanização caótica."
- Ross,1996
Atualmente, a falta de políticas públicas de exploração mineral que atendam à população de menor poder aquisitivo e de
�scalização têm contribuído para o crescimento da prática de garimpo ilegal, sobretudo em terras indígenas e unidades de
conservação.
Na imagem a seguir observe as frentes de garimpo ilegal de ouro na terra indígena Kayapó, no Pará, em julho de 2019.
 Imagens mostram avanço do garimpo ilegal na Amazônia em 2019. (Fonte: João Fellet e Camilla Costa / BBC News em São Paulo e Londres).
A atividade foi monitorada em três das terras indígenas brasileiras que mais sofrem com garimpos ilegais de ouro: a Kayapó, a
Munduruku (ambas no Pará) e a Yanomami (em Roraima e no Amazonas). Somados, os três territórios ocupam uma área
equivalente à do Estado de São Paulo e abrigam alguns dos trechos mais preservados da Amazônia brasileira (FETTE; COSTA,
2019).
Saiba mais
Leia a matéria: Por dentro de um garimpo ilegal na Amazônia
Enquanto projeto governamental, vale destacar também a Zona Franca de Manaus (ZFM), criada com o objetivo de integrar a
porção ocidental da Amazônia por meio da criação de um núcleo industrial e agropecuário. Como atrair investidores para o
meio da �oresta, com um mercado tão distante de outros lugares do Brasil? Resposta: Isenção �scal e outras medidas trazidas
pelo Decreto nº 61.244/1967 e, resumidas na �gura , a seguir, inspirada no trabalho de Será�co & Será�co (2005).
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 (Fonte: SERÁFICO, J.; SERÁFICO, M.)
"A área de livre aduana que se formou na ZFM causa
polêmicas. Por um lado, sua implantação trouxe
desenvolvimento econômico para a região com a implantação
de um polo industrial diversi�cado e forte. Agraciada como
uma Zona Franca, Manaus tornou-se sede de grandes
corporações estrangeiras voltadas para a montagem de
eletroeletrônicos, como a Samsung (coreana), Philips
(holandesa), Nokia (�nlandesa), Gradiente (paulista), ou
direcionadas a outros produtos, como a Honda ( japonesa), a
Gillette (americana) etc.”"
- BECKER; STENNER, 2008
As críticas estão no fato de que além de ser uma zona onde não se produz tecnologia de ponta — ali se importam
componentes prontos de outras partes do mundo para simples montagem —, ainda estimula uma grande concentração de
renda.
Oliveira (2011), com base nos dados apresentados pelo IBGE, indica que, apesar do PIB ter aumentado, a “renda per capita”
diminuiu em 5,24% entre 1991 e 2000, além de ser um valor equivalente à metade do salário mínimo vigente na época. Além
disso, a pobreza e a desigualdade cresceram, assim como a concentração de renda da população mais rica com relação à
mais pobre.
Outro indicador que nos mostra que socialmente a ZFM não conseguiu atingir todos os habitantes de forma justa é o acesso a
serviços básicos como água encanada, energia elétrica e coleta de lixo. Oliveira (2011) a�rma que tais serviços “não
acompanharam o crescimento populacional da cidade de Manaus, isso porque não houve investimentos governamentais
su�cientes e também devido ao crescimento da periferia, região desprovida de quaisquer infraestruturas” (OLIVEIRA, 2011, p.
101).
Atividade
1. (Adaptado de Fuvest) O mais famoso de todos os biomas brasileiros é o Amazônico. Devido à sua grande extensão e
biodiversidade, ocupa aproximadamente 60% de uma área total de mais de seis milhões de quilômetros quadrados.
Considere as a�rmativas abaixo para responder à questão:
I - A Amazônia éo pulmão do mundo, tendo em vista a intensa atividade biológica da �oresta que recobre a região.
II - A Amazônia concentra grande quantidade de calor, contribuindo para ativar a circulação atmosférica.
III - A crescente poluição das águas �uviais da Amazônia, sobretudo nas áreas de garimpo de ouro, contribui para a diminuição de
piscosidade dos rios.
Sobre a questão ambiental da Amazônia somente:
a) I está correta.
b) I e II estão corretas.
c) II está correta.
d) III está correta.
e) II e III estão corretas.
2. (Adaptado de PSC 2003) A borracha brasileira propiciou o desenvolvimento industrial de vários países, mas na Amazônia foi
responsável apenas por um pequeno período faustoso e uma ín�ma parcela da população, sobre a qual, segundo se diz: “uma
minoria chegou a acender charuto com dinheiro.” Dentre as alternativas, a que melhor caracteriza esse pequeno período, do ponto
de vista econômico, foi:
a) A criação de indústrias de base produzindo equipamentos que diminuíram a atividade predatória e aumentaram a produtividade.
b) A valorização da terra e a corrida aos cartórios para assegurar a posse dos coronéis de barranco.
c) O aumento do poder aquisitivo dos seringueiros proveniente da prática do aviamento.
d) A diversificação da economia geradora do crescimento autossustentado.
e) A introdução da navegação a vapor e o investimento na compra destas embarcações pelo capital nacional
3. As usinas hidrelétricas são construções que utilizam os �uxos dos rios para gerar energia elétrica. A respeito das três maiores
usinas hidrelétricas brasileiras, assinale a alternativa incorreta:
a) Na cidade de Tucuruí, ao sul de Belém do Pará, está localizada a usina de Tucuruí, no rio Tocantins.
b) A usina de Itaipu até 2012 era a maior usina hidrelétrica do mundo. Trata-se de uma hidrelétrica binacional, pois é utilizada por
Paraguai e Brasil.
c) A construção da Usina de Belo Monte envolve discussões acerca dos impactos ambientais e suas consequências para as populações
indígenas e ribeirinhas.
d) A usina hidrelétrica de Tucuruí localiza-se no Estado do Amazonas, onde supre a demanda energética da agropecuária.
e) A usina de Tucuruí passou por reformas que dobraram a sua capacidade, alcançando os 8.370 MW atuais.
Notas
SAG1
Síndrome de Adaptação Geral.
�lamento de tungstênio2
É montado entre dois �os de suporte rígidos que transportam corrente elétrica e será aquecido até a incandescência pelo �uxo
de corrente da fonte de baixa voltagem, emitindo elétrons a uma taxa proporcional à temperatura do �lamento.
Cibridismo3
É estar on e off o tempo todo.
Somos seres ciber-hídridos, ou seja, temos uma constituição biológica, expandida por todas as interfaces tecnológicas que
adquirimos, e, cada vez mais, estaremos replicados em todas essas plataformas. Nossos conteúdos, dados pessoais, fotos,
vídeos, leituras, tudo o que faz parte da nossa vida está integrado nas interfaces que utilizamos, e não vivemos sem eles. Isso é
ser cíbrido.
Referências
AB'SÁBER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.       
ALBUQUERQUE, R. A Amazônia após 50 anos do golpe militar. Amazônia Real. 12/01/2014. Disponível em:
//amazoniareal.com.br/a-amazonia-apos-50-anos-do-golpe-militar/. Acesso em: 20 nov. 2017.
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2005.
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Amazônia e agropecuária.
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Crescimento do garimpo ilegal na Amazônia atinge duramente áreas indígenas;
Assista ao vídeo:
O avanço imperialista na Amazônia.
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