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TRANSCRIÇÃO DE PCM (01/03/2021) TEMA: TAMPÕES BIOLÓGICOS PROFESSOR(a): MELINA BARROS DIRETOR(a): BRUNNO GIORDANO, IANE CASTRO, GABRIELA PESSOA REVISOR(a): MARIA LUIZA BARROS, RAYNARA MAIA OBJETIVOS DA AULA: - Definir os principais termos envolvidos no Equilíbrio ácido-básico; - Discutir sobre os sistemas-tampão fisiológicos e seus papéis na regulação do pH sanguíneo; - Listar as condições associadas a alterações do equilíbrio ácido-básico. Quando se fala em sistema tampão, se pensa em um meio que seja favorável para que exista o equilíbrio, tanto entre os ácidos quanto entre as bases. Então a ilustração da balança representa a base do raciocínio. O organismo humano sempre tenderá a homeostase. É o equilíbrio entre as funções orgânicas. Então, por mais que se tenha em algum momento um processo patológico que venha a perturbar esse equilíbrio, o organismo irá ativar mecanismos os quais tentam restabelecer o equilíbrio. No caso do sistema tampão é NECESSÁRIO a existência de um equilíbrio entre os ácidos e as bases, em um estado fisiológico, a fim de garantir a manutenção das funções dos inúmeros tecidos. Ao falar em sistema tampão, é instantâneo a lembrança do sangue. O sangue tem pH específico, e em seu pH ótimo será essencial para que todas as células de todos os TAMPÕES BIOLÓGICOS O QUE SERIA A HOMEOSTASE? tecidos do organismo possam estar metabolicamente ativas e desempenhando suas funções de forma homeostática. No estudo do sistema tampão, veremos que toda vez que o equilíbrio ácido-básico tende a desequilibrar a balança para o lado do ácido ou para o lado das bases, trataremos de um processo PATOLÓGICO. Toda vez que se raciocina em relação ao equilíbrio ácido-básico, deve-se pensar no efeito CAUSA/CONSEQUÊNCIA. FUNDAMENTOS DE QUÍMICA CLÍNICA: É um livro com enfoque clínico de todo o diagnóstico laboratorial, e pode ser utilizado por qualquer profissional da área de saúde que trabalhe com a clínica e que precise da interpretação do diagnóstico laboratorial. No momento, é um livro em que não precisa ser usado para base da disciplina de PCM, mas no tema sistema tampão pode ser utilizado. Exemplo: balança e cada prato da balança estará em uma de suas mãos, se tivermos o aumento de ácidos como CAUSA, esperamos como CONSEQUÊNCIA uma diminuição das bases. Então se pensarmos no efeito CAUSA/CONSEQUÊNCIA será de fácil compreensão as considerações patológicas e o funcionamento do sistema tampão. Como fundamento dessa aula, foi trabalhado com alguns aspectos abordados no livro. PERGUNTA: “PROFESSORA, SE EU PEGAR UM LIVRO DE BIOQUÍMICA BÁSICA, NECESSARIAMENTE ELE VAI TER SISTEMA TAMPÃO?” R.: Não necessariamente, e se tiver pode conter uma abordagem mais química. Conselho de como estudar para aula de tampão: Ler o artigo enviado, ler anotações sobre a aula e ler o capítulo de fundamentos de química clínica. GASES SANGUÍNEOS Quando se fala de sangue, é fundamental o entendimento de que existe um pH ótimo e nele terá uma parte líquida e celular. Na parte líquida, existem gases os quais são transportados através do sangue. Para começar a análise do equilíbrio ácido-básico do organismo, é preciso trabalhar com alguns equipamentos chamados GASÔMETROS. O QUE É ESSE EQUIPAMENTO? Esse equipamento realiza um exame chamado GASOMETRIA, o qual é muito usado atualmente em decorrência da epidemia do coronavírus, em pacientes que estão em leito hospitalar para verificar a oxigenação. GASOMETRIA: Fornece o parâmetro para que se possa ver a oxigenação desse paciente, como vai ser realizado o suporte e o quanto de suporte eu preciso dar a esse paciente. Essa gasometria deve ser coletada a partir de uma amostra de sangue arterial. Porque vai ser uma amostra ótima para se ter a real noção entre a proporção da concentração de gás carbônico e de oxigênio. PERGUNTA: “PROFESSORA, MAS EU SOU DA ÁREA DA SAÚDE E VI QUE SE FAZ GASOMETRIA DE SANGUE VENOSO. É VERDADE?” R.: É verdade, porém quando se analisa o sangue venoso, sabe-se que aquela amostra já é viciada por uma concentração de CO 2 elevada. Então se eu quero analisar a real concentração de CO 2 do meu paciente, já que é um gás tóxico, eu preciso trabalhar com o sangue arterial. Essa coleta de sangue arterial vai ser realizada por posição anatômica, geralmente, uma GASOMETRIA agulha é inserida a 90 o no local que se vê por palpação que existe uma artéria. Pode ser utilizada a artéria radial do antebraço, a carótida ou a artéria femoral, dependendo do melhor acesso. Essa coleta deve ser realizada por um profissional de nível superior habilitado – por lei, são médicos e enfermeiros – que tenha conhecimento de abordagens que possam ser necessárias para estabilizar o paciente caso a coleta dê errado – caso se crie uma lesão na artéria, o paciente vai ter o efeito hipotensor e uma perda sanguínea significativos, ele pode ter hemorragia já que é um vaso profundo, além de ser uma porta de entrada para contaminação. Na maioria das vezes quando esse exame é prescrito, deseja-se avaliar como está a oxigenação, o processo de ventilação e o estado ácido-base do paciente. A partir da gasometria arterial vai ser possível revelar o valor do pH sanguíneo, valor da concentração de CO 2 e O 2 , concentração de íon bicarbonato e da saturação da oxi-hemoglobina. Em comparação com a oximetria feita na ponta do dedo, a gasometria vai ter o valor mais fidedigno, porque nela é retirada o sangue do paciente e quantificada a amostra, enquanto o oxímetro estima a concentração de O 2 . No entanto, se já houver a tomada de decisão quanto à indicação terapêutica do paciente, pode-se utlizar a oximetria de ponta de dedo para monitoramento. Pacientes que estão hospitalizados com doença de cunho grave ou pacientes que serão submetidos a um processo cirúrgico – a gasometria pode ser prescrita tanto antes da cirurgia, para se ver a caracterização ácido-base do paciente, como depois, para ver se houve alguma alteração ou se vai ser necessário algum ajuste, principalmentepara pacientes que fazem cirurgia de grande porte, como cirurgia cardíaca. O objetivo geral é medir o quão bem os pulmões e rins estão trabalhando e como o corpo está usando a energia. “Porque foi destacado pulmão e rim?” Pois observa-se que os pulmões são responsáveis pela troca gasosa, sendo responsáveis diretamente pelas concentrações de CO 2 e de O 2 , e os rins vão ser responsáveis pela concentração do bicarbonato e pela eliminação ou retenção de íons H + , que vai influenciar no pH sanguíneo. Outro ponto é a prescrição para pacientes com insuficiência cardíaca e insuficiência renal, pois se pode esperar alterações do pH sanguíneo. Então, esse paciente tem que ser observado para que seja feita alguma manobra ou algum procedimento de forma precoce para que não venha a ocasionar um desequilíbrio maior e, consequentemente, um processo patológico mais exacerbado. Também é interessante ver o pH em pacientes com diabetes não controlada, acho que alguns já ouviram falar em cetoacidose diabética, em que eu vejo um desequilíbrio ácido-base clássico. Além de pacientes com distúrbio do sono, com infecções graves ou pacientes depois de uma overdose de drogas.Para verificar a gravidade de problemas respiratórios pré-existentes e doenças de cunho pulmonar, como DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e Fibrose Cística, geralmente, eu solicito gasometria para ver como está o pH e as trocas gasosas; Para verificar se o tratamento para uma determinada doença pulmonar está funcionando e se ele precisa ser readequado, ou seja, serve de parâmetro de acompanhamento. PERGUNTA: “PROFESSORA, SE ELA SERVE PARA VER SE O TRATAMENTO ESTÁ FUNCIONANDO, ESSA GASOMETRIA PODE SER FEITA EM QUALQUER LABORATÓRIO?” SITUAÇÕES EM QUE HÁ A PRESCRIÇÃO DA GASOMETRIA: R.: Não, indica-se que seja feita em âmbito hospitalar, devido a possibilidade de haver algum problema durante o procedimento de coleta. Ela também vai servir para descobrir se o paciente necessita de oxigênio extra ou se ele precisa de ventilação mecânica. Por isso, ele é tão solicitado em UTI para pacientes de covid para que se possa fazer o suporte de O 2 . Por exemplo, o médico precisa decidir se o paciente vai ficar só com o cateter de O 2, se vai precisar de uma máscara de pressão positiva, um CPAC ou se ele vai ser entubado. Então, o parâmetro laboratorial que vai dar um suporte para a tomada de decisão médica vai ser a gasometria arterial. “É rotina em UTI” Isso está relacionado em pacientes de covid porque é visto com mais frequência, mas para todos os pacientes de UTI existe essa rotina. Ela também pode ser prescrita para verificar se o paciente está recebendo a quantidade certa de O 2 enquanto estiver recebendo o oxigênio suplementar. Então o suporte de O 2 está sendo feito? Está. Esse paciente melhorou o seu quadro ácido-base que estava ruim ou ainda precisa ser ajustado? A gasometria que vai revelar o próximo passo de conduta para o paciente. Foi visto como era feita a coleta, quais eram as principais indicações clínicas para realização dessa gasometria arterial, e agora será apresentado um pouquinho dos valores de referência para uma gasometria arterial. PERGUNTA: “PROFESSORA, EU PRECISO DECORAR TODOS OS VALORES DE REFERÊNCIA?” R.: Não. Toda vez que ela nos apresentar qualquer tipo de questão avaliativa, ela precisa fornecer o valor de referência. “Professora, você fez a questão e não tem o valor de referência, a senhora esqueceu.” Ela esqueceu e podemos pedir, mas a probabilidade dela esquecer é pequena. Porém, ela gostaria que nós tivéssemos noção de quanto é, pelo menos, o pH sanguíneo. VALORES DE REFERÊNCIA “Por que?” Geralmente é um dado rápido, quando se tem aquele raciocínio rápido. Por exemplo, nós devemos ter a noção de que uma pressão 11/7, 12/8 é uma pressão boa, tranquila. Uma pressão 14/10 não, já é uma pressão alta. É preciso ter um conhecimento prévio do que é alto e do que é baixo. Tem-se um pH sanguíneo ótimo em torno de 7,4. Ele pode variar de 7,35 a 7,45 como intervalo de referência aceitável, dentro do padrão de normalidade. Porém, pode-se ter alguns valores extremos desse pH sanguíneo. O valor de 6,7 e o valor de 7,9. Costuma-se dizer que esses valores são extremos à vida. Se estamos acompanhando um paciente em leito de UTI, por exemplo, e vemos que o pH desse paciente começa a piorar (era 7,0 e está caindo para 6,8) começamos a ver algumas alterações clínicas nesse paciente. Às vezes ele pode entrar em choque, às vezes ele pode ficar com as extremidades geladas, vemos que ele já não tem uma boa perfusão, ou ele pode ter uma parada cardíaca. Porque o sangue que banha tudo está com o pH extremo, de mínimo, ou de máximo, nos sinalizando que aquele paciente pode chegar a óbito. “Professora, só com o pH ruim que o paciente vai morrer?” Ela não disse isso. Mas se nós acompanhamos o paciente, e vemos que aquele pH está se encaminhando para valores extremos, então já começamos a esperar alguns sinais clínicos de piora do seu paciente. Certo? Pois está começando a ficar incompatível com a vida. Em relação ao CO2 (paCO2), nós temos uma concentração ótima de 40 mmHG, podendo variar entre 35 e 45 mmHG. “E o oxigênio (pO2), professora?” A gente sempre preconiza que ele esteja entre 80 e 100 mmHG. Digamos que estamos fazendo da oximetria de um paciente com COVID que estamos acompanhando, e ela está se mantendo acima de 90 mmHG. Se ela começa a cair, mesmo com o mínimo sendo 80 mmHG, é bom observarmos para sinais clínicos. Alguns pacientes começam a apresentar, por exemplo, falta de ar com 87/88 mmHG de saturação, e colocando só um catéter de oxigênio esse paciente responde melhor; ou, à medida que a saturação vai caindo mais ele necessita de um aporte maior de oxigênio. O bicarbonato, como já falamos rápido, previamente, está relacionado, principalmente, com a função renal. Então, podemos ter o bicarbonato normal, de 24 mmol/L, numa concentração ótima, podendovariar entre 22 e 28 mmol/L. Esse bicarbonato que estamos tratando, não está levando em consideração, especificamente, uma concentração ótima de CO2. É o bicarbonato que está sendo refletido de acordo com as alterações dos gases. Porém, podemos solicitar o bicarbonato real (BR). “O que é o bicarbonato real?” É o bicarbonato que será medido no plasma, representando que estamos trabalhando com valores ótimos de pressão de CO2. Quando falamos da concentração de bicarbonato real, entende-se que o bicarbonato foi corrigido, para uma concentração de CO2 de 40 mmHG. “Professora, quem faz essa correção?” O próprio aparelho. Vamos supôr que quando fazemos o bicarbonato sem ser o real do paciente, ele se encontra com o CO2 fora do intervalo de referência. Ao fazermos o bicarbonato real desse paciente, conseguimos estimar quanto seria a concentração real desse bicarbonato se ajustarmos o CO2. Então, o bicarbonato real tem um intervalo aceitável entre 22 e 26 mmol/L. Temos também o bicarbonato em excesso (BE). PERGUNTA: NÃO ENTENDI O QUE É ESSE BICARBONATO REAL, PODE REPETIR, POR FAVOR R.: Nós temos três parâmetros: parâmetro um (escreve o número 1 ao lado do bicarbonato normal no slide) , parâmetro dois (escreve o número dois ao lado do bicarbonato real no slide) , e parâmetro três (escreve o número três ao lado do bicarbonato em excesso no slide) em relação ao bicarbonato . No parâmetro 1, estamos medindo a concentração de bicarbonato presente na amostra. Essa concentração de bicarbonato é reflexo das alterações dos gases, principalmente do CO2. Certo? Então, faz de conta que é um bicarbonato geral, que está refletindo essa alteração gasosa aqui (demarca a paCO2 e a pO2 no slide) . Mas, se queremos avaliar como está o sistema renal do nosso paciente, em relação ao equilíbrio ácido-base; se queremos retirar o fator de variação do CO2, então vamos olhar no resultado da gasometria o valor do bicarbonato real. “O que é o bicarbonato real?” É aquele bicarbonato que foi corrigido para uma paCO2 ótima. “Professora, não estou entendendo.” Lembrem da balança, quando estamos em equilíbrio ácido-base. Quando fazemos o bicarbonato geral, não estamos levando em consideração a flutuação da balança; eu sei que ela está flutuando; temos uma concentração X de bicarbonato, mas não está definida a quantidade de CO2. Certo? Então podemos ter um valor de bicarbonato que está mascarado pelo CO2. Tudo bem até aqui? Ela está falando do parâmetro 1. Deu pra entender o parâmetro 1? PERGUNTA: “O PARÂMETRO UM É O BICARBONATO REAL?” R.: É o bicarbonato sozinho. Vou falar do bicarbonato real agora. É como se fosse o bicarbonato geral, o parâmetro um. PERGUNTA: “É O QUE SOFRE ALTERAÇÕES GASOSAS?” R.: O parâmetro um é aquele em que o bicarbonato será medido, tendo um valor X independente da concentração dos gases. Certo? Então podemos ter uma concentração X de bicarbonato em reflexo de uma variação da minha concentração de CO2. PERGUNTA: “NO CASO, O BICARBONATO REAL É O QUE NÃO VARIA COM A VARIAÇÃO DE CO2?” R.: Ela vai chegar lá. Queria só ver se entenderam o bicarbonato geral; o parâmetro número um. No parâmetro dois, que é o bicarbonato real (BR). Esse é um bicarbonato onde “amarramos” a concentração de CO2, ou seja, temos uma concentração de CO2 ótima. Veremos realmente, qual é a concentração de bicarbonato, sem influência do CO2. “Por que?” Porque eu amarrei que ele é ótimo; eu forneci subsídios para ele ser ótimo. Estamos vendo realmente qual é a concentração do bicarbonato, sem ter nenhuma atribuição do gás alterando-o. Por isso ele é chamado de bicarbonato real. Tudo bem até aqui? No parâmetro três, trabalhamos com o bicarbonato em excesso (BE) ou bicarbonato corretivo. “O que é isso?” Temos uma escala de mais ou menos 2 como um valor de referência. “Professora, aqui temos que pensar diferente.” Têm. Dentro daquela curva de desvio padrão que aprendemos no colégio, nós não temos como normal, aceitável, dois desvios para mais, e dois desvios para menos? Não importa se é para mais ou para menos. O que interessa é que temos 2 para mais e 2 para menos. O bicarbonato corretivo funciona nessa mesma linha de raciocínio. Quando fazemos, por exemplo, o bicarbonato real, ele pode ser corrigido pelo bicarbonato corretivo. Desse bicarbonato, podem estar sendo fornecidos 2 a mais, ou podem estar sendo retirados 2 a menos, para que mantenhamos o bicarbonato real dentro da faixa de referência. Isso é um mecanismo do nosso organismo para que mantenhamos o equilíbrio do pH sanguíneo. Supondo que um bicarbonato real de 28 e um BE de -2. Se retirar 2 desses 28, não volta para o intervalo de referência? Então pra isso que ele serve. Quando se depararem com uma questão, é preciso raciocinar: “Quantas vezes eu estou distante do valor de referência?” Estou distante do valor de referência 10 vezes, distante do valor de referência 5 vezes, isso em qualquer situação. “Professora, como eu sei que o corretivo está dando certo ou não?” Você vai ver se ele está conseguindo compensar aquele valor que está fora do intervalo de referência. Isso é certo, professora? Compensar fora do padrão aceitável? Não. Você vai ver que o organismo está fazendo um grande esforço para compensar, e está até compensando, mas esse esforço fora do padrão de referência pode levar a algum prejuízo. PERGUNTA: QUAL O SIGNIFICADO DESSA UNIDADE NO DESVIO DO BE? R.: Miliequivalente litro. O corretivo é utilizado para corrigir o bicarbonato real. REPETINDO: Veja só, quando fala-se em bicarbonato em excesso ou bicarbonato corretivo, é a mesma coisa. Ele serve para corrigir a concentração do bicarbonato real. Foi dado um exemplo a pouco, onde dizia que meu paciente estava com 28 de bicarbonato real, então se for olhar ele tá fora do valor de referência, certo? Mas se o BE dele tava -2, então ele corrige esse 28, e o paciente volta a fazer parte do valor de referência que é 26. PERGUNTA: “É COMO SE ELEFUNCIONASSE PRA DAR NOÇÃO DE MARGEM DE ERRO?” R.: É, mais ou menos isso. PERGUNTA: ''O BE É FORNECIDO PELA MÁQUINA TAMBÉM?'' R.: Não, é o organismo. A máquina só amarra o CO2, porque todos esses parâmetros saem no resultado do exame. Além de concentração de oxihemoglobina, e coisas do tipo. Tudo isso aqui vai sair em uma fitinha, lá do equipamento. Dando todos esses parâmetros, entre outros, só estou amarrando esses. Foi colocado lá o sangue no analisador, ele faz toda a análise e sai o resultado pra mim, e eu vou interpretar o resultado com a clínica do paciente. Certo? Então tudo isso aqui, vai ser o parâmetro de sangue arterial, né? Lembre disso! Aqui embaixo, vai tá trabalhando com a urina, porque vou estar trabalhando com o pH urinário? Porque a urina é um ultrafiltrado do sangue, então se eu estou estudando mecanismos para manter a homeostase do meu pH sanguíneo, a urina vai participar. Através da urina, através do sistema renal, a gente tem melhor controle da concentração dos íons hidrogênio. Então, o pH da minha urina tem que conversar com o meu pH sanguíneo, porque por exemplo, se meu paciente ele tiver com pH urinário fora do padrão esperado, possa ser que ele esteja favorecendo a um desequilíbrio do meu pH sanguíneo, ele tá perdendo mais hidrogênio do que devia, por exemplo. Então vocês podem observar na clínica futuramente que quando vocês vão interpretar uma gasometria, se olha também para o pH urinário. O pH urinário é fácil de alterar? É!! Principalmente quando o paciente está tomando uma polifarmácia, vários grupos de medicamentos ao mesmo tempo, então o uso dessas drogas pode favorecer a uma alteração do pH urinário de forma esperada, e isso pode repercutir de forma sistêmica por uma alteração no pH sanguíneo. “Professora, você vai dar um nó na cabeça da gente, fazendo a gente correlacionar sangue com urina. Agora, no primeiro período, não vou fazer isso, só estou contextualizando, para quando lá na frente, acho que terceiro ou quarto período, que vocês precisam disso, não chegarem tão às cegas. Certo? A gente tá tentando dar uma base pra vocês.'' Então, pra gente construir um esqueminha rápido na nossa cabeça, a regulação do pH vai depender de três parâmetros: ● Um Sistema Tampão eficiente: que aí eu posso ter mais de um tipo de tampão; ● Contribuição do Sistema Respiratório: porque quando eu falo de concentração de CO2, o sistema respiratório está intrinsecamente relacionado, assim como o oxigênio; ● Contribuição do Sistema Renal; “Professora, a maior parte do tempo você fica falando sempre CO2, mas pelo que eu saiba o oxigênio é um gás mais nobre, mais importante pro organismo que o CO2, a senhora concorda?” Sim. Porém, como o CO2 é um gás tóxico, precisa ter mais atenção em relação a ele. Uma variação mínima de CO2 pode causar efeito de amplitude maior que uma variação mínima de oxigênio. PONTO 1 PONTO 2: Mais para frente vai se ver onde tem os quimiorreceptores para CO2 no organismo. Então, vai estar regulando algumas funções por essa concentração de CO2. Por isso é falado tanto em CO2. Além desses dois primeiros que já foram falados, tem também a participação do sistema renal. No sistema respiratório a gente olha muito para a concentração de CO2, o sistema renal está relacionado com bicarbonato e íons hidrogênio. Tanto em letras, em uma definição escrita, quando é explicado esse sistema tampão em uma equação, então é pedido que não se assustem, no sentido de olhar logo para a equação, primeiramente é necessário entender a definição escrita, e posteriormente a equação. Pode-se caracterizar o sistema tampão por definição como sendo uma mistura entre um ácido fraco com um sal de sua base conjugada, e essa mistura entre ácido e sal de base, ela seja resistente às mudanças de pH. Então, aqui destaca-se, ''resistente às mudanças de pH” porque é como se o objetivo do sistema tampão é resistir a essas mudanças. Para que não haja variação do pH. “E esse pH ele não varie quando, professora?” Quando um ácido ou uma base forte é adicionado à solução. Falei em palavras quimicamente o que é um sistema tampão. Mas organicamente falando: sistema tampão ele serve para manter o pH sanguíneo. O sistema tampão vai trabalhar com várias vertentes de manutenção desse equilíbrio ácido básico favorecendo o pH sanguíneo, sempre, pois toda vez que tiver variação no pH sanguíneo, é provável estar diante de um processo patológico. Então, na equação vamos nos deparar com essas setas de via de mão dupla. Então, pensa-se naquela balança que foi colocada na capa. Dependendo da necessidade, supõe-se aqui na balança: o ácido está alto, a base lá embaixo. Então, precisa subir a base, para contrabalancear o ácido. Então se precisa fazer o contra balanceio, necessita que essa equação venha para o lado de cá (seta apontando para a direita) . Para que aumente a concentração de bicarbonato. “Como aumenta a concentração de bicarbonato?” Favorecendo a dissociação do ácido carbônico, quando há a dissociação desse ácido, aumenta a concentração do bicarbonato e dos íons hidrogênio. Então, aqui (Parte da equação onde há a formação do bicarbonato e íons H+) a função renal trabalha. DEFINIÇÃO DE SISTEMA TAMPÃO Supondo que precise agora mais de CO2, então essa equação tende pra cá (seta para a esquerda) Se precisa mais de CO2, entende-se que componente respiratório vai trabalhar mais agora. Então observa-se que esse bicarbonato vai servir para formar mais ácido carbônico e que esse ácido carbônico quando ele for dissociado vai se dissociar em água e CO2 dependendo da necessidade do organismo, assim consegue-se aumentar a concentração de CO2, e então contrabalancear a balança. E isto é um sistema tampão. Isto é um equilíbrio ácido básico. O sistema tampão trabalha com: ● TAMPÃO FISIOLÓGICO; ● SISTEMA RESPIRATÓRIO; ● SISTEMA RENAL. Dessa forma, é possível lembrar dos três componentes associados ao equilíbrio: tampão fisiológico, sistemarespiratório e sistema renal. A partir da definição de tampão é válido pensar em situações patológicas. Nessa perspectiva, se existir alguma variação no pH sanguíneo, é possível se deparar com duas situações: uma situação de acidemia, que ocorre quando existe um pH arterial menor que 7,35 - sendo o limite inferior de pH sanguíneo, e uma situação de alcalemia, que ocorre quando há um pH sanguíneo maior 7,45 - o limite superior do pH sanguíneo, sendo contrária ao quadro anterior. Lembre-se que toda vez que existir o sufixo “MIA” refere-se a sangue, por exemplo, glicemia significa glicose no sangue. Nesse sentido, a acidemia significa pH sanguíneo tendendo para ácido e alcalemia pH sanguíneo tendendo para base. Essa forma, estudo dos processos patológicos relacionados à situação de acidemia é da seguinte forma: quando existe um paciente com pH ácido pode estar relacionado com uma acidose de cunho metabólico ou uma acidose de cunho respiratório. DEFINIÇÕES RELACIONADAS COM SITUAÇÕES PATOLÓGICAS: ACIDEMIA A acidose de cunho metabólico é caracterizada como um processo patológico que leva ao acúmulo de ácido, se há o acúmulo de ácido é observado uma diminuição de bicarbonato e, consequentemente, uma diminuição de pH. Assim, é o momento de relacionar o efeito causa-consequência, a causa da acidose metabólica é o acúmulo de ácido e a consequência é a diminuição do bicarbonato e diminuição do pH. Vale mencionar, que a acidose metabólica também pode ser conhecida como déficit primário de bicarbonato, sendo uma outra terminologia para dizer ou se referir a mesma informação, pois ao ler o prontuário de um paciente é possível se deparar com relato: “paciente apresenta déficit primário de bicarbonato”, o que significa que o paciente apresenta um quadro de acidose metabólica. Outra situação de acidose é a acidose respiratória que também se refere a um processo patológico que leva ao acúmulo de dióxido de carbono, aumentando concentração de CO2 e diminuindo o pH, isso é causado pela hipoventilação. Desse modo, a causa é a hipoventilação e a consequência é o acúmulo de CO2 e pH diminuído. É pertinente pensar em uma situação clínica que o paciente está hipoventilando, devido a maior concentração de CO2 e isso faz com que o pH seja reduzido. PERGUNTA: pacientes de covid-19 apresentam esse quadro de acidose respiratória? R.: Sim, podem apresentar esse quadro. É importante conhecer os problemas relacionados com a alcalemia, sendo a alcalose de cunho metabólico ou alcalose de cunho respiratório. Nesse sentido, a alcalose metabólica é um processo patológico que leva ao acúmulo de base, elevando a concentração de bicarbonato e aumentando o pH, em que a causa é o acúmulo de base e a consequência é elevação do bicarbonato e do pH. É importante destacar que um sinônimo de alcalose metabólica é excesso primário de bicarbonato. No caso da alcalose respiratória também é um processo patológico que leva a eliminação excessiva de dióxido de carbono, diminuindo a concentração de CO2 e aumentando o pH, causada pela hiperventilação. Dessa forma, a causa da alcalose respiratória é a hiperventilação por fazer com que haja uma diminuição da concentração de CO2 e, assim, um aumento de pH. PERGUNTA: NO CASO A ACIDOSE/ALCALOSE RESPIRATÓRIAS PODEM LEVAR A UMA ACIDOSE/ALCALOSE METABÓLICAS? OU SÃO PROCESSOS NÃO RELACIONADOS? R.: Pode existir um problema de base respiratória,um problema de base metabólica ou um problema de base mista. Todavia, é possível afirmar que se existe, por exemplo, um problema primário de origem metabólica é esperado uma resposta respiratória do organismo, já se existir um problema primário de origem respiratória é esperado como resposta um mecanismo metabólico. ACIDOSE ALCALEMIA Para entender a razão bicarbonato do plasma e concentração de CO2 no sangue é importante se referir a um componente respiratório e a um componente metabólico. Desse modo, em relação ao componente respiratório há o CO2, destacando o pulmão que contribui com a pressão parcial de CO2 para que exista um bom pH. Já quando se refere ao componente metabólico destaca-se o sistema renal, o qual contribui com a concentração de bicarbonato plasmático, pois é mantida pelos rins, e também destaca-se alguns ácidos não voláteis produzidos nos tecidos, porém o bicarbonato é o principal componente metabólico. É válido mencionar que o bicarbonato está intrinsecamente relacionado com o sistema renal. Nesse enfoque, há uma correlação entre bicarbonato e CO2 que produz uma razão que vai se referir ao pH ideal, por isso que o pH ideal é 7,4 e não apenas 7. Tal razão pode ser observada na figura abaixo: FIGURA - Componentes do tampão bicarbonato e a razão bicarbonato Foi visto que existem mecanismos para manter o pH em 7.4. Temos um mecanismo que trabalha com os sistemas tampões, que esses tampões podem ser Bicarbonatos e não bicarbonatos. Após o intervalo será falado sobre esses tampões. Vemos que esses sistemas tampões vão se alterar segundos depois que houve qualquer perturbação da homeostase do pH sanguíneo. Então qualquer alteração no pH sanguíneo, em segundos, temos o sistema tampão tentando restabelecer o equilíbrio. Em um segundo momento quem auxilia o sistema tampão (visto que ele não trabalha sozinho) é um mecanismo respiratório, esse mecanismo respiratório vai favorecer a eliminação ou a retenção de CO2. Então minutos depois, de 1 a 15 minutos, espera-se que o mecanismo respiratório compensatório tente manter o equilíbrio do pH. Em um terceiro momento observa-se a participação do mecanismo renal, horas ou dias depois de iniciada a perturbação. “O que é que o mecanismo renal vai favorecer?” RAZÃO DO BICARBONATO PLASMA E pCO2 NO SANGUE MECANISMOS A retenção ou a excreção de ácidos e bases, então pela própria complexidade da função do sistema renal, percebemos que demora mais tempo. Esses três mecanismos trabalham em conjunto, são uma equipe multidisciplinar para manter o pH sanguíneoótimo. "Professora, só um melhor que seja ele segura?” Não é esse objetivo. Propõe-se, então, probleminha rápido, na verdade duas perguntas. Uma pergunta quando se depararem com um probleminha clínico, que será demonstrado já já, se perguntar: Em primeiro momento: Qual é a alteração primária desse paciente? É uma alteração de cunho metabólico? Ou é uma alteração de cunho respiratório? No segundo momento deverá se perguntar: Qual é a resposta do próprio mecanismo do paciente? Eu tenho uma resposta metabólica? ou temos uma resposta respiratória. PERGUNTA: “AS ALTERAÇÕES METABÓLICAS SÃO FEITAS PELOS RINS? REPERCUTIDO POR ALTERAÇÃO DO BICARBONATO QUE É RESPONSÁVEL PELOS RINS.” R.: “Isso. Raciocínio metabólico: Bicarbonato, Rim, Respiratório, Pulmão, CO2. Certo? FIGURA - Projeção do problema Acredita-se que a alteração primária seja metabólica. Então, realizando a leitura do problema, é provável que o paciente tenha sofrido uma acidose metabólica e está hiperventilando para compensar. Alteração primária: alcalose respiratória? Pois com a diminuição da [hco3], desloca o equilíbrio do tampão para geração de bicarbonato, diminuindo a paco2. Quando observa-se a gasometria dele, é notório que o pH está 7.10, então é possível dizer que este pH é ácido. Temos uma concentração de [CO2] de 20 mmHg. “Essa concentração está dentro ou fora do valor de referência?” está baixa, ou seja, fora do valor de referência. “Se perguntarmos quantas unidades estão abaixo do valor de referência, quanto seria esse valor? Vejamos só que 40 é o desejável, porém esse não é o mínimo. Então está a 15 distante do mínimo. No Bicarbonato real, se houver o valor de 5 mM/L está baixo. O valor de referência é de 22 A 26 mM/L. Então é possível dizer que esse 5 está a 17 unidades do valor mínimo. Estamos falando em unidades para facilitar o entendimento, certo? Temos 17 unidades distante do valor de referência mínimo. Temos uma correção de -18, quando fazemos essa correção nós conseguimos corrigir esse paciente? Vamos verificar o que o pessoal anotou: ● Bruno colocou que a alteração primária era de cunho metabólico; ● Francisco Junior acha que teve uma acidose metabólica e está hiperventilando para compensar; ● Yasmim acha que teve uma alcalose respiratória, “Yasmin se eu tenho um pH de 7.1, eu posso ter uma alcalose? NÃO. Correto.” ● Bruno estava justificando: com a diminuição de concentração de Bicarbonato, desloca o equilíbrio do tampão para geração de bicarbonato, diminuindo o PaCO2; PERGUNTA: PROFESSORA, PODE REPETIR A EXPLICAÇÃO? R.: Tem-se um pH ácido, então se trata de uma acidose. O objetivo é saber se a alteração primária é metabólica ou respiratória. Foi feita uma discussão de quem é que está mais descompensado: se é o perfil respiratório ou se é o metabólico. Foi visto que no perfil metabólico está distante 17 unidades do valor de referência e o perfil respiratório ele está 15 unidades distante do valor de referência. Então pode-se dizer que a principal alteração, alteração primária, a alteração de base, é de cunho metabólico. E que aí esse paciente tem uma resposta compensatória, de cunho respiratório. Isso consegue-se ver tanto na concentração de CO2 quanto na descrição do paciente, que ele tem alteração no seu perfil respiratório, principalmente quando relata o aumento da frequência respiratória. Então a resposta da questão: tem uma alteração primária de cunho metabólico. O paciente está com acidose metabólica, com resposta compensatória de perfil respiratório. O paciente tem seu organismo respondendo com componente respiratório. Outro problema será projetado. “Qual a alteração primária? Qual a resposta?” Resolvam para ser corrigidos/discutidos na próxima aula. “Por que estou fazendo esse paralelismo? ” Não serão resolvidos os dois em sala. Foi dado um problema mais simples, baseado no conhecimento adquirido até aqui (50% da aula), os outros 50% vai ser dado no restante da aula e assim vai ser possível resolver um problema com mais informação. FIGURA - Projeção do Problema FIGURA - Projeção dos mecanismos Vem-se conversando sobre os tampões, sistema renal, sistema respiratório, antes do problema. Que todo mundo trabalha em conjunto para manter esse pH de 7.4. A partir de então será apresentada a mesma informação de uma outra forma. observa-se que quando se fala de um componente de participação renal é visível que esse sistema renal vai trabalhar relacionado à reserva de bicarbonato, é necessário então a reserva de bicarbonato para corrigir o perfil metabólico. Quando se fala da participação do sistema pulmonar (essa palavra “pulmonar” foi cortada, portanto é uma interpretação), esse sistema pulmonar está diretamente relacionado com a concentração de CO2. Então, de acordo com a concentração necessária, é possível observar um aumento ou uma diminuição da frequência respiratória para que se possa corrigir essa concentração de C02. E os sistemas tampões (tampões fisiológicos) estão relacionados diretamente com a questão de íons hidrogênio, que vão favorecer a remoção ou a adição de íons hidrogênio. E tudo isso está dentro da equação descrita no início quando foi realizada a definição de sistema tampão (CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ H+ + HCO3 -). Tem-se um ácido carbônico que, dependendo da necessidade, esse ácido pode se dissociar para que tenha uma maior concentração de bicarbonato; ou esse ácido ele pode se dissociar para que tenha uma maior concentração de CO2. Essa elasticidade vai favorecer o equilíbrio ácido-base. Então é plausível dizer que esses mecanismos descritos, vão apresentar como objetivo base: prevenir a acidose e alcalose porque são processos patológicos. Para que seja feita essa prevenção observa-se a participação direta dos pulmões e dos rins como órgãos que favorecem a excreção. É perceptível que os elementos co2 e bicarbonato vão ser essenciais para que ocorra a regulação e o equilíbrio; e eles vão chegar através do sangue e do líquido extracelular. Essa tendência ao equilíbrio se dá por três mecanismosbásicos, dependendo da função em relação ao tempo. Em fração de segundos tem-se a ação do sistema tampão; em fração de minutos tem-se a ação do sistema respiratório e em fração de horas ou dias tem-se a ativação do sistema renal. Todos eles trabalham juntos numa equipe multidisciplinar. Essa equipe trabalha em prol de um único objetivo: que se tenha um equilíbrio ácido-base. Analisando cada um desses tampões, é importante observar quais são os tampões fisiológicos, como eles atuam (em nível geral), falar um pouco sobre o componente respiratório e do componente renal. Dessa forma consegue-se entender melhor a base daquelas definições que a gente falou, de alcalose e acidose respiratória e metabólica. Os tampões fisiológicos podem ser classificados como pertencentes ao sistema químico ou pertencentes ao sistema proteico. Quando se fala do sistema químico temos como exemplo tampão extracelular formado por ácido carbônico e bicarbonato; e tem-se um bom tampão intracelular à base de fosfato. Quando se fala no sistema tampão baseado no sistema proteico (ou sistema de proteína), tem-se como exemplo a hemoglobina e a albumina. “Por que é importante um tampão extra diferente de um tampão intra?” Porque existem necessidades diferentes. Quando se fala nesse sistema tampão formado pelo bicarbonato e ácido carbônico, observa-se que esse sistema vai trabalhar com os eritrócitos e com tecidos porque os eritrócitos são responsáveis pelo transporte de oxigênio através do sangue, e lá nos tecidos teremos a retirada de excesso de co2 decorrente do metabolismo das células. Pode-se dizer então que esse sistema tampão extracelular trabalha com um mecanismo isohídrico. “Que mecanismo é esse? ” Quando se fala em um mecanismo iso é certo que está trabalhando com parâmetro de igualdade, e hídrico é um meio que tenha água. Então vai-se buscar um equilíbrio de igualdade num meio que tenha participação da água. Volta então na equação do sistema tampão vista no início (CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ H+ + HCO3 -). Para favorecer esse mecanismo isohídrico temos o efeito Bohr. O efeito Bohr tem como objetivo dissociar o oxigênio (O2) da hemoglobina. É preciso separar o oxigênio da hemoglobina para que ocorra a troca gasosa. Só consegue equilibrar o sistema tampão (sistema ácido-base) se ocorrer troca gasosa, e para isso precisa haver a dissociação do oxigênio e hemoglobina. Pode aferir que existem dois estímulos para que se favoreça o efeito Bohr. O primeiro estímulo é quando temos o aumento da concentração de gás carbônico, então quando temos muito gás carbônico isso favorece a dissociação de oxigênio da hemoglobina. O segundo estímulo ocorre quando ocorre diminuição do PH sanguíneo. “ PROFESSORA MAS O CO2 ESTÁ RELACIONADO COM O PH SANGUÍNEO” Concordo, mas não tem a questão de quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Então pronto, é mais ou menos isso. Se um problema está na diminuição do PH ou se o problema primeiro está no aumento da concentração de gás carbônico. É necessário lembrar que esse sistema tampão pode, por mais que ele seja eficiente, ele não consegue segurar o equilíbrio sozinho, precisa-se de participação do sistema respiratório e sistema renal para ajudar a regular o Co2 e Bicarbonato. Voltando para o mecanismo isohídrico: o mecanismo isohídrico favorece um parâmetro de equilíbrio em um meio aquoso, que nesse caso é o sangue. No sangue ocorre aquela questão da dissociação do oxigênio da hemoglobina (liberação do oxigênio pela hemoglobina). PERGUNTA: PODE REPETIR O MECANISMO ISOHÍDRICO? A RELAÇÃO ENTRE O MECANISMO E O EFEITO BOHR? R.:O efeito Bohr é como se consegue o mecanismo. É necessário trabalhar o mecanismo isohídrico (promoção e um equilíbrio em um meio aquoso), esse é o objetivo. Atinge-se o objetivo através do efeito Bohr porque ele favorece a dissociação do oxigênio da hemoglobina. Enfatizando agora do tampão formado pela hemoglobina e albumina, que são as proteínas tampão. É um sistema abundante tanto intracelular quanto extracelular porque temos proteínas tanto nas células quanto no plasma. No caso da hemoglobina ela se torna muito importante porque ela participa do efeito Bohr e do mecanismo isohídrico. Então no tampão anterior, que era extracelular, “bicarbonato né?”, esse tampão ele favorece o mecanismo isohídrico através do efeito Bohr. O tampão que possui hemoglobina em sua constituição observa-se o mesmo mecanismo. “PROFESSORA O QUE É ESSE MECANISMO?” É a forma com que o tampão vai colaborar para manter o equilíbrio. Aqui tem forma prática e esquemática; quais são as causas dos equilíbrios ácido-básico, as causas são: acidose e alcalose. Essa acidose, quando for ocasionada por compensação respiratória, a gente vai ver como causa a hipoventilação alveolar. Essa acidose quando for de cunho metabólico a gente vai ver como causa a superprodução de H+ ou superprodução de bicarbonato. Se tivermos superprodução de hidrogênio o paciente cursa como cetoacidose. Se tivermos super excreção de bicarbonato o paciente cursa com um estado diarreico. Então dependendo da necessidade do paciente pode-se trabalhar com bicarbonato via oral para tentar corrigir. PERGUNTA: “Professora, você vai pedir tratamento na prova?” R.: Não. To mostrando pra dizer que é viável. Então o mecanismo com que proteínas tampão mantém o equilíbrio e o mecanismo como bicarbonato mantém o equilíbrio é o mesmo, o isohídrico ou efeito Bohr. “Por que professora a hemoglobina?” Porque o efeito do pH na concentração de CO2 na captação e liberação de O2 pela hemoglobina é alterada nesse mecanismo, então por isso se tem a mesma base de mecanismo em constituintes diferentes, em um constituinte químico extracelular e um constituinte proteico que pode ser intra ou extracelular. enfatizando agora o fosfato, é um tampão considerado de origem não bicarbonato, ele é um tampão mais utilizado em ambiente intracelular. “ Por que ele é um potente tampão intracelular?” Porque sua constante é mais próxima do pH sanguíneo, ele tem uma constante de 6,8e o pH sanguíneo 7,4. Observa-se que esse tampão não bicarbonato ou fosfato, ele tem baixa concentração no líquido extracelular, por esse motivo ele pode ter um baixo poder tamponante, ou seja, ele é bom por que é próximo do pH sanguíneo, mas a potência dele é reduzida, comparada, por exemplo, ao tampão bicarbonato. “Onde é que esse tampão fosfato vai ser importante?” Ele vai ser importante, principalmente, no sistema renal, mais especificamente, ele vai ser importante para os líquido dos túbulos renais, ele vai ser também bastante importante na excreção de ácido na urina, então podemos dizer que esse tampão fosfato ele é vai ser bem utilizado para que se possa ter um bom funcionamento do sistema renal. Foi falado dos tampões fisiológicos, será falado agora do mecanismo respiratório. “Qual é o objetivo desse mecanismo respiratório?” Manter a homeostase dos gases O2 e CO2, precisamos fazer algumas definições que saímos trocando as definições, acha que uma é a mesma coisa da outra. “O que é a ventilação?” É um processo mecânico, que através do movimento a gente consegue entrada e saída de ar dos pulmões, para que essa ventilação ocorra com sucesso, é muito importante a presença de uma substância surfactante. Um exemplo de substância surfactante: para que o alvéolo se contraia e se estenda, a gente precisa de um complexo lipídico formado por fosfolipídio e lipoproteína, para impedir que esse alvéolo feche (colabe, cole as paredes) então, o surfactante faz uma lubrificação do alvéolo para que possa ter a movimentação de entrada e saída de ar, sem que eu tenha a adesão entre as paredes do alvéolo. A respiração é a troca de gases, propriamente dita, o corpo vai trocar gás com a atmosfera, então essa troca é considerada a respiração, a ventilação é um movimento, onde a gente pode chamar de hipoventilação e hiperventilação. Então, a troca gasosa vai ocorrer a nível alveolar e, dependendo do paciente, se espera um perfil de troca. Por exemplo, se há um paciente asmático, sabe-se que esse asmático tem um alvéolo mais reativo, então o alvéolo desse paciente nem consegue abrir 100% nem consegue fechar 100%. Então, vê-se que o processo ventilatório desse paciente já é modificado, portanto tudo isso tem que ser levado em consideração na hora de examinar o paciente. Quando se fala em troca gasosa, relacionada à respiração, vê-se que no processo de inspiração se tem uma concentração aumentada de O2 e uma baixa concentração de CO2, já no sangue nota-se o oposto. “Que sangue é esse?” Principalmente sangue venoso, tem-se o excesso de CO2 sendo retirado dos tecidos, como forma de metabólito. Quando se fala na ventilação que é um processo mecânico se vê que ela precisa ser controlada. Ela é controlada por quimiorreceptores, ela é controlada por receptores que respondem a concentração de determinada substância química. Nesse caso, a substância vai ser o CO2, ou seja, os quimiorreceptores vão responder à concentração de CO2. “Onde é que tem quimiorreceptor?” Tem quimiorreceptor no sistema respiratório e no cérebro. Então, essa informação vai chegar no cérebro através do líquor, e no sistema respiratório ela vai chegar pelo plasma. Por isso que nessa parte respiratório enfoca tanto o pH do líquor quanto o pH do plasma, que são importantes nessa homeostase. Vê-se que vai haver uma resposta de acordo com o aumento ou a redução de O2, então, essa resposta vai ser desencadeada pelas células quimiorreceptoras, que regulam tanto a resposta respiratória como a resposta cardiovascular. Por isso que se espera que o indivíduo que desenvolve uma atividade física vigorosa, quando ele realiza uma corrida, tenha uma alteração no seu perfil cardiorrespiratório. Aumenta a frequência cardíaca e a frequência respiratória. Líquor é o líquido que banho o sistema nervoso. “Já ouviu falar em líquido cefalorraquidiano?” Quando se vai lá na medula, a medula tem liquor. Essa informação aqui em baixo é o que? É pra dizer que (referindo-se ao slide) depende de fatores genéticos para a regulação da resposta e depende da ativação de algumas proteínas pré-existentes, para o primeiro momento né? De forma aguda o fator genético. Isso aqui o coloquei como perfil informativo não que eu vá cobrar em prova, só essa parte do quimiorreceptor (slide). O mecanismo respiratório conversa com a frequência de ventilação se relacionando com o fluxo sanguíneo e com a perfusão sanguínea para que se tenha um bom controle das trocas gasosas nos pulmões, então a concentração de CO2 vai interferir diretamente no movimento “E na frequência ventilatória, como interfere?” Pelos quimiorreceptores, que podem estar no tronco cerebral e quimiorreceptores centrais. Vê-se que essa troca gasosa no pulmão ela também é controlada pela redução de O2, essa redução de O2 é favorecida através de receptores periféricos de O2, nos corpos caróticos e no arco aórtico. Sintetizando: Quando se fala em perfusão observa-se O2, quando se fala fala frequência de ventilação, olha-se para CO2. O paciente não está com boa perfusão então significa que o O2 não está chegando bem nos tecidos. Seguindo ainda nos mecanismos respiratórios, vê-se que esse mecanismo contribui para manter ou restaurar o pH, através da ventilação pulmonar, a ventilação pulmonar contribui para reter ou eliminar o CO2, então essa ventilação vai influenciar indiretamente, através dessa retenção ou eliminação, na formação do composto H2CO3 (Ácido carbônico). Para fechar, vimos que esse mecanismo respiratório contribui para manter ou para restaurar o pH, nosso objetivo. Através da ventilação pulmonar. Essa ventilação pulmonar contribui para reter ou eliminar o co2. Então essa ventilação pulmonar vai influenciar indiretamente, através dessa retenção ou eliminação a formação desse composto h2co3 - o ácido carbônico. Então o mecanismo respiratório indiretamente vai alterar a formação do ácido carbônico. “Porque indiretamente, professora?” Porque diretamente ele vai contribuir para retenção ou eliminação do co2 , a partirdaí é que tem a alteração do ácido carbônico. Então quando se fala em hipoventilação espera-se retenção, consequentemente, diminuição de pH. Quando fala-se em hiperventilação espera-se espero eliminação de co2, consequentemente aumento de pH. Quando o pH afeta a ventilação alveolar e se tem ação direta dos íons hidrogênio, o que a gente ver? Quando se tem um pH diminuindo, tem-se como resposta uma hiperventilação. Quando se tem um pH aumentado, tem-se como resposta uma hipoventilação. Foi falado do componente respiratório, agora será falado sobre componente renal. Quando é falado do sistema renal, vê-se que esse sistema renal é multifacetados em relação às funções, basicamente pode-se dizer que esse sistema renal tem uma função homeostática, uma função endócrina e uma função excretora (detalhes de cada função vão ser estudado bem direitinho em fisiologia). Dentro da função homeostática vai ser encontrado o objeto de estudo, equilíbrio eletrolítico e equilíbrio ácido-básico. Por isso que se fala um pouquinho dele aqui no equilíbrio ácido básico. Então no mecanismo renal é observado que vai contribuir para reter ou excretar ácidos ou bases, dependendo da necessidade do organismo. Então, dependendo da concentração de CO2 da respiração e do componente proveniente do metabolismo que está relacionado ao sistema renal pode se ter alterações de cunho misto. “Como assim professora?” MECANISMO RENAL É possível ter um aumento do componente respiratório e do componente metabólico. Então espera-se que aumente tanto CO2 como o hidrogênio secretado (aumento respiratório co2 , aumento metabólico e os hidrogênios). Quando se tem alteração de cunho mista pra menos, tem diminuição respiratória e metabólica. Isso repercute na diminuição da concentração de co2 e diminuição de íons hidrogênio secretados. Quando estiverem trabalhando na clínica sistema tampão (equilíbrio ácido-básico), vocês vão ver que a maioria dos distribuídos são de origem mista. Tem alteração no perfil respiratório e no perfil metabólico. Estuda agora resposta de perfil primário de um com resposta compensatória de outro para poder entender melhor, mas em predomínio é misto, que será melhor raciocinado posteriormente, visto que o primeiro período é introdutório. Então essa variação de íons hidrogênio está relacionado com a secreção e excreção deles nos túbulos e nos coletores renais para poder formar urina. Por isso, no início da aula trabalhou com referência de pH urinário. Então relacionada a função renal: o equilíbrio vai depender da reabsorção de bicarbonato e da excreção de hidrogênio, essa excreção de hidrogênio pode ser pela troca de Na (sódio) pelo hidrogênio, pode ser por que ele vai fazer parte do sistema tampão, pode ser porque ele vai fazer parte da amônia. Então vai depender da necessidade do organismo naquele momento. Assim finaliza-se os distúrbios do equilíbrio. PERGUNTA: “O TRATAMENTO DO BICARBONATO PODE SER POR VIA VENOSA?” R.: vejo só por via oral. Quando se tem uma variação de pH caracterizando uma alcalose. Essa alcalose quando for de cunho respiratório eu vejo como causa uma hiperventilação alveolar. Quando de cunho metabólico eu vejo como causa principal, a super excreção de íons de hidrogênio. Então, é observado que paciente vomita muito, por exemplo pode ser tratado com cloreto de amônio via oral. Mas esquecendo o tratamento vocês fecham nisso aqui que a linha de raciocínio que a gente partiu da definição. Então o que eu quero mostrar para vocês, dependendo do distúrbio eu vou ter uma conduta terapêutica diferente da outra. A conduta terapêutica serve para contrabalancear a balancinha do início e para tentar restabelecer o equilíbrio. FIGURA - informativo que pode guardar como material de consulta rápida; tipos de distúrbio, o que espera-se do pH, da concentração de co2 e bicarbonato. PERGUNTA: “O QUE É ESSE ‘N’, PROF?” R.: Não varia.