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Lidos Recentemente Fechar ICMS - Ed. 2020 ISS - Vol. III - Ed. 2017 PIS e COFINS - Edição 2016 Opções Fechar Sair Idioma Português Fonte Arial Tamanho do texto Espaçamento entre linhas Cores Etiquetas Coloridas Etiquetas Coloridas Voltar Sem Nome Sem Nome Sem Nome Sem Nome Sem Nome Sem Nome Sem Nome 1. CARACTERÍSTICAS GERAIS 1. CARACTERÍSTICAS GERAIS 0 1. Características gerais 1.1. Breve histórico do PIS e da Cofins em sua contextualização normativa atual Os arts. 149 1 e 195, 2 da CF/1988, conferiram à União a competência para instituir contribuições sociais. Em relação à Cofins, tal competência foi exercida com a LC 70/1991. Naquela legislação, a Cofins inicialmente era calculada pela alíquota de 2% sobre o "faturamento mensal, assim considerada a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza". O PIS, por sua vez, já havia sido instituído pela LC 7/1970 e foi recepcionado pelo atual ordenamento por meio do art. 239 da CF. Naquele tempo, o PIS era calculado pela alíquota de 0,75% sobre o faturamento e, com a Lei 9.715/1998, este percentual foi minorado a 0,65%. Veio então a Lei 9.718/1998, que alargou a base de cálculo de ambas as contribuições e aumentou a alíquota da Cofins de 2% para 3% (resultando na alíquota global de PIS e Cofins de 3,65%). Até então, a cobrança do PIS e da Cofins era cumulativa, em cascata, o que significa dizer que o contribuinte de cada etapa da cadeia de comercialização/industrialização suportava financeiramente todo o ônus fiscal das contribuições e o repassava integralmente no preço. O cenário foi mantido até as Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que em suma: (i) modificaram o regime de apuração do PIS e da Cofins, respectivamente, de cumulativo para não cumulativo; e (ii) em contrapartida, majoraram a alíquota do PIS para 1,65% e da Cofins para 7,6%, resultando na alíquota global de 9,25%. javascript:void(0) javascript:void(0) Tal não cumulatividade foi construída segundo critérios eminentemente legais que, frise-se, não são os mesmos aplicáveis ao IPI. Esta distinção é relevante à tomada de créditos de um tributo e outro, conforme será visto em detalhes ao longo da seção 3.5.1 infra. Continuando o histórico das contribuições ao PIS e à Cofins, com a EC 42/2003 foi inserido o § 12 ao art. 195 da CF, 3 que conferiu status constitucional à não cumulatividade das contribuições. Apesar de não haver, no referido dispositivo, uma regra jurídica dispondo como se dá, do ponto de vista constitucional, a não cumulatividade das contribuições (tal como se na regra do ICMS e IPI), há ali, incontestavelmente, uma norma programática que induz o dever de a União assim fazê-lo, de modo a excluir o efeito cascata do PIS e da Cofins. Outra grande modificação do regime não cumulativo do PIS e da Cofins veio com a Lei 10.865/2004, que em suma: (i) introduziu a incidência das contribuições também sobre importações de bens e serviços e, em contrapartida, permitiu a tomada de crédito das contribuições sobre tais importações; e (ii) modificou alguns pontos do regime não cumulativo disciplinado pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. Outras várias legislações introduziram modificações na construção das regras de incidência das contribuições, bem como em seu regime não cumulativo. Assim é que, nas linhas seguintes, serão examinados os detalhes de incidência desses tributos que, apesar de serem já conhecidos pela comunidade jurídica brasileira, renovam- se de tempos em tempos e, a cada alteração, trazem novas indagações e questionamentos aos contribuintes. javascript:void(0) 1.2. Os regimes aplicáveis 1.2.1. Legislação aplicável aos regimes cumulativo e não cumulativo O regime cumulativo de PIS e Cofins é disciplinado até os dias hodiernos pela Lei 9.718/1998. Já as linhas mestras do regime não cumulativo são dadas pelas Leis 10.637/2002 (PIS) e 10.833/2003 (Cofins). Dissemos linhas mestras porque, consoante já aventado na seção 1.1 supra, há outras legislações que disciplinam o regime não cumulativo, que serão tratadas oportunamente na presente obra. E mantendo o foco por ora nessas linhas mestras do regime não cumulativo, o leitor mais atento notará que, cotejando as Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, há certas regras que estão previstas na Lei 10.883/2003, mas não na Lei 10.637/2002, de modo que seriam aplicáveis apenas à Cofins e não ao PIS. Isto se deve ao aperfeiçoamento da legislação, mas não quer dizer que haja disciplinas distintas. Pelo contrário, a Lei 10.833/2003 veio a unificar o regime de PIS e Cofins, conforme se verifica de seu art. 15 a seguir transcrito: "Art. 15. Aplica-se à contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa de que trata a Lei 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: I - nos incisos I e II do § 3.º do art. 1.º desta Lei; II - nos incisos VI, VII e IX do caput e nos §§ 1.º e 10 a 20 do art. 3.º desta Lei; III - nos §§ 3.º e 4.º do art. 6.º desta Lei; IV - nos arts. 7.º e 8.º desta Lei; V - nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1.º e 2.º do art. 10 desta Lei; VI - no art. 13 desta Lei". Por essa razão, muitas das menções à Lei 10.833/2003 na presente obra serão aplicáveis não somente à Cofins, mas também ao PIS. 1.2.2. Contribuintes do regime cumulativo e do regime não cumulativo: critérios subjetivos vinculados ao contribuinte, e critérios objetivos vinculados à receita auferida Conforme já adiantado alhures, a Lei 9.718/1998 disciplina o regime cumulativo de PIS e Cofins, por meio do qual o contribuinte tem a obrigação de calcular as contribuições pela alíquota global de 3,65% (0,65% para o PIS e 3% para a Cofins). Nessa metodologia não há a possibilidade de a pessoa jurídica apurar créditos para desconto das contribuições a pagar. Posteriormente vieram as Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que modificaram o regime de apuração do PIS e da Cofins, respectivamente, de cumulativo para não cumulativo, mas, em contrapartida, majoraram a alíquota gerais do PIS e da Cofins para 1,65% e 7,6%, respectivamente, resultando na alíquota global de 9,25%. Entretanto, o novel regime não é aplicável indistintamente a todas as empresas e seus segmentos, já que o exame dos arts. 8.º da Lei 10.637/2002 e 10 da Lei 10.833/2003 dão conta que o enquadramento de contribuintes ao regime não cumulativo de PIS e Cofins está condicionado a requisitos de ordem subjetiva e objetiva. Pelo primeiro grupo, o subjetivo, a sujeição ao regime cumulativo é determinada pela verificação de certas características inerentes à pessoa jurídica ou à forma de sua tributação pelo IRPJ e CSLL. Fala-se, aqui: "(i) dos bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas; (ii) das pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos (a) imobiliários, nos termos da Lei 9.514/1997, (b) financeiros, e (c) agrícolas, conforme ato do Conselho Monetário Nacional; (iii) das empresas operadoras de planos de assistência à saúde; (iv) das pessoas jurídicas que prestam serviços de vigilância e transporte de valores para estabelecimentos financeiros; (v) das sociedades cooperativas, exceto as de produção agropecuária e as de consumo; (vi) dos órgãos públicos, as autarquias e fundações públicas federais, estaduais e municipais; e (vii) das pessoas jurídicas tributadas pelo IRPJ com base no lucro presumido ou arbitrado, optantes pelo Simples, ou imunes a impostos". Pela leitura anterior, fica claro que serão do regime não cumulativo as pessoas jurídicas enquadradas nos itens "i" a "vi" supra, bem como aquelas que, não estando lá arroladas, venham a apurar o seu IRPJ com baseno lucro real. Parece adequado nominar este grupo como subjetivo porque seus requisitos estão umbilicalmente relacionados a uma situação intrínseca ao próprio contribuinte, seja em relação à forma de tributação de seu IRPJ e/ou a alguma condição de sua constituição societária/social que lhe seja peculiar (por exemplo, ser cooperativa, órgãos públicos, autarquias, bancos etc.). Mas, há requisitos que sujeitam certas receitas da pessoa jurídica ao regime cumulativo, mesmo que ela (a pessoa jurídica) apure o seu IRPJ pelo lucro real. Ou seja, ainda que o contribuinte se revista da condição subjetiva que lhe deflagre o regime não cumulativo das contribuições (ser lucro real), o PIS e a Cofins incidirão objetivamente segundo as regras do regime cumulativo em relação a certas receitas. Isto quer dizer que é possível que uma mesma pessoa jurídica esteja concomitantemente sujeita ao regime cumulativo e não cumulativo, afinal, poderá ser optante do lucro real (e, assim, ser do regime não cumulativo), mas também auferir alguma receita objetivamente sujeita ao regime cumulativo. Daí a preferência por nominar esse grupo como objetivo. A identificação desta situação impactará a apuração de PIS e Cofins do contribuinte, conforme será visto em detalhes na seção 3.5.2. A Receita Federal já se manifestou sobre a existência desses critérios objetivos e subjetivos à determinação do regime jurídico de PIS e Cofins aplicável, vejamos o pronunciamento da 7.ª Região Fiscal: "Apresentação do Dacon - Obrigatoriedade A exclusão da sistemática de cobrança não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins pode se dar em função de critério subjetivo, hipótese em que, alcançando a própria pessoa jurídica, atinge a totalidade de suas receitas, ou objetivo e parcial, em que a pessoa jurídica, embora sujeita como regra à incidência não cumulativa das contribuições, aufere receitas que foram expressamente mantidas no regime cumulativo. Neste caso, inda que a pessoa jurídica esteja sujeita à incidência não cumulativa da contribuição para o PIS/Pasep e da contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins apenas em relação a parte de suas receitas, está obrigada, em relação à elas, à entrega do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais - Dacon" (Solução de Consulta 324/04 - 7.ª Região Fiscal). Pois bem, as receitas em questão, que deflagram a observância do regime cumulativo das contribuições, são as seguintes: ▪ Receitas sujeitas à substituição tributária de PIS e Cofins; ▪ Receitas referidas no art. 5.º da Lei 9.716/1998, a saber, que são auferidas por pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores, que, por isso mesmo, para efeitos tributários tenham equiparado como operação de consignação as operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda, bem assim dos recebidos como parte do preço da venda de veículos novos ou usados; ▪ Receitas decorrentes da prestação de serviços de telecomunicações; ▪ Receitas decorrentes de venda de jornais e periódicos e de prestação de serviços das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens; ▪ Receitas submetidas ao regime especial de tributação previsto no art. 47 da Lei 10.637/2002, que são as receitas auferidas por pessoa jurídica integrante do Mercado Atacadista de Energia Elétrica (MAE), instituído pela Lei 10.433/2002; ▪ Receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31.10.2003: a) Com prazo superior a 1 (um) ano, de administradoras de planos de consórcios de bens móveis e imóveis, regularmente autorizadas a funcionar pelo Banco Central; b) Com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; c) De construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data; ▪ Receitas decorrentes de prestação de serviços de transporte coletivo rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros; ▪ Receitas decorrentes de serviços: a) Prestados por hospital, pronto-socorro, clínica médica, odontológica, de fisioterapia e de fonoaudiologia, e laboratório de anatomia patológica, citológica ou de análises clínicas; b) De diálise, raios X, radiodiagnóstico e radioterapia, quimioterapia e de banco de sangue; ▪ Receitas decorrentes de prestação de serviços de educação infantil, ensinos fundamental e médio e educação superior; ▪ Receitas decorrentes de vendas de mercadorias realizadas pelas pessoas jurídicas referidas no art. 15 do Dec.-lei 1.455/1976, a saber, lojas francas autorizadas a funcionar em zonas primárias de portos e aeroportos pelo Ministério da Fazenda que vendam mercadorias nacionais ou importadas a passageiros de viagens internacionais, na chegada ou saída do país, ou em trânsito, contra pagamento em moeda nacional ou estrangeira; ▪ Receitas decorrentes de prestação de serviço de transporte coletivo de passageiros, efetuado por empresas regulares de linhas aéreas domésticas, e as decorrentes da prestação de serviço de transporte de pessoas por empresas de táxi aéreo; ▪ Receitas auferidas por pessoas jurídicas, decorrentes da edição de periódicos e de informações neles contidas, que sejam relativas aos assinantes dos serviços públicos de telefonia; ▪ Receitas decorrentes de prestação de serviços com aeronaves de uso agrícola inscritas no Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB); ▪ Receitas decorrentes de prestação de serviços das empresas de call center, telemarketing, telecobrança e de teleatendimento em geral; ▪ Receitas decorrentes da execução por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil; ▪ Receitas auferidas por parques temáticos, e as decorrentes de serviços de hotelaria e de organização de feiras e eventos, conforme definido em ato conjunto dos Ministérios da Fazenda e do Turismo; ▪ Receitas decorrentes da prestação de serviços postais e telegráficos prestados pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; ▪ Receitas decorrentes de prestação de serviços públicos de concessionárias operadoras de rodovias; ▪ Receitas decorrentes da prestação de serviços das agências de viagem e de viagens e turismo; ▪ Receitas auferidas por empresas de serviços de informática, decorrentes das atividades de desenvolvimento de software e o seu licenciamento ou cessão de direito de uso, bem como de análise, programação, instalação, configuração, assessoria, consultoria, suporte técnico e manutenção ou atualização de software, compreendidas ainda como softwares as páginas eletrônicas; ▪ Receitas relativas às atividades de revenda de imóveis, desmembramento ou loteamento de terrenos, incorporação imobiliária e construção de prédio destinado à venda, quando decorrentes de contratos de longo prazo firmados antes de 31.10.2003; ▪ Receitas decorrentes de operações de comercialização de pedra britada, de areia para construção civil e de areia de brita. O art. 10, VII, a, da Lei 10.833/2003, dispunha que as receitas auferidas com a venda das mercadorias referidas no inc. IV do § 3.º do art. 1.º (em suma, receitas sujeitas ao regime monofásico) também estavam submetidas ao regime cumulativo. Ocorre que, conforme será visto ao longo do Capítulo 4, o mencionado inc. IV do § 3.º do art. 1.º está revogado atualmente, de modo que as receitas tributadas pelo regime monofásico estão incluídas no regime não cumulativo caso o contribuinte que as auferir for optante do lucro real de IRPJ. Nas linhas seguintes se seguirão comentários aos aspectos mais relevantes que orbitam a sujeição de algumas das receitas acima ao regime cumulativo. Não serão abordados todos os itens, apenas aqueles que foram, ou são, fontes de debates entre Receita Federal e contribuintes.1.2.2.1. Receitas sujeitas ao regime de substituição tributária de PIS e Cofins Segundo o art. 10, VII, b, da Lei 10.833/2003, estão submetidas ao regime cumulativo as receitas decorrentes das operações sujeitas à substituição tributária de PIS e Cofins. Paralelamente a isto, deve-se ter em conta também o disposto no art. 1.º, § 3.º, III, também da Lei 10.833/2003, segundo o qual "não integram a base de cálculo a que se refere a este artigo [base de cálculo do regime não cumulativo] as receitas auferidas pela pessoa jurídica revendedora, na revenda de mercadorias em relação às quais a contribuição seja exigida da empresa vendedora, na condição de substituta tributária". A análise de ambos os dispositivos é relevante porque a partir deles é que se pode ter plena perspectiva do regime de incidência de PIS e Cofins sobre as receitas submetidas à substituição tributária das contribuições. É que, se o art. 1.º, § 3.º, III, exclui da base de cálculo do regime não cumulativo as receitas auferidas por pessoas jurídicas revendedoras"em relação às quais a contribuição seja exigida da vendedora na condição de substituta tributária", obviamente está tratando dos substituídos (atacadistas, distribuidores e varejistas), e, ao assim fazê- lo, inclui as receitas dessas empresas no regime cumulativo. Ora, se assim o é, então o art. 10, VII, b, só pode estar fazendo referência às receitas auferidas pelos substitutos tributários (fabricantes e importadores), que recolhem o PIS e a Cofins da cadeia por antecipação. Assim sendo, se a receita auferida com a venda de determinada mercadoria está sujeita ao regime de substituição tributária, então tanto os substitutos como os substituídos estarão sujeitos à sistemática cumulativa de PIS e Cofins, o que lhes impede de apropriar créditos em relação aos custos, despesas e encargos vinculados às receitas submetidas à substituição tributária. Inclusive, ao se ver instada a se manifestar sobre o tema, a Receita Federal se pronunciou no sentido de que o regime cumulativo das contribuições se aplica não somente ao PIS e Cofins substituição tributária, mas também ao PIS e Cofins próprios devidos sobre as receitas do substituto tributário. Vejamos: "Substituição tributária. Veículos. Inaplicabilidade da Cofins não cumulativa. As operações de venda, efetuadas por fabricante ou importador de veículos classificados na posição 8711 da Tipi, a comerciantes varejistas, estão excluídas da sistemática de cobrança não cumulativa da Cofins, vale dizer, incide a contribuição pelas normas vigentes antes da Lei 10.833/2003 (Cofins cumulativa), tanto em relação ao fato gerador efetivo, em que o fabricante ou importador é contribuinte, quanto ao fato gerador presumido, no qual este reveste a condição de substituto tributário" (Solução de Consulta 162/04 - 10.ª Região Fiscal). 1.2.2.2. Receitas auferidas na venda de veículos usados Segundo o art. 5.º da Lei 9.716/1998, 4 as pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores, podem, para efeitos tributários, equiparar às consignações as suas operações de venda de veículos usados adquiridos para revenda. O mesmo vale para os bens recebidos como parte do preço da venda de veículos novos ou usados. Desse modo, a base de cálculo das contribuições será a diferença entre o valor de alienação, constante da nota fiscal de venda, e o custo de aquisição do veículo, constante da nota fiscal de entrada. Esse é o entendimento da Receita Federal e também do CARF, vejamos: "Venda de veículos usados. Equiparação a operações de consignação. Nas operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda, inclusive quando recebidos como javascript:void(0) parte do pagamento do preço de venda de veículos novos ou usados, o valor a ser computado na determinação das bases de cálculo da Cofins será apurado segundo o regime aplicável às operações de consignação. Na determinação da base de cálculo da Cofins pelas pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e a venda de veículos automotores, a receita bruta das operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda, será a diferença entre o valor de alienação, constante da nota fiscal de venda, e o custo de aquisição do veículo, constante da nota fiscal de entrada" (Solução de Consulta 289/06 - 6.ª Região Fiscal). "[...] Comercialização de venda de veículos usados/novos com a utilização de veículos usados (custo entrada). Nas operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda, inclusive quando recebidos como parte do pagamento do preço de venda de veículos novos ou usados, o valor a ser computado na determinação mensal das bases de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, pagos por estimativa, da contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins será apurado segundo o regime aplicável às operações de consignação. Na determinação das bases de cálculo de que trata este artigo será computada a diferença entre o valor pelo qual o veículo usado houver sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição, constante da nota fiscal de entrada. A falta de prova do custo de aquisição dos veículos usados não permite cancelarmos o lançamento. Da mesma forma, deve ser o tratamento quanto à CSLL, PIS e Cofins, visto que são reflexos. Recurso conhecido e não provido" (CARF. 1.ª Seção. 2.ª Câmara. 1.ª T. Ordinária. Ac 1201-000.777). "Cofins. Veículos usados. Por expressa disposição legal, a partir do fato gerador ocorrido em 30.11.1998, a base de cálculo da Cofins, nas operações de venda de veículos usados, será determinada pela diferença entre o valor de alienação e o valor de aquisição. Recurso voluntário negado" (CARF. 3.ª Seção. 1.ª Câmara. 1.ª T. Ordinária. Ac 3101-001.028). Dado que a norma contida no art. 5.º da Lei 9.716/1998 é de natureza dispositiva, e não declaratória, não é lícito assumir que o modo de apuração da base de cálculo do PIS e da Cofins, na operação de venda de veículos usados, conforme lá disposto, possa retroagir no tempo. É o entendimento do TRF-3.ª Reg.: "Processo civil. Agravo legal. Aplicação do art. 557, § 1.º, do CPC. Embargos infringentes. Concessionária de veículos. Contribuições ao PIS e à Cofins. Compra e venda de veículos usados, utilizados como parte do pagamento de veículos novos. Lei 9.716/1998. Período anterior. I - Agravo legal contra provimento aos embargos infringentes da União Federal. Aplicação do art. 557, § 1.º, do CPC [1973]. II - A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins - e a Contribuição para o Programa de Integração Social - PIS, previstas nas Leis Complementares 70/1991 e 7/1970, possuem como base de cálculo o faturamento, entendido como receita bruta adquirida nas vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza, nos termos do art. 3.º, b, da LC 7/1970, com as alterações da Lei 9.715/1998, e art. 2.º da LC 70/1991. III - A venda de veículos usados recebidos pela concessionária como parte do pagamento na aquisição de automóveis novos, por tratar-se de venda de mercadoria, compõe o faturamento da empresa e, em decorrência, a base de cálculo para incidência das referidas contribuições. IV - A Lei 9.716/1998, resultante da conversão da Medida Provisória 1.725/1998, consoante disposto em seu art. 5.º, equiparou, como operação de consignação, a venda de veículos usados, adquiridos para revenda, bem assim os recebidos como parte de pagamento na aquisição de veículos novos ou usados. Precedentes desta Corte. V - A equiparação prevista na Lei 9.716/1998 somente é possível para fatos ocorridos após a vigência do referido diploma, não se podendo conferir eficácia retroativa à disciplina legal. VI - A definição da base de cálculo e da alíquota dos tributos é matéria reservada à lei, a teor do disposto no art. 97, IV, do CTN, ficando também restritaao instrumento a instituição das deduções que lhes forem aplicáveis. VII - Agravo legal improvido" (TRF-3.ª Reg. - Processo 00430494219994036100 - 2.ª Seção - Rel. Des. Regina Costa - DJ 02.10.2012). E mais. Para os fins do enquadramento de receitas objetivamente sujeitas ao regime cumulativo de PIS e Cofins, consoante art. 10, VII, c, da Lei 10.833/2003, deve- se entender também como veículos automotores retroescavadeiras, motoniveladoras, escavadeiras, pás- carregadeiras e empilhadeiras. Vejamos entendimentos do Fisco a esse respeito: "Cumulatividade. Venda de equipamentos usados. Retroescavadeiras, motoniveladoras, escavadeiras, pás- carregadeiras e empilhadeiras são considerados veículos automotores para fins da aplicação do art. 5.º da Lei 9.716/1998, e, consequentemente, as vendas de tais equipamentos usados se sujeitam ao regime de apuração cumulativa da Cofins" (Solução de Consulta 66/13 - 6.ª Região Fiscal). 1.2.2.3. Receitas decorrentes da prestação de serviços de telecomunicações O art. 10, VIII, da Lei 10.833/2003 estabelece que as receitas decorrentes da prestação de serviços de telecomunicações estão submetidas ao regime cumulativo de PIS e Cofins. Resta definir o conceito de serviços de telecomunicações, bem como examinar o posicionamento da Receita Federal a respeito. De acordo com o art. 60, § 1.º, da Lei 9.472/1997 5 (Lei Geral de Telecomunicações - LGT), a telecomunicação é definida pela "transmissão, emissão ou recepção, por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza". javascript:void(0) Pela leitura do dispositivo, assumo que, do ponto de vista legal, a telecomunicação está umbilicalmente relacionada aos meios eletromagnéticos de comunicação, isto é, "fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético", que efetivamente viabilizem a transmissão de uma mensagem. Mas, há doutrinas que acrescentam outros requisitos à definição de comunicação (gênero da espécie telecomunicação), especialmente a necessidade de interação entre emissor e receptor da comunicação e, ainda, a identificação determinada de um receptor específico. Nesse sentido caminha Roque Carrazza. 6In verbis: "Se o receptor da mensagem não for determinado e não estiver em condições de entendê-la e responder a ela pelo mesmo canal comunicativo, não há espaço jurídico para a exigência do ICMS. (...) Já, na comunicação, que enseja tributação por meio de ICMS, o receptor da mensagem, com ser determinado, está apto a interagir com o emissor. Presente aqui, também, a remuneração diretamente relacionada com esta interação". Tal como sustentei na obra ICMS (primeiro volume da Coleção Tributos Indiretos, da qual faz parte esta publicação), apesar de ter incomensurável respeito e admiração pelo doutrinador, penso que não é correto compreender e relacionar o ato de comunicar a partir da figura do receptor e sua (in)capacidade de interação com o emissor. Ora, já que se está falando do ato de comunicar, então o conceito deve ser entendido em função daquele que se comunica, isto é, o emissor da mensagem. Logo, saber se há ou não receptor identificado e sua javascript:void(0) (in)capacidade de interação não é relevante para se definir comunicação e, consequentemente, telecomunicação, mesmo porque isso não consta do art. 60, § 1.º, da LGT. O que há de ser considerado é a existência de um emissor, uma ou mais mensagens e receptores predeterminados, ainda que não seja possível aferi-los numericamente. Em outras palavras, todas as receitas auferidas pela prestação de um serviço que tenha como objeto a transmissão de uma mensagem por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético serão consideradas telecomunicações, e, como tal, submetidas ao regime cumulativo de PIS e Cofins. Ocorre que a Receita Federal vem apresentando posicionamentos que ora acolhem este entendimento, ora o afastam. É o que será visto nas linhas seguintes. 1.2.2.3.1. Provimento de acesso à Internet Conforme se verifica da Solução de Consulta 274/10, da 8.ª Região Fiscal, o Fisco Federal entendeu que as receitas auferidas com provimento de acesso à Internet banda larga são sujeitas ao regime cumulativo de PIS e Cofins pelo fato de serem caracterizadas como serviços de telecomunicação. Vejamos: "Cumulatividade. Serviços de telecomunicações. A exclusão da sistemática da não cumulatividade da Cofins instituída pela Lei 10.833/2003, alcança as receitas decorrentes de serviços de telecomunicações, quais sejam, os serviços de transmissão, emissão ou recepção, por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza. As receitas auferidas com chamado serviço de provedor de banda larga para Internet submetem-se à sistemática da cumulatividade da apuração da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins" (Solução de Consulta 274/10 - 8.ª Região Fiscal). Entretanto, o STJ entendeu que essas atividades não são serviços de telecomunicação, propriamente, mas sim serviços de valor adicionado, conforme definição dada pelo art. 61 da mesma Lei. 7 Ato contínuo, a Corte decidiu que não há incidência de ICMS sobre a atividade porque não configurado o fato gerador do imposto. Isto é o que dá conta o teor de sua Súmula 334, bem como a ementa do acórdão transcrita abaixo: "Recurso especial. Tributário. ICMS. Serviços prestados pelos provedores de acesso à Internet. Não incidência. Posicionamento da 1.ª Seção. Julgamento dos EREsp 456.650/PR. Recurso desprovido. 1. No julgamento dos EREsp 456.650/PR, em 11.05.2005, a 1.ª Seção, por maioria de votos, negou provimento aos embargos de divergência, fazendo prevalecer o entendimento da 2.ª Turma, no sentido de ser indevida a incidência de ICMS sobre os serviços prestados pelos provedores de acesso à Internet, sob o fundamento de que esses prestam serviços de valor adicionado, nos termos do art. 61, § 1.º, da Lei 9.472/1997, apenas liberando espaço virtual para comunicação. 2. Em algumas oportunidades, esta Relatora posicionou-se no sentido da possibilidade de incidência do referido imposto sobre os serviços prestados pelos provedores de conexão à Internet, entendendo que esses prestam serviços de comunicação, espécie de serviço de telecomunicação, de maneira que deveria incidir ICMS javascript:void(0) sobre a prestação de serviço, nos termos do art. 2.º da LC 87/1996. No entanto, a partir do julgamento dos EREsp 456.650/PR, passa-se a adotar a orientação pacificada pela 1.ª Seção. 3. Recurso especial desprovido" (STJ - REsp 453.107/PR) (grifei). Ora, se o STJ entendeu ser incabível a incidência de ICMS sobre as atividades de provimento de acesso à Internet pelo fato de não se revestir da condição de telecomunicação, então obviamente que o mesmo entendimento deve ser dado ao enquadramento do regime de PIS e Cofins. Em outras palavras, se não é telecomunicação, então as receitas provenientes da atividade devem ser submetidas ao não cumulativo. 1.2.2.3.2. Habilitação de celular Se por um lado a Receita Federal errou ao entender que o provimento de acesso à Internet é atividade de telecomunicação, porquanto milita contra jurisprudência uníssona do STJ, conforme apresentado na seção 1.2.1.3.1 supra, por outro lado caminhou bem ao se posicionar pela exclusão das receitas auferidas com habilitação de linha de telefonia celular do regime não cumulativo. Segue o quanto está dito na Solução de Consulta 89/09, da 7.ª Região Fiscal: "A atividade de habilitação de aparelhos de telefonia móvel celular não está inserida no conceito de serviços de telecomunicações, representando, tão somente, mero ato preparatório ou de acesso a esses serviços, sendo certo que as receitas dela decorrentes estão sujeitas às normas que regulam a sistemática não cumulativa de apuração da Cofins" (Solução de Consulta89/09 - 7.ª Região Fiscal). O acerto do aludido posicionamento se verifica na medida em que o serviço de habilitação de telefonia celular não configura serviço de comunicação, porquanto não é por via dele que emissor e destinatário da mensagem (de voz ou dados) se comunicam. Trata-se apenas de procedimento que autoriza determinado aparelho a se utilizar de determinada rede de serviço de telefonia, quando então poderá ser prestado o serviço de comunicação efetivamente. A doutrina de Aires F. Barreto 8 caminhou nesta trilha ao sustentar a não incidência de ICMS e ISS sobre tais atividades, in verbis: "Não incide ICMS, nem incide ISS, sobre a habilitação - assim denominado o só ato de ativação da estação móvel do assinante, para que a central de comutação e controle a reconheça como pertencente a assinante do 'serviço móvel celular - SMC' - por não subsumir-se ao conceito constitucional de serviço tributável. É mera atividade-meio que, conquanto possa, em potencial, vir a proporcionar comunicação, não realiza, em si mesma, o tráfego comunicativo, não importando nem transmissão, nem emissão, nem recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza". A jurisprudência firmada no Poder Judiciário também é uníssona quanto à impossibilidade de os serviços de habilitação de celular serem tidos como telecomunicação. Tanto que o STJ afastou a incidência do ICMS com base nesses argumentos, e, inclusive, editou a Súmula 350, segundo a qual o ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular. 1.2.2.3.3. Recarga de celulares javascript:void(0) A venda, ao usuário, de créditos telefônicos para recarga de celulares por pessoa jurídica que não se qualifica como concessionária de serviços público de telecomunicação não é serviços de telecomunicação. A conclusão aqui sentenciada se baseia nas premissas firmadas em torno do fato gerador do ICMS-Comunicação em relação aos serviços prestados mediante fichas telefônicas e cartões telefônicos. Segundo o art. 12, § 1.º, da LC 87/1996, 9 considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS-Comunicação, quando o serviço for prestado mediante pagamento em ficha, cartão ou assemelhados, no fornecimento desses instrumentos. O STJ referendou essa disposição quando do julgamento do REsp 1.119.517/MG. 10 Ora, se nesse momento da venda das fichas e cartões se dá como ocorrido o fato gerador do ICMS- Comunicação, é correto dizer que a comunicação havida por esses meios, em si mesma considerada, ocorre nesse momento. O distribuidor dessas fichas e cartões, como bancas de jornais, por exemplo, ao realizarem suas vendas estão praticando operações mercantis com mercadorias. Tanto assim que a Receita Federal autoriza o contribuinte a se enquadrar no Simples Nacional. Vejamos o disposto na Solução de Consulta 331/08, da 9.ª Região Fiscal: "Simples Nacional. Recarga de celulares. A venda, ao usuário, de créditos telefônicos para recarga de celulares, com ou sem o suporte físico de ficha, cartão ou assemelhado, por pessoa jurídica que não se qualifica como concessionária de serviço público de telecomunicação, não constitui serviço de comunicação nem configura sua intermediação. javascript:void(0) javascript:void(0) Destarte, é atividade permitida aos optantes pelo Simples Nacional e suas receitas são tributadas pelo Anexo I da LC 123/2006. A base de cálculo, nesse caso, corresponde à totalidade dos valores recebidos do usuário, porquanto se trata de operação feita em conta própria" (Solução de Consulta 331/08 - 9.ª Região Fiscal). Se assim o é, se essa é a premissa então também é correto dizer que, por se caracterizarem como vendas de mercadorias, as receita auferidas com essa atividade se enquadram no regime não cumulativo de PIS e Cofins, caso o contribuinte seja optante pelo lucro real. O mesmo raciocínio é válido às operações de recarga de celulares comercializadas por terceiros que não se revestem da condição de concessionárias de serviços telefônicos. Se, entretanto, a venda da recarga for feita diretamente pela concessionária, então será uma receita proveniente de serviços de telecomunicações sujeita ao regime cumulativo. 1.2.2.4. Receitas decorrentes de venda de jornais e periódicos e de prestação de serviços das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens Segundo o art. 10, IX, da Lei 10.833/2003, 11 estão sujeitas ao regime cumulativo de PIS e Cofins as receitas oriundas de vendas de jornais e periódicos, bem como de prestação de serviços das empresas jornalísticas, de modo que a elas se aplica a alíquota global das contribuições de 3,65%. javascript:void(0) Não há muitas manifestações da Receita Federal do Brasil sobre o que seriam os aludidos serviços sujeitos à incidência cumulativa de PIS e Cofins. Mas, após algumas pesquisas, foram identificadas 2 (duas) Soluções de Consultas que permitem extrair alguns significados acerca do entendimento da Receita Federal a respeito, vejamos: "Regime de apuração. Edição de jornais e periódicos. Apenas as receitas decorrentes da venda de jornais e periódicos e de prestação de serviços das empresas jornalísticas, entendidos como serviços de edição de jornal ou revista ou distribuição de noticiário, se enquadram na apuração cumulativa da Cofins comandada pelo inc. IX do art. 10 da Lei 10.833/2003" (Solução de Consulta 210/09 - 10.ª Região Fiscal) (grifei). "Regime cumulativo. Empresas jornalísticas. No período de 01.02.2004 a 30.04.2004 apenas as receitas auferidas com a prestação de serviços inerentes às atividades jornalísticas permaneceram sujeitas à incidência cumulativa da Cofins, enquanto que as receitas auferidas com as demais atividades, inclusive com a venda de jornais e periódicos, ficaram submetidas à incidência não cumulativa da contribuição. A partir de 01.05.2004, além das receitas auferidas com a prestação de serviços inerentes às atividades jornalísticas, as receitas auferidas com a venda de jornais e periódicos também ficaram sujeitas ao regime cumulativo, enquanto que aquelas auferidas com as demais atividades continuaram submetidas à incidência não cumulativa da contribuição" (Solução de Consulta 34/11 - 8.ª Região Fiscal) (grifei). Ou seja, a partir da leitura das decisões acima transcritas, é lícito assumir que, segundo o Fisco Federal, a prestação de serviços das empresas jornalísticas, mencionada no inc. IX do art. 10 da Lei 10.833/2003 como sendo sujeitas ao regime cumulativo, refere-se apenas aos serviços de edição de jornal ou revista ou distribuição de noticiário, conforme a Solução de Consulta 210/09, sendo que todas as demais receitas seriam submetidas ao regime não cumulativo de PIS e Cofins, nos termos da Solução de Consulta 34/11, aí incluídas, obviamente, as receitas de publicidade. O CARF decidiu exatamente nesse sentido ao julgar que as receitas relativas à prestação de serviços gráficos se submetem ao regime não cumulativo de PIS e Cofins, posto que não são se constituem como receitas da atividade jornalística. Vejamos: "Regimes de tributação. Empresa jornalística. Receita da prestação de serviços gráficos. Impressos em geral. Regime não cumulativo. A receita da prestação de serviços gráficos auferida por empresa jornalística submete-se ao regime não cumulativo de PIS e de Cofins, por não se constituíres receitas da atividade jornalística" (CARF. 3.ª Seção. 3.ª Câmara. 2.ª T. Ordinária. Ac 3302 00.909). Da leitura de trechos relevantes da aludida decisão é lícito afirmar que outros serviços prestados por empresas jornalísticas podem estar sujeitas ao regime cumulativo. Seu exame dá a exata conta do entendimento manifestado pelo CARF, vejamos: "Adicionalmente aos fundamentos da decisão recorrida, que adoto, não procede o argumento da recorrente de que todas as receitas de prestação de serviços das empresas de comunicação são tributadas pelo regime cumulativo, a teor do disposto no art. 8.º, XI, da Lei 10.637/2002, e no art. 10, IX, da Lei 10.833/2003, antes e depois da edição da Lei 10.865/2004.Em primeiro lugar, quando a lei fala em 'empresas jornalísticas' está se referindo aos serviços próprios dessas empresas e não aos serviços próprios de outras empresas que, eventualmente, a empresa jornalística venha a prestar. No caso concreto, a empresa recorrente não é uma empresa gráfica, ou seja, que de dedica a atividade de impressão gráfica em geral. Em razão de economia de escopo, é próprio das empresas se dedicarem a outras atividades nas quais possuem vantagem relativa no mercado. É o caso das empresas jornalísticas que possuem parque gráfico próprio. Elas costumam utilizar esse parque gráfico para prestar serviço de impressão gráfica a terceiros, aproveitando o tempo ocioso dos equipamentos. Portanto, ao contrário do defendido pela recorrente, a prestação de serviços de impressão gráfica não se confunde com os serviços de jornalismo, a que se refere as Leis acima citadas, e nem é próprio de uma empresa jornalística, estando a receitas da prestação desses serviços sujeito à tributação não cumulativa do PIS e da Cofins, como bem disse a autoridade lançadora". O entendimento firmado acima se baseou essencialmente no fato de os serviços de impressão gráfica não estarem no rol de serviços próprios de empresas jornalísticas, daí a razão para o CARF entender que essas atividades estão no rol do regime não cumulativo. Mas, há outras atividades que podem ser entendidas como jornalísticas. É o caso, por exemplo, de veiculação de publicidade que, uma vez realizada no próprio corpo do jornal e/ou revista, compõe sua editoração e paginação. 1.2.2.5. Receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31.10.2003 Segundo o art. 10, XI, da Lei 10.833/2003, são submetidas ao regime cumulativo as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31.10.2003: (i) com prazo superior a 1 (um) ano, de administradoras de planos de consórcios de bens móveis e imóveis, regularmente autorizadas a funcionar pelo Banco Central; e (ii) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços. Trata-se de verdadeira norma de transição do regime cumulativo para o não cumulativo. Visou garantir o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos firmados naquela época, porquanto o PIS e a Cofins tiveram sensível majoração de alíquotas e, obviamente, elevação dos custos tributários que não estavam nos orçamentos originais desses contratos. A 3.ª Seção do CARF teve a oportunidade de apreciar o tema e convalidou as disposições legais em apreço. Conforme se verifica abaixo, o órgão julgador acolheu integralmente, in abstrato, as disposições legais; entretanto, naquele caso concreto o contribuinte não juntou qualquer prova e/ou documento dando conta de que seus contratos firmados em data anterior a 31.10.2003 possuíam preço determinado. Vejamos: "(...) Por fim, cuido dos contratos firmados antes da Lei 10.833/2003 levando em conta o seu art. 10, XI (a peça recursal menciona, certamente por erro material, o inc. VII), segundo o qual permanecem sujeitas às normas da cumulatividade (cuja alíquota da Cofins é de 3%, no lugar de 7,6%, esta aplicada no regime da não cumulatividade) algumas receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31.10.2003, bem como o art. 109 da Lei 11.196/2005. (...) Como bem observou o acórdão recorrido, a contribuinte não logrou comprovar que seus contratos firmados em dada anterior a 31.10.2003 possuem preço determinado, tal como estipulado no art. 109 da Lei 11.196/2005 e no ato infralegal que o regulamentou (art. 3.º da IN SRF no 658/2006). Para tanto, poderia ter demonstrado que tais contratos sofreram reajuste de preços apenas em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Como não apresentou nem ao menos um dos contratos que esperava ver tributados à alíquota menor (própria do regime cumulativo), não há corno lhe dar razão (...)" (CARF. 3.ª Seção. 4.ª Câmara. 1.ª T. Ordinária. Processo 10380.002747/2007-11. Recurso 255.686. Sessão de 26.08.2010). Em Solução de Consulta da 8.ª Região Fiscal, a Receita Federal alerta que, a esses contratos, a vigência do regime cumulativo se dá até o primeiro reajuste de preço, porquanto aí ficaria descaracterizado o elemento "com preço predeterminado", exigível pela legislação à aplicação da cumulatividade, e passaria a valer o regime não cumulativo às receitas auferidas. A única exceção admitida seria o reajuste, após 31.10.2003, efetivado em função do custo de produção ou em percentual não superior àquele correspondente à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inc. II do § 1.º do art. 27 da Lei 9.069/1995. In verbis: "Contratos firmados antes de 31.10.2003. Preço predeterminado. Consideram-se como contratos com preço predeterminado aqueles com preços fixados em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato, por unidade de produto ou por período de execução. As receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31.10.2003, com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços permanecem sujeitas à incidência cumulativa da Cofins até a implementação da primeira alteração de preços decorrente da aplicação de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não, ou de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei 8.666/1993. A efetivação da primeira prorrogação pactuada no contrato, com ou sem modificação de preço, igualmente determina que as receitas auferidas depois de vencido o prazo contratual vigente em 31.10.2003 devem ser sujeitas à incidência não cumulativa das contribuições. Reajuste de preço, efetuado após 31.10.2003, apenas se efetivado em função do custo de produção ou em percentual não superior àquele correspondente à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inc. II do § 1.º do art. 27 da Lei 9.069/1995, não descaracteriza o caráter predeterminado do preço para fins de aplicação do art. 10, XI, da Lei 10.833/2003, conforme prescrição do art. 109 da Lei 11.196/2005, e do art. 3.º, § 3.º, da IN SRF 658/2006" (Solução de Consulta 316/2011 - 8.ª Região Fiscal). Já na Solução de Consulta 228/09, a 10.ª Região Fiscal entendeu que, para efeito de definir o regime de incidência das contribuições aplicável às receitas relativas a contratos com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços, firmados anteriormente a 31.10.2003, o cômputo do IGP-M no percentual de reajuste de preços descaracteriza a condição de preço predeterminado, ainda que nesse percentual de reajuste seja também considerada a variação de determinados custos de produção, o que implica a sujeição dessas receitas à incidência não cumulativa. Mas, manteve a aplicabilidade do regime cumulativo caso o reajuste não supere o percentual correspondente ao acréscimo dos custos de produção, nos termos § 3.º do art. 3.º da IN SRF 658/2006. 12 Vejamos: "Contratos firmados anteriormente a 31.10.2003. Preço predeterminado. Reajuste com base no IGP-M. Para efeito de definir o regime de incidência da Cofins aplicável às receitas relativas a contratos com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços, firmados anteriormente a 31.10.2003, o cômputo do IGP-M no percentual de reajuste de preços, descaracteriza a condição de preço predeterminado, ainda que nesse percentual de reajuste seja também considerada a variação de determinados custos de produção, o que implica a sujeição dessas receitas à incidência não cumulativa. Não obstante, quando o reajuste de preços, efetivado após 31.10.2003, não superar o percentual correspondente ao acréscimo dos custos de produção, e desde que o referido reajusteleve em conta termos de custos de produção ou insumos, a condição de preço predeterminado não se terá descaracterizado, consoante javascript:void(0) explicitação do § 3.º do art. 3.º da IN SRF 658/2006. Nessa hipótese, e cumpridos os demais requisitos dessa Instrução, as receitas em questão submetem-se à incidência da Cofins na forma cumulativa, até que venha a suceder a perda do caráter de preço predeterminado, ocasião em que as receitas passarão a sujeitar-se à incidência não cumulativa, de modo definitivo" (Solução de Consulta 228/09 - 10.ª Região Fiscal). Também merece anotação a Solução de Consulta 463/09, da 8.ª Região Fiscal, na qual ficou esclarecida a posição do Fisco Federal no sentido de que os preços fixados com base na média dos preços diários do mês anterior à data de faturamento, em moeda estrangeira, não podem ser considerados preço predeterminado para efeito da aplicação do regime cumulativo. Segue sua transcrição: "Contratos com prazo indeterminado firmados antes de 31.10.2003. Preço predeterminado. Consideram-se como contratos com preço predeterminado aqueles com preços fixados em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato, por unidade de produto ou por período de execução. Os preços fixados com base na média dos preços diários do mês anterior à data de faturamento, em moeda estrangeira, não podem ser considerados preço predeterminado para efeito da aplicação do art. 10, XI, b, da Lei 10.833/2003" (Solução de Consulta 463/09 - 8.ª Região Fiscal). Por fim, merece destaque posicionamento do CARF dado no Processo 13603.000422/2007-12, no qual fora julgado o seguinte: "(...) Existindo alteração contratual após a data da de 31.10.2003 de contratos celebrados em data anterior, que envolva acréscimo de valores a serem pagos em relação ao contrato original, ficam estes novos valores submetidos a apuração das contribuições no modelo não cumulativo (...)" (CARF. 3.ª Seção. Processo 13603.000422/2007-12. Ac 3102-001.586). 1.2.2.6. Receitas auferidas por empresas na comercialização de energia elétrica no MAE, atual CCEE Conforme disposição literal da legislação, as receitas auferidas por empresas na comercialização de energia elétrica no Mercado Atacadista de Energia - MAE, são sujeitas ao regime cumulativo de PIS e Cofins (art. 10, X, da Lei 10.833/2003, c/c art. 47 da Lei 10.637/2002). O MAE era disciplinado pelas Leis 9.648/1998 e 10.433/2002 que, por sua vez, tinham regulamentação no Dec. 2.655/1998. Posteriormente, o MAE deu lugar à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCE, conforme Lei 10.844/2004 e Dec. 5.177/2004. O art. 15 do referido Dec. 5.177/2004 determinou que as normas regulatórias expedidas pela Aneel, bem como os demais instrumentos jurídicos e situações que se relacionem ao MAE, passaram a se vincular automaticamente à CCEE, a partir de sua constituição, inclusive no que diz respeito à manutenção dos direitos e obrigações decorrentes das relações mantidas entre o MAE e seus agentes, administradores, empregados e terceiros, salvo o expressamente disposto em contrário. Desde a edição do Dec. 5.177/2004 não houve alteração legislativa no art. 47 da Lei 10.637/2002, que faz remissão expressa ao MAE. Entretanto, em razão de o art. 15 do Dec. 5.177/2004 dispor, expressamente, que todos os instrumentos jurídicos que se relacionam ao MAE se aplicam, automaticamente, à CCE, entendemos que aí também está o regime de incidência de PIS e Cofins. Muito por isso, a Solução de Consulta 160/15, da 9.ª Região Fiscal, se manifestou nesses exatos termos, vejamos: "Para as pessoas jurídicas comercializadoras de energia elétrica que optaram pelo regime especial de tributação do Mercado Atacadista de Energia Elétrica (MAE), hoje Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a base de cálculo da Cofins corresponde às receitas obtidas com a venda de excedentes de energia elétrica adquirida por meio de contratos bilaterais, ou seja, à diferença, a preços fixados pela CCEE, entre o montante de energia elétrica contratada junto às geradoras e aquele efetivamente consumido. Sobre tais receitas recai alíquota de 3 % e sobre as demais receitas da comercializadora de energia elétrica aplicam-se as normas gerais previstas na legislação de regência das contribuições, do que decorre, como regra e considerando-se a tributação do Imposto sobre a Renda mediante apuração do lucro real, a adoção da alíquota de 7,6 %" (Solução de Consulta 160/2015 - 9.ª Região Fiscal). 1.2.2.7. Receitas decorrentes de prestação de serviços de transporte coletivo de passageiros De acordo com o art. 10, XII, da Lei 10.833/2003, as receitas decorrentes da prestação de serviços de transporte coletivo rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros estão submetidas ao regime cumulativo de PIS e Cofins. O CARF foi instado a se manifestar sobre a validade do tratamento conjunto de PIS e Cofins dado pelo art. 15 da Lei 10.833/2003 em relação ao transporte coletivo metroviário de passageiros. Nesse contexto, foi decidido que a atividade está sujeita ao regime cumulativo, seja em relação ao PIS como à Cofins, razão pela qual é vedado o aproveitamento de créditos. Vejamos: "PIS. Ressarcimento/compensação. Receitas de serviço de transporte coletivo metroviário de passageiros. Lei 10.833/2003. Incidência cumulativa. A Lei 10.833/2003 criou exceção ao regime da não cumulatividade da Cofins determinando que as receitas decorrentes da prestação de serviços de transporte coletivo rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros continuariam sujeitas às normas da legislação da Cofins anteriormente a esta Lei (art. 10, XII), ampliando esta determinação à contribuição para o PIS, conforme seu art. 15, V. Assim sendo, não dão direito a crédito os custos, despesas, encargos vinculados a receitas excluídas do regime de incidência não cumulativa, ainda que a pessoa jurídica esteja submetida a esse regime" (CARF. 3.ª Seção. 2.ª T. Especial. Processo 10166.010517/2008-33, Sessão de 29.11.2012). Devem fazer parte do regime cumulativo também as receitas auferidas em razão dos serviços de transporte de passageiros prestados via fretamento, não apenas aqueles objetos de contrato de concessão pública. Afinal, a legislação não trouxe qualquer limitação a essa espécie de transporte, os únicos requisitos suficientes à deflagração do regime cumulativo são os de que o transporte deve ser "coletivo" e "de passageiros". A celeuma teve início com a divulgação de algumas soluções de consultas e, depois, com a publicação do Ato Declaratório Interpretativo 23/2008, que limitava o regime cumulativo aos transportes públicos de transporte. Vejamos: "Somente as receitas decorrentes da prestação de serviços públicos de transporte coletivo de passageiros, executados sob o regime de concessão ou permissão, em linhas regulares e de caráter essencial, submetem-se ao regime de incidência cumulativa da Cofins, não incluindo outras receitas relativas à prestação de serviços de transporte coletivo de passageiros, como aquelas pertinentes ao regime de fretamento eventual ou turístico, que se sujeitam à incidência não cumulativa da contribuição. Dispositivos legais: art. 10, XII, da Lei 10.833/2003; Solução de Divergência Cosit 18/2007; ADI RFB 23/2008" (Solução de Consulta 11/2008 - 4.ª Região Fiscal). "Dispõe sobre o regime de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação às receitas decorrentes de prestação de serviço de transporte coletivo de passageiros de que trata o inc. XII do art. 10 e o inc. V do art. 15 da Lei 10.833/2003. O Secretário da Receita Federal do Brasil, no uso da atribuição que lhe confere o inc. III do art. 224 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF 95, de 30.04.2007, e tendo em vista o disposto no arts. 10, XII, e 15, V, da Lei 10.833, de 29.12.2003, e o que consta no Processo 13709.000874/2004-73, declara: Artigo único. Conforme disposto no inciso XII do art. 10 da Lei 10.833,de 2003, submetem-se ao regime de incidência cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) somente as receitas decorrentes da prestação de serviços públicos de transporte coletivo de passageiros, executados sob o regime de concessão ou permissão, em linhas regulares e de caráter essencial, não incluindo outras receitas decorrentes da prestação de serviços de transporte coletivo de passageiros, como aquelas decorrentes do regime de fretamento ou turístico, que se submetem ao regime de incidência não cumulativa das contribuições" (Jorge Antonio Deher Rachid). O TRF-3.ª Região se debruçou sobre o tema e, ao final, decidiu que o aludido Ato Declaratório Interpretativo violou os princípios da legalidade e da hierarquia das normas e, por isso, deu-o como ineficaz. In verbis: "Tributário - PIS e Cofins - Não cumulatividade - Lei 10.833/2003 - Prestadoras de serviços de transporte coletivo - Fretamento - Inaplicabilidade - Ato Declaratório 23/08 - Revogação. 1. Medida Provisória 66/2002, convertida na Lei 10.637/2002, e a Medida Provisória 135/2003, convertida na Lei 10.833/2003, dispuseram sobre a não cumulatividade do PIS e da Cofins mediante o seu recolhimento por substituição tributária. 2. Todavia os arts. 10, XII e 15, V, da Lei 10.833/2003, com alterações veiculadas pelas Leis 10.865/2004 e 11.196/2005, excepcionaram da regra da não cumulatividade as pessoas jurídicas prestadoras de serviços de transporte coletivo rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros, as quais permanecem sujeitas às normas da legislação anterior. 3. Os atos normativos expedidos por autoridades administrativas têm por função regulamentar leis, decretos, tratados e convenções internacionais, na precisa dicção do art. 100 do CTN, não podendo modificar, suspender, alterar, suprimir ou revogar disposição legal ou tampouco inovar. 4. O Ato Declaratório Interpretativo 23/2008, ao submeter as prestadoras de serviços de transporte rodoviário coletivo, sob a forma de fretamento, ao regime de incidência não cumulativa das contribuições ao PIS e a Cofins, violou os princípios da legalidade e da hierarquia das leis. 5. Editado o Ato Declaratório Interpretativo RFB 27/2008 restou revogado o Ato Declaratório Interpretativo 23/2008" (TRF-3.ª Reg. 6.ª T. AMS 00072240720084036105, de 20.06.2013). As referidades ilegalidades realmente se evidenciavam. Tanto que, pouco tempo depois, a própria Receita Federal do Brasil revogou o Ato Declaratório Interpretativo 23/2008 por meio do Ato Declaratório Interpretativo 27/2008, que expressamente previu a submissão ao regime cumulativo dos serviços de transportes prestados via fretamento. Segue sua transcrição: "Dispõe sobre o regime de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) em relação às receitas decorrentes de prestação de serviços de transporte coletivo de passageiros de que trata o inc. XII do art. 10 da Lei 10.833, de 29.12.2003. A Secretária da Receita Federal do Brasil, no uso da atribuição que lhe confere o inc. III do art. 224 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF 95, de 30.04.2007, tendo em vista o disposto nos incs. XII do art. 10 e V do art. 15 da Lei 10.833, de 29.12.2003, e o que consta do Processo 10168.003438/2008-56, declara: Art. 1.º As receitas decorrentes da prestação de serviços de transporte coletivo rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros, inclusive na modalidade de fretamento ou para fins turísticos, submetem-se ao regime de apuração cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Art. 2.º Fica revogado o Ato Declaratório Interpretativo RFB n. 23, de 11 de fevereiro de 2008" (Lina Maria Vieira). Por fim, cumpre ser dito que, na Solução de Consulta 75/11, a 10.ª Região da Receita Federal deixou claro que não podem ser excluídas da base de cálculo do PIS e da Cofins cumulativos as taxas de gerenciamentos devidas pelos transportadores a empresa pública municipal responsável pela gestão do sistema de transporte coletivo urbanos de passageiros, explorado por concessionárias, porquanto referidas taxas compõem o preço dos serviços prestados e integram a receita bruta da pessoa jurídica. Vejamos: "Regime cumulativo. Serviços de transporte coletivo urbano de passageiros. Base de cálculo. A base de cálculo da Cofins apurada no regime cumulativo é o faturamento mensal, considerado como a receita bruta da venda de bens e serviços, que se constitui da soma das receitas advindas da execução dos objetivos sociais da pessoa jurídica. A taxa de gerenciamento devida a empresa pública municipal responsável pela gestão do sistema de transporte coletivo urbano de passageiros, explorado por concessionárias reunidas em câmara de compensação tarifária, compõe o preço dos serviços prestados e, por conseguinte, integra a receita bruta da pessoa jurídica concessionária dos serviços de transporte, não havendo previsão legal para sua exclusão da base de cálculo da Cofins" (Solução de Consulta 75/11 - 10.ª Região Fiscal). Não poderia ser diferente. Afinal, referidas taxas são despesas da pessoa jurídica que, como tal, fazem parte da composição de preço se considerada a metodologia básica para tanto, onde preço seria o resultado da soma de custos, despesas e margem de lucro, com tributos sobre vendas calculados por dentro. 1.2.2.8. Receitas decorrentes de obras de construção civil De acordo com o art. 10, XX, da Lei 10.833/2003, as receitas obtidas com a atividade de construção civil estão sujeitas ao regime cumulativo de apuração de PIS e Cofins até 31.12.2010. A data à entrada destas receitas no regime não cumulativo era em 31.12.2006, mas foi postergada para 31.12.2008 pela Lei 11.434/2006, depois para 31.12.2010 pela Lei 11.945/2009, para 31.12.2015 pela Lei 12.375/2010, para 31.12.2019 pela Lei 12.973/2014 e, por fim, o regime cumulativo foi tornado definitivo pela Lei 13.043/2014. Segundo já se manifestou a Receita Federal (Solução de Divergência 11/14), "para fins de aplicação do disposto no inc. XX do art. 10 da Lei 10.833, de 29.12.2003, enquadram-se no conceito de obras de construção civil as obras e serviços auxiliares e complementares de construção, tais como aquelas relacionadas no Ato Declaratório Normativo Cosit 30/1999". Referido Ato Declaratório Normativo Cosit 30/1999 estabelece restrições ao exercício da opção pelo Simples aplicável a atividades de construção de imóveis. Embora à primeira vista inaplicável ao PIS e à Cofins, o ato normativo carrega consigo o mérito de bem delinear o que é, para a Receita Federal, construção civil propriamente e, uma vez estabelecido o conceito, obviamente deve ser aplicável aos tributos federai em geral. Admitir o contrário seria violar as Leis da Lógica. 13 Vejamos a redação do Ato Declaratório Normativo Cosit 30/1999: "Ato Declaratório Normativo Cosit 30, de 14.10.1999. DOU 18.10.1999 'Dispõe sobre a vedação ao exercício da opção pelo Simples aplicável à atividade de construção de imóveis.' O Coordenador-geral do sistema de tributação, no uso das atribuições que lhe confere o art. 199, IV, do Regimento Interno aprovado pela Portaria MF 227, de 03.09.1998, e tendo em vista as disposições do inc. V do art. 9.º da Lei 9.317, de 05.12.1996, com as alterações promovidas pelo art. 4.º da Lei 9.528, de 10.12.1997. Declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados, que a vedação ao exercício da opção pelo Simples, aplicável à atividade de construção de imóveis, abrange as obras e serviços auxiliares e complementares da construção civil, tais como: 1. A construção, demolição, reforma e ampliação de edificações; 2. Sondagens, fundações e escavações; 3. Construção de estradas e logradouros públicos; 4. Construção de pontes,viadutos e monumentos; javascript:void(0) 5. Terraplenagem e pavimentação; 6. Pintura, carpintaria, instalações elétricas e hidráulicas, aplicação de tacos e azulejos, colocação de vidros e esquadrias; e 7. Quaisquer outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo" (Carlos Alberto de Niza e Castro). Ou seja, consoante o citado Ato Declaratório, enquadram-se como construção civil as seguintes atividades: construção, demolição, reforma e ampliação de edificações; sondagens, fundações e escavações; construção de estradas e logradouros públicos; construção de pontos, viadutos e monumentos; terraplenagem e pavimentação; pintura, carpintaria, instalações elétricas e hidráulicas, aplicação de tacos e azulejos, colocação de vidros e esquadrias; e quaisquer outras benfeitorias agregadas ao solo ou subsolo. Em decorrência desse conceito, Soluções de Consultas posteriores analisaram variadas atividades que poderiam, ou não, se enquadrar como construção civil para fins de determinação do regime de PIS e Cofins. Vejamos algumas delas: "As receitas decorrentes da execução de serviços auxiliares ou complementares de engenharia, que não sejam classificados como obras de construção civil stricto sensu, estão sujeitas aos regimes não cumulativos da Cofins" (Solução de Consulta 92/12 - 6.ª Região Fiscal). "Regime de apuração. Não cumulatividade. Submetem-se ao regime não cumulativo de apuração da Cofins as receitas obtidas com a instalação de sistema de segurança, composto por controle de acesso, circuito fechado de TV e sistema de detecção e combate à incêndio. Tais atividades não se enquadram no conceito de 'obras de construção civil', de que trata a Lei 10.833/2003, art. 10, XX" (Solução de Consulta 340/11 - 8.ª Região Fiscal). "Obra de construção civil. Regime de apuração. As receitas auferidas com as atividades de fornecimento, instalação e montagem de equipamentos, como parte do processo de construção de sistemas de sinalização, de telecomunicações e de controle de tráfego destinados à rede ferroviária e metroviária, não podem ser entendidas como receitas de 'obras de construção civil'. Portanto, não são passíveis de enquadramento no regime de apuração cumulativo da Cofins" (Solução de Consulta 36/11 - 8.ª Região Fiscal). 1.2.2.9. Receitas auferidas por parques temáticos, e as decorrentes de serviços de hotelaria e de organização de feiras e eventos Consoante o art. 10, XXI, da Lei 10.833/2003, são submetidas ao regime cumulativo de PIS e Cofins as receitas auferidas por parques temáticos e as decorrentes de serviços de hotelaria e de organização de feiras e eventos, conforme definido em ato conjunto dos Ministérios da Fazenda e do Turismo. A definição aludida no mencionado dispositivo legal foi dada pela Portaria MF/MTUR 33/05, a seguir transcrita: "Portaria interministerial Ministro de Estado da Fazenda e o Ministro de Estado do Turismo - MF/MT 33, de 03.03.2005 DOU 04.03.2005 - Republicado DOU 09.03.2005 Estabelece os termos e as condições para a permanência no regime de incidência cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins das receitas decorrentes da exploração de parques temáticos e da prestação de serviços de hotelaria e de organização de feiras e eventos. O Ministro de Estado da Fazenda e o Ministro de Estado do Turismo, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto no inc. XXI do art. 10 e no art. 15 da Lei 10.833, de 29.12.2003, com a redação dada pelo art. 21 da Lei 10.865, de 30.04.2004, resolvem: Art. 1.º As receitas auferidas por pessoa jurídica, decorrentes da exploração de parques temáticos, da prestação de serviços de hotelaria ou de organização de feiras e eventos, ficam sujeitas ao regime de incidência cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins. Art. 2.º Para os fins do disposto no art. 1.º considera- se: I - exploração de parque temático, os serviços de entretenimento, lazer e diversão, com atividade turística, mediante cobrança de ingresso dos visitantes, prestados em local fixo e permanente e ambientados tematicamente; II - serviço de hotelaria, a oferta de alojamento temporário para hóspedes, por meio de contrato tácito ou expresso de hospedagem, mediante cobrança de diária pela ocupação de unidade habitacional com as características definidas pelo Ministério do Turismo; III - serviço de organização de feiras e eventos, o planejamento, a promoção e a realização de feiras, congressos, convenções, seminários e atividades congêneres, em eventos, que tenham por finalidade: a) a exposição, de natureza comercial ou industrial, de bens ou serviços destinados a promover e fomentar o intercâmbio entre produtores e consumidores, em nível regional, nacional ou internacional; b) a divulgação ou o intercâmbio de experiências e técnicas pertinentes a determinada atividade profissional, empresarial ou área de conhecimento; c) o congraçamento profissional e social dos participantes; d) o aperfeiçoamento cultural, científico, técnico ou educacional dos participantes. Art. 3.º As disposições desta Portaria aplicam-se somente às pessoas jurídicas previamente cadastradas no Ministério do Turismo. Art. 4.º As receitas decorrentes da prestação de qualquer serviço que não esteja relacionado no art. 2.º não estão abrangidas pelo regime de incidência cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que trata esta Portaria. Art. 5.º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos a partir de 1.º de maio de 2004". Na Solução de Consulta 20/05, a 4.ª Região Fiscal da Receita Federal abraçou plenamente a aplicabilidade da aludida portaria. Vejamos: "As receitas auferidas por pessoa jurídica, decorrentes da exploração de parques temáticos, ficam sujeitas ao regime de incidência cumulativa da Cofins, desde que observada a regulamentação prevista na Portaria MF/MTUR 33/2005" (Solução de Consulta 20/05 - 4.ª Região Fiscal). E, cumpre dizer, apenas as receitas auferidas com as atividades listadas na Portaria MF/MTUR 33/2005 é que fazem jus ao regime cumulativo, porquanto aquelas decorrentes de vendas de alimentação e/ou lembranças em lojas localizadas dentro dos parques, feiras e/ou estabelecimentos hoteleiros serão tributadas pelo regime não cumulativo, caso a pessoa jurídica seja optante pelo lucro real. É o que concluiu a 9.ª Região Fiscal na Solução de Consulta 318/07, in verbis: "Parques temáticos. Receitas de restaurantes e lojas de lembranças. Não cumulatividade. Sujeição. As receitas de restaurantes, lanchonetes, cafeterias e lojas de lembranças, situados nas dependências de parques temáticos, não são consideradas receitas decorrentes de exploração de parques temáticos, estando sujeitas à sistemática não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins" (Solução de Consulta 318/07 - 9.ª Região Fiscal). Faz sentido que assim o seja, afinal, essas outras receitas decorrem de outras atividades e são objeto de outros contratos 14 - fornecimento de alimentação, venda de lembranças em lojas etc. Haverá exceção a isso se o fornecimento da alimentação, ou da lembrança, fizer parte do contrato de prestação de serviços, por exemplo, a alimentação incluída na diária do hotel, ou mesmo a lembrança dada pelo parque de diversão em razão da aquisição do ingresso. javascript:void(0) 1.2.2.10. Receitas decorrentes de prestação de serviços públicos de concessionárias operadoras de rodovias Conforme dispõe o art. 10, XXIII, da Lei 10.833/2003, as receitas decorrentes da prestação de serviços públicos de concessionárias operadoras de rodovias estão sujeitas ao regime cumulativo de PIS e Cofins. Mas, segundo a Receita Federal, as receitas em questão são somente aquelas decorrentes da cobrança de pedágios, porquanto em seu entender são somente estas que remuneram a prestação de serviço decorrente da concessão pública. Vejamos: "As 'receitas decorrentes de prestação de serviços públicos de concessionárias operadoras de rodovias', que o art. 10, XXIII,da Lei 10.833/2003, submete à incidência cumulativa da Cofins, são somente aquelas derivadas da cobrança de pedágio. Outras receitas, ainda que autorizadas ou previstas em contrato de concessão de exploração de rodovias, sujeitam-se à Cofins não cumulativa, desde que presentes todas as condições legais de aplicabilidade desse regime de tributação" (Solução de Consulta 26/07 - 5.ª Região Fiscal). "As 'receitas decorrentes de prestação de serviços públicos de concessionárias operadoras de rodovias', que o art. 10, XXIII, da Lei 10.833/2003, submete à incidência cumulativa da Cofins, são somente aquelas derivadas da cobrança de pedágio. Outras receitas, ainda que autorizadas ou simplesmente previstas em contrato de concessão de exploração de rodovias (como, por exemplo, as auferidas na exploração de publicidade nas faixas marginais), sujeitam-se à Cofins não cumulativa, desde que presentes todas as condições legais de aplicabilidade desse regime de tributação" (Solução de Consulta 49/05 - 9.ª Região Fiscal). 1.2.2.11. Receitas auferidas por empresas de serviços de informática, decorrentes das atividades de desenvolvimento de software e o seu licenciamento ou cessão de direito de uso, bem como de análise, programação, instalação, configuração, assessoria, consultoria, suporte técnico e manutenção ou atualização de software, compreendidas ainda como softwares as páginas eletrônicas Entre as receitas objetivamente sujeitas ao regime cumulativo de PIS e Cofins estão aquelas auferidas por "empresas de serviços de informática, decorrentes das atividades de desenvolvimento de software e o seu licenciamento ou cessão de direito de uso, bem como de análise, programação, instalação, configuração, assessoria, consultoria, suporte técnico e manutenção ou atualização de software, compreendidas ainda como softwares as páginas eletrônicas". A Receita Federal, observando a legislação em vigor, já se pronunciou sobre a aplicabilidade do regime cumulativo do PIS e da Cofins sobre as receitas em questão, ainda que a pessoa jurídica apure o seu IRPJ pelo lucro real e, por isso, se sujeite subjetivamente ao regime não cumulativo. Vejamos: "Empresas de serviços de informática. Receitas financeiras. Regime não cumulativo. Das receitas auferidas por empresas de serviços de informática que apuram IRPJ com base no lucro real, sujeitam-se ao regime cumulativo de apuração da Cofins apenas e tão somente as decorrentes das atividades de desenvolvimento de software e o seu licenciamento ou cessão de direito de uso, bem como de análise, programação, instalação, configuração, assessoria, consultoria, suporte técnico e manutenção ou atualização de software, compreendidas ainda como softwares as páginas eletrônicas. Todas as demais receitas de tais empresas, inclusive as receitas financeiras, sujeitam-se ao regime de apuração não cumulativo, acaso não se identifiquem com as restantes hipóteses de exclusão desse regime trazidas pelo art. 10 da Lei 10.833/2003. Não obstante sujeitas ao regime não cumulativo de apuração, as receitas financeiras das referidas empresas desfrutam de incidência da Cofins com alíquota zero" (Solução de Consulta 342/11 - 8.ª Região Fiscal). "Empresa de serviços de informática tributada pelo lucro real. Consequências da alteração do conceito de receita bruta no regime cumulativo da Cofins. No caso das empresas de serviços de informática tributadas pelo regime do lucro real, a revogação do § 1.º do art. 3.º da Lei 9.817/1998, que alterou o conceito de receita bruta utilizado no cálculo da Cofins cumulativa, não afetou: (a) o valor tributável da Cofins cumulativa decorrente de receitas auferidas com a comercialização e a manutenção de softwares (sistemas e programas para computadores) por ela desenvolvidos; (b) o valor da Cofins decorrente de receitas que se sujeitam ao regime não cumulativo dessa contribuição" (Solução de Consulta 112/10 - 6.ª Região Fiscal). "A receita auferida por empresa de informática proveniente da comercialização de software nacional permanece sujeita ao regime de apuração cumulativo de apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins" (Solução de Consulta 32/09 - 5.ª Região Fiscal). "As receitas auferidas por empresas de serviços de informática, decorrentes das atividades de desenvolvimento de software e o seu licenciamento ou cessão de direito de uso, bem como de análise, programação, instalação, configuração, assessoria, consultoria, suporte técnico e manutenção ou atualização de software, compreendidas ainda como softwares as páginas eletrônicas, submetem-se ao regime cumulativo da contribuição, alíquota de 3%" (Solução de Consulta 71/07 - 1.ª Região Fiscal). Nesse contexto, afigura-se-me relevante destacar que, pelo exame literal do art. 10, XXV, da Lei 10.833/2003, a vinculação ao regime cumulativo está a depender de 2 (dois) requisitos, são eles: (i) as receitas devem ser auferidas por "empresas de serviços de informática"; e (ii) as receitas auferidas por essas empresas devem decorrer das atividades de "desenvolvimento de software e o seu licenciamento ou cessão de direito de uso, bem como de análise, programação, instalação, configuração, assessoria, consultoria, suporte técnico e manutenção ou atualização de software, compreendidas ainda como softwares as páginas eletrônicas". A se seguir essa interpretação literal, o enquadramento de determinada empresa como sendo prestadoras de "serviços de informática" que afere receitas a este título passará, a princípio, pela verificação de 3 (três) elementos, a saber: (i) o CNAE do contribuinte, que deverá estar relacionado a atividade de informática, por exemplo, todos relacionados nos códigos de raiz 6201 e 6202; (ii) a caracterização fiscal dos serviços prestados, conforme informações prestadas ao Fisco Municipal, por exemplo, no Município de São Paulo há os serviços de código 2658 "análise e desenvolvimento de sistemas", 2666 "programação", 2682 "processamento de dados, outros serviços de informática não referenciados em outros códigos do grupo", 2690 "elaboração de programas de computador (software), inclusive jogos eletrônicos", 2798 "licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação, inclusive distribuição", 2879 "assessoria e consultoria em informática", 2917 "suporte em informática, inclusive instalação, configuração e manutenção de programas de computação e banco de dados", 2933 "planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas"; e (iii) o objeto dos contratos de prestação de serviços firmados entre o contribuinte e seus respectivos tomadores de serviços, para que se verifique a real natureza da avença firmada, que, ao final, será objeto de tributação. Entretanto, há casos de contribuintes que não têm seus CNAEs elencados nos códigos de raiz 6201 e 6202, ou mesmo seus códigos de serviços municipais relacionados aos sérvios próprios de empresas de informática. Mas, por outro lado, seus contratos e suas atividades são, comprovadamente, de empresas de informática que desenvolvem softwares. Nessas situações, segundo penso, ainda assim o contribuinte terá o direito de apurar o PIS e a Cofins pelo regime cumulativo relacionados às respectivas receitas. Afinal, o apego às formalidades se afigura importante não por puro amor ao formalismo, em si mesmo considerado, mas para garantir a segurança das relações jurídicas. Entretanto, e isto é certo, há casos em que o formalismo deve dar lugar ao seu oposto (o informalismo), sob pena de se levar a cabo situações jurídicas não perseguidas pela legislação. Tanto que, conforme se tem visto pela evolução da doutrina e da jurisprudência, na avaliação das atividades sujeitas a tributos não se deve considerar as formas como as quais tais atividades foram declaradas e, portanto, as formas como as quais se tornaram fatos jurídicos. Segundo essa linha, a juridicidade de um fato não está ligada à sua forma, mas sim à sua substância - trata-se da tão falada teoria da substância sobre a forma. Por essa razão, a tributação deve ter