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Farmacologia Prof. Marcelo Duzzioni – Aula 10 Cecilia Antonieta 82 A 1 ANTIPSICÓTICOS PSICOSE Ausência ou distorção do senso de realidade. TRATAMENTO CURTO PRAZO pacientes com delírio, demência mania, ou transtorno depressivo maior com características psicóticas, psicoses induzidas por subs- tâncias e transtorno psicótico; descontinuado com o desaparecimento dos sintomas. LONGO PRAZO transtorno delirante, esquizofrenia e transtorno esquizoafetivo. TRANSTORNO DE HUMOR Depressão maior ou mania. INDUZIDAS POR SUBSTÂNCIAS Uso de medicamentos ou drogas. DEMÊNCIA Com características psicóticas. ESQUIZOFRENIA Patologia protótipo, usada para estudar as psicoses. Pa- cientes têm prevalência duas vezes maior de síndrome metabólica e diabetes melito tipo 2, e taxas de morta- lidade relacionada a problemas cardiovasculares. SINTOMAS POSITIVOS relacionados ao aumento na atividade mesolímbica de dopamina. Alucinações (pre- dominam auditivas e visuais), delírios (distorção do sen- so de realidade mais elaborada), agitação psicomotora, distorções da linguagem e da comunicação, discurso e comportamento desorganizados. NEGATIVOS relacionados à diminuição da atividade de D1 no córtex pré-frontal dorsolateral e ventromedial, não responde bem aos antipsicóticos. Embotamento afetivo (dificuldade de expressar sentimentos e emo- ções), alogia (dificuldade da fluência da fala), avolição (incapacidade de iniciar ou persistir na busca de um objetivo). COGNITIVOS não respondem bem aos antipsicóticos. Dificuldade ou déficits de aprendizado ou de memória de trabalho, processamento da fala e da cognição social. ETILOGIA GENÉTICA regulação da migração neuronal e a sinaptogênese, disponibilidade de DA sináptica. AMBIENTAL complicações ao nascimento, uso abusivo de substâncias. HIPÓTESES NEUROQUÍMICAS DOPAMINÉRGICA substâncias que aumentam os níveis de DA no SNC (anfetaminas, cocaína e o fármaco apomorfina) promovem um estado esquizofreniforme. Antagonistas D2 aliviam vários sintomas. O tratamento com L-DOPA pode produzir alucinações. DOPAMINA tirosina é captada por transportador de L- aminoácidos aromáticos que realiza simporte com Na+, convertida em L-DOPA (tirosina hidroxilase), convertida em dopamina (DOPA descarboxilase). Armazenada na vesícula pelo VMAT. Atua em receptores pós e pré- sinápticos. Degradada, no interior do neurônio, pelo MAO, em especial a MAO-B. D1 (estriado e neocórtex) ativa adenilato ciclase, D2 (estriado, substância negra e hiófise) inibe. SEROTONINÉRGICA LSD e mescalina, antagonistas sero- toninérgicos, causavam alucinações. GLUTAMATÉRGICA antagonistas dos receptores NMDA (fenciclidina, dizocilpina e quetamina) produzem sinto- mas psicóticos. Cérebros post-mortem de esquizofrêni- cos apresentam concentrações reduzidas de glutamato e de densidade de receptores glutamatérigicos. Existe uma ideia que para a via mesolímbica há um neurônio dopaminérgico e exercendo um freio sobre ele um neurônio gabaérgico. Para melhorar os sintomas negativos na via mesocortical o glutamto aumenta o conteúdo DA de forma direta. FARMACOTERAPIA Complexa pois além de tratar a psicose deve-se tratar também as comorbidades, como ansiedade, insônia e depressão, principalmente transtorno de humor. OBJETIVOS IMEDIATOS diminuir o comportamento agi- tado, desorganizada ou hostil; diminuir o impacto das Esquizofrenia refratária ausência de resposta às doses adequadas de antipsicóticos para períodos adequados. Definida usando os critérios de Kane: insucesso de experimento de seis semanas de dois agentes separados e um terceiro experimento de um agente antipsicótico típico de alta dose. Farmacologia Prof. Marcelo Duzzioni – Aula 10 Cecilia Antonieta 82 A 2 alucinações; melhorar a organização do pensamento; diminuir o isolamento social. Não provocam drogadição, no entanto a tolerância aos efeitos anti-histamínicos e anticolinérgicos geralmente se desenvolve ao longo de dias ou semanas. Não é conhecida a perda de eficácia com o tratamento prolongado com agentes antipsicóticos. A maioria é lipofílica e liga-se com abundância às membranas ou proteínas e acumula-se no cérebro, pulmões e em outros tecidos com irrigação sanguínea profusa. Têm meias-vidas que podem ser curtas, mas os efeitos biológicos das doses únicas da maioria persistem por pelo menos 24h. Ésteres decanoato são absorvidos e eliminados muito mais lentamente que as preparações orais. TÍPICOS/NEUROEPILÉTICOS Antagonistas D2, reduzem sintomas positivos e agravam negativos, podendo causar efeitos adversos. Podem bloquear D1, receptor muscarínico, 5HT2. CLORPROMAZINA (Amplictil) baixa potência, afinidade alta por receptores H1, M e alfa1, que provocam muitos efeitos indesejáveis. Torsade de pointes, sedação, efeitos anticolinérgicos e ortostase. HALOPERIDOL (Haldol) alta potência, aumenta o risco de efeitos neurológicos motores, atrasa o processo do pensamento e interfere nas vias de recompensa centrais. Clorpromazina e haloperidol têm boa absorção oral, IM, IV e retal. TRIORIDAZINA (Malleril) baixa potência, preocupações quanto ao prolongamento de QTC limitam utilidade clínica. Inibe canais de K+ cardíacos. LEVOMEPROMAZINA (Neozine). PERICIAZINA (Neuleptil). ATÍPICOS + RECENTES Bloqueiam principalmente 5-HT2A, mas também D2 e H1 (sonolência e aumento de peso). Melhores em relação aos sintomas negativos e cognitivos. Apresentam perfil de efeitos colaterais mais favoráveis. Atuam na via mesolímbica aliviando sintomas positivos. Ao atuar na via mesocortical também diminuem DA, produzindo hipoatividade dopaminérgica. Mecanismo não está claro. RISPERIDONA (Risperdal) metabólito ativo paliperidona. SULPIRIDA (Dogmatil, Equilid). CLOZAPINA (Lenopex) esquizofrenia refratária. Risco de agranulocitose, alto risco metabólico, redução de- pendente da dose do limiar convulsivo, sedação, ortostase, efeitos anticolinérgicos e sialorreia/hipersali- vação (relacionada com o agonismo muscarínico de receptores M4). OLANZAPINA (Zyprexa) ganho de peso. ARIPRIRAZOL único agonista parcial de D2. Junto com a Ziprasidona são os atípicos mais importantes e metabolicamente neutros; disponíveis na forma IM possibilitando a continuação do mesmo tratamento medicamentosos iniciado por via parenteral. ZIPRASIDONA absorção sensível à presença de alimentos. Risco muito menor de arritmias ventriculares. FARMACOCINÉTICA Muitos sofrem significativo metabolismo de primeira passagem e são altamente lipossolúveis, tendendo a ser metabolizados no fígado. Com exceção da ansenaprina, paliperidona e ziprasidona; todos passam por extenso metabolismo de fase 1 pelas CYP e subsequente glicuronidação de fase 2. E a maioria dos metabólitos oxidados são biologicamente inativos. Grávidas risco de toxicidade devido à baixa atividade catabólica hepática infantil. Farmacologia Prof. Marcelo Duzzioni – Aula 10 Cecilia Antonieta 82 A 3 EFEITOS ADVERSOS Fármaco típicos exacerbam sintomas negativos. OCUPAÇÃO DOS RECEPTORES D2 60-75% efeito antipsicótico. >78% efeitos extrapiramidais. SEDAÇÃO bloqueio alfa1, H1 e M1. EFEITOS ANTICOLINÉRGICOS (constipação, xerostomia, visão turva, sonolência e retenção urinária) bloqueio M1. GANHO DE PESO bloqueio de H1 e H-HT2C. HIPOTENSÃO POSTURAL, TONTURA E SONOLÊNCIA bloqueio alfa1. HIPERPROLACTINEMIA hipotálamo para hipófise (via dopaminérgica tuberoinfundibular) dopamina inibe li- beração de prolactina. Com o uso de antipsicóticos não há inibição -> liberação elevada. M galactorreia e amenorreia; H ginecomastia, diminuição da libido e disfunção sexual. PARKINSONISMO efeito extrapiramidal da via nigroes- triatal, receptores D2 são importantes para controlar o movimento. Ocorre quando a ocupação de D2 pelo fármaco excede 78%. DISTONIAS AGUDAS movimentosinvoluntários, de- clinam com o passar do tempo e são reversíveis com a interrupção do tratamento. DISCINESIA TARDIA movimentos estereotipados in- voluntários e repetidos da musculatura facial, braços e tronco, aparecem após meses ou anos, 20-40% dos pacientes, irreversível. EXPLICAÇÕES O bloqueio crônico dos receptores D2 da via nigroestrial pode promover upregulation induzin- do discinesia tardia. Potencialização de liberação de catecolaminas e gluta- mato leva a neurodegeneração das vias, especialmente nigroestrial. A incidência de parkinsonismo é menor com antipsicóti- cos atípicos e particularmente baixa com a clozapina. Amantadina utilizado para parkinsonismo induzido por antipsicótico.